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Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE

Departamento de Medicina Veterinária - DMV


Curso de Bacharelado em Medicina Veterinária
Departamento de Tecnologia Rural - DTR
Tecnologia da Carne e Produtos Derivados

EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA DAS ABELHAS MELÍPONAS

Júlio César Pereira da Silva Júnior


Otávio Lourinho Nascimento Júnior
Samantha Rodrigues de Farias
Talyta Isly Silva Barros

Recife
2018
Júlio César Pereira da Silva Júnior
Otávio Lourinho Nascimento Júnior
Samantha Rodrigues de Farias
Talyta Isly Silva Barros

EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA DAS ABELHAS MELÍPONAS

Trabalho apresentado
junto à disciplina de Tecnologia
da Carne e Produtos
Derivados (DTR), do curso de
Bacharelado em Medicina
Veterinária (DMV-UFRPE),
sob docência do Profº Drº
Pedro Marinho de Carvalho
Neto, como requisito parcial de
avaliação, referente à segunda
verificação de aprendizagem.

Recife
2018
Evolução tecnológica das abelhas melíponas
Technological evolution of honeybees
JÚNIOR, J.C.P.; JÚNIOR, O.L.N.; FARIAS, S.R.; BARROS, T.I.S.; CARVALHO
NETO, P.M.
REVISÃO DE LITERATURA
O Brasil é rico em espécies de abelhas sociais nativas, conhecidas como abelhas
indígenas sem ferrão, ou meliponíneos. Sua criação racional (a meliponicultura),
desenvolve-se principalmente no nordeste brasileiro, onde as abelhas jandaíra
são manejadas há bastante tempo com técnicas já consagradas popularmente.
As abelhas da subfamília Meliponinae (Hymenoptera, Apidae) são conhecidas
como Abelhas sem Ferrão (ASF), por possuírem ferrão atrofiado e, portanto,
incapazes de ferroar. A maioria das abelhas alimenta-se de produtos obtidos das
flores, coletando seu néctar e transformando-o. A diversidade de ora e biomas
do Brasil e a grande variedade de espécies de abelhas sem ferrão existente
conferem a esse mel um enorme potencial para produção e valorização dessa
variedade de méis produzidos por essas abelhas. Além da importância
econômica para os produtores, esse produto possui características sensoriais
diferenciadas dos méis tradicionalmente consumidos no Brasil, tornando-o um
produto com alto valor agregado. Algumas técnicas de conservação são
indicadas e vêm sendo utilizadas por meliponicultores. Entretanto, os métodos
de conservação aplicados muitas vezes foram concebidos empiricamente e o
produto final não passa por uma avaliação adequada antes de ser
comercializado. Diante da destruição acelerada das matas, é valiosa a
elaboração de programas de conservação; faz-se necessário preocupar-nos
com a polinização de suas flores. Estudos sobre biologia das abelhas
polinizadoras, manejo e especialmente reprodução controlada e divisão de suas
colônias se tornam informações essenciais para quaisquer medidas a serem
adotadas em tais programas de conservação.

PALAVRAS-CHAVE: mel, abelhas nativas, tecnologia dos alimentos.


Evolução tecnológica das abelhas melíponas

Technological evolution of honeybees


JÚNIOR, J.C.P.; JÚNIOR, O.L.N.; FARIAS, S.R.; BARROS, T.I.S.; CARVALHO
NETO, P.M.

INTRODUÇÃO
As abelhas da subfamília Meliponinae (Hymenoptera, Apidae) são
conhecidas como Abelhas sem Ferrão (ASF), por possuírem ferrão atrofiado e,
portanto, incapazes de ferroar. (KERR, 1996; SILVEIRA et al., 2002; CAMARGO
et al, 2017). Elas são conhecidas como “abelhas indígenas sem ferrão”, pelo fato
de possuírem o ferrão atrofiado, sendo, portanto, incapazes de ferroar. São
encontradas nas Américas do Sul e Central, na Ásia, nas Ilhas do Pacífico, na
Austrália, em Nova Guiné e na África. Taxonomicamente, estão subdivididas em
duas tribos: Meliponini, formada apenas pelo gênero Melipona, encontrada,
exclusivamente, na região Neotropical (América do Sul, Central e Ilhas do
Caribe), e Trigonini, que agrupa grande número de gêneros e está distribuída em
toda a área de distribuição da subfamília.

