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AtF Ross 17% (oppo sr. (Copenagh dr BO) ‘Pfr de Dt a ni de renho Ta-Ta Prieto de Alaér Caffé Alves ‘Taduglo de Edson L. iM. Bini Fea Fle, Les Ces Hanenes-USP oor deca Drates ane Sento Editora Quartier Latin do Brasil Sto Paulo, outono de 2004 ‘quartierlainequartierlainartbr Editora Quartier Latin do Brasil us Santo Amato, 349 ~ Centro ~ S80 Paulo Editor: Vinicius Vieira Fermsloem Admire de Empress pe unde rge-FON-SP Editora de Testo: Prise Tanaca Produsdo Editorial: Monica A. Guedes Arte: Wildiney Di Mast Dg Grifeopel Fe Goal Con Revisio: Douglas Dias Ferreira Ross alr Ti-Ta Precio: Ale CaM ales ~Sto Paulo Quaies Latin. 2008, Biiogria | Filosofia de Ditto I. Tinto {nde para eataogosistemdtco 1. Filosofia do Direito Contato: sitora@quartirlatinat br APRESENTACAO. Teta “Ti-Ta” é uma pequiene obra do jusé- l6sofo dinamarqués AIFRoss (1899-1979), mas com um grande significado para os estudiosos do Diceito. Na linha do pos tivismo juridico, de cater realstae anti- metafisico, AIF Ross tece uma céustica critica a visio classica do dire subjetivo, repudiando seu cariter jusnaturalista © imetafisico-substancialista, precisamente na esteia de_seu trabalho paradigmético “Diets eJustiga". O autor diseute o cere da questao com graga picazesea, com u- more fantasia/dando-nos,em pouces pigi- nas, numasintese magistal, uma profunda visio dodireito subjetivo sem misiicagSes, AlfRoss calcado numa andlise da linguagem de for- te sabor neopositivista. Com a misteriosa expresso “ti-t", Alf Ross explica com es- pitito cémico o uso similar na linguagem Jjuridica das palavras “propriedade”, “eré- dito” e outras (expressies designativas de direitos subjetivos), mostrando coma pro ‘curamos operacionalizar, com certa maes- tria e economia de esforgo, 0 discurso do ireito, manipulando de forma téenica pa- lavras’ sem significado, sem referéncia seméntica alguma. Por isto, ele conelui, por exemplo, que a propriedade, inserida entre os fatos condicionantes e as conse- , na realidade, uma palavra sem referéncia seméntica, iiéncias condicionadas, que serve somente como ferramienta de apresentacao do direito, Nesse sentido, 0 leitor tem nas maos ‘um precioso segmento da teoria do direito, de extremo valor para diluir as obseurida- es eas mistifiagdes da linguagem juridica. 8 rere ‘Mediante esta atenta e inteligente andlise Tingiistica para esclarecer ¢ explicitar os sentidos do discurso jurfdico, @ erica contribui para desfazer as ideclogias que falseiam a realidade social e juridica em nome de interesses ocultos ¢ inconfessé- veis E mais uma pequena pega que a Quartier Latin apresenta na gigantesca Tuta pela maturidade e emancipagéo do pensamento juridieo em nossa sofrida terra Sao Paulo, margo de 2004, ‘AusOR Carré ALVES Professor associago da ‘Faculdade de Direito da USP ti-tti” Nas IIhas Oasuli, no Pacifico Sul, ha- bita a tribo Aisat-naf, considerada por to- dos como um dos povos mais primitivos hoje existentes no mundo. Sua civilizagio foi recentemente descrita pelo antropélo- go Tlirio Meugnin, de cujo relato" foi extra do 0 que se segue. Essa tribo, de acordo com Meugnin, acredita que se um determinado tabu é vio- lado + por exemplo, se um homem encon~ tra-se com sua sogra, ouse mata um animal totémico, ou se alguém ingere alimento J) Seugnin, A forma de vida dos Aisat-naf, Estudos do (abu e“i-ti (3950). 3 AW Rose preparado pelo chefe - surge oqueé deno- ‘minado “ti-ta”, Os membros da tribo di- zem, ademais, que quem comete ainfragdo se investe de “ti-ti”. E muito dificil expli ‘ar 0 que significa isso. Talvez 0 mais pro- ximo de uma explicagéo seja dizer que “ti-ta” € concebida como uma espécie de forca ou estigma perigoso que recai sobreo culpgdo e ameaca toda comunidade com © desastre. Por esse motivo, uma pessoa ‘que esteja“té-td” tem que ser submetida a tuma ceriménia especial de purifcagéo. £ dbvio que a tribo Aisat-naf vive na ” nfo € nada, supSe-se, ou uma palavra desprovi- ‘mais obscura superstigdo. “Ti da de qualquer significado, As situagées anteriormente mencionadas de violagdo Ao tabu decerto dio origem a diversos efei- tos naturais, tais como o sentimento de terror, porém, evidentemente, nio slo es ses fenémenos, nem algum outro demons- ‘travel, o que se designa com a expresséo 4 Tire “ud-ti. O discurso acerca de “ti-tl” & pu- ramente destituido de sentido, ‘ Todavia,o que é notével, conforme orelato de Meugnin, éque parece que essa palavra,a despeito de sua caréncia de sig- nificado, possui