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São Carlos
2016
LAURO CEZAR KYOSHI ITO
São Carlos
2016
Resumo
Ito, L. C. Um Estudo Sobre o Mercado Livre de Energia Elétrica no Brasil. São Carlos: Trabalho
de Conclusão de Curso – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, 2016.
Desde o decreto n° 5.163 de julho de 2004, onde abriu-se a possibilidade para alguns consumidores
ingressar no mercado livre de energia, tendo suas transações e seus agentes aumento substancial e se
consolidando em um meio de economia, seguro e confiável. Esse tipo de comercialização possibilita
ao consumidor escolher dentre diversos contratos o qual melhor supre as suas expectativas. O presente
trabalho busca, através de uma revisão bibliográfica, analisar a evolução, regulamentação e os
impactos econômicos da introdução e implementação do livre mercado de energia.
Ito, L. C. K. A Study of the Free Energy Market in Brazil. São Carlos: Graduation Thesis -
Engineering School of São Carlos , University of São Paulo, 2016.
Since the decree No. 5.163 of July 2004, when it opened up the possibility for some consumers enter
the Free Market Energy, having increased your transactions and your agents substantially and
consolidating into a means of saving, safe and trustworthy. This type of marketing allows the
consumer to choose from several contracts which best meets as your expectations. This study aims,
through a literature review, analyze the evolution, regulation and economic impacts of introduction
and implementation of the Free Energy Market.
Key words: Energy Management, Free Market, Electric Rates, Energy Consumption.
Lista de Figura
Tabela 1 Critérios Vigentes para se Tornar Consumidor Livre ou Especial [19, 20] ...................... 22
Resumo ......................................................................................................................................... 3
Abstract ......................................................................................................................................... 5
1. Introdução ............................................................................................................................ 17
Geração ........................................................................................................................ 19
Transmissão ................................................................................................................. 19
Distribuição .................................................................................................................. 20
Comercializadores ........................................................................................................ 20
Consumidores............................................................................................................... 20
1. Introdução
As bases que regulamentam o Sistema Elétrico Brasileiro nos tempos atuais ainda seguem as
diretrizes definidas no Código das Águas, através do Decreto-lei n° 24.643, de 10 de junho de 1934,
onde continha no artigo 178 a regulamentação dos serviços de energia elétrica pela Divisão de Águas.
Durante grande parte de sua história o Modelo do setor elétrico nacional foi verticalizado e
de controle estatal gerando assim um ambiente de monopólio tendo todas as tarifas reguladas e
mantendo todos os consumidores cativos. Devido à falta de competitividade do setor elétrico este
começou a mostrar sinais de estagnação culminando, em 1996, na implementação do Projeto de
Reestruturação do Setor Elétrico Brasileiro (Projeto RE-SEB). Coordenado pelo Ministério de Minas
e Energia contando com a expertise de técnicos brasileiros e a empresa Cooper & Lybrand,
estabeleceu os rumos para os quais o SEB devia se desenvolver para assim gerar um ambiente mais
competitivo e organizado, atraindo assim novos investimentos e a redução da tarifa para o consumidor
final [1].
Para tornar tais mudanças viáveis, havia a necessidade da criação de órgão reguladores do
sistema. Deste modo, é criado o Operador Nacional do Sistema (ONS), operador do Sistema
Interligado Nacional (SIN); a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), encarregado pela
regulamentação tarifária, e do acesso ao sistema de transmissão; e a Câmara de Comercialização de
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Geração
Fica a função de produção da energia elétrica sobe os cuidados dos agentes geradores, sendo
que é permitido a todos os agentes geradores, vender tanto no ambiente Cativo ou de Comercialização
Livre, podendo ser classificados como:
Transmissão
Os agentes de transmissão têm como papel a transporte da energia elétrica, sendo assim de
sua responsabilidade gerir as redes de transmissão, as quais consistem em vias de uso aberto,
possuindo o uso livre por qualquer outro agente do SEB, para tal é cobrado uma tarifa pelo uso de
transmissão (TUSD).
Para sua operação e sua construção são realizados leilões respeitando a prática de menor
valor, assim cooperando para a redução do valor pago pelo consumidor final. Tais agentes tem
ressarcimento independentemente da quantidade de energia transportada através da linha desde que
mantenha a linha disponível para uso.
