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Carlos Eduardo Damian Leite

Comunicação Empresarial
CARLOS EDUARDO DAMIAN LEITE

COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL

1ª Edição

Taubaté
Universidade de Taubaté
2014
Copyright©2014.Universidade de Taubaté.
Todos os direitos dessa edição reservados à Universidade de Taubaté. Nenhuma parte desta publicação pode ser
reproduzida por qualquer meio, sem a prévia autorização desta Universidade.
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Pró-reitor de Extensão e Relações Comunitárias Prof.Dr. José Felício GoussainMurade
Pró-reitora de Graduação Profa.Dra.Ana Júlia Urias dos Santos Araújo
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Coordenação Geral EaD Profa.Dra.Patrícia Ortiz Monteiro
Coordenação Acadêmica Profa.Ma.Rosana Giovanni Pires
Coordenação Pedagógica Profa.Dra.Ana Maria dos Reis Taino
Coordenação Tecnológica Profa. Ma. Susana Aparecida da Veiga
Coordenação de Mídias Impressas e Digitais Profa.Ma.Isabel Rosângela dos Santos Ferreira
Coord. de Área: Ciências da Nat. e Matemática Profa. Ma. Maria Cristina Prado Vasques
Coord. de Área: Ciências Humanas Profa. Ma. Fabrina Moreira Silva
Coord. de Área: Linguagens e Códigos Profa. Dra. Juliana Marcondes Bussolotti
Coord. de Curso de Pedagogia Profa. Dra. Ana Maria dos Reis Taino
Coord. de Cursos de Tecnol. Área de Gestão e Negócios Profa. Ma. Márcia Regina de Oliveira
Coord. de Cursos de Tecnol. Área de Recursos Naturais Profa. Dra. Lídia Maria Ruv Carelli Barreto
Revisão ortográfica-textual Prof. Me. João de Oliveira
Projeto Gráfico e Diagramação Me.Benedito Fulvio Manfredini
Autor Carlos Eduardo Damian Leite

Unitau-Reitoria Rua Quatro de Março,432-Centro


Taubaté – São Paulo CEP:12.020-270
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Tel.: 0800 883 0697
e-mail: nead@unitau.br
Horário de atendimento: 8h às 22h

Ficha catalográfica elaborada pelo SIBi


Sistema Integrado de Bibliotecas / UNITAU

L533c Leite, Carlos Eduardo Damian


Comunicação empresarial / Carlos Eduardo Damian Leite. Taubaté:
UNITAU, 2010.
58p. : il.

Bibliografia
ISBN - 978-85-62326-23-3

1. Comunicação. 2. Meios de comunicação. 3. Expressão oral e


escrita. 4. Comunicação empresarial. I. Universidade de Taubaté.
II. Título.
PALAVRA DO REITOR

Palavra do Reitor

Toda forma de estudo, para que possa dar


certo, carece de relações saudáveis, tanto de
ordem afetiva quanto produtiva. Também, de
estímulos e valorização. Por essa razão,
devemos tirar o máximo proveito das práticas
educativas, visto se apresentarem como
máxima referência frente às mais
diversificadas atividades humanas. Afinal, a
obtenção de conhecimentos é o nosso
diferencial de conquista frente a universo tão
competitivo.

Pensando nisso, idealizamos o presente livro-


texto, que aborda conteúdo significativo e
coerente à sua formação acadêmica e ao seu
desenvolvimento social. Cuidadosamente
redigido e ilustrado, sob a supervisão de
doutores e mestres, o resultado aqui
apresentado visa, essencialmente, a
orientações de ordem prático-formativa.

Cientes de que pretendemos construir


conhecimentos que se intercalem na tríade
Graduação, Pesquisa e Extensão, sempre de
forma responsável, porque planejados com
seriedade e pautados no respeito, temos a
certeza de que o presente estudo lhe será de
grande valia.

Portanto, desejamos a você, aluno, proveitosa


leitura.

Bons estudos!

Prof. Dr. José Rui Camargo


Reitor

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vi
Apresentação

Bem-vindo(a)! Este é o livro-texto do módulo “Comunicação Empresarial”. Diante da


realidade da comunicação no âmbito empresarial, bem como das técnicas que podem ser
empregadas na fala e na escrita, trazemos aqui uma proposta referente a como esses
conteúdos podem ser desenvolvidos e aprimorados no contexto corporativo.

Os conceitos apresentados neste material, além dos que discorrem a respeito dos meios
de comunicação e o modo como eles realizam a transmissão de mensagens específicas,
também discutirão o modo como o ser humano interpreta e representa o mundo ao seu
redor, por meio de novos significados oferecidos pelo pensamento simbólico. A partir
do símbolo será considerada a linguagem, produto da interpretação do mundo com
características socioculturais únicas em cada grupo social.

Com foco na questão empresarial, será também considerada a realidade das empresas, o
modo como a comunicação se processa em meio às demais realizações. Também será
visto como retórica e oratória podem ser empregadas no âmbito empresarial, para que
possam ser utilizadas em meios de comunicação oral e escrita.

Por fim, serão expostos os recursos utilizados pela empresa para divulgação e
manutenção de sua relação com os públicos; na medida em que ela consegue efetivar
em sua cultura organizacional a ideia de que a comunicação não é algo isolado, mas
parte importante e decisiva dentre suas atividades.

Espero que aprove os conteúdos abordados e que este material o ajude, e muito, em sua
formação acadêmica. O tema é relevante; os exemplos e indicações de livros, filmes e
sites são atuais e, de certo modo, podem ser aplicados na teoria e na prática de sua
atividade profissional, de maneira única e pessoal.

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Sobre o autor

CARLOS EDUARDO DAMIAN LEITE: Bacharel em Comunicação Social –


Habilitação em Relações Públicas – pela Faculdade de Arquitetura, Artes e
Comunicação da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP
campus Bauru/SP); extensão em Tipologia do Discurso, pela Universidade Estadual de
Campinas (UNICAMP); especialista em Assessoria, Gestão da Comunicação e
Marketing, pela Universidade de Taubaté (UNITAU); mestre em Linguagem e
Educação, pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP). Docente
do Ensino Superior nas Faculdades Integradas Teresa D’Ávila (FATEA, em
Lorena/SP), na Universidade de Taubaté (UNITAU campi Taubaté e Ubatuba/SP), na
UniRadial – Estácio (São Paulo/SP campi Marajoara e Mooca) e no Serviço Nacional
de Apoio ao Comércio (SENAC campus Santo Amaro). Atualmente possui vínculo com
o Núcleo de Educação a Distância da Universidade de Taubaté (NEAD – UNITAU).

ix
x
Caros(as) alunos(as),
Caros( as) alunos( as)

O Programa de Educação a Distância (EAD) da Universidade de Taubaté apresenta-se


como espaço acadêmico de encontros virtuais e presenciais direcionados aos mais
diversos saberes. Além de avançada tecnologia de informação e comunicação, conta
com profissionais capacitados e se apoia em base sólida, que advém da grande
experiência adquirida no campo acadêmico, tanto na graduação como na pós-graduação,
ao longo de mais de 35 anos de História e Tradição.

Nossa proposta se pauta na fusão do ensino a distância e do contato humano-presencial.


Para tanto, apresenta-se em três momentos de formação: presenciais, livros-texto e Web
interativa. Conduzem esta proposta professores/orientadores qualificados em educação a
distância, apoiados por livros-texto produzidos por uma equipe de profissionais
preparada especificamente para este fim, e por conteúdo presente em salas virtuais.

A estrutura interna dos livros-texto é formada por unidades que desenvolvem os temas e
subtemas definidos nas ementas disciplinares aprovadas para os diversos cursos. Como
subsídio ao aluno, durante todo o processo ensino-aprendizagem, além de textos e
atividades aplicadas, cada livro-texto apresenta sínteses das unidades, dicas de leituras e
indicação de filmes, programas televisivos e sites, todos complementares ao conteúdo
estudado.

Os momentos virtuais ocorrem sob a orientação de professores específicos da Web. Para


a resolução dos exercícios, como para as comunicações diversas, os alunos dispõem de
blog, fórum, diários e outras ferramentas tecnológicas. Em curso, poderão ser criados
ainda outros recursos que facilitem a comunicação e a aprendizagem.

Esperamos, caros alunos, que o presente material e outros recursos colocados à sua
disposição possam conduzi-los a novos conhecimentos, porque vocês são os principais
atores desta formação.

Para todos, os nossos desejos de sucesso!

Equipe EAD-UNITAU

xi
xii
Sumário
Palavra do Reitor .............................................................................................................. v
Apresentação .................................................................................................................. vii
Sobre o autor.................................................................................................................... ix
Caros(as) alunos(as) ........................................................................................................ xi
Ementa .............................................................................................................................. 1
Objetivos........................................................................................................................... 2
Introdução ......................................................................................................................... 3
Unidade 1. Aspectos Socioculturais do processo comunicacionalicacional .............. 5
1.1 O simbólico na linguagem e cultura humanas ............................................................ 6
1.2 Considerações sobre a capacidade de falar................................................................. 8
1.3 A comunicação em sua ordem sistêmica .................................................................. 10
1.4 Síntese da Unidade ................................................................................................... 13
1.5 Para saber mais ......................................................................................................... 14
1.6 Atividades ................................................................................................................. 16
Unidade 2. Considerações sobre os meios de comunicação ..................................... 17
2.1 Breve histórico dos meios de comunicação .............................................................. 18
2.2 As mídias na sociedade de informação..................................................................... 21
2.3 As tecnologias digitais de informação e comunicação ............................................. 24
2.4 Síntese da Unidade ................................................................................................... 26
2.5 Para saber mais ......................................................................................................... 27
2.6 Atividades ................................................................................................................. 28
Unidade 3. Elementos e técnicas da expressão oral e escrita .................................... 29
3.1 Questões filosóficas sobre o discurso ....................................................................... 30
3.2 Retórica e Oratória como recursos midiáticos .......................................................... 32
3.3 Elementos de técnica redacional............................................................................... 34
3.4 A análise de discurso na compreensão do cotidiano empresarial ............................. 36
3.5 Síntese da Unidade ................................................................................................... 37
3.6 Para saber mais ......................................................................................................... 38

xiii
3. 7 Atividades ................................................................................................................ 39
Unidade 4. Meios e procedimentos da comunicação empresarial ............................ 41
4.1 O contexto empresarial contemporâneo ................................................................... 42
4.2 Sobre a comunicação empresarial ............................................................................ 45
4.3 Meios externos e internos de comunicação .............................................................. 47
4.4 O papel das mídias no ambiente corporativo ........................................................... 52
4.5 Síntese da Unidade ................................................................................................... 54
4.6 Para saber mais ......................................................................................................... 54
4.7 Atividades ................................................................................................................. 55
Referências ..................................................................................................................... 57
Bibliografia complementar sugerida .............................................................................. 58

xiv
Comunicação
Empresarial ORGANIZE-SE!!!
Você deverá usar de 3
a 4 horas para realizar
cada Unidade.

Ementa

EMENTA

Estudo da língua portuguesa. Linguagem e Comunicação. Prática de


leitura. Prática de produção textual. O texto e sua linguagem. O texto
técnico e as necessidades gerenciais e organizacionais. Prática
linguística – aspectos fono-morfo-sintáticos e semânticos da língua. A
administração e a comunicação. Conteúdo, forma e meios da
comunicação. Comunicação na organização. Tópicos gramaticais.
Leitura e técnicas de redação. Redação empresarial.

1
Objetivo Geral
Contextualizar os alunos quanto ao desenvolvimento da comunicação
empresarial, relacionando-a ao ambiente histórico e empresarial brasileiro
perante as demandas provocadas pela globalização e pela internacionalização
dos mercados. Apresentar os conceitos e as aplicações da comunicação
organizacional, institucional, corporativa e empresarial.

Obj eti vos

Objetivos Específicos

 Buscar uma conceituação abrangente para a comunicação


empresarial, tendo em vista as suas inúmeras atividades e sua
inserção no planejamento estratégico das organizações modernas;

 Analisar o impacto da prática comunicacional das empresas na


sociedade, atentando, particularmente, para as questões do
relacionamento com os consumidores e clientes, em suas
perspectivas éticas e mercadológicas;

 Avaliar, especificamente, políticas, ações e estratégias de


comunicação empresarial postas em prática pelas empresas
brasileiras e por organizações não governamentais.

2
Introdução

O Livro-texto “Comunicação Empresarial”, ao longo de suas quatro unidades, irá


discutir as realizações do ser humano em relação à capacidade de falar e escrever, e
como esta vem ganhando importância no âmbito empresarial, à medida que suas
características e técnicas são desenvolvidas na relação das empresas com seu público.