uma fungéo a ser eumpri- a na linguagem cotidiana do povo. Os cenunciados que inchuem a palavra“ se afiguram eapazes de preencher as duas principais fungies de toda linguagem: prescrever e deserever, ou, para ser mais explicit, expressar ordens ou regras ¢ fa- zer afirmagdes sobre fatos?. Se digo, em trés idiomas diferentes, “meu pai morreu*, "Mein Vater ist gestor- ben" e “Mon pére est mort”, temos trés frases diferentes, mas uma tiniea afirma- co. Apesar de suas diferentes formas lin- Blisticas, as trés frases referem-se a. um 2 Sobrea diferenca entre linguagem prescr- tivae a deseritiva, ver Hare, The language of Moras (2952) AifRoss 4inico e mesmo estado de coisas (0 fato de ‘que meu pai morren),e este estado de cot sas afirmado como existentena realidade, Aiferentemente de algo meramente imagi- nado. Oestadode coisas ao qual uma frase serefere chama-se “referencia semAntca” Pode ser definido, com maidr precisio, como o estado de coisas que se elaciona de tal modo com a afirmacao que, sesupu- sermos que primeiroefetivamenite exist, ‘enti consideraremos ser verdadeira a se. ssunda. A referénciasemintica de uma pro- Posigao dependerd dos usos lingiisticos ‘que prevalecem na comunidade. De acor- do com esses usos, um determinado esta- do de coisas €0estimulo para dizer “meu pai morreu". Tl estado de coisas constitui a referéncia semantica do enunciado ¢ pode ser estabelecido com total indepen- déncia de qualquer iia que se possa ter sobre a morte ~ por exemplo, que a0 se Produzie esta, a alma se separa do corpo. 6 Tera Por outro lado, se digo ao meu filho “Feche a porta”, esta frase ndo é, claramen- te, a expressfo.de uma afirmacéo. Faz, € verdad, referéncia a um estado de coisas, porém deuma maneira totalmente diferens te, Esse estado de coisas (o fato.de.que.a porta seja fechada) nao é indicado como algo que efetivamente exista, mas simples- mente é apresentado como uma diretriz para.a conduta de meu flho. Diz-se que tais eclaragées so a expressio de uma pres- crigho. Conforme o que nos diz Meugnin, na ‘comunidade Aisat-naf sio empregados, entre outros, os seguintes enunciados: (a) Seumapessoa ingeriu alimento do chefe, entao esta “ti-ta”. (a) Se uma pessoa esté “ti-ta", deverd ser submetida a uma ce- rimonia de purificagio. AYRose Ora, é patente que com total indepen déncia do que represente “ti-ti", ou ain- da que nao represente absolutamente ‘nada, esses dois enunciados, quando se ajustam as regras usuais da légica, expri- ‘mem exatamente o mesmo que o seguinte enunciado: (3) Se uma pessoa ingeriu ali- mento do chefe, devera ser sub- metida a uma ceriménia de Purificagao, Esta proposigéo € notoriamente um enunciado preseritive, cheio de significa- do, sem o menor indicio de misticismo. 0 resultado nio & de surpreender, pois se deve simplesmente ao fato de que estamos usando aqui uma técnica de expressio do ‘mesmo tipo que esta: “Quando é igual a YeYigualaZ, enti X€igual a2", ptopo- siglo que € valida ndo importando o que 8 rete represente ¥, ou mesmo quando no re- presente absolutamente nada, Ainda quea palavra “titi” em simes- tha carega de qualquer signiticagio, os cenunciados nos quais aparece nko slo for- ‘mulados asualmente. Como outros enun- ‘iados de afirmagio, so promovidos, em conformidade com os tostumes lingtisti- cos predominantes, por estados de coisa perfeitamente definidos. sso explica por que enunciados que incluem apalavra"ti- ti” possuem referéncia semantic, ainda que a palavra careca de sentido, © enun- ciado afitmativo “NIN. esta ta * dase claramente em conexéo semantica defi- nida com uma situago complexa, em que podem distinguir-se duas partes: () Ocstado de coisas que consis teem queNN. tenba ingerido ali- mento do chefe ~ ou matado'um animal totémico, ou encontrado AfRoss ‘com sua sogra ete. ~ doravante seré chamado por nés de “Fato 1" (2) 0 estado de coisas que con- siste em que a norma valida que obriga ceriménia de purificagéo seja aplicével a N.N. ~ ou, expres- 50 com mais preciso: estado de coisas que consiste em que, caso N.N. nio se submeta a cerithénia, staré, muito provavelmente, ex- Posto a uma dada reagio por par- te da comunidade ~ doravante chamaremos de “Fato 2”. Dada 2 existencia destes dois estados de coisas, o enunciado de que'NNN, esta “ti-t0 € considerado verdadeiro, Dessa forma, a combinagio dos dois estados é, 4m virtude da definigdo, a referéncia se- mintica do enunciado. E algo completa- ‘mente alheio ofato de que os membros da rene tribo Aisat-naf no estejam conscientes