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O DIREITO PRIVADO E O
Civil (Lei no 13.105/2015)
dade Católica de Minas Gerais. Professor da Escola análise do instituto à luz da vulnerabilidade presumida do
Superior Dom Helder Câmara. Professor da Escola de Paulo Nalin | Renata C. Steiner à luz dos preceitos consagrados na Constituição
consumidor
Direito do Centro Universitário Newton Paiva. Membro Sistema de prova do fato jurídico à luz dos Códigos Civil e de Lucas Magalhães de Oliveira Carvalho | Michael César Silva | da República. Aliás, a revitalização que o direito
Processo Civil Samuel Vinícius da Silva privado experimenta se conecta com essa aber-
da Comissão de Direito do Consumidor da OAB/MG.
Membro do Instituto Brasileiro de Estudos da Respon-
sabilidade Civil (IBERC). Advogado.
PRIVADO
DIREITO
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O DIREITO PRIVADO E O
NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
Repercussões, Diálogos e Tendências
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETTO
MICHAEL CÉSAR SILVA
VINÍCIUS LOTT THIBAU
Coordenadores
O DIREITO PRIVADO E O
NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
Repercussões, Diálogos e Tendências
Belo Horizonte
2018
© 2018 Editora Fórum Ltda.
É proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio eletrônico,
inclusive por processos xerográficos, sem autorização expressa do Editor.
Conselho Editorial
ISBN: 978-85-450-0456-1
BRAGA NETTO, Felipe Peixoto; SILVA, Michael César; THIBAU, Vinícius Lott
(Coord.). O Direito Privado e o novo Código de Processo Civil: repercussões, diálogos e
tendências. Belo Horizonte: Fórum, 2018. 441 p. ISBN 978-85-450-0456-1.
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO..................................................................................... 15
PARTE I
O DIREITO CIVIL E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL.......... 17
CAPÍTULO 1
O NOVO PERFIL DA CURATELA: INTERSEÇÕES ENTRE A LBI E
O CPC
Nelson Rosenvald....................................................................................... 19
1.1 Flexibilização da curatela............................................................. 19
1.1.1 O binômio capacidade negocial e capacidade de consentir.... 20
1.2 A teoria dos intervalos lúcidos e o termo legal de
incapacidade................................................................................... 27
1.3 O fim da curatela extensiva.......................................................... 29
1.4 A curatela transitória e as revisões periódicas.......................... 30
1.5 Curatela conjunta........................................................................... 34
1.5.1 Curatela conjunta compartilhada................................................ 35
1.5.2 Curatela conjunta fracionada....................................................... 36
1.6 A humanização da curatela no CPC/15...................................... 38
1.6.1 Curador-cuidador.......................................................................... 38
1.6.2 Personalização da curatela........................................................... 41
1.7 Conclusão ....................................................................................... 43
Referências.................................................................................................... 43
CAPÍTULO 2
A CONCRETIZAÇÃO DOS DIREITOS DA PESSOA COM
DEFICIÊNCIA E O RECONHECIMENTO DA POSSIBILIDADE
DAS DIRETIVAS ANTECIPADAS COMO EXERCÍCIO DA SUA
AUTONOMIA PRIVADA
Cristiano Chaves de Farias, Melissa Ourives Veiga............................. 45
2.1 A importância das diretivas antecipadas como mecanismo
de efetivação da autodeterminação da pessoa humana........... 45
2.2 Nova teoria das incapacidades: a inclusão da pessoa
com deficiência como sujeito de direito em igualdade de
condições com as pessoas sem deficiência e a liberdade de
declarar as diretivas antecipadas................................................. 50
2.3 A pessoa com deficiência enquadrada no conceito de
incapacidade, a estrita abrangência da curatela e a
possibilidade de prática de atos existenciais, inclusive as
diretivas antecipadas..................................................................... 53
2.4 Possibilidade de diretivas antecipadas de vontade por
pessoas com deficiência sob o regime de curatela.................... 56
Referências ................................................................................................... 59
CAPÍTULO 3
DA (IM)POSSIBILIDADE DE CELEBRAÇÃO DO NEGÓCIO
JURÍDICO PROCESSUAL PELA PESSOA COM DEFICIÊNCIA
ATRAVÉS DA TOMADA DE DECISÃO APOIADA
Bruno Oliveira de Paula Batista, Marcos Ehrhardt Jr........................... 61
3.1 Introdução....................................................................................... 61
3.2 O Estatuto da Pessoa com Deficiência e a tomada de decisão
apoiada............................................................................................ 62
3.2.1 A tomada de decisão apoiada e a autonomia da pessoa com
deficiência....................................................................................... 67
3.3 Negócio jurídico processual......................................................... 70
3.3.1 Delimitação do conceito de negócio jurídico processual......... 73
3.4 Possibilidade de realização do negócio jurídico processual
por meio da tomada de decisão apoiada.................................... 76
3.4.1 Esclarecimentos sobre a capacidade processual....................... 76
3.4.2 Negócio jurídico processual por meio da tomada de decisão
apoiada............................................................................................ 78
3.4.3 Alguns limites ao negócio processual praticado por meio da
tomada de decisão apoiada.......................................................... 80
3.5 Considerações finais...................................................................... 83
Referências.................................................................................................... 84
CAPÍTULO 4
NULIDADE DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS E CONHECIMENTO
DE OFÍCIO PELO JUIZ: ENTRE O CÓDIGO CIVIL E O NOVO
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL (LEI Nº 13.105/2015)
Paulo Nalin, Renata C. Steiner................................................................. 87
4.1 Apresentação do problema: a validade ..................................... 87
4.2 Características próprias das nulidades....................................... 89
4.3 O caráter absoluto da nulidade e as exceções à sua
decretação....................................................................................... 92
4.4 Conhecimento da nulidade de ofício e oitiva das partes: art.
168, parágrafo único, do Código Civil versus art. 10 do novo
Código de Processo Civil.............................................................. 95
4.4.1 Decretação de nulidade e direito de participação no
processo........................................................................................... 97
4.4.2 Decretação de nulidade e princípio da conservação dos
pactos............................................................................................... 99
4.4.3 Da validade à eficácia: tendências de direito material e
processual....................................................................................... 101
4.5 Notas conclusivas.......................................................................... 102
Referências ................................................................................................... 103
CAPÍTULO 5
SISTEMA DE PROVA DO FATO JURÍDICO À LUZ DOS CÓDIGOS
CIVIL E DE PROCESSO CIVIL
Guilherme Calmon Nogueira da Gama.................................................. 105
5.1 Noções gerais.................................................................................. 105
5.2 Prova: conceito, princípios e espécies......................................... 108
5.3 Modalidades de prova.................................................................. 112
5.3.1 Confissão......................................................................................... 113
5.3.2 Prova documental.......................................................................... 115
5.3.3 Prova testemunhal......................................................................... 122
5.3.4 Prova pericial.................................................................................. 126
5.4 Presunção........................................................................................ 131
5.5 Nota conclusiva.............................................................................. 133
Referências.................................................................................................... 134
CAPÍTULO 6
TUTELA CONTRA O ILÍCITO: EM BUSCA DE CONTORNOS
CONCEITUAIS
Felipe Peixoto Braga Netto, Karine Cysne Frota Adjafre.................... 137
6.1 Introdução: contextualização e precisões conceituais.............. 137
6.2 Ilícito civil é sinônimo de responsabilidade civil?.................... 140
6.2.1 Uma categoria com eficácia única?............................................. 140
6.2.2 Críticas à concepção da eficácia única........................................ 141
6.2.3 Convivendo com as outras eficácias........................................... 143
6.2.3.1 Ilícito indenizante.......................................................................... 144
6.2.3.2 Ilícito caducificante........................................................................ 144
6.2.3.3 Ilícito autorizante........................................................................... 145
6.2.3.4 Ilícito invalidante........................................................................... 147
6.3 Abuso de direito ou ilícito funcional.......................................... 148
6.3.1 O ilícito funcional como uma cláusula geral............................. 151
6.4 Tutela contra o ilícito no novo Código de Processo Civil........ 152
6.4.1 Noções preliminares...................................................................... 152
6.4.2 Tutela genérica × tutela específica............................................... 155
6.4.3 Tutela preventiva × tutela repressiva.......................................... 157
6.4.4 Tutela inibitória, de remoção do ilícito e ressarcitória............. 160
6.5 Considerações finais – tutela contra o ilícito e
prescindibilidade de discussão judicial sobre dano................. 163
Referências.................................................................................................... 166
CAPÍTULO 7
TUTELA PROVISÓRIA E A LIMINAR POSSESSÓRIA
Marcelo de Oliveira Milagres................................................................... 169
7.1 Introdução....................................................................................... 169
7.2 Tutela provisória: disposições gerais.......................................... 171
7.3 Tutela de urgência......................................................................... 172
7.3.1 Tutela de urgência antecipada antecedente .............................. 172
7.3.2 Tutela de urgência cautelar antecedente ................................... 174
7.4 Tutela de evidência........................................................................ 175
7.5 Tutela liminar possessória............................................................ 176
7.6 Conclusão ....................................................................................... 178
Referências.................................................................................................... 178
CAPÍTULO 8
REPETIÇÃO DE PAGAMENTO INDEVIDO. CONDENAÇÃO
JUDICIAL. EXCEÇÃO DE PRESCRIÇÃO (NCPC, ART. 525, §1º, VII)
Humberto Theodoro Júnior...................................................................... 179
8.1 Introdução....................................................................................... 179
8.2 Abolição dos embargos à execução do título judicial.............. 179
8.3 Natureza jurídica da impugnação............................................... 181
8.4 Defesa de mérito............................................................................ 183
8.5 A prescrição é basicamente um fenômeno do direito
material............................................................................................ 183
8.6 Prescrição da pretensão condenatória e da pretensão
executiva......................................................................................... 186
8.7 Um caso particular de prescrição e decadência: a sentença
da ação de repetição do pagamento indevido........................... 187
8.8 Visão pretoriana moderna do enriquecimento sem causa...... 189
8.9 Observações conclusivas............................................................... 191
Referências.................................................................................................... 192
CAPÍTULO 9
ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA COMO DIREITO DO NECESSITADO,
E NÃO COMO FAVOR DO ESTADO NO CÓDIGO DE PROCESSO
CIVIL
Mariza Rios, Newton Teixeira Carvalho ................................................ 193
9.1 Introdução....................................................................................... 193
9.2 Considerações sobre Estado e democracia ................................ 195
9.3 O princípio da gratuidade de justiça na jurisprudência até o
advento do Código de Processo Civil de 2015 ......................... 198
9.3.1 O papel da Defensoria Pública na efetividade do direito ao
acesso à justiça ............................................................................... 199
9.4 O princípio da gratuidade de justiça no atual Código de
Processo Civil ................................................................................ 200
9.4.1 Decisão judicial ............................................................................. 201
9.5 A dificuldade no deferimento da assistência judiciária por
alguns juízes do Estado de Minas Gerais ..................................... 204
9.5.1 A jurisprudência e a realidade prática ...................................... 206
9.6 Alguns argumentos inválidos para o indeferimento da
assistência judiciária ..................................................................... 207
9.7 Conclusão........................................................................................ 209
Referências ................................................................................................... 211
CAPÍTULO 10
PROVA TESTEMUNHAL E ESTADO DEMOCRÁTICO DE
DIREITO: A BUSCA AO RESPEITO DA INEXISTÊNCIA DE
HIERARQUIA ENTRE AS PROVAS
Renato Campos Andrade........................................................................... 213
10.1 Introdução....................................................................................... 213
10.2 Implicações probatórias no direito civil e processual civil...... 214
10.3 Ônus da prova: importância e implicações jurídicas ............... 218
10.4 Prova testemunhal e Estado Democrático de Direito............... 220
10.5 Alterações causadas pelo Código de Processo Civil e
possíveis efeitos.............................................................................. 221
10.6 Considerações finais...................................................................... 225
Referências.................................................................................................... 226
CAPÍTULO 11
CONTA-SE EM DIAS ÚTEIS OU DIAS CORRIDOS O PRAZO
PARA PAGAMENTO NO CUMPRIMENTO DEFINITIVO DE
SENTENÇA POR QUANTIA CERTA?
