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7. Reconhecer locais com correntezas e como proceder para deles se afastar.

Pesquisas feitas em diferentes pontos do litoral brasileiro apontam que a correnteza é a principal
causa de afogamentos na praia. Em mais de 80% dos casos, a corrente que provoca esses
acidentes é a que puxa para fora da praia, perpendicular à orla, chamada pelos especialistas de
"corrente de retorno".
Esse fluxo é formado pela água das ondas, depois que elas arrebentam. A água que se acumula
na beira da praia volta para o mar e, com isso, cria uma corrente nessa direção.
Os fatores que determinam essas correntes são muito localizados, por isso é impossível dizer que
uma região do Brasil tenha tendência maior ou menor a apresentá-las. Elas dependem do volume
das ondas, dos ventos e da topografia.
O perfil mais comum de quem precisa ser salvado das correntes de retorno: são homens, jovens
e não têm o hábito de frequentar a praia em que se acidentaram.
"Geralmente, o homem tende a ser mais imprudente no banho de mar. A mulher costuma ser mais
cautelosa, é como no trânsito", acredita Albuquerque, do IFRS. Ele diz ainda que quem conhece
bem o mar tende a ser mais cauteloso, mas que isso "não dá para afirmar 100%".
Essa corrente pode chegar a até 7 km/h e, nesses casos, não adianta tentar nadar contra, pois é
muito difícil atingir essa velocidade na água. César Cielo, no recorde mundial dos 50 metros livre,
prova mais rápida da natação olímpica, alcança uma velocidade média de aproximadamente 8,5
km/h.
Se o banhista fica preso em uma corrente, o mais importante é que ele mantenha a calma. Se ele
souber nadar ou boiar, a corrente não vai fazer com que ele afunde. O ideal, segundo os
especialistas, é nadar paralelamente à praia até encontrar algum banco de areia, onde ele consiga
apoiar os pés no chão. A partir daí, é possível esperar as ondas maiores e nadar junto delas até a
beira da praia.

Bancos de areia

A melhor maneira de saber se a corrente de retorno é forte em determinada praia é observar a


areia. Se ela for muito grossa ou muito fina, a tendência é de que a corrente não seja tão perigosa.
Quando a areia é fina, ela é levemente levada pela água, e o mar tende a ser raso. Onde ela é
grossa, a praia tende a ser íngreme, então a água bate e volta. Por isso, a areia média é a mais
perigosa e serve como indicador.
“A corrente de retorno é mais propícia de ser formada em praias de areia média”, afirma Miguel da
Guia Albuquerque, professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio
Grande do Sul (IFRS), no Campus Rio Grande.
Isso acontece porque a areia média faz com que se formem bancos de areia no mar. Os bancos
de areia são pequenos montes que se formam debaixo d’água, deixando o mar um pouco mais
raso em alguns trechos. Assim, a água que retorna se concentra numa região, e essa energia
concentrada faz com que a corrente fique mais forte.

8. Identificar peixes que representam riscos para banhistas, em mares, rios e lagos, e
reconhecer sua presença em locais de banho.
Animais Mordedores
Neste grupo encontraremos seres marinhos com características agressivas e/ou hábitos
predatórios, providos de poderosas mandíbulas com dentes afiados que podem causar graves
ferimentos lacerocontusos e/ou mutilações ao ser humano, em um encontro casual ou
provocado. Este grupo se restringe basicamente aos tubarões, barracudas, moréias e outros
peixes menores capturados por pescadores.

Tubarões

São, seguramente, os seres marinhos mais temidos e respeitados em todo o mundo.


