Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
i n j n t n j h t O Hatier, 1994
! » 1 1 1 i . . uriglnal: i
’lmaginaire < .¡¡'.i lliul
Fernandes
Iüt
Implen,so no Brasil l'tnihki ín
lirazil
CIP-Brasil. Catalogação-na-fonte
Sindicato Nacional dos Editores de Livros, R]
Sumário
INTRODUÇÃO 3
3
0 imaginário
* Antigo aparelho (e ancestral do fax atual), inventado por Edouard Be- lin (1876-1963),
destinado à transmissão de imagens fixas de documentos (especialmente fotografias)
pela rede telefônica. (N.T.)
1
Mc Luhan, Understanding Media (Entendendo a mídia), Toronto, 1964.
4
5
O imaginario
1
P. Aroneanu, Le Maítre des signes (O mestre dos signos), Syros, Paris,
1989; M. Granet, La Pensée chinoise (O pensamento chinês), 1934, Albin
Michel, 1988.
5
Todas estas civilizações não-ocidentais, em vez de
fundamentarem seus princípios de realidade numa
verdade única, num único processo de dedução da
verdade, num modelo único do Absoluto sem rosto e por
vezes inominável, estabeleceram seu universo mental,
individual e social em fundamentos pluralistas, portanto,
diferenciados. Aqui, toda diferença (alguns mencionam um
“politeísmo de valores”2) é percebida como uma figuração
diferenciada com qualidades figuradas e imaginárias.
Portanto, todo “politeísmo” ipso Jacto é receptivo às
imagens (iconófilo) quando não aos ídolos (eidôlon, em
grego, significa “imagem”). Ora, o Ocidente, isto é, a
civilização que nos sustenta a partir do raciocínio socrático
e seu subseqüente batismo cristão, além de desejar ser
considerado, e com muito orgulho, o único herdeiro de
uma única Verdade, quase sempre desafiou as imagens. É
preciso frisar este paradoxo de uma civilização, a nossa,
que, por um lado, propiciou ao mundo as técnicas, em
constante desenvolvimento, de reprodução da
comunicação das imagens e, por outro, do lado da filosofia
fundamental, demonstrou uma diw confiança iconoclasta
(que “destrói” as imagens ou, pelo menos, suspeita delas)
endêmica.3
6
7
I
O PARADOXO DO IMAGINARIO
NO OCIDENTE
1. Um iconoclasmo endémico
8
0 paradoxo do imaginario no Ocidente
9
O imaginario
10
0 paradoxo do imaginario no Ocidente
11
O imaginario
12
0 imaginário
6G. Gusdorf, Les Principes de la pensée au siécle des Lumiéres (Os princípios
do pensamento no século das Luzes), Payot, 1971.
13
O imaginario
7
J.-P. Sartre, L'imaginaire (O imaginário), Gallimard, 1940. Para Sai tre a
imagem não passa de uma "quase observação", um "nada", uma
"degradação do saber" com um caráter "imperioso e infantil" "parecida ao
erro em Spinoza (s/c)", acrescenta ele, optando assim pela tese clássica a
partir de Aristóteles.
8 A. Burloud, La Pensée d'aprés les recherches expérimentales de H.J. Watt,
Messer et Bühler (O pensamento segundo as pesquisas experimentais de H.J.
14
0 paradoxo do imaginario no Ocidente
2. As resistências do imaginário
15
O imaginario
16
0 paradoxo do imaginário no Ocidente
17
O imaginario
18
0 paradoxo do imaginário no Ocidente
19
O imaginario
20
0 paradoxo do imaginário no Ocidente
21
O imaginario
22
O imaginario
26
0 imaginário
24
0 paradoxo do imaginario no Ocidente
18
Cl.-G. Dubois, Le Baroque, profondeur de 1'apparence (O barroco e a
profundidade da aparência), Larousse, 1973; D. Fernandez, Le Banquet des
anges, 1'Europe baroque de Rome à Prague (O banquete dos anjos, a Europa
barroca de Roma a Praga), Plon, Paris, 1984.
