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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS – UFAL

Faculdade de Direito de Alagoas – FDA

CRIMINOLOGIA

Adriana Chiarantano Lavorato


Beatriz Peixoto Barros
Flavia Maria Madeiro de Almeida
Marianna de Oliveira Rocha Guimarães

Maceió/AL
Novembro de 2015
Escopo das teorias sociológicas do crime

As teorias criminológicas que derivam do conhecimento sociológico – ou seja, aquelas


que têm como objetivo analisar as influências do meio social sobre o indivíduo – utilizam-se
de uma perspectiva macrocriminológica. Isso quer dizer que tais teorias buscam suas próprias
visões justificadoras do delito, sem pretender examinar as interações entre indivíduos ou
pequenos grupos. O que interessa, para a criminologia sociológica, é fazer uma abordagem da
sociedade como um todo no que diz respeito à sua relação com o delito.
É evidente que isso significa que as teorias são, como toda classificação,
essencialmente simplificativas. Ou, em outras palavras, estão sujeitas à exceções, erros e
inadequações quando confrontadas com a realidade. Além disso, sempre tomam por base
pesquisas empíricas que são elaboradas em um determinado tempo e local e que, assim, nem
sempre podem ser perfeitamente aplicada a outras realidades.
Também é importante lembrar que as teorias criminológicas se sucedem com base nas
contribuições teóricas das escolas anteriores (“uma idéia nunca é resultado de um gênio
criador, mas sempre é um produto de seu tempo”). Também por isso, várias teorias somente
podem ser consideradas como definitivas depois de incorporar as críticas que receberam em
um primeiro momento.
Sob essa perspectiva, pode-se dividir as teorias criminológicas em duas grandes
vertentes macrocriminológicas: as teorias do consenso (ou funcionalistas, ou ainda de
integração) e as teorias do conflito.
A grande diferença entre essas duas perspectivas se dá no que diz respeito à finalidade
da sociedade e o fundamento da coerção estatal. Vejamos mais de perto as premissas de cada
uma dessas vertentes.
A maioria das teorias sociais tem historicamente sido baseadas na noção de consenso.
Até o século XVIII e as revoluções que se seguiram não havia surgido a ideia de conflito no
centro das atenções. Escritores como Platão e Rousseau haviam salientado meios de evitar o
conflito criando ingredientes de consenso. Apenas quando teóricos marxistas, anarquistas e
racistas começaram a aparecer na metade do século XIX é que noções de conflito tomaram
lugar do consenso dentro da teoria social. De acordo com tais ideias radicais, o consenso era
impossível, a não ser que diferenças de poder e riqueza fossem eliminadas.
O consenso gira em torno da cultura. Cultura, em sua definição mais reducionista, são
as normas quais a maioria da sociedade decidiu serem úteis para se proceder. Defensores da
cultura afirmam que normas culturais existem porque elas têm resistido ao tempo e provaram
a si próprias na arena da história. A teoria do conflito ataca essa abordagem dizendo que a
cultura em si é criação de uns poucos privilegiados.
A teoria do consenso procura determinar o que todas as pessoas na sociedade têm em
comum. Esta semelhança se torna o elemento central do homem médio da sociedade. Essa
abordagem teórica salienta o fato de que a realidade do consenso, aquele homem médio (ou
personagem público), deve preceder a articulação real daquele consenso. Em outras palavras,
é uma realidade social e um meio de entender essa realidade. A teoria do conflito, por outro
lado, procura determinar quem, por que e como aqueles com poder puderam impor
específicos aspectos de cultura em uma sociedade. De acordo com essa teoria, cultura é um
meio pelo qual os poderosos, que são aqueles com riqueza ou status social, impõem sua
vontade sobre a sociedade. Sendo assim, uma poderosa esperança de fazer a "cultura" parecer
um consenso, enquanto na realidade, é a criação de uma elite.
Ambas as teorias têm dificuldades substanciais. Quanto à teoria do conflito, pode-se
pensar que falta uma explicação de como o consenso foi imposto às sociedades e por que tem
sido geralmente aceita por longos períodos. Por outro lado, teóricos do consenso podem ser
acusados de se esquecer sobre como pessoas em qualquer cultura estão divididas umas das
outras e têm acesso desigual ao poder. Os poderosos têm acesso à educação, prestígio social e
riqueza que lhes possibilita vantagens enormes para fazer sua voz ser ouvida sobre a do resto.
As duas teorias, em último caso, existem para promover um consenso. O problema
real é qual tipo, e sob que condições. Os teóricos do conflito, tipicamente identificados com
algum tipo de socialismo, acreditam que possa existir o consenso tão logo as pessoas sejam
iguais. Mas também fica claro que apenas a revolução e um partido revolucionário podem
fazer isso acontecer. Teóricos do consenso asseguram que a história não pode ser destruída tão
facilmente e que as identidades das pessoas variam e derivam do consenso tradicional que tem
existido há muito tempo. A revolução não poderia mudar isso, segundo eles.