Apesar de tal fama, apenas doze espécies ocorrentes no litoral brasileiro (a maior
incidência ocorre no norte e nordeste), conforme os registros, apresentam real
periculosidade para os banhistas, surfistas, pescadores e mergulhadores. Altamente
instintivos e imprevisíveis, e com enorme capacidade de percepção proporcionada pela
combinação de seus sentidos apurados, os tubarões são atraídos, e incentivados a
atacar, por sangue, movimentos bruscos e descoordenados, barulhos, peixes feridos,
cores berrantes e objetos metálicos brilhantes. No informativo no 3, onde foi publicada
uma matéria específica e mais abrangente sobre os tubarões, pode-se encontrar
maiores detalhes sobre os hábitos, o comportamento de ataque, o ataque de tubarões
e, ainda, os ataques no litoral brasileiro (com algumas estatísticas). Usualmente a lesão
provocada pelo ataque de um tubarão advém de uma única mordida, de formato
parabólico com bordas irregulares (múltiplas incisões lineares crescentes), que pode
apresentar-se como laceração e/ou compressão, de acordo com o tipo de tubarão
agressor. Em função da força mandibular empregada pelo animal, os danos podem
extender-se internamente no abdômen e tórax quando a mordida ocorrer no tronco.
Qualquer mordida, independente do tamanho do tubarão, deve ser considerada grave
devido às grandes dilacerações que provocam. A hemorragia proveniente do corte de
grandes vasos ou danos em estruturas internas altamente vascularizadas induz o
choque hipovolêmico e o consequente afogamento da vítima. De acordo com os
registros, a mortalidade provocada pelos ataques de tubarão está situada entre 20 e
35%.
Barracudas

Solitárias quando adultas e em pequenos cardumes quando jovens, são encontradas


nadando ativamente próximo da superfície, nas águas costeiras e oceânicas. São
potencialmente perigosas para banhistas e mergulhadores devido à sua grande boca
provida de enormes caninos pontudos. Ao contrário do tubarão, a barracuda não se
intimida com a presença humana. Curiosas e destemidas, com frequência aproximam-
se de mergulhadores e pescadores submarinos, podendo acompanhá-los por horas.
Objetos brilhantes, cores vivas, sangue, e movimentos bruscos e descoordenados
dentro da água atraem a barracuda. Ao sentirem-se atraídas podem atacar rápido e
ferozmente. Os ferimentos provocados pelas barracudas são diferentes dos causados
pelos tubarões por apresentarem cortes formados por duas fileiras quase paralelas (em
formato de "V"), enquanto os tubarões provocam ferimentos dilacerantes cuja forma é
parabólica (formato curvo de suas mandíbulas). Apesar da diferença, a hemorragia
provocada por sua mordida também pode ser bastante intensa, provocando
dilacerações que mesmo sérias raramente são fatais. Um grande espécime, que pode
atingir até 3 metros de comprimento e pesar 50 quilos, entretanto, pode amputar parte
do corpo humano, como atestam alguns registros de ataque.