27
0 paradoxo do imaginário no Ocidente
25
0 paradoxo do imaginário no Ocidente
27
O imaginario
28
0 paradoxo do imaginário no Ocidente
29
O paradoxo do imaginario no Ocidente
30
0 paradoxo do imaginario no Ocidente
continuidade das imagens da retina. A transmissão
instantânea destas imagens e “filmes” à distancia será o
fruto da aplicação da telecomunicação oral (É. Branly, 1890;
A. S. Popov, 1895; G. Mar- coni, 1901) e depois das imagens
na televisão (B. Rosing, 1907; V K. Zworykin, 1910-1927) e a
descoberta da onda eletromagnética considerada “inútil e
puramente teórica” por H. Hertz (1888), seu inventor. Eis
um belo exemplo de cegueira de um sábio educado nas
escolas e laboratórios positivistas que se recusou a ver — e
prever — o importante resultado civilizacional de sua
descoberta, que permitirá a inesperada “explosão” da
comunicação e difusão das imagens. Estas receberíam ainda
os suportes magnéticos dos progressos da física e
passariam por uma expansão gigantesca com o advento do
videocassete (1972) e videodisco. Se nos detivemos
detalhadamente nesses inventores e suas invenções foi para
marcar bem a “perversidade” dos efeitos do progresso da
física e da química, bem como das experiências e
teorizações matemáticas do racionalismo iconoclasta do
Ocidente.
Aos nossos olhos, a ultrapassagem, quando não o
“fim” da “galáxia de Gutenberg”, pelo reino onipresente da
informação e da imagem visual teve conseqüências cujos
prolongamentos são apenas entrevistos pela pesquisa. 25 A
razão é muito simples: este “efeito perverso”
31
O imaginario
32
0 paradoxo do imaginario no Ocidente
33
II
As CIENCIAS DO IMAGINÁRIO
34
0 imaginário
35
As ciências do imaginario
outro — segundo o título célebre, “as formas e as
metamorfoses da libido” —, que a única virtude da imagem
não consistia na sublimação de um recalcamento neurótico,
pois o psiquismo normal continha uma função construtiva e
poética (poiesis: “criação”).
Não podemos deixar de mencionar o papel do
psiquiatra suíço Carl-Gustav Jung (1875-1961)26, o qual
“normalizou” o papel da imagem e foi o primeiro a
pluralizar a libido com clareza. Para Jung, a imagem, por
sua própria construção, é um modelo da autocons- trução
(ou “individuação”) da psique. Os doentes com
perspectivas de cura têm sonhos espontâneos ou desenham
círculos quadrangulados como aqueles usados nas
meditações do budismo tibetano (mandolas). Portanto, de
alguma forma, a imagem representa um “sintoma ao
contrário” e um indicador da boa saúde psíquica. Mas por
ser tão terapêutica e como o psiquismo não é orientado por
uma libido única e totalitária, ela abandona a unicidade
obsessiva e se pluraliza. O psiquismo divide- se em, pelo
menos, duas séries de impulsos: aqueles que se originam na
parte mais ativa, mais conquistadora, quando o animus
mostra-se freqüentemente sob os traços da grande imagem
arquétipa (do tipo arcaico, primitivo e primordial) do herói
que derrota o monstro e, por outro lado, aqueles elaborados
na parte mais passi- va, mais feminina e mais tolerante, a
anima, a qual surge muitas vezes sob a figura da mãe ou,
ainda, da Virgem... Por conseguinte, a imagem passou de
26 C.-G. Jung, ver Bibliografia.
36
As ciências do imaginario
um simples papel de sintoma ao de agente terapéutico, e
toda urna escola de pesquisadores, os estudiosos do “sonho
acordado”,27 tentará guiar os sonhos de um paciente para
que este libere, por meio de uma secreção, por assim dizer,
as imagens-anticorpos que contrabalançarão ou destruirão
as imagens neuróticas obsessivas.
