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Conto: Quanto vale?

10 de dezembro de 2015 Priscila Quezia

Maria era uma moça que desde pequena trabalhara para ajudar nas despesas da família, começou em uma
pequena empresa de sacos plásticos e embora a natureza simples do local, ela trabalhava com esmero e
diligência. Mesmo sendo exigente sob o serviço designado, todos naquele local a respeitavam e a tratavam
dignamente. Mas quando tudo ia bem, a empresa faliu e Maria teve de procurar um outro emprego. Visto
que era muito competente, responsável e confiável, qualidades essas procuradas por qualquer
empregador, Maria logo conseguiu um novo emprego. Nesse ela começou como auxiliar de gerente e após
esforço e estudo, conseguiu subir hierarquicamente no seu posto, ao ponto de se tornar gerente geral. E
mesmo com todas as noites mal dormidas, os filhos sem ver a mãe, o marido sem o aconchego da esposa,
Maria era quem fornecia todo o bem material que necessitavam.
Os filhos reclamavam porque não tinham a atenção da mãe, mas ela sempre prometia que deixaria de
trabalhar e compensaria passando o resto da vida ao lado deles. E assim conseguia distrair as crianças de
sua ausência. E quando à noite, eles conversavam com a mãe, não conseguiam estabelecer um diálogo
propriamente dito, mas sim um monólogo, já que Maria não tinha forças contra o sono por conta do
cansaço extremo e da estafa. Trabalhava implacavelmente toda uma semana comercial e mesmo em face
de humilhações e desapontamentos, sendo chamada pelos piores nomes possíveis, Maria continuava no
“sim senhor, pois não senhor” da sua rotina escravista, que caso a princesa Isabel soubesse desse breve
depoimento, talvez estivesse se retorcendo em seu túmulo, ao descobrir que em pleno século XXI existem
trabalhos escravos.
Mas o que fazer se apenas Maria poderia dar todo o conforto e sustento que sua família possuía, visto que
desde mais nova trabalhava para os outros e nunca para seu próprio proveito. Maria era feliz só em ver os
filhos felizes, mas se perguntassem a ela qual o seu maior desejo, ela diria súbita e calmamente: a morte.
Isso é fácil de entender, pois na vez que sofreu uma tragédia ao ser posta como refém por criminosos cruéis
em busca de dinheiro, os seus preocupados patrões, após vê-la sendo confortada pela polícia, disseram
apenas “cadê nosso dinheiro? ”. Essa pergunta, fez Maria repensar até mesmo na sua existência. O que ela
fazia ali, trabalhando para alienígenas, sim, alienígenas, que ao verem Maria passar pela cena deplorável de
um assalto e outros funcionários serem amarrados como animais, de forma humilhante, a única e vital
preocupação era mais para com o dinheiro que foi levado à guardiã que com tanta devoção o protegia.
Mas, no final das contas, após tantos anos destinados aquele infortúnio, Maria não aguentou ou melhor,
seu corpo e mente não suportaram mais o estresse e as ansiedades e por fim sucumbiram em cima de uma
cama do manicômio da cidade. E naquele local, todos seus 15 anos de tortura empresarial serviram apenas
para pagar os aparelhos que a mantinham viva, porém louca. Os filhos, ao verem a mãe naquele estágio,
sentiram uma comiseração inenarrável. O marido, não aguentando ver a sua amada esposa sendo tratada
como uma criança triste e doente, precisando de cuidados especiais, cometeu suicídio.
E Maria, nos raros momentos de lucidez que tinha, chorava em sua cama, arrependida de toda uma vida
que ela poderia ter tido, mas em vez disso, havia entregado a pessoas que por vezes nem se importavam
com ela, só queriam explorar sua mão de obra barata e competente. E enquanto ela passava seus dias
definhando naquela cama fria, sendo diagnosticada como louca, seus amistosos patrões, curtiam um fim de
semana em Burj Khalifa. Afinal, esse é o mundo capitalista, alguém tem que ganhar e outro tem que
perder, mas isso, cabe a cada um escolher. Como vai usar a sua vida e suas aptidões é algo que deve ser
levado em consideração, pois na verdade, quanto vale uma vida?
O conto social

Tratam de temas como as dificuldades dos grupos sociais desprivilegiados ou das


minorias, denunciando injustiças sociais. É comum haver referência a fatos e
personagens históricos, pois esse gênero denuncia, por meio da ficção,
injustiças sociais reais.
Nos contos sociais, é frequente que as personagens não sejam individualizadas,
pois o que importa não é mostrar o drama de um indivíduo, mas a realidade
vivida pelo grupo social a que representa.

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