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Utilidade é a capacidade ou a aptidão de uma coisa para b) Pretensão no sentido dinâmico: o exercício dessa
satisfazer uma necessidade. Alvim, porém, diz que nem faculdade (atuar na expectativa de que o obrigado
sempre que haja utilidade num bem, haverá também um atenda).
interesse a ele compreendido. Temos o homem com as
suas necessidades e os bens com a sua utilidade. L IDE
a) Jurisdição: é a função do Estado de dizer o direito em Compete à União legislar privativamente (art. 22, I da
face do caso concreto; CF/88). Ressalvada a hipótese do parágrafo único do art.
22, o que faculta que, autorizados por lei complementar
b) Ação: é o direito de exigir do Estado o exercício da federal, possam vir os Estados a legislar sobre as questões
jurisdição; específicas de matérias de competência privativa da
União.
c) Processo: é o meio, o instrumento através do qual se
exerce a jurisdição. DIREITO PROCESSUAL CONSTITUCIONAL
NORMA
v) Instrumentalidade: se o ato processual, em relação a PROCESSUAL
pratica em desconformidade da lei, atingiu sua finalidade
e não causou prejuízo, deve ser aproveitado. Sendo uma
exceção à relevância das formas. Seguindo um sentido Atribui
finalístico da formalidade; seu caráter instrumental. Será Solução de Atribuir
instrumentos
conflitos poderes ao juiz
um nulo eficaz, ou seja, um ato nulo que causará efeitos. para as partes
No tempo, as leis processuais estão reguladas na Lei de Interpretar a lei consiste em determinar o seu significado
Introdução às normas do Direito Brasileiro - LINDB. A lei e fixar o seu alcance. Compreendendo diversos momentos
nova tem presunção de melhor qualidade – supõe-se e aspectos, a tarefa interpretativa apresenta, contudo, um
melhor adequada às vicissitudes que vem regular ao seu tal caráter unitário, que não atinge o seu objetivo senão
surgimento -, por isto deve ser aplicada imediatamente na sua inteireza e complexidade.
(respeitado, apenas, algum período de adaptação –
vacatio legis). O Brasil adota o sistema do isolamento dos Quanto ao método
atos processuais. Assim, a lei nova não pode incidir
retroativamente, pois agrediria a certeza e segurança das a) Gramatical ou Literal-linguístico: interpretação da
relações jurídicas; não pode prejudicar o ato jurídico norma tal qual como ela se apresenta, de acorda com o
perfeito (ato praticado de acordo com a lei então vigente), que ela diz, está disposta.
a coisa julgada (decisão jurisdicional que se torne
definitiva) ou o direito adquirido (o direito que já se b) Sistemático: em conjunto com outras leis.
incorporou ao patrimônio da pessoa que atendeu a todos
os elementos e pressupostos de fato e de direito à sua c) Teleológico: busca o objetivo, a finalidade, da lei.
aquisição). Exemplo: a questão do salário mínimo ser determinado
APLICAÇÃO DA LEI EM PROCESSO EM CURSO por X reais, pergunta-se qual o objetivo disto.
d) Histórico: antecedentes da norma. Pergunta-se, por
a) Unidade processual: apesar de se desdobrar em uma exemplo, a respeito do surgimento de determinada
série de atos diversos, o processo apresenta tal unidade norma, por que ela foi alterada.
que somente poderia ser regulado por uma única lei, a
nova ou a velha, de modo que a velha teria de se impor Quanto ao Resultado
para não ocorrer a retroação da nova, com prejuízo dos
atos já praticados até a sua vigência; a) Declarativa: coincide o texto legal com a extensão da
norma, isto é, a interpretação coincide com a lei.
b) Fases processuais: distinguir-se-iam fases processuais
autônomas (postulatória, ordinatória, instrutória, b) Extensiva ou Ampliativa: conclui-se que o texto legal
decisória e recursal), cada uma suscetível, de per si, de ser diz menos do que o legislador queria dizer. Exemplo: as
disciplinada por uma lei diferente; partes podem produzir todos os meios de prova possíveis.
Diante deste dispositivo, o juiz tem que ampliar essa
c) Isolamento dos atos processuais: a lei nova não atinge interpretação, possibilitando a prova testemunhal,
os atos já praticados, nem seus efeitos, mas se aplica aos documental etc.
atos processuais a praticar, sem limitações relativas às
chamadas fases processuais. c) Restritiva: ao contrário da extensiva, o texto legal diz
mais do que o legislador queria dizer.
O Brasil adota o sistema do isolamento dos atos
processuais. Assim, a lei processual tem validade geral e FASES METODOLÓGICAS PROCESSUAIS
posterior, não retroagindo. Dessa forma os atos
processuais praticados na vigência da lei antiga não serão
a) Praxismo: antecede o aparecimento do direito
afetados pela lei nova, salvo no processo penal para
processual enquanto ciência. No praxismo, a postura era a
beneficiar o réu.
do processo sincrético, isto é, o processo tendo sua
existência ligada ao direito substantivo. Em relação à
NORMA PROCESSUAL NO ESPAÇO
racionalidade envolvida tinha-se na fase praxista um
modelo de racionalidade prática, vinculada a solução dos
Quanto ao espaço, a lei processual é regulada pelo casos concretos, com possibilidade dos atores processuais
princípio da territorialidade. Assim, a lei processual tem lançarem argumentos na persecução do justo particular,
donde segue-se que no modelo praxista o sentido ético da consubstancia na legítima defesa e do estado de
jurisdicidade encontra-se arraigada ao próprio modelo de necessidade.
direito envolvido.
II. Autotutela: Pontes de Miranda denomina como justiça
de mão própria, denotação que explicita a sua natureza.
b) Processualismo: o processualismo dá cientificidade ao
Não é um mero ato de evitamento, pois a transgressão já
direito processual civil, o método era o científico, através
foi consumada no mundo jurídico. Consiste na
do qual seria possível extirpar do direito processual todo e
substituição do juiz por uma das partes, que deduz a
qualquer resíduo de direito material, uma vez que a ideia pretensão perante si mesmo e realiza o ato pela
era justificar a possibilidade científica do direito imposição da sua decisão.
processual civil como um ramo próprio e autônomo. O
modelo do processualismo tem especial influência no A autotutela indiscriminada é incriminada nos dias de
direito processual civil brasileiro, em especial pela hoje pelos arts. 345 e 350 do código penal, porque ela
formação do Código de Processo Civil de 1973, o chamado torna a realização da justiça precária e aleatória.
código Buzaid.
REQUISITOS PARA A AUTOTUTELA
c) Instrumentalismo: em crítica ao processualismo surge o
modelo instrumentalista do processo civil, que tem por Autotutela, como justiça de mão própria, entra em
objetivo resgatar em certa medida o vínculo entre confronto com o Princípio do Monopólio Estatal da
processo e direito material, que havia sido rompido. Aqui, Justiça. Este princípio presume que o Estado estaria em
o processo é um instrumento para se alcançar o direito todo lugar, à disposição do cidadão e com capacidade de
material. eficácia com relação à tutela jurisdicional. Mas este é um
princípio que se mostra relativo, porque haverá algumas
situações em que o Estado não estará presente. E é diante
d) Formalismo-valorativo: propugna por uma construção
da impossibilidade de o cidadão recorrer ao Estado que se
de um modelo processual civil baseado em duas
configura a hipótese de utilização da autotutela. Para que
premissas, a saber: o abandono do formalismo
seja garantida a incidência da norma especial de exclusão
exacerbado; a cooperação entre o órgão judicial e as da ilicitude, é necessária a presença dos seguintes
partes. pressupostos:
MODOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITO a) não ser possível obter a tempo a tutela jurídica
prometida pelo Estado;
Por mais pacífico e civilizado que seja um grupo de
pessoas, nem sempre haverá harmonia dentro da b) não ser possível aguardar sem dano irreparável ou de
diversidade de vontades e opiniões que marcam a difícil reparação que a tutela jurídica estatal se dê;
humanidade. A inevitável ocorrência de lides no âmbito
da coletividade, por sua vez, impõe à comunidade a c) justiça res ducta, em que uma parte exerça a pretensão
necessidade de proporcionar aos litigantes meios de para a qual será atendido se fosse para juízo estatal.
pacificação de tais conflitos, em virtude da evidente O fato da possível utilização da autotutela não extingue a
tensão social gerada e do natural desgaste decorrente de possibilidade de controle jurisdicional a posteriori. Se
tal tensão. São três os caminhos básicos da composição: a houver provocação do juízo, ele examinará, por meio
autotutela, a autocomposição e a heterocomposição. daquele que sofreu dano, se houve de fato a autotutela ou
não. Se qualquer um dos pressupostos não for atendido,
prevalecerá a norma geral de ilicitude.
AUTOTUTELA
Nesse meio de solução de conflitos uma das partes impõe EXEMPLOS DE AUTOTUTELA
a prevalência do seu interesse sobre o do seu adversário,
usando ou ameaçando usar qualquer espécie de força a) Direito Administrativo: auto-executoriedade dos atos
para assegurar o triunfo de sua pretensão. Há, assim, administrativos que consistirá na possibilidade de que
composição do conflito de forma intra partes, sem a certos atos administrativos ensejem imediatamente a
intervenção de um terceiro, mediante a materialização ou direta execução pela Administração, sem necessitar contar
a ameaça de concretização de alguma forma de coerção. com ordem judicial, pois é vista como legítima.
Trata-se da exceção, e não da regra: se assim não fosse,
equivaleria a legitimar a justiça com as próprias mãos. Só b) Direito Civil: Desforço possessório imediato (art. 1210,
pode ser aplicado se estiver previsto no ordenamento § 1º do CC); Corte de raízes e ramos limítrofes
jurídico. Justifica-se diante da impossibilidade da presença ultrapassadores da extrema do prédio (art. 1283 do CC).
do Estado-juiz e a ausência de confiança no altruísmo da Direito de retenção (art. 578, 644, 1219 e 1433, II, do CC).
autocomposição. Penhor legal (art. 1467 do CC). Legítima defesa e estado
de necessidade (arts. 188, I e II, 929 e 930 do CC).
I. Autodefesa: há o ato de evitamento, que tenta evitar
que o ato de violência se consume. A autodefesa se
c) Direito Penal: legítima defesa e estado de necessidade
(arts. 23 a 25 do CP);
AUTOCOMPOSIÇÃO
BIBLIOGRAFIA