Os seguidores de Jung aperfeiçoaram ainda mais o
pluralismo psíquico do mestre de Zurique. Não só há duas
matrizes arquetípicas produtoras de imagens e que se
organizam em dois esquemas míticos, animus e anima, mas
que se pluralizam num verdadeiro “politeísmo”
psicológico: a anima, por exemplo, pode ser Juno, Diana ou
Venus... O psiquismo não se limita a ser “tigrado” por dois
conjuntos simbólicos opostos, mas é também mosqueado
por uma infinidade de nuanças que remetem ao panteão
das religiões politeístas e das quais as astrologias modernas
mantiveram alguns traços.28
Os resultados clínicos foram confirmados pelo método
experimental dos testes “de projeção”, nos quais um sti-
mulus provoca uma manifestação espontânea dos conteúdos
psíquicos latentes. O teste mais conhecido é o que foi
37
O imaginario
38
O imaginário
39
O imaginario
40
As ciências âo imaginário
41
As ciencias do imaginario
42
v4s ciências do imaginário
43
0 imaginário
44
O imaginario
45
0 imaginário
46
As ciencias do imaginario
47
ds ciências do imaginário
48
ris ciências do imaginário
49
O imaginario
50
0 imaginário
51
O imaginario
52
As ciencias do imaginario
53
/lí ciências do imaginario
54
As ciencias do imaginario
55
O imaginario
4. As “Novas Críticas”:
da mitocrítica à mitoanálise
56
0 imaginário
58
As ciências do imaginario
59
A? ciências do imaginário
60
As ciencias do imaginario
61
O imaginario
62
As ciencias do imaginario
si J. Thomas (sob a direção de), Les Imaginaires des Latins (Os imaginários
dos latinos), P. Univ. Perpignan, 1992; Cl.-G. Dubois, La Con- ception de
l'histoire de France au XVIf siècle (A concepção da história da França no
século XVI), Nizet, Paris, 1977; Mots et règles, jeux et délires (Palavras e
regras, jogos e delírios), Paradigme, Caen, 1992.
63
d s ciências do imaginário
52
A. Pessin, Le Mythe du Peuple et Ia société française au XIX? siè- cle [O
mito do povo e a sociedade francesa no século 19], P.U.F., 1992; La Revêrie
anarchiste (1848-1914) [O onírico anarquista (1848-1914)], Méridiens, 1982.
64
0 imaginário
65
As ciencias do imaginário
54
H. Desroche, Socialisme et sociologie religieuse (O socialismo e a
sociologia religiosa), Cujas, 1963; A. Besançon, Les Origines inte- lectuelles du
léninisme (As origens intelectuais do leninismo), Cal- man-Lévy, 1977.
66
As ciências do imaginário
67
0 imaginário
68
As ciências do imaginário
69
As ciencias do imaginário
70
As ciencias do imaginario
71
O imaginario
72
As ciencias do imaginario
73
As ciencias do imaginário
74
As ciências do imaginário
75
O imaginario
76
As ciências do imaginário
77
III
A/ O alógico do imaginário
78
0 balanço conceituai e o novo método
79
0 imaginário
r''
(¡. Michaud, Introduction à une science de Ia littérature (Introdução a
uma ciência da literatura), Puhlan, Istambul, 1950.
80
O imaginario
2. A lógica do mito
81
0 imaginário
hl
L von Bertalanffy, Théorie générale des systèmes (A teoria geral <los sistemas),
Dunod, 1973.
82
0 balanço conceituai e o novo método
83
0 imaginário
84
0 balanço conceituai e o novo método
com outro objeto). O mito não raciocina nem descreve: ele tenta
convencer pela repetição de uma relação ao longo de todas as
nuanças (as “derivações”, como diria um sociólogo) possíveis.
A contrapartida desta particularidade é que cada mitema — ou
cada ato ritual — é o portador de uma mesma verdade relativa
à totalidade do mito ou do rito. O mitema com- 66 porta-se
como um holograma (Edgar Morin) no qual cada fragmento e
cada parte contém em si a totalidade do objeto.
Portanto, o imaginário, nas suas manifestações mais
típicas (o sonho, o onírico, o rito, o mito, a narrativa da
imaginação etc.) e em relação à lógica ocidental desde
Aristóteles, quando não a partir de Sócrates, é alógico. A
identidade não-localizável, o tempo não-assimétrico e a
redundância e metonimia “halográfica” definem uma lógica
“inteiramente outra” em relação àquela, por exemplo, do
silogismo ou da descrição eventualista, mas muito próxima, por
alguns lados, daquela da música. A música, da mesma forma
como o mito e o onírico, repousa sobre as inversões simétricas
dos “temas” desenvolvidos ou “variados”, um sentido que
somente pode ser conquistado pela redundância (o refrão, a
sonata, a fuga, o Leitmotiv etc.) persuasiva de um tema. A
música, acima de qualquer coisa, procede por uma ação de
imagens sonoras “obsessivas”.67
85
0 imaginário
coturno musical, uma entrevista com Monique Veaute), Avant-Scène Opéra (n°
74),1985; M. Guiomar, Le Masque et le fantasme, 1'imagination de Ia matière
sonore dans la pensée musí cale d'Hector Berlioz (A máscara e o fantasma, a
imaginação da matéria sonora no pensamento musical de Héctor Berlioz), Cortl,
1970.
86
O imaginario
3. A gramática do imaginario
87
0 imaginário
88
0 balanço conceituai e o novo método
89
0 imaginário
90
0 balanço conceituai e o novo método
91
0 imaginário
92
0 balanço conceituai e o novo método
93
0 imaginário
94
O balanço conceituai e o novo método
95
O imaginario
96
0 balanço conceituai e o novo método
97
O imaginario
98
0 balanço conceituai e o novo método
73 R. Sheldrake, Une nouvelle Science de Ia vie (Uma nova ciência da vida), trad.
fr., Le Rocher, 1985.
99
0 imaginário
100
0 balanço conceituai e o novo método
101
0 imaginário
102
0 balanço conceituai e o novo método
103
0 imaginário
104
0 balanço conceituai e o novo método
105
0 imaginário
106
0 imaginário
107
O imaginario
108
0 balanço conceituai e o novo método
109
O imaginario
110
0 balanço conceituai e o novo método
111
O imaginario
1 14
0 balanço conceituai e o novo método
113
O imaginario
114
Conclusão
115
0 imaginário
116
Conclusão
117
O imaginario
Bibliografía
Mais de cem títulos já foram citados no texto e nos rodapés deste livro. Na bibliografia
118
1958.
• B. Duborgel, ímaginaire et pédagogie, de l’inconoclasme scolaire a la culture des
songes, Sourire qui mord, 1983.
• G. Dumézil, Júpiter, Mars, Quirinus, (3 vols.), Gallimard, 1941- 1948.
• G. Durand, Les Structures anthropologiques de 1’imaginaire, introduc- tion à
1’archétypologiegénérale (1960), 11? ed., Dunod, 1993.
• M. Eliade, Aspects du mythe, Gallimard, 1966.
• FI.-F. Ellenberger, A la découverte de Vlnconscient. Histoire de la psychiatrie
dynamique, Simep, 1974.
• S. Freud, La Science des reves, Payot, 1950.
119
i tM*. ti Durand, Gilbert
0 imaginário: ensaio acerca das ciencias e da filosofia da Imagem / Gilbert Durand; tradução Renée Eve
Levié. — Rio de Janeiro: DIFEL, 1998. O imaginario
128p. — (Coleção Enfoques. Filosofia)
9M If.'if, CDD153.3
CDU 159.954
120