20
Como este é um setor que demanda grande investimento e baixo retorno, em sua maioria, a
administração, manutenção e expansão das linhas de transmissão ficam sobe cuidados do estado.
Assim diferentemente da geração o ambiente de livre concorrência fica limitado, sendo regulados
através de índices econômicos e técnicos [3].
Distribuição
Comercializadores
Consumidores
Consumidor Cativo
Representado por consumidores de menor porte (demanda inferior a 3MW) que estão ligadas
as concessionárias de distribuição as quais pagam somente uma fatura mensal, que inclui os serviços
de distribuição, geração e as tarifas reguladas pelo governo. A esse tipo de consumidor não se tem a
possibilidade de negociar o preço pago pela energia elétrica, ficando preso as tarifas estabelecidas
pela ANEEL.
21
Geração
Transmissão
Distribuição
Consumidor
Cativo
Consumidor Especial
Consumidor Livre
Aos consumidores de grande porte dá-se a liberdade de escolher o seu fornecedor de energia
livremente, podendo negociar volume, preço, prazo, etc. A este tipo consumidor dá-se o nome de
Consumidor Livre. Para se tornar um consumidor livre é necessário se enquadrar em alguns critérios,
que como demanda mínima de 3MW e tesão mínima que depende da data de ligação, como podem
ser vistas na Tabela 1 [2, 3].
22
Tabela 1 Critérios Vigentes para se Tornar Consumidor Livre ou Especial [19, 20]
Deste modo, o sistema de comercialização para os consumidores livres fica conforme a Figura
2, desverticalizado, onde o consumidor livre pode adquirir a energia direto dos agentes de geração.
Consumidor
Gerador
Distribuição Transmissão
Para garantir o adequado funcionamento do SEB e seu processo produtivo fosse eficiente
economicamente, auto suficiente tanto para sua manutenção e expansão e funcionasse de maneira
confiável a participação de alguns agentes reguladores se torna necessário durante o processo de
comercialização da energia elétrica. Sendo eles:
ONS - Operador Nacional do Sistema Elétrico: “criada pela Lei n° 9.648/98 com as alterações
introduzidas pela Lei nº 10.848/04 e regulamentado pelo Decreto nº 5.081/04.” Tem como
função coordenar e controlar a operação das instalações de geração e transmissão de energia
elétrica no Sistema Interligado Nacional (SIN) com objetivo de atender os requisitos de carga,
garantir confiabilidade do sistema e otimizar custos. O ONS está sob fiscalização e
regulamentação da Agencia Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) [4].
ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica: a Agência Nacional de Energia Elétrica tem
suas atividades e competências definidas pela Lei nº 9.427/1996, e tem como função a
fiscalizar e regular todos os agentes do SEB, desde a sua produção até a sua comercialização
[2],[5].
CCEE – Câmara de Comercialização de Energia Elétrica: a entidade é pessoa jurídica de
direitos privados, sem fins lucrativos, instituída pela Lei nº 10.848/04 e criada pelo Decreto
nº 5.177/04. A CCEE atua como regulador do mercado apurando valores de compra e venda,
contabilizando montantes comercializados de energia elétrica e promovendo leiloes de
energia elétrica [2],[6].
EPE – Empresa de Pesquisa Energética: a EPE é uma empresa vinculada ao Ministério de
Minas e Energia tendo como finalidade a prestação de serviço na de estudo e pesquisa para
subsidiar o planejamento do setor energético.
Tendo conhecimento dos agentes reguladores a comercialização de energia elétrica pode ser
concretizada em dois ambientes distintos do mercado, estes serão melhor abordados no decorrer do
trabalho, tendo cada um dos ambientes suas particularidades.
Ambientes de Contratação
Ambiente de Contratação Regulada
O Ambiente de Contratação Regulada (ACR) tem como finalidade suprir a demanda dos
consumidores cativos. Os participantes desse ambiente são os Agentes Vendedores e Agentes de
Distribuição de energia elétrica, tendo estes como comprador e aquele com fornecedor da energia
elétrica. A aquisição da energia necessária pelos Agentes Distribuidores, ocorrer principalmente
através de leilões de compra de energia elétrica de empreendimentos de geração, leilões estes
promovidos pelo governo.