Marcos Boechat Lopes Filho..................................................................... 229
11.1 Introdução....................................................................................... 229
11.2 Normas processuais e normas materiais.................................... 230
11.3 Prazos processuais, prazos materiais e prazos mistos............. 233
11.4 Natureza do prazo para pagamento........................................... 236
11.5 Considerações finais...................................................................... 242
Referências.................................................................................................... 245
PARTE II
O DIREITO DO CONSUMIDOR E O NOVO CÓDIGO DE
PROCESSO CIVIL......................................................................................... 247
CAPÍTULO 1
O DIÁLOGO ENTRE O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL E A SUBSTANCIAL
AMPLIAÇÃO DO ÂMBITO DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS
FUNDAMENTAIS DO CONSUMIDOR EM JUÍZO
Claudia Lima Marques, Luis Alberto Reichelt...................................... 249
1.1 Introdução....................................................................................... 249
1.2 A formação de um sistema de caráter protetivo a partir
da harmônica combinação entre o Código de Defesa do
Consumidor e o novo Código de Processo Civil ..................... 250
1.3 As inovações trazidas pelo Código de Processo Civil de
2015 e sua compatibilização com o regime instituído pelo
Código de Defesa do Consumidor.............................................. 253
1.4 O diálogo das fontes entre o novo Código de Processo Civil
e o Código de Defesa do Consumidor e o incremento em
termos de cidadania processual do consumidor....................... 258
1.5 Reflexões finais............................................................................... 260
Referências.................................................................................................... 261
CAPÍTULO 2
A DINÂMICA DE REDISTRIBUIÇÃO DO ÔNUS DA PROVA NO
NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
Bruno de Almeida Lewer Amorim, César Fiuza................................... 265
2.1 Introdução....................................................................................... 265
2.2 Distribuição e redistribuição do ônus probatório no novo
Código de Processo Civil.............................................................. 266
2.3 A redistribuição do ônus probatório antes do novo Código
de Processo Civil............................................................................ 272
2.4 Inversão ope judicis do ônus da prova nas relações de
consumo ‒ principais controvérsias e soluções......................... 275
2.5 Conclusão........................................................................................ 285
Referências.................................................................................................... 286
CAPÍTULO 3
OS IMPACTOS DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015 NA
DISTRIBUIÇÃO JUDICIAL DO ÔNUS DE PROVAR RELATIVA AO
DIREITO DO CONSUMIDOR
André Cordeiro Leal, Vinícius Lott Thibau........................................... 289
3.1 Introdução....................................................................................... 289
3.2 Os requisitos legais autorizativos da distribuição judicial
do ônus da prova no Código de Proteção e Defesa do
Consumidor ................................................................................... 291
3.2.1 A verossimilhança das alegações do consumidor e a
imprestabilidade do raciocínio indutivo.................................... 291
3.2.2 A hipossuficiência do consumidor e a assimetria de
informações.................................................................................... 294
3.3 O CPC de 2015 e o debate dogmático-consumerista sobre o
momento procedimental da distribuição ope judicis do ônus
de provar ........................................................................................ 297
3.4 A controversa (ir)recorribilidade da decisão judicial sobre o
ônus de provar............................................................................... 301
3.5 Conclusão........................................................................................ 303
Referências ................................................................................................... 303
CAPÍTULO 4
NEGOCIAÇÃO PROCESSUAL E AS RELAÇÕES DE CONSUMO:
UMA ANÁLISE DO INSTITUTO À LUZ DA VULNERABILIDADE
PRESUMIDA DO CONSUMIDOR
Lucas Magalhães de Oliveira Carvalho, Michael César Silva,
Samuel Vinícius da Silva........................................................................... 307
4.1 Introdução....................................................................................... 307
4.2 Negociações processuais típicas e atípicas................................. 309
4.3 Contratos de adesão...................................................................... 316
4.4 A principiologia contratual e a negociações processuais
em sede de relações de consumo: reflexos nos contratos
coletivos e atuação do Ministério Público.................................. 320
4.5 Conclusão........................................................................................ 326
Referências.................................................................................................... 329
CAPÍTULO 5
REFLEXOS DA NOVA LEGISLAÇÃO PROCESSUAL CIVIL
NO DIREITO DO CONSUMIDOR: A AMPLIAÇÃO DOS
MECANISMOS DE AMPARO
Elcio Nacur Rezende, Gabriella de Castro Vieira................................. 333
5.1 Introdução....................................................................................... 333
5.2 A jurisdição internacional e o foro do domicílio do
consumidor .................................................................................... 334
5.2.1 O foro do domicílio/residência do consumidor: um
mecanismo de tutela da parte mais vulnerável ........................ 336
5.2.2 A jurisdição do domicílio/residência do consumidor: um
instrumento processual de combate à abusividade ................. 339
5.3 A atuação dos magistrados: o dever de cooperação na
resolução dos conflitos.................................................................. 342
5.3.1 Poder diretivo do juiz................................................................... 344
5.4 Considerações finais...................................................................... 348
Referências.................................................................................................... 349
PARTE III
O DIREITO EMPRESARIAL E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO
CIVIL............................................................................................................... 351
CAPÍTULO 1
OS PROBLEMAS NA APLICAÇÃO DA TEORIA DA
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA E AS
PERSPECTIVAS DECORRENTES DA ENTRADA EM VIGOR DO
CPC/2015
Fernando Solá Soares, Giovani Ribeiro Rodrigues Alves,
Marcia Carla Pereira Ribeiro..................................................................... 353
1.1 Introdução....................................................................................... 353
1.2 A personalidade jurídica e o princípio da autonomia
patrimonial..................................................................................... 354
1.3 A teoria da desconsideração da personalidade jurídica:
distorções na sua aplicação.......................................................... 356
1.4 Devido processo legal, contraditório e ampla defesa na
desconsideração da personalidade jurídica pelo NCPC.......... 363
1.5 Conclusão........................................................................................ 367
Referências.................................................................................................... 368
CAPÍTULO 2
INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE
JURÍDICA NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015
Vinícius Jose Marques Gontijo................................................................ 371
2.1 Introdução....................................................................................... 371
2.2 Incidente de desconsideração da personalidade jurídica
inversa............................................................................................. 373
2.3 Incidente de desconsideração da personalidade jurídica........ 375
2.4 Conclusões...................................................................................... 383
Referências.................................................................................................... 384
CAPÍTULO 3
A DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA NO
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015
Luciana de Castro Bastos, Rodrigo Almeida Magalhães..................... 387
3.1 Introdução....................................................................................... 387
3.2 A evolução do direito de empresa.............................................. 388
3.3 Personalização da empresa.......................................................... 390
3.4 A teoria clássica da desconsideração da personalidade
jurídica............................................................................................. 394
3.4.1 Disregard doctrine contemporânea............................................... 396
3.5 A aplicação da disregard doctrine no Código de Processo
Civil de 2015................................................................................... 398
3.6 Conclusão........................................................................................ 407
Referências.................................................................................................... 407
CAPÍTULO 4
NOVOS HORIZONTES DA DISSOLUÇÃO PARCIAL DE SOCIEDADES
Pedro D’Angelo Ribeiro, Roberto Henrique Pôrto Nogueira............. 411
4.1 Considerações iniciais................................................................... 411
4.2 Dissolução parcial das sociedades antes do Código de
Processo Civil de 2015, de acordo com o Código Civil de
2002.................................................................................................. 413
4.3 Dissolução parcial: aspectos controversos anteriores ao
Código de Processo Civil de 2015............................................... 415
4.3.1 Dos atos relativos à liquidação de sociedades na dissolução
parcial.............................................................................................. 416
4.3.2 Possibilidade de dissolução parcial nas sociedades
anônimas de capital fechado........................................................ 417
4.3.3 Legitimidade passiva.................................................................... 418
4.3.4 Legitimidade ativa......................................................................... 419
4.3.5 Ônus decorrentes de sucumbência e pagamento de verbas
honorárias....................................................................................... 420
4.4 A dissolução parcial como procedimento especial no novo
Código de Processo Civil.............................................................. 421
4.4.1 Objeto.............................................................................................. 422
4.4.2 Legitimidade ativa: sujeitos e condições.................................... 424
4.4.3 Legitimidade passiva.................................................................... 426
4.4.4 Procedimento................................................................................. 427
4.4.5 Apuração de haveres..................................................................... 429
4.5 Conclusões...................................................................................... 432
Referências.................................................................................................... 433
O DIREITO CIVIL E O
NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
CAPÍTULO 1
Nelson Rosenvald
1
Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência)
– Lei nº 13.146/2015.
2
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.
20
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
3
Art. 1.782, CC/02: “A interdição do pródigo só o privará de, sem curador, emprestar, transigir,
dar quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, os atos
que não sejam de mera administração”.
22
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
COSTA FILHO, Waldir Macieira da. Comentários ao estatuto da pessoa com deficiência. São
4
5
MARTINS-COSTA, Judith. Capacidade para consentir e esterilização de mulheres. In:
MARTINS-COSTA, Judith; MÖLLER, Letícia Ludwing (Orgs.). Bioética e responsabilidade.
Rio de Janeiro: Forense, 2009, p. 320.
6
Cogitemos da mulher deficiente que se submete a uma vida sexual descuidada.
Ilustrativamente, a jovem que já possui dois filhos e que novamente se encontra grávida.
Mais uma criança que nascerá sem pai, evidentemente sem a própria mãe em condições de
criá-la, muitas vezes desprovida de amparo de familiares maternos. Eventualmente, uma
gravidez de risco e com fortes chances de prejuízos à saúde da própria criança. A Lei nº
9.263/96 prevê, no §6º do artigo 10, que “a esterilização cirúrgica em pessoas absolutamente
incapazes somente poderá ocorrer mediante autorização judicial, regulamentada na forma
da Lei”. A norma cogita da realização de intervenção cirúrgica no corpo feminino, mas
o trato da matéria demanda que se aprecie o direito fundamental ao livre planejamento
familiar (§7º, art. 226). A ponderação, por um lado, entre a proteção da pessoa do incapaz e,
por outro, a tutela de sua intimidade e integridade psicofísica, é ameaçada pela privação da
aptidão da mulher para gestar. Evidentemente, trata-se de um balanceamento de interesses
em que a legitimidade da decisão judicial concessiva da esterilização requer a unanimidade
de especialistas multidisciplinares (psiquiatra, psicólogo, ginecologista, clínico geral etc.).
Todavia, qualquer decisão referente ao tema não poderá olvidar o art. 23, 1, letra b, da
convenção internacional, propugnando pelo reconhecimento dos “direitos das pessoas com
deficiência de decidir livre e responsavelmente sobre o número de filhos e o espaçamento
entre esses filhos e de ter acesso a informações adequadas à idade e a educação em matéria
de reprodução e de planejamento familiar, bem como os meios necessários para exercer
esses direitos. c) As pessoas com deficiência, inclusive crianças, conservem sua fertilidade,
em igualdade de condições com as demais pessoas”.
24
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
7
Nesse sentido, também nos parece que transita a advertência de Ana Carolina Brochardo
Teixeira e Renata de Lima Rodrigues: “Com isso afirmamos que a incapacidade deve
ser sempre construída e delimitada apenas diante do caso concreto, fator que obriga a
reestruturação do regime das incapacidades que, em uma profunda mudança de perspectiva,
impõe o fim de categorias apriorísticas. Ou seja, não podemos preceituar que certas pessoas,
porque enfermas ou deficientes, são absoluta ou relativamente incapazes de maneira abstrata.
Essas restrições à capacidade de exercício e à autonomia dos indivíduos só podem ser
realizadas a partir de questões devidamente problematizadas e legitimamente reconstruídas
no caso concreto” (TEIXEIRA, Ana Carolina Brochardo; RODRIGUES, Renata de Lima. O
direito das famílias entre a norma e a realidade. São Paulo: Atlas, 2010, p. 35).
26
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
8
CUNHA PEREIRA, Rodrigo da. Comentários ao novo código civil, XX. Rio de Janeiro: Forense,
2004, p. 404.
NELSON ROSENVALD
O NOVO PERFIL DA CURATELA: INTERSEÇÕES ENTRE A LBI E O CPC
27
9
RODOTA, Stefano. Dall soggeto alla persona. Napoli: Editoriale Scientifica, 2007, p. 40.
28
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
10
Este episódio foi encantadoramente retratado no filme Uma Lição de Amor (I am Sam, 2001), no
qual Sam (Sean Penn), de 40 anos, possuía deficiência mental que lhe reduzia o discernimento
ao equivalente a uma criança de oito anos. Todavia, desde o nascimento, com a ajuda de
amigos, cuidou com muito carinho de sua filha Lucy, trabalhando parte do tempo na rede
de cafés Starbucks. Quando Lucy completa oito anos, percebe as limitações cognitivas do
pai e se boicota para não agredi-lo. Percebendo as circunstâncias, uma assistente social
pretende destituir o pai da autoridade parental. Indagada sobre a capacidade do pai, Lucy
é convicta ao afirmar “ele tem capacidade para amar... tenho sorte, nenhum dos outros pais
costuma levar o seu filho ao parque”.
30
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
11
Aderimos aqui a noção de processo da forma concebida por Clóvis do Couto e Silva, utilizada
para materializar o direito das obrigações, dinamizando o adimplemento: antes, mero ato
formal de realização de uma prestação; agora, finalidade para o qual a obrigação se polariza
desde a etapa embrionária das tratativas até a fase pós-negocial. O percurso é iluminado
pela diretriz da concretude, que concretiza deveres de conduta, hábeis a guiar as partes
ao cumprimento das prestações em um ambiente de lealdade e respeito, evitando-se a
frustração das legítimas expectativas dos iguais titulares de direitos fundamentais.
32
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
12
Uma excepcional situação de levantamento da curatela pelo próprio destinatário da curatela
é narrada no clássico Memórias de um doente de nervos, cujo autor, Daniel Schreber, magistrado
e membro de corte superior de tribunal alemão, elabora relato autobiográfico, com destaque
para o período de sua internação e o seu posterior reingresso na sociedade. Essa narrativa
se tornou um dos recursos mais utilizados para o estudo da psicose, visto que os delírios
do autor são descritos de forma muito detalhada. No início da obra, o autor assume que,
“considerando que tomei a decisão de, em um futuro próximo, solicitar minha saída do
sanatório para voltar a viver entre pessoas civilizadas e na comunhão do lar com minha
esposa, torna-se necessário fornecer às pessoas que vão constituir meu círculo de relações
ao menos uma noção aproximada de minhas concepções religiosas, para que elas possam,
se não compreender plenamente as aparentes estranhezas de minha conduta, ter ao menos
uma ideia da necessidade que me impõe tais estranhezas” (SCHREBER, Daniel P. Memórias
de um doente dos nervos. Tradução e introdução de Marilene Carone. 3. ed. São Paulo: Paz e
Terra, 2006).
34
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
SOUZA, Iara Antunes de. Estatuto da Pessoa com Deficiência. Belo Horizonte: D’Placido
13
14
Tramita no Congresso Nacional o Projeto de Lei nº 2.692/2011, que visa acrescentar o art.
1.775-A ao Código Civil a fim de contemplar a curatela compartilhada entre os genitores
nos casos de curatela de pessoa com deficiência física grave ou deficiência mental, tal como
postulado no caso dos autos.
36
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
15
Nesse sentido, o ensinamento de Maria Berenice Dias: “Embora a lei confira legitimidade
ao pai ou a mãe para o exercício da curatela (CC 1.775, §1º), necessário reconhecer a
possibilidade de ambos os genitores exercerem de forma compartilhada tal tarefa. Não só
pais, mas também avós ou parentes outros que sejam casados ou vivam em união estável
hétero ou homoafetiva, podem ser nomeados em conjunto. Afinal, situações particulares
como a tutela de netos e a curatela de filhos não podem ficar atreladas à rigidez das normas
e nem prescindir da utilização de novos critérios hermenêuticos de afirmação, que cumprem
a verdadeira finalidade do direito: garantir ao cidadão o exercício efetivo de seus direitos
fundamentais” (DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 8. ed. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2011, p. 623).
NELSON ROSENVALD
O NOVO PERFIL DA CURATELA: INTERSEÇÕES ENTRE A LBI E O CPC
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16
MAZZEI, Rodrigo. Curatela compartilhada: exemplo (e possibilidade) de curatela conjunta.
Necessidade de uma nova concepção da curatela, adequando-se aos reclames da atual
sociedade. Revista de Direito de Família e Sucessões, Belo Horizonte: IBDFAM, v. 2, 2015.