A Unidade 1, “Aspectos socioculturais do processo comunicacional”, está dividida


em três subtítulos: “O simbólico na linguagem e cultura humanas”, “Considerações
sobre a capacidade de falar” e “A comunicação em sua ordem sistêmica”. A Unidade irá
abordar aspectos sobre a origem da linguagem, bem como o papel da fala nas
realizações socioculturais.

A Unidade 2, “Considerações sobre os meios de comunicação”, está dividida também


em três subtítulos: “Breve histórico dos meios de comunicação”, “As mídias na
sociedade de informação” e “As tecnologias digitais de informação e comunicação”. A
Unidade irá abordar um panorama histórico sobre os meios de comunicação, assim
como a função que eles possuem na disseminação de ideias e da própria linguagem.

A Unidade 3, “Elementos e técnicas da expressão oral e escrita”, está dividida em


quatro subtítulos: “Questões filosóficas sobre o discurso”, “Retórica e oratória como
recursos midiáticos”, “Elementos de técnica redacional” e “A análise de discurso na
compreensão do cotidiano empresarial”. Irá abordar questões relevantes ao uso da
palavra escrita, a partir da técnica redacional, e da fala, com abordagem direcionada à
retórica e oratória.

A Unidade 4, “Mídias e procedimentos da comunicação empresarial”, está dividida


em quatro subtítulos: “O contexto empresarial contemporâneo”, “Sobre a comunicação
empresarial”, “Meios externos e internos de comunicação” e “O papel das mídias no
ambiente corporativo”. Irá abordar o modo como as mídias são utilizadas no contexto
empresarial, bem como a importância delas na resolução de problemas nas corporações.

3
4
Unidade 1
Unidade 1 . Aspectos Socioculturais do processo
comunicacional icacional

Unidade 1 apresenta os aspectos relevantes para a compreensão do processo


comunicacional, ou seja, os elementos que dizem respeito à comunicação como
fenômeno sociocultural. Serão abordados os processos que conduzem à efetivação da
linguagem no contexto do desenvolvimento do ser humano, bem como as características
de utilização da linguagem, tais como a interpretação simbólica da realidade e o uso do
discurso em circunstâncias diversas.

Aspectos como a questão da mitologia e dos valores serão também analisados, focando-
se no modo como eles são transmitidos em meio ao contexto social, considerando
inclusive a diversidade que apresentam. Diante da ideia da transmissão de um conteúdo
em comum como sendo o processo comunicacional, o ato de falar também será
considerado, em seus aspectos fisiológicos e socioculturais, apresentando-se o aparelho
fonador e o que envolve o ato humano de se comunicar.

Por fim, a comunicação será apresentada em conjunto com o complexo psicossocial do


ser humano, em meio à questão sistêmica. Assim como a sociedade funciona tal qual
um sistema, com funções e padrões específicos e determinados, também o processo
comunicacional deve-se dar do mesmo modo, dentro de parâmetros específicos para a
devida compreensão de uma mensagem por parte do ouvinte, analisando-se todos os
elementos que venham a comprometer a transmissão de conteúdos.

Complementando-se os assuntos apresentados em relação ao processo comunicacional e


os elementos sociais e culturais envolvidos, são ainda oferecidas sugestões de filmes,
livros e sites para pesquisa, a fim de contribuir para o seu envolvimento, caro(a)
aluno(a), com conteúdos que precisem de uma elucidação mais apropriada.

Bons estudos!
5
1.1 O simbólico na linguagem e cultura humanas
Ao longo do processo de desenvolvimento dos seres, hábitos que se tornam
característicos tornam-se essenciais para a sobrevivência destes. Um exemplo é a
“dança” realizada por abelhas para indicar perigo na colméia ou uma fonte de néctar
apropriada; ou ainda o cortejo de machos às fêmeas, em diversas espécies.

A estes procedimentos, considerados comuns entre as realizações dos animais no


aspecto cultural, denomina-se “elemento lúdico” ou “jogo”; o mesmo que se faz
presente nas realizações humanas. Claro que o jogo neste nível se encontra em um grau
de complexidade mais simples, pois são atos O símbolo é o modo pelo qual o ser
humano cria para si mesmo um padrão
mecânicos, visando a um objetivo único, simples e visual relativamente aos objetos ao seu
redor, e com isso possui uma referência
em curto prazo. própria quando este é citado no processo
de comunicação (GUATTARI, 1994, p. 36).

Na cultura do ser humano, o elemento lúdico assume aspectos exclusivos, já que o


mundo por ele é interpretado e representado por meio de símbolos, e o conjunto deles
forma a linguagem, maneira pela qual o homem pode elaborar mensagens e emiti-las
para outrem. Este processo de agrupar símbolos para a criação de mensagens é a
comunicação, que pode ser compreendida como a ação de tornar um determinado
conteúdo comum a quem se transmite.

Pode-se considerar o processo comunicacional, portanto, como lúdico, já que ele se


baseia no esquema de regras e preceitos que norteiam o hábito de transmitir conteúdos e
opiniões, tornando este também essencial à sobrevivência e ao desenvolvimento do ser
humano.

Contudo, além da existência do jogo na comunicação,


Plasticidade é a propriedade cerebral
devem ser analisadas questões que são específicas do que diz respeito à capacidade de um
órgão para se modificar de acordo
homem, que fazem com que a efetivação do elemento com as informações apreendidas,
independente da complexidade que
lúdico seja feita de forma diferente da dos animais. Tais estas venham a apresentar
(MCLUHAN, 2005, p. 47).
questões dizem respeito às condições biológicas do ser
humano, especificamente em relação ao cérebro, órgão que possui características que
facilitam a apreensão das informações e a transformação destas em conteúdos

6 simbólicos.
Dentre estas características, destaca-se a plasticidade, que permite ao ser humano
desenvolver a capacidade de representar o mundo ao seu redor, além de transmitir todo
o conteúdo desenvolvido pela fala.

Você, caro (a) aluno (a), verá de forma mais específica o modo pelo qual o ser humano
exerce a função de falar no subtítulo a seguir. Neste instante, basta destacar que por
meio da fala o desenvolvimento cultural pode-se dar de forma única e diversificada,
inclusive se forem consideradas as diferenças geográficas e étnicas.

A comunicação permite ao homem


compartilhar conceitos e opiniões,
tornando comum tais pensamentos
na sociedade em que está inserido.
Desta forma, surgem elementos
que enriquecem a cultura humana,
dentro do contexto dos símbolos,
tais como mitos, crenças e valores.

Questões sociais passam a ser


definidas dentro de parâmetros
culturais, seguindo os preceitos que
orientaram o ser humano desde os Figura 1.1 - O ciclo de representação simbólica se
inicia com a observação do mundo e se efetiva com a
princípios da formação da geração de conteúdos culturais diversificados.
Fonte: http://aozoratenshi.blogspot.com
linguagem. Sendo assim, segue-se Acesso em 12 jan. 2010.
um esquema na geração cultural,
que se inicia pelo jogo, que faz uso da representação simbólica, que por sua vez serve de
base para a linguagem que transmite os conteúdos culturais.

Os pontos em comum são notáveis entre as características políticas, econômicas e


sociais, considerando-se que em todos estes âmbitos as normas e valores estão
permeados pelos símbolos, desde a importância de um líder tribal, um monarca, um
juiz, relacionada não ao indivíduo em si, mas à figura que ele representa em um
determinado contexto; ou mesmo o valor que o dinheiro possui para a sociedade

7
capitalista, uma vez que as notas e moedas se reduzem a pedaços de papel ou pequenos
discos de metal. A análise simbólica de mundo, portanto, não se reduz ao objeto ou
pessoa, mas sim àquilo que, em um segundo momento, este ou aquele podem
representar.

A transmissão e utilização destes conteúdos relacionados ao símbolo são os atos que


caracterizam as ideias que permeiam a cultura humana; sua essência está sempre ligada
ao jogo.

No que diz respeito ao ato de transmitir, será discutido no item a seguir a importância da
fala como meio que possibilita ao homem concretizar a comunicação, assim como os
elementos que possibilitam ao homem ter a capacidade de falar, produzir sons que
ganham um significado determinado de acordo com o que se deseja compartilhar.

1.2 Considerações sobre a capacidade de falar


No subtítulo anterior, foram analisados os aspectos culturais relativos ao jogo, o modo
como este se faz presente nas culturas dos seres vivos, de forma mais específica na
cultura humana, analisando-se o contexto simbólico no qual esta é gerada, a partir da
representação do mundo em símbolos por parte dos indivíduos.

A partir desta cultura formada pelos símbolos, os valores, as crenças e ideias que são
determinados pela sociedade assumem um caráter de representação em um ou mais
aspectos, destacando a característica de que objetos e pessoas podem assumir uma
segunda importância em diversos contextos.

O processo comunicacional para o desenvolvimento desta cultura simbólica coopera


com a transmissão de conteúdos a ela relacionados, e a comunicação somente é
efetivada com a emissão de uma mensagem. Para tanto, o ser humano conta com a
capacidade de falar para tornar prática a veiculação de conceitos, em um conjunto de
ações simples, diretas, mas possibilitadas apenas pelo aparelho fonador, específico do
ser humano.

8
O aparelho fonador, primordial para a capacidade humana de pronunciar palavras de
forma compreensível, para a devida transmissão de conteúdos, compreende a região da
boca (lábios, dentes, língua, fossas nasais, palato duro e mole – conhecido popularmente
como “céu da boca”), complementada pela ação do esôfago, traquéia, laringe, glote,
pregas vocais e pulmões.

A ação de falar se inicia nos


pulmões, que expelem o ar por
meio dos brônquios, passando
pela traquéia e laringe. Nesta, o
ar é impulsionado em direção às
pregas vocais que, se estiverem
abertas e retesadas, vibrarão,
produzindo o som agudo. Se
estiverem fechadas e relaxadas, o
ar pouco pressionará as pregas,
produzindo o som grave.

Dependendo das partes da boca


relacionadas à emissão do som,
temos diferentes tipos de
Figura 1.2 - Esquema simples do aparelho fonador,
realizações, que podem ser permitindo uma visualização dos elementos fisiológicos que
participam da maior parte dos sons emitidos.
classificadas em bilabiais Fonte: http://www.radames.manosso.nom.br
(encontro dos dois lábios), Acesso em 13 jan. 2010
labiodentais (encontro entre o lábio inferior e a arcada dentária superior), linguodentais
(produzido pela ponta da língua contra os dentes superiores), alveolares (formadas pela
ponta da língua), palatais (encontro da língua com o palato) e velares (da parte posterior
da língua).
Por problemas na fala podemos entender
problemáticas simples ou complexas, que
A ação conjunta destas partes, portanto, é fundamental impedem uma ou mais funções do
aparelho fonador, tais como a dislalia –
para o desempenho eficaz do aparelho fonador, sendo falha na pronúncia de uma consoante ou
som específico (RIBEIRO; HERSCHMANN,
que qualquer deficiência em apenas uma dessas partes 2008, p. 27).

causa problemas na fala.


9
Voltando o foco deste subtítulo para o conteúdo que se emite com o ato de falar, temos
então o que se chama de discurso, produzido por um ato simultâneo de criação e
repetição, no qual o indivíduo que fala pode se apropriar de frases anteriormente
pronunciadas, associando-as a uma criação discursiva própria.

Ou, ainda, elabora um discurso totalmente inovador, o que pode ser considerado apenas
na aparência, pois todo discurso tem como fundamento aquilo que foi dito
anteriormente, em algum momento na história em que as palavras já eram pronunciadas.
Na Unidade 3, quando for abordada a Análise de Discurso, serão discutidos com mais
detalhes os elementos pertinentes aos conteúdos proferidos pelos indivíduos.

O relevante, portanto, ao se considerar o ato de falar como base do processo


comunicacional, é compreender como se dá a emissão da voz no aspecto fisiológico, e
considerar que falhas na fala podem ser prevenidas. É importante que se utilize tal
conhecimento para se usufruir da comunicação desde sua primeira instância de maneira
integral.

O subtítulo a seguir dará destaque ao processo comunicacional, dentro do esquema


fisiológico de expulsão do ar pelos pulmões e quebra do ar expelido pelas pregas vocais,
palato, língua, dentes e lábios. Além deste processo, há também elementos que
envolvem a comunicação realizada em um fluxo de duas vias, relacionada a mais
cotidiana das comunicações: o diálogo entre indivíduos.

1.3 A comunicação em sua ordem sistêmica


No subtítulo anterior foram consideradas as questões que envolvem o aparelho fonador
de um modo simplificado, apenas para a compreensão da importância da fisiologia
humana no processo de transmissão de conteúdos, no que diz respeito à produção de
palavras por meio das partes corporais envolvidas neste processo.