disso, e que, ao contrério, em sua imagi- nagdo supersticiosa atribuam ao enuncia- do a presenca de uma forca perigosa, 0 ‘que constitui uma referéncia diferente da . nao que tem na iealidade. Iss, contud exclu a possiblidade de se diseutir racio- nalmente se uma pessoa em dadas circuns- ‘anciasesta realmente ti-t0”.Oraciocinio, portanto, visa a verfiar se a pessoa em questo cometeu uma das transgressdes relevantesaotabuese, conseqiientemente, a norma da purificagéo Ihe éaplichvel ‘A afirmagio de que NAN. esti “ti pode, portant ser verfcada provando cexisténcia do primeiro estado de coisas ou 0 segundo; néo importa qual, pois se- sgundo a ideologia em vigor na tribo, estes dois estados de coisas esto sempre liga- dos um 20 outro, E, assim, igualmente correto dizer: "N.N. esté titi’ porque in- geriu alimento do chefe (e por isso tem que ser submetido a uma purificagio ri- tual)", ou: “N.N. esta ‘td-t0 porque Ihe é aplicdvel a norma de purificagio (por ter ingerido alimento do chefe)". Este diltimo nio elimina a possibilidade de dizer tam- bém, ao mesmo tempo: “A norma de puri- ficagao é aplicavel a N.N. porque esti ‘tind (porque comen alimento do che- fe)". 0 circulo vicioso que aparentemente corre aqui 6, na realidade, inexistente, uma vez que a palavra “td-t0” no repre- senta nada e, afinal, no ha relaglo causal nem légica entre o suposto fendmeno “ti- th e a explicacio da norma de purifica io. Narealidade,os trésjuizos — tal como se indica nos pardgrafos entre pardnteses adicionais ~expressam unicamente, cada uum Aisua maneira, que 2 pessoa qué inge- riu alimento do chefe devera submeter-se uma purificagao ritual. (© que aqui foi dito de modo” algim contradiz a afirmagao de que “ti-ta” éuma palavra sem sentido. Somente ao juizo "NIN. esté'td-ti", tomado em seu conjun- to, pode-se atribuir referéncia seméntica Porém, nao se pode separar desta referén- cia uma certa realidade ou qualidade que possa ser atribuida a N.N.e que correspon- da A palavra “t0-ti. A forma do juiza nio se ajusta a0 aludido por ele, e essa falta de ajuste é, sem diivida, conseqiiéncia das crengas supersticiosas da tribo. Portanto, qualquer tentativa de atri- Dduir a palavra “titi " uma referéncia se- méntica independent em proposigies, como as que seseguem, esti fadada ao fra- G2) Seumapessoaingeriualimen- todo chefe, entao esti (2) Se uma pessoa esté “ti-t0", deverd ser submetida a uma ceri- ‘mOnia de purificagao. 2 Alf Rss Atentativa pode obedever aos seguin- significar algo, terd que signifiear o mes tes caminhos possiveis: ‘mo em ambas. (2) Na proposigéo (2), substituir () Em ambas’ as proposigdes, i substituir “ti-t” por *Fato’s" por ~ Isto no funciona, j4 que neste Por “Fato 2"; e na propo- siglo (2) substituir “ti-ta “Fato 1’ caso a propasigo (1) torna-se analiticamente vazia e sem refe- Cada uma adquiriré enti um signi- ficado proprio’. Mas esta solugdo é inad- missivel, réncia seméntica alguma, uma ‘vez que seu sentido seré: “Quan- Porque as duas proposigdes do uma pessoa ingeriu alimento constituem as premissas maior ¢'menor do chefe, 0 estado de coisas que para a conclusdo de que uma pessoa que ingeriu alimento do chefe deve sér sub- metida a uma ceriménia de purificagao. existe € que, ou ingeriu alimento dochéfe, ou matou um animal to- témico, ov.’ (©) Substituir *ti-ti" por "Fato 2°, em ambas as proposigées. Isto A palavra “td-ti", conseqiientemente, se 3 Aproposicéo (1) significaria "Se uma pessoa femponeo fuuclone, pomgue-nesie omen do alimenta do thee, on deer ser submetida a uma cerimonia de prion analiticamente vazia, como pode ‘Bo’ €8proposgi (2) “Se uma psson co a ina meu do alimento do chefe.... devera ser sub- ee ‘etd a ua ceriménia de purficag caso a proposigio (2) torna-se logia com o paragrafo anterior. Alf Ross Meugnin menciona um missionario sueco que trabalhou durante muitos anos na tribo Aisat-naf, empenhando-se em conseguir que os nativos entendessem que “t-te” nfo significa nada, e que erer que adquire realidade algo mistico e indeter- snindvel, porque um homem se encontra com a sogra, constitui uma abominével ssuperstigo paga. Nisto, dado um desconto, ‘bom homem tinha toda a azo. Foi, to- davia, um excesso de zelo de sua parte qualificar de pecador pagio todo aquele ‘que prosseguisse usando a palavra “ti- ti Ao fa é-lo, 0 missionario esqueceu 0 que foi demonstrado, isto é, que indepen- dentemente do fato de a palavra carecer fe referdncia semantica e, inde- peridentemente das idéias de forgas mis- ticas conectadas 4 palavra, os enunciados nos quais ela aparece podem atuar, contu- do, efetivamente como express6es pres- critivas e descritivas. 