Embora a produção de mel das abelhas sem ferrão seja inferior à da


abelha italiana, os meliponíneos (como também são chamadas essas abelhas)
possuem vantagens muito importantes em relação às outras espécies,
especialmente pelo fato de elas estarem muito mais adaptadas à polinização das
árvores de nossa floresta e à nossa cultura e realidade.
A importância dessas abelhas na preservação ambiental é indiscutível.
Responsáveis pela polinização de 30% das espécies da caatinga e pantanal e
até 90% das espécies da Mata Atlântica (KERR, 1996), o desaparecimento dos
meliponíneos coloca em risco a flora e a fauna silvestre.
A Meliponicultura, como é denominada a criação de abelhas indígenas
sem ferrão, não é uma atividade nova, já sendo praticada pelos indígenas e vem
crescendo entre os produtores de mel em todo País (VENTURIERI, 2008). Seus
objetivos estão na produção e comercialização de colmeias (ou parte delas), mel,
pólen, resinas, própolis e outros substratos como atrativos e ninho-iscas, além
das abelhas serem os principais agentes da polinização e a conservação da
biodiversidade, ou simplesmente a proteção das espécies contra a extinção.
Este artigo oferece informações generalistas sobre a evolução tecnológica
das abelhas melíponas como também do mel e seus derivados para consumo e
comercialização.

A MELIPONICULTURA
A criação racional das abelhas indígenas vem demonstrando ser uma
excelente alternativa de geração de renda para populações tradicionais
(VENTURIERI, 2008). De fácil manejo e sem interferir no tempo gasto das
demais atividades agropecuárias, a meliponicultura ainda tem a vantagem de ser
bem aceita pela população. Parte dessa aceitação se deve ao fato do mel de
abelhas-sem-ferrão apresentar grande valor cultural e ser normalmente utilizado
para fins terapêuticos, pelas características medicinais a ele atribuídas. Além do
mel, outros subprodutos das abelhas-sem-ferrão, como o geoprópolis, o pólen e
a cera, apresentam grande potencial como alternativa para auxiliar no sustento
em pequenas propriedades rurais.
O mel das abelhas-sem-ferrão tem uma composição físico-química
diferente do mel de Apis mellifera, o que lhe confere características de sabor, cor
e odor diferenciado e que variam de acordo com a espécie de abelha criada e a
florada da região (NOGUEIRA NETO, 1997). A produção de mel dessas abelhas
também é influenciada pela espécie de abelha criada, em geral, quanto menor o
tamanho da abelha e do ninho, menor a produção de mel ((VENTURIERI, 2008).
Embora sejam conhecidas mais de 300 espécies de abelhas nativas,
poucas são criadas de forma racional. Algumas espécies têm sido
frequêntemente indicadas para a produção de mel como a uruçu-donordeste
(Melipona scutellaris), a tiúba-do-maranhão (M. compressipes fasciculata), a
jandaíra (M. subnitida), a uruçucinzenta (M. manaosensis), a mandaçaia (M.
quadrifasciata anthidioides) e a jataí (Tetragonisca angustula) (CAMPOS, 1991;
KERR,1996).
A falta de conhecimento sobre biologia, comportamento e reprodução
para que se possa adaptar técnicas de manejo e equipamentos é uma das
causas para a pouca diversificação das espécies criadas racionalmente, o que
prejudica o processo de preservação (VENTURIERI, 2008). Há espécies
também que não se adaptam ao manejo racional, sendo de difícil domesticação.
ALGUNS PRODUTOS DE INTERESSE COMERCIAL ORIUNDOS DA
PRODUCÃO MELIPONINEA
• MEL
O mel é um produto resultante de ações enzimáticas no néctar – que é uma
solução de açúcares com água, produzida pelas flores. Após a coleta por
“abelhas-operárias”, é transportado para o enxame, maturado, concentrado e
transformado (NOGUEIRA NETO, 1997). Tais abelhas armazenam o néctar
coletado em sua vesícula melífera (papo de mel) localizada ao lado do estômago
e o transportam até o enxame. Então, o repassam para outra abelha operária,
boca a boca. Nesta ocasião, ocorre a reação enzimática do organismo da abelha
operária, a sacarose, que é a principal substância do néctar e que é transformado
em frutose e dextrose. As abelhas operárias que receberam o néctar
transportam-no para armazenar na melgueira e produzem vento, batendo suas
asas, a fim de evaporar a umidade. A temperatura ideal no interior da colmeia
também acelera a concentração e a maturação do mel. As melgueira com mel
maturado são fechadas com a cera (VENTURIERI, 2008).