Teorias do consenso

Para as teorias que se alinham à perspectiva consensual, a finalidade da sociedade é


atingida quando há um perfeito funcionamento de suas instituições. Isso significa que os
indivíduos compartilham os objetivos comuns a todos os cidadãos, o que também significa
que todos aceitam as regras vigentes. Em outras palavras, pode-se dizer que, para essa
vertente, os indivíduos compartilham as regras sociais dominantes.
Desse ponto de vista, os sistemas sociais (entendidos como as unidades de análise
sociológica) são associações voluntárias de pessoas que partilham valores e criam instituições,
de modo a assegurar que essa cooperação em torno das regras sociais funcione
adequadamente.
As premissas que fundamentam o consenso podem ser resumidas em uma, principal:
todo elemento de uma sociedade tem uma função (daí as teorias do consenso serem também
conhecidas como funcionalistas), e, assim, sua existência contribui para a manutenção do
sistema social.
O crime, para essa perspectiva, é uma disfunção do sistema social. Natural, como
apontou Durkheim, mas uma falha. Quando um indivíduo comete crimes, ou empreende uma
carreira criminal, pode-se afirmar que há uma falha no sistema que impede que esse indivíduo
seja devidamente integrado nas finalidades e valores sociais vigentes. É justamente o estudo
dessas falhas que compõe o objeto das teorias consensuais.
Pode-se apontar quatro principais teorias criminológicas que compõem a vertente
consensual: a Escola de Chicago (década de 1920), a Teoria da Anomia (década de 1900 e
retomada na década de 1940), a Teoria da Subcultura Delinquente (década de 1950) e a a
Teoria da Associação Diferencial (década de 1940). Esta última é lembrada por cunhar o
notório termo “criminalidade de colarinho branco” para designar os crimes cometidos por
poderosos, em oposição àqueles cometidos pela parcela mais pobre da população.

Teorias do conflito

Para as teorias que se alinham à perspectiva do conflito, a coesão e a ordem social são
fundadas na força e na coerção, e não em uma concordância geral em torno das regras sociais.
A aplicação de regras pressupõe, portanto, a dominação de uns e a sujeição de outros. Desta
forma, não há acordo em torno dos valores que justificam o próprio estabelecimento da força
punitiva para fazer valer as regras vigentes.
Nessa perspectiva, é a força, ou, para usar a terminologia utilizada pela sociologia do
direito, a coerção que faz com que os sistemas sociais permaneçam coesos. Isso porque a
sociedade é, essencialmente, conflituosa1. E, como exato oposto à premissa funcionalista da
perspectiva consensual, o conflito essencial faz com que cada indivíduo em um dado sistema
1
Vertente inaugurada por Karl Marx, no século XIX. Diz Marx no célebre Manifesto comunista, de 1848:
“Até hoje, a história de todas as sociedades que existiram até nossos dias tem sido a história da luta de
classes”.
social contribui para a sua desintegração e mudança.
A concepção de que “toda sociedade é baseada na coerção de alguns de seus
membros por outros”2 cria um amplo espaço para a discussão do crime nessa sociedade.
Afinal, não se poderia mais afirmar que há uma mera disfunção social se há a consideração
que não há função para todos os indivíduos em uma sociedade capitalista e, nessa sociedade, o
Direito Penal pode ser utilizado para encobrir uma confrontação violenta entre as classes
sociais. Passa-se a ponderar o papel da reação do Estado ao crime nesse contexto, e qual o
papel da estigmatização do delinqüente no reforço desse papel “estabilizador” do Direito
Penal.
As principais escolas criminológicas que seguiram a vertente crítica são a da rotulação
(ou labelling approach, década de 1960) e as teorias críticas (intensificadas na década de
1960) e radicais (década de 1970).

Conclusão

As manifestações do conflito mudaram muito daquele descrito por Marx. O


desenvolvimento do capitalismo nos Estados centrais faz com que muitas lutas sociais sejam
agora travadas no âmbito da sociedade civil, pressupondo o funcionamento das instituições.
Por outro lado, não se pode ignorar que esse mesmo desenvolvimento do capitalismo
globalizado criou assimetrias de poder entre os países, criando situações econômicas
alarmantes em regiões do planeta, e violações da ordem pública aparecem como expressões
de desagregação social.
Por isso, é incorreto afirmar que a vertente conflitual substituiu a perspectiva do
consenso nos estudos criminológicos – temos o exemplo de atualidade da teoria da subcultura
para explicar a criminalidade dos poderosos. Também seria equivocado dizer que as escolas
criminológicas do conflito foram enterradas com a queda do Muro de Berlim. Especialmente
no contexto do Brasil, de tantas contradições, é certo que as duas vertentes têm ferramentas
analíticas que nos permitem compreender melhor os fenômenos criminais.

2
Dahrendorf, Ralf. O conflito social moderno: um ensaio sobre a política da liberdade. Apud SHECAIRA,
Sérgio Salomão. Criminologia. p. 137.
Bibliografia

FIGUEIREDO DIAS, Jorge de; COSTA ANDRADE, Manuel da. Criminologia :O homem
delinqüente e a sociedade criminógena. 2ª reimpressão. Coimbra: Coimbra Editora, 1997.

GARCÍA-PABLOS DE MOLINA, Antonio. Criminologia. 3ª ed. São Paulo: RT, 2000.

SHECAIRA, Sérgio Salomão. Criminologia. São Paulo: RT 2004.

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