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FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
1.6.1 Curador-cuidador
Em sentido diverso à anacrônica ordem de preferência de
nomeação do curador, com prioridade para o cônjuge e o compa-
nheiro ‒ sucessivamente delegada aos ascendentes e descendentes do
curatelado (art. 1.775, caput e §1º, CC) ‒, o CPC/15 atribui a curatela a
quem mais bem possa atender aos interesses do curatelado (§1º do art. 755
do CPC/15). A elogiável abertura do dispositivo materializa o dever
de cuidado perante a pessoa curatelada, preservando o direito funda-
mental de convivência com quem antes já lhe assistia, a despeito de
sua condição ou não de componente da entidade familiar. O preceito
se mostra igualmente eficaz para aquelas situações em que não se
legitime com nitidez um personagem que exercite atos objetivos de
afetividade, cabendo ao magistrado promover o acesso da pessoa ao
acompanhamento responsável daquele que possua melhores condições
de zelar pelo respeito e consideração com o ser humano incapacitado.
17
JAYME, Erik. Pós-modernismo e Direito de Família. Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra,
Coimbra: Universidade de Coimbra, v. LXXVIII, 2002, p. 220.
NELSON ROSENVALD
O NOVO PERFIL DA CURATELA: INTERSEÇÕES ENTRE A LBI E O CPC
39
18
Ricardo Lucas Calderón evidencia a existência de duas dimensões da afetividade: subjetiva
e objetiva. A dimensão subjetiva restaria vinculada ao psíquico de cada pessoa (ao afeto em
si), de modo que não interessa ao direito. Para a seara jurídica, esta dimensão subjetiva resta
implícita sempre que presente a sua dimensão objetiva. Por outro lado, a dimensão objetiva
40
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
1.7 Conclusão
Referências
CALDERÓN, Ricardo Lucas. Princípio da afetividade no direito de família. Rio de Janeiro:
Renovar, 2013.
COSTA FILHO, Waldir Macieira. Comentários ao Estatuto da Pessoa com Deficiência. São
Paulo: Saraiva, 2017.
DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 8. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2011.
JAYME, Erik. Pós-modernismo e direito de família. Boletim da Faculdade de Direito de
Coimbra, Coimbra: Universidade de Coimbra, v. LXXVIII, 2002.
MARTINS-COSTA, Judith. Capacidade para consentir e esterilização de mulheres tornadas
incapazes pelo uso de drogas: notas para uma aproximação entre a técnica jurídica e a
reflexão bioética. In: MARTINS-COSTA, Judith; MÖLLER, Letícia Ludwing (Orgs.).
Bioética e Responsabilidade. Rio de Janeiro: Forense, 2009.
MAZZEI, Rodrigo. Curatela compartilhada: exemplo (e possibilidade) de curatela conjunta.
Necessidade de uma nova concepção da curatela, adequando-se aos reclames da atual
sociedade. Revista de Direito de Família e Sucessões, Belo Horizonte: IBDFAM, v. 2, 2015.
PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Comentários ao novo Código Civil. v. XX. Rio de Janeiro:
Forense, 2004.
RODOTÀ, Stefano. Dal soggeto alla persona. Napoli: Editoriale Scientifica, 2007.
44
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
1
SÁ, Maria de Fátima Freire de. Direito de morrer, eutanásia, suicídio assistido. Belo Horizonte:
Del Rey, 2001, p. 80.
2
RÖHE, Anderson. O paciente terminal e o direito de morrer. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2004,
p. 123.
3
RIBEIRO, Diaulas Costa. A autonomia: viver a própria vida e morrer a própria morte.
Cadernos Rio de Janeiro: Saúde Pública, v. 22, n. 8, p. 1.749-1.754, ago. 2006, p. 1.752.
CRISTIANO CHAVES DE FARIAS, MELISSA OURIVES VEIGA
A CONCRETIZAÇÃO DOS DIREITOS DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA E O RECONHECIMENTO DA POSSIBILIDADE DAS...
47
4
Considerando que o conceito de testamento é intrinsecamente ligado à transmissão
patrimonial, explicita-se a atecnia da terminologia. A título ilustrativo, convém lembrar que
a melhor civilística brasileira assevera ser o testamento “o ato essencialmente revogável pelo
qual a pessoa física ou natural, dentro dos ditames da lei, dispõe, no todo ou em parte, do seu
patrimônio, ou realiza determinações de caráter não patrimonial, cujos efeitos serão produzidos
para depois da sua morte” (CARVALHO, Luiz Paulo Vieira de. Direito das Sucessões. 2. ed.
São Paulo: Atlas, 2015, p. 536), deixando patente a sua absoluta impropriedade para servir
de sinônimo para as diretivas antecipadas.
5
No sistema jurídico germânico, designa-se a medida como Patientenverfügungen, disciplinada
pela reforma do Código Civil alemão, o BGB, nos §§1901a-1904.
6
Nos Estados Unidos da América, indo mais longe, já se normatizou, inclusive, a possibilidade
do chamado durable power of attorney for health care, consistindo em um “ato de instituição de
um procurador que tomará, em nome do paciente, as decisões relativas ao tratamento, suas
formas, sua duração e sua cessação”, como noticia Luciana Dadalto (DADALTO, Luciana.
Testamento vital. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010, p. 100).
7
As diretivas antecipadas de vontade “prevalecerão sobre qualquer outro parecer não médico,
inclusive sobre os desejos dos familiares” (§3º do art. 2º da Resolução).
48
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
8
A partir da inteligência do art. 107 do Código Civil, somente é exigido o cumprimento de
formalidade nos negócios jurídicos por força da norma ou por expressa disposição das
partes. Diz o texto codificado: “A validade da declaração de vontade não dependerá de
forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir”.
CRISTIANO CHAVES DE FARIAS, MELISSA OURIVES VEIGA
A CONCRETIZAÇÃO DOS DIREITOS DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA E O RECONHECIMENTO DA POSSIBILIDADE DAS...
49
9
Art. 14, Código Civil: “É válida, com objetivo científico ou altruístico, a disposição gratuita
do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte”.
10
BORGES, Roxana Cardoso Brasileiro. Direito de morrer dignamente: eutanásia, ortotanásia,
consentimento informado, testamento vital. Análise constitucional e penal e direito
comparado. In: SANTOS, Maria Celeste Cordeiro Leite (Org.). Biodireito: ciência da vida,
os novos desafios. São Paulo: RT, 2001, p. 284.
50
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O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
11
DADALTO, Luciana. Testamento vital. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010, p. 148.
12
Bastante oportuna, no ponto, a lembrança de um trecho da sensível e emocionante película
Mar adentro, traduzindo na tela a história real do marinheiro Ramón Sampedro, passada
em pequena cidade da Espanha. Tetraplégico desde os 25 anos de idade por conta de um
acidente no mar que o deixou paralisado sobre a cama, apenas movimentando os músculos
da face, Ramón resolveu requerer, em juízo, o reconhecimento do seu “direito de morrer”.
Argumentou, inclusive, que a única visão que tinha era de uma pequena janela, aberta
para o mar. Como o marinheiro não tinha como pôr fim à sua própria vida em face do
estado físico e por não querer a ajuda de amigos (para evitar eventual responsabilização
penal), pediu aos juízes dos Tribunais de Barcelona e La Coruña que lhe fosse permitido
se objetar às sondas pelas quais era alimentado. Ambas as cortes negaram o seu pleito. O
Tribunal Constitucional espanhol também não acolheu o pedido. Por isso, entendeu que
foi “condenado a viver”. Em última tentativa, dirigiu-se à Comissão Europeia de Direitos
Humanos, onde, mais uma vez, teve indeferida a autorização. Sem dúvida, o seu caso é
emblemático para o direito civil e a discussão acerca da efetiva compreensão da morte.
13
Assinada em 30.3.07, a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência
e seu protocolo facultativo impõe aos países signatários, inclusive o Brasil, proibir qualquer
discriminação baseada na deficiência, garantindo às pessoas com deficiência igual e efetiva
proteção legal contra a discriminação por qualquer motivo. Elaborada ao longo de quatro
anos, o aludido tratado contou com a colaboração direta de 192 países. Logo em seu art. 1º
consta que o seu propósito é “promover, proteger e assegurar o exercício pleno e equitativo de
todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por todas as pessoas com deficiência e
promover o respeito pela sua dignidade inerente” e que reconhece as pessoas com deficiência
como “aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual
ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação
plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas”.
CRISTIANO CHAVES DE FARIAS, MELISSA OURIVES VEIGA
A CONCRETIZAÇÃO DOS DIREITOS DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA E O RECONHECIMENTO DA POSSIBILIDADE DAS...
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14
Para aprofundamento sobre a matéria, seja consentido remeter a FARIAS, Cristiano Chaves
de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil: Parte Geral e LINDB. v. 1. 14. ed. Salvador:
JusPodivm, 2016, onde se trata com verticalidade dos novos quadrantes da teoria das
incapacidades.
15
Art. 3º, Código Civil: “São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida
civil os menores de 16 (dezesseis) anos” e Art. 4º, Código Civil: “São incapazes, relativamente
a certos atos, ou à maneira de os exercer: I – os maiores de dezesseis e menores de dezoito
anos; II – os ébrios habituais e os viciados em tóxico; III – aqueles que, por causa transitória
ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; IV – os pródigos. Parágrafo único. A
capacidade dos índios será regulada por legislação especial”.
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O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
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Com esse mesmo espírito, colhe-se em nossa doutrina: “Em verdade, o que o Estatuto
pretendeu foi, homenageando o princípio da dignidade da pessoa humana, fazer com que
a pessoa com deficiência deixasse de ser rotulada como incapaz, para ser considerada – em
uma perspectiva constitucional isonômica – dotada de plena capacidade legal, ainda que
haja a necessidade de adoção de institutos essenciais específicos, como a tomada de decisão
apoiada e, extraordinariamente, a curatela, para a prática de atos da vida civil” (GAGLIANO,
Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil: Parte Geral. v. 1. 19.
ed. São Paulo: Saraiva, 2017, p. 150).
17
Para mais referências acerca da proteção deferida constitucionalmente às pessoas com
deficiência, faça-se justa alusão à pioneira obra de ARAÚJO, Luiz Alberto David. A proteção
constitucional das pessoas portadoras de deficiência. Brasília: CORDE, 1994.
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A CONCRETIZAÇÃO DOS DIREITOS DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA E O RECONHECIMENTO DA POSSIBILIDADE DAS...
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18
MUSSE, Luciana Barbosa. Novos sujeitos de direito: as pessoas com transtorno mental na
visão da bioética e do biodireito. Rio de Janeiro: Campus/Elsevier, 2008, p. 76.
19
Temos, portanto, um novo sistema que, vale salientar, fará com que se configure como
imprecisão técnica considerar a pessoa com deficiência incapaz. Ela é dotada de capacidade
legal, ainda que se valha de institutos assistenciais para a condução da sua própria vida
(GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil: Parte
Geral. v. 1. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2017, p. 150).
54
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O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
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O Tribunal de Justiça de São Paulo já teve oportunidade de, expressamente, asseverar que
o decreto de curatela pode ter uma extensão maior, ou menor, de poderes para o curador,
a depender da situação específica e concreta do curatelando. Assim, chegou a afirmar que
“a quase total falta de discernimento da requerida para os atos da vida civil foi percebida e
retratada nitidamente nos autos, não restando a mais pálida dúvida sobre a inexistência de
plena capacidade da interditanda”. O ponto alto do decisum merece alusão: “Uma interpretação
sistemática e teleológica do Estatuto da Pessoa com Deficiência impõe a conclusão de que
as pessoas que não consigam exprimir sua vontade por causa transitória ou permanente
devem ser consideradas relativamente incapazes, pois em geral conservam sua autonomia
para a prática de atos de natureza existencial, relacionados aos direitos da personalidade,
a exemplo dos direitos sexuais e reprodutivos, e aqueles relacionados ao planejamento
familiar. Todavia, dependendo do grau de comprometimento das faculdades mentais da
pessoa, poderá ela submeter-se à curatela total ou parcial, que abrangerá eminentemente
os atos de natureza patrimonial e negocial” (TJ/SP, 1ª Câmara de Direito Privado, Ap. Cív.
0307037-84.2009.8.26.0100 – Comarca de São Paulo, rel. Des. Francisco Loureiro, voto 29.643).
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A CONCRETIZAÇÃO DOS DIREITOS DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA E O RECONHECIMENTO DA POSSIBILIDADE DAS...
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21
A respeito do projeto terapêutico individualizado, já se disse, com razão, que “a sentença
de curatela apresentará, necessariamente, uma forte carga argumentativa para justificar o
projeto terapêutico individualizado, além de regulamentar a extensão da intervenção sobre a
autonomia privada daquela pessoa humana. Cada curatelando tem o direito (de envergadura
constitucional) de ter parametrizada a sua curatela de acordo com as suas particularidades,
sem fórmulas genéricas e neutras” (FARIAS, Cristiano Chaves de; CUNHA, Rogério Sanches;
PINTO, Ronaldo Batista. Estatuto da Pessoa com Deficiência Comentado. Salvador: JusPodivm,
2016, p. 270).
22
Na mesma direção, Flávio Tartuce consigna, expressamente, em relação à curatela, que
“podem existir limitações para os atos patrimoniais e não para os existenciais, que visam a
promoção da pessoa humana”. (TARTUCE, Flávio. Direito Civil: Lei de Introdução e Parte
Geral. v. 1. 12. ed. São Paulo: Forense, 2016, p. 131).
56
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O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
23
ABREU, Célia Barbosa. Curatela e Interdição Civil. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2005, p. 225.
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CABRAL, Hildeliza Lacerda Tinoco Boechat; SOUZA, Carlos Henrique Medeiros de. As
24
25
MILL, John Stuart. On Liberty. Ontario: Batoche Books/Kitchener, 2001, p. 194.
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Referências
ABREU, Célia Barbosa. Curatela e Interdição Civil. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2005.
ARAÚJO, Luiz Alberto David. A proteção constitucional das pessoas portadoras de deficiência.
Brasília: CORDE, 1994.
CABRAL, Hildeliza Lacerda Tinoco Boechat; SOUZA, Carlos Henrique Medeiros de. As
diretivas antecipadas de vontade e a efetividade da ortotanásia. In: CABRAL, Hildeliza
Lacerda Tinoco Boechat (Coord.). Ortotanásia: bioética, biodireito, medicina e direitos
da personalidade. Belo Horizonte: Del Rey, 2015.
