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TEXTO: SCHWARTZ, Stuart. Segredos Internos. Engenhos e escravos na sociedade colonial.

São
Paulo: Companhia das Letras, 1988. Capítulo 6: “Trabalhadores no canavial, trabalhadores no
engenho” (pp.122-143)

Tema: Escravidão africana e trabalho no engenho

 O autor nesse capítulo se dedica a estudar “o trabalho na manufatura do açúcar, sua


natureza e suas exigências, pois isso, acima de tudo, determinou a vida dos homens e
mulheres que trabalharam nos canaviais e nas fábricas dos engenhos”. (p.122)
 A coerção física se tornou parte importante na manutenção do poder no sistema
escravista. “O próprio escravismo criava condições em que era um elemento lógico e,
na verdade, essencial do regime o exercício da dominação pela força física ou por
punições extremas” (p. 123)
 Os senhores de engenho possuíam autonomia em suas propriedades para aplicarem
da maneira que achassem coerente os castigos físicos. Às vezes, a intervenção externa
só ocorria em casos de óbito dos escravos e, ainda assim, caso alguém denunciasse.
 Alguns observadores, civis e eclesiásticos, da época teceram críticas à forma como os
cativos eram tratados. Entre eles, Nuno Marques Pereira, autor baiano, que respondeu
a um senhor de engenho que “é certo que o senhor faz o escravo e não o escravo ao
senhor”; o jesuíta italiano Jorge Benci que escreveu um livro que “instruía os
proprietários a alimentar, vestir, fazer trabalhar e punir seus escravos com caridade
cristã”, para ele a punição deveria ser aplicada de forma moderada, racional,
“humana”.
 Através de documentos oficiais, Schwartz analisa se havia punição ou não aos
senhores de engenho e homens livres que praticavam castigos cruéis contra os
escravos. Ele cita casos de senhores que foram presos, mas absolvidos. Sendo essa a
prática mais comum: absolvição ou perdão daqueles que foram acusados de maltratar
cativos. “A defesa usual era afirmar que as acusações haviam sido forjadas pelos
inimigos do proprietário do escravo; se o senhor fosse pessoa influente, com família ou
outras responsabilidades, a corte mostrava-se clemente.”
Existindo também, apesar de raros, casos em que proprietários foram punidos.
Homens livres eram mais comuns de seres punidos por matarem escravos de terceiros,
devido ao direito de propriedade.
 Francisco Jorge preso por açoitar até a morte um escravo. Foi perdoado em
1678, após argumentar sobre sua situação de pobreza com família e que a
história era invenção de inimigos. (p. 123)
 Pedro Pais Machado preso por matar dois escravos e um homem livre, em
1737. “Foi libertado após uma investigação judicial que atestou, entre outras
coisas, que o réu era ‘uma pessoa nobre com obrigações de família’”. (p. 123)
 “Senhor de engenho João de Argolo e Meneses foi condenado a cinco anos de
exílio penal em 1747 por matar dois de seus escravos.” (p. 124)
 A coroa resolveu intervir nesses constantes casos de punição severa contra os escravos
e, “em 1688, promulgaram-se duas leis dando a qualquer um, inclusive aos próprios
cativos, o direito de denunciar senhores de escravos cruéis às autoridades civis ou
eclesiásticas. Os proprietários poderiam ser forçados a vender seus cativos caso
pudesse ser fornecida prova de que se estes continuassem como sua propriedade
haveria tratamento injusto”.
Entretanto, os administradores régios tinham a tendência de não seguir as ordens
régias. “Uma escrava pediu intervenção do Estado em seu caso, em 1701, quando
ocorreu uma acrimoniosa disputa sobre uma alforria contestada. A coroa deu parecer
favorável à petição da escrava e ordenou que o proprietário fosse obrigado a vendê-la,
pois a cativa temia por sua vida. O governador da Bahia, dom João de Lencaste,
recusou-se a fazer cumprir a ordem da coroa.’’ (p.124)

Conforto material dos escravos:

 Moradia (p. 125)

Em sua maioria, os alojamentos dedicados aos escravos eram as estruturas mais baratas
do engenho: “as senzalas geralmente consistiam de cabanas separadas, de paredes de
barro e telhado de sapé, ou, mais caracteristicamente, de construções enfileiradas
divididas em compartimentos, cada um ocupado por uma família ou unidade residencial”.
Em alguns engenhos, os alojamentos eram mais sólidos, como, por exemplo, no Engenho
de Baixo, em Santo Amaro, cujo proprietário era João Lopes Fiuza, que “possuía uma
senzala construída sobre pilares de tijolo com telhado de telhas, e uma outra de tipo de
construção alongada, com quinze unidade”.