Também de modo sucinto foi considerada a elaboração do discurso, utilizando-se as


palavras produzidas pelo aparelho fonador para a emissão de uma mensagem específica,

10
num misto de repetição e criação, já que, de acordo com a Análise de Discurso, as
palavras ditas se baseiam nas que anteriormente, em algum ponto da história humana,
foram utilizadas para descrever uma determinada situação. Mais um aspecto deve ser
considerado na questão discursiva: o que diz respeito à comunicação fazer parte de um
sistema, assim como os seres humanos de modo individual contribuem para um sucesso
da sociedade.

A “Teoria dos Sistemas” foi formalizada pelo biólogo Ludwig Von Bertalanffy. Nela a
sociedade é comparada a um organismo; cada função de um ser, inclusive o humano,
diz respeito à manutenção desse organismo; trata-se de compreender as interações,
desenvolvendo-se a complexidade deste sistema como um conjunto de relações
múltiplas e dialéticas.

O sistema está, portanto, aberto às mudanças que podem ser realizadas pelos agentes,
desde que eles possam se comunicar entre si. O processo comunicacional se formaliza
nesta sociedade, analisada tal qual um organismo que enfrenta diversos conjuntos de
tensões a todo o momento. A eficácia ao se lidar com tais tensões depende do modo
como os indivíduos transmitem os conteúdos pertinentes para se lidar com elas.

Em um esquema linear de comunicação, a transmissão pode ser analisada entre o


emissor – indivíduo que emite a mensagem desejada – e
o receptor – aquele que recebe a mensagem da devida Feedback em inglês significa
“retorno”, e se refere à mensagem
maneira, para que o processo seja completo com a emitida como resposta a uma
primeira, compreendida da devida
compreensão e o feedback, necessário para a efetivação maneira (MATTELART, 1999, p. 14).

do processo comunicacional.

Um outro elemento a ser considerado, de importância igual – mas de complexidade


superior – ao emissor e receptor em uma comunicação, é o meio que se utiliza para a
transmissão. O meio de comunicação nada mais é do que o veículo que se utiliza para
que o que é emitido chegue ao receptor de modo íntegro e adequado à compreensão, sob
um código determinado – que pode ser considerado o idioma utilizado, ou mesmo uma
linguagem específica (como a utilizada em softwares de mensagens instantâneas, nos
quais as palavras são utilizadas como abreviaturas). Caso o meio não seja o adequado,

11
ou mesmo o código não seja o correto para a situação, pode ocorrer o chamado “ruído
de comunicação”.

O ruído nada mais é do que qualquer elemento que, dentro do processo comunicacional,
impossibilite a compreensão devida da mensagem transmitida. Pode ser ainda um
elemento que não necessariamente estará presente no processo, mas depende deste para
que, dentro da questão sistêmica de emissão de mensagens, a comunicação possa manter
seu fluxo.

Este elemento é a falta de interesse por parte do receptor, objeto comunicacional a ser
analisado posteriormente neste livro-texto, e que possui diversas causas, inserido tanto
em um esquema simplificado como nas complexas inter-relações estabelecidas entre os
indivíduos no cotidiano social.

Há de se considerar que na sociedade, dentro ainda da interpretação desta enquanto


sistema integrado de transmissão de conteúdos, os diálogos podem deixar de ser
realizados apenas entre dois indivíduos, podendo integrar ainda mais pessoas,
agrupando-se ainda mais mensagens, sob códigos específicos e emitidas por diversos
meios de comunicação. Este aumento de emissores e receptores, perfeitamente normal
nos diálogos do dia a dia, do ponto de vista sistêmico, faz crescer ainda mais a
dificuldade para que um determinado conteúdo seja transmitido e compreendido
devidamente, aumentando a probabilidade de que um ruído atrapalhe todo o processo
comunicacional.

Para que a comunicação seja compreendida como processo social, pode-se entender o
esquema, figura 1.3, como algo que se repete diariamente, independente dos meios
utilizados para que a transmissão seja realizada de maneira eficaz e com sucesso. No
caso de um diálogo, o meio de comunicação é o próprio ar no qual a voz pode vibrar e
transmitir os sons específicos para a emissão de palavras. Um ruído nesta comunicação
seria literalmente algo que impedisse a compreensão da fala do emissor por parte do
receptor; mas, em outro âmbito, o ruído pode ser o indicativo de uma falha no processo,
sem que seja facilmente encontrado, ao contrário de um diálogo imediato.

12
Em conteúdos
posteriores deste
material, você
caro(a) aluno(a)
poderá
compreender
outros modos
pelos quais o
ruído
Figura 1.3 - Esquema do processo comunicacional e seus elementos,
em uma visualização simples de uma ação sistêmica e repetida de comunicacional
acordo com a necessidade de compreensão.
Fonte: http://esdpedroial.ccems.pt/edvisual/comunicacao.htm pode ser
Acesso em 14 jan. 2010.
determinado.
Dentro ainda do esquema sistêmico, na próxima unidade serão analisados diferentes
meios de comunicação, compreendendo o modo como uma mesma mensagem pode ser
veiculada por meio destes, além de ser apresentado um breve histórico sobre eles, assim
como o uso das mídias pela chamada “sociedade de informação”.

Até o próximo encontro!

1.4 Síntese da Unidade


O jogo é o elemento que caracteriza a cultura gerada tanto pelos animais como pelos
seres humanos. A complexidade das realizações culturais destes se destaca pela
representação simbólica, que permeia a representação do mundo pelo uso de símbolos.
Com os símbolos agrupados, em lugar dos objetos em si, surge a linguagem, que
caracteriza a ação do ser humano na transmissão de conteúdos de forma comum.

Surge a comunicação, o ato de tornar comum aquilo que se elabora no âmbito


simbólico. O processo comunicacional tem como base a fala, possível graças ao
aparelho fonador, mas também se utiliza da plasticidade do cérebro humano para a
apreensão de novas informações.

13
Em um contexto sistêmico, a comunicação se dá em um fluxo de duas vias: a mensagem
transmitida pelo emissor e devolvida pelo receptor em um determinado meio de
comunicação, em uma ação denominada feedback, a resposta adequada ao processo
comunicacional realizado de maneira eficaz.

1.5 Para saber mais

Filmes

 The Matrix (Ano: 1999/ Direção: Andy Wachowski e Larry Wachowski/


Elenco: Keanu Reeves, Laurence Fishburne, Carrie-Anne Moss, Hugo Weaving/
Gênero: Ficção Científica). O filme trata da batalha entre humanos e máquinas, sendo o
protagonista, Neo (Keanu Reeves), considerado o escolhido para dar um fim a este
conflito, possuindo os conhecimentos pertinentes ao mundo real e a “Matrix”, um
mundo imaginário criado para a manipulação emocional dos homens.

O modo como a apreensão de informações – feita de forma automática por meio de uma
ligação direta com o cérebro, por um cabo conector, como se o órgão fosse um
dispositivo eletrônico – e o simbólico – abordando questões como a transposição de
limites por parte do ser humano e como este interpreta o seu meio – são tratados pelo
filme merecem destaque, principalmente se o pensamento do espectador for guiado pelo
questionamento de Morpheus a Neo (Laurence Fishburne), quando os personagens
discutem a diferença entre simples percepções do mundo e os significados que o ser
humano atribui às tais percepções, perguntando: “o que é real?”.

 Espanglês (Ano: 2004 /Direção: James L. Brooks /Elenco: Adam Sandler, Téa
Leoni, Paz Vega/ Gênero: Comédia). O filme trata das dificuldades de compreensão
entre uma empregada mexicana (Paz Vega) e seu patrão, o chefe de cozinha (Adam
Sandler), pois enquanto ela fala espanhol, ele só fala inglês; por isso, nenhum dos dois
consegue se fazer compreender por um bom tempo. O recurso complementa a noção
sobre o processo comunicacional, principalmente no que diz respeito ao código

14
utilizado, que intensifica os ruídos que possuem probabilidade de existir, sem que, no
entanto, a comunicação como um todo seja prejudicada, pois entre eles surge um
sentimento que supera tal dificuldade.

Livros

 O Livro Ilustrado dos Símbolos (Miranda Bruce-Mitford / Publifolha). O livro


apresenta uma série de símbolos, seus significados e o contexto sociohistórico
nos quais se inserem. As ilustrações são pertinentes e ricas em detalhes,
permitindo a análise de formas e cores por parte do leitor, facilitando a
interpretação dos símbolos apresentados.

Sites

Dicionário de Símbolos Online: http://www.dicionariodesimbolos.com.br (Acesso em


14 jan. 2010): o site em questão possibilita o acesso a um dicionário de símbolos, sendo
uma fonte de consulta prática para quem deseja compreender melhor o modo pelo qual
ideias e valores são sintetizados em um elemento visual que transmite um significado
comum a toda a sociedade.

What is the Matrix? http://www.whatisthematrix.com (Acesso em 02 jan. 2010): este


sítio apresenta conteúdos referentes ao filme homônimo recomendado anteriormente;
alguns itens que inclusive explicam de forma mais detalhada elementos simbólicos
trabalhados pelos diretores e roteiristas, os irmãos Wachowski. Desde a jornada de Neo,
como o escolhido, aos textos inseridos no contexto do filme (de “Alice no País das
Maravilhas” a “Neuromancer”, este, um clássico da ficção científica da década de 80),
vários itens são detalhados em relação ao simbólico, em meio a recursos multimídia,
como entrevistas com atores e jogos online.

15
1.6 Atividades
Questão 1: Consulte o dicionário de símbolos online, relacionado na seção anterior, e
encontre conteúdos simbólicos que considere relevantes. Exponha sua pesquisa no
Fórum (com data a ser definida) e discuta com seus colegas os significados obtidos, em
busca da compreensão destes no contexto sociocultural (utilize o espaço abaixo para
listagem dos símbolos escolhidos no site citado, se desejar):

Questão 2: Desenvolva um texto justificando os princípios determinados pelo jogo,


tanto na cultura dos animais como na humana. Em uma discussão na sala de bate-papo
(com data a ser definida), apresente seus argumentos sobre a presença do lúdico nas
manifestações escolhidas, indo ao encontro da contra-argumentação trabalhada pelo
professor da disciplina no referido ambiente virtual.

16
Unidade 2
Unidade 2 . Considerações sobre os meios de
comunicação

Na Unidade anterior, foi analisada a formação da linguagem, enquanto essencialmente


simbólica, bem como a maneira pela qual o ser humano se comunica. Foi descrito o
aparelho fonador, destacando-se as funções de cada parte como responsável por um
processo complexo e único dentre os seres vivos: o de pronunciar palavras de
tonalidades e timbres variados.

Nesta Unidade, serão tratados os meios de comunicação, como recursos para estender a
transmissão de mensagens e ampliar capacidades como a velocidade e a quantidade de
informações que podem ser propagadas. Também serão analisadas as características das
tecnologias digitais, também chamadas novas tecnologias, no que diz respeito à
propagação de conhecimento e à interatividade.

Questões relacionadas ao virtual serão discutidas, levantando-se o que vem a ser um


ambiente virtual, como as informações são processadas, qual sua contribuição como
meio para que mensagens sejam comunicadas e as mudanças na relação “homem-
homem”, quando se tem um computador como intermediador, conectado à Internet,
possibilitando o acesso a um número ilimitado de informações, potenciais
conhecimentos a serem agregados.

Bons estudos!

17
2.1 Breve histórico dos meios de comunicação
A principal modificação realizada na troca de informações entre o homem e a natureza,
com o desenvolvimento das novas tecnologias, foi a colocação da máquina como um
elemento entreposto. Porém, ao contrário das indústrias, que em plena Revolução
Industrial substituíram o trabalho manual pelo maquinário, a invenção da imprensa e o
progresso da comunicação não foram tão criticados, pois, ao invés de substituir o
homem, o meio de comunicação inovador necessitava da presença humana para
funcionar. Afinal, sua finalidade era auxiliar e facilitar a primordial troca de
informações entre o homem e seu ambiente.

A invenção da imprensa por meio de tipos móveis, em 1450, por Johannes Gutenberg,
causou grande impacto na reprodução de publicações, sem que, contudo, fossem
enfrentadas rejeições. “Em comparação com a Revolução Industrial, a invenção da
imprensa e o progresso das comunicações não encontraram hostilidades relevantes;
aliás, quase sempre foram aplaudidos e acompanhados por previsões eufóricas”
(SARTORI, 2001, p. 16).

Todos os inventos descobertos como formas de melhorar a comunicação foram tidos


como “progressos” positivos para a divulgação de informação. Quanto aos medos em
relação aos novos meios, estes não diziam respeito aos instrumentos em si, mas a seu
conteúdo. O fato de atacar o que era comunicado tem como ícone a “Grande
Enciclopédia”, publicada graças à invenção de Gutenberg: a obra de Diderot foi
proibida e colocada em 1759 como algo que “ocultava uma conspiração para destruir a
religião e enfraquecer a autoridade do estado” (idem, p. 18).