CARVALHO, Luiz Paulo Vieira de. Direito das Sucessões. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2015.
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil: Parte Geral
e LINDB. v. 1. 14. ed. Salvador: JusPodivm, 2016.
FARIAS, Cristiano Chaves de; CUNHA, Rogério Sanches; PINTO, Ronaldo Batista.
Estatuto da Pessoa com Deficiência Comentado. Salvador: JusPodivm, 2016.
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil:
Parte Geral. v. 1. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
MUSSE, Luciana Barbosa. Novos sujeitos de direito: as pessoas com transtorno mental na
visão da bioética e do biodireito. Rio de Janeiro: Campus/Elsevier, 2008.
RIBEIRO, Diaulas Costa. A autonomia: viver a própria vida e morrer a própria morte.
Cadernos Rio de Janeiro: Saúde Pública, v. 22, n. 8, p. 1.749-1.754, ago. 2006.
RÖHE, Anderson. O paciente terminal e o direito de morrer. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2004.
SÁ, Maria de Fátima Freire de. Direito de morrer, eutanásia, suicídio assistido. Belo Horizonte:
Del Rey, 2001.
TARTUCE, Flávio. Direito Civil: Lei de Introdução e Parte Geral. v. 1. 12. ed. São Paulo:
Forense, 2016.
DA (IM)POSSIBILIDADE DE CELEBRAÇÃO
DO NEGÓCIO JURÍDICO PROCESSUAL
PELA PESSOA COM DEFICIÊNCIA ATRAVÉS
DA TOMADA DE DECISÃO APOIADA
3.1 Introdução
O atual Código de Processo Civil (CPC) e o Estatuto da Pessoa
com Deficiência (EPD), em vigor no Brasil desde o ano de 2016, instau-
raram novos paradigmas em suas respectivas áreas de atuação. De um
lado, o novo Código traz um modelo de processo apoiado em uma
série de garantias fundamentais e processuais que dão o tom e ritmo
para a aplicação e interpretação de suas normas, voltado para um
processo fundado num modelo de cooperação entre todos os sujeitos
envolvidos. De outro lado, temos o EPD, que rompe completamente
com o paradigma do deficiente incapaz, permitindo agora que este
último seja incluído na sociedade e conferindo-lhe não só capacidade,
mas também promovendo uma série de mudanças para assegurar a
autonomia daquela pessoa.
Apesar de contemporâneos, os dois diplomas acima mencionados
parecem nem sempre dialogar, tornando ainda mais relevante a tarefa do
intérprete e aplicador do direito, de não permitir que os objetos e valores
neles consagrados se tornem apenas mais um conjunto de dispositivos
sem qualquer eficácia social dentro do nosso ordenamento jurídico.
Abordaremos uma novidade trazida por cada um dos mecanismos
legais acima mencionados, ou seja, o negócio jurídico processual,
decorrente do princípio do respeito ao autorregramento da vontade,
previsto no art. 3º, §3º, do atual CPC, que permite às partes a disposição
62
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
1
CORREIA JUNIOR, José Barros; ALBUQUERQUE, Paula Falcão. A influência do direito
civil constitucional sobre a (im)prescritibilidade contra portadores de deficiências mentais
após o Estatuto da Pessoa com Deficiência. In: EHRHARDT JR, Marcos (Coord.). Impactos
do novo CPC e do EDP no Direito Civil Brasileiro. Belo Horizonte: Fórum, 2016, p. 377.
2
Mendonça afirma que a noção de personalidade vai além da visão estrutural e abstrata que
a associa à subjetividade, sendo ela o conjunto de características da pessoa humana e que
possuem tutela privilegiada na ordem constitucional, diante do princípio da dignidade
da pessoa humana (MENDONÇA, Bruna Lima de. Apontamentos sobre as principais
mudanças operadas pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146/2015) no regime
das incapacidades. In: EHRHARDT JR., Marcos (Coord.). Impactos do novo CPC e do EPD no
Direito Civil Brasileiro. Belo Horizonte: Fórum, 2016, p. 259).
3
MENEZES, Joyceane Bezerra de; TEIXEIRA, Ana Carolina Brochado. Desvendando o conteúdo
da capacidade civil a partir do Estatuto da Pessoa com Deficiência. In: EHRHARDT JR.,
Marcos (Coord.). Impactos do novo CPC e do EPD no Direito Civil Brasileiro. Belo Horizonte:
Fórum, 2016, p. 178.
4
MENEZES, Joyceane Bezerra de; TEIXEIRA, Ana Carolina Brochado. Desvendando o conteúdo
da capacidade civil a partir do Estatuto da Pessoa com Deficiência. In: EHRHARDT JR.,
Marcos (Coord.). Impactos do novo CPC e do EPD no Direito Civil Brasileiro. Belo Horizonte:
Fórum, 2016, p. 178.
64
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
capacidade de fato seria a aptidão que uma pessoa tem para praticar os
atos da vida civil e para exercer os direitos previstos no ordenamento
jurídico, independentemente de representação ou de assistência.
Conforme afirmam Menezes e Teixeira,5 a capacidade de fato remete
ao discernimento, à higidez psíquica, à capacidade mental de medir
as consequências dos atos praticados. O pressuposto da primeira é
o nascimento com vida (para as pessoas físicas), e o da segunda é a
capacidade de querer e entender.
Nesse sentido, uma das principais inovações do EPD foi a de
retirar a categoria dos deficientes (que sempre foram tidos pela ordem
jurídica brasileira como incapazes) desse rol de pessoas sem a capacidade
de fato, ou seja, o estatuto em questão excluiu a deficiência como critério
redutor da capacidade. Correia Junior e Albuquerque6 afirmam que,
independentemente da limitação mental, toda pessoa é um sujeito de
direito e, por conseguinte, deve desfrutar da maior dignidade que o
direito deve proporcionar.
Tal mudança se fez necessário não só como medida de inclusão
do deficiente na sociedade, mas também como corolário da própria
ressignificação da noção de capacidade que, tradicionalmente, sempre
serviu como proteção para os aspectos patrimoniais do sujeito, sem
levar em consideração seus aspectos existenciais. Essa nova visão da
capacidade civil decorre dos princípios da dignidade da pessoa humana,
autodeterminação, inclusão social e da cidadania, como observam
Nishiyama e Toledo.7 E prosseguem os mesmos autores:
5
MENEZES, Joyceane Bezerra de; TEIXEIRA, Ana Carolina Brochado. Desvendando o conteúdo
da capacidade civil a partir do Estatuto da Pessoa com Deficiência. In: EHRHARDT JR.,
Marcos (Coord.). Impactos do novo CPC e do EPD no Direito Civil Brasileiro. Belo Horizonte:
Fórum, 2016, p. 179-180.
6
CORREIA JUNIOR, José Barros; ALBUQUERQUE, Paula Falcão. A influência do direito
civil constitucional sobre a (im)prescritibilidade contra portadores de deficências mentais
após o Estatuto da Pessoa com Deficiência. In: EHRHARDT JR, Marcos (Coord.). Impactos
do novo CPC e do EDP no Direito Civil Brasileiro. Belo Horizonte: Fórum, 2016, p. 371.
7
NISHIYAMA, Adolfo Mamoru; TOLEDO, Roberta Cristina Paganini. O estatuto da pessoa
com deficiência: reflexões sobre a capacidade civil. v. 974. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2016, p. 42.
BRUNO OLIVEIRA DE PAULA BATISTA, MARCOS EHRHARDT JR.
DA (IM)POSSIBILIDADE DE CELEBRAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO PROCESSUAL PELA PESSOA COM DEFICIÊNCIA...
65
8
MEIRELLES, Jussara. O ser e o ter na codificação civil brasileira: do sujeito virtual à clausura
patrimonial. In: FACHIN, Luiz Edson (Coord.). Repensando fundamentos do direito civil brasileiro
contemporâneo. Rio de Janeiro: Renovar, 2000, p. 97-98.
9
MENEZES, Joyceane Bezerra de; TEIXEIRA, Ana Carolina Brochado. Desvendando o conteúdo
da capacidade civil a partir do Estatuto da Pessoa com Deficiência. In: EHRHARDT JR.,
Marcos (Coord.). Impactos do novo CPC e do EPD no Direito Civil Brasileiro. Belo Horizonte:
Fórum, 2016, p. 187-188.
10
É inevitável, ao tratar do tema ora proposto, enfrentar a distinção entre os termos “autonomia
da vontade, autonomia privado e autodeterminação”, que, ainda hoje, são empregados em
sentido equivocado ou, o que é pior, como se fossem sinônimos. A despeito de tal observação,
tal enfrentamento foge aos limites do problema aqui proposto e pensamos que não influencia
a conclusão a que chegaremos, razão pela qual apenas deixaremos claro o que entendemos
por autodeterminação. Para uma melhor compreensão dessa temática, recomendamos a
leitura de RODRIGUES JUNIOR, Otávio Luiz. Autonomia da vontade, autonomia privada
e autodeterminação. Notas sobre a evolução de um conceito na modernidade e na pós-
modernidade. Revista de Informação Legislativa, Brasília, v 41, n. 163, jul./set. 2004, p. 113-130.
ISSN 0034-835x. Disponível em: <http://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/496895>.
11
RODRIGUES JUNIOR, Otávio Luiz. Autonomia da vontade, autonomia privada e
autodeterminação. Notas sobre a evolução de um conceito na modernidade e na pós-
modernidade. Revista de Informação Legislativa, Brasília, v 41, n. 163, jul./set. 2004, p. 113-130.
ISSN 0034-835x. Disponível em: <http://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/496895>.
66
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
12
LÔBO, Paulo. Direito Civil: parte geral. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 92.
13
É também nesse sentido que Perlingieri defende a autonomia privada, entendendo que esta
não se restringe, nem se identifica apenas com a liberdade econômica da pessoa. É que,
para o autor, por trás da noção sempre difundida de autonomia privada – como sendo a
liberdade de regular por si as próprias ações – estão escondidos tão somente o liberalismo
econômico e a tradução em regras jurídicas de relações de força mercantil. Ainda segundo
o referido autor, as expressões de liberdade em matéria não patrimonial ocupam uma
posição mais elevada na hierarquia constitucional (PERLINGIERI, Pietro; CICCO, Maria
Cristina de (Trad.). Perfis do Direito Civil: Introdução ao direito civil constitucional. 2. ed.
Rio de Janeiro: Renovar, 2002, p. 17-18).
14
MENDONÇA, Bruna Lima de. Apontamentos sobre as principais mudanças operadas
pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146/2015) no regime das incapacidades. In:
EHRHARDT JR., Marcos (Coord.). Impactos do novo CPC e do EPD no Direito Civil Brasileiro.
Belo Horizonte: Fórum, 2016, p. 263.
15
Para Mendonça, tal afirmação não seria correta, pois a incapacidade será concretamente
apurada com base na situação global da pessoa, sob pena de se imputar responsabilidades
infundadas às pessoas com deficiência. Entendemos a preocupação da autora; todavia, a
despeito da aparente discordância com o que afirmamos, o que acaba sendo defendido é
que a capacidade não seja um elemento de exclusão ou obstáculo ao exercício de direitos
de conteúdo não patrimonial. (MENDONÇA, Bruna Lima de. Apontamentos sobre as
principais mudanças operadas pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146/2015)
no regime das incapacidades. In: EHRHARDT JR., Marcos (Coord.). Impactos do novo CPC
e do EPD no Direito Civil Brasileiro. Belo Horizonte: Fórum, 2016, p. 267-269).
BRUNO OLIVEIRA DE PAULA BATISTA, MARCOS EHRHARDT JR.
DA (IM)POSSIBILIDADE DE CELEBRAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO PROCESSUAL PELA PESSOA COM DEFICIÊNCIA...
67
16
Como não pretendemos fazer aqui uma abordagem descritiva e procedimental da tomada
de decisão apoiada, recomendamos a leitura integral do artigo 1.783-A do Código Civil
vigente, que cumpre satisfatoriamente tal objetivo.
17
Artigo 1º. Propósito: O propósito da presente Convenção é promover, proteger e assegurar
o exercício pleno e equitativo de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais
por todas as pessoas com deficiência e promover o respeito pela sua dignidade inerente.
(Grifamos)
68
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
18
REQUIÃO, Maurício. As mudanças na capacidade e a inclusão da tomada de decisão
apoiada a partir do estatuto da pessoa com deficiência. In: RODRIGUES JUNIOR, Otavio
Luiz (Coord.). Revista de Direito Civil Contemporâneo. v. 6. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2016, p. 43.
19
NISHIYAMA, Adolfo Mamoru; TOLEDO, Roberta Cristina Paganini. O estatuto da pessoa
com deficiência: reflexões sobre a capacidade civil. v. 974. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2016, p. 42.
20
REQUIÃO, Maurício. As mudanças na capacidade e a inclusão da tomada de decisão
apoiada a partir do estatuto da pessoa com deficiência. In: RODRIGUES JUNIOR, Otavio
Luiz (Coord.). Revista de Direito Civil Contemporâneo. v. 6. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2016, p. 43.
21
REQUIÃO, Maurício. As mudanças na capacidade e a inclusão da tomada de decisão
apoiada a partir do estatuto da pessoa com deficiência. In: RODRIGUES JUNIOR, Otavio
Luiz (Coord.). Revista de Direito Civil Contemporâneo. v. 6. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2016, p. 43.
BRUNO OLIVEIRA DE PAULA BATISTA, MARCOS EHRHARDT JR.
DA (IM)POSSIBILIDADE DE CELEBRAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO PROCESSUAL PELA PESSOA COM DEFICIÊNCIA...
69
22
Art.1.783-A [...] §4º A decisão tomada por pessoa apoiada terá validade e efeitos sobre
terceiros, sem restrições, desde que esteja inserida nos limites do apoio acordado. §5º Terceiro
com quem a pessoa apoiada mantenha relação negocial pode solicitar que os apoiadores
contra-assinem o contrato ou acordo, especificando, por escrito, sua função em relação ao
apoiado.
23
TOSTES, Camila Strafacci Maia; AQUINO, Leonardo Gomes de. A repercussão do estatuto da
pessoa com deficiência no regime da capacidade civil. In: NERY JÚNIOR, Nelson (Coord.).
Revista de Direito Privado. v. 75. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2017, p. 69.
