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ESTUDO DIRIGIDO
TEXTO 6: 3ª PARTE – FRANCO JUNIOR. Hilário. “As estruturas sociais”. In: A Idade média:
nascimento do ocidente. -- 2. ed. rev. e ampl. -- São Paulo: Brasiliense, 2001, p. 112-137.
1. História Social e Fragmentação: Muitas vezes esses estudos isolam de tal maneira seu objeto
que parecem esquecer que nenhum grupo vive separado. Apesar de a História Social ter
privilegiado a noção de estrutura antes que outros campos das Ciências Humanas, ela encontra-
se atualmente tão estilhaçada em nichos de hiperespecialização que perdeu sua identidade. (112)
3.1. Crise do Império Romano: cristalização da hierarquia social criou uma enorme distância
social entre as várias camadas.
4.1. Ausência de uma “classe média” (comerciantes, artesão) consistente: polarização entre os
proprietários fundiários, de um lado, e os camponeses despossuídos, de outro. (117)
4.2. Clivagens:
4.2.1. Aristocracia (grandes proprietários) descendia da romana, da germânica ou ainda
de ambas, devido à fusão que ocorrera no período anterior. Era, portanto, constituída por famílias
que há muito possuíam grandes latifúndios.
4.2.2. Aristocracia eclesiástica: também de mesma origem e administradora de terras;
4.3.1. Benefício: “concessão da posse (e não da propriedade) de uma terra para remunerar
determinado serviço”. (117)
4.3.2. Vassalagem: importante perceber as diferenças no tempo e no espaço.
4.3.3. As relações sociais entre membros da aristocracia (laica e/ou clerical): davam-se através de
práticas econômicas (terra entregue ou recebida), políticas (poderes naquela terra) e religiosas
(juramento de fidelidade).
4.5. Servidão.
4.5.1. Não há consenso sobre a origem. Possivelmente, eles foram produto de mudanças ocorridas
na situação jurídico-econômica dos escravos que tinham recebido lotes de terra
(servi casati), e dos colonos, que iam perdendo sua condição teórica de homens livres. (118)
5.1.1. Sentido stricto sensu (François Guizot, Jacques Flach e Karl Marx): refere-se aos vínculos
feudo-vassálicos, relações político-militares entre membros da aristocracia:
5.1.2. Sentido lato sensu: designa um tipo de sociedade com formas próprias de organização
econômica, política, social e cultural.
5.2.3. controlava as manifestações mais íntimas da vida dos indivíduos: a consciência através da
confissão; a vida sexual através do casamento; o tempo através do calendário litúrgico; o
conhecimento através do controle sobre as artes, as festas, o pensamento; a própria vida e a própria
morte através dos sacramentos (120)
5.2.5. como produtora de ideologia, traçava a imagem que a sociedade deveria ter de si mesma.
Bispo Adalberon de Laon (século XI): “A casa de Deus, que parece una, é portanto tripla: uns
rezam, outros combatem e outros trabalham.” (121)
5.2.5. Sociedade de ordens; “[...] ordo apresenta um duplo sentido. Primeiro, corpo social isolado
dos demais, investido de responsabilidades específicas. Segundo, organização justa e boa do
universo, que deve ser mantida pela moral e pelo poder. Ou seja, a sociedade de ordens dividia os
homens em grupos de relativa fixidez, pois a classificação de cada indivíduo partia de uma
determinação, de uma ordem, divina.” (122)
5.2.6. A cristianização do cavaleiro, através da cerimônia de adubamento, de forte componente
litúrgico, e que nos séculos XI e XII acabaria por se tornar um verdadeiro sacramento. (123)
“Recebiam do senhor lotes de terra, os mansos, de cujo cultivo dependia sua sobrevivência e em
troca da qual realizavam o pagamento de determinadas taxas àquele senhor. Trabalhavam ainda
em lugares e tarefas indicados pelo senhor, sem nenhum tipo de remuneração. Em contrapartida,
tinham a posse vitalícia e hereditária de seus mansos e a proteção militar proporcionada pelo
senhor.” (123-124)
5.3. Sintetizando: “Tínhamos, portanto, naquela sociedade de ordens, de um lado, duas camadas
identificadas quanto às origens e aos interesses, detentoras de terra e, assim, de poder econômico,
político e judicial (clérigos e guerreiros), de outro lado, uma massa formada principalmente por
despossuídos e dependentes, os trabalhadores.” (124)
5.5.2. Segmentos laico e clerical da aristocracia: disputa pelo controle da mão-de-obra e terras;
5.6. As Cruzadas
5.6.1. Para além do aspecto religioso: alternativa para os problemas enfrenados por dois grupos
sociais:
a) filhos secundogênitos excluídos da herança de bens imobiliários (evitando a partilha);
b) Servos desenraizados, produto da continuada fragmentação dos mansos. (127)
a) Para a Igreja:
a.1.) A perda de credibilidade: “Seu poder de intermediação com a Divindade começou a ser
colocado em xeque: por que Deus permitira a derrota cristã?” (128);
a.2.) A proliferação das heresias nos séculos XII-XIII;
a.3.) A perda do controle sobre o movimento cruzadístico”.
6.1. Cidade e liberdade: “o ar da cidade dá liberdade”. Isto é, depois de morar certo tempo
numa cidade (o que podia variar de um a dez anos, conforme o local), o camponês tornava-se
homem livre.”
6.2. O elemento burguês: “burguês (habitante do burgo, ou seja, da cidade), o que significava uma
situação jurídica própria, bem definida, com obrigações limitadas e direitos de participação
política, administrativa e econômica na vida da cidade.”
6.3. O burguês dos primeiros tempos, um sujeito em “crise existencial”: “os laços sociais entre os
indivíduos eram estabelecidos por um juramento, como ocorria na aristocracia. Os mais ricos
procuravam imitar vários hábitos nobiliárquicos.” (130)
6.5. As heresias e a crítica ao catolicismo romano: “As heresias dos séculos XII-XIII foram
essencialmente movimentos sociais contestadores, que assumiam forma religiosa” (131)
7.1. Mobilidade social: “a tendência ao imobilismo social foi sendo substituída pela aceitação da
possibilidade de mudanças” (133)
7.1.3. Campesinato: constituição de campesinato livre, de uma elite camponesa (algumas regiões)
e de uma “reação senhorial” (135)
7.2.1. Campo
a) contra a miséria: “em regiões mais pobres, caso do movimento dos Tuchins (1366- 1384),
camponeses e artesãos arruinados do Auvergne e do Languedoc.” (136)
b) Trabalhadores em boa situação, que enfrentavam a reação senhorial: “Tais movimentos não
eram revolucionários, mas reacionários, buscando a volta a um passado recente, considerado
menos duro. [...] A Jacquerie (maio-junho de 1358), começada na região parisiense e propagada
por outros territórios franceses. O movimento não foi contra a miséria, como se pensou por muito
tempo, mas resultou de uma conjuntura difícil, advinda da peste negra, da legislação salarial de
1351 e 1354, do crescente peso dos impostos, dos problemas gerados pela Guerra dos Cem Anos.”
(136)
7.2.2. Urbano:
Luta pelo controle do Estado, em processo de afirmação, fosse ele comunal, senhorial ou nacional.
(136)