Apesar do decreto do Papa Clemente XII que excomungou todos que possuíssem a
“Enciclopédia”, foram impressos 24 mil exemplares entre 1751 e 1789, tornando sua
propagação irrefreável, diante deste número colossal. Mas, até hoje, a tecnologia das
comunicações desperta temores e previsões catastróficas sobre seu uso, porém estes
jamais se concretizam. As previsões mais usuais, ao contrário, nunca são consideradas.
Assim foi o caso do telégrafo, em que havia um monopólio sobre as informações por
parte de quem instalava primeiro os fios.

18
Sartori (2001, p. 19) indica como exemplo a associação entre a Western Union (que
detinha o monopólio do serviço telegráfico) e a Associated Press (primeira agência de
notícias), que influenciou a produção de jornais impressos: “(...) tal aliança pré-
fabricava os jornais, pois a Associated Press determinava quais notícias deviam ser
divulgadas, e a Western Union fazia o noticiário chegar ao destino”.

Somente com a chegada do telefone o problema seria resolvido: a invenção permitia, a


partir de então, que cada usuário particular quebrasse um pouco o monopólio
informacional, comunicando o que quisesse para quem desejasse. O rádio também
auxiliou não só na propagação de informações, como também no lançamento dos
esportes comentados e na musicalização do cotidiano.

A televisão, por sua vez, seria uma revolução no modo do homem ver o mundo: à
distância (tele-ver), todos os objetos e formas conhecidas no planeta, sem a necessidade
do contato com eles.

Com o progresso tecnológico da televisão, o ser humano entrou aos poucos na era da
cibernética, utilizando-se, em troca dos comandos dados pelo homem à máquina, ordens
vindas diretamente da tela aos sentidos do telespectador. Seria o início da manipulação
da imagem com fins comerciais, educacionais ou até mesmo de entretenimento.

A natureza da
comunicação sofreria
um impacto muito
grande com a
utilização em massa
de imagens pela
televisão. Se antes a
linguagem, escrita e
Figura 2.1 - A evolução dos meios de comunicação acompanha
falada, era valorizada mudanças no modo pelo qual o homem apreende e transmite
nos meios de informações, e compreende o mundo ao seu redor
Fonte: http://akio.com.br/?tag=mkt
Acesso em 15 fev. 2010.
19
comunicação, e em consequência os valores que se destacavam culturalmente eram os
“invisíveis” (de caráter simbólico), a imagem e o visível sobrepuseram-se à cultura do
símbolo – esta que, de certa maneira, auxiliou na evolução e na compreensão do mundo
pelo homem.

A regressão sutil realizada pela massificação imagética teria enfraquecimento na


comunicação multimídia, encontrada na cibernética dos computadores e na realidade
virtual. A interatividade auxiliaria ainda mais no contato do ser humano com sua cultura
simbólica, através da palavra escrita, falada, da linguagem musical e da imagem, agora
passível à manipulação e a modificações por meio da interação.

A sociedade da informação, caracterizada pela transformação de átomos em bits, pela


convergência tecnológica e pela informatização total das sociedades contemporâneas,
passa por uma nova fase: a da era da conexão, com os computadores coletivos móveis,
caracterizando-se pela emergência da computação pervasiva (pervasive computing).

A cibercultura desenvolve-se de forma O cenário computacional da Computação


onipresente, caracterizando-se como a Pervasiva é aquele no qual a computação está
sempre disponível, independentemente de
própria pós-modernidade. Não é mais o dispositivo, localização e tempo; exige que sejam
desenvolvidas soluções específicas a esse
usuário que se desloca até a rede, mas a rede ambiente.

que passa a envolver usuários e objetos, (PIRES, 2010)


numa mesma conexão generalizada.

Os meios de comunicação sem fio estão redefinindo o uso do espaço de lugar e o de


fluxo. Nas cidades contemporâneas, estão sendo agregados aos tradicionais espaços de
lugar (rua, praças, avenidas) os espaços de fluxo, “espaços digitais”.

O mundo atual, marcado pelas tecnologias móveis e pelas diversas formas de


flexibilidade social, está colocando a cultura contemporânea numa forma de
organização social mais fluida, com papéis menos rígidos e lugares sociais
intercambiáveis que se aproxima em muito da forma social dos primeiros agrupamentos
humanos:

20
As novas tecnologias conduzem, portanto, a uma nova experiência de convívio social,
em que níveis sociais e de conhecimento se tornam mais flexíveis, exigindo uma
readaptação humana em relação à compreensão de seu ambiente. Une-se a tais questões
a existência do virtual, que auxilia ainda mais a propagação e volatilidade das
descobertas, pensamentos e realizações, em uma escala planetária.

2.2 As mídias na sociedade de informação


O ato de se expressar viria da posse da informação, pois constitui este ato uma forma
biológica básica, pela qual o ser traduz exteriormente o seu estado interno. A expressão
é, portanto, um fenômeno natural, em harmonia com os estados internos. Se a vontade
intervém para controlar a expressão, ela perde espontaneidade e se converte em
linguagem.

O homem busca na expressão e na modificação da natureza o contato com outro ser


idêntico. Identificando-se como ser social, vê-se na obrigação de intercambiar
informações para alcançar seus objetivos. A esse intercâmbio de informações, visando a
uma ação conjunta, é que se denomina comunicação.

A comunicação é então realizada a partir do diálogo, uma das formas de transmissão de


tradições e, inclusive, de mitologias primitivas, estabelecido com uma ordem de sinais,
os quais possam ser recebidos e compreendidos por outrem.

Tais sinais, que permitem a representação de ideias, objetos e ações, são chamados
símbolos; estes, como visto anteriormente, tornam a comunicação da espécie como o
processo de transmissão da informação, enriquecida pela reflexão e posta em símbolos,
com o propósito de provocar uma reação essencialmente simbólica.

Na teoria matemática da comunicação, Shannon propõe um esquema do “sistema


geral”. O problema da comunicação consistia em “reproduzir em um ponto dado, de
maneira exata ou aproximativa, uma mensagem selecionada em outro ponto”
(MATTELART, 1999, p. 58).

21
O esquema era linear e, entre os pólos de emissão e recepção da mensagem, estavam a
fonte (produtora da mensagem), o emissor ou codificador (que transforma a mensagem
em sinais transmissíveis), o canal (meio de transporte dos sinais), o decodificador ou
receptor (reconstrói a mensagem a partir dos sinais emitidos) e a destinação (para a qual
a mensagem é transmitida) (idem, p. 59). A ideia de Shannon era, com a
correspondência linear, diminuir o maior número possível de ruídos que impedem o
isomorfismo (plena correspondência entre os dois pólos).

No virtual, temos uma significativa modificação nesta aparência retilínea da


comunicação: o esquema tradicional de transmissão de mensagens passa a ser mediado
pelo computador, que elimina boa parte dos ruídos. A questão da virtualização passa a
ser revolucionária, pois, ao ser projetada uma imagem do indivíduo no ambiente digital,
o meio de propagação das informações passa a ser o próprio virtual.

A palavra virtual vem do latim virtualis, derivada, de virtus, força, potência. “(...) O
virtual tende a atualizar-se, sem ter passado, no entanto, à concretização efetiva ou
formal” (LÈVY, 1996, p. 15). Com esta sentença, Pierre Lévy resume a essência do
virtual e seu conteúdo informacional como algo dinâmico, sem depender diretamente de
uma fonte precisa no
mundo real (com
exceção das
informações
jornalísticas nele
divulgadas).

O elemento principal
da comunicação
realizada a partir do Figura 2.2 - A interface digital possibilita a interação “homem-
máquina”, na projeção do real no virtual
(e/ou no) ambiente Fonte: http://www.uh.edu/engines/epi2514.htm
Acesso em 16 fev. 2010.
virtual é a questão da
interface digital. A comunicação “homem-máquina” é realizada antes da “homem-

22
homem”, pois antes mesmo de a mensagem ser enviada a outrem uma relação com o
meio de propagação é admitida.

Seja na questão de assumir várias faces em uma sala de bate-papo tal qual uma máscara,
seja na criação de personagens para a interação em jogos eletrônicos on-line – que na
forma mais atual são uma mistura de chat e RPG simultâneos – o homem necessita criar
uma nova identidade, apreciando o resultado da interface como em um jogo de
imitação.

Neste relacionamento lúdico, o ser humano pós-moderno acaba construindo não


somente sua identidade, mas também várias de suas imagens, como em um par de
espelhos, colocados frente a frente, nos quais são produzidas imagens sucessivas.
Entretanto, o relacionamento humano com o computador vai muito além do que um
instrumento para se realizar a comunicação de maneira tão dinâmica quanto em nosso
cotidiano; aliás, tornando a realidade virtual o meio de comunicação de todos os dias.

Ao se utilizar recursos multimídia o homem prende, praticamente, seus principais


sentidos ao meio de comunicação: visão, com as palavras e imagens no monitor;
audição, com a fala e a música emitidas e, em relação ao tato, o contato com o teclado e
o mouse. Além disso, vários recursos tecnológicos, inclusive os pertencentes à categoria
wireless (sem fio), tornam mais real uma faceta humana, concebida apenas nos filmes
de ficção científica: o ciborgue, ser híbrido de organismo e máquina.

O ciborgue já se manifesta na sociedade atual, à medida que o cotidiano torna-se repleto


de aparatos tecnológicos que, de alguma maneira, manipulam os limites da interface
digital. A tendência a naturalizar as novas tecnologias de informação é grande; uma vez
que, do ponto de vista ciborgue, os meios que trabalham o virtual complementam
funções orgânicas, tornando a ficção muito mais próxima de qualquer indivíduo.

A manifestação do ciborgue está longe da compreensão futurista de humanos com


partes robóticas ou robôs antropomórficos. É antes um fenômeno que se faz presente no
uso das novas tecnologias, através da mediação invisível que as máquinas realizam.

23
Não é mais perceptível a “presença” do computador no processo da comunicação e
apreensão de informações, como se por meio deste o homem pudesse compartilhar não
só conhecimento, mas muito daquilo que pertence à sua essência.

2.3 As tecnologias digitais de informação e comunicação


O impacto das novas tecnologias na informática e comunicação afeta todo o universo
social, criando novas dinâmicas em que o conhecimento vai se tornando gradualmente
central. As mudanças técnicas desta revolução são simples, as formas de comunicação
não são novas, tampouco misteriosas. A cultura digital é a cultura dos filtros, da
seleção, das sugestões e comentários.

Os mecanismos de busca de última geração e as comunidades virtuais seriam estratégias


que visam poupar os usuários do martírio da opção entre diversas possibilidades. No
confronto com o excesso de informações, nasce a percepção de que as escolhas se
orientam de modo muito mais complexo, do que uma decisão simples e objetiva entre
uma coisa ou outra.

O acervo de conhecimentos da humanidade passou para uma base que é infinitamente


pequena, tornando-se um verdadeiro fluxo, ilimitado. O sistema digital permitiu a
rápida convergência de todos os instrumentos que geram, transmitem e recebem
informações, e este conjunto de atividades cresce de maneira constante, garantindo um
papel em muitas atividades.

A Internet é simplesmente o sistema de suporte organizado à comunicação planetária e,


por si, somente, é o meio em que são produzidas e armazenadas as informações
pertinentes à Inteligência Coletiva (LÉVY, 1996). Deve partir do indivíduo, com base
nas orientações educacionais, tornar este processo de aprender em rede válida para a
autoconstrução do conhecimento e de suas atitudes enquanto cidadão.

As transformações estão caminhando a uma sinergia da comunicação, informação e


formação, criando uma realidade nova. Exigem inclusive a reflexão para que se evite o

24
reforço das desigualdades, repensando de forma mais dinâmica e com novos enfoques a
questão dos conhecimentos gerados. Faz-se necessário trabalhar com as tecnologias de
maneira séria, sem ilusões, pois tanto podem servir para a elitização e o aprofundamento
das contradições sociais como para a democratização do conhecimento.

É fundamental disponibilizar amplas redes de comunicação para transformar a


apreensão de informações num processo interativo, de enriquecimento mútuo. Isto se
considerarmos o contato mais comum e constante do homem contemporâneo com a
realidade, sem dúvida, pela rede mundial de redes de computadores, mais conhecida
como Internet.

Sua origem foi um projeto de 1969, do Departamento de Defesa (DOD) dos Estados
Unidos: a Arpanet, uma rede inicial de computadores que utilizava o mesmo protocolo
de interconexão (TCP/IP) e que fez surgir a Internet. O sistema de redes tornou-se tão
complexo que é possível utilizar o termo ciberespaço, ou ainda cibersociedade.