Moréias

De hábitos costeiros, em águas relativamente rasas com fundo coralino e/ou rochoso,
permanece entocada durante o dia vigiando os arredores. Muito nervosa, é capaz de
atacar e morder qualquer coisa que a perturbe. À noite, quando é mais ativa, sai de sua
toca para procurar alimento. A moreia não sai de sua toca para atacar o homem. No
entanto, quando um mergulhador se aproxima da entrada de sua toca, ela põe a cabeça
para fora, com a boca aberta ameaçadoramente. Se o "intruso" não notá-la a tempo,
poderá levar uma potente mordida. Os ferimentos causados pelas moréias são do tipo
lacerante e denteado. A hemorragia pode ser grande e a infecção secundária é
frequentemente encontrada. Além das dilacerações provocadas, a ferida normalmente
infecciona devido à enorme quantidade de bactérias existentes no material não digerido
que permanece entre seus dentes fortes e cortantes.
PEÇONHENTOS
Os animais peçonhentos estão abrangidos num grupo muito grande. Neste grupo
encontraremos animais providos de mecanismos naturais de defesa que entram em
ação apenas quando são importunados, não havendo a possibilidade de o homem ser
passivamente atacado e inoculado com a peçonha, cabendo um esclarecimento a
respeito da diferença entre peçonha e veneno. Peçonha: é uma substância qualquer de
origem animal, produzida por uma glândula, capaz de alterar o metabolismo de outro
animal quando inoculada. (Ex: peixes peçonhentos como o bagre, o mangangá e a raia.)
Na verdade, quando uma pessoa morde uma outra, sua saliva pode atuar como uma
peçonha, apesar de sua baixa agressividade. Veneno: é uma substância de origem
animal, vegetal ou mineral. Porém, não é produzida por nenhuma glândula nem é
inoculada naturalmente. Os peixes venenosos são aqueles que produzem
envenenamento, ou intoxicação, quando ingeridos ainda frescos, pois apresentam
secreções tóxicas em seus organismos. (Ex: baiacu.) As consequências ocasionadas
por uma peçonha estão diretamente correlacionadas à sua potência, quantidade
inoculada, e peso e condições físicas da vítima. Provocam desde uma simples irritação
à reações de extrema dor. Embora raros, os casos fatais advém, em grande parte, do
choque e posterior afogamento. Assim, é importante retirar a vítima da água
imediatamente após o ocorrido. De uma forma geral, não deve-se tocar, manusear ou
importunar os seres marinhos desconhecidos, evitando-se os animais com formas e,
principalmente, cores exóticas, que é a sinalização da natureza para o perigo. No grupo
dos invertebrados marinhos peçonhentos encontraremos vários animais distribuídos
em diversos ramos, como os poríferos (esponjas), os celenterados (caravelas, águas-
vivas, corais, etc), os equinodermos (ouriços), os moluscos (conus e polvos) e os
anelídeos (poliquetas). Os vertebrados marinhos peçonhentos são representados por
algumas espécies de peixes, como o mangangá e o bagre.

ESPONJAS

Essencialmente marinhas, dos mares árticos até os tropicais, vivem desde a linha de
maré baixa até profundidades de 6.000 metros. Incapazes de movimento e com o
aspecto semelhante ao de várias plantas, apresentam o corpo poroso com formato e
coloração variados e tamanhos que vão de 1 mm a 2 m de diâmetro. Fixam-se a rochas,
conchas e outros objetos sólidos. Apresentam um esqueleto de sustentação formado
de fibras irregulares de espongina, escleroproteína contendo enxôfre, daí o odor
desagradável após algum tempo fora da água, combinadas com espículas calcárias
(esponjas calcárias) ou silicosas (esponjas de vidro). A título de curiosidade, a esponja
comercial, usada no banho, é o esqueleto flexível (espongina) de uma esponja marinha
com todas as partes vivas retiradas. Em algumas espécies, mais evoluídas, as
espículas estendem-se para fora da superfície do corpo produzindo uma aparência
cerdosa. Seu epitélio externo, formado por células finas e chatas, pode secretar
substâncias químicas irritantes (peçonha) para a pele humana. O resultado de um
contato com as espécies mais perigosas, onde suas espículas penetram na pele com a
consequente inoculação da peçonha, é uma dermatite desagradável e/ou dolorosa
(reações alérgicas e/ou inflamatórias).
OURIÇOS

