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lóbulos foliares, pela deiscência da casca, pela abundancia de pêlos na face inferior da folha

e pela forma do aquênio.

- Platanus X acerifolia (Ait.) Willd.: árvore de grande porte, copa elíptico-globosa e


densa folhagem caducifólia verde-amarelada.
A casca do tronco, de cor clara, apresenta manchas em grandes placas,
correspondentes a diferentes épocas de deiscência.
Folhas grandes (10 a 25cm) de base truncada, são profundamente recortadas por 3 a
7 lobulos acuminados, de borde grosseiramente dentado que alcançam até quase a metade
do limbo. Quando jovens, são pilosas na face inferior, tornando-se glabras com o passar do
tempo. O pecíolo de 3 a 10cm, possui base dilatada.

Fig.: folha e base do pecíolo


Infrutescências globosas e em número de dois por pedúnculo.

Fig.: flor masculina e fruto


Muito utilizada para arborização de ruas. Destaca-se pelo crescimento rápido,
resistência à seca e notável rusticidade, suportando muito bem a poluição urbana.
A facilidade de sua propagação vegetativa por estacas facilitou sua rápida difusão,
em praticamente todos os países do mundo.

4. Ordem Urticales

Consta de cinco familias: Ulmaceae, Borbeyaceae, Moraceae, Urticaceae e


Cannabaceae.
São plantas lenhosas ou herbáceas, com folhas inteiras, lobadas ou digitissectas,
com ou sem estipulas; indumento de pêlos simples ou ramificados.
Células com conteúdo tanifero ou mucilaginoso.
Inflorescência cimosa ou racemosa, de tipos variados; flores com gineceu de ovário
súpero, formado por dois carpelos com um só lóculo do ovário fértil e um só óvulo basal,
apical ou lateral. Fruto drupa, aquênio ou cápsula.

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1. Família Ulmaceae
A família tem cerca de 16 gêneros e mais ou menos 50 espécies distribuídas na
Região Norte temperada. No Brasil ocorrem 4 gêneros com cerca de 15 espécies.
São árvores ou arbustos com folhas alternas e estípulas caducas.
Flores dispostas em cimeiras axilares ou as femininas isoladas ou aos pares, e as
masculinas com rudimentos de ovário; perigonio membranáceo. Fruto sâmara ou drupa,
semente sem endosperma, com cotilédones membranosos bem desenvolvidos.
O gênero Ulmus L. é o de maior interesse dendrológico, com 26 espécies
distribuídas na região Holoártica, é exótico à flora brasileira e raramente cultivado no país.
Na Argentina e Uruguai, ao contrario, são bastante freqüentes em arborização de ruas e
praças.
O gênero Celtis L. é o mais numerosos da família (70 espécies). Apesar de sua
menor importância madeireira, apresenta uma distribuição geográfica mais ampla,
incluindo diversas árvores e arbustos nativos do Rio Grande do Sul.
O gênero Trema Lour., conta com uma única espécie nativa do Sul do Brasil.

2. Família Moraceae

O nome deriva de “morus” = amoreira. Importante pelo número de espécies (1550)


e pela participação econômica das espécies.
Clima tropical (Artocarpus), temperado ou frio. Encontram-se nas Américas Central
e Sul, Bacia do Mediterrâneo, África e Ásia.
A maioria são árvores de grande porte (figueira-do-mato); arbustos (figueira
comum), ervas (figueirilha), às vezes, epífitos. Em geral latescentes, podendo apresentar
cistólitos.
Folhas alternas, raramente opostas, simples, geralmente pecioladas, com estípulas
intrapeciolares, caducas.
Flores unissexuais, pequeníssimas, monóicas ou dióicas, nuas ou monoclamídeas
dispostas em inflorescências características, visíveis. Flores masculinas isostêmones e
femininas com ovário súpero, bicarpelar, unilocular, uniovular. Fruto do tipo aquênio ou
drupas. Às vezes este tipo está concrescido num receptáculo carnoso em forma de urna -
sicônio - (Ficus)- ou aberto (Dorstenia).
Multiplicação das espécies: sementes, ramos, estaquia ou enxertia.
As espécies estam distribuídas em duas subfamílias: Moroideae e Artocarpoideae.

Subfamília Moroideae:

Gênero Morus:
A chave abaixo identifica as espécies e variedades do gênero Morus mais
cultivadas:

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A - Face inferior da folha glabra ou sub - glabra; lâmina inteira ou profundamente lobada;
perigônio e estígmas glabros:
B - ramos não pêndulos.
C - folhas pequenas ou medianas, planas, tronco sem nodosidades.
D - folhas medianas até 10 cm de comprimento.
E - fruto branco, claro ou vermelho ..................................... Morus alba var. alba
EE – fruto preto..................................................................... Morus alba f. nigro bacca
DD – folhas pequenas, menos de 8 cm.............................. Morus alba f. tatarica
CC – folhas muito grandes
D - folhas planas, de 15 - 25 cm de comprimento............ Morus alba f. macrophylla
DD – folhas abauladas.......................................................... Morus alba f. multicaulis
BB – ramos pêndulos............................................................ Morus alba f. pendula
AA- Face inferior da folha mais ou menos densamente
pubescente; lâmina raramente lobada; perigônio e estígmas
densamente pilosos.............................................. Morus nigra.

Figura: flores masculina, femenina longistila e femenina brevistila de Ficus carica


- Morus nigra: amoreira preta. Ásia Menor e Irã. Tem frutos enegrecidos, folhas
pubescentes na face inferior e limbo raramente lobado; drupas organizadas num fruto
composto (coletivo)- infrutescência.
- Morus alba: amoreira branca. É a espécie que serve de alimento para o bicho da
seda (sirgárias) e em menor escala forragem para ovinos e caprinos; serve também para
quebra-ventos, sombras, etc. China; frutos amarelo âmbar; folhas glabras e, normalmente,
lobadas; planta caducifólia; multiplica-se por sementes (pássaros), estacas de ramos,
enxerto, divisão da touceira (perfilhos). Fruto drupa, forma infrutescência.
As duas espécies acima citadas têm lenho duro, podendo ser usado como madeira
em obras de marcenaria e carpintaria; as folhas são adstringentes e são antifebris, usa-se

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externamente em gargarejos: aftas, inflamações da garganta, das amídalas, faringite; o
xarope de amoras teria estes mesmos empregos; a geléia tem ação refrescante sobre os
intestinos; chá da casca é purgativo. Plantas sagradas; afastam os maus espíritos; Cristo
expulsou os vendilhões do templo com um ramo de amoreira preta.
- Maclura tinctoria L.: tajuva. Árvore de grande porte, até 30 m, tronco curto, com até 100
cm de diâmetro. Copa globosa ou umbeliforme, caducifólia. Destaca-se a exsudação de
látex amarelo ao ser ferida a casca interna, bem como a presença de galhos finos inseridos
no tronco, áfilos e com espinhos. Folhas simples, com dentes espinhosos, oval-oblongas, de
6 a 15 cm de comprimento por 3 a 5 cm de largura; verde escuras na face superior e mais
claras na inferior. Flores unissexuais, em inflorescências axilares distintas. As masculinas
em amentilhos e as feminas e as femininas em capítulos. Frutos verde-amarelados,
comestíveis, adocicados, reunidos em amentos globosos, que lembrarm uma amora. Possui
ampla distribuição no Brasil, Argentina e Paraguai, presente na Depressão Central e Alto
Uruguai, em solos aluviais e inicio de encostas. Madeira indicada para construção civl,
naval, dormentes, parquetes e objetos torneados.

Subfamília Artocarpoideae:

Gênero Ficus
O nome vem do latim que significa “figueira”. É um gênero com cerca de 1000
espécies originárias de regiões tropicais e sub-tropicais; são árvores ou arbustos latescentes,
eretos ou trepadeiras; às vezes hemi-epífitas de folhas persistentes ou caducas. Além de
Ficus carica – figueira comum - a outra única espécie cultivada pelos seus frutos é Ficus
sycomorus - o sicômoro das escrituras sagradas que cresce no Egito e Israel. A polinização
das espécies de Ficus é feita por vespas do gênero Blastofaga, formadoras de galhas que
fazem a postura no ovário das flores femininas. No sicônio encontram-se flores de 3 tipos:
flores femininas longistilas e brevistilas (braquistilas) e masculinas. Nas brevistilas
normalmente não se formam papilas estigmáticas e estão adaptadas a sua função de
participar na reprodução do inseto. São nessas que o inseto deposita os ovos e por isso são
chamadas “galícolas”. As flores longistilas são as produtoras de aquênios. Em algumas

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espécies de Ficus, os três tipos de flores se reúnem num mesmo sicônio; em outras espécies
as flores brevistilas e as masculinas ficam num receptáculo e as longistilas em outro.
- Ficus carica: O sul da Arábia é o centro de origem e a ela pertencem todas as
variedades de figos comestíveis. Todas as espécies de Ficus têm os frutos alojados em
sicônios, que é considerado, botanicamente, um pseudofruto.
A polinização é entomófila e a fecundação poderá resultar em fruto ou não. É uma
frutífera de grande longevidade - 30 a 100 anos; arbusto que quando não podado pode
atingir 6m de altura; na base do pecíolo poderá ter 2 gemas e é esta característica que
permite três produções de figos: a primeira em meados da primavera, a segunda e a terceira
no outono. Estas duas últimas em ramos do ano. Fruto aquênio no interior do sicônio, que
,popularmente, também é considerado fruto. No interior do sicônio existem três tipos de
flores:masculinas que se agrupam ao redor do ostíolo, preferencialmente; femininas de
estilete longo (longistilas) em número aproximado de 1600, podendo produzir aquênios;
femininas de estilete curto (brevistilas), denominadas “galícolas”.
Tipos de figos:
1) Caprifigos: não são comestíveis e são os mais primitivos dentro da espécie.
2) Smirra ou smyrra: sicônios amadurecem se houver polinização; sem estímulo da
polinização os sicônios caem com 2 cm de tamanho.
3) Comum: é o tipo mais freqüente entre as variedades e cultivares usadas em
fruticultura. É o tipo em que o figo pode formar-se partenocarpicamente, porém, se
polinizados, produzem sementes e amadurecem normalmente.
A figueira comum multiplica-se por estacas, enxertia e sementes. Exige poda para
produzir comercialmente; frutifica a partir do primeiro ano e após o quinto ano sua
produção é rentável. Preparam-se licores, vinhos e xaropes de figo; seu valor nutricional é
comparável às tâmaras, que está entre as mais valiosas frutas para a saúde humana;
emolientes, peitorais e laxativos; afecções respiratórias (gripe, bronquite, tosse, etc,); látex
cáustico usado no tratamento de verrugas e calos.
- Ficus pumila: falsa hera, hera miúda. Trepadeira volúvel, muito ramificada,
firmando-se em muros ou paredes pela emissão de raízes adventícias; alporquia, ramos e
estacas; China, mas difundida em todo o mundo como planta ornamental.

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- Ficus benjamina: figueira benjamim, ficus benjamina. Árvore compacta, escura e
ramos com inúmeras raízes adventícias pendentes. Frutos (sicônios) de 1cm de diâmetro,
cor purpura, geminados e sésseis; galhos e estacas; Índia. Sombra, ótimo abrigo para
pássaros e quebra vento. Muito usada como ornamental.
- Ficus organensis: figueira da praia, gameleira, mata pau, figueira do mato. Nativa
no litoral do RS, e sedimentos quaternários (região da Lagoa dos Patos e Mirim); sementes
(pássaros); ramos e estacas (mais difícil).
- Ficus enormis: figueira miúda; figueira-do-mato, figueira, mata pau. É uma planta
que, normalmente, começa a crescer sobre outras árvores ou outros substratos. Nativa do
RS e SC.
- Ficus luschnathiana: figueira, figueira-do-mato. Nativa do RS. Servem para
arborização de grandes espaços; estacas ou alporquia e sementes (pássaros); sombra e
madeira.
- Ficus elastica: figueira -da -índia, seringueira, falsa seringueira. Norte da Índia e
Malásia; galhos ou ramos, porém de difícil pega ou alporquia aérea (mais eficiente);
crescimento rápido, grande desenvolvimento vegetativo, o que a recomenda como
ornamental para grandes áreas; fornece a borracha de Assam de qualidade inferior a de
Hevea.
- Ficus religiosa: figueira-dos-pagodes. Folhas pecioladas e longamente
acuminadas; grande porte, ornamental; Índia onde é considerada árvore sagrada;
multiplicação através de alporquia, estacas; crescimento médio.

Gênero Dorstenia
O gênero Dorstenia inclui as espécies conhecidas pelo nome de “figueirilha” ou
“carapiá”. São ervas rasteiras com roseta basilar, apresentando um receptáculo semelhante
a um figo aberto. O xilopódio encerra propriedades medicinais; a folha substitui a folha de
Ficus carica em xaropes caseiros. Espécie mais encontradas no RS é D. montevidensis em
áreas de campo.

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Gênero Artocarpus
- Artocarpus integrifolia: jaqueira. Originária do arquipélago Indo-Malaio,
cultivado no Brasil. Folhas inteiras. Inflorescências caulinares. Infrutescências comestíveis.
Folhas forrageiras.
- Artocarpus integrifolia: fruta-pão. Folhas frofundamente lobadas. Infrutescência
comestível de alto valor nutritivo.

Família Cannabaceae:
Consta de dois gêneros e duas espécies cultivadas no Brasil. São ervas eretas ou
escandentes, com folhas opostas, inteiras ou palmissectas, com estípulas. Flores dióicas, as
masculinas dispostas em panículas axilares e as femininas sésseis, aglomeradas na axila de
brácteas.
- Humulus lupulus: lúpulo. Empregado na fabricação de cerveja. Trepadeira
monóica, herácea, de grande porte. As partes usadas são as escamas fruíferas nas quais se
acham duas glândulas, das quais se extrai uma substância amarga.
- Cannabis sativa: cânhamo europeu. Fornecedor de fibras usadas na fabricação de
cordas e tecidos um tanto mais grosseiros que o linho.
- Cannabis sativa var. indica: cânhamo-da-India. Dos pêlos glandulares das
inflorescências femininas, é fabricada a macoha.

Familia Urticaceae
Quase sempre ervas, raramente arbustos, neste caso o lenho é mole e quebradiço.
Fibras liberianas compridas e resistentes. Alguns representantes têm pelos urticantes. Às
vezes a epiderme possui cistólitos. As folhas são inteiras, alternas ou opostas, com
estípulas.
Flores unissexuadas muito pequenas reunidas em inflorescências paniculadas ou
racemosas. Perigônio, quando há, formado por 4 ou 5 tépalas. A flor feminina consta de um
carpelo uniovular protegida pelas tépalas bracteóides. Fruto cápsula, aquênio ou drupa.
Para a flora sul-brasileira destacam-se os gêneros Boehmeria Jacq. e Urera
Gandich. O primeiro com cerca de 45 espécies sublenhosas, de distribuição pantropical, ao

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passo que o segundo, compreende umas 50 espécies de arvores, arbustos ou subarbustos de
regiões tropicais, em ambos os hemisférios.
As Urticaceae apresentam interesse econômico diversificado. Algumas espécies de
Cecropia são cultivadas como ornamentais principalmente na arborização urbana. Outros
gêneros são cultivados por apresentar folhagem ornamental, incluído Elatostema (pelônia-
cetim) e Pilea, este último com espécies conhecidas popularmente como ‘pílea-aluminio’
(P. cardieri), ‘pílea’ (P. involucrata), ‘brilhantina’ (P.microphylla), ‘dinheiro-em-penca’
(P. nummularifolia), e ‘asa-de-anjo’ (P. sprucenea). O rami (Boehmeria nivea) é uma
espécie cultivada em diversaas partes do mundo, inclusive no Brasil, pela qualidade das
fibras.
O gênero de maior destaque na flora brasileira é, sem dúvida, Cecropia, cujas
espécies são conhecidas popularmente como ‘embaúbas’ e geralmente são típicas de
formações secundárias ou clareiras no interior de florestas em todo o Brasil.
Algumas espécies de urtiga são comuns em bordas de florestas, incluindo aquelas
pertencentes aos gêneros Boehmeria. e Urera, que possuem tricomas urticantes que, em
alguns casos, como Urera baccifera (urtigão), podem causar intensa dor quando tocados. A
‘parietária’ (Parietária officinalis) é uma espécie invasora de culturas, ocasionalmente
utilizada como medicinal.