26 Tera Certamente seria possivel omitir com- pletamente essa palavra sem sentido, e em lugar da circunlocugao: () Aquele que mata um animal to- témieo toma-se “titi”, (2) Quemesta rmeter-se a uma ceriménia de pu- rificagio, deverd sub- cempregar a enuncisgio direta: () Aquele que mata um animal toté- ‘migo deverd submeter-se a uma ce- rim@nia de purificagao. Poderlamos nos perguntar, afinal, se rio seria vantajoso seguir essa linha, uma vvex.que observamos que "ti-ti” nio passa de uma ilusio, Entretanto, como tratarei de demonstrar na seqiléncia, esse nfo é ocaso. 2 AlfRoss Pelo contritio sélidasrazdes, fandamenta- das na téenica de formulacio, podem ser aducidas para prosseguir com o emprego a estrotura “titi”, Mas, ainda que a for- mulagdo “t8-ti" ofereca certas vantagens do ponto de vsta da téenica, &foreoso ad- 'mitir que, em certos casos, pode conduair a resultados irracionaisse, contra um melhor Julzo, permite-se que exerga influéncia a idéia de que Wi-t8" éuma realidade. Se esse fosse o caso, seria tarefa da critica demons- ‘ear o erro e Iibertar nosso pensamento da Impureza de tasidiasimagindrias, Enre- tanto, ainda assim nfo haveriarazdes para abandonar a terminologia “tii Contudo, talvez tenha chegado 0 mo- mento de deixar de lado toda dissimula- slo eadmitir abertamenteo que oleitorja deve ter descoberto, a saber, que essa ale- sorin refere-se a n6s, Trata se da discus- Sio sobre 0 uso de expressdes tais como “Aireito subjetivo" e“dever*, enfocadas de 28 m76 ‘um novo Angulo.‘ Porque nossas normas Juridicas esto, em grande medida, cunha- das nima teribinologia de tipo “ti-ta’. 4 Omissioniio sueco” da fbula aude ao f- les professor AV, Lundstedt, Ao longo de toda sua obra (Die. Uniuissenschafichket der Rechtswissenschaft 1932), este autor f- s0u que ainica realidade demonstvel nas shamadas situagdes de dteto subjetivo eon- sistena fangio do mecanismo da dirito, Sob Asterminadas condigdes, uma pessoa pore, fm conformidade eam o dieito vgente ns: tituir procedimentas e, assim, mobilizar 0 ‘mecanismo do dteitoresultanda sero poder pili exercidoem seu benefici, Podeohter uma sentenga'esua exeeicio pormeios com- pulsbros, crianda paras urna posiggovanta- ‘oss, uma possibiidade deagio, umbeneficio econémico. Esso é tudo. Até aqui, €possvel concordarfacilmente com o autor. Mas de- pois, em lugar de presseguir perguntando ‘al € a caractristica das stages designa- das como diretosubjetvo, ede que mania O conceito de dreto subjetivo padeserana- lsado e utilizado como um instrumento para A Gescrigo de tas situagbes, Lundste rex laa um giro peculiar em Sua andliceertica, AY Ross Na linguagem juridica encontramos, por exemple, frases como: (2) Caso se conceda um emprés- timo, é gerado um erédito, (2) Scexiste um crédito, sua soma total deve ser paga na dia do ven- cimento, 0 que é apenas uma maneira in- direta de dizer. (3) Caso se conceda um emprés- timo, sua soma total deve ser paga no dia do vencimento, dizendo que os dieitas subjtivs nla exis- tem e que seja quem for que ulize esta ex- ~pressid dif dizeidotolices acerea de algo ‘quenioexiste. Umpontode vista semelhante foi sustentado por Lebn Duguit (Traité de Droit Constiutionnl, 3. ed, 1927) ¢, antes, por Jeremy Bentham (The Limits of Juris prudence Defined, p. 57-88, 1945) rete © crédito mencionado em (1) e (2), porém nao em (3), como “té-ti", obvia mente nao € uma coisa real: ndo é abso- lutamente nada, é simplesmente uma palavra, uma palavra vazia e desprovida de qualquer referéncia semantica. Do mesmo modo, nossa afirmacao de que quem toma o empréstimo torna-se obri- gado corresponde a afirmacao da alegéri- a tribo de que a pessoa que mata um animal totémico se torna “ti-ta’ ‘Nés também, portanto, expressamo- hos como se algo houvesse cobrado exis- téncia entre 0 fato condicionante (fato juridico) ea conseqiiéncia juridica condi- cionada, Esse algo é um crédito, um di- Feito subjetivo que, tal como um agente intermediério ou um elo causal, provoca um efeito ou fornece a base para uma conseqiiéneia juridica. Nao podemos ne- Bar, totalmente, que para nés essa termi- nologia esta associada a idéia mais ou AY Ross ‘menos indefinida de que um direito sub- jetivo 6 um poder de natureza incorpé: rea, uma espécie de domfnio interno e invisivel sobre 0 objeto do direito subje- tivo, um poder que somente se exterio- Fiza no exercicig da forga (sentenga € execugio), mediante o qual 0 uso e gozo fatico € aparente do direito, subjetivo ‘corre sem confundir-se comi essa exte- riorizagao. essa maneira~ & preciso.adimiti-lo nossa terminologia e nossas idéias apre- sentam uma ‘consideravel_semelhanca estrutural com o pensamento magico pri~ ‘itive, com respeito a invocagio de po- téncias sobrenaturais, as quais, por sua vex, so convertidas em efeitos féticos. Nao podemos descartar a possibilidade de ‘quettal semelhanga esteja enraizada numa tradigdo que, ligada & linguagem e a0 po- der que esta tem sobre 0 pensamento, constitul um velho legado da infancia de 2 Th nossa civilizaglo.