O Ambiente de Contratação Livre (ACL) tem como proposito atender os consumidores livres
e especiais. De maneira distinta ao praticado ACR, no ACL, a aquisição da energia por parte do
consumidor, não tem a necessidade de recorrer a leilões. Participam deste ambiente de agentes de
geração, comercializadores e consumidores livres e especiais. Devido a liberdade nesse tipo de
comercialização os consumidores livres e especiais podem negociar contratos flexíveis com os
vendedores de energia negociando os termos do contrato livremente de maneira a agradar ambos os
lados.
25
Caso o consumidor participante deste tipo mercado decida retornar ao ACR, e se tornar um
consumidor cativo novamente, o mesmo deve informar com antecedência a concessionaria de
distribuição ao qual é atendido, com prazo de cinco anos para o consumidor livre e 180 (cento e
oitenta) dias com relação aos consumidores especiais. Os prazos podem ser podem ser reduzidos a
critério da concessionária ou permissionária de distribuição ou por meio de acordo firmado entre as
partes. [2],[7],[8]
O PLD é calculado com base nos valores de Custo Marginal de Operação (CMO). O CMO
encontrado através de modelos matemáticos onde são levados em conta as condições hidrológicas,
na demanda de energia, nos preços de combustível, no custo de déficit, na entrada de novos projetos
e na disponibilidade de equipamentos de geração e transmissão. O cálculo do PLD e
26
consequentemente do CMO tem como objetivo encontrar a solução ótima entre o uso da ou
armazenamento da água nas usinas hidrelétricas ou a utilização dos combustíveis nas usinas
termelétricas. O PLD é determinado para cada patamar de carga de maneira semanal, limitado por
um preço máximo e mínimo vigentes para cada período de apuração e para cada Submercado. Para
maior compreensão do cálculo do PLD e devido a sua complexidade este será abordado em um
capítulo à parte. [2]
27
Com base no período seco de maior duração já registrado para a região sudeste, define-se o
período de cinco anos para na análise de médio prazo. É nesta etapa onde se define a as parcelas de
cada tipo de geração, hidráulica ou térmica para qual se minimiza o valor do Custo Total de operação.
Para encontrar as parcelas onde se reduz os custos é utilizado um modelo computacional de
otimização. (Modelo NEWAVE).
Na análise de curto prazo, que possui horizonte de estudo de alguns meses (máximo de doze
meses), utilizasse as informações obtidas do modelo NEWAVE para determinar as metas individuais
de cada usina de geração e o intercâmbio de energia pelos principais troncos de transmissão, para tal
analise é utilizado o modelo DECOMP. Esta etapa é discretizada em etapas semanais.
do sistema e é dessa etapa que se define a montante a ser despachado por usina no dia seguinte
(modelo DESSEM). [9],[10]
Modelo NEWAVE
O programa NEWAVE foi desenvolvido pelo Centro de Pesquisa de Energia Elétrica (Cepel),
no âmbito do Departamento de Otimização Energética e Meio Ambiente (DEA), para aplicação no
planejamento da operação de sistemas hidrotérmicos interligados de longo e médio prazo.
N NE
SE/CO
ITAIPU
A partir dos registros históricos de vazões naturais afluentes a cada usina hidroelétrica é
possível construir a série histórica de energias naturais afluentes a cada subsistema. O programa
GEVAZP gera cenários sintéticos de vazões e energias empregando o modelo autorregressivo
periódico, PAR(p), que modela a afluência de um mês como uma combinação linear das afluências
dos meses anteriores e de um componente aleatório. Deste modo estima os parâmetros dos modelos
estocásticos para as energias dos afluentes do subsistema a qual é feita a análise. [11]
É neste modulo onde se determina a política e operação para cada subsistema a qual atende o
princípio de menor custo. Para tal utilizasse do algoritmo de Programação Dinâmica Dual Estocástica,
a fim de alcançar a política de operação ótimas, as quais são representadas pelas funções de custo
futuro, funções essas calculadas neste módulo. [11]
Uma vez obtida a política de operação ótima, faz-se uma simulação da operação do sistema
ao longo do período de estudo, para distintas sequências de vazões. Calcula índices de desempenho,
tais como a média dos custos de operação, o risco de déficit e os valores esperados de energia não
suprida. [11]
30
Modelo DECOMP
O modelo DECOMP foi desenvolvido pelo Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel)
também no âmbito do DEA como o modelo NEWAVE, mas com o propósito não mais no
planejamento de médio prazo e sim no de curto prazo.
Determinação do PLD
Para determinar o Preço de Liquidação das Diferenças o CCEE utiliza os modelos NEWAVE
e DECOMP. A ONS que utiliza o deck de dados de NEWAVE e DECOMP para encontrar a maneira
onde suprisse toda a demanda pelo menos custo possível, fornece mensalmente o deck de dados de
NEWAVE e semanalmente do deck de dados de DECOMP ao CCEE.
Estes dados são tratados devido ao objetivo distinto entre a ONS e CCEE. Portanto para o
cálculo do PLD retiram-se os dados de disponibilidade provenientes de unidades em fase de teste e
retiram-se dados de restrição operativas internas de cada submercado, desde que não afetem a
capacidade de intercâmbio entre os submercados. Este tratamento é realizado tanto nos dados de
NEWAVE quanto nos de DECOMP. Portanto o fluxo de atividades realizadas pela CCEE para o
cálculo do PLD ocorre como indicado na Figura 5. [9]
31
Para melhor emular o procedimento de cálculo do PLD, em cada mês em que se deseja
projetar o PLD são realizados uma análise de NEWAVE e duas DECOMPs sendo o primeiro de
operação com premissas de geração térmica por segurança energética e o segundo para o cálculo do
PLD. Ambos são realizados de forma sequencial, encadeando o processo para todo o horizonte de
projeção. Deste modo o fluxo das atividades da CCEE para encontrar o PLD fica como na Figura 6,
sendo que a as premissas de PMO, as previsões de vazões do mês e a sensibilidade do mês em estudo
são fornecidos pelo ONS, assim como outros dados necessários para a análise [13].
O valor do PLD é definido com base nos valores de CMO fornecidos pelo modelo DECOMP
encontrado após realizadas as análises. O processo de determinação é composto pelos comandos e
expressões que serão apresentadas à frente.
32
O PLD é definido por submercado, seu patamar de carga e semana. Deve ser encontrado
através da expressão de a seguir:
, , min max _ _ , , , _ , _
Onde:
PLD_MINfPLD é o valor mínimo que o PLD pode assumir para um determinado ano
“fPLD”, compreendido entre a primeira e a última semana operativa de preços;
PLD_MAXfPLD é o valor máximo que o PLD pode assumir para um determinado ano
“fPLD”, compreendido entre a primeira e a última semana operativa de preços. [9]
PLD Horário
O PLD horário é definido por submercado e período de contabilização. Sendo que este deve
ser calculado para cada hora para o patamar pré-estabelecido. O valor de PLD horário é encontrado
através da expressão a seguir:
, , ,
∀ ∈ ,
Onde:
j é o período de contabilização;
Para o consumidor livre possa usufruir da energia contratada através do Contrato de Compra
e Venda de Energia (CCVE) ele deve estar munido de outros contratos assinados. Caso esteja
conectado à rede de distribuição são necessários além do CCVE, o Contrato de Uso do Sistema de
Distribuição e o Contrato de Conexão ao Sistema de Distribuição; caso o mesmo esteja conectado à
rede básica são necessários o CCVE, Contrato de Uso do Sistema de Transmissão, o Contrato de
Conexão ao Sistema de Transmissão e o Contrato de Constituição de Garantia. [8]
Contrato celebrado entre um usuário da rede básica, o ONS e os agentes de transmissão, estes
representados pelo ONS, no qual são estabelecidos os termos e condições para o uso da rede básica,
aí incluídos os relativos à prestação dos serviços de transmissão pelos agentes de transmissão e os
decorrentes da prestação, pelo ONS, dos serviços de coordenação e controle da operação do Sistema
Interligado Nacional (SIN).
Cabe ao CUST definir os valores dos Montantes de Uso do Sistema de Transmissão (MUST)
para os anos em que o contrato esteja vigente. O usuário deverá pagar as concessionárias de
transmissão e ao ONS pelos serviços prestados de forma mensal, e caso exista ultrapassagem do
montante contratado e sobrecargas eventuais encargos serão somados ao valor fixo mensal. Aos
clientes livres, encargos setoriais também serão somados estes devem ser pagos as concessionárias
de transmissão. [15]
Contrato firmado entre o ONS e os usuários da rede de transmissão, com interveniência dos
respectivos bancos gestores, com o intuito de estabelecer garantias comerciais dos pagamentos
devidos pelo uso da rede básica.
negociação entre as partes, podendo ser negociado montante, prazo, compensação financeira, etc.
Mantendo assim o mercado competitivo.
39
Caso o consumidor opte pela participação no mercado livre de energia é necessário ter
conhecimento dos direitos que o protegem e os deveres a qual devem cumprir.
Como visto no capitulo 3.1.2, o cliente que optar por participar do ambiente livre de
comercialização de energia tem o direito de retornar ao sistema cativo de comercialização, de desde
que informe a distribuidora local, com antecedência mínima de 5 (cinco) anos. Tal período pode ser
reduzido de acordo com negociação entre as partes envolvidas, a extensão do período está vetada. Tal
direito está garantido através das Lei n° 9.074/1995 tendo direito incluído pela Lei nº 10.848, de 2004.
[19]
O cliente livre, deve fornecer garantia de pagamento para os contratos de citados no capitulo
4. Podendo ser usado com garantia de pagamento:
SIN. Em situações de não fornecimento por parte do vendedor, existira uma operação a ser liquidada
pelo vendedor, onde o cliente livre fica absolvido de quaisquer participações.
Através do Decreto nº 5.163 de 30 de julho de 2004, no inciso III do seu art. 2º, os
consumidores que compram energia no mercado livre devem dispor de contratos que garantam a
totalidade de sua carga:
“Art. 2o Na comercialização de energia elétrica de que trata este Decreto deverão ser
obedecidas, dentre outras, as seguintes condições:
I - os agentes vendedores deverão apresentar lastro para a venda de energia e potência para
garantir cem por cento de seus contratos, a partir da data de publicação deste Decreto;
Deste modo, assim como por parte das distribuidoras, os clientes livres têm como obrigação
possuir contratos de compra e venda de energia de maneira que garanta o seu atendimento à totalidade
de sua carga. A garantia de atendimento pode ocorrer com a existência de um ou mais contratos,
geração própria ou ter parte da energia comprada como consumidor cativo. Tal obrigatoriedade surgiu
para incentivar contratos de longo prazo, devido aos grandes investimentos que são feitos no setor de
geração de energia elétrico e os longos prazos para amortização dos mesmos.
O não cumprimento desta exigência pode acarretar em penalidades ao cliente livre. O Preço
de Referência para Penalização, utilizado para valorar a Insuficiência de Lastro de Energia dos
agentes, consumidores livres, é determinado pelo maior valor entre o Preço Médio de Liquidação das
Diferenças para Penalização e o Valor de Referência publicado pela ANEEL. O Preço Médio de
Liquidação das Diferenças para Penalização, corresponde à média do PLD ponderada pela carga do
mercado, no mês de apuração.
42
Para os clientes livres conectados ao sistema de transmissão a tarifa a ser paga é a TUST e
aos ligados ao sistema de distribuição ficam a cargo do TUSD.
Existe encargos setoriais que devem ser pagos por todos os usuários do SIN portanto cabível
também ao consumidor livre sendo eles:
Foi criada pelo § 6º do art. 15 da Lei nº 9.074/95 aplicável devido ao uso do sistema de
distribuição. O TUSD tem como objetivo custear os gastos das distribuidoras. A taxa a ser cobrada
dos consumidores livres deve ser proporcional aos seus consumos efetivos.
44
Considerando a participação do ACL quanto a carga podemos observar, nas Figura 9 que uma
importante parcela da energia elétrica já está sendo negociado no ACL, quase a totalidade dos
consumidores de grande porte está no Mercado Livre, aproximadamente 60% do PIB brasileiro. O
recuo na participação, que se vê no ano de 2014 se deve a instabilidade política e aos altos valores de
alcançados pelo PLD. Os valores de PLD médio para o ano de 2014 foi de 699,73 R$/MWh valor
elevado se comparado ao de 2013 (263,07 R$/MWh) e 2012 (166,69 R$/MWh). [21]
45
De acordo com dados apresentados por Rui Altieri, Presidente do Conselho de Administração
da CCEE no 3° Encontro Nacional de Consumidores Livres a participação que hoje se encontra em
25% (vinte e seis por cento) pode ser ampliada para 46% (quarenta e seis por cento) considerando as
regras atuais para ingresso no ACL. Destes os consumidores aptos a migrar 74% são potenciais
consumidores especiais e 26% (vinte e seis por cento) consumidores livres. Podendo chegar a 58%
(cinquenta e oito por cento), caso ocorra a liberação flexibilização das regras de ingresso no
ACL.(Andrade & Canellas apud [21])
Tal mudança poderia ter um impacto de até 5% (cinco por cento) na parcela de energia do
custo final dos consumidores cativos.
46
Como podemos observar através da Tabela 2 o mercado livre de energia elétrica ainda está
se expandindo, tanto quando se comparado com a mês anterior como quando comparado ao mesmo
mês do ano anterior.
Tal progressão nos números, dentre outros motivos, é devido a redução do valor do PLD.
Como podemos observar pelas Figura 10 o valor está próximo ao valor mínimo de PLD tendo valor
médio de R$ 86,47/MWh, valor bem inferior aos encontrados em anos anteriores. [26]
Quanto ao seu submercado podemos ver através da Tabela 3 que a maior adesão ao ambiente
livre de contratação se encontra nos mercados SE/CO e Norte se considerando a porcentagem da
participação em ambos os ambientes. Importante observar também que o submercado SE/CO
contribui com mais de 60% da energia comercializada através da ACL.
Quanto ao ramo de atividade podemos ver através da Tabela 4 os valores para cada ramo de
atividade e sua evolução comparada ao mês anterior e ao ano anterior. A queda que pode ser vista na
atividade extração de minerais metálicos se deve a catástrofe ocorrida em novembro em Mariana.
48
Como visto na Figura 11 quase todos os ramos de atividade tiveram evolução positiva,
aumentado seu consumo de energia adquirida no ACL, porem se não considerado o as novas cargas
os valores não são tão animadores.
49
A reforma no mercado de energia realizado na Inglaterra e País de Gales (I&PG) pode ser
considerada o paradigma e referencia para a reestruturação que se alastrou pelo mundo a partir dos
anos 1990. As medidas tomadas na reestruturação britânica foram tomadas como “modelo” a ser
seguido e portanto repetidas na maioria das posteriores reestruturações de sistemas elétricos regionais,
modelo que também foi seguido na reestruturação realizada no Brasil.
O modelo da I&PG foi definido em 1988, possuindo como suas as diretrizes a ser seguida:
Norteado pela reforma da I&PG o mercado livre de energia vem ganhando cada vez mais
espaço nas políticas energéticas internacionais. Atualmente são mais de 100 países que promoveram
a reestruturação com base no modelo I&PG. Exemplo disso são as polícias aplicadas em toda a União
Europeia, onde todos os consumidores podem optar por adquirir sua energia através do mercado livre
de energia. [22]
As regras de entrada no mercado livre são distintas para cada país, mas podemos,
superficialmente, definir os requisitos de inserção ou a inexistência deles para alguns países a seguir:
Diferentemente do modelo nacional os modelos mais maduros como do I&PG e o Nord Pool
não colocam restrições de carga nem tensão mínima para inserção no mercado livre de energia. [23]
O valor recebido pelas geradoras (Pool Purchase Price - PPP) era composto pelo System
Marginal Price (SMP), este definido pelo valor do lance mais alto dentre as usinas que entraram em
operação, e os encargos de capacidade. Os encargos de capacidade tinham como objetivo estimular
investimentos, tendo como base para remuneração a capacidade disponível nas unidades geradoras.
[27]
Os consumidores pagavam pelo Pool Selling Price (PSP), valor tal superior ao PPP. O valor
excedente, montante denominado uplift, era devido outros custos de operação, como despesas
adicionais de transmissão e serviços necessários para manter a qualidade e segurança do suprimento.
[22]
52
Em 1997 o modelo britânico aparentava sinais de estagnação portanto discussões para nova
alteração foram iniciadas, culminando na substituição do Pool pela New Energy Trade Agreement
(NETA) em 2001. No novo sistema, contratos bilaterais são a principal forma de negociar energia
tendo cada gerador responsabilidade sobre o seu despacho. A comercialização se dá em quatro
mercados independentes, sendo a UK Power Exchange (UKPX) a mais importante em termos de
volumo negociado. Os preços de seus contratos spot para cada meia hora (do dia corrente e do dia
seguinte) da UKPX são encarados como o preço spot na I&PG. [22]
No Elspot, os lances são efetuados no dia anterior ao despacho, existindo um prazo mínimo
de 12 horas entre o lance e a execução da transação. Os participantes fazem seus lances de pares de
quantidades e preços para cada hora e o operador de mercado agrega esses lances para formar as
curvas de demanda e oferta e, em seguida, determinar os preços que fecham o mercado para cada
53
hora. Este preço, também chamado de preço spot, é o mesmo para Noruega, Suécia, Finlândia e
Dinamarca, e é usado como referência para o mercado futuros e de opções. O cálculo deste preço spot
não leva em consideração a capacidade de transmissão das linhas de transmissão, portanto, pode às
vezes gerar congestionamentos. Para reduzir os riscos de não fornecimento ou o não pagamento, todos
os contratos são realizados entre o Nord Pool e cada um dos participantes. [27,28]
O Eltermin, mercado financeiro do Nord Pool, negocia dois tipos principais de contratos:
futuros e forward. A diferença entre os tipos de contrato é o modo de liquidação. Os contratos de
futuros têm dois componentes: um diário, o qual o comprador e o vendedor acertam as diferenças
decorridas de mudanças no valor de mercado dos contratos ao fim de cada dia, e outro ao fim do
período do contrato, em que se acertam as diferenças entre o último valor do contrato antes de atingir
a maturidade e os preços spot de referência correspondente às horas contratadas no momento da
entrega. Esse ajuste é conduzido diariamente durante o período contratado, assim as perdas e ganhos
são identificadas rapidamente pelo gestor dos contratos. Os contratos forward não são creditados a
cada mudança diária no seu valor, seu valor de mercado oscila de acordo com as variações diárias,
mas o ajuste financeiro só ocorre no fim do contrato, durante o período de entrega da energia
contratada. [27]
54
10. Conclusão
Através do estudo realizado nesse trabalho, com objetivo de dar ao leitor uma visão
abrangente e prática sobre o mercado de energia elétrica com um foco maior no ambiente livre de
comercialização, de maneira que o este traga um embasamento mínimo para começar a fazer uma
análise de uma possível futura migração de mercado.
Outro ponto importante a se frisar é a crescente migração para o mercado livre ajudando na
redução da tarifa mesmo para os consumidores do mercado cativo. O aumento da migração vem
acontecendo devido ao aumento da credibilidade no mercado livre de energia e os preços mais
competitivos que são aplicados no ACL. Apesar disso, como visto no capítulo 8, observasse como
ainda existe margem para crescimento sem alteração da legislação e se alterado existe uma margem
maior, objetivo que deveria ser buscado já que a maior participação no ACL ajuda na redução da
tarifa.
[4] ONS (2016, 29 de maio), Visão Geral do ONS [online]. Disponivel em:
http://www.ons.org.br/institucional/o_que_e_o_ons.aspx
[8] FLOREZI G., “Consumidores Livre de Energia Uma Visão Prática,” 2009.
[9] CCEE, “Regras de Comercialização - Preço da Liquidação das Diferenças,” Versão 1.0.
[23] WALVIS A. e GONÇALVES E. D. L., “Avaliação das reformas recentes no setor elétrico
brasileiro e sua relação com o desenvolvimento do mercado livre de energia,” 2014.
[27] FERRAZ R. C. de M., Regulação de Mercados de Energia Elétrica: Estudo dos Casos
Britânico, Norueguês e Brasileiro, 2006.
[28] GARCÍA J. J. e PALACIOS C. M., La Integración Energética de los Países Nórdicos –Nord
Pool–: Lecciones para Otros Mercados, 2006.