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Gestão econômica de sistemas de produção de bovinos leiteiros1
1/
OLIVEIRA, André Soares de ; PEREIRA, Dalton Henrique . Gestão Econômica de Sistemas de Produção de Bovinos
Leiteiros. In: Rogério de Paula Lana, Antônio Bento Mancio, Geicimara Guimarães, Maria Regina de M. Souza. (Org.). I
Simpósio Brasileiro de Agropecuária Sustentável. 1ed.Viçosa: , 2009, v. 1, p. 106-133. ISBN: 21760470.
1. Conceito e classificação de sistemas de produção de bovinos leiteiros
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OLIVEIRA, André Soares de ; PEREIRA, Dalton Henrique . Gestão Econômica de Sistemas de Produção de Bovinos
Leiteiros. In: Rogério de Paula Lana, Antônio Bento Mancio, Geicimara Guimarães, Maria Regina de M. Souza. (Org.). I
Simpósio Brasileiro de Agropecuária Sustentável. 1ed.Viçosa: , 2009, v. 1, p. 106-133. ISBN: 21760470.
Diversos critérios de classificação dos sistemas de produção de leite podem ser
adotados, cuja escolha depende dos objetivos propostos (Gomes, 2000). Os mais utilizados
são os relacionados com a composição genética do rebanho, ao manejo da alimentação
volumosa ou com a intensificação da produção.
a) Grupo genético predominante do rebanho
. sistema que adota predominantemente gado zebu (abaixo de 1/2 europeu:zebu)
. sistema que adota predominantemente gado mestiço (entre 1/2 a 7/8 europeu:zebu)
. sistema que adota predominantemente gado europeu (superior a 7/8 europeu:zebu)
c) Intensificação da produção
Neste critério, os sistemas são classificados de maneira subjetiva em intensivos, semi-
intensivos e extensivos. A intensificação pode ser avaliada pela produtividade do fator de
produção mais limitante (terra). Neste aspecto, como a produção de leite por unidade de área
representa o produto da produção por vaca e o número de vaca por unidade de superfície, a
mesma relaciona-se com adoções de insumos e tecnologias que poupam o fator terra,
mediante aumento da produção por vaca e/ou do número de vaca/área.
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OLIVEIRA, André Soares de ; PEREIRA, Dalton Henrique . Gestão Econômica de Sistemas de Produção de Bovinos
Leiteiros. In: Rogério de Paula Lana, Antônio Bento Mancio, Geicimara Guimarães, Maria Regina de M. Souza. (Org.). I
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A partir da análise de renda bruta e dos custos descritos anteriormente, pode-se
resumidamente, obter os seguintes indicadores:
Lucro = RB – CT (3)
Rentabilidade (% ao ano) = [ML anual (R$/ano) ÷ capital investido (R$)] x 100 (4)
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OLIVEIRA, André Soares de ; PEREIRA, Dalton Henrique . Gestão Econômica de Sistemas de Produção de Bovinos
Leiteiros. In: Rogério de Paula Lana, Antônio Bento Mancio, Geicimara Guimarães, Maria Regina de M. Souza. (Org.). I
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Tabela 1 – Interpretação dos resultados de renda bruta (RB), margem bruta (MB), margem
líquida (ML), lucro (L) e rentabilidade (R, % ao ano)
Situação MB ML L R Tendência
Colapso e paralisação
RB < COE <0 <0 <0 <0
da produção
Sucatear bens.
COE < RB < COT >0 <0 <0 <0 Sustentabilidade
apenas no curto prazo
Sustentabilidade
COT = RB >0 =0 <0 =0
apenas no médio prazo
Sustentabilidade no
COT < RB < CT >0 > 0 < Cop <0 > 0 < TJOp longo prazo
comprometida
Equilíbrio e
RB = CT >0 = Cop =0 = TJOp sustentabilidade no
longo prazo
Crescimento e
RB > CT >0 > Cop >0 > TJOp sustentabilidade no
longo prazo
Cop = custo de oportunidade
TJop = taxa de juros real de oportunidade (% ao ano)
Empresa
Item1
A B C D E F
RB, R$/ano 100.000 100.000 100.000 110.000 160.000 180.000
COE, R$/ano 110.000 90.000 80.000 70.000 80.000 85.000
COT, R$/ano 130.000 110.000 100.000 90.000 100.000 105.000
Cop, R$/ano 60.000 60.000 60.000 60.000 60.000 60.000
CT, R$/ano 190.000 170.000 160.000 150.000 160.000 165.000
Capital investido, R$ 1.000.000 1.000.000 1.000.000 1.000.000 1.000.000 1.000.000
MB, R$/ano -10.000 10.000 20.000 40.000 80.000 95.000
ML, R$/ano -30.000 -10.000 0 20.000 60.000 75.000
Lucro, R$/ano -90.000 -70.000 -60.000 -40.000 0 15.000
Rentabilidade, % ao ano -3,0 -1,0 0,0 2,0 6,0 7,5
1
RB = renda bruta; COE= custo operacional efetivo; COT = custo operacional total; CT = custo total; Cop =
custo de oportunidade (capital investido x 6% ao ano); MB = margem bruta; ML = margem líquida.