} Mas, por trés de admi- tir tais ¢oisas, temos sempre que nos per- guntar se é possivel aduzir fundamentos s6lidos, racionais, afavor da apresentagao tt” das regras juridicas, uma forma de ireunlocucio na qual entre o fato juridieo © a conseqiéneia juridica introduzem-se direitos subjetivos imagindrios. Se essa pergunta for respondida afirmativamente, serd preciso eliminar a proibigéo da men- slo de direitos. Creio que esse €.0 c250,¢ tomarei como ponto de partida o conceito de propriedade. “Axel Higestim expds argumentos de peso tem apoio & origem mégica das concepgbes juridieas romanas. Higestrém, Der RO- mizche Obligationsbegriff (1927). Investi- egdes modernas, em rociologia © historia da religio, também apontam no mesmo sentido, Ver Ross, Towards a Realistic Ju risprudence, 224/44 (1946); Max Weber ont Law in Ecanomy and Society, 106 (Ed, “Rheinstein” 1954). 3 AYfRoss ‘As normasjuridicas que dizem respei- to. propriedade podem, sem divida, ser expressas sem necessidade de empregar essa palavra, Em tal caso se haveria de for- ular um grande mimero de normas, que ligam diretamente as conseqiiéncias juri- icas individuais com os fatos juridieos individuais, Por exemplo: Se uma pessoa adquiriu licitamente tama coisa mediante compra, deverd ser acolhida a agéo que, para obtengao de sua entrega, essa pessoa instaure contra ou- tros que a retém em seu poder. ‘Se ume pessoa herdou uma coisa, de- vera ser acolhida a agdo por perdas e da- nos que essa pessoa mova contra outros que, por negligéneia, causaram danos & coisa Se uma pessoa que adquiriu uma coisa por prescrigio obteve um emprés- timo que rgo foi hortrado em seu venci- mento, deverd ser acclhida a agio do eredor visando a cobranga do devedor mediante a'venda da coisa. Seuma pessoa ocupouumares mullius ea nega a outra, a demanda do legatario deverd ser acolhida contra a'sucessao do testador para a entrega da coisa Se uma pessoa adquiriu uma coisa ‘numa execugio, eum Gitrodela se apodera, este dltimo deverd ser punido por roubo. Uma versio desse tipo seria, contudo, ‘Ho embaragosa, que se tornaria pratica- mente init. Cabe ao pensamento juridi- coconceitualizaras normasiietal maneira ‘que estas sejam reduzidas a uma ordem sistematicae, por esse meio, oferecer uma versio do direito vigente que seja a mais, clara ¢ conveniente possivel. Isso pode ser ‘obtido com o auxilio da técnica de apre- sentagdo que se segue. Obgervando um grande nimero de normas juridicas do tipo das indicadas, descobriremos que 6 possivel selecionar alfRoss dentre elas um certo grupo que pode ser ordenado da seguinte maneira: FG Fasc) yc - Fpec 1 Fi-Co FaeCo 3-2 Fp-ce F-C3_F2-C3Fy-c3 Fey Fi-CoFasCaF3-Cn- | Fp-cn 0 fato condicionante Fi esta ligado 4 conseqiiéncia juridica Cx, ete. Isso signi- fica que cada um dos fatos de uma certa totalidade de fatos condicionantes (F1 - Fp)estaligadoacadauma das conseqiién- clas de um certo grupo de conseqiiéncias juridicas (C1 - Cn}; ou que é verdade que cada fato esta ligado ao mesmo grupo de conseqiiéncias juridicas (C1 + C2....+ Cn); ou que uma pluralidade acumulativa de 6 T-76 conseqiinctas juridieas esta ligada auma pluralidade disjuntiva de fatos condi- cionantes, Estas regras juridicas individoais po- dem serexptessas mais simplesmestee sob forma mals manejével mediante a figura: h a fe ca 3 & L py oo Fp Cn “P” (propriedade) representa. sim- plesmente a ligagio sistemética de que tanto Fi como Fa, F3... Fp trazem dispos- tos.a totalidade das wonseqiiéncias juridi- cas Ci, Co... Ca. Como técnica de apresentacio, isso-se expressa estabele- cendo em uma série de regras os fatos que “geram propriedade”, eem outra série, as AIFRoss conseqincias juridicas que a “proprieda- dle" comporta Disso resulta claro que a “proprieda- de” introduzida entre os fatos condicio- nantes e as conseqiiéncias condicionadas na realidade, uma palavra sem sentido, uma palavra sem referéncia