Endêmicos em várias regiões do mundo, são encontrados principalmente nas áreas


costeiras, como os costões e praias, em especial nas rochas, no lodo e na areia. O
corpo, que na grande maioria tem de 6 a 12 cm de diâmetro (sem contar os espinhos),
é esférico e sua superfície apresenta pés ambulacrários, utilizados na apreenção e
locomoção, brânquias (pápulas pequenas e moles), pedicelárias e espinhos
pontiagudos. Os espinhos são móveis e estão dispostos com relativa simetria, sendo
um pouco maiores no equador e diminuindo para os pólos. Um espinho comum,
formado por um único cristal de calcita, é afilado, ôco, quebradiço e não apresenta
nenhuma glândula produtora de peçonha, mas pode possuir uma capa mucosa
protetora contendo uma substância irritante. O contato brusco é acompanhado
normalmente pela penetração do espinho na pele, produzindo desde uma ferida
semelhante à ocasionada por uma "farpa" até uma lesão dolorosa e grave. As
pedicelárias (pedúnculo longo e flexível cuja ponta apresenta três mandíbulas opostas
e articuladas), características de todos os ouriços, apresentam-se de vários formas. O
tipo mais perigoso, chamada de globífera, possui glândulas de peçonha __ sua função
principal é a defesa. As mandíbulas são rodeadas por sacos de peçonha e, após cravá-
las em algo, podem inocular sua vítima exercendo rápido efeito paralisante sobre
pequenos animais. A penetração de espinhos na pele humana pode, nos casos mais
sérios, ocasionar dor, edema e infecção. Uma picada de uma pedicelária pode produzir
dor irradiada, parestesia e distúrbios respiratórios. A dor costuma diminuir após 15
minutos e desaparecer depois de uma hora. Felizmente, os acidentes com pedicelárias
no Brasil são raríssimos.

Peixes
AGULHAS E AGULHÕES

São peixes da classe Osteichthyes (famílias Exocoetidae e Belonidae, respectivamente,


cada uma representada por seis espécies ocorrentes em nosso litoral), cujas
características principais são as mandíbulas com formato de bico ou agulha. Costeiros
e oceânicos, nadam próximo da superfície da água nos mares tropicais, subtropicais e
temperados do mundo. A pesca comercial artesanal desses peixes implica em alguns
riscos para os pescadores. No norte/nordeste do Brasil, à noite, os pescadores saem
com seus barcos (usualmente jangadas) e ao chegarem no local da pescaria acendem
seus lampiões e lanternas. Em pouco tempo começam a surgir os agulhas e agulhões,
que, atraídos pela luz artificial, praticamente se entregam aos pescadores ao pular para
cima do barco. Quem estiver na frente de sua trajetória poderá ser atingido em qualquer
parte do corpo, inclusive a cabeça, e sofrer sérias lesões perfurantes que necessitarão,
muitas vezes, de atendimento cirúrgico de urgência e, posteriormente, de cuidados a
fim de evitar possíveis infecções secundárias.

CIRURGIÕES (Lancetas)

Peixes da classe Osteichthyes (família Acanthuridae, gênero Acanthurus, representado


por três espécies ocorrentes em nossa costa), cuja principal característica é possuir
em ambos os lados do pedúnculo caudal um pequeno espinho alojado dentro de uma
baínha evidenciada pela coloração diferente do restante do corpo. São espécies
costeiras de águas rasas que vivem em fundos coralinos ou rochosos nos mares
tropicais. Quando sentem-se ameaçados, levantam seus espinhos cortantes e os
posicionam em ângulo reto ao corpo. Um contato brusco com um desses espinhos
poderá provocar uma ferida do tipo lacerante, muitas vezes profunda e dolorosa, porém
sem inoculação de peçonha. Além dos possíveis procedimentos cirúrgicos, deve-se
atentar para a ocorrência de infecções secundárias.

PEIXES-DE-BICO

São peixes da classe Osteichthyes (no litoral brasileiro são representados pelas
famílias Xiphiidae, com uma só espécie, o espadarte, e Istiophoridae, com cinco
espécies, quatro marlins e o sailfish) cuja característica principal é o focinho
(mandíbula superior) prolongado, com o formato de uma espada (somente o espadarte)
ou de um agulhão. Essencialmente oceânicos, vivem desde a superfície até as águas
profundas nos mares tropicais e subtropicais do Atlântico e do Pacífico. São muito
valorizados e disputados pelos pescadores oceânicos, de onde vem a terminologia
"peixe-de-bico ", . E é justamente na pesca oceânica, que os acidentes com estes peixes
costumam acontecer. Vigorosos e incansáveis, lutam brava e furiosamente por várias
horas quando fisgados e dão enorme trabalho para serem embarcados. Nesses
momentos seus fortes bicos representam um grande perigo para os pescadores e
sérias lesões perfurantes ou lacerantes podem ocorrer.
OUTROS PEIXES