• PRÓPOLIS
A Própolis é uma mistura complexa de substâncias resinosas colhidas por
abelhas de brotos, flores e ramos vegetais. Essa mistura é utilizada para a
proteção da colônia vedando as frestas, evitando a entrada de inimigos naturais
(tracuá, lagartixas, forídeos) e luminosidade. Além disso as abelhas utilizam a
própolis para a proteção interna da colônia contra a ação de microrganismos
indesejáveis. A própolis é também utilizada na mistura com a cera pura para a
confecção de invólucro, potes de mel e pólen e disco de cria. Para o homem tem
funções terapêuticas comprovadas, como tratamento de: tumores malígnos,
bronquites (tuberculoses), eczemas agudos e crônicas, feridas diversas,
purulentas e também calosidades, infecções micóticas dos pés, principalmente
dos dedos, por exemplo. (PEREIRA et al, 2012).

• PÓLEN
Para as abelhas, o pólen é a principal fonte de alimento não liquido, sendo
utilizado na alimentação das crias e nutrição das abelhas jovens. O pólen
coletado isoladamente pode ter propriedades muito específicas e terapêuticas
tendo o valor nutritivo do grão, diferindo acordo com a planta que o originou.
No momento em que as abelhas operárias mergulham no interior da flor em
busca do néctar, os grãos de pólen agarram nas penugens que envolvem seu
corpo. Ao irem de uma à outra, “deixam” alguns grãos, o que causa a polinização
das plantas.
O pólen que resta nas abelhas é umedecido com néctar, levado para a
colmeia, triturado e guardado no fundo do enxame para futuro consumo.
(NOGUEIRA NETO, 1997).

MELIPONICULTURA E TECNOLOGIAS
Estudos citogenéticos dos meliponídeos têm suma importância na
conservação das espécies, que têm sofrido drasticamente com a devastação
ambiental e o ingresso de espécimes invasores e competidores na fauna nativa.
Todavia, ações relacionadas ao manejo das colônias é um destaque.

• Localização do Meliponário
A docilidade das abelhas requer a atenção para a localização da instalação
do meliponário é segurança, para evitar furto. O local deve ser limpo, sombreado,
protegido de vento e de fácil acesso. (SILVEIRA et al, 2002).
Para evitar a contaminação do mel, recomenda-se que o meliponário
esteja distante de engenhos, fábricas de doces e refrigerantes, estradas e currais
de criação animal. Outra medida importante é evitar a instalação de meliponários
em locais próximos de colônias de abelhas que possam causar saque, como a
abelha europeia (Apis mellifera).
A flora da região é a característica mais importante a ser levada em
consideração na escolha do local. Quanto mais próximo da flora a ser explorada,
maior será a produção das colônias. A conservação e o enriquecimento da flora
podem e devem ser realizados, auxiliando no enriquecimento e preservação da
matéria-prima de produção. (CAMPOS et al, 1991).

• Ninho
São, geralmente, construídos em ocos de árvores, ninhos abandonados de
cupins e formigas, fendas em rochas, cavidades de solo ou, ainda, em ninhos
expostos. Nessa construção as abelhas usam cera, resina, barro e cerume (uma
mistura de cera com resina). (CAMPOS et al, 1991).

• Alimento
O alimento é armazenado em potes construídos com cerume. A maioria das
abelhas se alimenta de produtos obtidos nas flores. Os meliponíneos coletam
néctar das flores e por desidratação e ação enzimática o transformam em mel,
que é armazenado na colmeia. Mel e pólen são armazenados em potes
separados. O fornecimento de alimento deve ser realizado sempre que as
colônias estiverem fracas e que não houver disponibilidade no campo.
(CAMPOS et al, 1991).

• Caixa racional
Vários modelos de caixa racional podem ser usados, sendo necessária a
adaptação da espécie e do produtor. É importante que o modelo escolhido leve
em consideração a biologia das abelhas, arquitetura do ninho e facilidade de
manejo. Atualmente, recomenda-se trabalhar com colmeias moduláveis que
tenham, além da tampa e do fundo, ninho, sobreninho e melgueiras. Dessa forma
é possível adaptar o espaço disponível de acordo com o desenvolvimento da
colônia. (CAMPOS et al, 1991).