semantica al- numa, que serve somente como um ins- trumento de apresentagio. Discursamos ‘somo se propriedade fosse um elo causal ente Fe C, um efeito ocasionado ou eriado porcada F, e que, por suaver, éacausade sma totalidade de conseqiiéncias juridi- as, Dizemos, por exemplo, que: (Q) SeA comprou licitamente im objeto (F2), nasce para ele a pro- priedade do objeto, (2) Se é proprietério de um ob- + jeto, tem (entre outras coisas) 0 direito de obter sua entzega (C1), 38 rere E-claro, contudo, que (1)+(2)6s6uma reformulagéo de uma das normas pressu- postas (F2 - Ci), @ saber, que a compra como fato condicionante implica @ possi- bilidade de obter a entrega como conseqi- éncia juridica. A nogio de que entre a compra e a possibilidade de obter a entre- 18 fo eriado algo que pode ser chamadode ropriedade carece de sentido, Nada secria ‘como resultado de que A e Btroquem urnas Poucas frases interpretadas juridicamente como um contrato de compra e venda. Todo o que ocorreu 6 que o juiz tomard ‘agora este fato em consideracio e senten- iaré a favor do comprador em um julge- ‘mento pata obter a entrega da coisa © qué foi descrito aqui é um simples cexemplo de redugio através da razdo a uma ordem sistemética. Compete ciéncia jurit ica, em ltima instaneia, empreender esse rocesso de simplficagio, mas essa tarefa foi, em grande medida, antécipada pelo 8 AYRose pensamento pré-ientfio. A nogio de cer- tos direitos subjetivos assumiu forma num periodo anterior da historia. £ possive, certamente, realizar uma simplificagio sistematica de mais de uma maneira, e isso expliea por que as eategorias dos di- reitos mudam algo de um sistema juridico para outro, ainda que tal circunstancia ndo reflita necessariamente uma diferen- ca correlativa no dieito vigente A mesma técnica de apresentagio Pode ser utilizada, com freqiiéncia, sem a idéia de um direito subjetivo intermedia rio, No Direito Internacional, por exem- plo, unia série de regras pode estabelecer (qual éréa pertence a um estado particular como seu territério. Que essa érea tenha 0 cariter de “territério” per sé 6 destituido de sentido. Tal caracterizagio s6 tem sentido quando tomada conjuntamente com outro grupo de regras, que expres- sem as conseqiéncias juridicas que esto m0 "gadas ao fato de que uma area tenha 0 caréter de territério, Neste exemplo seria também poisivel enunciar as relagées ju- "idieas sem utilizar o conceito interpolado deferritério", ainda que um emuncinds tal fgsse.inegavelmente complicado, Asveres,o elo intermediatio ndoéum Aireito subjetivo isolado, mas unia condi- fo juridiea complexa de direitos e deve- res Esse €0 caso, por exemplo, quando, no diteito de familia se fax uma distingdo entre as condigdes para contrair matrimé- 210 € os efeitos juridicos do matrimgnio; Guando no diteito constitucional se faz uma distingdo entre aquisicao da naciona- lidae © os efeitos jutidicos da nacional dade, ou, no direito administrativo, entre 4 criacdo do status de funciondvios pibli- ©08 € seus efeitos juridicos. Nestas situa- Ses © em outras semelhantes, & usual falar da ctiagio de um status. Qualquer ‘Heseja. construc, arealidade que est ‘AIrRoss portrésdelaé, em cadacaso,amesma:uma ‘técnica que tem enorme importincia, se pretendemos granjear clareza © ordem ‘numa série eomplicada de regras juridicas “Propriedade”, “erédito” e outras pa~ lavias, quando so usadas na linguagem juridica, tém a mesma funcio da palavra “ti-t0”; so palavras sem significado, sem reféréncia semantica alguma, e 6 servem como uma técnica de apresentacio. Con- tudo, € possivel falar com sentido acerca de direitos subjetivos, tanto na forma de prescrigées como na de deserigSes. ‘Com respeito is presevigdes, isso surge do anterior. As duas proposigées: “Uma pessoa que comprou uma coisa tem a pro- priedade dela” e “Uma pessoa que tem a propriedade de uma coisa pode obter quea entreguem a ela” tomadas conjuntamente, do origem a regra prescrtiva com sentido, de que uma pessoa que comprow uma coisa pode obter que a entreguema si. « TT Com respeito is descrigies, o que segue é valido em exata analogia com a exposicdo feita mais acima de jutzos enuneiativos “ti-ta”; a afirmagao de Que A é titular da propriedade de uma coisa, quando tomada em sua integri ade, tem referéncia semfntica 4 situa ‘do complexa de que existe um daqueles fatos considerados como que concedem Propriedade, ¢ de que A pode obter a entrega da coisa, reclamar por perdas e danos, ete. E, portanto, posstvel dizer ‘com igual corregéo: A é