Os peixes ósseos costumam possuir na estrutura de suas nadadeiras, em especial as


ímpares (dorsal e anal), uma porção de raios duros (espinhos) capazes de perfurar a
pele humana. Em alguns peixes esses raios duros/espinhos podem ser grandes, fortes
e pontudos, tornando-se um sério perigo para aqueles que tentam segurá-los ou
dominá-los após a captura. Os pescadores de todas as modalidades e os
aquariofilistas. Apesar de não haver o envolvimento de uma verdadeira peçonha,
sempre existe a possibilidade de alguma reação alérgica devido à inoculação do muco
que recobre a maioria das estruturas externas dos peixes. Lesões cortantes ou
perfurantes, com os possíveis traumas e consequências inerentes, são razões
suficientes para se pensar duas vezes antes de tentar agarrar um peixe com as mãos
nuas sem saber fazê-lo da forma correta.
O tratamento das lesões cortantes ou perfurantes provocadas pelos diversos peixes
descritos anteriormente visa aliviar a dor e evitar a infecção secundária. A dor é a
resposta imediata à lesão e ao trauma produzidos pela penetração do espinho,
potencializada pela possível introdução de substâncias estranhas na ferida, como
areia, lodo e outras partículas, ou mesmo o muco característico de alguns peixes.
Assim, como primeira medida, deve-se lavar bem a ferida, irrigando-a com soro
fisiológico, água doce ou mesmo, como último recurso, água do mar. Procure,
concomitantemente, remover todos os resíduos e materiais estranhos aderidos. É
extremamente recomendável, logo que possível, banhar a região atingida com água
quente, em torno de 45 a 50 oC, por 30 a 90 minutos ou até que a dor ceda. Pode-se
adicionar sulfato de magnésio à água, devido às suas propriedades anestésicas. Se o
ferimento for em um dos membro deve-se fazer imersão. Porém, se for no tronco ou na
face é indicado o uso de compressas quentes no local. Após os banhos quentes,
preconiza-se a injeção intravenosa de gluconato de cálcio a 10%, para aliviar os
espasmos musculares, e a infiltração local de anestésicos (lidocaína ou procaína a 2%)
para debelar a dor. Não havendo resultados satisfatórios, o uso de analgesia narcótica
(demerol I.V. ou I.M.) poderá ser instituído. Em seguida deve-se, dando prosseguimento
ao tratamento, debridar a ferida, reconstituir cirurgicamente os danos teciduais, colocar
drenos e aplicar curativos assépticos. Evite a sutura com fechamento da ferida. Nos
casos de ferida aberta de grande tamanho utilize somente a aproximação, para seu
fechamento por segunda intensão (após quatro ou cinco dias). Se o tratamento local
for instituído a tempo e de forma adequada, provavelmente não haverá necessidade da
administração preventiva de antibióticos, porém a toxina antitetânica deve ter sua
aplicação rotineira. Havendo infecção da ferida, o uso do antibiótico é necessário.
Como não há, até o momento, conhecimento preciso dos tipos de germes envolvidos,
deve-se utilizar antibióticos de largo espectro. O tempo de uso varia de 7 a 21 dias,
dependendo do caso.

Venenosos

Enquadram-se neste grupo, os animais capazes de provocar algum tipo de


envenenamento quando ingeridos ainda frescos, pois podem apresentar secreções
venenosas em seus organismos ou conter substâncias químicas venenosas (toxinas)
acumuladas em sua carne. É interessante salientar a diferença entre peçonha e veneno.
PEÇONHA: é uma substância qualquer de origem animal