24
O artigo 32 da convenção assim dispõe: Artigo 32. Cooperação internacional.1. Os Estados
Partes reconhecem a importância da cooperação internacional e de sua promoção, em
apoio aos esforços nacionais para a consecução do propósito e dos objetivos da presente
Convenção e, sob este aspecto, adotarão medidas apropriadas e efetivas entre os Estados e,
de maneira adequada, em parceria com organizações internacionais e regionais relevantes e
com a sociedade civil e, em particular, com organizações de pessoas com deficiência. Estas
medidas poderão incluir, entre outras: (...).
25
RIBEIRO, Joaquim de Souza. O problema do contrato: as cláusulas contratuais gerais e o
princípio da liberdade contratual. Coimbra: Almedina, 1999, p. 22.
70
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
26
NISHIYAMA, Adolfo Mamoru; TOLEDO, Roberta Cristina Paganini. O estatuto da pessoa
com deficiência: reflexões sobre a capacidade civil. v. 974. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2016, p. 37.
27
NOGUEIRA, Pedro Henrique. Negócios jurídico processuais. Salvador: JusPodivm, 2016, p.
123.
BRUNO OLIVEIRA DE PAULA BATISTA, MARCOS EHRHARDT JR.
DA (IM)POSSIBILIDADE DE CELEBRAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO PROCESSUAL PELA PESSOA COM DEFICIÊNCIA...
71
28
NOGUEIRA, Pedro Henrique. Negócios jurídico processuais. Salvador: JusPodivm, 2016, p.
132.
29
MELLO, Marcos Bernardes de. Teoria do fato jurídico: plano da existência. 19. ed. São Paulo:
Saraiva, 2013, p. 225.
30
De acordo com Cunha, tal dogma impediu que no processo se construísse uma adequada
teoria sobre os atos processuais, bem como um tratamento satisfatório sobre sua interpretação
e sobre os vícios da vontade sobre os atos processuais. Isso porque sempre se entendeu que no
processo, a vontade das partes seria irrelevante, tendo estas unicamente a opção de praticar
ou não o ato previsto numa sequência fixada de antemão pelo legislador. (CUNHA, Leonardo
Carneiro da. Negócios jurídicos processuais no processo civil brasileiro. In: I Congresso Peru-
Brasil de Direito Processual. Lima, Peru, nov. 2014. p. 10-11. Disponível em: <www.academia.
edu/10270224/Negócios_jurídicos_processuais_no_processo_civil_brasileiro>).
31
MELLO, Marcos Bernardes de. Teoria do fato jurídico: plano da existência. 19. ed. São Paulo:
Saraiva, 2013, p. 233.
32
LÔBO, Paulo. Direito Civil: parte geral. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 228.
72
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
33
Essa segunda parte do conceito do autor, conforme ele mesmo adverte, difere do conceito
tradicional de negócio jurídico, posto que inclui as condutas ou comportamentos avolitivos,
sendo necessário apenas a inclusão destes no tráfico jurídico, ou seja, são negócios nos quais
se exclui a vontade, atribuindo-se eficácia negocial à conduta das pessoas. Para Lôbo, a noção
tradicional de negócio jurídico não atende à realidade dos fenômenos contemporâneos da
concentração empresarial e da massificação social, onde os negócios jurídicos têm no núcleo
de seu suporte fático não a vontade exteriorizada, mas as condutas, abstraídos os aspectos
volitivos. Seriam exemplos os contratos de adesão e os chamados contratos massificados
(transporte coletivo, telefonia, água etc.), nos quais pouco importa a vontade do sujeito
contratante (LÔBO, Paulo. Direito Civil: parte geral. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 229-231).
34
Nogueira, com fundamento nas lições de Pontes de Miranda, utiliza a expressão
“autorregramento” no lugar de “autonomia privada”, pois entende que ela é mais apropriada
ao direito processual e, especificamente, para relacioná-la aos negócios jurídicos processuais
(NOGUEIRA, Pedro Henrique. Negócios jurídico processuais. Salvador: JusPodivm, 2016, p.
135-136). É assim que faremos também neste trabalho, sem prejuízo das observações que já
fizemos acima, na nota de nº 10, quando tratamos da expressão “autodeterminação”. Para
Toledo, o autorregramento é a prerrogativa que os sujeitos possuem de escolha da categoria
eficacial do negócio jurídico, bem como o preenchimento do conteúdo de tal categoria
eficacial, por meio da manifestação da vontade humana (TOLEDO, Arthur de Melo. O poder
de autorregramento da vontade e os seus limites. In: BESERRA, Karoline Mafra Sarmento;
EHRHARDT JÚNIOR, Marcos; SILVA, Jéssica Aline Caparica (Orgs.). Estudos sobre a teoria
do fato jurídico na contemporaneidade: homenagem a Marcos Bernardes de Mello. Sergipe:
Editora Universitária Tiradentes, 2016, p. 82-88). Sobre o mesmo assunto, é interessante a
opinião de Cabral, para quem não é a liberdade contratual do direito privado que justifica a
autonomia das partes no processo. Esta última autonomia seria assegurada pela combinação
do princípio dispositivo e princípio do debate (CABRAL, Antonio do Passo. Convenções
processuais. Salvador: JusPodivm, 2016, p. 141).
35
Lôbo não concorda com a ideia defendida nesse parágrafo, afirmando que onde entra a
necessidade sai a liberdade (LÔBO, Paulo. Direito Civil: parte geral. 3. ed. São Paulo: Saraiva,
2012, p. 229-230). Apesar do peso argumentativo de tal afirmação, ficamos com a opinião
contrária, defendida por Nogueira (NOGUEIRA, Pedro Henrique. Negócios jurídico processuais.
Salvador: Juspodivm, 2016, p. 136) e que tem apoio nas lições de Mello, para quem, mesmo
na alternativa de aceitar ou não aceitar a celebração do negócio, está presente a liberdade
de escolha (autorregramento), ainda que de forma mínima. (MELLO, Marcos Bernardes
de. Teoria do fato jurídico: plano da existência. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 190).
36
NOGUEIRA, Pedro Henrique. Negócios jurídico processuais. Salvador: JusPodivm, 2016, p. 136.
BRUNO OLIVEIRA DE PAULA BATISTA, MARCOS EHRHARDT JR.
DA (IM)POSSIBILIDADE DE CELEBRAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO PROCESSUAL PELA PESSOA COM DEFICIÊNCIA...
73
37
TOLEDO, Arthur de Melo. O poder de autorregramento da vontade e os seus limites. In:
BESERRA, Karoline Mafra Sarmento; EHRHARDT JÚNIOR, Marcos; SILVA, Jéssica Aline
Caparica (Orgs.). Estudos sobre a teoria do fato jurídico na contemporaneidade: homenagem a
Marcos Bernardes de Mello. Sergipe: Editora Universitária Tiradentes, 2016, p. 79.
38
No presente trabalho, partimos da premissa de que os negócios processuais são admitidos
pelo direito processual civil. Assim, não trataremos (até por conta dos próprios limites aqui
traçados) das posições contrárias ao negócio jurídico processual. Tal discussão (acerca da
possibilidade ou não de celebração de negócios jurídicos processuais), a nosso ver, perdeu
muito de sua importância em razão da positivação, pelo atual CPC, de tais negócios
processuais. Prova do que foi dito, apenas a título de exemplo, encontra-se nos artigos 190
e 200 daquele mesmo diploma legal.
39
A nomenclatura “negócio jurídico processual” não é utilizada de forma unânime na doutrina.
Há quem prefira a locução “convenção processual”, como o fazem CABRAL, Antonio
do Passo. Convenções processuais. Salvador: JusPodivm, 2016, p. 31 e segs.; e MOREIRA,
José Carlos Barbosa. Convenções das partes sobre matéria processual. In: Temas de Direito
Processual: terceira série. São Paulo: Saraiva, 1984, p. 89, ou “atos de disposição processual”,
utilizada por GRECO, Leonardo. Os atos de disposição processual – Primeiras reflexões. In:
MEDINA, José Miguel Garcia et al. (Coords.). Os poderes do juiz e controle das decisões judiciais:
estudos em homenagem à professora Teresa Arruda Alvim Wambier. São Paulo: RT, 2008, p.
290. Por coerência com a teoria do fato jurídico, utilizaremos também a expressão “negócio
jurídico processual” ao longo de todo o trabalho.
40
O autor adota uma noção ampla de fato processual, com a qual concordamos, e que engloba
(ou é capaz de englobar) certos acontecimentos (mesmo que extraprocedimentais) e que
estejam ligados ao processo, resultando situações jurídicas exercitáveis no procedimento.
41
NOGUEIRA, Pedro Henrique. Negócios jurídico processuais. Salvador: JusPodivm, 2016, p.
152.
74
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
42
A mesma posição é defendida por Nogueira, ao afirmar que os negócios que “têm em mira
futuras demandas não são adjetivados de ‘processuais’, uma vez que faltaria a ‘processualidade’
inerente à existência concreta de um procedimento ao qual se refira” (NOGUEIRA, Pedro
Henrique. Negócios jurídico processuais. Salvador: Juspodivm, 2016, p. 231). Já Cabral não
exclui tais espécies de acordos dos quais ele denomina de “convenção processual” (CABRAL,
Antonio do Passo. Convenções processuais. Salvador: Juspodivm, 2016, p. 75-80).
43
Apesar do conceito apresentado, o objeto de estudo do autor mencionado são as convenções
processuais, sendo tal expressão, ainda segundo o autor, mais adequada para se referir aos
negócios plurilaterais pelos quais as partes, antes ou durante o processo, criam, modificam
e extinguem situações jurídicas processuais, ou alteram o procedimento. Note-se, assim,
que tal noção é mais ampla do que a que apresentamos quando mencionamos a expressão
“negócios jurídicos processuais”.
44
CABRAL, Antonio do Passo. Convenções processuais. Salvador: JusPodivm, 2016, p. 48.
45
CUNHA, Leonardo Carneiro da. Negócios jurídicos processuais no processo civil brasileiro. In:
I Congresso Peru-Brasil de Direito Processual. Lima, Peru, nov. 2014. p. 5. Disponível em: <www.
academia.edu/10270224/Negócios_jurídicos_processuais_no_processo_civil_brasileiro>.
46
Uma das principais objeções feitas à categoria dos negócios jurídicos processuais é que, em
razão da publicidade do processo, todas as condutas das partes já teriam seus efeitos fixados
na lei, havendo apenas, portanto, o ato jurídico processual em sentido estrito. Todavia,
conforme salienta Nogueira, não existem efeitos jurídicos que decorram exclusivamente da
vontade das partes, como se costumava acreditar nas teorias que defendiam o “dogma da
vontade” (NOGUEIRA, Pedro Henrique. Negócios jurídicos processuais. Salvador: Juspodivm,
2016, p. 155). Didier Júnior defende que a categoria negócio jurídico é conceito lógico-jurídico
e que, portanto, pela sua pretensão de validez universal, não se restringe ao âmbito do
direito privado (DIDIER JÚNIOR, Fredie. Sobre a teoria geral do processo, essa desconhecida. 3.
ed. Salvador: Juspodivm, 2016, p. 52-55 e 60).
47
CABRAL, Antonio do Passo. Convenções processuais. Salvador: JusPodivm, 2016, p. 49.
BRUNO OLIVEIRA DE PAULA BATISTA, MARCOS EHRHARDT JR.
DA (IM)POSSIBILIDADE DE CELEBRAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO PROCESSUAL PELA PESSOA COM DEFICIÊNCIA...
75
48
DIDIER JÚNIOR, Fredie; NOGUEIRA, Pedro Henrique Pedrosa. Teoria dos Fatos Jurídicos
Processuais. 2 ed. Salvador: JusPodivm, 2013, p. 64-65.
49
CUNHA, Leonardo Carneiro da. Negócios jurídicos processuais no processo civil brasileiro. In:
I Congresso Peru-Brasil de Direito Processual. Lima, Peru, nov. 2014. p. 14. Disponível em: <www.
academia.edu/10270224/Negócios_jurídicos_processuais_no_processo_civil_brasileiro>.
50
CUNHA, Leonardo Carneiro da. Negócios jurídicos processuais no processo civil brasileiro. In:
I Congresso Peru-Brasil de Direito Processual. Lima, Peru, nov. 2014. p. 21. Disponível em: <www.
academia.edu/10270224/Negócios_jurídicos_processuais_no_processo_civil_brasileiro>.
76
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
51
MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Curso de
Processo Civil: tutela dos direitos mediante procedimento comum. v. 2. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2015, p. 81.
52
CABRAL, Antonio do Passo. Convenções processuais. Salvador: JusPodivm, 2016, p. 273.
BRUNO OLIVEIRA DE PAULA BATISTA, MARCOS EHRHARDT JR.
DA (IM)POSSIBILIDADE DE CELEBRAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO PROCESSUAL PELA PESSOA COM DEFICIÊNCIA...
77
53
DIDIER JÚNIOR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil. 17. ed. v. 1. Salvador: JusPodivm,
2015, p. 314.
54
Nada impede, porém, que a lei processual restrinja a capacidade processual de pessoas que
possuem a capacidade de fato (ou de exercício), como são exemplos as situações previstas
nos artigos 72, II, e 73 do Código de Processo Civil.
55
MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Curso de
Processo Civil: tutela dos direitos mediante procedimento comum. v. 2. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2015, p. 81.
78
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
56
CABRAL, Antonio do Passo. Convenções processuais. Salvador: JusPodivm, 2016, p. 276-277.
BRUNO OLIVEIRA DE PAULA BATISTA, MARCOS EHRHARDT JR.
DA (IM)POSSIBILIDADE DE CELEBRAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO PROCESSUAL PELA PESSOA COM DEFICIÊNCIA...
79
57
O próprio artigo 79 do EPD assegura que “o poder público deve assegurar o acesso da
pessoa com deficiência à justiça, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas,
garantindo, sempre que requeridos, adaptações e recursos de tecnologia assistiva”.
58
CABRAL, Antonio do Passo. Convenções processuais. Salvador: JusPodivm, 2016, p. 137-138.
59
CABRAL, Antonio do Passo. Convenções processuais. Salvador: JusPodivm, 2016, p. 320.
80
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
não são suficientes para impedir a prática dos referidos negócios pelas
pessoas que se incluem em tais grupos, mas tão somente exigem uma
maior atenção com vistas a se preservar a igualdade e, consequente-
mente, o exercício da liberdade.
Nessa ordem de ideias, a tomada de decisão apoiada surge como
importante ferramenta não só de apoio, mas também de proteção à
pessoa com deficiência, permitindo que esta última possa celebrar o
negócio jurídico processual sem que nenhuma garantia fundamental
ou processual seja violada.
A possibilidade que aqui acaba de ser defendida é ainda mais
evidente quando se trata de um negócio jurídico processual unilateral,
em que não há a necessidade de concordância de outros sujeitos, uma
vez que envolvem apenas a esfera jurídica do sujeito que o pratica. Mais
uma vez aqui, reveste-se a tomada de decisão apoiada da condição de
importante instrumento não só de apoio, mas também de proteção da
pessoa com deficiência.
Para Nogueira, os limites do negócio jurídico processual são ditados pelo formalismo
60
processual, que, sendo uma noção ampla, abrange não só as formalidades do processo,
mas “delimitarão os poderes, faculdades e deveres dos sujeitos processuais, a organização
do procedimento a fim de que suas finalidades essenciais sejam alcançadas” (NOGUEIRA,
Pedro Henrique. Negócios jurídico processuais. Salvador: JusPodivm, 2016, p. 161).
BRUNO OLIVEIRA DE PAULA BATISTA, MARCOS EHRHARDT JR.
DA (IM)POSSIBILIDADE DE CELEBRAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO PROCESSUAL PELA PESSOA COM DEFICIÊNCIA...
81
61
§1º Para formular pedido de tomada de decisão apoiada, a pessoa com deficiência e os
apoiadores devem apresentar termo em que constem os limites do apoio a ser oferecido e
os compromissos dos apoiadores, inclusive o prazo de vigência do acordo e o respeito à
vontade, aos direitos e aos interesses da pessoa que devem apoiar.
62
Será mesmo que uma pessoa sem deficiência teria a inteira compreensão das consequências
práticas de seu ato processual? Teria ela conhecimento de que a desistência do recurso é um
fato extintivo do direito de recorrer? Que traria o imediato trânsito em julgado da decisão?
Que permitiria a execução da obrigação reconhecida na decisão? Não acreditamos que as
respostas sejam positivas. Daí porque frisamos que a ausência de discernimento completo
em relação ao ato praticado não serve como argumento contra a prática de negócio jurídico
processual pela pessoa com deficiência.
82
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
63
§7º Se o apoiador agir com negligência, exercer pressão indevida ou não adimplir as
obrigações assumidas, poderá a pessoa apoiada ou qualquer pessoa apresentar denúncia
ao Ministério Público ou ao juiz.
64
A decisão tomada por pessoa apoiada terá validade e efeitos sobre terceiros, sem restrições,
desde que esteja inserida nos limites do apoio acordado.
BRUNO OLIVEIRA DE PAULA BATISTA, MARCOS EHRHARDT JR.
DA (IM)POSSIBILIDADE DE CELEBRAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO PROCESSUAL PELA PESSOA COM DEFICIÊNCIA...
83
Referências
CABRAL, Antonio do Passo. Convenções processuais. Salvador: JusPodivm, 2016.
CORREIA JUNIOR, José Barros; ALBUQUERQUE, Paula Falcão. A influência do direito
civil constitucional sobre a (im)prescritibilidade contra portadores de deficências mentais
após o Estatuto da Pessoa com Deficiência. In: EHRHARDT JR, Marcos (Coord.). Impactos
do novo CPC e do EDP no Direito Civil Brasileiro. Belo Horizonte: Fórum, 2016.
CUNHA, Leonardo Carneiro da. Negócios jurídicos processuais no processo civil brasileiro.
In: I Congresso Peru-Brasil de Direito Processual. Lima, Peru, nov. 2014. Disponível em: <www.
academia.edu/10270224/Negócios_jurídicos_processuais_no_processo_civil_brasileiro>.
DIDIER JÚNIOR, Fredie; NOGUEIRA, Pedro Henrique Pedrosa. Teoria dos Fatos Jurídicos
Processuais. 2. ed. Salvador: JusPodivm, 2013.
DIDIER JÚNIOR, Fredie. Sobre a teoria geral do processo, essa desconhecida. 3. ed. Salvador:
JusPodivm, 2016.
DIDIER JÚNIOR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil. 17. ed. v. 1. Salvador: JusPodivm,
2015.
EHRHARDT JÚNIOR, Marcos. Apontamentos sobre a teoria do fato jurídico. In: BESERRA,
Karoline Mafra Sarmento; EHRHARDT JÚNIOR, Marcos; SILVA, Jéssica Aline Caparica
(Orgs.). Estudos sobre a teoria do fato jurídico na contemporaneidade: homenagem a Marcos
Bernardes de Mello. Sergipe: Editora Universitária Tiradentes, 2016, p. 11-41.
GRECO, Leonardo. Os atos de disposição processual: primeiras reflexões. In: MEDINA, José
Miguel Garcia et al. (Coords.). Os poderes do juiz e controle das decisões judiciais: estudos em
homenagem à professora Teresa Arruda Alvim Wambier. São Paulo: RT, 2008, p. 290-292.
LÔBO, Paulo. Direito Civil: parte geral. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Curso
de Processo Civil: tutela dos direitos mediante procedimento comum. v. 2. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015.
MEIRELLES, Jussara. O ser o ter na codificação civil brasileira: do sujeito virtual à clausura
patrimonial. In: FACHIN, Luiz Edson (Coord.). Repensando fundamentos do direito civil
brasileiro contemporâneo. Rio de Janeiro: Renovar, 2000.
BRUNO OLIVEIRA DE PAULA BATISTA, MARCOS EHRHARDT JR.
DA (IM)POSSIBILIDADE DE CELEBRAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO PROCESSUAL PELA PESSOA COM DEFICIÊNCIA...
85
Paulo Nalin
Renata C. Steiner
1
Conforme ensina Marcos Bernardes de Mello, a invalidade é uma sanção imposta pelo
ordenamento jurídico a negócios jurídicos (ou atos jurídicos) que não observem as regras
de validade. Assim, “embora concretize suporte fático previsto em suas normas, importa,
em verdade, violação de seus comandos cogentes. A recusa de validade a um ato jurídico
consubstancia uma forma de punição, de penalidade, à conduta que infringe as normas
jurídicas, com a qual se busca impedir que aqueles que a praticaram possam obter resultados
jurídicos e práticos vantajosos” (MELLO, Marcos Bernardes de. Teoria do fato jurídico. Plano
da Validade. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 6).
2
No mundo concreto, do sujeito localizado, são os efeitos do negócio jurídico que efetivamente
interessam. Assim, a discussão entre existência e validade perde sua importância, observando-
se no direito atual uma ênfase ao plano da eficácia, no qual os efeitos jurídicos dos fatos,
atos e negócios jurídicos são produzidos.
88
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
3
Há invalidades consideradas expressas, porque a lei, além de proibir determinada
circunstância, expressamente determina a aplicação da nulidade. Há casos, contudo, em que
a lei proíbe a prática de determinado ato, mas não lhe aplica sanção. Estes são chamados de
nulidades virtuais ou tácitas, tendo como base o art. 166, VII, do CC, que serve para fechamento
do sistema.
4
Na crítica de Clóvis Bevilaqua, à luz do Código Civil de 1916, mas que pode ser considerada
atual ainda hoje, a teoria das nulidades ainda é vacilante na doutrina, ao que se alia a falta de
nitidez dos dispositivos legais e ausência de princípios diretores do pensamento legislativo
(BEVILAQUA, Clóvis. Theoria geral do Direito Civil. Actualizada por Achilles Bevilaqua. 5.
ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1951, p.326).
5
Exemplificativa dessa afirmação é a alteração, empreendida pelo Código Civil de 2002, a
respeito do grau de invalidade da simulação. Sob a égide do Código Civil de 1916, negócios
simulados eram anuláveis (art. 147, II, CC/1916) e, a partir do novo Código, passaram a
ser nulos (art. 167). Como se vê, a escolha do grau de invalidade é também uma escolha
legislativa e naturalmente mutável, respeitada a eficácia da lei no momento da formação
do contrato (art. 6º, §1º, da Lei de Introdução às Normas do Direito brasileiro).
PAULO NALIN, RENATA C. STEINER
NULIDADE DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS E CONHECIMENTO DE OFÍCIO PELO JUIZ: ENTRE O CÓDIGO CIVIL E O NOVO...
89
6
Na síntese de Pontes de Miranda, o negócio nulo é aquele deficiente desde a entrada e para
sempre, e o anulável, desde a entrada no mundo jurídico, mas por algum tempo (PONTES DE
MIRANDA, Francisco Cavalcanti. Tratado de Direito Privado. Tomo IV. Rio de Janeiro, Borsoi,
1954, p. 4).
7
A diferenciação entre nulidade e anulabilidade se dá essencialmente no que toca ao seu regime
jurídico, ou seja, às consequências aplicáveis para cada qual. Aliás, não se pode perder de
vista que o CC/1916 continha inúmeras imprecisões a respeito da distinção entre esses dois
graus de invalidade, o que foi corrigido pelo CC/2002. Nesse sentido, a crítica de José Carlos
90
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
p. 425. Alguns doutrinadores entendem, contudo, que nem todas as nulidades podem ser
alegadas pelos legitimados dispostos no art. 168 do CC. É o caso de Marcos Bernardes de
Mello, para quem, em algumas hipóteses (como é o caso do art. 48 do CC) se delimita o rol
de legitimados, o que se faz sem afastar a aplicação do regime mais gravoso da nulidade.
(MELLO, Marcos Bernardes de. Teoria do fato jurídico. Plano da Validade. 9. ed. São Paulo:
Saraiva, 2009, p. 247-248).
12
GOMES, Orlando; BRITO, Edvaldo (Coord.). Introdução ao Direito Civil. 19. ed. revista,
atualizada e aumentada de acordo com o Código Civil de 2002. Rio de Janeiro: Forense,
2008, p. 425-426.
13
Em comparação com o regime das anulabilidades, diga-se que estas podem ser confirmadas
expressa ou tacitamente pelas partes, bem como que o tempo convalesce o defeito negocial.
Isso importa concluir que os negócios anuláveis podem se tornar válidos com o passar do
tempo, o que também afasta a imprescritibilidade da anulação (arts. 172, 174, 176 e 178,
CC).
14
Sustentando que o art. 169 do CC estabelece a imprescritibilidade da decretação de nulidade,
mas não dos seus efeitos patrimoniais, vide TEPEDINO, Gustavo; BARBOZA, Heloisa
Helena; BODIN DE MORAES, Maria Celina. Código Civil Interpretado conforme a Constituição
da República. v. I. 2. ed. revista e atualizada. Rio de Janeiro: Renovar, 2007, p. 320.
15
Adere-se aqui à concepção de Pontes de Miranda, tão bem expressada por Marcos Bernardes
de Mello, no sentido de que a nulidade é decretada, e não apenas declarada. Trata-se de
provimento constitutivo-negativo (MELLO, Marcos Bernardes de. Teoria do fato jurídico.
Plano da Validade. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 251).
92
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
16
Sobre o tema, não se pode deixar de notar que há súmula do Superior Tribunal de Justiça
que relativiza a regra de conhecimento de ofício de nulidade de cláusula inserta em contratos
bancários (Súmula nº 381: Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de
ofício, da abusividade das cláusulas). Segundo disposição do art. 51 do Código de Defesa
do Consumidor, cláusula abusiva nada mais é do que cláusula nula e, portanto, seja por
disposição do CC, seja por regra própria do CDC, deveria ser conhecida de ofício. O
entendimento do STJ – sem que se tenha aqui espaço para lhe traçar qualquer consideração
crítica – sublinha o fato de que as características próprias da nulidade não são imutáveis,
podendo ser flexibilizadas em determinadas circunstâncias. No caso específico da Súmula
nº 381, Bruno Miragem conclui que, apesar das críticas, “sua aplicação resultou, na prática,
na exigência de pedido e demonstração in concreto da abusividade da cláusula, o que se
aplica ao controle da cláusula de juros bancários”, do que se pode retirar um fundamento
da decisão tomada pelo STJ (MIRAGEM, Bruno. Direito bancário. São Paulo: RT, 2013, p.
300).
PAULO NALIN, RENATA C. STEINER
NULIDADE DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS E CONHECIMENTO DE OFÍCIO PELO JUIZ: ENTRE O CÓDIGO CIVIL E O NOVO...
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17
Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este
quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem
previsto a nulidade.
18
Os exemplos de aplicação prática da conversão são muitos. A título exemplificativo, vide:
“(...) 6. Na hipótese, sendo nulo o negócio jurídico de doação, o mais consentâneo é que
se lhe converta em um contrato de mútuo gratuito, de fins não econômicos, porquanto é
incontroverso o efetivo empréstimo do bem fungível, por prazo indeterminado, e, de algum
modo, a intenção da beneficiária de restituí-lo. 7. Em sendo o negócio jurídico convertido
em contrato de mútuo, tem a recorrente, com o falecimento da filha, legitimidade ativa e
interesse de agir para cobrar a dívida do espólio, a fim de ter restituída a coisa emprestada.
(...)” (REsp nº 1225861/RS, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado em
22.04.2014, DJe 26.05.2014).
19
Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido
for na substância e na forma.
20
PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti. Tratado de Direito Privado. Tomo IV. Rio de
Janeiro: Borsoi, 1954, p. 402.
94
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
forma legal, bem como não se prestar a fraudar lei imperativa), será
possível receber a compra e venda simulada como contrato de doação,
produzindo os efeitos deste.21
Em outras circunstâncias mais tradicionais, o direito brasileiro
permite uma relativização das características próprias da nulidade. É o
que se passa quando se admitem: a nulidade parcial do negócio, desde
que destacável a parte inválida (art. 184, CC);22 a redução do negócio
jurídico para adequação às regras legais e cogentes;23 a separação do
instrumento e do negócio, quando este puder ser comprovado de
outra forma (art. 183, CC);24 ou mesmo a manutenção de certos efeitos
contratuais derivados de contratos nulos, quando impossível o retorno
ao status quo ante.25
Todas essas circunstâncias representam, com suas peculiaridades
próprias, a aplicação do princípio da conservação dos pactos, cuja
observância na teoria do negócio jurídico e no regime das validades
tem sido sustentada por abalizada doutrina e aplicada, mesmo quando
sem menção expressa à nomenclatura específica, pela jurisprudência
nacional.26
21
Sobre o tema, veja-se o seguinte julgado: “(...) Pretensão voltada à declaração de nulidade
absoluta de negócio jurídico, consistente em cessão de direitos sobre bem imóvel, a fim de
ocultar doação. Instâncias ordinárias que reconheceram a existência de simulação, declarando,
no entanto, a nulidade parcial da avença, reputando parcialmente válido o negócio jurídico
dissimulado (doação), isto é, na fração que não excedia à legítima. (...) 3.1 De acordo com a
sistemática adotada pelo novo Código Civil, notadamente no artigo 167, em se tratando de
simulação relativa – quando o negócio jurídico pactuado tem por objetivo encobrir outro de
natureza diversa – , subsistirá aquele dissimulado se, em substância e forma, for válido. (...)
3.3 O negócio jurídico dissimulado apenas representou ofensa à lei e prejuízo a terceiro (no
caso, o recorrente) na parte em que excedeu o que a doadora, única detentora dos direitos
sobre o bem imóvel objeto do negócio, poderia dispor (doação inoficiosa)” (REsp nº 1102938/
SP, Rel. Ministro Marco Buzzi, Quarta Turma, julgado em 10.03.2015, DJe 24.03.2015).
22
Art. 184. Respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial de um negócio jurídico não
o prejudicará na parte válida, se esta for separável; a invalidade da obrigação principal
implica a das obrigações acessórias, mas a destas não induz a da obrigação principal.
23
Exemplificativamente, no caso de haver cláusula penal que exceda os limites impostos pelo
art. 412 do CC, nada impede que o juiz a reduza até o limite legal. Da mesma forma, em
caso de doação que exceda o limite da legítima (art. 2.007 do CC) ou mesmo na inserção de
juros acima do limite previsto em lei.
24
Art. 183. A invalidade do instrumento não induz a do negócio jurídico sempre que este
puder provar-se por outro meio.
25
Pense-se, por exemplo, na invalidade de um contrato de trabalho ou de um concurso público.
Nesses casos, é possível “modular” os efeitos da decretação de nulidade, a qual somente
produziria efeitos ex nunc. A noção de modulação, aliás, é amplamente admitida mesmo
nos casos de vícios de inconstitucionalidade.
26
Sobre o princípio da conservação, assim já se manifestou o Superior Tribunal de Justiça:
“(...) A ordem jurídica é harmônica com os interesses individuais e do desenvolvimento
econômico-social. Ela não fulmina completamente os atos que lhe são desconformes em
PAULO NALIN, RENATA C. STEINER
NULIDADE DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS E CONHECIMENTO DE OFÍCIO PELO JUIZ: ENTRE O CÓDIGO CIVIL E O NOVO...
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qualquer extensão. A teoria dos negócios jurídicos, amplamente informada pelo princípio
da conservação dos seus efeitos, estabelece que até mesmo as normas cogentes destinam-
se a ordenar e coordenar a prática dos atos necessários ao convívio social, respeitados
os negócios jurídicos realizados. Deve-se preferir a interpretação que evita a anulação
completa do ato praticado, optando-se pela sua redução e recondução aos parâmetros da
legalidade” (REsp nº 1106625/PR, Rel. Ministro Sidnei Beneti, Terceira Turma, julgado em
16.08.2011, DJe 09.09.2011).
27
Na ocasião da edição do Código Civil de 2002, afirmou Leonardo Mattietto que não apenas
o novo diploma civil, como o princípio da conservação dos pactos seriam vieses para a
revisão crítica das regras de invalidades, profundamente inspiradas em subsídios históricos
do direito romano (MATTIETTO, Leonardo. Invalidade dos atos e negócios jurídicos. In:
TEPEDINO, Gustavo (Coord.). A parte geral do Novo Código Civil. Estudos na perspectiva
civil-constitucional. 3. ed. revista. Rio de Janeiro: Renovar, 2007, p. 325).
96
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
28
A afirmação foi feita em conferência intitulada Devido processo legal e respeito ao autorregramento
da vontade, proferida no curso Negócios processuais no novo CPC promovido pela AASP e
retransmitido pela OAB/PR em 18.03.2014.
29
DIDIER, Fredie. A eficácia do novo CPC antes do término do período de vacância da lei. Disponível
em: <https://www.academia.edu/9008318/Efic%C3%A1cia_do_novo_CPC_antes_
do_t%C3%A9rmino_do_per%C3%ADodo_de_vac%C3%A2ncia_da_lei>. Acesso em: 04
abr. 2015.
30
Art. 3º, 3 (Código de Processo Civil de Portugal) – O juiz deve observar e fazer cumprir, ao
longo de todo o processo, o princípio do contraditório, não lhe sendo lícito, salvo caso de
manifesta desnecessidade, decidir questões de direito ou de facto, mesmo que de conhecimento
oficioso, sem que as partes tenham tido a possibilidade de sobre elas se pronunciarem.
31
§139 ZPO (Direção substancial do processo): (2) A Corte pode embasar sua decisão em aspecto
sobre o qual a parte tenha reconhecidamente negligenciado ou considerado irrelevante,
desde que não se esteja diante de uma pretensão acessória, somente quando tenha apontado
este aspecto e conferido a possibilidade de manifestação. O mesmo é válido para aspecto
sobre o qual a Corte decide diferentemente a ambas as partes (em tradução livre de §139
Materielle Prozessleitung. (2) Auf einen Gesichtspunkt, den eine Partei erkennbar übersehen oder
für unerheblich gehalten hat, darf das Gericht, soweit nicht nur eine Nebenforderung betroffen
ist, seine Entscheidung nur stützen, wenn es darauf hingewiesen und Gelegenheit zur Äußerung
PAULO NALIN, RENATA C. STEINER
NULIDADE DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS E CONHECIMENTO DE OFÍCIO PELO JUIZ: ENTRE O CÓDIGO CIVIL E O NOVO...
97
dazu gegeben hat. Dasselbe gilt für einen Gesichtspunkt, den das Gericht anders beurteilt als beide
Parteien).
32
Antes da entrada em vigor da Lei nº 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência),
nem mesmo a incapacidade absoluta poderia ser tida como objetivamente aferível. Basta
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FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
pensar na hipótese de um negócio firmado por um maior de idade que sofresse alguma
deficiência cognitiva, mas ainda não houvesse sido interditado ao tempo da conclusão do
negócio, embora já estivessem presentes os requisitos que autorizariam a interdição. Como
a sentença de interdição pode produzir retroativos à data em que se constatar, teve início
a causa de incapacidade. Como se sabe, a Lei nº 13.146/2015 revogou o art. 3º e incisos do
Código Civil e conferiu nova redação ao caput: “São absolutamente incapazes de exercer
pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos”.
33
Em caso julgado pelo Tribunal de Justiça do Paraná, decidiu o juízo a quo – sem oitiva as
partes – pela nulidade do negócio jurídico firmado ao argumento de que haveria cláusula
não verdadeira e, portanto, que o negócio seria simulado. No caso específico, as partes
haviam acordado uma forma de pagamento e, no curso da execução, este foi realizado de
forma diversa da acordada, mediante quitação. Em recurso de apelação, o TJPR considerou
que “a modificação da forma de pagamento da parcela ajustada na cessão de direitos
hereditários não caracteriza simulação e não autoriza concluir que possa comprometer
a validade do negócio”, reformando a sentença para afastar a nulidade (TJPR – 17ª C.
Cível – AC – 1081904-2 – Curitiba – Rel.: Lauri Caetano da Silva – Unânime – J. 21.05.2014).
Trata-se de típico exemplo em que a prévia oitiva das partes poderia ter influenciado no
convencimento judicial, com ganhos evidentes em economia processual.
34
Conforme interpretação conferida por Marcos Bernardes de Mello e aqui referendada, o
conceito de ilicitude compreende tanto a contrariedade à lei, à moral (bons costumes), como
à ordem pública, na trilha do art. 122 do CC (MELLO, Marcos Bernardes de. Teoria do fato
jurídico. Plano da Validade. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 91).
PAULO NALIN, RENATA C. STEINER
NULIDADE DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS E CONHECIMENTO DE OFÍCIO PELO JUIZ: ENTRE O CÓDIGO CIVIL E O NOVO...
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35
Ambos (revogação e inclusão) se deram por força da Lei nº 11.280/2006.
100
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O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
36
MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Código de Processo Civil comentado artigo
por artigo. São Paulo: RT, 2008, p. 224.
37
Art. 191. A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem
prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar; tácita é a renúncia quando se
presume de fatos do interessado, incompatíveis com a prescrição.
38
Há entendimento reiterado no Superior Tribunal de Justiça, contudo, que, no caso de
prescrição direta (ou seja, que não sejam qualificados como prescrição intercorrente) em
execuções fiscais, é dispensável a prévia oitiva da Fazenda Pública para seu reconhecimento.
Para o STJ, o disposto no art. 40, §4º, da Lei nº 6.830/1980, que determina prévia oitiva,
somente é aplicável no caso de prescrição intercorrente. Vide, exemplificando jurisprudência
consolidada: “(..) 4. O caso dos autos não cuida de prescrição intercorrente, porquanto
não houve interrupção do lapso prescricional. Tratando-se de prescrição direta, pode
sua decretação ocorrer de ofício, sem prévia oitiva da exequente, nos termos do art. 219,
§5º, do CPC, perfeitamente aplicável às execuções fiscais. Agravo regimental improvido”
(AgRg no AREsp nº 515.984/BA, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado
em 18.06.2014, DJe 27.06.2014). Veja-se que, nesses casos, afasta-se a intimação do credor,
enquanto que, no caso do entendimento aqui defendido, deve-se intimar o devedor para
que, querendo, exerça sua renúncia.
PAULO NALIN, RENATA C. STEINER
NULIDADE DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS E CONHECIMENTO DE OFÍCIO PELO JUIZ: ENTRE O CÓDIGO CIVIL E O NOVO...
101
39
Afinal e conforme afirma com precisão Rodrigo Ramina de Lucca, “tanto o contraditório como
a ampla defesa só se justificam se forem dirigidos ao convencimento judicial” (RAMINA
DE LUCCA, Rodrigo. O dever de motivação das decisões judiciais. Salvador: JusPodivm, 2015).
PAULO NALIN, RENATA C. STEINER
NULIDADE DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS E CONHECIMENTO DE OFÍCIO PELO JUIZ: ENTRE O CÓDIGO CIVIL E O NOVO...
103
Referências
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MENDES, Gilmar Ferreira; STOCO, Rui. Doutrinas essenciais. Direito Civil. Parte Geral.
v. VI. São Paulo: RT, 2011.
BEVILAQUA, Clóvis. Theoria geral do Direito Civil. Actualizada por Achilles Bevilaqua.
5. ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1951.
DIDIER, Fredie. A eficácia do novo CPC antes do término do período de vacância da lei. Disponível
em: <https://www.academia.edu/9008318/Efic%C3%A1cia_do_novo_CPC_antes_do_t%-
C3%A9rmino_do_per%C3%ADodo_de_vac%C3%A2ncia_da_lei>. Acesso em: 04 abr. 2015.
104
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
GOMES, Orlando; BRITO, Edvaldo (Coord.). Introdução ao Direito Civil. 19. ed. revista,
atualizada e aumentada de acordo com o Código Civil de 2002. Rio de Janeiro: Forense,
2008.
MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Código de Processo Civil comentado
artigo por artigo. São Paulo: RT, 2008.
MATTIETTO, Leonardo. Invalidade dos atos e negócios jurídicos. In: TEPEDINO, Gustavo
(Coord.) A parte geral do Novo Código Civil. Estudos na perspectiva civil-constitucional. 3.
edição, revista. Rio de Janeiro: Renovar, 2007.
MIRAGEM, Bruno. Direito bancário. São Paulo: RT, 2013.
MELLO, Marcos Bernardes de. Teoria do fato jurídico. Plano da Validade. 9. ed. São Paulo:
Saraiva, 2009.
PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti. Tratado de Direito Privado. Tomo IV. Rio
de Janeiro: Borsoi, 1954.
RAMINA DE LUCCA, Rodrigo. O dever de motivação das decisões judiciais. Salvador:
JusPodivm, 2015.
TEPEDINO, Gustavo; BARBOZA, Heloisa Helena; BODIN DE MORAES, Maria Celina.
Código Civil Interpretado conforme a Constituição da República. v. I. 2. ed. revista e atualizada.
Rio de Janeiro: Renovar, 2007.
1
MOREIRA, José Carlos Barbosa. Anotações sobre o título “Da Prova” do Novo Código Civil.
In: DIDIER JR, Fredie; MAZZEI, Rodrigo (Coords.). Reflexos do novo Código Civil no Direito
Processual. Salvador: JusPodivm, 2006, p. 208.
106
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
2
WAMBIER, Teresa Arruda Alvim; CONCEIÇÃO, Maria Lúcia Lins; RIBEIRO, Leonardo
Ferres da Silva: MELLO, Rogério Licastro Torres. Primeiros comentários ao Novo Código de
Processo Civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, p. 640.
3
PERLINGIERI, Pietro. Perfis do direito civil. Rio de Janeiro: Renovar, 1997, p. 296.
4
PERLINGIERI, Pietro. Perfis do direito civil. Rio de Janeiro: Renovar, 1997, p. 296-297.
5
José Carlos Moreira Alves justificou a opção da estruturação da prova em título autônomo
devido à circunstância de que todos os fatos jurídicos – e não apenas o negócio jurídico – são
suscetíveis de ser provados (ALVES, José Carlos Moreira. A Parte Geral do Projeto de Código
Civil brasileiro. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 87).
6
José Carlos Barbosa Moreira registra a ocorrência de intromissões e de superposições a
respeito, já que normas relativas ao direito civil “insinuam-se em códigos processuais, ou
vice-versa”, sendo denominadas de heterotópicas (MOREIRA, José Carlos Barbosa. O Novo
Código Civil e o Direito Processual. In: DIDIER JR, Fredie; MAZZEI, Rodrigo (Coords.).
Reflexos do novo Código Civil no Direito Processual. Salvador: JusPodivm, 2006, p. 92). No
âmbito do Código de Processo Civil de 2015, houve novamente o tratamento da prova dos
fatos jurídicos no processo (arts. 369 a 484).
GUILHERME CALMON NOGUEIRA DA GAMA
SISTEMA DE PROVA DO FATO JURÍDICO À LUZ DOS CÓDIGOS CIVIL E DE PROCESSO CIVIL
107
7
SANTOS, Moacyr Amaral. Prova judiciária no cível e comercial. v. 1. 5. ed. São Paulo: Saraiva,
1983, p. 42.
8
Fredie Didier Jr. indica a utilidade do tratamento da prova no Código Civil em dois pontos:
a) sua aplicação à prova extrajudicial, e b) a delimitação da forma de certos negócios jurídicos
(DIDIER JR., Fredie. Regras processuais no novo Código Civil. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2004,
p. 30).
9
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. v. I. 21. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2005, p. 589.
10
Alexandre Freitas Câmara anota que a disciplina da prova no Código Civil de 2002 contempla
disposições que melhor estariam no âmbito do Código de Processo Civil (CÂMARA,
Alexandre Freitas. Das relações entre o Código Civil e o Direito Processual Civil. In: DIDIER
JR., Fredie; MAZZEI, Rodrigo (Coords.). Reflexos do novo Código Civil no Direito Processual.
Salvador: JusPodivm, 2006, p. 111). Assim, observa que o exemplo mais claro da má relação
entre o Código Civil de 2002 e o direito processual é o título destinado às provas, eis que,
para Alexandre Câmara, o Código Civil não é o lugar apropriado para estabelecer regras
sobre provas (CÂMARA, Alexandre Freitas. Das relações entre o Código Civil e o Direito
Processual Civil. In: DIDIER JR., Fredie; MAZZEI, Rodrigo (Coords.). Reflexos do novo Código
Civil no Direito Processual. Salvador: JusPodivm, 2006, p. 117).
11
Carlos Santos de Oliveira segue o entendimento exposto no texto: “Compete, portanto,
ao direito civil determinar os requisitos para a validade da emissão volitiva, bem como se
pronunciar a respeito do valor de certo meio de prova do negócio jurídico. À lei processual fica
reservado, por exemplo, a atribuição de disciplinar o modo através do qual os advogados dos
108
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
litigantes deverão se utilizar, bem como o tempo processual oportuno, para a demonstração
da existência e da validade do negócio jurídico” (OLIVEIRA, Carlos Santos de. Da prova
dos negócios jurídicos. In: TEPEDINO, Gustavo (Coord.). A Parte Geral do Novo Código Civil.
Rio de Janeiro: Renovar, 2002, p. 430).
12
LOTUFO, Renan. Código Civil comentado. v. 1. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 561.
13
CARNEIRO, Paulo Cezar Pinheiro; PINHO, Humberto Dalla Bernardina de. Novo Código
de Processo Civil Anotado e Comparado. Rio de Janeiro: Forense, 2015, p. 213.
14
Os conceitos apresentados pela doutrina sempre destacam as ideias de instrumento e de
demonstração. Assim, para Renan Lotufo, “a prova é o meio de que o interessado usa para
demonstrar legalmente a existência fática de um negócio jurídico” (LOTUFO, Renan. Código
Civil comentado. v. 1. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 562). Silvio Rodrigues, servindo-se do
auxílio de Clovis Bevilaqua, leciona que “prova é o conjunto dos meios empregados para
demonstrar legalmente a existência de um ato jurídico” (RODRIGUES, Silvio. Direito civil.
v. 1. 34. ed. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 266).
15
Uma ressalva a tal afirmativa pode ser encontrada no art. 376 do Código de Processo Civil de
2015, que prevê a necessidade de demonstração do teor e da vigência do direito municipal,
GUILHERME CALMON NOGUEIRA DA GAMA
SISTEMA DE PROVA DO FATO JURÍDICO À LUZ DOS CÓDIGOS CIVIL E DE PROCESSO CIVIL
109
de prova, consoante o qual da mihi factum, dabo tibi jus ou jura novit
curia, representando apenas a necessidade da comprovação dos fatos
narrados para o fim de o magistrado aplicar o direito que, por óbvio,
lhe é conhecido. Há, nos casos de litígios judiciais, necessidade de se
verificar a quem cabe o ônus da prova (se do autor, do réu, do terceiro
interveniente), ou seja, o ônus de produzir a prova para o fim de permitir
o convencimento do juiz a respeito das consequências jurídicas dele
decorrentes e que são favoráveis a tal pessoa. A distribuição do ônus
da prova segue o critério do interesse relativo à afirmação do fato: cabe
ao autor a prova dos fatos constitutivos de seu direito, ao passo que
incumbe ao réu o ônus de provar os fatos modificativos, extintivos ou
impeditivos do direito do autor. O Código de Processo Civil de 2015
inova ao estabelecer a possibilidade de o juiz atribuir o ônus da prova
de modo diverso do previsto no caput do art. 373 do referido texto nos
casos previstos em lei (como no exemplo das relações de consumo – Lei
nº 8.078/90) ou diante das peculiaridades da causa quanto à impossi-
bilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo ou, ainda,
à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, desde que
haja decisão judicial fundamentada, facultando à parte a oportunidade
de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído (CPC/2015, art. 373,
§1º). É também admitido o negócio jurídico processual a respeito do
ônus da prova, ocasião em que as partes podem convencionar de forma
distinta da prevista em lei a distribuição do ônus da prova, seja no
período anterior ao processo ou no curso deste. É possível que o negócio
jurídico processual abranja a admissibilidade de provas atípicas, tal
como a realização de perícia consensual.16
A doutrina costuma apontar como características da prova no
direito brasileiro a admissibilidade, a pertinência e a concludência.
Prova admissível é aquela não proibida ou vetada no ordenamento
jurídico brasileiro, especialmente em se considerando o disposto no art.
5º, inciso LVI, da Constituição Federal – que não admite, no processo,
as provas obtidas por meios ilícitos. Prova pertinente é aquela que
efetivamente se relaciona à situação de fato enfocada, sendo idônea
a demonstrar tal fato. Finalmente, prova concludente é a que permite
a demonstração do fato jurídico, sem necessidade de qualquer outro
estadual, estrangeiro ou consuetudinário à parte que o alegar, desde que haja determinação
judicial.
16
WAMBIER, Teresa Arruda Alvim et al. Primeiros comentários ao Novo Código de Processo Civil.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, p. 649.
110
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
17
Por todos: DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. v. 1. 20. ed. São Paulo: Saraiva,
2003, p. 430.
18
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. v. I. 21. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2005, p. 591.
GUILHERME CALMON NOGUEIRA DA GAMA
SISTEMA DE PROVA DO FATO JURÍDICO À LUZ DOS CÓDIGOS CIVIL E DE PROCESSO CIVIL
111
Precisa é a observação de Fredie Didier Jr., que aponta alguns atos jurídicos em sentido
19
estrito que devem também seguir forma especial, como no exemplo do reconhecimento
voluntário de paternidade, não havendo óbice na limitação contida no art. 212 do Código
Civil de 2002 aos negócios jurídicos (DIDIER JR, Fredie; MAZZEI, Rodrigo (Coords.). Reflexos
do novo Código Civil no Direito Processual. Salvador: JusPodivm, 2006, p.36).
112
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
20
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. v. I. 21. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2005, p. 593.
21
Oportuno, no entanto, o registro de José Carlos Barbosa Moreira acerca do art. 212 do
Código Civil de 2002 e sua convivência pacífica com o art. 332 do Código de Processo Civil
de 1973 – atual art. 369 do CPC/2015 – (que acolheu a tese da não taxatividade das provas
especificamente reguladas na lei), sendo importante observar que a atipicidade não se refere
às fontes de que o juiz se serve para extrair elementos na formação de seu convencimento, e
sim ao modo pelo qual as informações ministradas pelas fontes (pessoas, coisas, fenômenos
naturais ou artificiais) chegam ao órgão do Poder Judiciário (MOREIRA, José Carlos Barbosa.
O Novo Código Civil e o Direito Processual. In: DIDIER JR., Fredie; MAZZEI, Rodrigo
(Coords.). Reflexos do novo Código Civil no Direito Processual. Salvador: JusPodivm, 2006, p.
104).
22
OLIVEIRA, Carlos Santos de. Da prova dos negócios jurídicos. In: TEPEDINO, Gustavo
(Coord.). A Parte Geral do Novo Código Civil. Rio de Janeiro: Renovar, 2002, p. 434.
GUILHERME CALMON NOGUEIRA DA GAMA
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113
5.3.1 Confissão
A confissão está prevista no inciso I do art. 212 do Código Civil,
além de ser regulada nos arts. 213 e 214 do mesmo texto legal. No Código
de Processo Civil de 2015, a confissão é tratada nos arts. 389 a 395. A
confissão é a admissão da veracidade de determinado fato, contrário
ao interesse do confitente e favorável à outra pessoa, podendo ter sido
alegado (ou não) por esta. Enquanto o Código Civil não apresenta os
contornos da confissão, o Código de Processo Civil, no art. 389, estipula
que “há confissão, judicial ou extrajudicial, quando a parte admite a
verdade de fato contrário ao seu interesse e favorável ao do adversário”.
Caio Mário considera a confissão como a mais convincente das provas,
já que representa a negação da contrariedade aos fatos relacionados aos
efeitos jurídicos em desfavor do confitente.23 A confissão é ato jurídico
em sentido estrito, ou seja, ato decorrente da vontade humana de efeitos
necessários, não sendo possível sua efetivação sob condição ou termo.24
A confissão pode ser: a) judicial, ou seja, quando se concretiza
no curso do processo judicial em tramitação; b) extrajudicial, ou seja,
quando operada fora do processo judicial, como na hipótese de confissão
por termo lavrado nos autos do procedimento administrativo.25 Lembra
a doutrina que a confissão judicial normalmente terá força de prova
plena do fato admitido, e o mesmo poderá se verificar na confissão
extrajudicial quando reduzida a escrito, sendo, neste caso, passível
23
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. v. I. 21. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2005, p. 603.
24
DIDIER JR., Fredie. Regras processuais no novo Código Civil. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2004,
p. 44.
25
José Carlos Barbosa Moreira anota, com razão, que a confissão não poderia figurar ao
lado da testemunha e do documento no art. 212 do Código Civil de 2002, porquanto, seja
judicial ou extrajudicial, ela se corporifica num depoimento pessoal, nos testemunhos ou
num documento. “A fonte da prova, a rigor, não é a confissão, e sim a parte que confessa
(quando presta seu depoimento), ou o documento em que ela admite o fato contrário ao seu
interesse e favorável ao adversário.” (MOREIRA, José Carlos Barbosa. Anotações sobre o
título “Da Prova” do Novo Código Civil. In: DIDIER JR., Fredie; MAZZEI, Rodrigo (Coords.).
Reflexos do novo Código Civil no Direito Processual. Salvador: JusPodivm, 2006, p. 214).
114
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
OLIVEIRA, Carlos Santos de. Da prova dos negócios jurídicos. In: TEPEDINO, Gustavo
26
(Coord.). A Parte Geral do Novo Código Civil. Rio de Janeiro: Renovar, 2002, p. 434.
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115
27
Caio Mário da Silva Pereira sustenta que, mesmo com outro vício de consentimento como
o dolo, será anulável a confissão, tendo a lei (art. 214) dito menos do que queria (PEREIRA,
Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. v. I. 21. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005, p.
604). Renan Lotufo assinala que, com o disposto no art. 214 do Código Civil de 2002, há
um aparente conflito entre tal norma e aquela constante do art. 352 do Código de Processo
Civil de 1973 – atual art. 393 do CPC/2015 –, que se refere à revogação da confissão em caso
de erro, dolo ou coação, mas de fato não ocorre tal conflito eis que o termo “revogação”
foi empregado de modo inadequado na legislação processual, eis que se trata de anulação
da confissão (LOTUFO, Renan. Código Civil comentado. v. 1. São Paulo: Saraiva, 2003, p.
569). No mesmo sentido: MOREIRA, José Carlos Barbosa. O Novo Código Civil e o Direito
Processual. In: DIDIER JR., Fredie; MAZZEI, Rodrigo (Coords.). Reflexos do novo Código
Civil no Direito Processual. Salvador: JusPodivm, 2006, p. 104. Fredie Didier Jr. entende que,
de maneira correta, o dolo foi excluído das hipóteses de anulabilidade da confissão, daí
porque houve revogação parcial do art. 352 do Código de Processo Civil de 1973. É válido
transcrever trecho da posição do referido autor: “De fato, o dolo somente é relevante para
o direito privado enquanto tenha sido capaz de levar outrem a erro. A circunstância de o
confitente declarar o fato por dolo de outrem somente tem relevância jurídica, para fins de
invalidação, se o dolo tiver sido apto a gerar erro. Se houve dolo, mas não houve erro, não
se pode invalidar a confissão. Eis a razão pela qual se preferiu a expressão ‘erro de fato’,
como síntese da hipótese de invalidade: o que importa é a falsa percepção da realidade; se
o erro foi espontâneo ou provocado, pouco importa” (DIDIER JR., Fredie. Regras processuais
no novo Código Civil. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2004, p. 49). Na realidade, observa-se que
as posições doutrinárias acima enunciadas coincidem a respeito das conclusões a respeito
da anulabilidade da confissão, havendo divergência apenas de fundamentação. O CPC de
2015 não incluiu o dolo nos casos de invalidação da confissão (art. 393, caput), empregando
melhor redação e com preceito harmônico com o Código Civil de 2002 (BUENO, Cassio
Scarpinella. Novo Código de Processo Civil Anotado. São Paulo: Saraiva, 2015, p. 283).
28
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. v. I. 21. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2005, p. 593.
116
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
29
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. v. I. 21. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2005, p. 594.
30
Renan Lotufo, com razão, anota que as enunciações que não se relacionem diretamente
com as disposições principais do negócio, sendo irrelevantes, meramente incidentes, ou
explicações desnecessárias, não podem receber a mesma força probante das disposições
principais, já que não se referem à parte essencial do ato negocial (LOTUFO, Renan. Código
Civil comentado. v. 1. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 577).
31
RODRIGUES, Silvio. Direito civil. v. 1. 34. ed. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 274.
GUILHERME CALMON NOGUEIRA DA GAMA
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117
32
Caio Mário da Silva Pereira critica a manutenção de tal possibilidade no Código de 2002:
“O conserto ou a conferência, realizada por outro escrivão, é praxe tabelioa que o Código
de 1916 consagrava, e que o Código de 2002 deveria ter eliminado. A autenticidade do
documento decorre da fé pública do serventuário que o subscreve. Não aumenta com a
assinatura de um colega, e não desmerece pela ausência dela” (PEREIRA, Caio Mário da
Silva. