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Retrospectiva da Missão das Nações

Unidas para a Estabilização do


Haiti (MINUSTAH)
Grupo de Estudos de Defesa e Forças Armadas (GEDES)
Observatório Sul-Americano de Defesa e Forças Armadas

Bruna Carolina da Silva Souto


Gabriela Fideles Silva
Guilherme Coscrato Rasquini
Gustavo Henrique Gonçalves Ferreira
Leonardo Dias de Paula
Matheus Bittencourt de Amorim
Natália Rodrigues Germano
Solano Pereira d’Oliveira
Sophia Teixeira e Souza
Stephanie Loli Silva
O Observatório Sul-Americano de Defesa e Forças Armadas, coordenado pelo Prof. Dr. Héctor
Luis Saint-Pierre, é um projeto conjunto de grupos acadêmicos que se dedicam ao estudo da
temática da Defesa e das Forças Armadas na América do Sul. Semanalmente, produzimos
informes relacionados ao tema, com base em notícias publicadas nos principais jornais, e
divulgamos em nossa página do Facebook e via e-mail.

O Grupo de Estudos de Defesa e Segurança Internacional (GEDES) é responsável pelo Informe


Brasil, elaborado por estudantes de graduação em Relações Internacionais da Universidade
Estadual Paulista (UNESP-campus Franca) e de pós-graduação do Programa “San Tiago
Dantas” (UNESP/UNICAMP/PUC-SP).

Nesta edição especial do Informe Brasil, retratamos os principais desdobramentos da Missão


das Nações Unidas para Estabilização do Haiti (MINUSTAH), que encerrou oficialmente suas
atividades em 15/10/2017. A MINUSTAH foi autorizada pelo Conselho de Segurança da
Organização das Nações Unidas (ONU) em 30/04/2004, recebendo o respaldo do Capítulo VII
da Carta da ONU para perseguir os objetivos de garantir um ambiente seguro e estável no Haiti,
apoiar o processo político e constitucional, e observar os direitos humanos. O Brasil assumiu
posição de destaque na missão, liderando sua Força Militar.

Dos temas reportados pelos jornais brasileiros sobre a MINUSTAH, resgatamos aqui, dentre
outros, os períodos de eleições gerais, as catástrofes naturais e a ocupação do Exército Brasileiro
nas comunidades do Haiti e seus desdobramentos nas ações de pacificação no Rio de Janeiro.

Em nossos informes, buscamos conferir uma linguagem acadêmica aos fatos reportados pelos
periódicos. Neste especial sobre a MINUSTAH, lançamos um olhar crítico sobre as notícias, a
partir do trabalho dos estudantes da graduação que assinam os resumos.

Para além de nossos esforços, convidamos o leitor a aproveitar as notícias cuidadosamente


selecionadas para alimentar suas pesquisas sobre o tema, e encorajamos a todos que queiram
compartilhar conosco os frutos de vossos trabalhos.

Boa leitura!

Página do Observatório no Facebook: www.facebook.com/observatoriodedefesa


Site: http://unesp.br/gedes/produtos/101/observatorio-sudamericano- de-defensa- y-fuerzas-
armadas

Para receber os informes semanalmente via e-mail, solicite pelo seguinte endereço:
gedes@franca.unesp.br
2017 Observatório Sul-Americano de Defesa e Forças Armadas

A MISSÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A ESTABILIZAÇÃO DO HAITI: UMA


ALTERNATIVA PARA A SUCESSÃO DE CRISES?

Por Gabriela Fideles Silva e Leonardo Dias de Paula

O
ano de 2004 na sociedade
haitiana foi marcado por
uma nova intervenção internacio-
nal, decorrente da crise política na
porção oeste da Ilha Hispaniola. O
presidente da República do Haiti,
Jean-Bertrand Aristide, um dos
protagonistas da intervenção
realizada ao longo da década de
1990, foi deposto em 29/02/04
após a escalada do uso da violên-
cia por manifestantes contrários a
seu governo. Com o intuito de
solucionar a crise local e mediar a
transição política, a comunidade
internacional mobilizou-se para a sárias para a mobilização de dente francês, Jacques Chirac,
articulação de mecanismos inter- uma missão de paz. ao presidente da República do
ventores no Haiti. Através da A Missão das Nações Brasil, Luiz Inácio Lula da
adoção da resolução 1529 sob o Unidas para a Estabilização do Silva. O presidente brasileiro
Capítulo VII da Carta das Nações Haiti (MINUSTAH) foi criada afirmou que a participação bra-
Unidas, o Conselho de Segurança pelo Conselho de Segurança sileira na missão seria uma
da instituição autorizou o envio de das Nações Unidas através da honra. No início das nego-
uma Força Multinacional Interina resolução 1542, em 30/04/04. ciações, o Brasil disponibilizou
para preparar as condições neces- A missão sucedeu a Força Mul- 1.100 militares para a operação
tinacional de Intervenção. no Haiti.
Entre os objetivos principais da Contudo, a participação
MINUSTAH, destacam-se: a de militares brasileiros em
manutenção da segurança; a operações no exterior depende
assistência ao processo político de aprovação parlamentar. O
constitucional; a supervisão da presidente Silva submeteu uma
aplicação dos dispositivos de proposta ao Congresso para a
Direitos Humanos. Ao todo, o mobilização de 1.200 militares
mandato inicial da missão para a MINUSTAH. A proposta
previu a mobilização de 6.700 requisitou um orçamento de
militares e 1.622 policiais civis R$ 140 milhões para um perío-
para o cumprimento dos objeti- do inicial de seis meses. O
vos da operação. engajamento brasileiro foi
A participação brasileira aprovado no Senado Federal no
foi considerada após o convite dia 19/05/04 por placar de 38
do Secretário Geral das Nações votos favoráveis e 10 votos con-
Unidas, Kofi Annan, e o presi- trários. O efetivo foi definido
Observatório Sul-Americano de Defesa e Forças Armadas 2017

em 970 militares do Exército e transição entre a Força Multi- nificativos à execução de seus
230 fuzileiros navais. O governo nacional de Intervenção e a principais objetivos. Há de se
brasileiro argumentou que a par- MINUSTAH, prevista inicial- destacar a participação do
ticipação na operação de paz con- mente para o dia 01/06/04. O componente militar da missã0
tribuiria para a projeção interna- general brasileiro Augusto na realização de eleições
cional do país. Convém ressaltar Heleno Ribeiro Pereira democráticas e em esforços
que o governo brasileiro consi- assumiu o comando da missão humanitários após catástrofes
derou que o engajamento no no dia 25/06/04, contando naturais. Convém, então,
Haiti contribuiria para a ambição com efetivo reduzido. observar em perspectivas das
de ocupar um assento permanen- O mandato da missão foi dificuldades experimentadas
te no Conselho de Segurança das encerrado definitivamente em pela missão em suas atividades
Nações Unidas. 15/10/2017, como previsto pela no Haiti.
As Forças Armadas bra- resolução 2350 do Conselho de
sileras enviaram um contingente Segurança das Nações Unidas,
precursor composto por 42 mili- sendo sucedida pela Missão das
tares, com o objetivo de preparar Nações Unidas para o Suporte
a chegada das tropas. Destaca-se à Justiça no Haiti (MINUS-
que a mobilização de recursos JUSTH). Ao longo dos 13 anos
para o envio do efetivo brasileiro de operação, a MINUSTAH
sofreu com atrasos, dificultando a deparou-se com obstáculos sig-

ELEIÇÕES - HAITI
Por Gustavo Henrique Gonçalves Ferreira

ção no Haiti (MINUSTAH), importância da atuação inter-


foram realizadas três eleições nacional nas eleições haitianas.
gerais. Em todos os pleitos Onde, através de um “pacto de
houve irregularidades e mani- garantias democráticas” entre
festações que tornaram as facções políticas, haveria a
necessário a intervenção das retirada das Forças Armadas
Forças Armadas para assegurar na missão de paz ao fim das
a segurança e ordem. Antes da eleições marcadas para 2005.
realização efetiva das três Para Seitenfus, o resultado
eleições, houveram adiamentos desse pleito deveria ter o aval
que geraram manifestações e do Conselho de Segurança (CS)
incertezas quanto à concre- da Organização das Nações
tização do pleito. Unidas (ONU).
No ano de 2004, ao A primeira eleição, no
desempenhar um papel de entanto, ocorreu efetivamente
mediador, o representante em 2006, após três adiamentos
especial da Secretaria Geral e que causaram manifestações e
Chefe do Escritório da Organi- aumentaram a incerteza de sua

D urante o período em que o


Brasil liderou a Missão das
Nações Unidas para a Estabiliza-
zação dos Estados Americanos
(OEA) no Haiti, Ricardo
Seitenfus, destacou a
realização. O pleito, inicial-
mente marcado para ocorrer
em outubro de 2005 , foi afeta-
2017 Observatório Sul-Americano de Defesa e Forças Armadas

do pelas incertezas na de os votos brancos são


segurança pública e na divididos entre os candi-
missão de paz. Segundo o datos das eleições gerais.
então ministro brasileiro Foi essa decisão que
de Relações Exteriores, tornou possível a vitória
Celso Amorim, o processo de René Preval, oficia-
eleitoral de 2005 estava lizada durante anúncio
afetado pela falta de con- no dia 16/02/2006. A
tingente militar, o que comunidade internacio-
justificou o pedido de nal, juntamente com o
autorização do envio de ministro das Relações
mais tropas ao Haiti. No Exteriores do Brasil,
mesmo ano, o chefe das negou a possibilidade
missões de paz e sub- levantada pelo assessor
secretário-geral da ONU para assuntos interna-
para Operações de Paz na cionais da Presidência da
época, Jean-Marie República do Brasil,
Guéhenno, alertou para a Marco Aurélio Garcia, de
falta de treinamento em influência brasileiras nas
conflitos urbanos das eleições haitianas. Após
tropas da MINUSTAH e a oficialização, o novo
seu impacto na manutenção da devido a manifestações na presidente eleito do Haiti, René
segurança das eleições gerais. região. A denúncia foi feita por Preval, defendeu a permanên-
Depois da realização do pleito, o dois dos nove membros do cia dos militares da
comandante brasileiro da Força Conselho Eleitoral Provisório MINUSTAH após sua posse.
Militar da MINUSTAH durante o do Haiti, indicando a necessi- Segundo Preval, o papel da
período, general José Elito Car- dade de um segundo turno e missão de paz deve ser reavali-
valho Siqueira, considerou o evitando, desta forma, o anún- ado para atender à nova reali-
desempenho da Força de Paz cio da vitória de René Preval, dade haitiana.
durante as eleições ocorridas no candidato do partido Espe- A segunda eleição ocorre no
dia 07/02/2006 satisfatório. De rança. ano de 2011, após sofrer adia-
acordo com Siqueira, não houve Após indícios de mani- mentos desde 2010. Durante o
qualquer tiroteio entre as tropas pulação nas eleições do ano de ano de 2011, o comando da
da operação de paz e a população 2006, houve um aumento na MINUSTAH intensificou as
do Haiti. Ademais, segundo o violência, resultando no pedido operações de manutenção da
chefe de comunicação e impren- do ministro das Relações Exte- ordem no Haiti, de modo a
sa,tenente-coronel Cunha Matos, riores na época, Celso Amorim, garantir ordem e segurança
não houve qualquer irregulari- para que o Conselho de Segu- durante o segundo turno da
dade nos 88 postos de votação sob rança discutisse a situação eleição presidencial Conforme
responsabilidade dos militares na pós-eleições no Haiti. os periódicos na época, o
capital do Haiti, Porto Príncipe. O Conselho Eleitoral primeiro turno das eleições foi
Entretanto, após a denún- Provisório (CEP) do Haiti mais tumultuado do que o
cia de irregularidades e manipu- acatou a sugestão do Brasil segundo, aquele contendo
lação da eleição, a MINUSTAH para recontagem de votos em fraudes e violações, e este mar-
reforçou o policiamento no local branco. Desta forma, foi cado pela ausência do registro
onde foram noticiados os resulta- proposto pela missão eleitoral de alguns eleitores e atrasos
dos parciais das eleições gerais, da ONU um modelo belga, on- para o início da sessão. Foi
Observatório Sul-Americano de Defesa e Forças Armadas 2017

direcionado para o norte do país de reduzir o efetivo. Durante o pital de Porto Príncipe na
parte do contingente da missão, ano de 2015, apenas o primeiro véspera de posse do novo presi-
devido a conflitos entre grupos turno foi realizado, o segundo dente. O cenário haitiano se
partidários. O governo estadu- turno foi adiado para 2016. tornou ainda mais instável
nidense solicitou à MINUSTAH e Sobre o assunto, o comandante depois do impacto do furacão
ao Brasil que Jean Bertrand Aris- das forças de paz da ONU no Matthew, que novamente levou
tide, ex-presidente do Haiti, retor- Haiti, general Ajax Porto Pi- ao adiamento do segundo
nasse após o segundo turno das nheiro, descartou a influência turno das eleições. O Segundo
eleições. Entretanto, Aristide do ocorrido na incerteza políti- turno, marcado para o mês
voltou ao país no dia 18/03/11, ca presente no país naquele abril de 2016, não se realizou, e
dois dias antes da votação, fato ano. foi postergado para outubro, o
que gerou grande tensão. Segundo Pinheiro, o que, devido à instabilidade
Um ano após o pleito, o avanço conseguido pela missão política, justificou a pror-
comandante militar da após o terremoto em 2010 rogação para a retirada das
MINUSTAH, general Luiz Eduar- poderia ser afetado pela saída tropas para o ano de 2017.
do Ramos, se posicionou contra a do presidente Michel Martelly, Após os empecilhos à real-
utilização de armamentos pesa- ização, o segundo turno ocor-
dos no Haiti e ressaltando a possi- “A MINUSTAH, reu em 20/11/16 sem inci-
bilidade de transição do controle
liderada pelo dentes e contou com 80% do
do país para as instituições haitia-
nas, afirmando, como justificati-
Brasil, não efetivo da MINUSTAH.

va, a falta de imprevistos durante constituiria ne-


o pleito de 2011. Essa visão foi nhuma guarda pre-
prorrogada no ano de 2013, toriana de nenhum
quando o então ministro da presidente haitia-
Defesa, Celso Amorim, afirmou
que a MINUSTAH, liderada pelo
no” afirmou Celso
Brasil, não constituiria “nenhuma Amorim.
guarda pretoriana de nenhum
presidente haitiano”, ressaltando to. O candidato de oposição,
que a retirada das tropas seria Jude Célestin, alegou fraude no
feita de forma gradual, em primeiro turno das eleições
sequência às próximas eleições. (ocorridas em outubro de
Dois anos após a 2015), causando violentos pro-
declaração do ministro brasileiro, testos. Diante deste cenário,
um impasse político na espera Pinheiro optou por reforços e
pelas eleições de 2015 levantou colocou em alerta os militares
dúvidas em diplomatas da Argen- no Haiti. Para Amorim, a tenta-
tina, Chile, Equador e Honduras, tiva de lidar com os problemas
quanto à medida do Conselho de no Haiti muito depressa, a
Segurança de reduzir o efetivo no missão de paz não percebeu os
Haiti. Durante esse mesmo ano, problemas que geraram um
houve uma preocupação dos mili- impasse político, que, por sua
tares brasileiros relativa à possibi- vez, impactou a viabilização do
lidade do aumento da violência segundo turno.
decorrente das eleições e da No dia 14/05/16 mani-
decisão do Conselho de Segurança festações tomaram conta da ca-
2017 Observatório Sul-Americano de Defesa e Forças Armadas

OS OBSTÁCULOS À RECONSTRUÇÃO DO HAITI PELAS FORÇAS DE PAZ


BRASILEIRAS
Por Bruna Carolina da Silva Souto e Sophia Teixeira e Souza

L
ao
ogo em 2004, primeiro ano
da missão, três obstáculos
que se almejava da
também apoio financeiro para
a realização das obras de
infraestrutura, pois eram elab-
os pedidos para extensão da
permanência das tropas peran-
te o Conselho de Segurança, os
MINUSTAH já eram apontados orados projetos para a con- quais eram respondidos com
pelo alto escalão brasileiro. O strução de estradas, forneci- prorrogações mínimas, de
primeiro, o contingente insufici- mento de energia elétrica e pouco mais de 20 dias. O
ente de tropas e a necessidade da coleta de lixo. O Ministério das comandante da missão à época,
extensão da missão por mais Relações Exteriores informou a general Augusto Heleno
tempo; o seguinte, os pedidos por disponibilidade de aproxima- Ribeiro Pereira, afirmava a
aumento do investimento das damente US$ 100 milhões pelo impossibilidade de garantir a
potências do Conselho de Segu- Banco Interamericano de segurança no Haiti caso não se
rança para melhoria da economia Desenvolvimento (BID). A tomassem medidas efetivas
haitiana; por fim, a violência intenção do corpo diplomático contra a instabilidade social e
urbana que colocou as tropas em brasileiro, ao pressionar econômica, cobrando ajuda
questionamento sobre a natureza sobretudo os Estados Unidos e internacional para vencer a
e as diretrizes da missão. Naquele França, era fazer com que a pobreza do povo haitiano. A
ano, o ministro da Defesa, José participação do país se consti- Europa, entretanto, recusou o
Viegas Filho, clamava por auxílio tuísse como mais do que uma aumento do financiamento, o
internacional não somente em operação de emergência. que levou o chanceler Celso
relação ao envio das tropas, mas Em 2005, destacam-se Amorim a alertar sobre o cum-
Observatório Sul-Americano de Defesa e Forças Armadas 2017

primento dos compromissos da Thomás Miguel Paiva, subco- projetos de reconstrução e a


comunidade internacional. Tendo mandante do batalhão brasile- permanência das tropas até
em vista as atividades de recon- iro na MINUSTAH, por sua quando a ONU considerasse
strução infraestrutural, o governo vez, afirmou que o objetivo das necessário.
brasileiro enviou equipe com 150 tropas era justamente garantir Após o terremoto de
engenheiros do Exército. a segurança de modo a possi- 12/01/2010, o Brasil defendeu
Em março de 2007, em bilitar a ação humanitária no na ONU que o status da
visita aos Estados Unidos, país. Os militares brasileiros MINUSTAH fosse alterado de
Amorim pediu à secretária de haviam solicitado o aumento “imposição da paz” para
Estado estadunidense, Condo- do efetivo de 1.200 homens “reconstrução”, com o intuito
leezza Rice, maior envolvimento para asfaltar ruas, reformar de combinar as medidas de
de seu país no processo de recon- prédios e perfurar poços arte- segurança com as atividades
strução do Haiti. Segundo o sianos para abastecer a popu- estruturais. Apesar de a
ex-chanceler, a situação da segu- lação civil e as tropas interna- proposta ter sido rejeitada pelo
rança estaria resolvido, sendo cionais. Até então, o Brasil representante da organização
agora o momento para garantir havia gastado cerca de R$ 431 no Haiti, a missão passou a ter
melhor qualidade de vida à popu- mi no Haiti para compra de uma preocupação maior com a
lação com a continuidade dos uniformes, armamento e equi- reconstrução, aumentando
investimentos em infraestrutura, pamentos militares, pagamen- suas atividades nos setores de
geração de empregos e desen- to dos salários e obras de infraestrutura e saúde.
volvimento; assim, a pacificação engenharia feitas pelo Exército. O Brasil defendeu na
estaria assentada. Para o governo
brasileiro, os países-membros da
A justificativa para o aumento
do efetivo foi que, em seu
ONU que o status da
Organização das Nações Unidas primeiro momento, a missão MINUSTAH fosse
(ONU), nomeadamente os foi dedicada ao combate das alterado de “im-
envolvidos nas forças de paz, gangues armadas que desesta- posição da paz” para
deveriam voltar-se para o desen- bilizavam o país. “reconstrução”, com
volvimento de forma a garantir a
estabilidade local.
No ano de 2008, o pres-
idente Luiz Inácio Lula da Silva
o intuito de combinar
No mesmo ano, um demarcou uma nova etapa no as medidas de segu-
relatório elaborado pela Ordem auxílio ao país, na qual con- rança com as ativi-
dos Advogados do Brasil (OAB) star-se-ia o financiamento a dades estruturais.
criticou contundentemente a
missão, caracterizando-a como
militar e sem caráter humanitário,
dada a ausência de construção de
escolas, hospitais ou desenvolvi-
mento de outras ações
sócio-econômicas urgentes à pop-
ulação haitiana até aquele
momento. À ocasião, o ministro
da Defesa, Nelson Jobim, afirmou
que os argumentos do relatório
demonstravam “absoluto descon-
hecimento sobre o assunto [...] um
voluntarismo típico da necessi-
dade de fazer oposição”. O coronel
2017 Observatório Sul-Americano de Defesa e Forças Armadas

Algumas ações realizadas


pelos militares tiveram expres-
sivos impactos no país, como
obras e organização dos serviços
públicos, assim como a resolução
do governo haitiano de financia-
mento, para que crianças de baixa
renda pudessem ter acesso à
escola.
Mesmo não sendo mais a
prioridade, a ONU decidiu que as
tropas não retirar-se-iam do país
antes que a polícia estivesse
capacitada para garantir a segu-
rança urbana. Para isso preten-
dia-se treinar 1,2 mil homens anu-
almente para que, ao final da Em 2012 houveram encontros capacitar o país para enfrentar
missão, a Polícia Nacional Haitia- entre o então presidente haitia- catástrofes naturais.
na contasse com pelo menos 15 no, o ex-ministro da Defesa, Em junho de 2017, o
mil homens. Celso Amorim, e também com último batalhão foi enviado ao
O presidente eleito em a ex-presidenta Dilma Rous- Haiti, para realizar a trans-
2011, Michel Martelly, também seff, a qual considerava a ferência do controle da segu-
acreditava que a segurança era reconstrução das Forças Arma- rança para as autoridades
uma responsabilidade interna, das prerrogativa interna. Mar- locais e o componente da
tendo uma de suas propostas sido telly, contudo, logrou formular Missão das Nações Unidas de
a reorganização das Forças Arma- um acordo que previa a ajuda Suporte à Justiça no Haiti (MI-
das, extintas desde 1995. Para do Brasil para o desenvolvi- NUSJUSTH).
recontruir o Exército, Martelly mento de uma “engenharia
solicitou apoio aos países vizinhos militar”, com o objetivo de

OCUPAÇÃO DO EXÉRCITO BRASILEIRO NAS FAVELAS


DO HAITI E NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO
Por Natália Rodrigues Germano

O primeiro relato sobre desa-


venças entre haitianos e
tropas brasileiras remete a
haitianos na apreensão de
armamento na favela de
Bel-Air, na capital Porto Prínci-
ar e operações como essas são
desenvolvidas com frequên-
cia”.
outubro de 2004, quarto mês de pe, quando se envolveram num O ministro das Relações Exteri-
participação das Forças Armadas tiroteio. O comandante da ores, Celso Amorim, declarou
brasileiras na Missão das Nações missão à época, general Augus- que “apesar dos riscos corridos,
Unidas para a Estabilização do to Heleno Ribeiro Pereira, afir- o sucesso da missão é questão
Haiti (MINUSTAH). mou que “praticamente todos de honra, já que hoje, é o ponto
Militares brasileiros atua- os dias há incidentes envolven- mais alto da Política Externa
vam em conjunto com policiais do tiroteios ou disparos para o brasileira.
Observatório Sul-Americano de Defesa e Forças Armadas 2017

discordância acerca do
estopim: em outubro de 2006,
o Centro de Comunicação
Social do Exército (CCSEx)
afirmou, em nota, que os mili-
tares brasileiros realizavam
trabalhos de engenharia na
favela, como a remoção de
muros baixos para facilitar o
acesso de veículos, quando
foram surpreendidos por
disparos de manifestantes que
acabaram ferindo um dos
nacionais, que, em seguida,
revidaram a agressão. Por
Em março de 2006, menos rebeldes partidários do outro lado, agências interna-
de dois anos após a declaração do ex-presidente Jean Aristide. O cionais assinalaram que o
general Pereira, afirmando que líder rebelde haitiano, coman- embate se dera como protesto
operações realizadas em favelas dante Evans, se encontrou com dos moradores contra a
haitianas eram desenvolvidas o comandante do Batalhão derrubada de casas por parte
com frequência, o Exército bra- Haiti, coronel Luiz Santiago, do destacamento brasileiro que
sileiro foi empregado na recuper- no dia seguinte à primeira resultou na morte de pelo
ação de uma pistola 9 mm e dez noite de ocupação da favela menos três haitianos. O Exérci-
fuzis FAL 7.62, roubados do quar- para negociar um cessar-fogo to, em nota, salientou que ne-
tel do Estabelecimento Central de com as forças militares brasi- nhuma casa havia sido afetada
Transportes (ECT), em operação leiras, recebendo uma proposta na operação, mas reconheceu a
que ocorreu em favelas da cidade na qual os rebeldes participa- possibilidade da ocorrência de
do Rio de Janeiro, com a riam de um programa das vítimas durante o confronto.
utilização de 150 homens que já Nações Unidas de desarma- No mês de fevereiro de
haviam trabalhado na mento e de reinserção na socie- 2007, os capacetes azuis da
MINUSTAH, o que fez com que os dade, em troca da garantia de Organização das Nações
jornais os classificassem como que a companhia brasileira Unidas (ONU) tomaram, sem
“treinados para situações de con- fizesse melhorias na comuni- violência alguma, Bois Neuf,
flito semelhantes aos que ocorrem dade, como asfaltamento de região de Cité Soleil que con-
nas favelas cariocas.” ruas e perfuração de poços centrava gangues criminosas
Entretanto, Bel-Air não foi artesianos. da capital haitiana. No local,
o caso determinante para o Apesar do consentimen- haveria a instalação de um
emprego das Forças Armadas em to, a violência em Cité Soleil posto avançado do batalhão, a
favelas cariocas. Em maio do perpetuou-se, visto que teve fim de impedir o retorno de
mesmo ano, as tropas brasileiras início uma disputa territorial gangues. Na semana seguinte à
preparavam-se para iniciar uma entre essa favela e a vizinha, operação de pacificação de Cité
operação de segurança da favela Cité Militaire, também sob Soleil, o jornalista Carlos
de Cité Soleil, principal foco de responsabilidade do Exército Heitor Cony afirmou em
violência em Porto Príncipe. Brasileiro, envolvendo três coluna opinativa que, se as
A ocupação iniciou-se sob gangues. Acusou-se também Forças Armadas podem poli-
pesados tiroteios, visto que Cité ações violentas por parte das ciar cidades, ruas e favelas do
Soleil era o último reduto dos tropas brasileiras, apesar da Haiti, elas poderiam também
2017 Observatório Sul-Americano de Defesa e Forças Armadas

fazer o mesmo no Brasil. De As vias de acesso à diferentes setores da socie-


acordo com Cony, tal operação favela foram fechadas, a popu- dade, governamentais ou não”.
teria a finalidade de policiar lação deixou suas casas e Barroso advertiu, no entanto,
regiões em conflito e estágio de passou por um processo de que a intervenção das Forças
guerra civil, assim, comparando-o triagem. Suspeitos foram sepa- Armadas deve se iniciar a
à onda de violência no Brasil e na rados com a ajuda de um arqui- partir do momento em que o
incapacidade do Estado de nor- vo com fotografias e dados dos estado se declarar incapaz de
malizar a situação. Porém, em principais criminosos do país. conter a onda de violência.
abril de 2007, as Forças Armadas As casas também foram revis- Em junho, o debate
recusaram o pedido de auxílio na tadas em busca de criminosos e sobre a utilização das Forças
Segurança Pública do Rio de armas. Armadas na segurança pública
Janeiro, afirmando que sua Para Barroso, “o que no Rio de Janeiro retornou aos
atuação no estado dependia de seria necessário no Rio é a inte- jornais: para o secretário
duas medidas: uma “diretriz pre- gração das Forças Armadas estadual de Segurança Pública
sidencial”, com a determinação de com órgãos de segurança na do Rio de Janeiro, José Ma-
quanto tempo, que missão exerce- condução de operações poli- riano Beltrame, seria equivoca-
riam e quais seriam os comandan- ciais e militares, com a partici- da a a utilização de tropas das
tes das operações, além de uma pação e comprometimento de Forças Armadas diretamente
ordem que confere aos militares o Para Barroso, “o que nas favelas cariocas; ao con-
“poder de polícia”, o que poderia trário, os militares deveriam
ser feito por meio de uma Medida
seria necessário no Rio atuar em vias expressas, onde
Provisória, que precisaria ser é a integraças das Forças criminosos costumam fazer
transformada em lei. Armadas com órgãos de bloqueios, e em áreas próximas
Em maio do mesmo ano,
segurança na condução de quartéis. No caso específico
veiculou-se a possibilidade em da ocupação pela polícia do
empregar operações similares às de operações policias e - Complexo de favelas do
atividades de pacificação desen-militares, com a participação - Alemão, o diretor de Estudos
volvidas em Cité Soleil. A estraté- e comprometimento de- de Segurança do Núcleo de
gia elaborada pelos militares, e
aplicada no Haiti, compreendeu a
diferentes setores da - Estudos Estratégicos da Uni-
versidade Federal Fluminense
realização de operações integra- sociedade, governamentais (UFF), Ronaldo Leão, defen-
das de órgãos de segurança e a ou não”. deu o apoio operacional a
ocupação simultânea de redutos
de gangues, aliadas a programas
sociais que visavam ganhar a sim-
patia e confiança da comunidade.
O coronel Cláudio Barroso Filho,
comandante da MINUSTAH, afir-
mou que a ação poderia ser apli-
cada no Rio de Janeiro com suces-
so. A pacificação da favela de Citè
Soleil, que possui 300 mil habi-
tantes, foi consolidada numa
operação de 10 horas, ocorrida em
09/02/07.
Observatório Sul-Americano de Defesa e Forças Armadas 2017

ser prestado pelas Forças Arma- de Brasília (UNB), que mentos de tecnologia avança-
das, porém somente na retaguar- trabalhou no Haiti junto ao da, como redes de observação
da. Por sua vez, alguns oficiais do Ministério da Defesa, segundo eletrônica e centros de comuni-
Exército disseram que uma ação o qual “as Forças Armadas bra- cação e controle. Em nota, o
militar como a feita pelo Brasil no sileiras, em particular o Exérci- Ministério da Defesa afirmou
Haiti, que consistia em entrar, to, não vieram ao Haiti com que, conforme o artigo 15 da
ocupar o território e permanecer vistas a adquirir experiência a Lei Complementar 97, que
nele, funcionaria em favelas do ser usada no Rio ou em outras regulamenta o emprego das
Rio de Janeiro. Merval Pereira, partes do país. Nada obsta, Forças Armadas na
colunista do jornal O Globo, claro, retirar dela ensinamen- manutenção da lei e da ordem,
opinou que há várias questões a tos úteis para as Forças Arma- as Forças só poderiam ser acio-
serem superadas na discussão a das brasileiras, principalmente nadas após o esgotamento dos
respeito do emprego dos militares na área de inteligência”. Apesar instrumentos destinados à
no combate ao crime organizado do debate, o chefe do Esta- preservação da ordem pública
nas metrópoles brasileiras. do-Maior da Defesa, tenen- mencionados na Constituição.
Segundo Pereira, apesar do te-brigadeiro-do-ar Cleonilson Em agosto, o Exército realizou
excelente trabalho realizado pelas Nicácio Silva, anunciou que o uma simulação em uma favela
Forças Armadas no Haiti, uma governo federal não mandaria na zona sul da cidade do Rio de
importante questão deveria ser tropas do Exército para atuar Janeiro, simulando a captura
considerada: o poder de polícia em ações contra o crime orga- de Amaral Duclonas, um dos
que o Exército não possui legal- nizado no Rio de Janeiro e que chefes de uma gangue haitiana.
mente. Pereira citou as palavras a contribuição do governo Os militares que participaram
de Antonio Jorge Ramalho da federal se limitaria ao apoio desse treinamento iriam para o
Rocha, sociólogo da Universidade logístico e à cessão de equipa- Haiti no mês de Dezembro e
2017 Observatório Sul-Americano de Defesa e Forças Armadas

teriam como um dos objetivos


capturar Duclonas. O treinamen-
to teve como meta estabelecer a
mesma situação que ocorre em
regiões violentas da capital haitia-
na, configurando uma inversão do
discurso até então presente na
mídia, de que a ação no Haiti seria
um treinamento para o posterior
emprego das Forças nas favelas
do Rio, demonstrando que, na
verdade, acreditava-se que as
situações eram concomitantes.
No dia 13 de dezembro de
2007, cerca de 200 integrantes do
Exército, muitos dos quais partici- brasileiras, a fim de evitar situ- ex-militares, os quais foram
param da MINUSTAH, ocuparam ações semelhantes às ocorridas acusados de usar táticas de
o Morro da Providência, favela do no ano de 1994, quando o Exér- guerrilha para preparar a
Rio de Janeiro, com a justificativa cito entrou nos morros do Rio “tropa do tráfico”.
de implantar projetos sociais no de Janeiro e alguns soldados Em 2014, em razão da
local, como a reforma de fachadas que participaram das ope- realização da Copa do Mundo
e telhados de moradias, além de rações foram posteriormente de Futebol no Brasil,
obras em creches e escolas. Não acusados na Justiça comum de empregou-se contingentes das
houve confronto ou troca de tiros cometer atos criminosos. Forças Armadas para ativi-
entre os militares e traficantes, ao Em 2010, o Exército dades de segurança pública na
contrário do que ocorrera em brasileiro iniciou a missão de cidade do Rio de Janeiro. A
março de 2006, quando os mili- ocupação do Complexo do decisão pelo emprego das
tares ocuparam o morro para Alemão, conjunto de favelas na Forças Armadas foi tomada a
recuperar dez fuzis roubados de zona norte da cidade do Rio de partir de avaliações positivas
um quartel. Na avaliação do dire- Janeiro, em uma operação con- em relação a ocupação das
tor do Núcleo de Estudos junta com policiais, que comunidades da capital flumi-
Estratégicos da Universidade também contou com o apoio de nense. Assim, o modelo de par-
Federal Fluminense (UFF), Ro- membros da Marinha e da ceria entre Exército e polícia
naldo Leão, a ocupação do morro Aeronáutica, cujo objetivo era poderia nortear a política de
foi idêntica ao trabalho dos mili- combater a violência decor- segurança pública do mandato
tares brasileiros na missão da rente do tráfico. Segundo José da presidenta Dilma Rousseff.
ONU, apesar da topografia da Mariano Beltrame, secretário Os membros do Exército pos-
favela do Rio de Janeiro ser dife- de Segurança do Rio de Janeiro suíram prerrogativa para revis-
rente do cenário haitiano. à época, as operações exigiam tar residências, prender e
Somente seis meses depois, em que os militares estivessem perseguir suspeitos e atuar
junho de 2008, o ministro da sempre acompanhados por ao diretamente em confrontos;
Defesa, Nelson Jobim, declarou à menos um policial civil, militar sendo esta a primeira vez que
imprensa que estava trabalhando ou federal, pois apenas estes esta Força atuou com poder de
na preparação de um estatuto possuem o poder de polícia polícia, após a redemocra-
jurídico para regulamentar a judiciária. Cinco dos trafi- tização do país, em 1985. O
atuação das Forças Armadas em cantes procurados na operação plano era estender a partici-
conflitos nas cidades do Complexo do Alemão eram pação do Exército no interior
Observatório Sul-Americano de Defesa e Forças Armadas 2017

do complexo do Alemão, numa de 2006 e 2007. nho, no complexo da Maré,


segunda etapa da ocupação do Nos anos seguintes, foi entre outros, sempre com os
conjunto de favelas. Desta forma, recorrente o debate acerca da argumentos respaldados na
as tropas deixariam de atuar utilização das Forças Armadas atuação brasileira na pacifi-
apenas no entorno da comuni- na ocupação e pacificação das cação de Citè Soleil no Haiti.
dade, passando a acessar seu inte- avelas cariocas, além de
rior, com o objetivo auxiliar na divergências sobre sua eficácia.
instalação de uma Unidade de Mesmo com opiniões con-
Polícia Pacificadora (UPP), em trárias, as ações foram manti-
operações semelhantes às ações das e expandidas, com mili-
de pacificação empregadas pelas tares presentes não só no Com-
tropas brasileiras na favela de Citè plexo do Alemão, mas também
Soleil, no Haiti, durante os anos na Rocinha, no Pavão-Pavãozi-

O EMPECILHO GERADO PELAS CATÁSTROFES NATU-


RAIS
Por Guilherme Coscrato Rasquini e Solano Pereira d’Oliveira

força durante a vigên-


cia da Minustah, desta-
cando-se três: a tem-
pestade tropical
Jeanne em 2004, um
terremoto em 2010 e o
furacão Matthew no
ano de 2016.
Entre os dias 18
e 19 de Setembro de
2004, o Haiti foi atin-
gido por uma tem-
pestade tropical batiza-
da de Jeanne, e a
região de Gonaives foi
a mais afetada,
enquanto as cidades de

D
Porto Príncipe e Hinche foram
urante o período compre- Inseridas nesse cenário, as
focos secundários. Nestes dois
endido entre 2004 e 2017, catástrosfes naturais possuem
municipíos não houve fatali-
a Missão das Nações Unidas para um papel relativamente impor-
dades, no entanto, eram
a Estabilização no Haiti (MI- tante, pois, ao ocorrerem,
regiões que comportavam o
NUSTAH) enfrentou uma ampla alteram de forma significativa o
principal contingente militar
gama de catástrofes naturais que curso da missão. Faz-se
brasileiro da época, o que
atingiram não somente os agentes necessário, portanto, discursar
começa a delinear a relação
militares da própria missão, como sobre os principais eventos
deste evento com o tema deste
também os habitantes haitianos. naturais que possuíram essa
2017 Observatório Sul-Americano de Defesa e Forças Armadas

escrito. Ainda assim, essa relação


fica melhor esclarecida ao analis-
ar a região de Goinaves especifica-
mente, pois nela houveram mais
de 600 mortes confirmadas de
cidadãos haitianos, por conta dos
danos causados por Jeanne.
Frente a essa situação, 30 mili-
tares brasileiros foram enviados
para auxiliar a tropa argentina
presente na região com os proje-
tos de assistência humanitária,

As decisões e deter-
minações militares
passaram a dispor de próximo ao local de maior con- assim, militares brasileiros
menor contingente e a centração de tropas militares novamente precisaram ser des-

preocuparem-se com brasileiras. Nessa ocasião, 18


militares brasileiros morre-
locados da capital para outras
áreas do país, que passaram a
entrega de suprimen- ram, diversos outros voltaram ser mais necessitadas, a fim de
tos através da Força ao Brasil, fazendo-se controlar confrontos sociais e
Aérea Brasileira necessário o envio de 900 auxiliar as vítimas. Em decor-
novos militares ao país. A inca- rência do desastre, houve a
embora a atuação brasileira pacidade brasileira de necessidade de levar supri-
estivesse, inicialmente, planejada responder de mandeira ade- mentos (alimentos, medica-
para ocorrer somente na capital quada à situação também levou mentos, barracas para mora-
Porto Príncipe. a uma maior força de vontade dia), prestar outras assistên-
O intuito de continuar com aos opositores da intervenção cias às pessoas em si, reabrir
a manutenção de paz enquanto da Minustah e, embora a maior estradas que ficaram barradas
disponibilizavam-se auxílios às parte da população haitiana com a destruição e escoltar
vítimas da catástrofe alterou per- ainda fosse favorável à estadia comboios de outros órgãos
ceptivelmente o rumo das dis militares, tal fato fez com humanitários que chegaram na
decisões e determinações mili- que os organizadores utiliza- região.
tares, que passaram a dispor de rem-se do discurso para justifi-
menor contigente na Capital e a car a manutenção da missão no
preocupar-se com a entrega de país.
suprimentos através da Força Por fim, o furacão Mat-
Aérea Brasileira (FAB), mesmo thew configura o terceiro
esta passando por dificuldades evento catastrófico a atingir o
financeiras na época. Haiti e consequentemente a
O segundo grande evento Minustah no período de 2004 a
de destaque foi o terremoto que 2017. A tempestade Matthew
assolou o território haitiano no passou pelo país no ano de
dia 12 de janeiro de 2010, cujo 2016, ao final de Setembro, e
epicentro se localizava próximo à deixou por volta de 1,4 milhão
capital do país e, consequente- de haitianos em necessidade de
assistência humanitária. Sendo
Observatório Sul-Americano de Defesa e Forças Armadas 2017

ADVERSIDADES ENFRENTADAS PELAS FORÇAS ARMADAS NA MINUSTAH


Por Stephanie Loli Silva e Matheus Bittencourt de Amorim
primeira barreira a se transpor
foi corte progressivo nas recei-
tas das Forças Armadas, esse
valor que deixava de ser arreca-
dado acarretava dificuldades
orçamentarias que afetaram o
pagamento de bônus recebido
por militares quando atuam em
missões no exterior. Para além
das questões financeiras, antes
mesmo do início da missão a
Marinha e a Força Área já se
deparavam com a insuficiência
de peças e suprimentos a serem
utilizados para a execução da
campanha.
Nos primeiros meses da
ação militar, os relatos já
mostravam que as tropas bra-
sileiras em seus primeiros efeti-
vos encontravam situações
precárias de moradia, os solda-
dos brasileiros dormiam em
barracas e ficavam expostos ao
frio. Em entrevista em julho de
2004 o general Augusto Heleno
Ribeiro Pereira afirmou “a
tropa está driblando esses
problemas com iniciativa e cria-
tividade”.
As adversidades que

A ação da MINUSTAH nos 13


anos em que esteve
presente no Haiti não foi consti-
modo, não são amplamente
divulgados ou vistos. Convém,
portanto, atentar aos pro-
atingiam as tropas não se
limitaram a falta de estrutura
de alojamento, mesmo com
tuída exclusivamente por planeja- blemas enfrentados por solda- ares de uma ação pouco belicis-
mento operacional e militar, dos, tropas e até mesmo a po- ta e violenta, os perigos ronda-
sendo assim, as ações das tropas pulação local no período de vam as tropas. Relatórios emi-
que compuseram o front foram 2004 a 2017. tidos pelo Itamaraty em
atingidas direta e indiretamente Dado o início da missão outubro de 2004 mostraram
por algumas adversidades que no ano de 2004, as tropas bra- que os efetivos brasileiros cor-
sobrevieram sob a missão. Esses sileiras se preparavam para a riam riscos com a aproximação
fatos em algum grau, revelaram chegada no Haiti contando, da eleição e ainda que soldados
traços das operações que, a gross0 com alguns obstáculos. A brasileiros eram alvos preferen-
2017 Observatório Sul-Americano de Defesa e Forças Armadas

ciais de rebeldes. Além da violên-


cia, doenças atingiram aqueles
que compuseram as tropas: em
novembro de 2004 um soldado
contraiu malária durante o tempo
de serviço no Haiti. Segundo o
militar, não houve nenhum
suporte financeiro e médico por
parte do Estado. Outro caso
chamou a atenção, em 2007 no
retorno de um pelotão, um solda-
do em exames após o tempo de
serviço foi diagnosticado com
HIV, o caso não foi amplamente
divulgado, porém veio a conheci-
mento público.
Não foram raras as vezes
durante os 13 anos de atuação que
as tropas postas reclamaram da
falta de estrutura e apoio, os pro-
blemas expostos no começo da
missão se estenderam para além
de 2004. Em 2005, o gene- de infantaria em maio de 2005. cólera exigiu cuidados espe-
ral-de-brigada Américo Salvador O sismo catastrófico que ciais para a prevenção dos
de Oliveira, da brigada brasileira devastou o Haiti em janeiro de oficiais em atividade.
de força de paz, afirmou que o 2010 levou à óbito 18 militares No ano de 2011, o minis-
primeiro ano da missão foi difi- brasileiros que atuavam na tro da Defesa, Celso Amorim,
cultado em grande medida pela missão de paz. Um decreto do defendeu a retirada das tropas
burocracia da ONU e pelas então presidente da República, no Haiti, argumentando que os
promessas não cumpridas pela Luís Inácio Lula da Silva, custos da operação ultrapassa-
organização. Em razão de garantiu a indenização às vam a estimativa de um bilhão
questões burocráticas, o quartel famílias dos oficiais mortos. No de reais, incluindo, dentre
da operação militar mudou três mesmo ano, uma epidemia de outras, despesas com
vezes em seis meses, fato esse que
atrapalhou a execução de um
Dentre as promes- infraestrutura, deslocamentos
e capacitação. Parte desse valor
planejamento logístico efetivo. sas não cumpridas deveria ser ressarcido ao Brasil
Dentre as promessas não pela Organização através da ONU, contudo, o
cumpridas pela Organização das das Nações Unidas percentual compensatório
Nações Unidas (ONU) estão a (ONU) estão a aus- enviado pela instituição nos
ausência de alojamentos de alve-
naria para as tropas e o atraso das
ência de alojamen- primeiros seis anos da missão

tos de alvenaria para


limitou-se a 16,5% dos gastos
obras de reconstrução civil e ação totais, sendo este valor consi-
social. A não evolução do processo as tropas e o atraso derado demasiado baixo pelas
de reconstrução da infraestrutura das obras de recon- Forças Armadas. Em 2012, o
do país fez com que o Exército strução civil e ação valor ressarcido ao Brasil atin-
enviasse ao Haiti uma tropa maior
de engenheiros do que soldados
social. giu os 26%, mas as autoridades
políticas se queixavam sobre o
Observatório Sul-Americano de Defesa e Forças Armadas
2017

prolongamento da missão e os no Haiti após a retirada, visto


elevados gastos aos cofres públi- que, primeiramente, seria
cos, visto que o MINUSTAH, necessário que o contingente
inicialmente, teria duração de seis policial haitiano estivesse apto
meses e estimava-se R$ 150 a garantir a segurança nacio-
milhões em gastos, valor muito nal, o que ainda é incerto.
abaixo dos R$ 1,97 bilhões
despendidos até 2012. Ademais
dos gastos salariais, até dezembro
de 2012 o governo brasileiro já
havia gasto R$ 689 milhões em
adicionais para os militares, que
consiste em uma indenização
prevista em lei revertida em
remuneração mensal extra, paga
em dólares aos militares que
atuaram na missão.
A meta divulgada pela
ONU, em 2013, para a retirada da
MINUSTAH foi fixada no ano de
2016, contudo, uma das princi-
pais preocupações das Forças
Armadas brasileiras residia na
conjuntura da segurança pública
Retrospectiva da Missão das Nações
Unidas para a Estabilização do
Haiti (MINUSTAH)

Créditos

Textos:
Bruna Carolina da Silva Souto: Graduanda em Relações Internacionais pela Universidade
Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), campus de Franca-SP. Membro em treinamento
do Observatório Sul-Americano de Defesa e Forças Armadas;

Gabriela Fideles Silva: Graduanda em Relações Internacionais pela Universidade Estadual


Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), campus de Franca-SP. Redatora do Observatório Sul-
Americano de Defesa e Forças Armadas;

Guilherme Coscrato Rasquini: Graduando em Relações Internacionais pela Universidade


Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), campus de Franca-SP. Redator do Observatório
Sul-Americano de Defesa e Forças Armadas;

Gustavo Henrique Gonçalves Ferreira: Graduando em Relações Internacionais pela


Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), campus de Franca-SP. Redator do
Observatório Sul-Americano de Defesa e Forças Armadas;

Leonardo Dias de Paula: Graduando em Relações Internacionais pela Universidade Estadual


Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), campus de Franca-SP. Redator do Observatório Sul-
Americano de Defesa e Forças Armadas;

Matheus Bittencourt de Amorim: Graduanda em Relações Internacionais pela Universidade


Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), campus de Franca-SP. Redatora do Observatório
Sul-Americano de Defesa e Forças Armadas;

Natália Rodrigues Germano: Graduanda em Relações Internacionais pela Universidade Estadual


Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), campus de Franca-SP. Redatora do Observatório Sul-
Americano de Defesa e Forças Armadas;

Solano Pereira d’Oliveira: Graduando em Relações Internacionais pela Universidade Estadual


Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), campus de Franca-SP. Membro em treinamento do
Observatório Sul-Americano de Defesa e Forças Armadas;
Sophia Teixeira e Souza: Graduanda em Relações Internacionais pela Universidade Estadual
Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), campus de Franca-SP. Redatora do Observatório Sul-
Americano de Defesa e Forças Armadas;

Stephanie Loli Silva: Graduanda em Relações Internacionais pela Universidade Estadual Paulista
“Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), campus de Franca-SP. Redatora do Observatório Sul-Americano
de Defesa e Forças Armadas.

Supervisão:
Juliana de Paula Bigatão: Doutora pelo Programa de Pós-Graduação San Tiago Dantas
(UNESP/UNICAMP/PUC-SP). Supervisora final do Observatório Sul-Americano de Defesa e Forças
Armadas;

Laura Meneghim Donadelli: Doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação San Tiago Dantas
(UNESP/UNICAMP/PUC-SP). Supervisora final do Observatório Sul-Americano de Defesa e Forças
Armadas.

Edição e diagramação:
Amanda Simon: Graduada em Publicidade e Propaganda pela Escola Superior de Administração,
Marketing e Comunicação (ESAMC), campus de Sorocaba-SP;

Natália Rodrigues Germano: Graduanda em Relações Internacionais pela Universidade Estadual


Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), campus de Franca-SP. Redatora do Observatório Sul-
Americano de Defesa e Forças Armadas.

Referências
Textos:
A missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti: uma alternativa
para a crise?:

OBSERVATÓRIO SUL-AMERICANO DE DEFESA E FORÇAS ARMADAS. Informe


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OBSERVATÓRIO SUL-AMERICANO DE DEFESA E FORÇAS ARMADAS. Informe
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“Os obstáculos à reconstrução do Haiti pelas Forças de Paz brasileiras”:

OBSERVATÓRIO SUL-AMERICANO DE DEFESA E FORÇAS ARMADAS. Informe


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________. Informe Brasil n. 199/2006, fevereiro, 2006. Disponível em:


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<http://unesp.br/gedes/produtos/arquivos/e8a130b7e24a7be6f1ad7231bb4fbe94.pdf>

Imagens:
Pag. 01
Imagem 1: UN Photo/Logan Abassi. Brazilian Peacekeepers with the United Nations
Stabilization Mission in Haiti (MINUSTAH) hold a ceremony to mark the termination of their
operations and the beginning of their withdrawal from Haiti prior to the closing of MINUSTAH
October 15, 2017.

Imagem 2: UN Photo/Audrey Goillo. Flag raising by MINUSTAH authority and the Hon. Jean
Tolbert Alexis, President of the Lawer Chamber. MINUSTAH peacekeepers and Haiti National
Police commemorate International Peacekeepers day in Camp Charlie, Port-au-
Prince. UN/MINUSTAH. Peacekeepers Day ceremony 2013.

Pag. 02
Imagem 1: UN Photo/Pasqual Gorriz. Major General Floriano Peixoto Vieira Neto (front,
right), Force Commander of the United Nations Stabilization Mission in Haiti (MINUSTAH),
chats with Haitian President René Garcia Préval during an official visit from President of Brazil
Luiz Inácio Lula da Silva (left). Port-au-Prince, Haiti. 25 February 2010.

Imagem 2: UN Photo/Logan Abassi. A Brazilian Peacekeeper from the United Nations


Stabilization Mission in Haiti (MINUSTAH) provides security at a voting center in Cité Soleil,
Port-au-Prince, during the second round of the senatorial elections in Haiti.Port-au-Prince,
Haiti. 21 June 2009

Pag. 03
Imagem 1: Haiti Innovation. MINUSTAH at Baker Rally. Flickr. 4 de fevereiro de 2006.

Pag. 05
Imagem 1: UN Photo/Marco Dormino. Jordanian peacekeepers of the United Nations
Stabilization Mission in Haiti (MINUSTAH) paint a gate as they aid in the renovation of the
National School. Port-au-Prince, Haiti. 10 October 2008.

Pag. 06
Imagem 1: UN Photo/Pasqual Gorriz. A Japanese brigade of military engineers with the United
Nations Stabilization Mission in Haiti (MINUSTAH) level terrain in Port-au-Prince, Haiti, to
make way for a non-governmental organizations (NGOs) cluster. Port-au-Prince, Haiti. 17
February 2010.

Pag. 07
Imagem 1: UN Photo/Pasqual Gorriz. A Japanese brigade of military engineers with the United
Nations Stabilization Mission in Haiti (MINUSTAH) level terrain in Port-au-Prince, Haiti, to
make way for a non-governmental organizations (NGOs) cluster. Port-au-Prince, Haiti. 17
February 2010.

Pag. 08
Imagem 1: UN Photo/Logan Abassi. Two Members of the Formed Police Unit of the Nigerian
contingent of the United Nations Stabilization Mission in Haiti (MINUSTAH) assist National
Police officers to contain university student protesters. Port-au-Prince, Haiti. 12 June 2009.

Pag. 09
Imagem 1: UN Photo/Pasqual Gorriz. Brazilian peacekeepers with the United Nations
Stabilization Mission in Haiti (MINUSTAH) are tasked with patrolling Cité Soleil, a
notoriously dangerous slum on the outskirts of Port-au-Prince, Haiti. Since MINUSTAH
penetrated the area in 2004 crime rates have dropped substantially. Cité Solei, Haiti. 23
February 2010.

Pag. 10
Imagem 1: UN Photo/Pasqual Gorriz. Brazilian peacekeepers with the United Nations
Stabilization Mission in Haiti (MINUSTAH) are tasked with patrolling Cité Soleil, a
notoriously dangerous slum on the outskirts of Port-au-Prince, Haiti. Since MINUSTAH
penetrated the area in 2004 crime rates have dropped substantially. Cité Soleil, Haiti. 23
February 2010.
Pag. 11
Imagem 1: UN Photo/Pasqual Gorriz. Brazilian peacekeepers with the United Nations
Stabilization Mission in Haiti (MINUSTAH) are tasked with patrolling Cité Soleil, a
notoriously dangerous slum on the outskirts of Port-au-Prince, Haiti. Since MINUSTAH
penetrated the area in 2004 crime rates have dropped substantially. Cité Soleil, Haiti. 23
February 2010.

Pag. 12
Imagem 1: UN Photo/Marco Dormino. Members of the Jordanian battalion of the United
Nations Stabilization Mission in Haiti (MINUSTAH) carry children through flood waters after
a rescue from an orphanage destroyed by hurricane "Ike". Port au Prince, Haiti. 07 September
2008.

Pag. 13
Imagem 1 : UN Photo/Marco Dormino. Members of the Jordanian battalion of the United
Nations Stabilization Mission in Haiti (MINUSTAH) carry children through flood waters after
a rescue from an orphanage destroyed by hurricane "Ike". Port au Prince, Haiti. 07 September
2008.

Imagem 2: Cpl. Alicia R. Leaders. U.S. Marine Corps Forces, South. PORT-AU-PRINCE,
HAITI 11.06.2010.

Pag. 14
Imagem 1: Haiti Innovation. Confusion and Frustration. Flickr. 7 de fevereiro de 2006.

Pag. 15
Imagem 1: Ansel Herz. Haiti. 17 de novembro de 2010.

Pag. 16
Imagem 1: UN Photo/Marco Dormino. Carlos Alberto Dos Santos Cruz (centre), Force
Commander of the United Nations Stabilization Mission in Haiti (MINUSTAH) and other
military personnel of the United Nations peacekeeping mission, lead a rescue operation of the
student survivors of the collapsed three-storey La Promesse College in a suburban shantytown,
killing several people and injuring many more. Port-au-Prince, Haiti. 07 November 2008

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