, produzida por uma glândula,


capaz de alterar o metabolismo de outro animal quando inoculada.
(Ex: peixes peçonhentos como o bagre, o mangangá e a raia.)
VENENO: é uma substância de origem animal, vegetal ou mineral.
Porém, não é produzida por nenhuma glândula nem é inoculada
naturalmente (Ex: peixes venenosos como os baiacus.) Não deve-
se confundir o envenenamento aqui referido com a intoxicação
alimentar. Problemas gastrointestinais que costumam ocorrer
quando se ingere algo que não está fresco e contém bactérias (na
maioria dos casos provocada por contaminação secundária
devido às más condições de conservação), e que um correto
cozimento conseguiria, muitas vezes, evitar o problema. Não é
fácil, entretanto, determinar com exatidão quando e quais animais
podem estar venenosos, pois o problema não se restringe apenas
a grupos facilmente indentificáveis ou mesmo a uma época do
ano. Algumas espécies podem apresentar toxidade sazonal,
enquanto outras só se tornam venenosas após consumirem ou se
exporem à substâncias ou organismos venenosos. Além disso, os
animais envenenados não são percebidos pela visão, tato ou
olfato. O melhor procedimento para evitar o envenenamento por
seres marinhos é conhecer e informar-se a respeito dos costumes
e experiências locais, ainda que esse não seja um método
preventivo infalível.
As conseqüências provocadas por um envenenamento estão
diretamente correlacionadas com a quantidade do veneno
ingerido, sua toxidade e com o peso e as condições físicas da
vítima. Fazem parte deste grupo algumas espécies de moluscos,
crustáceos e peixes que podem ser ou estar venenosos, de forma
ocasional ou permanente.
CIGUATERA

É o envenenamento provocado pela ingestão da carne de várias

esp écies de peixes tropicais


que têm seu habitat nos recifes coralinos. É considerada uma
das mais sérias formas de envenenamento por peixe.Ao comer
um peixe envenenado, o homem fecha a cadeia alimentar onde
há a ocorrência da toxina. A cadeia começa com uma microalga
que produz a ciguatoxina e vive na superfície de algumas algas.
As microalgas são comidas, diretamente, pelos invertebrados
filtradores e pelos peixes herbívoros e onívoros que se
alimentam de algas, e, indiretamente, pelos peixes carnívoros
que se alimentam dos invertebrados e dos peixes herbívoros ou
onívoros. Como a ciguatoxina é cumulativa no organismo dos
seres ao longo da cadeia alimentar, a medida em que se sobe na
cadeia, maior a quantidade de toxina acumulada. Assim, um
peixe carnívoro terá, provavelmente, maior quantidade
acumulada do que um herbívoro. Das espécies de peixes
implicadas com esse tipo de envenenamento (mais de 400 em
todo o mundo), a maioria possui alto valor comercial para a
alimentação humana e constitui a base de muitas industrias
pesqueiras e peixarias locais. Normalmente, essas espécies
estão livres da contaminação (boas para a alimentação). Porém,
em determinadas áreas e épocas do ano, as mesmas espécies
podem vir a ficar venenosas, em função da maior proliferação
dessas microalgas, e permanecer venenosas por vários anos, já
que a toxina não é eliminada de seus organismos. Dessa forma,