titular da propriedade da coisa Porque a comprou (¢ pode, conseqiiente- ‘mente, obter sua entrega, reclamar per- das, ete), E, A 6 titular da propriedade da coisa Porque pode obter sua entrega, reclamar perdas, etc. (porque a comprou). Esta dltima situaedo no impede que ‘Se possa também dizer: A pode obter a a Alf Ross entrega da coisa ereclamar perdas porque tem a propriedade daquela (porque a comprou). ‘Tal como ocorria nas formulagées 1” correlativas, nfo hé aqui cireulo vicioso, tuma vez que “propriedade" nada repre- senta, em absoluto, e no existe relagio cavsal ou légica entre o suposto fendmeno da propriedade e as mencionadas conse- iléncias juridicas. Os trés enuncidos ~ como indicam. os parénteses.adicionais ~eada um & sua maneira, expressam uni- camente que a-péssoa que comprou uma coisa podé obter a entrega da mesma, re- lamar perdas e danos, ete. Por outro lado, € impossivel atribuir uma referéncia semantica independente 4 palavra “propriedade” nos raciocinios que operam com a palavra®. Qualquer um artigo apareeido pouco depois da pu- blicagio original do presente testo, porém cevidentemente sem conhecimento de sts ror tentativa de tomé-la, seja como designa- fo de um fato juridico, seja de consegi cias juridieas, ou de ambas a8 eaisas 20 rmesmo tempo, on de qualquer cutra coisa, estd destinada ao malogro. Consideremos, por exemplo, oseguinte silogismor ‘esistinea, Anders Wedberg.chegou a con- clusbes semelhantes is minkas: “Pode resultar chocante para o senso co- ‘mum no elaborado admitir tas expressées ‘sem sentido’ no séri diseurso dos cientis- tas do direito. Contudo, na relidade nao existe razdo alguma para que todas as ex- pressdes empregadas num diseurse, que como. um todo seja‘altaménte ‘dotado de sentido’ devam te ‘sentido’ por simesma. Parece provavel que muitas expressées ut lizadas por outras ciéncias, especialmente 8 chamadas ciéncias exatas, carecem de interpretagdo e atuam somente coma vei- culos para a sistemdtica e a dedusio, Por «que nfo haveria de ocorrer& mesma situa io com a citneia juridica?" (Weaberg, Some Problems in the Logical Analysis of Legal Seience, “Theor, 37, PP. 248, 273, (Suécia, 1950. 45 Alf Ross (A) Seha uma compra, existe tam- bbém propriedade para ocomprador. Aqui ha uma compra; conseqiien- temente, existe também proprie- dade para o comprader. () Se existe propriedade, o pro- prietrio pode obter a entrega da coisa, Aqui hé propriedade; con- seqlientemente, pode obter-se a entrega, HLA. Hart expressou um ponto de vista semelhante. “ possivel", sustenta este autor, “definir um teema tal eomo ‘dieito subjetivo', no o substituinds por outras ppalavras “que definam certa qualidade, Brocesso oy acontecimento, mas apenas indicando as condigies necessirias & ‘erdade de uma propsig da fora ‘vce tem umaieite =" Hart, Definitions and Theory in Jurispru- dence, “Law Quarterly Review". 70, p37, 4/42, 45/49 0950) “6 Tomadas conjuntamente, (4) © (8) expressam a regra no sentido de que uma pessoa que comprou uma coisa pode chter sua entrega. Tal eohclusio é vida, qual- “her que seja 0 que possa representar “propriedade’, ou ainda que nao repre- sente absolutamente nada. Porque “pro- Driedade” poderia af ser substituida por “queijo velho" ou "titi", e a conclusio continuaria sendo valida Por outro lado, é impossivelatribuir nesta conclusio uma referénela seman- ‘ica tal a palavra “propriedade” de modo que as conclusdes (A) e (B), conside- xadas isoladamente, possam adquirit significado ou papel juridieo. As possi- bilidades concebfveis de tal tentativa sio \denticas as que vimos acima, na andlise as proposigaes “ti-td” corresponden- tes, ¢ 05 resultados também se corres- pondem: a Af Ross (a) Seem (A) substituimos “pro- priedade” pela totalidade aca- mulativa das conseqtiéncias jut dicas, ¢ em (B) pela totalidade disjuntiva das condigdes, (A) & (B)adquirem, cada uma, sentido, ‘mas nio podem ser combinadas em um silogismo, j4 que o termo médio nfo 6 0 mesmo. (b) Se em ambos os casos subs- tituimos “propriedade” pela to- talidade. disjuntiva dos _fatos condicionantes, a premissa maior em (A) torna-se analiticamente varia e, por isso, sem referéncia semantica alguma, (© Se em ambos os casos subs- tituimos ‘propriedade” pela total dade acumulativa das conseqiién- cias juridicas, entio a premissa “ ToT maior em (B) torne-se analitica- mente vazia, Deixarei ao letor 0 trabalho de verif- car, porsi mesmo, acorrego dessasafima- (05 por meio de wma andlise exalamente aniloga & dos enunciados pondentes, “ As abservagdes que formulamos aqui so adequadas para esclarecer uma contro- ta" corres. vérsia sumamente interessante ~ ocosrida ecentemente na literatura escandinava, entre Per Olof Ekelife Ivar Strahl ~ acer- a do significado concedido ao conéeito de dizeito subjetivo quando empregado no-raciocinio juridico. Ekeldf iniciou a discussio na tentativa de descobrir qual estado de coisas pode substituir, dentro de tal raciocinio, uma expresso cunha- da em termos de direitos subjetivos, Essa tentativa equivale a uma busca da refe- réncia semantica do termo. interessante 9 seguir 0 curso da-polémica, na medids ‘em que ela jlustra amenamente a corre- fo do que foi aqui sustentado.” Muito sumariamente, 0 desdobra- mento da disputa foi como se ségue. No inicio, Bkel6f aceitou como patente que 0 termo “crédito” (esta é a palavra com a qual opera em seus exemplos, 05 quais, a propésito, sio completamente anilogos as formulagdes (A) e (B), apre- sentadas acima) ndo representa a mesma coisa em (A) e (B), mas a conseqiléncia juridica e 0 fato juridico, respectiva- mente. Isso corresponde exatamente & possibilidade (a) da prova feita mais aci- ‘ma. Strabl contestou com o poderoso ai- gumento de que tal-interpretagdo era inadmissivel, j@ que o termo tina que 7A disdussdo Whe por cendrio as resistas ju ridieas escandinavas Tidskrit for Rectri- tenskap e Svenk Jurstidning, entre 1945 € 1950. so ser forgosamente usado com um ¢ mes- mo sentido, tanto na proposigao (4) como na proposicio (B), porque estas constituem as premissas de uma conelu- sio. ‘Strahl adotou a posigdo de que o conceito de direito subjetivo em ambas as proposigdes representa 0 fato juri- ico, a totalidade disjuntiva dos fatos condicionantes. Esta posigio corres- ponde & possibilidade aludida mais aci- ma, em (b). A isto Ekelaf ¥espondeu com © arguriento de que, se.é assim, a pre- rissa maior no caso (A) torna-se analiti- camente vazia, Em seguida Ekel6fadotou ateoria de Strahl, de que a palavra tem que repre- sentar 0 memo estado de coisas tanto em (A) como em (B), porém sustentou que ndo ha razio alguma que obrigue a concluir que esse estado de" coisas co- mum a ambas tenha de ser o fato condi cionante. Descobriu que a conclusio que so AY Ross corresponde a (A) e (B) subsiste como vilida, nao importa o que coloquemos no Ingar do conceito “direito subjetivo” — ‘eja 0 fato juridico, seja a conseqiiéncia Juridica, sejam ambos conjuntamente. Mas deteve-se af, Nao se deu conta de que 2 conclusio haveria de continuar sendo valida, ainda que no lugar do con- ceito de “direito subjetivo” colocéssemos “queijo velho" ou “ti-té? Nessa polémica, quem esteve mais proximo da verdade foi Strahl, ao afir- mar que o conceito de direito subjetivo no caso (A) é empregado para designar a circunsténcia que no caso (B) serve como fato juridico, e prosseguiu caracterizan- do isso como um artificio que serve & ‘téenica de apresentagao. Entretanto, 0 que Strahl ndo viu foi que o conceito de Gireito subjetivo nao designa “cireuns- tancia” alguma, ¢ que 0 “direito subje- tivo" como fatondo em absoluto um fato, ren que’ tentatva de atribuir um significa- do is premissas maiores nos silogisios (A) e (@), quando sio consideradas iso- ladamente, uma tarefa va. Porque'“o artficio que serve & téeniea de apresen- t2¢a0" signifien que as duas proposigoes tém sentido unicamente enquanto frag- mentos de um todo mais amplo, em que apatecem ambas, 0 ute faz que 0 concei- to de direito subjetivo como termo mé- dio comum num silogismo desaparefa, porque completamente desprovido de sentido. 40 formular estas observagdes"crti- cas, nfo pretendo, de modo algum, dimi- nuir o valor da investigacio empreendida por Ekeléf e Strahl, Pelocontririo, penso que 0 método de substituigio de, Ekelof constitu uma linha feliz, além de ter apri- ‘consider necess4- morado as questées; rio acrescentar que, foi seguindo essa linha, que cheguei ao ponto de vista que 53 Julgo verdadeiro, a saber, que 0 conceito de direito subjetivo é um instrumento para a técnica de apresentacio que serve exclusivamente a fins sistematicos, e que em si nfo significa nem mais nem menos que “ti-ta"s 8 Empentei-me, em outra pare, em demons: trar como 0 coneeita de direito subjetivo pode condusir a erros ea postulados dog ‘iticosse fortoiniado, erroneamente, como sendo uma “substincia” independente e ‘io simplesmente a unidadesistemstica de lum conjunto de regrasjurideas. Ross, op. it, supra, nota 5, p. 189/202. 54

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