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Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul

Juizados Especiais Cíveis e Criminais

Habeas Corpus nº 4000364-06.2013.8.12.9000 - 7ª Vara Juizado Especial de Campo


Grande
Relatora: Juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida
Impetrante: Odimar Luis Marcon
Advogado: Adv. da Parte Ativa Selecionada Não informado
Impetrado: Juiz de Direito da 7ª Vara do Juizado Especial da Comarca de Campo
Grande/MS
Advogado: Adv da Parte Passiva Selecionada Não informado

EMENTA
HABEAS CORPUS. TRANCAMENTO DE TERMO CIRCUNSTANCIADO DE
OCORRÊNCIA. DELITO PREVISTO NO ART. 330 DO CÓDIGO PENAL. CRIME
DE DESOBEDIÊNCIA. INEXISTÊNCIA DE INDÍCIOS DA ALEGADA
CONDUTA. FALTA DE JUSTA CAUSA QUE AUTORIZA A CONCESSÃO DO
REMÉDIO HEROICO.
Se o termo circunstanciado de ocorrência (TCO) instaurado por suposta prática do
delito previsto no art. 330 do Código Penal (desobediência) é completamente
desprovido de indícios da ocorrência da alegada conduta, é patente a falta de justa causa
para que o Ministério Público requeira, e juiz designe, audiência preliminar de que trata
o art. 72 da Lei Federal n. 9.099/1995, situação que conduz ao trancamento do
procedimento por via do remédio heroico do habeas corpus.

RELATÓRIO
O SR. Carlos Alberto Garcete de Almeida (Relator)

O paciente Odimar Luis Marcon impetra habeas corpus em razão


de alegado constrangimento ilegal que teria sido perpetrado pelo Juiz de Direito da
7ª Vara do Juizado Especial da comarca de Campo Grande.

Alega que; i) figura como autor do fato, por supostos delitos de


desobediência, nos Termos Circunstanciados de Ocorrência n.
0008945-73.2013.8.12.0110 e 0008738-74.2013.8.12.0110, em trâmite pelo
supracitado Juízo; ii) é Secretário Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Urbano; iii) esses TCO's tiveram origem em requisições da 34ª Promotoria de Justiça
do Meio Ambiente da Capital, pelas quais o promotor de justiça Alexandre Rasslan
buscava a realização de vistorias no Lote 10, Quadra G-50, Estrada NE-11, e no
Lote 5, Quadra SE-04, Estrada SE-04, ambos do Loteamento Chácara dos Poderes,
nesta Capital, sendo que ambas foram devidamente atendidas; iii) em nenhum
momento houve qualquer intenção de descumprir as noticiadas requisições
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ministeriais, a despeito de essas diligências não se enquadrarem dentre as atribuições


funcionais do titular da pasta do Meio Ambiente; iv) ademais, o crime de
desobediência só tem como sujeito passivo o particular, e não o agente público.

Busca, assim, o trancamento dos termos circunstanciados de


ocorrência em epígrafe, por manifesta atipicidade da conduta do paciente.

Foi concedida liminar para suspender os TCO's sub examine (f.


62).

A autoridade indigitada coatora prestou informações (f. 66-7).

O Ministério Público Estadual oficiante perante esta Turma


manifestou-se pela concessão da ordem, para o fim de determinar o trancamento dos
TCO's 0008945-73.2013.8.12.0110 e 0008738-74.2013.8.12.0110, em trâmite pelo
Juízo da 7ª Vara de Juizado Especial da Capital (f. 150-6).

VOTO
O SR. Carlos Alberto Garcete de Almeida (Relator)

Por requisição da 34ª Promotoria de Justiça do Meio Ambiente da


Capital (f. 17 e 79), foram instaurados os termos circunstanciados de ocorrência
acima indicados, com o fim de apurar possível prática do delito de desobediência
(CP, art. 330), que teria sido praticado pelo paciente, na qualidade de Secretário
Municipal do Meio Ambiente da Capital.

Ocorre que, da análise de cópias dos documentos carreados aos


autos, se denota que o paciente, a bem da verdade, atendeu o quanto requisitado pela
34ª Promotoria de Justiça da Capital, no que, neste particular, não se exsurge
eventual prática de delito de desobediência, que exigiria, em princípio, dolo de
descumprir ordem legal.

A própria autoridade indicada coatora recebeu esses TCO's e


designou audiência preliminar. Nada obstante, em sede de informações (f. 66-7),
informa que, a princípio, o paciente teria atendido às requisições do parquet,
conquanto não se saiba se a contento.

Logo, afigura-se-me flagrante a falta de justa causa não só para


uma ação penal, mas, até mesmo, para se requisitar a instauração de termos
circunstanciados de ocorrência contra o paciente. Tanto que o próprio Ministério
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Público, por meio do presentante de oficia nesta Turma Recursal, bem observou (f.
153):

[...]
Portanto, houve o cumprimento das requisições no último prazo
concedido, de modo que resta inviabilizado o prosseguimento dos
TCO's, configurando o constrangimento ilegal do paciente no caso
em apreço, por inexistir nos autos indícios suficientes de autoria e
prova da materialidade para impulsionar o processo em combate.
[...]

Logo, se o termo circunstanciado de ocorrência (TCO) instaurado


por suposta prática do delito previsto no art. 330 do Código Penal (desobediência) é
completamente desprovido de indícios da ocorrência da alegada conduta, é patente a
falta de justa causa para que o Ministério Público requeira, e juiz designe, audiência
preliminar de que trata o art. 72 da Lei Federal n. 9.099/1995, situação que conduz
ao trancamento do procedimento por via do remédio heroico do habeas corpus.

Posto isso, com apoio no parecer ministerial, CONCEDO ordem


de habeas corpus em favor de ODIMAR LUIS MARCON, qualificado nos autos,
para o fim de determinar o trancamento dos Termos Circunstanciados de Ocorrência
ns. n. 0008945-73.2013.8.12.0110 e 0008738-74.2013.8.12.0110, em tramitação
perante a 7ª Vara do Juizado Especial da comarca de Campo Grande-MS.

É o voto.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 3ª


Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na
conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, Dar provimento ao recurso, nos
termos do voto do relator.

Campo Grande,

Carlos Alberto Garcete de Almeida


Juiz Relator

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