torna-se difícil prever quando


e onde a intoxicação ciguatera irá ocorrer. A intoxicação
ciguatera costuma aparecer nas regiões tropicais e subtropicais
(o que inclui o norte e nordeste brasileiros), porém a maior
incidência se dá junto às ilhas do Pacífico Tropical, Caribe e
mares da Índia. A seguir são apresentadas algumas famílias de
peixes envolvidos em registros de ciguatera, com ocorrência em
nosso litoral. Albulidae (Albula vulpes, Ubarana-focinho-de-rato)
- carnívoros; Serranidae (Mycteroperca venenosa, Badejo-ferro) -
carnívoros; Carangidae (Caranx hippos, Xaréu) - carnívoros;
Lutjanidae (gênero Lutjanus, vermelhos) - carnívoros; Sparidae
(Pagrus pagrus, Pargo) - carnívoros; Sphyraenidae (Sphyraena
barracuda, Barracuda) - carnívoros; Scaridae (Scarus coeruleus,
Budião-azul) - onívoros; Scombridae (gêneros Acanthocybium,
Euthynnus, Sarda, e Scomberomorus ; cavalas e bonitos) -
carnívoros; Monacanthidae (Aluterus scriptus, Cangulo-pavão) -
onívoros; Ostraciidae (Lactophrys trigonus, Baiacu-cofre) -
onívoros
A vítima normalmente percebe os primeiros sintomas da
ciguatera, desde uma leve sensação de formigamento ou coceira
na boca até a paralisia muscular, dentro das primeiras doze
horas após a ingestão da carne
do peixe envenenado. No
entanto, os sintomas costumam aparecer com maior freqüência
no período compreendido entre alguns minutos e cinco horas
após o consumo. Entre os sintomas neurológicos mais comuns
estão, as sensações de formigamento (na boca, face, mãos e
pés), irregulares inversões de quente e frio, tonteira, gosto
metálico na boca, dor muscular nas extremidades e dor nas
articulações. Nos casos mais severos, pode ocorrer o coma e a
morte. As dores abdominais, diarréias, náuseas e vômitos são
sintomas menos comuns. Apesar de os sintomas neurológicos
serem usualmente mais severos nos primeiros seis a dez dias,
muitas vítimas podem queixar-se desses sintomas por períodos
prolongados, que as vezes persistem por meses ou anos. Mesmo
após curadas, algumas vítimas podem apresentar a recorrência
dos sintomas ao ingerir algum tipo de alimento preparado com
peixe.

ESCOMBRÍDEOS

É o envenenamento provocado pela ingestão da carne de apenas

alguns peixes específicos, com excelente valor


comercial, que não foram corretamente conservados após a
captura. Esse tipo de intoxicação envolve, predominantemente,
os peixes da família Scombridae (atuns, bonitos, cavalas e
cavalinhas) e alguns peixes de outras famílias, como a enchova
(Pomatomidae) e a sardinha (Clupeidae). A toxina, chamada de
escombrotoxina, é formada basicamente pela histamina e suas
variantes e se desenvolve na carne do peixe
através da atividade bacteriana que a decompõe (níveis
perigosos da toxina podem ser produzidos em até seis horas
após a morte do peixe mal conservado). Por razões ainda não
conhecidas, a histamina ingerida junto com a carne do peixe
deteriorada é muito mais tóxica do que a ingestão do preparado
químico da histamina em solução aqüosa. Acredita-se que este
fato se deve à presença de agentes potencializadores da
toxidade da histamina, como a cadaverina e a putrescina,
encontrados na carne dos peixes em estado de decomposição.
Esta é a única forma documentada de ichthyosarcotoxismo na
qual bactérias (que decompoêm a carne do peixe) estão
diretamente relacionadas com a produção da toxina dentro do
corpo do peixe. Entretanto, o tipo de envenenamento
aqui tratado, que só costuma ocorrer nas espécies já descritas,

não pode ser confundido com a tradicional


intoxicação bacteriana que ocorre quando se ingere a carne de
um peixe qualquer mal conservado. A vítima pode apresentar os
seguintes sintomas, alguns minutos após a ingestão da carne
contaminada: coceira e sensação de queimação em torno da
boca, sede, vermelhidão da pele, urticária, queixas
gastrointestinais, dor de cabeça, vertigens, náuseas, vômitos,
palpitações e rápidas acelerações do batimento cardíaco. Apesar
de normalmente brandos, estes sintomas costumam durar de
quatro a seis horas. Nos casos mais sérios, podem ocorrer ainda
queda da pressão sangüínea, dificuldades respiratórias e
choque.

GEMPYLÍDEOS
É o envenenamento provocado pela ingestão da carne dos
peixes da família Gempylidae. Ainda assim, a espécie da família
mais implicada com esse tipo de intoxicação é a Enchova-preta
(Ruvettus pretiosus). Esse tipo de envenenamento, ainda pouco
estudado, costuma provocar uma diarréia moderada que pode
ser controlada com os medicamentos adequados. Acredita-se
que este descontrole intestinal seja uma resposta do organismo
humano à constituição oleosa da carne dos peixes dessa família.