 Vestuário (p. 125)

As roupas que os escravos usavam eram modestas. As pinturas feitas por artistas
holandeses, como Frans Post, retratam “os homens normalmente usavam ceroulas que
lhes cobriam até abaixo do joelho, andavam sem camisa e envolviam a testa com um
lenço ou uma faixa. As mulheres tinham trajes mais completos, com saia, anágua, blusa e
corpete, mas tal vestuário pode ter sido usado apenas na hora da venda das cativas e não
no trabalho no campo”.

“Em geral dava-se aos escravos o ‘pano da serra’, um tecido grosseiro de fio cru”. Apesar
de que em alguns engenhos, um pano de melhor qualidade era distribuído.

A partir do século XIX, percebe-se que o vestuário está ligado com a posição social do
escravo dentro do sistema de engenho. Aquele que fazia serviços doméstico era mais bem
vestido que o trabalhador do campo.

 Alimentação (p. 126)

Schwartz defende a tese de que os escravos não recebiam alimentação adequada. Ele
apresenta os seguintes argumentos para sustentar sua tese: “Em 1604, afirmava-se que
os escravos dos engenhos passavam fome. Em 1606, a Coroa ordenou aos senhores que
dessem comida suficiente aos seus cativos. [...] Em 1829, Jacques Guinebaud, cônsul
francês em Salvador, admitiu que os cativos não tinham um sustento apropriado. João
Imbet salientava que os escravos recebiam alimentação insuficiente e tão grosseira que
lhes acarretava muitos problemas estomacais”.
Havia três métodos de obtenção de alimento:

1. Quando a ração ou “tamina” era fornecida exclusivamente pelo senhor de Engenho;


“O alimento básico era a farinha de mandioca. [...] Também era fornecido carne seca
e peixe. [...] Desde 1600 consumiram-se bananas e o arroz foi cultivado em Ilhéus por
volta da década de 1730. Durante a safra açucareira, os cativos recebiam aguardente
e subprodutos do açúcar para estimular o trabalho”
2. “Cultivando seu próprio alimento, usando dias santos e o tempo livre concedido por
seus proprietários”. Essa prática teve inicio no século XVII. Geralmente, o sábado era o
dia permitido para o cultivo. Apesar de alguns proprietários permitirem apenas aos
domingos, levando a um embate com os católicos.
3. Uma combinação dos dois primeiros.

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AULA DIA 07 DE MAIO DE 2018 – ANOTAÇÕES

Ainda no século XVI, a utilização da mão de obra dos “negros da terra” era maior que a de
“negros da guiné”. O escravismo indígena se faz presente até metade do século XIX. Acontece
nas lavouras de açúcar uma mudança: ainda há trabalhadores indígenas, mas que
desempenham outras funções de defesa, controle de outros grupos, produzindo alimentos...
Em algumas regiões, como, por exemplo, no Norte, o indígena, até meados do século XVIII,
continua sendo o principal trabalhador - sendo escravo ou sujeito a outras formas de trabalho
compulsório. Por uma série de fatores, ficou cada vez mais difícil conseguir indígenas para o
trabalho compulsório. Claro que isso dependerá da região e do tipo de produção de cada
região.

O escravo africano era um trabalhador mais fácil de controlar por ter sido retirado de sua
origem. Do grupo dele, o africano que chega aqui pode ser visto como o mais forte visto tudo o
que ele passou até chegar a colônia (guerras em seu território nativo, uma viagem terrível). Ele
é mais resistente às doenças que matavam os indígenas ou, até mesmo, aos Europeus.

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