O termo ciberespaço,
criado pelo ciberpunk
William Gibson em seu
livro Neuromancer, pode
ser considerado atualmente
como um conjunto de
computadores interligados.
Tal sentença só confirma a
inconstância inerente do
virtual: ele nunca será algo
pronto, acabado. Portanto,
tudo o que for por ele
composto terá também uma
estrutura de constantes Figura 2.3 - As novas tecnologias propõem, além do uso do
virtual para a transmissão do conhecimento, a superação dos
modificações; o limites geográficos, para que a transmissão de mensagens
ocorra do modo mais eficaz
ciberespaço é uma espécie Fonte: http://cirandas.net/associacao-publicitaria-perola-negra
Acesso em 10 fev. 2010.

25
de corredor onde toda a informação circula, um não-lugar.

A partir do momento em que se admite o ciberespaço como componente principal no


jogo da Inteligência Coletiva, devem ser avaliadas as significações sociais a partir deste
novo meio de propagação de informações. A discussão de problemas e a elaboração de
propostas podem ser realizadas e aceitas, independentemente dos limites de tempo e
espaço no qual os indivíduos se encontram.

Propor discussões é uma atividade da ciberssociedade, sendo exercida com todo direito
pelo cibercidadão. Por esse e outros motivos, a cibercultura é considerada uma expansão
da realidade, colaborando com a quarta camada de inteligência com uma realidade
ampliada.

Do contato virtual dos chats, como em um baile de máscaras contemporâneo, aos jogos
em três dimensões, em um teletransporte para dentro dos cenários e da evolução de
enredos e personagens, pode-se extrair a ideia de que o virtual e a realidade parecem
reproduzir a si mesmos, com um corpo ou ambiente entre eles, num incessante processo
de projeções e de criações contínuas.

Até o próximo encontro!

2.4 Síntese da Unidade


Na evolução dos meios de comunicação, destaca-se a preocupação de quem elabora o
conteúdo desenvolvido e pensa a forma como ele é propagado, ao longo de mídias
diversas.

Passando pela “Grande Enciclopédia” de Diderot, feita graças aos tipos móveis de
Gutenberg, pôde ser analisado não somente como as informações eram transmitidas,
mas também o impacto que delas socioculturalmente.

Da “Enciclopédia”, é estudado o telégrafo, destacando a importância que tal meio teve,


principalmente por iniciativa de companhias norte-americanas que, por um lado

26
divulgavam com eficácia as informações, mas de outro alienavam a população,
escolhendo previamente o que seria divulgado.

Com o telefone, o rádio e a televisão, quebrou-se tal monopólio, passando estes meios a
ser fontes exclusivas de informação para quem os possuía.

Com as novas tecnologias, surge a oportunidade para o ser humano projetar-se no


ambiente virtual, apreendendo informações e registrando-as, de maneira criativa e
multimídia.

O computador conectado à Internet, que por sua vez é a rede mundial de redes de
computadores, torna-se ícone de uma sociedade que desenvolve seus conteúdos de
maneira dinâmica e única.

2.5 Para saber mais

Filmes

Tron (Direção: Steven Lisberger. Roteiro: Steven Lisberger. Elenco: Jeff Bridges,
Bruce Boxleitner, David Warner, Cindy Morgan. Gênero: Ficção Científica). Enquanto
acessa o computador de seu ex-chefe para tentar provar que foi trapaceado por outro
executivo, o programador de computadores Kevin Flynn (Jeff Bridges) é levado,
literalmente, para dentro do mundo virtual. Transformado no programa Clu, junta-se a
gladiadores computadorizados para enfrentar um programa especializado em segurança,
Tron (Bruce Boxleitner). Destaque como primeira obra cinematográfica a reproduzir
uma ideia sobre o ciberespaço, em suas dimensões físicas e tecnológicas.

Na Unidade anterior, foi analisada a formação da linguagem, enquanto essencialmente


simbólica, bem como a maneira pela qual o ser humano se comunica. Foi descrito o
aparelho fonador, destacando-se as funções de cada parte como responsável por um
processo complexo e único dentre os seres vivos: o de pronunciar palavras de
tonalidades e timbres variados.

27
2.6 Atividades

Texto 1: Relate e justifique, com suas ideias, qual é o meio de comunicação mais
relevante, em toda a evolução das mídias e da comunicação em si, considerando
elementos do próprio meio e do contexto sociocultural no qual se inseria (ou insere).

Texto 2: Participe de um chat ou programa de mensagens instantâneas (do tipo


Messenger) e descreva abaixo o discurso das pessoas, colocando alguns diálogos e,
principalmente, repare no emprego das palavras e inclua tais elementos em sua
descrição.

Texto 3: Sugira, no Fórum (evento a ser marcado previamente), que seja discutida a
importância da Educação a Distância, no contexto de uma sociedade pautada pelas
novas tecnologias. Se desejar, esboce sua experiência abaixo, antes da publicação e
discussão.

28
Unidade 3
Unidade 3 . Elementos e técnicas da expressão
oral e escrita

Na Unidade anterior, você analisou elementos pertinentes aos meios de comunicação,


tais como suas características e funções junto ao ato humano de propagar mensagens, ou
seja, se comunicar. Em um breve histórico, foi relatada a evolução das mídias, desde os
tipos móveis de Gutenberg às tecnologias digitais, passando pela “Enciclopédia” de
Diderot, pelo telégrafo, telefone, rádio e televisão.

Também foi considerada a relação que se estabelece entre homem e máquina, focada
nas tecnologias digitais, especificamente o computador com conexão à Internet, a rede
mundial de redes de computadores. A interatividade existe tanto com o computador, em
um ambiente específico, virtual, denominado ciberespaço, como também com outros
indivíduos, independente da distância que houver entre eles.

A Unidade atual, estendendo os conceitos sobre a comunicação, vem tratar de questões


um pouco mais técnicas, que dizem respeito ao emprego das palavras e da sua
propagação em público. A estas técnicas se denominam, respectivamente, retórica e
oratória. Também será focada a importância destas no âmbito empresarial, visto que
este valoriza cada vez mais a utilização dos meios de comunicação, visando à integração
entre funcionários e à igualdade de conhecimento sobre suas realizações.

Bons estudos!

29
3.1 Questões filosóficas sobre o discurso
Você, caro (a) aluno (a), já pôde analisar na Unidade 1 a importância da linguagem no
desenvolvimento humano. Agora, na Unidade 3, com foco no discurso e suas funções
socioculturais, este subtítulo vem tratar do discurso visto do ponto de vista filosófico.
Sabe-se que a Filosofia é a forma pela qual o homem analisa o mundo a seu redor por
meio da reflexão, questionando todas as coisas, por mais simples ou óbvias que sejam.
Tornam-se corriqueiras, portanto, perguntas de cunho filosófico que investiguem a
essência da humanidade, ou mesmo o porquê da existência de todas as coisas.

Conforme os questionamentos são feitos, sempre com base no jogo simbólico


(conforme analisado na Unidade 1) que gera a linguagem, tipos diversificados de
conhecimento são elaborados e assimilados, gerando respostas que, aceitas pela
sociedade, tornam-se crenças e valores, que por muito tempo seriam propagados como
parte do ethos (comportamento na sociedade) do ser humano.

Com a propagação destas crenças e valores, tem-se a formação do discurso, que se


efetiva na propagação e discussão daqueles elementos. É por isso que se afirma que um
discurso não é cem por cento original, pois além de a linguagem ser utilizada em seu
caráter simbólico, as afirmações são feitas com base em um ou vários conhecimentos já
propagados.

Se o discurso propaga ideias que dizem respeito aos saberes e realizações sociais e,
principalmente se as ações são pautadas pela ética,
Retórica se refere principalmente ao
também existe um conjunto de preceitos que se emprego devido das palavras, em
ocasiões diversas, na preocupação de
referem à utilização do discurso, para a devida que se propague uma mensagem da
maneira mais coerente e eficaz possível
divulgação das mensagens, aos mais diversos (GUATTARI, 1994, p. 46).
públicos. A tais preceitos referentes ao discurso se dá
o nome de retórica.

A retórica, por estar voltada à utilização devida das palavras, era a base da elaboração
discursiva filosófica. Ou seja, o emprego dos vocábulos na transmissão dos
ensinamentos se fazia fundamental, não somente pela importância que a divulgação oral

30
do saber possuía para os filósofos, mas também porque as sentenças corretamente
usadas poderiam ou não conduzir seus discípulos à verdadeira reflexão.

Exemplo clássico do emprego da retórica na propagação da Filosofia eram os


questionamentos promovidos por Sócrates em Atenas. Sob a premissa de formulação
própria, “só sei que nada sei”, o filósofo empregava somente questionamentos aos
transeuntes da ágora, “praça” da cidade-estado grega, onde tudo se realizava.

A retórica era utilizada para que, no meio das explicações que a outra pessoa se sentia
obrigada a dar, fosse formulada uma ou mais perguntas seguidas, com a finalidade de
que se revelasse que tudo no mundo pode ser constante e insistentemente questionado.
O filósofo também esclarecia aos indivíduos questionados, neste processo de auto-
reflexão, que as respostas que a Filosofia procura, na verdade, não se encontram fora,
mas sim no interior do ser humano.

Outra característica discursiva


desenvolvida pelos filósofos, além do
emprego correto das palavras em meio a
seus ensinamentos, era o de se certificar,
ou pelo menos tentar garantir, que a
mensagem fosse escutada e
compreendida pelos ouvintes. A este
procedimento se chama oratória; uma
preocupação que se revela atual ao ser
humano, principalmente quando ele Figura 3.1 - Sócrates (469-399 a.C.)
realiza a ação de se comunicar em empregava a retórica para questionar outras
pessoas sobre coisas que nunca tinham ou
público. teriam sido pensadas, em um processo
autorreflexivo.
Fonte:http://revistaescola.abril.com.br/historia/pr
Na Grécia dos filósofos, a oratória era atica-pedagogica/mestre-busca-verdade-
especialmente utilizada em diversas 423245.shtml
Acesso em 12 fev. 2010.
ocasiões, desde simples conversas entre
discípulo e mestre, a verdadeiras aulas, dadas em lugares abertos, a muitas pessoas. Por
ser o diálogo a premissa da propagação da Filosofia, isso fazia que a oratória se tornasse

31
um poderoso recurso, a fim de tornar as ideias claras, concisas, num jogo vocabular que
não somente transmitia, mas também obtinha respostas com olhares, postura e
questionamentos vários, que possibilitavam a continuidade daquele processo de
construção filosófica.

Da mesma forma que os filósofos empregavam a retórica e a oratória em suas


realizações, quando principalmente havia o uso do discurso para a difusão de seus
pensamentos, também o homem contemporâneo vê-se necessitado de desenvolver
ambos os recursos.

Como observado
anteriormente na Unidade 2,
foram vários os meios de
comunicação, para que
houvesse uma evolução da
forma pela qual o ser
humano transmite
suas Figura 3.2 - Na realização de uma palestra, por esta ser um
opiniões. Contudo, mesmo recurso comunicacional oral e estar voltada a muitas pessoas,
a retórica e a oratória assumem importância no emprego de
com a atual tecnologia ideias e na eficácia de todo o processo.
Fonte: http://gcncomunica.wordpress.com/2008/12/04/no-quintal-
digital usada para tal da-crise/
Acesso em 15 fev. 2010.
atividade, as precauções no
emprego da linguagem e na divulgação de ideias devem ser mantidas. Eis porque se faz
necessário utilizar a retórica e a oratória como recursos junto às mídias convencionais e
inovadoras.

3.2 Retórica e Oratória como recursos midiáticos


Você, caro (a) aluno (a), no subtítulo anterior, leu sobre a retórica e a oratória, recursos
empregados no discurso filosófico, devido ao fato de que os conceitos da Filosofia eram
transmitidos pela oralidade. Sócrates se destacou com o emprego da retórica, por utilizar
com outras pessoas um questionamento ininterrupto sobre todas as coisas, até que

32 aquelas fossem conduzidas a um processo de autorreflexão.


Atualmente, mesmo com o uso de tecnologias digitais, retórica e oratória ainda são
indispensáveis quando há preocupações em se formular e transmitir discursos. Estas
técnicas ainda possuem relevância, devido à preocupação constante do homem, ao
longo de sua evolução histórica e comunicacional, em se comunicar da maneira mais
eficaz e objetiva possível, ou seja, de se fazer entender com a mensagem que propaga.

Assim como a cultura se diversifica, o mesmo ocorre com o modo de realizar o processo
comunicacional sem ruídos – compreendendo-se tal processo sob a visão linear ou
matemática de Shannon –, pois cada indivíduo, com seus valores e opiniões, possui
algum elemento que lhe prenda mais a atenção em meio a um discurso ou explanação.

Isso é natural do ser humano, inclusive porque foi visto que, mesmo no virtual, com
tantas informações a serem apreendidas, o conhecimento se dá pela seleção destas, pois
somente aquilo que realmente interessa à pessoa será armazenado de modo efetivo no
cérebro, na memória de quem ouve, estuda, lê ou recorda.

É importante, portanto, que o indivíduo ao se utilizar de um meio comunicacional, que


tenha por premissa prender a atenção do ouvinte, tais como reuniões, palestras,
apresentações, esteja certo de se utilizar de recursos que venham a desenvolver tal
aspecto em seu evento, em sua realização.

As técnicas voltadas à retórica e à oratória, ao se explanar um assunto a um público


específico, em um espaço determinado, são de grande utilidade, tanto para a própria
realização em si, como para criar um diferencial, algo que permita aos ouvintes prestar
atenção e assimilar os conteúdos de maneira clara, eficiente e eficaz.

Dentre as regras que estão inseridas nestas duas técnicas, pode-se citar, em relação à
retórica, que seja evitado o emprego de palavras muito complexas, ainda mais se não
fizerem parte do universo sociocultural do público em questão. Deve-se interpretar os
termos técnicos que fizerem parte do discurso, principalmente se for sabido que os
presentes não possuem o devido conhecimento, ou o possuem de modo superficial. Com
tal iniciativa, sentenças que seriam difíceis de interpretar ficam facilmente passíveis de
interpretação, garantindo a assimilação das ideias transmitidas e a dinamicidade do
processo comunicacional.
33
Em relação à oratória, as regras são voltadas à utilização prática das palavras, ou seja,
do discurso em si, no momento da fala. Para que a compreensão das palavras seja
efetiva, basta que o orador – tal qual um emissor preocupado com a transmissão de sua
mensagem, assim como o feedback que pode obter de seus receptores – trabalhe sua
locução, atentando para o modo e velocidade com que produz as palavras.

É praticamente certo que, por meio da eloquência e da interpretação de termos técnicos


e com a locução empregada da maneira mais clara e objetiva possível, o emissor dos
conteúdos, seja qual for o tipo de evento em que tiver contato com seu público, terá
sucesso em ser compreendido e em que suas ideias sejam assimiladas de maneira a
efetivar a produção de um determinado conhecimento.

3.3 Elementos de técnica redacional


Enquanto a oratória é exclusivamente empregada
na transmissão oral de mensagens, a retórica,
propondo o emprego das palavras corretas e
devidas, pode ser utilizada na elaboração de
mídias escritas. Gêneros textuais como
discursos, cartas, memorandos, relatórios e
outros, utilizados em contexto empresarial,
podem ser elaborados sob o direcionamento da
Figura 3.3 - A comunicação escrita
retórica, inclusive se for considerado o poder de também pode ser reforçada com as
estratégias de retórica, com o
argumentação que o documento em questão pode emprego devido das palavras e a
oferecer. preocupação com a assimilação
destas.
Como visto anteriormente, a retórica oferece Fonte:http://www.administradores.com
.br/noticias/redacao_empresarial_faca_
regras que estão voltadas ao emprego devido das um_curso_pela_internet/5748/
Acesso em 18 fev. 2010
palavras, nos momentos adequados, de acordo
com o juízo de quem as utiliza. Este julgamento prévio é feito, considerando-se o
público a quem a mensagem está destinada, baseando-se nas questões relacionadas à sua
apreensão e compreensão. Portanto, da mesma forma que a retórica auxilia o orador a

34
escolher as palavras certas no momento certo e a interpretá-las quando deve, para o
melhor entendimento de seus ouvintes; também contribui com a comunicação escrita,
em relação aos gêneros textuais que a compõem, principalmente no âmbito empresarial.

Tal qual uma redação convencional – classificada como narração, descrição ou


dissertação –, a escrita voltada ao emprego empresarial tem também a intenção de
transmitir conteúdos necessários, em um contexto determinado. Para a transmissão
desses conteúdos de maneira clara, objetiva e concisa, garantindo a compreensão das
ideias registradas e a sua aplicação prática, quando necessário, podem ser empregados
elementos da retórica.

Da mesma forma que a explanação oral, a comunicação escrita exige que as palavras
sejam bem colocadas. Os termos técnicos, dentro de uma empresa, não precisam ser
esclarecidos, a não ser que sejam muito recentes ou muito específicos (no caso, por
exemplo, do documento em questão ser dirigido ao setor de marketing, com termos
relacionados à produção empresarial).

A descrição dos detalhes é outra questão específica dos documentos empresariais, a que
se deve empregar também a retórica como recurso redacional, Seja para relatar ideias
sobre a criação ou renovação de um produto, seja para realizar um evento ou uma
campanha promocional, detalhar todos os procedimentos é fundamental em âmbito
empresarial.

Tal precaução garante que as ideias sejam compreendidas passo a passo, fazendo com
que os processos cotidianos não sejam prejudicados por um mal entendido. A retórica,
portanto, faz com que tal procedimento tenha esse caráter voltado ao entendimento
pleno, com a preocupação de que, ao ler um documento, o leitor possa aplicar o que for
necessário, em relação ao objeto indicado, no setor descrito, sob as determinações
colocadas por escrito.

35
3.4 A análise de discurso na compreensão do cotidiano
empresarial
Já foram discutidas questões referentes à retórica e à oratória, bem como à devida
elaboração de explanações orais e textos, visando à apreensão e compreensão
simultânea do que é transmitido. Outra técnica voltada ao discurso, com questões mais
específicas, que também auxilia na assimilação de informações importantes em diversos
âmbitos do cotidiano, é a análise de discurso.

A análise de discurso, como o próprio termo diz, foca a análise dos discursos proferidos
em diversas ocasiões, considerando o significado principal (explícito) e os secundários
(implícitos). Considera como discurso tudo o que é proferido no contato de um
indivíduo com outros, com conteúdos e formas de transmissão específicas em um
contexto determinado, assim como os elementos que complementam tal processo
comunicacional.

No contexto do cotidiano, o discurso pode ser


analisado em seus detalhes, como a forma pela
qual o emissor utiliza as palavras, o contexto, a
posição ou a ideologia que assume em seu
discurso, e até mesmo os gestos que utiliza, ou
seja, a chamada linguagem não-verbal.

Para quem analisa um discurso, a consideração


sobre todos estes elementos formaliza suas
características, bem como as sentenças que Figura 3.4 - Existem maneiras diversas
podem ser utilizadas de maneira devida. Diante de se aplicar um discurso. Cabe à
análise de discurso considerar todas as
disso, um discurso pode ser classificado, por possibilidades e classificá-las.
Fonte:http://www.algosobre.com.br/redaca
exemplo, como político, acadêmico, religioso, o/discurso-direto-e-indireto.html
científico e corporativo. Acesso em 18 fev. 2010

Focando-se a discussão no discurso corporativo, percebe-se, como os outros


relacionados, que ele possui características específicas. Assim como o religioso se

36
caracteriza por ter base no ritual em si e nos dogmas da religião em questão, o científico
no que é comprovado pelas experiências, o político pelas ideologias sociais e o
acadêmico pelas normas metodológicas, o discurso corporativo baseia-se nos princípios
de mercado.

Portanto, há de se considerar nesta modalidade discursiva a presença de termos técnicos,


pertencentes à gestão da produção, de recursos humanos, ao marketing ou mesmo à
logística. Além disso, os gestos podem ser observados, caso se deseje interpretá-los. Por
exemplo, se a pessoa se inclina para frente é sinal de que está interessada no assunto; se
a pessoa cruza os braços demonstra falta de interesse no que é dito.

A partir da interpretação das sutilezas das falas e gestos do cotidiano, inseridos no


contexto da comunicação empresarial, pode-se analisar o discurso por completo; além
de se compreender as características deste meio, também se descobre pela análise de
discurso quais elementos chamam a atenção dos receptores, seja na modalidade oral ou
na escrita.

Até o próximo encontro!

3.5 Síntese da Unidade


Nesta Unidade, foram analisados elementos pertinentes à fala e à escrita, formas de
expressão em diversos contextos socioculturais, inclusive no empresarial. Técnicas
como a retórica e a oratória foram analisadas do ponto de vista filosófico, enquanto
utilizadas na propagação de ideias formuladas por meio da reflexão. Sócrates ilustra o
modo como a retórica, o emprego das palavras certas no momento adequado, era
utilizada na Filosofia, por meio de questionamentos constantes, que levavam os
indivíduos à autorreflexão.

A oratória era utilizada pelos filósofos no que diz respeito à difusão das ideias em
público, com a preocupação de transmitir as ideias a um grande número de pessoas, de
forma clara e concisa, auxiliando no processo de assimilação dos conteúdos. Da mesma

37
forma, nos dias atuais, existe a preocupação de se utilizar meios de comunicação que
contribuam na divulgação a grandes públicos, em reuniões, palestras e apresentações.

A retórica, por sua vez, é utilizada para reforçar a comunicação escrita, desenvolvendo a
capacidade de escolha das palavras, para se produzir um discurso o mais coerente com a
realidade empresarial. Por fim, para se compreender os elementos que caracterizam a
comunicação no âmbito empresarial, pode-se recorrer à análise de discurso, que destaca
os elementos específicos do discurso das empresas, voltado para o mercado, atento às
suas exigências e termos técnicos.

Observando-se a reação dos indivíduos que convivem neste contexto, o comportamento


que eles apresentam, incluindo as palavras que utilizam e os gestos que demonstram,
pode-se encontrar o modo mais objetivo e eficaz de se trabalhar com as questões
empresariais. Toma-se, pela análise de discurso, que o contexto de mercado formata o
discurso nas empresas com um caráter específico, voltado para as necessidades destas
na sociedade.

3.6 Para saber mais


Livros

Pergunte a Platão (Lou Marinoff). A obra é um guia da Filosofia Clínica para


iniciantes, que expõe a forma pela qual o autor utiliza os preceitos filosóficos de
diversos autores, inclusive os de Sócrates, para resolver diversos casos do cotidiano,
além de colocá-los sob pensamentos específicos, tratando-se de problemas passíveis de
serem analisados sob diferentes valores e contextos.

Sites

http://www.mundodosfilosofos.com.br: Sitio que traz os principais filósofos, junto de


suas ideias e o modo como as propagava. Destaque para os ensinamentos de Sócrates,
que divulgados apenas oralmente, seguindo a retórica que era proposta como um desafio
a outrem, foram registrados graças à iniciativa de seus discípulos.

38
3. 7 Atividades

Texto 1: Pesquise, na Internet, detalhes sobre a retórica de Sócrates e o modo como o


filósofo a utilizava. Argumente a respeito do modo como os questionamentos eram
feitos e se, em sua opinião, a autorreflexão era realmente estimulada. Utilize o espaço
abaixo para esboço, se desejar.

Texto 2: Argumente e exemplifique sua opinião quanto às características dos discursos.


Você consegue definir um tipo de discurso apenas pelo contexto no qual ele se insere?
Dê exemplos que reforcem sua concepção.

39
40
Unidade 4
Unidade 4 . Meios e procedimentos da
comunicação empresarial

Na Unidade anterior foram apresentadas as técnicas relacionadas ao discurso, a retórica


e a oratória. A retórica diz respeito ao emprego das palavras adequadas à mensagem que
se deseja propagar, bem como o contexto na qual ela será difundida. Um exemplo de
retórica era o questionamento constante de Sócrates, sobre elementos essenciais da vida
humana, que conduziam à autorreflexão.

A oratória, por sua vez, era empregada na divulgação de conteúdos para um grande
número de pessoas, modo pelo qual os filósofos divulgavam suas ideias. Atualmente a
preocupação com a oratória está voltada para reuniões, palestras e apresentações, enfim,
os eventos realizados no âmbito empresarial, para a transmissão de concepções
pertinentes à própria empresa.

De maneira ampla, nesta Unidade será discutida a importância dos meios de


comunicação no meio corporativo, não somente na formação de discursos, como
também na resolução de problemas e na condução de atividades cotidianas, voltadas à
atuação da empresa na sociedade.

Será novamente destacada a importância de se utilizar as mídias da maneira correta,


considerando-as nos momentos cruciais das realizações empresariais, tanto no que diz
respeito ao crescimento como em momentos problemáticos, como as crises.

Bons estudos!

41
4.1 O contexto empresarial contemporâneo
O contexto empresarial nos dias de hoje se caracteriza por uma valorização dos recursos
humanos, enquanto colaboradores com uma bagagem de hábitos, valores e opiniões,
que pode ser utilizada em benefício da própria empresa, em busca de seu diferencial no
mercado.

Também no que diz respeito às relações de poder, existem questões que determinam o
modo como os superiores lidam com seus subordinados, variando o grau de
autoritarismo de acordo com as concepções daqueles. Estas concepções refletem na
cultura organizacional, assim como o modo pelo qual os superiores valorizam, de
maneira mais ou menos justa, os colaboradores da empresa. Os graus de relacionamento
entre funcionários são determinados por processos empresariais diferenciados, que serão
caracterizados a seguir.

No processo decisorial, o administrador pode centralizar totalmente todas as decisões


dentro da organização, ou pode descentralizar as decisões, envolvendo as pessoas de
maneira conjunta. Pode ainda adotar uma supervisão direta, rígida e fechada, ou uma
supervisão genérica, aberta, democrática e orientadora, permitindo que as pessoas se
dirijam e se controlem nos procedimentos organizacionais.

Relativamente aos sistemas de comunicação, o administrador pode adotar fluxos


descendentes de ordens e ascendentes de relatórios para informação, em um
procedimento comunicacional vertical e rígido. Pode ainda adotar sistemas de
informação desenhados para proporcionar acesso a todos os dados necessários ao
desempenho dos funcionários, em uma comunicação vertical e horizontal, simultânea,
intensa e aberta.

No que diz respeito ao relacionamento interpessoal, o administrador pode adotar cargos


com tarefas segmentadas e especializadas, impedindo que as pessoas se comuniquem
entre si; ou, ainda, desenhos de cargos que permitam o trabalho em grupo em operações
gerenciadas e avaliadas, em cargos enriquecidos e abertos.

42
Como sistemas de punições e recompensas, o administrador pode adotar um esquema de
punições que consiga a obediência por meio da imposição de castigos e medidas
disciplinares, com ênfase na intimidação e no medo. Contudo, pode também adotar um
esquema de recompensas materiais e simbólicas para obter a motivação positiva, por
meio da meritocracia bem empregada, alcançando ainda a aceitação e o
comprometimento das pessoas, com ênfase nas recompensas e estímulos.

A partir destas variáveis organizacionais, expostas de acordo com as teorias de Likert,


podem-se considerar elementos que estejam relacionados com o clima organizacional,
assim como as implicações deste com o trabalho realizado. Ainda dentre as concepções
do autor, pode-se considerar quatro sistemas que dizem respeito às relações
interpessoais e ao clima de uma organização.

No primeiro sistema, o autoritário-coercitivo, tem-se o modo mais fechado e arbitrário


de se administrar uma organização. É totalmente coercitivo e coativo; nele se impõem
regras e regulamentos e exige-se obediência rígida e cega. As decisões são
monopolizadas na cúpula da organização, ou seja, no ápice da pirâmide organizacional.

Em relação ao clima organizacional, tal sistema cria um ambiente tenso, no qual se


impede a liberdade, negam-se informações e restringe-se o indivíduo, fazendo-o
trabalhar isoladamente dos demais. Há forte desconfiança com relação às pessoas e
impede-se qualquer contato interpessoal. Para incentivar os subordinados a trabalhar,
são utilizados punições e castigos – a motivação negativa – para gerar intimidação e
medo, reforçando a obediência cega.

No segundo sistema, o autoritário-benevolente, tem-se alguma delegação das decisões


aos níveis organizacionais mais baixos, desde que sejam repetitivas, operacionais e
sujeitas à confirmação por parte do(s) nível(eis) mais alto(s). As restrições à liberdade
são menores do que no primeiro sistema, oferecendo alguma informação, uma vez que o
fluxo vertical de informações traz ordens e comandos de cima para baixo e informações
de baixo para cima, a fim de abastecer o processo decisorial.

No que diz respeito ao clima organizacional, existe ainda uma grande desconfiança das
pessoas, mas permite-se algum relacionamento entre elas, como certa condescendência
43
da organização. O sistema utiliza punições e castigos, mas já se preocupa com
recompensas, que são estritamente materiais e salariais, frias e calculistas.

O terceiro sistema, o consultivo, é mais aberto do que os anteriores. Ele deixa de ser
autocrático e impositivo para dar alguma margem à contribuição das pessoas, como uma
breve consulta, vindo disto sua denominação de sistema consultivo. Proporciona
descentralização e delegação das decisões, permitindo que as pessoas possam se
envolver no processo decisorial da organização.

O sistema se apoia em boa dose


de confiança nos indivíduos,
permitindo que trabalhem
ocasionalmente em grupos ou
equipes. O clima organizacional,
portanto, é desenvolvido pelas
comunicações intensas e pelo
fluxo vertical – acentuadamente
Figura 4.1 - As relações empresariais no contexto
ascendente e descendente –, com atual são regidas pelo modo como se valoriza os
funcionários e como o poder é exercido pelos
algumas repercussões laterais ou superiores em relação aos seus subordinados.
horizontais. O sistema utiliza Fonte: http://vilamulher.terra.com.br/campanha-
%93mais-mulheres-no-poder%94-5-1-37-116.html
mais recompensas – que são Acesso em 19 fev. 2010.

materiais e ocasionalmente sociais – e poucas punições.

O quarto sistema, o participativo, constitui o mais


Empowerment é o termo em inglês para
aberto e democrático de todos. Incentiva a total definir o fortalecimento corporativo
individual, ou seja, o quanto um
descentralização e a delegação das decisões aos níveis funcionário pode se fortalecer em seu
contexto profissional, trabalhando,
mais baixos da organização, exigindo apenas um desenvolvendo projetos e estudando
(BUENO, 2003, p.68).
controle dos resultados por parte da cúpula. As
decisões passam a ser tomadas diretamente pelos executores das tarefas. O sistema se
apoia na total confiança nas pessoas e no seu empowerment, incentivando a
responsabilidade e o trabalho conjunto em equipe.

44
As comunicações constituem o núcleo de integração do sistema, tornando o clima
organizacional o mais favorável possível; seu fluxo é tanto vertical como horizontal,
para proporcionar envolvimento total das pessoas no negócio da organização.

O sistema utiliza amplamente as recompensas salariais, como parte do seu esquema de


remuneração variável pelo alcance de metas e resultados, bem como as recompensas
sociais ou simbólicas. As punições são raras e, quando ocorrem, são decididas e
administradas pelas equipes ou grupos de trabalho.

Apesar da existência destas quatro realidades no contexto empresarial, é praticamente


corretíssimo afirmar que esta última, que diz respeito ao processo participativo, é a mais
coerente com as propostas das empresas contemporâneas. A proposta respeita e valoriza
os recursos humanos, garantindo a renovação constante dos preceitos da cultura
organizacional, de acordo com os valores e opiniões admitidos pelos próprios
funcionários.

Por fim, a relação de poder, em um âmbito democrático, se dá não pelo autoritarismo,


mas sim pelo respeito e pela liderança com que os superiores direcionam seus
subordinados, a fim de conduzir a empresa, e não apenas fazer com que esta se
desenvolva diante da intimidação e das realizações formalizadas pelo medo. Para a
insegurança, tem-se como substituto certo o respeito e o valor dado a toda e qualquer
concepção individual dentro de uma organização.

4.2 Sobre a comunicação empresarial


No subtítulo anterior, foi analisado o contexto empresarial, segundo a forma como o
poder é exercido e as relações interpessoais são efetivadas, de acordo com a cultura
organizacional, e o modo como esta processa as exigências da sociedade e do mercado,
atendendo-as ou simplesmente ignorando-as, em função de crenças e hábitos há muito
estabelecidos como eternamente válidos.

45
Este subtítulo irá focar a comunicação empresarial e o processo que a conduziu a
adquirir importância no cotidiano das corporações. Têm-se diante da comunicação
empresarial diversos conceitos, de acordo com as concepções que as empresas possuíam
em relação à própria efetivação comunicacional. Antes da década de 70, as atividades
de comunicação nas empresas eram totalmente fragmentadas, devido à falta da
concentração dessas atividades em um só setor, específico para a função.

Era como se a comunicação fosse uma atividade residual, algo feito apenas como uma
obrigação formal, diante de tantas outras atividades corporativas, consideradas mais
importantes.

Logo houve uma implantação de uma cultura da comunicação nas empresas. Os


profissionais das habilitações referentes à área – Jornalismo, Relações Públicas,
Radialismo e Publicidade – tornam visíveis as potencialidades da comunicação junto ao
contexto empresarial.

A maioria das empresas começa a criar um setor específico para lidar com as atividades
comunicacionais específicas. Os gêneros literários começam a ser desenvolvidos no
cotidiano corporativo: realização de eventos, assessoria de imprensa e implantação de
meios de comunicação de âmbito interno.

Os anos 80 deram um impulso à área de comunicação empresarial, que ganhou


notoriedade nas corporações com o jornalismo empresarial. As questões relacionadas ao
relacionamento com a imprensa ganharam uma nova importância, principalmente após
o processo de redemocratização, que exigiu uma nova postura das organizações.

A elaboração da Política de Comunicação Social por parte da empresa Rhodia marcou a


segunda metade da década, devido às inovações que propunha à sociedade e às demais
corporações.

46
O case da Rhodia foi o primeiro bem
sucedido de transparência e
compromisso aplicados ao exercício
da comunicação empresarial.
Amplamente divulgado pela mídia e
pelo mercado, influenciou outras
organizações e explicitamente
posicionou a comunicação
Figura 4.2 - A empresa Rhodia, em meados da
década de 1980, revolucionou o conceito sobre empresarial como fundamental no
comunicação empresarial no Brasil. processo de tomada de decisões,
Fonte: http://www.sealtelecom.com.br/clientes_cases
/clientes_cases.php situação que se consolidaria na
Acesso em 20 fev. 2010
década seguinte.

Na década de 90, a comunicação empresarial passou a ser estratégica para as


organizações. Deixou de ser uma atividade fragmentada para ser um processo integrado
a orientar o relacionamento da empresa ou entidade, com todos os seus públicos de
interesse.

Foi estimulada a criação de uma autêntica cultura de comunicação e atendimento, com a


consequente valorização dos públicos internos e externos, com a adoção de atributos
fundamentais, como profissionalismo, ética, transparência, agilidade e exercício pleno
da cidadania. Desde então, a comunicação empresarial ganhou um novo patamar em
meio às inovações empresariais; estas, exigências de uma sociedade cada vez mais
informada e crítica sobre as ações e iniciativas das corporações.

4.3 Meios externos e internos de comunicação


No subtítulo anterior, foi analisado o contexto histórico da comunicação empresarial, de
acordo com a forma com que a comunicação era tomada na sociedade como nova fonte
de estudos sobre as realizações humanas, sendo desenvolvida de maneira diferenciada
pelos profissionais de suas habilitações nas empresas. Tal processo conduziu a

47
comunicação a um patamar, não de procedimento paralelo, mas conjunto às demais
atividades empresariais.

Este subtítulo centra-se nos meios de comunicação utilizados nos procedimentos das
empresas, sendo divididos, de acordo com o público, em meios externos e internos. Os
meios de comunicação externa visam ao Stakeholders equivalem a todos os interessados
em uma empresa, direta ou indiretamente,
público de fora do âmbito da própria contribuindo para sua ascensão socioeconômica,
dentre os acionistas ou empresas que possuam
organização, ou seja, aqueles que não
uma relação comercial (BUENO, 2003, p 53).
participam de suas atividades cotidianas.

Podem ser classificados como público externo os consumidores, a imprensa, o governo,


os stakeholders e as empresas concorrentes – sendo que estas são consideradas como
público na medida em que existem certos tipos de relação, e a empresa normalmente os
utiliza como índice para se identificar no mercado. Como público interno, a empresa
identifica seus funcionários – funcionários operacionais (inclusive os terceirizados),
administrativos, gerentes e diretores – e os fornecedores, que negociam a matéria-prima
necessária para a fabricação de produtos.

Sabe-se que os meios de comunicação acompanham o cotidiano do homem


contemporâneo, sempre informando-o a respeito dos acontecimentos, dos fenômenos
naturais e das possibilidades de crescimento pessoal e profissional. Da mesma forma, as
empresas procuram estabelecer contato com seus públicos, por meio de mídias
específicas, que transmitem as informações pertinentes para cada um que com ela se
relaciona de alguma forma.

Como já foi explicado, as mídias podem ser classificadas em externas e internas. Dentre
os meios de comunicação voltados ao público externo, podem ser destacados a
propaganda, as notícias corporativas, o atendimento ao consumidor, os sites e as
pesquisas de opinião. Estes meios externos, como pôde ser notado, acompanham os
públicos no cotidiano; diferentemente dos meios internos, que estão inseridos no
cotidiano de quem trabalha ou acompanha o dia a dia empresarial.

A propaganda, mídia conhecida por toda a população consumidora e reconhecida

48 inclusive internacionalmente, está voltada especificamente para quem consome.


Normalmente, seus dados se referem ao produto ou serviço oferecido pela empresa, com
destaques para sua embalagem, sua qualidade e eficácia em satisfazer uma necessidade
específica do consumidor que acompanha tal mídia.

Hoje, além de trabalhar com o produto ou serviço em si, a propaganda ainda pode se
referir à própria empresa, associando produtos e serviços de qualidade a uma
corporação que exibe suas características e diferenciais.

As notícias corporativas são desenvolvidas de acordo com as informações que são


transmitidas pela empresa para a imprensa; esta, por sua vez, repassa os dados obtidos
para a sociedade em geral. Tais notícias dizem respeito às realizações da empresa, assim
como às medidas que venham a ser tomadas no caso de um lançamento de produto,
serviço, ou mesmo suas resoluções em caso de
Mídia espontânea, apesar de muitas vezes
uma crise. Tal mídia é gerada com o auxílio da não ser espontânea, mas sim planejada pela
assessoria de imprensa, se refere a uma
assessoria de imprensa da empresa em questão, realização empresarial de destaque, que é
divulgada enquanto notícia, promovendo a
que pode tanto informar a imprensa por meio de organização (BUENO, 2003, p 78).

um press-release – notícia curta, específica sobre a empresa e o que se deseja informar


– como pela mídia espontânea.

A mídia espontânea é gerada quando um acontecimento ou realização da empresa se


destaca na sociedade, e a imprensa promove estes fatos como notícia, devido à
importância que eles possuem para as pessoas enquanto cidadãs. Esses fatos também
contribuem para a formação de uma imagem empresarial positiva, favorecendo a
empatia, empresa-consumidor.

O atendimento ao consumidor, os sites e pesquisas de opinião, por sua vez, estão


voltadas para o público externo em geral; entretanto o foco volta-se mais uma vez para
os consumidores. O atendimento ao consumidor pode contar com um serviço específico
por telefone, o SAC (Serviço de Atendimento ao Consumidor) (BUENO, 2003). Esta
iniciativa foi tomada quando se verificou que a relação entre empresa e consumidor não
termina no ato da compra, mas continua no atendimento que ela pode oferecer,
garantindo assim que as compras de seus produtos ou serviços tenham uma
continuidade.

49
O SAC pode ser realizado por telefone, mas também tem seu espaço nos sites das
empresas, podendo o consumidor acessá-lo em um espaço específico em tal mídia,
registrar suas opiniões, críticas ou elogios e enviar para a empresa em questão, como
uma mensagem eletrônica. Este
procedimento de verificar a opinião do
consumidor em relação a alguma
realização da empresa (seja produto,
serviço ou mesmo a imagem dela
perante a sociedade) é chamado de
pesquisa de opinião.

Como o próprio termo sugere, seria uma


pesquisa voltada para colher a opinião
dos consumidores, o que pode ser feito
com os dados obtidos por meio do SAC, Figura 4.3 - As mídias acompanham o cotidiano do
homem contemporâneo, sendo utilizadas, inclusive,
ou ainda com uma pesquisa específica, no contexto empresarial, como forma de divulgação
de suas realizações.
dependendo da necessidade da empresa Fonte: http://uniartpop.blogspot.com/2009/12
/planejamento-de-midia.html
quanto a questões relativas a uma Acesso em 19 fev. 2010
determinada atividade ou um setor.

Dentre as mídias internas, podem ser relacionados o mural de informações, o jornal


interno, a rádio interna, os relatórios e a Intranet. Discutindo-se a importância de cada
mídia, pode-se verificar que os usos são específicos, de acordo com o alcance, o número
de pessoas e a mensagem a ser propagada. Dentre as especificidades, também podem
ser consideradas a apresentação da mídia e a forma pela qual esta será distribuída no
ambiente organizacional.

O mural de informações, como o próprio nome diz, é um quadro fixado a uma parede,
normalmente em um corredor. Seu tamanho deve estar de acordo com o ambiente
organizacional. Quanto mais pessoas transitarem e quanto maior for o ambiente, mais o
mural terá de chamar a atenção com suas cores, tamanho e diagramação (forma como
nele as informações se encontram dispostas).

50
Podem ser utilizados fotos, charges, notícias de jornal, textos digitados e informes sobre
datas importantes. A utilidade principal do mural de informações é ser um veículo
prático, de divulgação cotidiana, assumindo, portanto, a troca constante das informações
nele inseridas. É o meio de comunicação interna mais comum de ser encontrado no
ambiente organizacional, devido inclusive a tal praticidade.

O jornal interno é um jornal elaborado com notícias que dizem respeito aos
acontecimentos relevantes da organização. Pode até conter notícias que façam
referência ao contexto político, socioeconômico ou mesmo cultural, mas o foco são os
dados estatísticos, as metas, as conquistas e os responsáveis por elas, as decisões
tomadas pela cúpula da empresa e os eventos a serem realizados.

A diagramação é feita de modo similar a um jornal convencional; seu formato pode


variar, de acordo com o tamanho desejado. Usualmente as empresas se utilizam do
formato tablóide, proporcional a uma folha sulfite tipo A4, para facilitar o manuseio e
estimular a leitura por parte dos funcionários.

Outro meio de comunicação interna bastante utilizado é a rádio interna que, tal qual o
jornal, obedece aos padrões de uma rádio convencional, trabalhando muitas vezes com
uma programação similar, de músicas e anúncios. Os acontecimentos internos são o
foco dessa mídia, voltada principalmente a ajudar os funcionários a fixar a data de um
evento importante, ou ainda relembrá-los das atividades programadas para o dia.

O destaque para a rádio interna, inclusive, está na questão da praticidade e do


imediatismo. Por exemplo, se uma reunião urgente se faz necessária na organização, por
um motivo qualquer, a rádio pode ser utilizada para convocar todos os funcionários, de
um modo rápido, com a garantia, praticamente total, de que todos eles receberam a
mensagem transmitida.

Os relatórios, por sua vez, são meios de comunicação interna bem específicos, voltados
para um tema delimitado; normalmente são exigidos, pelos patamares superiores da
pirâmide organizacional, em forma de uma descrição ou análise crítica – caso seja
pedida uma avaliação –, como comprovante de um trabalho realizado. São considerados

51
meios de comunicação interna por também propagarem, mesmo que de maneira mais
restrita, as informações pertinentes às realizações da organização.

A Intranet é uma mídia interna recente, mas de grandes potencialidades para a


transmissão de informações. Funciona praticamente como a Internet, no que diz respeito
ao modo de navegação e à disposição não-linear e multimídia dos conteúdos em suas
páginas virtuais.

O conteúdo da Intranet é restrito a alguns sites, ou muitas vezes apenas ao site


institucional e aos aplicativos online necessários para as atividades do cotidiano. Trata-
se de uma mídia bastante difundida no meio organizacional, inclusive pela identificação
com o modo de operação da rede mundial de redes de computadores.

4.4 O papel das mídias no ambiente corporativo


Sabe-se que, em um momento
de crise, a comunicação deve
ser uma ação constante no
âmbito organizacional, para se
compartilhar experiências e
chegar ao direcionamento
devido, visando à resolução de
tal situação.

Em momentos de crise
organizacional, portanto, os
meios de comunicação interna
podem ser um recurso que
Figura 4.4 - Em momentos de crise, o elemento principal
dentro de uma empresa deve ser a liderança bem estabilize o clima entre os
conduzida, no estabelecimento de metas e objetivos
funcionários, colocando-se a
específicos.
Fonte: http://ricardocampos.wordpress.com/2008/12/ importância do trabalho em
Acesso em 20 fev. 2010.
conjunto, da realização de
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atividades e obtenção de metas que não prejudiquem ainda mais a organização; focando
na compreensão e, simultaneamente, na finalização de tal questão.

É importante que o direcionamento de metas e objetivos, para que se finalize e controle


a crise organizacional, seja feito de maneira clara, concisa e motivadora. A
comunicação deve ser trabalhada tanto vertical como horizontalmente, fazendo parte do
processo que os setores mantenham-se unidos, com foco nas oportunidades de
crescimento e superação, entre as complicações trazidas pelo momento crítico.

Com tais reações, logo a organização assimila, até mesmo como elemento de sua
cultura, que os momentos de crise também podem ser de aprendizado e crescimento.
Assim como na sociedade tem-se problemas diversos, que são enfrentados e superados a
cada dia, ao longo do desenvolvimento político, econômico e sociocultural humano; a
organização também enfrenta seus desafios.

O papel dos meios de comunicação empresarial nestes momentos críticos, tanto


externos quanto internos, é o de promover a segurança da empresa perante seus
públicos. Tanto as notícias apresentadas pela assessoria de imprensa, colocando para a
sociedade o controle da empresa sobre determinada situação, como as divulgações
internas sobre a importância do trabalho em equipe, direcionado ao cumprimento de
metas e objetivos específicos, contribuem, e muito, para resolver e controlar as crises.

É com este pensamento que muitas empresas desenvolvem os meios de comunicação


como recursos fundamentais, com técnicas específicas para a sua realização, seja na
modalidade oral ou na escrita, para que tenha um modo constante de recorrer à
sociedade, colocando sua posição social e ambiental, promovendo seus produtos e
serviços e garantindo compromissos com seus públicos, visando seu posicionamento
diante das demais empresas no mercado atual.

Até uma próxima vez!

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4.5 Síntese da Unidade
Nesta Unidade foram desenvolvidos conceitos relativos à comunicação empresarial,
com foco em seu processo histórico e nas mídias que foram e são utilizadas, garantindo
seu compromisso com os públicos interno e externo. Na classificação destes, o público
interno seriam os funcionários e fornecedores, enquanto o público externo é formado
pelos consumidores, governo, imprensa, stakeholders e concorrentes.

Para cada público existe uma mídia específica, visando trabalhar com informações que
sejam pertinentes àquilo que ele deseja saber. São utilizados com o público externo: a
propaganda, a notícia corporativa, o atendimento ao consumidor, os sites e as pesquisas
de opinião. Já com o público interno são utilizados o mural de informações, o jornal
interno, a rádio interna, os relatórios e a Intranet.

Tudo isto, visando garantir o consumo de seus produtos e serviços, assim como a
construção e a manutenção da imagem positiva da empresa em questão perante a
sociedade.

4.6 Para saber mais

Filmes

A Doutrina de Choque. (Direção: Mat Whitecross. Roteiro: Naomi Klein. Gênero:


Documentário). Filme indicado para reflexão sobre a realidade de corporações cuja base
cultural é o autoritarismo, tanto para com funcionários como para a sociedade. Discorre
sobre o advento do capitalismo-catástrofe, doutrina que demonstra como grandes
empresas exploram a economia de países afetados por guerras ou desastres naturais.
Remontando às teorias do economista neoliberal Milton Friedman e traçando exemplos
na história contemporânea, o filme mostra que o mercado livre internacional não foi
erguido em uma total democracia.

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Sites

http://www.comtexto.com.br: Este sítio, desenvolvido pelo Prof. Wilson Bueno da


Costa (vide referências nesta Unidade), tem como objetivo difundir a comunicação
empresarial, possibilitando a consulta não somente de materiais, como também a
realização de cursos de extensão, voltados para ações específicas desta área na
empresas.

4.7 Atividades

Texto 1: Discorra a respeito dos meios de comunicação que atuam de modo mais eficaz
no âmbito empresarial, justificando sua resposta.

Texto 2: Disserte sobre a importância da comunicação empresarial, após a apreensão


dos conceitos deste Livro-texto, expondo sua opinião a respeito das vantagens de uma
empresa investir na área comunicacional.

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Referências

BUENO, Wilson da Costa. Comunicação Empresarial: teoria e pesquisa. Barueri, SP:


Manole, 2003.

BRUCE-MITFORD, Miranda. O Livro Ilustrado dos Símbolos. São Paulo:


Publifolha, 2002.

GUATTARI, Félix. A Invenção da Comunicação. Lisboa: Instituto Piaget, 1994.

LÉVY, Pierre. O que é virtual? Rio de Janeiro: 34, 1996.

MATTELART, Armand & Michèle. História das Teorias da Comunicação. 2. ed. São
Paulo: Loyola, 1999.

MATTELART, Armand & Michèle. História das Teorias da Comunicação. 2. ed. São
Paulo: Loyola, 1999.

MCLUHAN, Marshall. Os Meios de Comunicação como Extensões do Homem. São


Paulo: Cultrix, 2005.

PIRES, R. P. et AL. Comunicação entre componentes de aplicação em ambiente


pervasivo. Disponível em
http://www.pad.lsi.usp.br/humanlab/trabalhos/workshop_amb_intel.pdf Acesso em: 8
maio 2010.

RIBEIRO, Ana Paula Goulart; HERSCHMANN, Micael (org.). Comunicação e


História: interfaces e novas abordagens. Rio de Janeiro: Mauad X, 2008.

SARTORI, Giovanni. Homo Videns. Bauru, SP: EDUSC, 2001.

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Bibliografia complementar sugerida
ROSAS, V. de B. Afinal, o que é Conhecimento? Disponível em:
http://www.mundodosfilosofos.com.br/vanderlei22.htm Acesso em: 13 fev. 2010.

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