TETRAODONTÍDEOS (Baiacús)

o envenenamento é provocado pela


ingestão da carne de algumas espécies de baiacu (família
Tetraodontidae), baiacu-de-espinho (família Diodontidae) e peixe-
lua (família Molidae). Esse tipo de envenenamento é uma das
mais sérias formas de intoxicação. Dentre todos os seres
marinhos venenosos, os baiacus estão entre os mais perigosos.
O potente veneno, (tetrodotoxina) que está normalmente contido
no fígado, no intestino, nas gônadas e na pele de algumas
espécies, dependendo da época do ano, pode, quando ingerido
em altas doses, provocar uma morte bastante rápida (em até 15
minutos após a ingestão). No Japão, onde é chamado de "fugu",
o baiacu é considerado uma iguaria. Pode ser encontrado em
restaurantes especializados onde os chefes, experientes e
altamente treinados, o preparam cuidadosamente para torná-lo
bom para o consumo de seus fregueses. Os japoneses
consideram um "expert" aquele chefe que, ao preparar o baiacu,
consegue deixar uma pequena quantidade da toxina no peixe
que será consumido, para provocar uma leve sensação de
formigamento na boca de seus clientes. Ainda no Japão,
considera-se uma prova de virilidade beber a mistura da gônoda
do baiacu com saquê. Assemelha-se muito ao jogo "roleta-
russa", pois não há como saber o grau de toxidade ou as
chances de uma séria intoxicação sem uma prévia análise de
cada "coquetel" preparado para a degustação. A ingestão da
carne de baiacu é a principal causa, acidental ou proposital, de
intoxicação fatal no Japão. De forma acidental, ocorre entre as
pessoas que consomem o baiacu sem as necessárias
precauções de limpeza e preparo. Propositadamente, fora os
casos já mencionados anteriormente, ocorre para fins
criminosos, para o sacrifício de animais domésticos doentes e
para o suicídio humano. No Japão, o suicídio é uma forma
honrosa para sair de situações sociais de total desonra moral.
No Brasil, especialmente no Estado do Espírito Santo, o Baiacu-
arara (Lagocephalus laevigatus) é consumido regularmente sem
apresentar casos de intoxicação.
Entretanto, existem trabalhos que atestam que sua toxidade varia
de acordo com a época do ano. No verão, não costumam ser
tóxicos, mas no inverno, podem apresentar alto grau de toxidez.
É importante citar duas espécies de baiacu de pequeno porte,
com ocorrência bastante comum em quase todo o litoral
brasileiro (são mais raros na região sul), muito perigosas para o
consumo humano; o Baiacu-pinima (Sphoeroides spengleri) que
possui uma carne seriamente tóxica e o Baiacu-mirim
(Sphoeroides testudineus) cuja carne, letalmente tóxica, é
utilizada como veneno para o sacrifício de animais doentes. A
importância desta citação específica, é que essas duas espécies
são pescadas com frequência pelos pescadores amadores. Na
intoxicação pequena a moderada, a tetrodotoxina pode provocar
desde um leve formigamento na boca até a queda da pressão
sangüínea, com a conseqüente perda da força física. A fala e a
respiração podem ser comprometidas. O entorpecimento, a dor
de cabeça e os problemas gastrointestinais também são comuns
nestas situações. Nos casos mais graves, a tetrodotoxina
provoca a sindrome da paralisia neuromuscular, nas mais
severas formas. A toxina age bloqueando a ação normal do
sistema neural e das células cardíacas e a morte pode ocorrer
devido ao calapso cardiorrespiratório. Os problemas neurais
começam frequentemente com contrações musculares e podem
progredir para a paralisia total. Nesses casos, a vítima fica
imóvel (paralisada) mas com plena consciência de tudo que está
acontecendo.

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