6. Ordem Juglandales
Famílias: 1. Rhoipteleaceae
2. Picrodendraceae
3. Juglandaceae

Família Juglandaceae

A família inclui apenas seis gêneros e cerca de 100 espécies arbóreas, de porte
médio a grande, originarias das regiões temperadas do Hemisfério Norte. Os escassos
representantes do Hemisfério Sul e zona tropical encontram-se sempre em regiões
montanhosas. É o caso do ‘nogal-criollo’ da Argentina (Juglans australis Gris.), que habita
a floresta tucumano-boliviana.
As Juglandáceas apresentam folhas alternas, raramente opostas, caducas, compostas
imparipinadas e aromáticas. São plantas monóicas, com flores masculinas em amentilhos
axilares e femininas em espigas terminais eretas.
Os frutos, drupáceos, possuem envoltório que se abre quando maduro.
Os gêneros Carya Nutt. e Juglans L. são os mais conhecidos no sul do Brasil, pela
produção de nozes comestíveis e madeira valiosa. O primeiro reúne cerca de 17 espécies,

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originarias da América do Norte. São conhecidas como nogueiras. O gênero Juglans L.,
com cerca de 15 espécies, distribui-se nos dois hemisférios. A mais importante é a
nogueira-europeia (Juglans regia L.), produtora das nozes verdadeiras e de madeira
preciosa, utilizada em móveis finos, aberturas de luxo e outros acabamentos suntuosos.
Por seu interesse para o sul do Brasil, destaca-se a nogueira-pecan, árvore frutífera
bastante cultivada nesta região.

6.3.1. Carya illinoensis C. Koch.: nogueira-pecã.


Árvore grande (50m), com tronco retilíneo (até 150m de diâmetro), copa elíptica,
folhagem caducifólia e ritidoma espesso, marrom-acinzentado, com deiscência em placas.
As folhas, alternas e imparipinadas, possuem de 9 a 17 folíolos sésseis ou quase
sésseis, oblongo-lanceolados, de 5 a 20cm de comprimento por 2,5 a 7,5cm de largura,
tendo ápice agudo ou acuminado, margem serrada. Verde-escuros e quase glabros na face
superior, são mais claros e ralamente pubescentes na inferior.
As flores masculinas são produzidas em longos amentilhos, pendentes e
fasciculados. As flores femininas reúnem-se em pequeno número, sobre ramos novos.
Os frutos, de 3 a 5cm de comprimento e forma elíptica, abrem-se por 4 valvas
longitudinais, quando maduros.
Originaria do vale do Mississipi, produz sementes (nozes) saborosas, muito
utilizadas em confeitaria, além de madeira valiosa para pisos e mobiliário.

8. Ordem Fagales
Famílias: 1. Balanopaceae
2. Fagaceae
3. Betulaceae (Corylaceae)

8.2. Família Fagaceae


Esta família compreende seis gêneros e cerca de 600 espécies, distribuídas
amplamente nas regiões temperadas e subtropicais do mundo. A flora brasileira não conta
com nenhum representante desta importante família, que inclui algumas das principais
árvores madeireiras do mundo.
As Fagáceas são árvores de folhas alternas, simples, geralmente caducas. As flores
masculinas são produzidas em amentilhos, protegidos por tépalas. As femininas, de ovário
ínfero, com 3-6 lóculos e igual número de carpelos, reúnem-se em 2 ou 3 flores, protegidas
por numerosas bractéolas. Os frutos, contendo uma única semente, podem ser solitários ou
reunidos em grupos.
As principais Fagáceas cultivadas no Rio Grande do Sul são:

8.2.1. Castanea sativa Mill.: castanha-europeia.


Árvore de grande porte (até 30m), com tronco robusto, normalmente tortuoso e
ampla copa globosa, caducifólia.
As folhas, alternas, simples, subcoriáceas e pecioladas, medem de 10 a 30 cm de
comprimento, tendo forma oblongo-lanceolada, ápice agudo, margem com grandes dentes.
Apresentam cor verde-escura na face superior e mais clara no verso.

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As flores masculinas, branco-esverdeadas, exalam odor desagradável e muito
característico. Encontram-se em racemos de 15cm de comprimento, tendo na base as flores
femininas, grupos de 2 a 5.
Os frutos, revestidos por um invólucro pericarpóide espinhoso, abrem-se por 4
valvas, liberando as castanhas.
Conhecida como ‘castanheira-européia’, é originaria da bacia do Mediterrâneo e
Ásia Menor. Cultivada pelas sementes comestíveis (castanhas) e como árvore de sombra.

8.2.2. Quercus robur L.: carvalho


Árvore caducifólia de grande porte, de copa globosa e casca espessa, muito
fissurada.
As folhas, alternas, simples, e brevemente pecioladas, variam de 5 a 13cm de
comprimento, tendo forma obovado-oblonga e limbo profundamente recortado, com 5 a 7
pares de lóbulos arredondados. Verde-claras e providas de pêlos simples quando jovens,
tornam-se glabras quando adultas.
Os frutos, ovóide-oblongos (1,5 a 2,5cm) e ditos bolotas, são envolvidos em até 1/3
de seu comprimento por uma cúpula esférica.
Conhecido pelos nomes de ‘carvalho’ ou ‘carvalho europeu’, é originário da bacia
do Mediterrâneo e frequentemente cultivado em praças ou parques no Rio Grande do Sul.
Fornece madeira muito valiosa e adequada para confecção de parques, tonéis de bebidas
alcoólicas e mobiliário fino. A casca, rica em tanino, é utilizada em curtimento de peles e
couro.

8.2.3. Quercus suber L.: carvalho-corticeiro


Árvore de porte pequeno a médio, de copa globosa ou irregular e com folhagem
persistente. Apresenta tronco curto e casca muito espessa, castanho-acinzentada,
profundamente fissurada.
As folhas, alternas, simples, coriáceas, de cor verde-escura na face adaxial e
acinzentado-tomentosas, na abaxial, variam de 3 a 7 cm de comprimento, tendo forma
ovado-oblonga, ápice agudo, margem com 4 ou 5 pares de dentes mucronados.
Os frutos, ovóide-oblongos (1,5 a 3 cm) e do tipo bolota, são envolvidos de 1/3 à
metade de seu comprimento por uma cúpula.
Conhecido como ‘sobreiro’ ou ‘carvalho-corticeiro’, é originário da bacia do
Mediterrâneo. Produz madeira dura e, sobretudo cortiça, extraída a partir dos 10 anos de
idade. No Brasil é pouco cultivada, apenas como ornamental.

9. Ordem Casuarinales

9.1. Família Casuarinaceae


Esta família, a única da ordem Casuarinales, compreende um único gênero e 50
espécies, nativas da Australásia. Embora muito conhecida no Brasil, principalmente nas
regiões litorâneas, nenhuma espécie é nativa do país.
As Casuarinas são geralmente monóicas e lembram pinheiros (gênero Pinus) à
primeira vista, por sua forma piramidal e galhos com entrenós verdes distintamente
articulados, que se parecem com acículas. As folhas escamiformes, pressas aos raminhos e
soldadas entre si, formam um verticilo em cada nó.

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As flores masculinas, nuas, compostas por um estame e 4 bractéolas, reúnem-se em
amentilhos alongados, na extremidade de ramos vegetativos do ano. As femininas, nuas,
compostas por um ovário bicarpelar, unilocular, protegido por uma bráctea, reúnem-se em
estróbilos, na extremidade de um curto ramo especial. As infrutescências, que se
assemelham aos cones de certas gimnospermas, reúnem sâmaras. Quando maduras, as
bractéolas se afastam, liberando o fruto com uma só semente.
Os caracteres morfológicos conferem à Casuarina sp. um aparente isolamento
dentro das Angiospermas, devido à extrema e peculiar especialização de suas folhas e
órgãos reprodutivos que, à primeira vista, assemelham-se mais a Ephedra, do que às
demais Angiospermas.
As casuarinas produzem madeira de difícil secagem e processamento, mas de alto
valor calorífico, motivo pelo qual são reconhecidas como plantas energéticas no Brasil e em
outros países. Seu principal interesse reside contudo, no aspecto ornamental das árvores,
em sua adaptação aos solos arenosos da zona litorânea e à formação de quebra-ventos.
As duas espécies cultivadas no Rio Grande do Sul são muito similares.

9.1.1. Casuarina cunninghamiana Miq.


A espécie é fixadora de nitrogênio. Cones com curtos pedúnculos (1 a 4 mm) e com
até 8 mm de diâmetro.

9.1.2. Casuarina equisetifolia L.


Cones em pedúnculos bem desenvolvidos (cerca de 1cm). Cones maiores, com
cerca de 1,3cm de diâmetro.
Indica-se para contenção de dunas, formação de quebra-ventos, combate à erosão e
plantio em áreas mineradas. Produz madeira valiosa para diversas finalidades (parques,
aglomerados, construção civil).

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SUBCLASSE III CARYOPHYLLIDAE
Compreende quatro Ordens, 14 famílias e cerca de 11.000 especies, distribuídas nas
regiões temperadas, tropicais e subtropicais.

ORDEM Família
1.Caryophyllales Phytola
Nyctagin
Aizoaceae
Caryophyllaceae
Portulacaceae
Chenopodia
Amaranthac
Cactaceae
2. Batales Bataceae
3. Polygonales Poligonaceae
4. Plumbaginales Plumbaginaceae

As Carryophyllidae caracterizam-se, prinpalmente, pelo polen trinucleado. Os


óvulos têm dois integumentos e são crassinucelados. O ovário geralmente tem placentação
basal ou central livre. Mais de dois terços de seus representantes têm um pigmento
nitrogenado denominado betalina, em vez de antocianina.
Os frutos variam em seqüência natural de aquênio – sâmara- baga, ou são cápsulas
operculadas ou valvares. De modo geral, em todos os tipos de frutos o cálice é sempre
persistente.

1. ORDEM CARYOPHYLALES
A maioria dos integrantes da ordem apresentam o pigmento betalina, em vez de
antocianina.

1.1.Família Phytolacaceae
Consta de 17 gêneros e 120 espécies pantropicais, na maioria americanas-do-sul; no
Brasil, contam-se 8 gêneros e 27 espécies distribuídas nas regiões Sul e Sudeste.
Ao lado de ervas anuais, arbustos e subarbustos, a família compreende também
árvores de grande porte, como Phytolacca doica (umbu), e treadeiras.
Apresentam folhas alternas, inteiras, pecioladas ou sésseis, e com estípulas ausentes
ou transformadas em acúleos.
As flores, geralmente hermafroditas, agrupam-se em racemos simples ou
inflorescências cimosas, de posição terminal ou axilar.

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A família reúne diversas ervas rudentais como o guiné (Petiveria alliaceae L.) e o
caruru (Phytolacca thyrsiflora Fegl. Ex Schmidt), cujas sementes são tóxicas. Outra planta
muito comum no Rio Grande do Sul é a vermelinha (Rivina humilis L.), um suarbusto
encontrado no interior da Floresta Estacional Decídua.

1.1.1. Phytolacca doica (umbu), árvore de grande porte (20 a 30 m) com tronco de até 3m
de diâmetro. Copa ampla, globosa e caducifólia. A espécie é originaria da América do Sul,
incluindo parte da Argentina, Uruguai, Paraguai e Sul do Brasil.
A pesar da grande dimensão alcançada pelos troncos, o umbu não produz madeira
utilizável, por sua pouca consistência. Mais valorizada como árvore ornamental ou de
sombra, está intimamente associada à cultura dos gaúchos, sendo frequentemente cultivada
junto às sedes das estâncias desde os primórdios da colonização rioplatense.

1.2.Família Nyctaginaceae
Consta de 30 generos e 300 espécies tropicais, principalmente da América. No
Brasil, ocorrem 10 generos e cerca de 70 espécies, amplamente distribuídas.
São árvores, arbustos, lianas ou ervas com folhas opostas, sem estípulas.
Flores monoclamídeas, muitas vezes acompanhadas de brácteas coloridas,
andróginas ou unissexuadas. Androceu polistêmone. Ovário súpero, unilocular, uniovulado,
com estigma em forma de pincel ou de disco. Fruto aquênio com o cálice ampliado,
adaptado à dispersão pelo vento.
O gênero Bougainvillaea Com ex Juss. é o mais importante para a flora sul-
brasileira. Distingue-se pelas flores muito vistosas, providas de três brácteas violáceas ou
amareladas, com perigônio hipocraterimorfo, de tubo cilíndrico e curto limbo penta-
lobulado.
As espécies mais conhecidas e largamente cultivadas como ornamentais são:
1.2.1. Bougainvillaea glabra Choisy, conhecida pelo nome de ‘tres-marias’. Muito
ornamental, é uma das essências mais recomendadas para parques e jardins, tendo a
vantagem aicional de rusticidade e rapidez de crescimento.
Árvore de porte médio (até 20 m), com tronco de até 80 cm de diâmetro, tortuoso e
densa copa perenifólia. Os ramos, finos e avermelhados, exibem espinhos axilares curvos.

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Folhas simples, alternas, com pecíolo de 0,5 cm e forma ovalada medem cerca de 6
cm de comprimento x 3 cm de largura.
As flores, pequenas, vistosas, protegidas por brácteas vermelhas ou rosadas,
reúnem-se em panículas ramificadas.

1.2.2. Bougainvillaea spectavilis Willd., arbusto escandente ou árvore de até 12 m. As


folhas têm densa pubescencia na face inferior. Também conhecida por ‘tres-marias’.

1.2.3. Mirabilis jalapa L. ‘maravilha’, invasora.

1.2.4. Boerhavio hirsuta L. ‘erva-tostão’, invasora.

1.2.5. Pisonia aculeata L. ‘espora-de-galo’.

1.2.6. Pisonia inermis Jacq. ‘maria-mole

1.3.Família Aizoaceae
Ervas suculentas; folhas simples. Inflorescência cimosa, frequentemente reduzida a
uma só flor. Fruto cápsula loculicida.
É uma família pouco representada no Brasil, onde ocorre apenas Sesuvium
portulacastrum (nativa), nas dunas litorâneas e Tetragonia tetragonoides, como espécies
invasora ou em cultivo como planta alimentícia, conhecida como ‘espinafre-de-Nova-
Zelândia’.

1.4.Família Caryophyllaceae
Ervas anuais ou perenes; folhas opostas, simples. Inflorescência cimosa, as vezes
reduzida a uma única flor; flores vistosas ou não, bissexuadas. Fruto geralmente cápsula.
No Brasil, ocorrem 10 generos e cerca de 20 especies. O rincipal aspecto econômico
da família reside no seu aspecto ornamental, podendo ser destacado o cravo (Dianthus sp.),
o mosquitinho (Gypsophila paniculata), a planta-sabão (Saponaria officinalis) e o alfinete
(Silene pendula).

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Algumas espécies são invasoras de culturas, incluindo a orelha-de-rato (Cerastium
glomeratum), o mastruço-do-brejo (Drymaria cordata), o alfinete-da-terra (Silene gallica),
a gorga (Spergula arvensis) e a esparguta (Stellaria media).

- Drymaria cordata, jaboicaá, mastruço-do-brejo, cordão-de-sapo. É uma planta daninha


muito comum durante o inverno, geralmente em solos úmidos e sombreados. Infesta beira
de canais. Córregos, jardins, pastagens, hortas e terrenos badios. Sua principal nocividade
está no fato de hospedar nematóides do gênero Meloidogyne.
- Silene gallica, planta daninha de grande imporrtancia em lavouras anuais de inverno no
Sul do Brasil, principalmente em trigo, aveia e cevada. Tem enorme capacidade
reprodutiva. É hospedeira de patógenos do trigo.
- Stellaria media, ‘esparguta’, ‘erva-de-passarinho’. Planta anual, herbácea, tenra, prostada
ou ascendente, levemente pubescente, 20 a 40 cm de altura. Propaga-se por sementes. É
uma planta infestante de solos semi-sombreados com boa fertilidade. Ocorre geralmente em
pomares bem nutridos. É mais freqüente no Sul do Brasil, onde é capaz de suportar -10ºC.
Altamente prolífica, chegando a produzir 11-13 milhões de sementes/ha, que podem
permanecer dormentes no solo por 10 anos.