• Instalação das colmeias


As colmeias devem ser instaladas a uma altura aproximada de meio metro do
chão, em cavaletes individuais. A distância entre as caixas deve ser de meio
metro, se a espécie criada for uma abelha pequena (aproximadamente 5 cm), a
três metros se a espécie criada for uma abelha grande (SILVEIRA et al, 2002).

• Colheita de mel
Para a colheita do mel o produtor deve usar uma bomba de sucção ou seringa
e só retirar mel de potes fechados. Em algumas colônias é possível encontrar
um líquido muito claro e com alto teor de umidade nos potes, aparentemente
trata-se de néctar. Esse material não deve ser colhido ou misturado ao mel. Os
cuidados com a higiene pessoal e do local de colheita é fundamental para
garantir um mel de qualidade. O uso de luvas e batas é recomendado
(CAMARGO et al, 2017).

LEGISLAÇÃO APLICADA A MELIPONICULTURA


Métodos de manejo, colheita e beneficiamento do mel de ASF que não
obedecem às Boas Práticas de Fabricação, associados à umidade elevada e
microrganismos, podem acarretar problemas de conservação do produto,
podendo até mesmo torná-lo impróprio para o consumo humano (CAMARGO et
al, 2017).

A composição físico-química do mel de ASF é bastante característico,


diferindo-se dos méis das abelhas europeias e africanizadas. O seu maior teor
de umidade, que eleva a atividade de água, aumentando a susceptibilidade do
crescimento microbiano, principalmente pela presença de leveduras em sua
composição original. Resulta, assim, em um mel menos viscoso e em uma
cristalização mais lenta quando comparada à do mel de Apis mellifera
(CAMARGO et al, 2017).

Estudos avaliaram o pH e atividade de água (Aa) de amostras de méis de


ASF, e encontraram faixas de Aa de 0,67 a 0,75 e pH de 3,49 a 4,65. Ainda que
esta faixa de Aa seja limitante para desenvolvimento de micro-organismos
patogênicos, fungos e leveduras osmofílicas podem se desenvolver (CAMARGO
et al, 2017).

Em virtude das diferenças na composição físico-química, os valores de


referência indicados para o controle da qualidade e comercialização de mel, nas
legislações vigentes, são falhos para os méis das ASF. O desenvolvimento e a
aprovação de uma regulamentação para os méis de ASF, constando os
requisitos de identidade e padrão são importantes para a garantia de segurança
de consumo (CAMARGO et al, 2017). Atualmente, de modo nacional, usa-se o
Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal
(RIISPOA), instituído pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
CONCLUSÃO
É extremamente perceptível a importância das abelhas no meio comum,
para diversos fatores que são de vital importância para os seres humanos, tanto
no quesito ecológico como questões econômicas.
É necessário o empenho científico para que possamos cada vez mais
provocar a evolução tecnológica desses insetos, visando uma otimização de
suas funções dentro de suas atividades.

REFERÊNCIAS
Camargo, R. C. R. et al. Mel de abelhas sem ferrão: proposta de
regulamentação. Braz. J. Food Technol., Campinas , v. 20, e2016157, 2017
. Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1981-
67232017000100900&lng=en&nrm=iso>. access on 05 jan. 2018. Epub Jan 12,
2017. http://dx.doi.org/10.1590/1981-6723.15716.

Campos, L. A. O., Peruquetti, R. C. 1991. Biologia e criação de abelhas


sem ferrão. UFV. Minas Gerais.
Kerr, W.E. 1996. The history of introduction of African bees to Brazil. South
African Bee Journal, 39(2): pp. 3-5.
Pereira, F. M., Souza, B. A., Lopes, M.T.R., Vieira Neto, J. M., 2012.
Manejo de colônias de abelhas-sem-ferrão. Teresina, Embrapa.
Pinheiro, F. M., Costa, C. V. P. N., Baptista, R. C., Venturieri, G. C.,
Pontes, M. A. N. 2007. Pólen de abelhas indígenas sem ferrão Melipona
fasciculata e Melipona flavolineata: caracterização físico-química, microbiológica
e sensorial. UFPA. Belém.
Nogueira Neto, Paulo. 1997. Vida e criação de abelhas indígenas sem
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Silveira, F. A; Melo, G. A. R. & Almeida, E. A. B. 2002. As abelhas
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253p
Venturieri, G. C. 2008. Criação de Abelhas Indígenas Sem Ferrão. Belém.
Embrapa.

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