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2.4 Ponto de nivelamento
O ponto de nivelamento (PN) representa o nível de produção que permite obter renda
bruta igual ao custo total, ou seja, lucro zero (Figura 2). Constitui-se em importante
ferramenta de auxílio no diagnóstico e planejamento da atividade. Pode ser calculado
conforme equação descrita abaixo:
Ponto de nivelamento (litros de leite/ano) = (CT – COE) ÷ (Preço do leite – COEMe) (5)
Em que:
CT = custo total do leite (R$/ano);
COE = Custo operacional efetivo do leite (R$/ano);
Preço do leite (R$/litro);
COEMe = Custo operacional efetivo médio do leite (R$/litro).
PN Produção
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3 – Análises dos fatores que afetam a rentabilidade em sistemas de produção de bovinos
leiteiros
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Rendimento forrageiro (massa de MS
UA médio do potencialmente digestível)
RB / capital em rebanho (UA/cab)
animais Consumo médio de MS potencialmente
digestível de forragem por UA
Lucratividade COT/RB
(%) (%) Gasto com alimento concentrado / RB
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Guimarães, Maria Regina de M. Souza. (Org.). I Simpósio Brasileiro de Agropecuária Sustentável. 1ed.Viçosa: , 2009, v. 1, p. 106-133. ISBN: 21760470.
O primeiro passo da análise consiste em fracionar a rentabilidade em dois
componentes: taxa de giro do capital investido (TGC) (equação 6) e lucratividade (equação
7).
em que: RBAL = renda bruta da atividade leiteira, CTIAL = capital total investido na atividade
leiteira, MLAL = margem líquida da atividade leiteira.
Este fracionamento é possível, pois a rentabilidade também pode ser calculada pelo
produto da TGC e lucratividade.
Rentabilidade (% ao ano) = {[RBAL (R$/ano) ÷ CTIAL (R$)] x 100 x [MLAL (R$/ano) ÷ RBAL] x
100} / 100 (9)
máxima
TGC e lucrativide ade
e
Lucratividade
Rentabilidade
TGC
ótimo
Tabela 3 - Estimativa da taxa de giro do capital investido (TGC) necessária para obtenção de
rentabilidade de 6% ao ano em sistemas de produção de leite eficientes que
utilizam rebanhos holandês, mestiço ou zebu
Item Rebanho1
Holandês Mestiço Zebu
Lucratividade1 (%) 9,9 18,0 29,6
TGC2 (% ao ano) 60,6 33,3 20,3
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Conforme já apresentado, a TGC está associada com a eficiência de utilização dos
fatores produtivos que compõem o capital investido (terra, animal, benfeitorias e máquinas).
Considerando que a venda com leite representa o componente majoritário da renda bruta na
atividade leiteira, a eficiência pode ser avaliada pelo somatório da produção de leite por
unidade de capital investido em terras, animais, máquinas e benfeitorias. O peso de
produtividade de cada fator na TGC depende da participação dos mesmos na composição do
capital total investido.
No Diagnóstico da Pecuária Leiteira do Estado de Minas Gerais (2005) realizado pela
FAEMG, com 1.000 produtores de leite avaliados, foi verificado que o fator terra representa o
principal componente do capital total investido na produção de leite, independente do
tamanho da produção (Figura 5). Em média, o capital investido em terras, animais,
benfeitorias e máquinas representaram 71, 13, 10 e 7% do capital total investido. Com a
ampliação do tamanho da produção (litros/produtor/dia), aumenta-se a participação dos
animais e das máquinas no capital investido em razão do maior potencial genético dos
animais e maior intensidade de uso de tecnologias poupadoras do fator mão-de-obra. Porém o
capital investido em terras ainda é majoritário. Diante deste quadro, verifica-se que a
produtividade da terra representa o principal fator que influencia a TGC em sistemas de
produção de bovinos leiteiros. O aumento da produtividade da terra eleva a TGC.
90%
80%
al
70%
60%
% do capital total
50% Terras
40% Animais
30% Benfeitorias
20% Máquinas
10%
0%
< 50 50 - 200 200 - 500 500 - 1000 > 1000
Estratos de produção de leite (litros/produtor/dia)
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Tabela 4 – Efeito da proporção de vacas em lactação no rebanho (VLTR) e da taxa de lotação
da área utilizada pelo rebanho (TL) sobre o número de vacas em lactação por
unidade de superfície (VL/ha)1
A taxa de lotação (TL) é afetada pelo rendimento forrageiro (massa de matéria seca
potencialmente digestível-MSpd/ha), pela eficiência de utilização da MSpd produzida
(ingestão/produção) e pelo nível de ingestão de MSpd (Tabela 6). O rendimento forrageiro é
afetado diretamente por fatores abióticos como suprimento de nutrientes, condições edáficas,
radiação fotossinteticamente ativa, temperatura, umidade, entre outros; por fatores bióticos
como a espécie forrageira e, também, por fatores de manejo.
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Tabela 6 – Efeito do rendimento forrageiro e da eficiência de utilização da forragem
produzida sobre a taxa de lotação1, expressa em número de unidades animais
(UA) por hectare
Eficiência de utilização da forragem produzida
Rendimento forrageiro
(Ingestão/Produção)
(ton MSpd/ha/ano)2
0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80
10 0,27 0,55 0,82 1,10 1,37 1,64 1,92 2,19
20 0,55 1,10 1,64 2,19 2,74 3,29 3,84 4,38
30 0,82 1,64 2,47 3,29 4,11 4,93 5,75 6,58
40 1,10 2,19 3,29 4,38 5,48 6,58 7,67 8,77
50 1,37 2,74 4,11 5,48 6,85 8,22 9,59 10,96
1
TL (UA/ha) = (rendimento forrageiro x 1.000 x eficiência) ÷ (consumo diário de MSpd x 365 dias).
Considerou-se ingestão de 10 kg de MSpd/unidade animal/dia (2,2% do peso corporal).
2
MSpd = matéria seca potencialmente digestível (Paulino et al., 2008).
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as metas de desempenho e a escolha da própria estratégia. No nível operacional, auxilia na
definição das melhores práticas e processos para alcançar os objetivos estratégicos.
O princípio do benchmarking foi inicialmente adotado na administração de
organizações pelas empresas japonesas, na década de 1970. No entanto, o termo, como é
conhecido hoje, surgiu em 1984, cunhado por David Kearms, então diretor executivo da
Xerox Corporation. Desde então, grandes avanços metodológicos foram obtidos,
principalmente a partir da publicação da revista técnico-científica “Benchmarking: an
International Journal”, o que contribuiu para sua massificação. Em estudo realizado nos
últimos 14 anos (1993 a 2007), com 8.504 respostas de organizações em mais de 70 países,
abrangendo todos os continentes, foi observado que o benchmarking constitui-se na terceira
ferramenta de gestão mais adotada (entre 25), com 77% de adoção (Bain & Company, 2007).
Na pecuária de leite, apesar de recente, tem sido despertado o interesse de
pesquisadores, técnicos e produtores pela adoção deste princípio, em razão da possibilidade
de identificar e quantificar indicadores técnicos e financeiros que se relacionam com
rentabilidade (Gomes, 2005; Leiterman & Hadley, 2005; Oliveira et al., 2007; Camilo Neto,
2008; Nascif, 2008), bem como subsidiar debates sobre viabilidade de sistemas de produção
de leite (Ferreira, 2002).
O Projeto Educampo (modelo de assistência gerencial e tecnológica intensiva para
grupos de produtores rurais, desenvolvido pelo Sebrae-MG), tem divulgado sistematicamente
resultados de sistemas reais de produção de leite, que permitem determinar índices referência
globais, podendo auxiliar técnicos e produtores na administração do negócio. Alguns destes
indicadores estão apresentados na Tabela 7. Entretanto, segundo Oliveira et al. (2007), o
caráter dinâmico inerente ao ambiente de produção, a elevada diversidade socioeconômica,
cultural e edafoclimática que modulam os sistemas de produção, associado ao fato da pecuária
leiteira estar presente em mais de 80% dos municípios do Brasil, impõe restrições ao uso de
indicadores globais.
Neste sentido, Oliveira et al. (2007) e Camilo Neto (2008) desenvolveram trabalhos
com objetivo de identificar e quantificar indices referência de sistemas de produção de leite
no Extremo Sul da Bahia e no município de Ituiutaba-MG, respectivamente. Os dados
originaram-se de registros mensais, realizados durante 12 meses.
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OLIVEIRA, André Soares de ; PEREIRA, Dalton Henrique . Gestão Econômica de Sistemas de Produção de Bovinos
Leiteiros. In: Rogério de Paula Lana, Antônio Bento Mancio, Geicimara Guimarães, Maria Regina de M. Souza. (Org.). I
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Tabela 7 – Indicadores-referência globais para sistemas de produção de leite que apresentam
rentabilidade superior a 6% ao ano.
Especificação Valores
Gasto com mão-de-obra / valor da produção de leite Até 20%
Gasto com concentrado do rebanho / valor da produção de leite Até 30%
Lucratividade > 25%
No de vacas em lactação por área em uso pela atividade leiteira > 1 vaca/ha
Produtividade da terra ocupada pela atividade leiteira > 10 L/ha/dia
Produtividade da mão-de-obra permanente > 300 L/dia/homem
Capital investido (R$) / Produção diária de leite (L/dia) < R$ 700/L-dia
Fonte: Adaptado de Gomes (2003), Gomes (2005a), Gomes (2005b) e Gomes (2005c)
Número de vacas em lactação por área VL/ha 0,6407* 0,45 0,6728** 0,89
Produtividade das vacas em lactação L/vaca/dia 0,4658*** 6,21 0,6362** 12,04
Verificou-se que o preço médio do leite recebido pelos produtores não influenciou
(P>0,10) a rentabilidade. A taxa de giro do capital investido (TGC), bem como a
lucratividade, foram altamente correlacionadas (r > 0,65) com a rentabilidade. Dentre os
fatores diretamente relacionado com a TGC, destaca-se que o número de VL/ha foi mais
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correlacionado com a rentabilidade do que a produtividade das VL. Este comportamento
indica que a ampliação do número de VL/ha exerce maior influência sobre a intensificação
sustentável (maximização do lucro) da produção de leite do que o aumento da produtividade
das VL (Figura 3).
A rentabilidade foi correlacionada com a proporção de VL em relação ao TV, mas não
em relação ao total de animais do rebanho, denotando que o intervalo de partos e a duração da
lactação exerceram maior influência na rentabilidade do que a idade ao primeiro parto (Figura
3).
Dentre os fatores relacionados com a lucratividade, verificou-se que a produtividade
da mão-de-obra e, consequentemente, o gasto com mão-de-obra em relação à renda bruta,
tiveram as maiores correlações com rentabilidade. Salienta-se, contudo, que a produtividade
com o uso de alimentos concentrados (litros de leite produzido/ kg de alimento concentrado
consumido), bem como o gasto com alimento concentrado em relação à renda bruta não
influenciaram a rentabilidade.
Verificou-se ainda que os valores dos indicadores-referência nas regiões avaliadas são
diferentes em relação às aqueles globais apresentados na Tabela 7. Segundo Oliveira et al.
(2007), diferenças socioeconômicas, culturais e edafoclimáticas inerentes aos ambientes em
que os sistemas estão inseridos explicam as discrepâncias, o que remete a necessidade de
avaliações regionalizadas.
No Brasil, sempre existiram discussões e dúvidas entre produtores, técnicos e
pesquisadores com relação à escolha do melhor sistema de produção de bovinos leiteiros.
Conforme abordado anteriormente, a utilização do benchmarking também pode auxiliar neste
entendimento. Ferreira (2002) realizou um interessante trabalho ao comparar, por meio do
procedimento análise envoltório de dados, produtores eficientes e ineficientes. O autor
analisou 105 produtores de leite, divididos em três grupos de acordo com a composição
genética do rebanho: holandês (vacas com grau de sangue acima de 7/8 holandês/zebu);
mestiço (vacas com grau de sangue entre 1/2 a 7/8 holandês/zebu) e, zebu (vacas com grau de
sangue abaixo de 1/2 holandês/zebu). A compilação dos indicadores de tamanho, de
produtividade e econômicos dos produtores eficientes e ineficientes nos três grupos está
descrito na Tabela 9.
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Tabela 9 - Comparação entre produtores eficientes e ineficientes segundo o sistema de
produção de leite classificados de acordo com o grupo genético adotado (n = 105)
Grupo genético utilizado2
Itens1 Holandês Mestiço Zebu
Efic. Inef. Efic. Inef. Efic. Inef.
1. Produção e Produtividade
Produção diária de leite (litros/dia) 2.467 1.425 1.573 1.155 1.002 447
Produtividade das VL (litros/dia) 18,5 19,2 13,4 12,0 6,8 5,6
Área utilizada pela pecuária (ha) 109 92 181 161 302 250
Produtividade da terra (litros/ha/ano) 8.248 5.666 3.167 2.616 1.210 651
2. Indicadores Econômicos
Preço do leite (R$/L)3 0,740 0,720 0,678 0,682 0,611 0,613
COT do leite (R$/L)3 0,671 0,701 0,556 0,644 0,433 0,542
Gasto com MDO/ RB do leite (%) 13,2 20,6 16,4 21,6 20,4 30,6
Gasto com CONC/ RB do leite (%) 35,8 33,7 28,4 30,6 16,5 19,7
COE da atividade / RB da atividade (%) 80,6 85,5 71,9 84,7 58,5 70,9
Margem líquida (R$/ano)3 78.802 6.005 74.359 19.914 76.618 11.671
Margem líquida por área (R$/ha/ano)3 723 65 411 124 254 47
Rentabilidade (% ao ano) 3,6 0,07 5,8 1,2 5,7 0,9
Taxa de giro do capital investido (% ao
36,4 3,5 32,2 21,1 19,3 7,3
ano)
Lucratividade (% ) 9,9 2,0 18,0 5,7 29,6 12,3
Fonte: Adaptado de Ferreira (2002).
1
VL: vacas em lactação; COT: custo operacional total; MDO: mão-de-obra; CONC: alimento concentrado; COE:
custo operacional efetivo.
2
Holandês: vacas com grau de sangue acima de 7/8 holandês:zebu; Mestiço: vacas com grau de sangue entre 1/2
até 7/8 holandês:zebu; Zebu: vacas com grau de sangue abaixo de 1/2 H:Z (manejados de forma extensiva).
3
Valores monetários corrigidos para agosto de 2009 (IGP-DI).
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eficiência nos três grupos avaliados, indicando a elevada importância do número de
vacas/ha;
Quanto maior a especialização do rebanho, maior a necessidade de volume de
produção para viabilizar a atividade, sendo esta a principal restrição aos sistemas que
adotaram rebanhos classificado como holandês;
A maior restrição aos sistemas avaliados que utilizaram animais zebu é a necessidade
de grandes extensões de terra. Segundo dados do Censo Agropecuário do IBGE-1996,
praticamente 80% do leite produzido vêm de estabelecimentos com menos de 200
hectares de pastagem. Segundo Diagnóstico da Pecuária de Leite do Estado de Minas
Gerais, no ano de 2005, a área média ocupada pela atividade leiteira foi de 77,95 ha.
Assim, a tendência é que este sistema esteja presente em regiões de fronteiras
agrícolas, com menores preços e com maior disponibilidade de terras;
As restrições do sistema que utilizaram animais mestiços são menores do que os
demais, pois necessita de menor volume de produção que o sistema que utilizaram
gado holandês para viabilizar a atividade, e de menores extensões de terras que o
sistema composto por animais zebu;
A atratividade do negócio depende da combinação de produtividade com volume de
produção. Aumento de produtividade do rebanho sem ocorrer aumento expressivo no
volume de produção poderá não trazer os benefícios econômicos esperados.
5. Considerações finais
atratividade no longo prazo. A rentabilidade, por sua vez, representa o principal indicador de
de leite, os quais poderão trazer maior embasamento científico e aplicado para o debate sobre
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OLIVEIRA, André Soares de ; PEREIRA, Dalton Henrique . Gestão Econômica de Sistemas de Produção de Bovinos
Leiteiros. In: Rogério de Paula Lana, Antônio Bento Mancio, Geicimara Guimarães, Maria Regina de M. Souza. (Org.). I
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