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1.5.Família Portulacaceae
No Brasil, ocorrem dois gêneros, com cerca de 33 espécies de ampla dispersão.
São ervas anuais, raramente perenes, muito ramificadas; folhas carnosas, opostas ou
verticiladas; flores andróginas, com pergônio corolínico, formado de 4-5 sépalas, cercado
na base por um invólucro caliciforme formado de duas brácteas; ovário formado por 3-5
carpelos, com cavidade central única, muitos óvulos; fruto cápsula valvar ou opercular.
No Brasil ocorrem apenas os gêneros Portulaca (onze-horas) e Talinum.
1.5.1. Portulaca grandiflora, com folhas cilíndricas.
1.5.2. Portulacaoleracea, folhas achatadas, comestível, e possue formas que se comportam
como rudentais, sendo chamadas de ‘beldroega’.
1.5.3. Talinum patens, ‘maria-gorda’, ‘lingua-de-vaca’, invasora de culturas.

1.6.Família Chenopodiaceae
É formada por cerca de 120 generos e 1.300 espécies largamente difundidas nas
regiões litorâneas de todo o mundo, sendo halófitas por excelência. No Brasil, são muito
difundidas como espécies subespontâneas.
São ervas anuais ou perenes, com folhas alternas, geralmente carnosas, glabras ou
pilosas, com caule e ramos cilíndricos ou angulosos, eretos ou decumbentes.
As flores são pequenas, andróginas ou unissexuadas, com perigônio de 5, 3 ou 2
sépalas, de modo geral concrescidas na base.
Ovário súpero, unilocular, com um óvulo basal. Fruto aquênio ou cápsula
circuncisa, deiscente na maturação por meio de um opérculo; sementes lentiformes.

- Chenopodium album L. – ‘ançarinha-branca’, ‘erva-formigueira-branca’, ‘erva-de-são-


joao’, ‘fedegosa’. Planta anual, ereta, glabra, herbácea, caule anguloso com estrias branco-
esverdeadas, de 60-80 cm de altura. Propaga-se por sementes. É uma planta daninha
amplamente disseminada no Centro-Sul, infestando principalmente culturas de inverno.
Uma única planta pode produzir 500 mil sementes, que enterradas no solo podem
permanecer viáveis durante 30-40 anos; está entre as 5 plantas daninhas mais disseminadas
do planeta.

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1.7.Família Amaranthaceae
Incluem-se nesta família 160 generos e 2.300 especies cosmopolitas, especialmente
em habitats perturbados, ácidos ou salinos.
São ervas ou arbustos, às vezes suculentos, com betina. Folhas alternas ou opostas,
simples, peninérveas, às vezes suculentas. Flores andróginas ou às vezes unissexuais
dispostas em inflorescências densas. Fruto aquênio ou cápsula, usualmente associado com
brácteas ou perianto persistente.
Principais exemplos:
-Alternanthera spp., ornamentais e invasoras
-Alternanthera tenella, ‘periquito’ ornamental e invasora.
-Alternanthera sp., ‘apaga-fogo’ ornamental e invasora.
-Amaranthus caudatus, ‘rabo-de-gato’, ‘caruru’, ornamental e invasora.
- Amaranthus deflexus, ‘caruru-rasteiro’, ‘bredo’
- Amaranthus hybrydus var. paniculatus, ‘caruru-roxo’, ‘crista-de-galo’, ‘chorao’
- Amaranthus hybrydus var. patulus, ‘caruru-branco’, ‘caruru-bravo’
- Celosia argêntea e C. cristata, ‘crista-de-galo’, ornamental.
- Chenopodium ambrosioides, ‘erva-de-santa-maria’.
- Gomphrena spp., ‘paratudo-dos-cerrados’, ‘perpetua’ ornamentais e invasoras
- Gomphrena brasiliana, ‘carrapichinho’, ‘quebra-panela’
- Gomphrena celosiodes, ‘perpetua’

3. ORDEM POLYGONALES
3.1.Família Poligonaceae
São ervas, árvores ou lianas; folhas geralmente alternas, simples, com estípulas
conadas formando um tubo que envolve o caule.
Inflorescência cimosa ou racemosa; flores pouco vistosas; plantas geralmente
dióicas. Fruto aquênio ou núcula, frequentemente trigonal ou com cálice persistente.
As Poligonáceas possuem distribuição cosmopolita, no Brasil ocorrem 7 generos e
aproximadamente 100 espécies. São frequentemente cultivadas como plantas ornamentais.

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Espécies invasoras incluem o ‘trigo-mourisco’ (Fagopyrum esculentum), a ‘erva-de-
nó’ (Polygonum aviculare) e a ‘lingua-de-vaca’ (Rumex spp.).
- Polygonum convolvulus, ‘cipó-de-veado-de-inverno’, ‘cipó’, ‘enredaeira’, no sul infesta
lavouras de cereais de inverno como trigo, aveia e cevada.
- Rumex crispus L., ‘paciencia’, língua-de-vaca’. Propaga-se por sementes e atraves de
gemas da parte superior da raiz pivotante. Bastante freqüente no sul do país, é uma
infestante bastante competitiva, com sua raiz principal se aprofundando até 1,5 m. Uma
única planta pode produzir 60.000 sementes.

SUBCLASSE IV DILLENIDAE
Engloba 12 ordens, 69 famílias e cerca de 24.000 espécies das quais ocorrem no
Brasil 11 ordens, 43 familias, 255 generos e cerca de 1.985 espécies.
Espécies de duas famílias, Cruciferaceae e Moringaceae, aparecem como
subespontâneas ou em cultura.
Na subclasse, há predominância de plantas lenhosas, arbóreas ou arbustivas, com
folhas simples, alternas ou opostas, com ou sem estípulas. Em algumas espécies são
encontradas folhas compostas.
Em geral, as flores são vistosas e arranjadas em panículas ou racemos. Cálice, em
geral persistente. Estames numerosos. Ovário sincarpico, súpero, com 2-10 lóculos ou mais.

3. ORDEM MALVALES
3.6.Família Malvaceae
Constituída por cerca de 200 generos e 2.300 espécies de distribuição cosmopolita.
São ervas, subarbustos ou arbustos, lianas e árvores om canais mucilaginosos e
indumento constituído, frequentemente, de pêlos ramficados ou escamosos.
Folhas alternas, simples (frequentemente lobadas e palminérveas), ou compostas
palmadas, inteiras ou serradas, estipuladas.
Inflorescências determinadas, ou flores isoladas, axilares. Fruto cápsula, baga,
drupa, sâmara ou folículo.

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Principais exemplos:
- Ceiba speciosa (St.Hil.) Gibbs & Semir, ‘paineira’

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- Gossypium spp., ‘algodoeiro’

- Luehea grandiflora Mart. et Zucc., ‘açoita-cavalo’


- Malva silvestris L., ‘malva’
- Triunfetta bartramia L., ‘carrapicho-de-cavalo’
- Hibiscus rosa-sinensis L., ‘graxa-de-estudante’

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- Theobroma cacao L., ‘cacau’

6. ORDEM VIOLALES
6.1 Família Violaceae
Geralmente ervas, rara vez plantas lenhosas. As formas herbáceas frequentemente
têm folhas em forma de rosetas, as caulíeas são alternas, estipuladas, geralmente inteiras.
Flores hermafroditas, pentâmeras, muitas vezes zigomorfas podendo formar um apêndice

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petalóide esporiforme. Ovário súpero, formado por três carpelos, unilocular com muitas
sementes.

- Anchieta salutaris, ‘cipó-sumá’, ‘piragaia’: trepadeira lenhosa de porte grande. Flores


esbranquiçadas, pequenas; cápsulas relativamente grandes, abrindo-se em três gomos e
expondo ao vento as sementes numerosas, aladas, avermelhadas quando maduras. É uma
planta daninha de difícil extermínio devido ao sistema radicular vigoroso, rizomático, de
brotamento intenso. Raízes tóxicas.
- Viola tricolor, ‘amor-perfeeito’
- Viola odorata, ‘violeta’:

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6.2 Família Passifloraceae
A grande maioria das espécies são arbustos e ervas escandentes por meio de
gavinhas. Folhas com estípulas e às vezes glândulas.
Flores hermafroditas, actinomorfas, pentâmeras, solitárias. Entre a corola e o
androceu se acha uma corona de apêndices filiformes, petalóides. Os estames e o pistilo são
sustentados num androginóforo. Fruto geralmente baga.
- Passiflora edulis -‘maracujá’, flores amareladas, fruto esférico ou ovóide de cerca de 8 cm
de comprimento, cor purpúrea, comestível.
- Passiflora macrocarpa -‘maracujá-melão’, espécie brasileira, frutos de até 20 cm de
comprimento, comestível.
- Passiflora alata -‘maracujá’, flores de cor lilás, fruto esférico ou ovóide de cerca de 8 cm
de comprimento, cor purpúrea, comestível.
- Passiflora quadrangularis -‘maracujá’, flores roxas de até 12 cm de diâmetro, fruto
redondo ou elipsóide usado para fabricação de sucos.

6.3 Família Caricaceae


Existem quatro gêneros distribuídos pelas regiões tropicais da América e África.
Plantas de porte arbóreo o arbustivo. Madeira mole, encharcada, ao secar murcha e
de fácil apodrecimento, não tendo aplicação nenhuma. Látex branco e abundante. Folhas
alternas, grandes, profundamente digitado-partidas, geralmente acumuladas na parte
superior do tronco, formando uma espécie de umbela. Flores esbranquiçadas podendo ser
hermafrodititas, ou unissexuadas. Fruto baga com muitas sementes de placentação parietal.

-Carica papaia -‘mamoieiro’, há muitas variedades. Flores de três tipos: as masculinas só


encontradas nos pés masculinos são menores, pedunculadas e reunidas em inflorescências
paniculadas axilares. As femininas, encontradas nos pés femininos, são de tamanho maior,
quase sséseis, com ovário súpero composto por cinco carpelos, uni-locular; as
hermafroditas, são encontradas tanto nos pés femininos como nos pés masculinos. Os frutos
desenvolvidos deste tipo de flores nos pés masculinos, são de tamanho consideravelmente
menor e acham-se pendentes em longos pedúnculos.
-Carica quercifolia -‘mamoierinho’, espécie silvestre, frutos pequenos.

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-Jacaratia dodecaphylla -‘jacaratia’, estipe espinhoso, frutos idênticos aos do mamão,
menores; na crençs popular são venenosos.

6.4. Família Cucurbitaceae


Deriva do latim “cucurbita”= a aboboreira.
Família com cerca de 1280 espécies e 130 gêneros originários de regiões tropicais;
no Brasil encontramos 30 gêneros com aproximadamente 200 espécies.
São plantas herbáceas, trepadeiras ou rastejantes, com ou sem gavinhas. Os caules
apresentam vasos bicolaterais (característica anatômica marcante na família) e quando
rastejantes, emitem raízes adventícias em cada nó. Apresentam indumento de cerdas rígidas
que as tornam, normalmente, ásperas.
Folhas alternas, simples, inteiras ou profundamente lobadas e até fendidas, às vezes,
de pecíolo oco.
Flores unissexuais, geralmente brancas ou amarelas; plantas monóicas ou dióicas;
geralmente grandes e vistosas ou pequenas e reunidas em inflorescências axilares. A flor
masculina possui 5 estames iguais, livres, as anteras são grandes e sigmóides. A flor
feminina tem ovário ínfero, grande, tricarpelar, unilocular, às vezes com grande
desenvolvimento da placenta carnosa e com muitos óvulos. A polinização é realizada por
abelhas ou vespas.
Fruto típico carnoso, indeiscente denominado pepônio (Cucurbita). Podem ainda ser
do tipo cápsula fibrosa, operculada (Luffa), baga (Sechium) ou carnoso deiscente
(Momordica). As sementes são numerosas por frutos com exceção do chuchuzeiro.
Propagação por sementes, fruto ou divisão de raízes.
Importância econômica principal são os frutos comestíveis.
O gênero Cucurbita inclui plantas herbáceas, anuais ou perenes, trepadeiras ou
decumbentes, providas de gavinhas, caules rugosos e ásperos, folhas grandes e
suborbiculares, flores amarelas comumente solitárias, fruto pepônio com alto conteúdo de
carboidratos e vitaminas. Suas sementes são ricas em óleo, proteína e com propriedades
vermífugas. Ao redor de 26 espécies originárias da América tropical. O centro de Vavilov
do gênero é a fronteira do México e Guatemala. As espécies mais cultivadas são Cucurbita

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pepo, C. maxima e C. moschata podendo haver híbridos entre elas. As diferenças entre as
espécies estão no quadro I.
O uso das aboboreiras como plantas medicinais não considera a individualidade das
espécies. De um modo geral, todas têm o mesmo emprego. Folhas e flores friccionadas
sobre a pele combatem a erisipela; as folhas amassadas são usadas em queimaduras leves; a
polpa crua ou cozida em cataplasmas é antiinflamatória; as sementes frescas ingeridas em
jejum combatem vermes intestinais, inclusive a tênia; a raiz é febrífuga e para lavar feridas;
o suco da polpa para prisão de ventre; sementes trituradas contra inflamações das vias
urinárias.

C. moschata C. pepo C. máxima

Nomes Abóbora-menina, abóbora- abobrinha-italiana Moranga


populares de-pescoço
Hábito Herbáceo rastejante Herbáceo ereto Herbáceo rastejante
Folhas Cordiformes ou reniformes; Cordiformes; com Cordiformes; sem
com manchas prateadas manchas prateadas manchas prateadas
Pedicelo 5 ângulos bem marcados. 5 ângulos profundos. Cilíndrico, suberoso e
Disco basal com 5 lóbulos Disco basal com lóbulos estriado; sem ângulos e
dilatados na inserção com o pouco dilatados na sem disco basal
fruto inserção com o fruto
Frutos Formato alongado Cilíndrico, estreitando-se Depende da cultivar:
(pescoço) com uma das em ambas as a)achatados com gomos
extremidades globular, onde extremidades. De cor pronunciados, vermelho-
se alojam as sementes, de verde-clara com estrias coral; b)achatados, com
cor alaranjada verde-escuras gomos pouco
pronunciados, cinza-
claro
Colheita dos 120-150 dias 45-80 dias 90-150 dias
frutos
Quadro I – Comparação entre as espécies de Cucurbita.

- Cucumis melo: melão. Originária da Ásia e Africa; já conhecido dos egípcios e


romanos, chegando à Europa no século XVII e, hoje, é cultivado no mundo inteiro; pepônio

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polimorfo, pubescente ou glabro, liso, canaliculado ou reticulado, perfumado ou quase
inodoro. As folhas são usadas contra doenças da bexiga; o fruto é rico em sódio, potássio,
cálcio, magnésio, ferro, vit. A e C. É cultura de verão apresentando as seguintes variedades:
- Cucumis melo var. inodorus: melão-valenciano, melão-espanhol. A cultivar
Valenciano-amarelo é produzida no Brasil principalmente em São Paulo, vale do São
Francisco e sul do Pará. Os frutos têm casca amarelo-canário, fina, porém resistente; a
polpa é esverdeada a branca, sem odor. Colheita em 80-90 dias após a semeadura. A
cultivar Valenciano-verde é pouco produzida no Brasil. Frutos com casca verde, mesmo
quando maduros, espessa e enrugada.
- Cucumis melo var. reticulatus: melão-cantalupo. (Americano). De cultivo
limitado, são menos resistentes ao transporte e armazenamento. Frutos cor de palha, com
casca coberta por uma rede branca, polpa salmão, perfumada.
- Cucumis melo var. odoratus; melão-gaúcho. Fruto com polpa perfumada, rosada e
casca lisa, em gomos.
- Cucumis sativus: pepino. Origem indiana; planta trepadeira ou não, anual;
cultivada a mais de 4 mil anos entre os hebreus, egípcios e gregos; frutos variados de
acordo com a cultivar, com casca clara, utilizados para saladas e para picles, quando
colhidos novos, com casca verde-escura para saladas, e para picles semelhantes aos com
casca clara, porém bem menores. Os frutos têm alto teor d’água (+ ou - 96%), baixo
conteúdo vitamínico e protéico; propagação por sementes. É diurético (ácido úrico), usado
como cosméticos ajuda no tratamento da pressão alta ou baixa, rodelas de pepino contra
sarna, coceira e inflamações dos olhos.
- Cucumis anguria: maxixe. De origem africana, não é cultivado no sul do Brasil, no
nordeste e Mato Grosso os frutos são utilizados cozidos ou para picles, após a raspagem dos
espinhos macios, é menos indigesto comparado com o pepino. É anti- helmítico, emoliente
e catártico.
- Citrullus lanatus: melancia. Originária da África tropical. Planta herbácea,
rastejante, anual, muito ramificada, com folhas profundamente recortadas. Frutos com
polpa vermelha, rica em água e açúcares. As cultivares americanas produzem frutos
alongados, com casca verde-clara com finas riscas verde-escura, enquanto que as japonesas
tem a mesma coloração, porém os frutos globulares, menores. Os pepônios, que podem

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atingir até 25 kg, têm cálcio, fósforo, ferro, proteínas, vit. A, B1, B2, B5 e C. São
diuréticas, usadas para afecções renais em geral, levemente laxante (bem madura); combate
reumatismo, artritismo, dispepsia e acidez estomacal; as sementes são diuréticas e
vermífugas. Citrullus lanatus var. citroides: melancia-de-porco. Tem casca verde-escura
com manchas mais claras, polpa branca e insípida usada para doces.
. - Sechium edule: chuchu. Originária da América tropical. Trepadeira perene, com
gavinhas, muito sensível ao frio; era um dos principais frutos dos Astecas e Maias e outros
povos da América Central e Sul do México. Sistema subterrâneo tuberoso. Propagação
através do fruto, que contém uma única semente. Usada para diversos fins: frutos,
forragem, verdura (folhas), brotos substituem o aspargo, palha para cestos, chapéus e papel.
Os frutos são fonte de vitamina A, B e C, sais minerais e aminoácidos, especial para
pessoas que precisam de dietas, devido a distúrbios estomacais, circulatórios e hipertensão.
As folhas são diuréticas e abaixam a pressão.
- Luffa cylindrica: esfregão, bucha. Originária da África tropical e subtropical.
Herbácea anual, escandente; os frutos maduros são cápsulas operculadas que contém um
tecido esclerenquimático muito resistente, com muitas sementes, podendo alcançar 60 cm
de comprimento. Propagação por sementes. Os frutos novos são comestíveis e os maduros
fornecem a “espoja vegetal”, as sementes em infusão são laxantes e vermífugas.
- Lagenaria siceraria: porongo, cabaça, cuia. Origem duvidosa, regiões tropicais da
América ou da África, não são conhecidas populações silvestres. Herbácea escandente,
anual. O fruto é um clamidocarpo lenhoso, impermeável, utilizado como recipiente.
Propagação por sementes. É planta ornamental na Europa e Extremo Oriente. A polpa do
fruto maduro é fortemente purgativa, podendo ser tóxica.
- Momordica charantia: melão-de-são-caetano, melão japonês. Originária da África
e naturalizada no Brasil. Herbácea, anual, muito ramificada. As bagas são deiscentes, de cor
abóbora, verrugosas, com polpa amarela, de 5- 15 cm de comprimento, e as sementes
apresentam arilo vermelho. Propagação por sementes. Ornamental, medicinal e tóxica. Os
frutos são usados como condimento. O caule e folhas trituradas, enquanto verdes, servem
para clarear e tirar manchas das roupas, o caule seco tem fibras macias com vários usos no
meio rural (Brasil Central e Norte). É purgativo, febrífugo e anti-helmintico. A polpa do
fruto maduro é usada contra furúnculo. Na homeopatia, para diarréias, reumatismo articular

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e dismenorréias. Os brotos novos cozidos substituem o espinafre. Os frutos são usados
como picles e as sementes são componentes do “Curry”.

ORDEM CAPPARALES
Família Brassicaceae (Cruciferae)

Possui cerca de 350 gêneros e 4000 espécies, originárias do hemisfério norte


temperado e distribuídas nas zonas temperadas de todo o mundo. Poucos representantes no
Brasil, em geral plantas ruderais, encontradas em terrenos baldios.
São plantas herbáceas de grande importância agrícola, ornamental, ruderais e/ou
invasoras.
Folhas alternas, as basais rosuladas, inteiras a fortemente recortadas.
Flores tetrâmeras, perfeitas, brancas, amarelas ou róseo-violáceas. As pétalas estão
dispostas em cruz alternadamente com as sépalas, daí o nome alternativo da família.
Androceu tetradínamo (às vezes reduzido a 2 ou 4 estames). Apresentam nectários;
polinização entomófila; pode ocorrer auto-fecundação.

FÓRMULA FLORAL: K4 C4 A2+4 G (2) ↑ *

Fruto síliqua, às vezes lomento (Raphanus). Sementes sem endosperma e com alto
teor de óleo, outras têm glicosídeos que se hidrolizam por ações enzimáticas, dando um
forte cheiro e sabor de compostos sulfurados (mostarda). Tais sementes são tóxicas para o
gado.

ESPÉCIES ALIMENTÍCIAS:
O gênero mais importante sob o ponto de vista agrícola é Brassica. Apresenta
plantas anuais, bianuais ou perenes; silíqua cilíndrica, flores amarelas, raíz polimorfa, todas
as espécies do gênero Brassica são alógamas e todas as variedades ou formas que
pertencem a uma dada espécie se intercruzam perfeitamente; além deste cruzamento rápido
podem surgir cruzamentos entre espécies diferentes com uma freqüência, que é necessário

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praticar o isolamento quando se cultivam estas espécies para a produção de sementes. Umas
40 espécies da Europa e Ásia das quais as mais cultivadas são:

- Brassica napus var. oleifera (= var. arvensis f. annua): colza, canola. É matéria
prima para margarina e maionese; a torta e o farelo são ótimos para rações. Há variedades
que contém ácido erúcico (provoca lesões no coração) e glucosinato (ataca a tireóide). É
uma planta de inverno, as sementes perdidas conferem caráter invasor a esta planta.
Originária da Europa, anual, melífera, sementes contém 22% de proteína e 45 % de óleo
que pode ser usado na alimentação, lubrificações e sabões, multiplica-se por sementes.
- Brassica rapa (=B. napus var. napobrassica): nabo branco, nabo. É bienal; as
partes comestíveis são o hipocótilo e a raiz, engrossados e carnosos; ricos em vitaminas A,
C e cálcio, o chá e o caldo das raízes é sudirífico, antifebril e combate problemas renais e
geniturinários.
- Brassica alba: mostarda branca ou amarela. Sementes brancas ou amarelas claras,
3mm de diâmetro em síliquas de 2cm, flores auto-estéreis. Nativa da Bacia do
Mediterrâneo e é a mais cultivada no Brasil. Forrageira e adubação verde.
- Brassica nigra: mostarda preta ou alemã. Sementes marrom-escuras (pretas), 1,5
mm de diâmetro em síliquas de 2cm de comprimento; flores auto-estéreis. Nativa da
Eurásia. Contém 28% de óleo e 1% de óleo volátil.
- Brassica juncea: mostarda da China ou mostarda parda. Sementes marrom escuras,
2mm de diâmetro em síliquas de até 8 cm de comprimento, flores auto-férteis.
Possivelmente nativa da África e naturalizada na Ásia. É a mais picante (maior grau de
pungência) das três espécies, contém 35% de óleo comestível, é pouco cultivada no Brasil.
As três espécies de mostarda são anuais de 1 m de altura, pubescentes e contém óleo
que é extraído das sementes. As sementes moídas fornecem o condimento mostarda em
forma de pó. São melíferas e as folhas são ricas em vitaminas A e C e para comê-las basta
passar água quente a fim de diminuir o gosto amargo pronunciado que apresenta.
Cataplasma de mostarda branca e preta são usadas como anti-inflamatórios (crises de
bronquite, dores reumáticas, entorses); As sementes das mostardas têm longo período de
vida latente, e por isso, às vezes, tornam-se plantas invasoras.

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- Brassica campestris: nabo selvagem, colza poloneza, possui flores amarelas,
invasoras de inverno, melífera. A raíz é fortificante e indicada para infecções da bexiga,
originária da Europa.
- Brassica campestris var. chinensis (=B. chinensis): couve-da-china. Erva anual,
pode atingir até 1,20 m de altura, bastante precoce (aos 70 dias produz sementes), possui
propriedades nutritivas superiores ao repolho. É a couve mais cultivada na China e é pouco
cultivada no Brasil; as folhas formam uma cabeça alongada.
- Brassica oleracea e suas variedades: é ignorado o lugar e a época em que as
variedades começaram a ser cultivadas, há mais de 2000 anos, algumas formas já eram
cultivadas nas costas do Mediterrâneo, e quase todas são bianuais. As variedades são
determinadas conforme a parte da planta que se desenvolve e levando-se em conta o
crescimento vegetativo e o grau de suculência das partes comestíveis; as diferentes
variedades representam a modificação de alguma parte da planta; todas as variedades são
muito semelhantes na flor, fruto, estádio plantular e no aspecto das sementes, sendo
impossível, muitas vezes, diferenciá-las nesses estádios.

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As mais importantes são:
- B. oleracea var. capitata: repolho. Bianual, caule curto e grosso, folhas verdes ou
arroxeadas, côncavas, imbricadas, densamente apertadas entre si, formando uma cabeça
compacta esférica, oval ou alongada, que pode atingir 50 cm de diâmetro. As subvariedades
são divididas conforme a forma e a coloração das cabeças, originário da Europa e Ásia
Ocidental, são ótimas fontes de vitaminas C, B1 e B2, ferro e cálcio.
- B. oleracea var. acephala: couve. Não forma “cabeça”. Pode crescer durante 4
anos consecutivos. Caule grosso e cilíndrico até 3m de altura com um capitel de folhas
(parte comercial) brancas, verdes ou roxas. Pertencem a esta variedade as couves comuns
(tipo manteiga) e as couves forrageiras. Propaga-se facilmente por galhos, método mais
comum, e por sementes. Contém as vitaminas U e K, protetoras das mucosas e anti-
hemorrágicas, nos casos de úlceras, sendo comidas cruas.
- B. oleracea var. gongylodes: couve-rábano. O caule (hipocótilo) forma um bulbo
arredondado ou fusiforme, contendo medula desenvolvida, utilizada em pequena escala
como hortaliça e forrageira, anual ou bianual.
- B. oleracea var. italica (=B. oleracea var. botrytis subvar. cymosa): brócolis. As
partes comestíveis são os botões florais e os pedúnculos das inflorescências, excelentes
fontes de vitamina A e cálcio.
- B. oleracea var. botrytis (= B. oleracea var. botrytis subvar. cauliflor): couve-flor.
Anual, existem numerosas cultivares que podem ser cultivadas em diferentes épocas do
ano. A parte comercializada é a inflorescência ramificadas com pedúnculos crassos e
abreviados, com flores atrofiadas. Apresenta um razoável teor de proteínas, rico em
vitamina A, B1 e C, mineralizante e que combate a acidez estomacal.
- B. oleracea var. gemmifera: couve-de-bruxelas. Erva anual de até 80 cm de altura,
que produz pequenos repolhos ao longo do caule a partir de gemas nas axilas das folhas.
Apresenta vitaminas A, B1, B2 e C. É derivada de uma couve selvagem da Europa que
depois de séculos de seleção assumiu uma forma bastante interessante. Multiplica-se por
sementes.
- Raphanus sativus var. radicula: rabanete. É a hortaliça mais precoce, em apenas
30 dias proporciona colheita; originária da Ásia Central e Oriental; anual ou bianual; a parte
comestível são as raízes tuberosas vermelha e branca; multiplica-se por sementes; as raízes

92
e as folhas tem alto teor de vitaminas A, C, cálcio e fósforo. Combate o escorbuto, doenças
do aparelho urinário, expectorante, as folhas estimulam o apetite e as funções digestivas em
geral; é usado no tratamento de artrite, tranqüilizante e tônico muscular; as sementes são
usadas contra vermes.
- Eruca sativa: rúcula, pinchão. Anual ou bianual, originário do Mediterrâneo, as
folhas são acres e picantes. São ricas em vitamina A e C, e iodo; as sementes são colhidas
aos 35 a 40 dias. Melífera, diurética, as folhas e sementes são usadas como condimentos,
proporciona vários cortes (colheitas).
- Nasturtium officinale: agrião, agrião-d´água. Planta aquática ou palustre
(higrófila), perene, originária da Europa, mas naturalizada em todo o mundo, é reputada
como ótima fonte de vitaminas e excelentes propriedades medicinais, multiplica-se por
sementes e ramos. É anti-anêmica, anti-escorbútica, diurética, mineralizante, pois contém
vitamina A, C, iodo e ferro, é tônica, estimulante, expectorante, baixa o teor de açúcar no
sangue. Seu uso excessivo pode provocar cistite e irritações no estômago, é laxativo,
vermífugo, julga-se abortivo.
- Lepidium sativum: mastruço, mentruz, agrião-da-terra. Anual, rosulada, originária
do Irã, Egito e Oriente; possui sabor picante e agradável, multiplica-se por sementes, é
cultivado na Europa há muito tempo para salada.
- Lepidium ruderale: agrião-do-seco, mestruz, agrião bravo. Erva anual de até 50 cm
de altura, ruderal e invasora, originária da América do Sul, usada em infusão contra febre,
uso externo no tratamento de hemorróidas, cataplasma em luxações, suco das folhas é
usada contra doenças do estômago e vermes, usado também no tratamento de doenças do
aparelho respiratório. Multiplica-se por sementes.
- Armoracia rusticana (=A. lapathifolia): crem, raiz-forte, crem alemão. Erva
perene com raíz geminífera profunda, grossa e cilíndrica pouco ramificada de sabor
picante; como geralmente não produz semente, multiplica-se por estacas de raíz. Originário
do Sudeste da Europa. A raíz fresca ralada é um excelente condimento para vários pratos,
indústria de linguíça e salsichas, usa-se também o pó das raízes (USA), o aroma e a
pungência são devidos a sanigrina, é rico em vitamina C e por isso usada contra o
escorbuto.

93
ESPÉCIES INVASORAS DE CULTIVOS:
- Raphanus raphanistrum: nabiça, nabo selvagem. Anual, invasora e forrageira,
multiplica-se por sementes.
- Capsella bursa-pastoris : bolsa-de-pastor.

ESPÉCIES ORNAMENTAIS:
- Iberis umbellata e I. sempervirens: flor de neve, assembléia, flor de mel. Erva
anual e perene, respectivamante, ornamental para tapetes, bordadura ou flor de corte,
originária da Europa, multiplica-se por sementes no lugar definitivo.
- Mathiola incana e M. bicornis: goivos. Ervas anuais e bianuais com flores rosa,
branca, laranja, púrpura, azul, violeta, alfazema e amarela, originária de orla e ilhas do
Mediterrrâneo, multiplica-se por sementes, são ornamentais para terraços, pátios em
corbelhas, etc.

SUBCLASSE V ROSIDAE
ORDEM ROSALES
Família Rosaceae

O nome provém de "rosa" (latim) = a rosa ou do grego "Rous" = vermelho.


Esta família é importante porque encerra várias espécies frutíferas, ornamentais e
florestais.
Compreende 124 gêneros e 3.500 spp. distribuídas, principalmente nas regiões
temperadas do hemisfério norte. No Brasil temos três gêneros - Prunus, Rubus e Quillaja.
Plantas de hábito muito variado - ervas, subarbustos, trepadeiras e árvores; caule
com ou sem acúleos. Folhas com estípulas, alternas, simples ou compostas.
Flores completas, pentâmeras, hermafroditas, em geral vistosas. Androceu iso, poli
e diplostêmone, apresentam desdobramento (Rosa e Spiraea); receptáculo bem
desenvolvido, elevado (Rubus) ou afundado em relação aos demais verticílios (Rosa,
Pyrus); cálice persistente; ovário com 1 a muitos carpelos (Prunus e Fragaria). Têm

94
disposição variável em relação ao receptáculo: pode estar no fundo (Rosa), na face interna
(Malus) ou sobre ele (Fragaria). As sementes carecem de endosperma.
Inflorescências variadas e espécies que não formam inflorescências.
Fruto: drupa, aquênios, folículos, pseudofrutos (pomo), frutos múltiplos (cinorrodo)
e baga.
Propagação por sementes, estacas, enxertia.

Observação - segundo a forma do receptáculo floral, posição do ovário, número e


soldadura dos carpelos a família divide-se em quatro subfamílias:

Subfamília Spiraeoideae

K5 C5 An G5  * ou G5  *
Ovário súpero ou semi-ínfero, constituído de cinco carpelos livres em receptáculo
plano ou levemente côncavo, frutos do tipo folículo. Folhas simples.

O gênero Spiraea encerra cerca de 60 spp. do hemisfério norte (China e Japão);


normalmente usadas como ornamentais de flores brancas, rosadas, simples ou dobradas;
multiplicam-se por galhos ou divisão da touceira (perfilhos).
- Spiraea spp. - Grinalda-de-noiva, flor-de-noiva.
- Quillaja brasiliensis: Saboeiro, Sabão-de-soldado. Árvore perenifolia, nativa do
RS, Argentina e Uruguai. Usada para madeira, lenha, medicinal: cicatrizante (tintura) e
diurética (casca). Apresenta grandes quantidades de saponina usada para lavar tecidos
finos. Multiplicação por sementes.
- Quillaja saponaria: árvore chilena usada na fabricação de bebidas e dentifrícios.

Subfamília Rosoideae

K5 C5 An Gn  * ou Gn  *
Arbustos, subarbustos e ervas, aculeados ou não, folhas compostas.
A) Receptáculo côncavo: em forma de urna, encerrando vários carpelos livres
(gineceu apocárpico). O fruto múltiplo (agregado) é denominado cinorrodo (urna côncava e

95
seca, cujas paredes se tornam coloridas com o amadurecimento dos frutos). Os frutos
verdadeiros são pequenos aquênios.

Gênero Rosa: encerra arbustos erguidos, sarmentosos ou volúveis, dotados de


acúleos e flores grandes e vistosas (normalmente dobradas). Inclui todas as espécies de
roseiras cultivadas. Fruto múltiplo (agregado) denominado “cinorrodo”.
As espécies do gênero Rosa são consideradas as mais antigas plantas em cultivo. Existem
cerca de 250 espécies originárias do hemisfério norte e provavelmente milhares de
variedades e híbridos cultivados como ornamentais. Algumas espécies são importantes na
indústria de cosméticos, por serem fonte de água-de-rosas e do óleo-de-rosa-mosqueta, por
exemplo. As roseiras são usadas também na alimentação (pétalas e infrutescências) como
doces, conservas, saladas; as pétalas são usadas em licores e vinhos. São ricas em vitamina
C, B, E, K, taninos, sendo empregadas no tratamento dos rins em geral, diarréias e
infecções intestinais; água de rosas utilizadas como colírio e contra inflamações dos olhos;
são antissépticas e digestivas; combatem a prisão de ventre e inflamações da boca; úlceras.
A multiplicação ocorre por estaquia, alporquia, enxertia e sementes. A maioria das
espécies realiza “o desdobramento” dos estames em pétalas, originando as inúmeras
espécies e variedades de flores dobradas.
As principais espécies são: R. canina, R. damascena, R. gallica, R. centifolia, R.
sempervirens, R. chinensis, R. odorata, R. gigantea, R. villosa e R. spinosissima.
- Rosa canina: roseira primitiva; corola simples; infrutescências para conservas;
porta enxerto.
- R. chinensis: roseira-da-china.
- R. gallica: roseira francesa, roseira vermelha; é muito resistente é das espécies de
rosa, a mais apropriada para fins terapêuticos.
- R. multiflora: roseira miúda, usada em conservas.

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B) Receptáculo convexo: com consistência carnosa, suportando vários carpelos livres
(gineceu apocárpico) que depois de maduros transformam-se em pequenas drupas
concrescidas entre si apenas na base (Rubus) ou em aquênios (Fragaria). Os pseudofrutos
são compostos (múltiplos).

Gênero Rubus: encerra as framboesas, as amoreiras selvagens ou salsamorras,


amoras do campo. Os caules morrem após o ciclo anual, rebrotando de rizomas ou
xilopódios na primavera seguinte. Folhas compostas. Fruto negro ou avermelhado,
composto procedente de muitos ovários inseridos num receptáculo elevado. Exemplos:
- Rubus idaeus: framboesa, framboesa européia. Arbusto decumbente apresenta
rizomas; fruto vermelho intenso; espécie extremamente resistente ao frio (cultivada na
Sibéria, no Alaska e no Canadá); galhos ou pedaços de rizoma; Europa e Ásia; frutos
comestíveis, combatem a febre, o escorbuto, icterícia, prisão de ventre.
- Rubus occidentalis: framboesa. Arbusto sarmentoso, infrutescências pretas, região
oriental da América do Norte; multiplicação como a espécie anterior.

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- Rubus hassleri: amoreira preta. Ocorre desde MG até o RS formando maciços
densos em lugares de culturas abandonadas, capoeira, etc. Os frutos são pretos ou escuros;
maduros a partir de outubro até fevereiro; caducifólio e resiste; multiplica-se por sementes,
galhos, estacas, perfilhos e estacas de raíz.
- Rubus brasiliensis: amoreira-do-mato, amoreira branca. Semelhante a anterior,
porém de frutos branco/creme; ocorre desde MG até o RS.
- Rubus rosaefolius: amora vermelha, framboesa; amora-do-mato; Originária do
Japão, China e Índia. Naturalizada no sul do Brasil. É a espécie mais cosmopolita;
multiplica-se por galhos, estacas de caule e de raíz, perfilhos e sementes.
Estas três espécies de Rubus são usadas como antidiarréicos poderosos, empregando-se
folhas e /ou brotos; entram na elaboração de licores, geléias, tortas e xaropes.

Gênero Fragaria: encerra plantas herbáceas, perenes, rastejantes (rizomatosas ou


estoloníferas); com folhas longopecioladas, trifolioladas, com flores brancas. Fruto
composto (múltiplos) com receptáculo carnoso muito desenvolvido e numerosos aquênios
periféricos, superficiais ou em pequenas escavações. Multiplicam-se por perfilhos ou
divisão da muda matriz, estolões ou estolhos.
- Fragaria vesca: moranguinho, morango (morangos mais saborosos). Silvestre na
Eurásia. Os aquênios não se encontram em pequenas escavações do receptáculo.
- Fragaria chiloensis: moranguinho, morango. Originário do Chile.
- Fragaria virginiana: morango. Originária da América do Norte. Estas duas
últimas espécies diferem da F. vesca por estarem os aquênios dispostos em pequenas
escavações do receptáculo.
- Fragaria x ananassa: moranguinho. Híbrido mais cultivado no mundo; os
aquênios inseridos em pequenas cavidades do receptáculo; frutos grandes, suculentos,
embora menos aromáticos.

Uso das espécies de morango: essência na cosmetologia, aromatização de medicamentos e


alimentos; os frutos são úteis na digestão, estimulantes das funções hepáticas e do apetite;
os rizomas e as folhas possuem taninos com propriedades adstringentes, diuréticos,
hemostáticos e vulnerários; combatem, também, o ácido úrico.

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Subfamília Maloideae (Pomoideae)

K5 C5 An G(2-5)  *
Ovário ínfero, com 2-5 carpelos concrescidos entre si e unidos ao receptáculo
côncavo. Ao amadurecer, o receptáculo torna-se carnoso, envolvendo os carpelos e
formando um pseudofruto chamado pomo. Árvores ou arbustos de folhas simples, estípulas
caducas.
- Malus domestica: macieira. Árvore de copa arredondada, folhas verde-escuras,
caducas e denteadas, aparecem na primavera com as flores. Flores branco-rosadas, reunidas
em umbelas simples. Originária do hemisfério Norte – Europa e Ásia. A macieira cultivada
é de origem híbrida, provavelmente derivada de Malus sylvestris (=Pyrus malus) com
outras espécies de Malus. O número de cultivares em todo o mundo é muito grande. Além
do fruto, fornece óleo, essências aromáticas e medicinal. Outros usos: bebidas (cidra e
conhaques), vinagres, concentrados, xaropes, doces, pó de maçã, passas, etc. Flores
melíferas. Multiplica-se por enxertia (começa a produzir após 3 anos de plantio) e
sementes.
- Pyrus communis: pereira. Florestas mistas da Europa Central e Oeste da Ásia.
Árvore de copa vertical, caducifólia. Folhas de cor verde vivo, coriáceas, caediças, glabras,
de bordo fracamente serrilhado, aparecendo na primavera junto com as flores. Flores
brancas, solitárias ou em fascículos.Os carpelos no pseudofruto maduro são rodeados por
uma camada de células pétreas. Fruto mais suculento e mais doce que a maçã, porém
menos resistente ao armazenamento. Floresce na primavera e frutifica no verão e/ou no
outono conforme a var. e a cv. O número de cultivares em todo o mundo é muito grande.
No RS cultiva-se P. pyrifolia, que apresenta polpa dura e arenosa. Multiplica-se por
enxerto, estacas e sementes.
- Cydonia oblonga: marmeleiro comum. Arbusto caducifólio, nativo do Oeste da
Ásia. O fruto "in natura" não é consumido normalmente. Multiplica-se por sementes,
estacas, enxertia e mergulhia. O marmeleiro precisa de polinização cruzada para frutificar.
Usos: Ornamental, xarope adstringente e peitoral; fruto para diarréia e prisão de ventre;
melífera e porta enxerto para a pereira. Há três formas cultivadas:f. pyriformes, f.
maliformis e f. lusitanica.

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- Eriobotrya japonica: nespereira, ameixeira-do-Japão. Arbusto perenifólio ou
arvoreta; floresce de maio a julho e frutifica em meados do inverno e ínicio da primavera;
Usos: fruto de mesa e frutos contra prisão de ventre. Multiplica-se por sementes e enxertos.
- Chaenomeles sinensis: marmeleiro-do-Japão, marmeleiro-da-China. Árvore ou
arbusto muito ramificado, caducifólio; ornamental e frutífera; frutos pesam ao redor de 1
Kg; sementes, enxertia, galhos e alporquia; planta rústica.
- Chaenomeles lagenaria e C. japonicum: marmeleiro-de-jardim. Arbusto
caducifólio; ornamental pelo grande número de flores rosas ou vermelhas, que surgem
antes das folhas em meados do inverno e início da primavera, pelo período de floração
muito grande e a grande quantidade de ramos floríferos; estacas, sementes e perfilhos;
rústica.

Subfamília Prunoideae

K5 C5 An G1  * ou G1  *
Árvore e arbusto de folhas simples e estípulas caducas.
Óvário súpero ou semi-ínfero, constituído de um só carpelo, um só lóculo e um
rudimento seminal; receptáculo côncavo. Fruto drupa, monosperma, com mesocarpo
carnoso e endocarpo endurecido (lenhoso).

Gênero Prunus: apresenta árvores e arbustos perenifólios e caducifólios. Folhas simples e


flores solitárias ou em fascículos ou cachos. Polistêmone com os estames inseridos num
receptáculo em forma de cúpula; fruto drupa. Multiplicam-se por sementes, enxerto,
estaquia ou alporquia.
- Prunus persica: pessegueiro comum. Arbusto muito ramificado com os ramos
arroxeados ou cinzentos; folhas lanceoladas, serrilhadas, sem pêlos, com os pecíolos
glandulares; flores rosadas dispostas, solitariamente ou duplas ao longo do ramo de ano
(aparecem antes que as folhas, porque as gemas floríferas exigem menor número de horas
de baixas temperaturas que as gemas vegetativas); fruto pilosos; endocarpo lenhoso e
sulcado aderente ou não ao pericarpo; floresce em fins do inverno - início da primavera e a
colheita pode ir de outubro a abril; originário da China e introduzido no Brasil em 1523 em

100
São Vicente (SP) por Martim A. de Souza. Esta espécie apresenta três variedades mais
cultivadas, além de outras ornamentais: Prunus persica var. typica que encerra as cv. de
maior valor econômico e consumo “in natura” e os frutos têm a polpa aderida ao caroço;
Prunus persica var. nectarina (ou var. nucipersica) - nectarina, pêssego pelado, pêssego
ameixa (fruto sem pêlos com casca fina e lisa, vermelha, com polpa amarela) e Prunus
persica var. aganopersica, pessegueiro molar. Há dois tipos genéricos de pêssego: o “de
mesa”, que tem polpa fundente (caroço aderente) e o “de conserva” que tem a polpa não
fundente (caroço solto). A Emprapa CPACT produziu variedades que poderão ser
comercializadas para consumo “in natura” como utilizadas para conservas; o mesmo centro
produz pessegueiros ornamentais (20 a 25 pétalas por flor) e o pessegueiro anão que
quando adulto tem cerca de 40 cm de altura e produz poucos frutos por ano (mais ou menos
20 frutos). Planta melífera e ornamental.
- Prunus domestica: ameixeira comum, ameixeira européia. Oeste da Ásia e Europa
(Eurásia); arbusto caducifólio; flores solitárias ou geminadas; fruto globoso, purpúreo,
violáceo, vermelho ou amarelo (mais comum) e doce (suculento); caroço liso, comprimido
e emarginado; o fruto tem propriedades laxativas e para acalmar a tosse; madeira compacta,
dura e grã-fina; enxertia.
- Prunus insititia: ameixeira. Originária da Eurásia. Arbusto ou árvore de até 6
metros, com os ramos novos, densamente pubescentes; flores brancas; fruto pêndulo,
enegrecido e polpa doce. - P. insititia var. syriaca: ameixeira mirabela. Frutos amarelos; P.
insititia var. italica: ameixeira Rainha Claudia; fruto globoso, parcialmente tingido de
púrpura ou completamente purpúreo.
- Prunus cerasifera: mirabolão. Arbusto ou arvoreta originária da Ásia; flores
brancas, solitárias; fruto de 2 a 3 cm de diâmetro, polpa amarela e o endocarpo aderido à
polpa; cor do fruto varia de rosa a amarelo e sem sutura lateral; rústica; porta enxerto de
outras espécies de ameixeiras; indicada como planta ornamental.
- Prunus amygdalus var. sativa: amendoeira doce, amêndoa. Desta espécie se
aproveita a semente- amêndoa que é doce; floresce em pleno inverno; é a primeira espécie
do gênero a florescer; usos: óleo das amendoas em farmácia e cosmética como emoliente e
rejuvenecedor.
- P. amygdalus var. amara : amendoeira amarga. Cianogênica (amigdalina).

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- Prunus avium: cerejeira, cereja. Árvore de grande porte, caducifolia, Originária da
Eurásia, cultivada em regiões de clima frio e temperado; flores brancas em densos
fascículos umbeliformes; fruto de 1,5 - 2,5 cm de diâmetro de cor vermelha ou purpúrea,
polpa aderente ao endocarpo. Cultivada para a indústria de licores e para a confeitaria.
Madeira dura, compacta, fibra fina e reta (ótima madeira). Há 4 formas cultivadas como
ornamentais: f. plena, f. juliana, f. duracina e f. pendula.
- Prunus sellowii: pessegueiro-do-mato. Árvore nativa das matas sul brasileiras;
ótima madeira com diversos empregos dada sua consistência, padrão de fibra e
durabilidade; tóxica para o gado; as folhas têm forte cheiro de amêndoas, apresentando a
maioria das vezes duas glândulas basais; sementes são de fácil difusão pelos pássaros;
crescimento rápido é indicada para florestamento de margens de rios e barragens, pois
adapta-se a diversos tipos de solo.
Obs. Existem dois gêneros pertencentes a duas famílias distintas, com espécies
nativas ou cultivadas no Brasil, que são popularmente conhecidas como amora ou amoreira
do mato. No quadro abaixo estão descritas as principais diferenças.
Rubus spp. Morus spp.

Família Rosaceae Moraceae

Hábito Arbustiva apoiante (trepadeira) Arbórea


herbácea
Folhas Geralmente compostas Simples
Flores Brancas ou rosadas Verdes estaminadas ou
K5 C5 An Gn  * pistiladas
Perfeitas Masculinas: K4 A4 *
Femininas: K4 G(2) * 

Inflorescências Panículas Masc.: Amentilhos


Fem.: Glomérulos
Frutos Múltiplos Infrutescências
Presença de acúleos Presentes, inclusive na face dorsal Ausentes
das folhas
Quadro II - Diferenças entre espécies de Rubus e Morus.

102
SUBCLASSE ROSIDAE
ORDEM FABALES
Família Fabaceae (Leguminosae)

Para BENTHAM (1865) o grupo pertence à ordem Rosales e é tratado como


família Leguminosae, com três subfamílias: Mimosoideae, Caesalpinioideae e
Papilionoideae.
HUTCHINSON (1964) e TAKHTAJAN (1973) consideram três famílias
independentes, Mimosaceae, Caesalpiniaceae e Fabaceae ou Papilionaceae.
Segundo POLHILL & RAVEN (1981) há um consenso entre os
leguminólogos, que consideram a família Leguminosae (ou Fabaceae) dentro da ordem
Leguminales, subdividida em três subfamílias: Mimosoideae, Caesalpinioideae e
Papilionoideae ou Faboideae. Segundo CRONQUIST (1988) este grupo de plantas pertence
à ordem Fabales e está dividido em três famílias independentes: Mimosaceae,
Caesalpiniaceae e Fabaceae.
Apesar da Classificação de CRONQUIST (1988), trataremos este grupo conforme
POLHILL & RAVEN (1981).
A família Leguminosae (Fabaceae) possui cerca de 700 gêneros e 18.000 espécies,
com ampla distribuição mundial (cosmopolitas).
O hábito é bastante variável, desde minúsculas ervas, arbustos, trepadeiras até
gigantescas árvores. Vegetam em diferentes ambientes: campos, matas, desertos, neves,
brejos, etc.
O sistema radicular embrionário adquire, geralmente, grande desenvolvimento;
predomina uma raíz pivotante que pode penetrar vários metros de profundidade no solo
(alfafa). Raízes adventícias predominam nas espécies herbáceas; há raízes geminíferas
(espinilho, pata-de-vaca).
As raízes de quase todas as leguminosas possuem nodosidades, apresentando
simbiose com bactérias dos gêneros Bradirhizobium e Rhizobium, que têm a capacidade de,
por quimiossíntese, fixar o nitrogênio atmosférico. Este nitrogênio será utilizado na
formação de moléculas proteicas, as quais serão aproveitadas também pela leguminosa. Em
contrapartida, as bactérias utilizam açúcares produzidos durante a fotossíntese pela

103
leguminosa, para a sua nutrição. Vivendo em simbiose ambos os organismos se
multiplicam abundantemente, mesmo em solos com baixa fertilidade ou em solos muito
pobres em nitrogênio e em matéria orgânica, a tal ponto que outros vegetais mal podem
competir com eles. Separadamente, cada um levaria uma vida precária e/ou sucumbiria. As
nodosidades são mais freqüentes nas leguminosas da subfamília Papilionoideae
(Faboideae).
O caule é, também, extremamente variado. As folhas são alternas espiraladas,
compostas, às vezes, unifoliolada apresentam pulvino, pulvínulo, estípulas, estipelas,
pecíolo, pecíolulo, raquiz, raquílula; podem apresentar nectários ou glândulas e gavinhas;
algumas espécies apresentam filódios (acácia mimosa). O tipo de folha auxilia a
caracterização das subfamílias.
As flores são hermafroditas, completas, 4-5, vistosas, reunidas em inflorescências; a
corola é diali ou gamopétala, actino ou zigomorfa; o androceu é diali ou gamostêmone,
podendo ser oligo(raro), diplo ou polistêmone, podem ocorrer estaminódios; o gineceu
unicarpelar, súpero é característico de toda família.
O fruto característico é uma vagem ou legume, podendo ocorrer outros tipos:
folículo (Trifolium repens), lomento (Desmodium incanum), sâmara (Tipuana tipu) e
aquênio (Stylozanthes).
Predomina a multiplicação por sementes; a vegetativa não é uma forma muito
comum entre as leguminosas.
Dentro deste grupo existem espécies extremamente úteis: alimentícias (feijão,
lentilha, ervilha); forrageiras (trevos, ervilhacas, alfafa); utilizadas para adubo verde
(tremoços, guandú); melíferas (trevo-de-cheiro, maricá); tânicas (acácia-negra); oleaginosas
(soja, amendoim); medicinais (pata-de-vaca, giesta); ornamentais (flamboyant, chuva-de-
ouro, corticeira); produtoras de celulose (bracatinga), etc.
As três subfamílias são: Mimosoideae, Caesalpinioideae e Papilionoideae. As três
têm em comum: ovário súpero, unicarpelar, legume e a capacidade de apresentar
nodosidades nas raízes.

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Subfamília Mimosoideae
É a menor dentre as leguminosas: 50-60 gêneros e 2800 espécies. Apresenta folhas
bipinadas; flores actinomorfas com corola diminuta, diplostêmones ou polistêmones, filetes
compridos e coloridos constituindo o atrativo das flores; inflorescência capituliforme
(predominante) ou espiciforme.
- Inga spp.: ingazeiros. Árvores ou arbustos de folhas penadas, raquiz alada e com
glândulas entre folíolos; várias espécies nativas no RS; ótimas plantas para florestamento
de áreas úmidas; crescimento rápido; melíferas; pouco estudadas sob o aspecto medicinal; a
casca é usada para curar feridas crônicas e diarréia. A polpa abundante e adocicada que
envolve as sementes é comestível; podem ter madeira dura para obras rurais ou carvão.
Algumas espécies do RS.
- Inga marginata: ingá-feijão. É o mais comum no RS.
- Inga uruguensis: ingá-banana, ingá-do-brejo
- Inga sessilis: ingá-macaco, ingá-ferradura.
- Calliandra tweediei: topete-de-cardeal, caliandra. Arbusto ornamental nativo do
RS, capítulos vermelhos, semelhantes a um pincel, folhas de 3 a 5 jugas, legumes pilosos;
sementes.
- Calliandra brevipes: caliandra, quebra-foice, cabelo-de-anjo. Semelhante ao
anterior do qual se diferencia pelos estames cor de rosa no ápice e brancos na base, folhas
unijugas, legumes glabros; ornamental e cercas vivas; Sul do Brasil; sementes.
- Acacia spp. Encerra em torno de 1200 espécies, distribuídas pela Austrália, África
e América tropical e subtropical. São cultivadas por sua madeira, lenha, tanino, gomas,
perfumes, flores, ornamentais, fixação de dunas, cercas-vivas, melíferas, etc. No
vocabulário hortícula ou popular, se designam como acácias várias outras leguminosas que
não pertencem a este gênero; algumas espécies cultivadas e/ou nativas. Na Austrália tem-se
manifestado um extraordinário endemismo e uma variação evolutiva intensa de espécies
com filódios.
- Acacia mearnsii: acácia-negra. Árvore Australiana; ornamental pela forma da copa
e flores brancas perfumadas em vistosas inflorescências. Casca produz tanino usado na
curtição de couros; tronco para lenha ou celulose; crescimento rápido, porém de pouca
longevidade; quebra ventos temporários; sementes.

105
- Acacia podalyriaefolia: acácia-mimosa. Arvoreta ornamental graças aos seus
filódios cinza e suas inflorescências em densos cachos de capítulos de flores amarelas;
sementes; Austrália; flores de inverno; os filódios e os brotos pubescentes.
- Acacia longifolia: acácia trinervis, acácia da Tasmânia; filódios alongados com
três nervuras proeminentes; ornamental, lenha, sombra e na Austrália tanino; excelente
espécie para fixação de dunas, resistindo ao vento do mar; Austrália; sementes.
- Acacia bonariensis e Acacia tucumanensis: unha de gato, nhapindá; ambas as
espécies tem flores brancas ou creme; são arbustos ou arbustos lianosos; cercas vivas;
lenha; sementes; nativos do Cone Sul.
- Acacia caven: espinilho, aromita. Nativo do Cone Sul; flores amarelo-douradas em
capítulos globosos, muito aromáticas; ótima lenha, melífera e madeira dura; na fronteira
oeste do RS está a maior concentração. A raíz é purgativa, emética e diurética; a casca da
raíz é usada para cicatrizar feridas, úlceras e escoriações; folhas são cicatrizantes; sementes
são digestivas; arbusto invasor; semente e raízes superficiais.
- Mimosa spp. Encerra ervas, arbustos e árvores. Legume lomentóide, denominado
craspédio, desarticulando-se entre as sementes, porém, deixando uma moldura. Espécies
mais comuns no RS:
- Mimosa bimucronata: maricá, americá. Arbusto abundante nas várzeas, ao longo
dos rios, banhados, lagoas, etc., formando agrupamentos que conferem um caráter típico na
fitofisionomia da vegetação secundária; também em encostas rochosas. Panículas de flores
brancas e perfumadas durante o verão (janeiro e fevereiro); frutos maduros em abril; lenha,
cercas vivas, melífera, madeira de cerne avermelhado e dura. A infusão de brotos combate
a asma, a bronquite asmática e as febres intermitentes; as folhas são mucilaginosas e
emolientes; introduzido como planta cultivada em Singapura e norte da China; sementes.
- Mimosa scabrella: bracatinga. Árvore característica da “zona da Araucária”
formando, por vezes, densos agrupamentos; espécie florestal de rápido crescimento produz
madeira branca para laminados e celulose, lenha e carvão; floresce no inverno e às vezes no
verão; flores de estames amarelo ouro; sementes.
- Mimosa pudica: sensitiva, dorme-dorme, malícia-de-mulher. Cosmopolita nos
trópicos úmidos da América do Sul, África e Ásia; é provável que seja originária da
América do Sul devido à existência de espécies afins. Erva perene, prostrada de folhas

106
muito sensíveis ao toque; a casca é vermífuga; as raízes são irritantes, purgativas e eméticas
(tóxicas em doses altas); seiva reputada como veneno violento; as folhas, embora
suspeitadas venenosas, são usadas em banhos contra tumores e a leucorréia; diz-se que
causam a hematuria em animais que as pastam, sua infusão em pequenas doses é tônica,
purgativa e anti-gonorréica; a sensibilidade de suas folhas é que a tornaram mundialmente
conhecidas, sendo cultivadas em muitos países; sementes; invasora, uma planta que produz
até 700 sementes e que podem ter dormência de até 15 anos.
- Leucena leucocephala: leucena, acácia bela rosa. Arbusto nativo da América
Central e Antilhas; rápido crescimento; usos: adubação verde, proteção de solos erodidos,
folhas e vagens como forragens, sementes comestíveis, lenha, etc.; há mais de 100
variedades cultivadas com estas finalidades. Pode produzir aré 20 T/Ha de matéria seca;
folhas com 25,9% de proteínas; tem principio tóxico “a mimosina”, que causa perda de
pêlos, salivação e perda de peso; fixa até 500 Kg/Ha/ano de nitrogênio.
- Parapiptadenia rigida: angico vermelho, angico verdadeiro, paricá. Árvore com
até 35 m de altura com fuste de 5 a 15 m de comprimento; casca com fissuras em placas
que ficam aderidas pela parte superior; madeira de grande valor, de multiplas aplicações e
de grande durabilidade às intempéries; a casca é tônica e depurativa; a tintura é usada
contra contusões, golpes e dores musculares (uso externo); a resina (goma) é emoliente e
peitoral para quase todos os problemas do aparelho respiratório: tosse, bronquite, asma,
expectorante,etc.; entra na composição de xaropes com estas finalidades; também a flor é
medicinal e melífera; sementes achatadas com bordo alado papiráceo e sem endosperma;
propagação por sementes; é nativa do Brasil austral, Paraguai, Argentina e Uruguai.
- Enterolobium contortisiliquum: timbaúva, orelha-de-macaco, orelha-de-negro.
Floresce de novembro a fevereiro; frutos maduros no inverno; madeira leve e suave; casca e
frutos têm saponinas podendo ser tóxicas; árvore de grande copa para sombra (caducifolia);
propagação por sementes; é encontrado desde o Ceará até o RS, Bolívia, Paraguai, Uruguai
e Argentina.

Subfamília Caesalpinioideae
Predominam árvores e arbustos, cipós, raramente ervas; transição entre
Mimosoideae e Papilionoideae; folhas pinadas ou bipinadas. Flores em geral grandes,

107
zigomorfas, diplostêmones; dialistêmones; abrangem em torno de 2800 espécies quase
todas tropicais ou subtropicais distribuídas em cerca de 150 gêneros.

Gêneros com folhas pinadas:


Gênero Senna: flores amarelas, vistosas, com anteras em geral mais longas que os filetes,
presença de estaminódios.
- Senna corymbosa: fedegoso. Arbusto de 1,50 a 3 m de altura; nativo do Sul do
Brasil, nordeste da Argentina e Uruguai; ornamental pelo longo período de floração (fim do
verão até o inicio de outono); sementes; flores amarelas em densas inflorescências; casca da
raíz e folhas são purgativas; as folhas em cataplasmas como emolientes; glândulas raqueais,
legume cilíndrico.
- Senna occidentalis: fedegoso, café bravo. Erva anual ou perene até 1,50 m de
altura; rústica e produzindo muitas sementes, tornou-se adventícia e ruderal em vários
locais; invasora de verão; América do Sul, África e Ásia; glândula peciolar basal; vagem
linear pouco comprimida e reta ou pouco curva; usos: folhas são purgativas e emenagogas,
raízes são usadas contra vermes, são diuréticas, abortivas; as sementes são tóxicas
(emodina).
- Senna macranthera: manduirana, chuva-de-ouro. Arbusto ou árvore do nordeste
brasileiro; ornamental; floração no outono; sementes; inflorescência panícula amarela;
vagem cilíndrica de 1,5 cm de diâmetro.
- Senna multijuga: aleluia, chuva-de-ouro, multijuga. Nordeste brasileiro;
ornamental de rápido crescimento e fácil multiplicação por sementes; pouco resistentes ao
frio; floresce no outono.
- Senna alata: acácia imperial. Arbusto de até 2,50 m de altura com grandes
inflorescências amarelas nas extremidades dos ramos; o fruto é uma vagem linear com duas
asas ao longo do mesmo; Ásia tropical; ornamental, anual ou perene de curta duração;
floresce no outono.
- Parkinsonia aculeata: cina-cina. Árvore ou arbusto espinhoso que ocorre desde o
México até o Sul da América do Sul; tem folhas muito pequenas, caducas em ramos
flexuosos; cercas vivas, ornamental, lenha, fibra têxtil e celulose, melífera; usada na

108
medicina popular, folhas e flores contra a febre e sudorífico, os brotos são emenagogos;
folhas abortivas; sementes e brotos de raíz.

Gênero Bauhinia: folhas com dois folíolos soldados, assemelhando-se a uma pata-de-vaca.
- Bauhinia forficata: pata-de-vaca. É uma arvoreta ou arbusto espinhoso com folhas
unijugadas em forma de casco de bovino; flores brancas que surgem no verão; lenha e
carvão, entretanto seu maior valor é medicinal, é hipoglicemiante, hipocolesteremiante e
diurética, denominada “insulina vegetal”, sementes e raízes geminíferas; pode ser
ornamental; nativa da América do Sul.
- Bauhinia variegata: pata-de-vaca. Semelhante a anterior, de flores rosa ou
brancas, folhas acinzentadas, coriáceas. É a espécie mais cultivada como ornamental;
originária da Ásia.

Gêneros com folhas bipinadas:

Gênero Caesalpinia: Arbustos, árvores e lianas inermes ou aculeados, filetes mais longos
que as anteras. Tem cerca de 100 espécies pantropicais.
- Caesalpinia leiostachya: (= C. ferrea) pau-ferro. Árvore ornamental, copa pouco
densa e tronco com grandes manchas claras; ocorre do PI a SP; apresenta madeira dura,
vermelha ou castanha de grande resistência; as cascas e as sementes têm propriedades
adstringentes, anti-hemorrágicas e antidiabéticas; as cascas das raízes são febrifúgas e
antidiarréicas; sementes; é encontrada no Brasil.
- Caesalpinia echinata: pau-brasil. Árvore histórica do Brasil, naturalmente ocorre
desde o RN até o RJ na floresta litorânea; seu principal produto era a tinta extraida da
madeira para tingir tecidos e fabricar tinta de escrever; atualmente é apenas planta
ornamental de lento crescimento; madeira dura, compacta, pesada e resistente têm várias
aplicações; o lenho é adstringente, as cascas são usadas para combater diarréias e
desinterias; multiplicação por sementes.
- Caesalpinia spinosa: falso pau-brasil. Arbusto ornamental com florescimento
precoce; originário da Bolívia à Venezuela na Cordilheira dos Andes até 3000 a 4000 m de
altitude; vagens maduras de cor vermelha; multiplicação por sementes.

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- Peltophorum dubium: canafístula, ibirapuitã. Árvore caducifólia de 20 a 35 cm de
altura, muito frequênte na bacia do rio Paraná; ocorre desde a Bahia até a Argentina e
Paraguai; no RS na Bacia do Médio e Alto Uruguai; ornamental, devido a intensa floração,
esbelta, produz boa sombra, longo tempo de florada; madeira de multiplas aplicações;
multiplicação por sementes.
- Delonix regia: flamboiã, flamboiant, flamboião. Originário da Ilha de Madagascar.
Árvore de copa plana e estendida; requer lugares quentes e úmidos para manifestar toda a
beleza de sua florada; flores vermelhas; multiplicação por sementes.
- Holocalyx balansae: alecrim. Árvore perenifolia de folhagem verde escuro, de 15
a 20 m de altura, nativa dos matos do Médio e Alto Vale do Rio Uruguai, Depressão
Central e Paraguai; espécie cianogênica de madeira dura e pesada, ornamental;
multiplicação por sementes que não resistem ao armazenamento muito prolongado, levando
até dois meses para germinarem.
- Schizolobium parahyba: guapuruvú. Árvore gigante, de crescimento rápido e
aspecto característico da mata Atlântica brasileira; madeira branca, leve, para celulose e
outras utilidades; ornamental e florestal; ramifica a grandes alturas; macia para palitos,
brinquedos, aeromodelos, caixas, forros, etc; casca serve para curtume; multiplicação por
sementes.

Subfamília Papilionoideae (Faboideae)


São árvores, arbustos, ervas anuais ou perenes, trepadeiras; folhas
predominantemente trifolioladas, pinadas, digitadas ou raramente unifolioladas. Flores
fortemente zigomorfas, 5-mera com estandarte ou vexilo, asas ou alas e quilha ou carena;
estames 10 do tipo monadelfos ou diadelfos. Estão representadas por 482 gêneros e 12000
ssp. que habitam todas as regiões da terra.
- Tipuana tipu: tipuana, tipa. Nordeste da Argentina e Paraguai. Árvore de grande
porte; fruto sâmara; multiplicação por sementes; usos: ornamental e florestal, a resina é
cicatrizante e infecções do útero.
O gênero Erythrina encerra mais ou menos 100 espécies nas regiões tropicais da
América do Norte e Sul, Austrália, África e Ásia.

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- Erythrina falcata: ceibo, corticeira-do-seco, corticeira da serra. Árvore de grande
porte com flores vermelho-coral em grande número, nativa do cone sul, comum nas matas
de Santa Maria, floresce no início da primavera; ornamental para grandes áreas;
crescimento rápido; madeira leve; multiplicação por sementes e estacas.
- Erythrina crista-galli: corticeira-do-banhado, sananduva. Preferem as margens dos
rios e lagoas, lugares pantanosos; nativa do cone sul, é a flor símbolo do Uruguai e da
Argentina. Tem uso ornamental, madeira, sombra e fixação de locais sujeitos a erosão,
celulose, a casca e as sementes têm alcalóides tóxicos de efeitos semelhantes aos do curare,
sendo usados como anti-helmíntica e hipnótica; no uso externo a casca é cicatrizante; das
flores se prepara um chá emoliente indicado para resfriados, tosses, etc.; multiplicação por
sementes e estacas.

O gênero Trifolium encerra ervas tenras, delicadas ou robustas, anuais ou perenes,


apresenta ao redor de 300 espécies distribuídas pela Ásia, África, Europa e Américas, em
regiões temperadas e frias; são os trevos verdadeiros. São todas plantas forrageiras e
melíferas.
- Trifolium pratense: trevo vermelho. Espécie européia, bianual; multiplicação por
sementes.
- Trifolium repens: trevo branco. Nativo da Europa, é o mais importante e cultivado,
perene; multiplicação por sementes.
- Trifolium subterraneum: trevo subterrâneo. Oriundo do Sul da Europa, muito
cultivado para pastoreio de ovinos, anual, muito rústico, tem esse nome porque enterra as
sementes, o que proporciona ótima ressemeadura natural.
- Trifolium hybridum: trevo híbrido. Perene, mas no RS é anual, resistindo muito
bem no inverno e morrendo no verão.

O gênero Glycine constitui-se de ervas eretas ou trpadeiras, pilosas e vagens


hirsutas, encontradas em regiões tropicais e subtropicais da África e da Ásia; tem
aproximadamente 15 espécies.
- Glycine max: soja. Ásia oriental onde é cultivada a mais de 5000 anos. É
considerado o mais importante legume cultivado na China e um dos 5 produtos sagrados

111
essenciais à existência da civilização chinesa; há muitas cultivares adaptadas para as mais
diferentes condições de cultivo no mundo inteiro. A planta fornece mais de 200 produtos
entre eles a “carne vegetal”; multiplicação por sementes.
- Glycine wightii: soja perene. Ásia oriental; espécie anual, volúvel, empregada
principalmente como forrageira e adubação verde; controla inços; multiplicação por
sementes. O gênero Phaseolus é formado por ervas volúveis, prostradas, suberetas,
lianas, anuais ou perenes (xilopódio); encontrado na América troical desde USA até a
Argentina e Uruguai; ao redor de 180 espécies, outro centro de dispersão situa-se na Ásia
tropical.
- Phaseolus vulgaris: feijoeiro, feijão. Sulamericano, andino-tropical e subtropical
(desde o Peru ao noroeste da Argentina) onde ainda se encontra a forma silvestre - P.
vulgaris ssp. aborigeneus - sementes reniformes ou variantes desta forma, cores muito
variáveis: vermelho, preto, esverdeado, branco, manchado, marron e cinza; etc.; cultivada a
muitos anos pelos índios americanos ( desde USA até a Argentina) e a partir do século XVI
pelos europeus, causando o surgimento de muitas variedades em escala crescente na Europa
e outras regiões subtropicais do mundo inteiro. É um dos vegetais mais ricos em ácido
pantotênico; útil na desintoxicação do organismo e benéfico no metabolismo das proteínas
e gorduras; o caldo das sementes ou a infusão de vagens maduras combatem a hidropsia de
diversas origens, as doenças reumáticas e a diabete.
- Arachis hypogaea: amendoim. Provavelmente originário da Bolívia oriental; erva
anual de baixo porte; apresenta geocarpia, que é obtida pelo desenvolvimento exagerado do
ginóforo; usos: culinária, industrial de conservas, produtos farmacêuticos, tintas e corantes,
velas, sabões, óleo, manteiga, penicilina, indústria de borracha, forrageira, as sementes são
tônicas e estimulantes; multiplicação por sementes.
- Arachis prostata: amendoim-do-campo. Nativo em formações campestres do RS.

O gênero Lupinus é composto por ervas e subarbustos perenes ou anuais, folhas


digitadas de 5 folíolos, pubescentes. São em geral plantas calcífugas, várias espécies se
cultivam em jardim pela sua floração, outras são agrícolas (forrageiras e adubo verde) e
outras com sementes comestíveis após prévia preparação; existem lupinos doces,
selecionados, livres de alcalóides. Aos tremoços são atribuídas propriedades vermífugas,

112
antiparasitárias e hipoglicemiantes; externamente são usados contra sarnas, manchas na
pele, acne e caspa. Também são tóxicos, e usados como cataplasmas contra abcessos. As
espécies mais comuns:
- Lupinus luteus: tremoço amarelo. Anual, forrageira ou adubação verde.
- Lupinus albus: tremoço branco. De uso alimentício desde a antiguidade no Egito,
Grécia e Roma; anual.
- Lupinus angustifolius: tremoço azul. Anual, originou-se no Mediterrâneo, é usado
como adubação verde e as var. selecionadas (livres de alcalóides) como forragem.
- Lupinus varius e L. pilosus: tremoços ornamentais. Existem espécies nativas do
RS.
- Medicago sativa: alfafa. Perene, cespitosa, de grande vitalidade; não se presta para
o pastoreio direto no primeiro ano de desenvolvimento, a partir do segundo ano pode ser
feito, mas muito controladamente, por isso a alfafa é uma forrageira, fundamentalmente,
para corte, silagem ou fenação; originou-se nas regiões próximas ao Mar Cáspio, os árabes
introduziram-na na Espanha e de lá para a América do Sul. É antiescorbútica, usada contra
o raquitismo. Pode causar fotossensibilização no gado; incorpora até 200 kg/Ha/ano de
nitrogênio no solo; a raíz pode atingir até 6m de profundidade.

O gênero Vicia apresenta ervas anuais ou perenes, trepadeiras através de gavinhas


foliares, raro eretas, têm aproximadamente 150 espécies nas regiões temperadas e frias da
Europa, Ásia e Américas.
- Vicia faba: fava. Erva anual, ereta, caule vigoroso e quadrado, ligeiramente alado,
originou-se na Ásia ocidental e norte da África, há dois tipos principais: para alimentação
humana (olerícola), forragem (não utilizado entre nós) e adubação verde, tem alto valor
nutritivo, sementes apresentam viabilidade por mais de 5 anos. As folhas e flores são
diuréticas e usadas no tratamento de cálculos renais, as folhas são emolientes, a farinha é
excelente contra queimaduras.
- Vicia sativa: vícia, vica. Anual, trepadeira, sementes pequenas manchadas,
cultivada como forrageira de inverno (gado leiteiro); alto valor proteíco; rústica; pode fixar
90 kg/Ha/ano de nitrogênio;multiplicação por sementes.

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- Lathyrus sativus: chichá, chirca. Erva anual, cultura de inverno como forrageira de
alto valor proteíco e cobertura do solo e adubação verde; origem no Mediterrâneo e Ásia;
multiplicação por sementes maduras.
- Lathyrus odoratus: ervilha-de-cheiro. Ornamental, flores até 3 cm, perfumadas,
multicores, nativa do sul da Europa.
- Pisum sativum: ervilha. Trepadeira anual; originária da Ásia. Autógama, vagens
lisas com poucas sementes que variam de cor conforme a variedade, existe a var. arvense
que é forrageira no Canadá e USA, tem alto valor nutritivo.
- Vigna sinensis: feijão miúdo, “cowpea” ou caupí. Usos: forrageira, adubação
verde, alimentação humana; de fácil cultivo, existindo muitas variedades que se distinguem
pela coloração da semente, porte da planta, precocidade, etc. Pode ser considerada invasora,
- Lens culinaris: lentilha. Tem origem no Mediterrâneo oriental; erva delicada,
anual, vagens com uma ou duas sementes, utilizada na culinária e como forragem, há duas
subespécies:macrosperma (sementes de 6 a 9 mm de diâmetro) e microsperma (sementes de
3 a 5 mm de diâmetro); excelente alimento em ferro, cálcio e fósforo; é cultivado desde a
antiguidade.

O gênero Desmodium é tropical e sub-tropical com cerca de 200 espécies, é


encontrado desde o Canadá até o centro da Argentina e Uruguai. Há também algumas
espécies asiáticas; quase todas são boas forrageiras naturais por serem muito apreciadas
pelo gado. No Brasil há cerca de 20 espécies, muitas são chamadas de “alfafas tropicais”.
- Desmodium spp.: pega-pega. Ervas anuais ou perenes, na maioria comuns nas
formações campestres da América do Sul. A espécie mais comum é D. incanum.
- Lotus corniculatus: cornichão. Herbácea, perene, originária da Europa,
profundamente enraizada, flores em umbelas amarelas; sementes pequenas; substitui a
alfafa na formação de pastagens em solos fracos, feno; cultura de inverno; pode produzir 20
a 30 T/Ha/ano de massa verde; propagação por sementes.

O gênero Aeschynomene encerra mais ou menos 150 espécies tropicais e sub-


tropicais na América do Sul e África, são ervas e arbustos de poucas aplicações; a maioria
vive em terrenos úmidos e banhados; os entre nós levam o nome de “angiquinho”.

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- Aeschynomene rudis: angiquinho. São invasoras nas culturas de arroz; anual,
herbáceo ou lenhoso; multiplica-se por sementes.
- Wisteria sinensis: glicínia, wistéria. Liana ornamental, devido as suas enormes
panículas de flores azul-violáceas, pendentes, surgem antes das folhas e permanencem um
longo tempo floridas, fins do inverno e início da primavera; suporta podas violentas,
originária da China; existe a var. alba com flores brancas, menos difundida, var. flore-pleno
de flores dobradas; var. variegata de folhas prateadas e var. macrobotrys de cachos
maiores; melífera; se reproduz por estacas lenhosas e sementes
- Spartium junceum: giesta. Arbusto de 3 a 4 m de altura, subáfilos, flores amarelo-
ouro de 2,5 cm de comprimento reunidas em cachos axilares e terminais durante a
primavera; origem: sul da Europa; pode fornecer fibra têxtil; na França cultiva-se para
substituir a juta; ornamental (cercas vivas, mosaicos ou isolada) e medicinal (esparteína)
cardiotônico, pode ser tóxica para o gado, por ter citisina e escoparoside; a ingestão de
qualquer parte da planta pode provocar intoxicação; planta medicinal (usá-la com cuidado);
propagação por sementes.
- Cicer arietinum: grão-de-bico. Erva anual, glandulosa-pilosa; originária da Ásia
Menor, é cultivada a milênios no Oriente médio. Sua cultura é viável apenas no sul do
Brasil, pois é uma cultura de inverno; seu valor alimentício é comparado à soja e ao feijão
comum; é a leguminosa mais plantada no mundo; apresenta 17% de proteína, aproveita-se o
grão, folha e palha.
- Cajanus cajan: guandú, ervilha-de-árvore. Arbusto semi-perene até 3m de altura e
grande intensidade de crescimento; 3 a 4 cortes no ano e rebrota com vigor; originária da
África e a muito tempo cultivada na India; fornece cerca de 36 a 48 T/Ha/ano de massa
verde com 14 a 20% de proteína bruta na matéria seca; pode fixar 280 kg de N/Ha/ano e as
folhas mortas no solo corresponde a 2,5 T/Ha/ano; as folhas cozidas são usadas para o
tratamento de feridas e úlceras; as flores são usadas contra doenças respiratórias; a planta é
antihemorrágica e anti-blenorrágica; os grãos verdes substituem a ervilha na alimentação.
- Ulex europaeus: tojo. Arbusto espinhoso. Natural da Europa Ocidental, é
ornamental pela profusão de flores amarelas por longo período em cercas vivas; é invasora;
é melífera e forrageira na Europa; reproduz-se por sementes e pedaços de raízes que ficam
no solo.

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SUBCLASSE ROSIDAE
ORDEM MYRTALES
Família Myrtaceae

A etimologia da família tem duas versões: do latim “myrtus” = a murta e do grego


“myrtós” = perfume em referência ao aroma característico de muitas de suas espécies.
Cerca de 100 gêneros e ao redor de 3.500 espécies tropicais e subtropicais, com dois
centros de distribuição: América e Austrália. Os climas temperados têm poucas mirtáceas
nativas. Além desses dois centros de origem, há Mirtáceas nativas da Europa, Índia, Ceilão
e África.
São plantas lenhosas desde subarbustos até os gigantescos eucalíptos; muitas
perdem o retidoma anualmente e não formam casca grossa.
Possuem glândulas esquizógenas produtoras de óleo essencial e aromático em todos
os órgãos, o que caracteriza muito a família.
Folhas simples; peninérveas, com nervura periférica ou marginal; opostas ou
alternas.
As flores em geral brancas; efêmeras; andróginas; androceu polistêmones com os
filetes relativamente compridos, brancos, que exercem atração sobre insetos polinizadores e
lhes dão um aspecto parecido com as Mimosoideae; gineceu de ovário ínfero ou semi-
ínfero; cálice em geral persistente; pétalas e sépalas podem ser livres ou concrescidas.
FÓRMULA FLORAL: K (4-5) C(4-5) An G(2-5) ↓ *
Inflorescências variadas: flores isoladas axilares (Psidium), caulifloria (Myrciaria) e
cachos, umbelas, panículas, etc. Os frutos podem ser do tipo baga, cápsula, drupa.
Duas subfamílias: Myrtoideae e Leptospermoideae.
Subfamília Myrtoideae Subfamília Leptospermoideae
Filotaxia Folhas opostas Folhas geralmente alternas
Tipo de fruto Baga ou drupa (carnoso) Cápsula ou pixídio (seco)
Tamanho das sementes Geralmente grandes Pequenas
Distribuição geográfica América Austrália

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Subfamília Myrtoideae
Representantes nativos:
- Psidium cattleyanum: araçá-vermelho, araçá-do-campo, araçá-amarelo. Nativo da
mata pluvial da encosta atlântica; também encontra-se em matas ciliares, campos sujos e
arbustivos do Planalto Meridional. Tronco liso, brilhante, casca marrom clara com manchas
verde-amareladas; folhas de coloração verde-escuro-brilhante; frutos do tipo baga, com
casca amarela ou vermelha, polpa doce, branca ou vermelha; propagação por sementes;
floresce de setembro a janeiro e frutos maduros a partir de janeiro.
- Eugenia uniflora: pitangueira. Nativa do Cone Sul (desde MG até a Mesopotâmia
Argentina); folhas sob forma de chá é antidiarréica, diurética, adstringente, antifebril,
antireumática e estimulante; menor uso como hipocolesteremiante e hipoglicemiante;
madeira dura, homogênea e de vários usos; ótima lenha; propagação por sementes, as quais
perdem rapidamente o poder germinativo; floresce desde agosto-dezembro (às vezes maio).
- Eugenia rostrifolia: batinga, batinga-vermelha. Nativa da Encosta da Serra Geral,
por vezes forma agrupamentos puros. Árvore de 15 a 20m de altura, de tronco reto, casca
grossa e rugosa; madeira vermelha, dura, pesada, para construção; ótima lenha; frutos
comestíveis.
- Eugenia involucrata: cerejeira, cerejeira-do-rio-grande; cerejeira-do-mato. Árvore
mediana de 10-15m de altura, semidecidual; tronco liso esverdeado-amarelado com
manchas características; fruto vermelho quando maduro de até 25mm de comprimento;
difícil regeneração natural, as sementes germinam em 40 dias e a planta começa a produzir
frutos a partir do sexto/sétimo ano; frutos excelentes; madeira branca resistente e elástica;
pela sua estética é árvore ornamental.
- Eugenia pyriformis: uvaia, uvaieira. Árvore mediana até 15m de altura, tronco
reto, característica da “zona dos Pinhais” e mata branca do Rio Uruguai; floresce de
novembro a janeiro e frutos maduros a partir de janeiro com 2cm de diâmetro, casca e
polpa amarelas; ótima lenha.
- Acca sellowiana: goiabeira-da-serra, goiabeira-do-campo. Arvoreta de mais ou
menos 4m de altura; folhas ovadas, discolores, verde-escuras, quase glabras na face ventral
e branca na face dorsal; Pétalas carnosas e comestíveis, brancas por fora e, internamente,
rosadas com base púrpura. Estames vermelhos; floresce de setembro a dezembro e frutifica

117
de março a maio (junho); sementes; ornamental; frutos de 3cm de diâmetro comestíveis;
planta frutífera nos EEUU e França.
- Plinia trunciflora (Myrciaria trunciflora): jaboticabeira, jaboticaba. Árvore
perenifólia de até 15m de altura nas matas de planícies ou encostas úmidas na região
costeira, Planalto e Alto Uruguai; cultivada por causa dos frutos; bagas globosas de até 3cm
de diâmetro, casca dura, preta ou roxo-escura; polpa viscosa branca; frutifica várias vezes
no ano dependendo do regime das chuvas - quanto mais chuva, mais vezes frutifica; semear
logo após a maturação do fruto (colheita) e a emergência ocorre aos 40 - 45 dias; Muito
cultivada, de crescimento lento, produzindo as primeiras flores aos 10 anos; casca e
entrecasca contra diarréias e desinterias.
- Myrciaria jaboticaba: jaboticabeira. Nativa de São Paulo e hoje espalhada por
todo o Brasil.
As jaboticabeiras multiplicam-se; também, por via vegetativa, enxertia, galhos de
um ano (1cm de diâmetro) ou estacas.
- Myrciaria tenella: cambuim; nativa do sul do Brasil; sementes; lenha e madeira.
- Myrcianthes pungens: guabijú. Árvore perenifolia; folhas com um acúleo na
ponta; frutos são bagas globosas negro-violáceos, frutificação em fevereiro-março;
sementes; crescimento médio; nativo dos matos sulbrasileiros; madeira e excelente lenha.
- Campomanesia xanthocarpa: guabirobeira-do-mato. Árvore semi-caducifólia
nativa do Cone Sul; pela harmonia da copa, a coloração das folhas no início da primavera e
a densidade da folhagem, recomenda-se como árvore ornamental; frutos amarelos e
comestíveis; sementes; Casca e folhas contra diarréias; folhas diuréticas, no controle do
colesterol e triglicerídios; chá aromático; calmante; melífera; madeira branca muito
resistente; lenha que ao queimar exala aroma agradável; fruto amarelo de 1-2 cm de
diâmetro; muito procurado por pássaros e roedores; sementes germinam em 35 a 40 dias ;
floresce de setembro a novembro e frutos a partir de dezembro.
- Britoa guazumaefolia: sete capotes, sete capas, capoteira. Árvore mediana; desde
Minas Gerais até a Mesopotâmia Argentina; fruto amarelado e comestível, com alto teor de
vitaminas; floresce na primavera e frutifica no verão; sementes até 3 meses após a colheita;;
folhas para gripe; madeira, lenha e carvão; ótima para reflorestar margens de reservatórios
(açudes, barragens) por suportar solos úmidos.

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- Hexachlamis edulis: pessegueiro-do-mato. Nativo nos capões e matas ciliares da
zona de campos (RS); fruto globoso amarelo ou amarelo-alaranjado de 3-6 cm de diâmetro
e pruinoso; floresce na primavera e frutifica no verão; frutos comestíveis, porém ácidos;
sementes.

Representantes não nativos, cultivados em países de clima quente, inclusive no


Brasil:
- Psidium guajava: goiabeira, goiaba. América tropical, México, América Central,
Colômbia e Perú, hoje cultivada em vários países do mundo dada as excelentes qualidades
de seus frutos; os frutos podem ser esféricos ou piriformes, sendo este caráter considerado
para fim de separar as variedades; propagação por sementes ou enxertia; Frutífera com boa
fonte de vitaminas A, B e C. Todas as partes da planta têm aplicações contra diarréias por
conterem elevado teor de taninos (brotos, principalmente); inflamações da garganta e
úlceras estomacais; plantas velhas (baixa produção) fornecem excelente madeira dura, grã-
fina, homogênea que serve em várias situações no meio rural.
- Syzygium aromaticum: cravo-da-índia. Ilhas Molucas; árvore de grande porte que
fornece os cravos aromáticos encontrados no comércio, para confeitaria e óleo para
perfumaria; tem propriedades caloríficas e estimulantes; óleo usado para estimular a
digestão e com propriedades antissépticas e antiespasmódicas; os ramos novos também são
usados; é tônico, estomáquico, carminativo e emenagogo; o óleo contém eugenol (78 a
98%) responsável pelo aroma característico; a cada ano aumenta o uso do cravo como
matéria de produtos farmacêuticos e de perfumaria; propagação por sementes; começa a
produzir ao quinto/sexto ano e aos 15 anos estabiliza para produzir 5 a 10 kg de botões por
ano e pode produzir durante dezenas de anos. Cravo seco de 2 a 4 kg/árvore/ano; 10 a 15
mil cravos secos pesam 1kg. É conhecido na China a mais de 2000 anos; no Irã e na China
é usado como afrodisíaco;
- Syzygium cumini e S. jambos: jambolão, jamelão, joão-bolão . Árvores indianas
cultivadas para sombra devido a copa grande e densa folhagem; propagação por sementes;
frutos comestíveis; são plantas ornamentais; usada contra desinterias, perturbações
estomacais, gases intestinais; seu maior emprego é contra diabetes (folhas, frutos e
sementes); folhas também são forrageiras; madeira para obras internas; meliferas; quebra

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ventos. A diferença vegetativa entre ambas: S. cumini - nervura marginal muito próxima ao
bordo da folha e S. jambos - nervura marginal a uns 4 mm do bordo.

Subfamília Leptospermoideae
Gênero Eucalyptus: do grego “eu” = bem e “calyptein” = cobrir, aludindo a maneira
como o opérculo cobre os estames e os carpelos.
Compreende em torno de 600 espécies e 150 variedades, originárias da Austrália;
dentre as árvores cultivadas no mundo inteiro as espécies deste gênero ocupam lugar de
destaque pelo menos nos países tropicais e subtropicais; a sistemática do gênero baseia-se
no tipo de inflorescência, tamanho e forma do fruto e dos botões florais, disposição e forma
das folhas jovens e adultas, tipo de casca e natureza dos óleos essenciais. Porte arbóreo
(maioria) ou arbustivas; flores hermafroditas; pétalas e sépalas soldadas entre si formando
um opérculo cônico (capuz) que cobre completamente a parte superior da flor e que se
desprende por uma fenda transversal; fruto cápsula deiscente por valvas apicais;
propagação por sementes e estaquia (fitohormônios), as sementes abortam em grande
percentagem, distinguindo-se, facilmente, as férteis das estéreis: as férteis são maiores,
rugosas e escuras contendo endosperma e as estéreis são pequenas, alongadas de cor
castanho avermelhado (marrom claro). Quase todos os eucaliptos cultivados no RS têm
aplicação como planta medicinal entre a população. Entretanto dois deles se destacam:
- E. citriodora: eucalípto cidró, eucalipto limão. Contém 0,8 a 1 % de óleo nas
folhas cujo componente principal é o citronelol (90%); tem aplicações tópicas e inteiras
como balsâmico, expectorante, sudorífero, antiasmático, etc. É sensível à geada.
- E. globulus: é a mais indicada para uso terapêutico, farmacêutico e desinfectantes
aromáticos; das folhas extrai-se óleo que contém de 60 a 70% de eucaliptol empregado na
fabricação de balas, xaropes, tinturas, etc. que se usam para combater gripes, tosses,
rouquidão e estados catarrais em geral; topicamente para combater reumatismo, contusões,
dores musculares; aromatizante do lar; é tônico, febrífugo e adstringente; produz de 1,5 a
1,8kg de óleo/100 kg de folhas verdes com 65-70% de cineol. Na Austrália para estas
mesmas finalidades se emprega o E. fruticetorum e E. radiata que têm rendimento maior.
- E. robusta: melífera para evitar a mortandade de outono;

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-E. saligna; E. viminalis; E. tereticornis; E. cinerea; E. siderofloia, chamada de
eucalipto ferrrinho e E. ficifolia de flores vermelhas, excelente como planta ornamental,
porém é muito sensível ao frio.
-Callistemon lanceolatus: bucha, escova-de-garrafa, calistemon. Arbusto
australiano, ornamental; apresenta caulifloria no ápice dos ramos novos (do ano), com
estames vermelho-forte; cápsulas persistentes no tronco; sementes; madeira muito dura.

SUBCLASSE ROSIDAE
ORDEM EUPHORBIALES
Família Euphorbiaceae

A família inclui, aproximadamente, 290 gêneros e 7500 espécies cosmopolitas, a


maioria tropicais. Os maiores centros de dispersão são as Américas e África. No Brasil, 72
gêneros e em torno de 1100 spp.
Apresentam hábito diversificado - árvores, arbustos, ervas e trepadeiras. Há espécies
carnosas de hábito cactáceo próprio de regiões desérticas (folhas transformadas em
espinhos). Uma característica marcante da família é a presença de látex distribuído em todo
vegetal (caule, folhas e flores), na maioria das espécies; o gênero Phyllanthus não apresenta
látex.
As folhas são geralmente, alternas, raro opostas ou verticiladas, inteiras ou partidas.
As flores são sempre unissexuais, aclamídeas ou monoclamídeas, pouco vistosas;
plantas monóicas ou dióicas. Na flor feminina encontram-se os principais caracteres para
reconhecimento da família: ovário súpero, formado por 3 carpelos sincárpicos, salientes em
forma de " cocos" .
As inflorescências são variadas: racemos, espigas e panículas. A mais complexa é a
denominada ciátio, característica do gênero Euphorbia. Os ciátios dão a impressão de uma
flor individual, pois normalmente, estão rodeados por brácteas coloridas, petalóides. Este
tipo de inflorescência está composto de uma única flor central feminina, nua, rodeada de
flores masculinas também nuas, com um único estame cada, reunidas de 2-12, em cicínios.
As brácteas podem ser livres ou soldadas entre si e apresentam nectários (glândulas) verdes,
vermelhos ou amarelos (glândulas).

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O fruto tipo cápsula separa-se em três cocos (tricoca), os quais se abrem
posteriormente. Sementes ricas em endosperma, muitas vezes oleaginosas, com carúncula e
podem ser lançadas longe da planta matriz.
A importância econômica da família deve-se à produção de óleos, substâncias
medicinais, borracha, alimentos, espécies ornamentais e invasoras.
O gênero Manihot inclui árvores e arbustos com madeira mole, de folhas
palmatipartida, longipecioladas, distribuídas em 160 espécies originais da América tropical.
As duas espécies mais cultivadas sâo Manihot dulcis: aipim, mandioca mansa, mandioca
doce, apresenta cápsula áptera e M. esculenta: mandioca brava, mandioca amarga que
apresenta cápsula alada.
Ambas as espécies apresentam um sistema radicular fasciculado superficial
constituído de poucas raízes e das quais algumas se entumescem, transformando-se em
tuberosas. Estas são amargas ou doces, conforme o teor de ácido cianídrico, derivado do
glicosídeo cianogênico linamarina, que varia conforme a variedade e/ou cultivar (as mansas
até 10%, e as bravas até 30%) e também com as condições ambientais. Em solos férteis são
mais amargas. A secagem, fenação, cocção ou lavagem eliminam os princípios tóxicos.
A multiplicação é vegetativa através de pedaços de caule, as ramas ou manivas
(caule após a queda das folhas) contendo 2-3 gemas; sementes só para melhoramento.
É de grande importãncia econômica na alimentação como energético, com aplicação
na elaboração de farinhas, féculas, polvilho doce ou azedo, tapioca e sagu; na indústria,
dextrinas, colas, indústria de papel, tecidos, álcool, celulose, glicose e acetona; alimento
para animais: bovinos, suinos, caprinos e aves. Para o consumo humano de 8-15 meses e
indústrial de 18-24 meses. Na medicina popular a farinha é empregada contra desinterias e
diarréias. Uma colher de farinha diluída num copo de água e em jejum controla o
colesterol. Em forma de cataplasma aplica-se como emoliente e em inflamações.
- M. multifida e M. flabelifolia: mandioca brava, mandioca-do-mato. Arbustos
freqüentes na mata da Serra Geral do RS; não formam raízes tuberosas.
- Aleurites fordii: tungue. Árvore originária da China, caducifolia, com flores
branco-rosadas; os frutos produzem 3 sementes grandes carnosas, com alto teor de óleo; a
multiplicação é por sementes e estacas; usado na indústria de tintas, vernizes, encerados e
linóleos em substituição ao óleo de linhaça, porque seca mais rapidamente e é mais

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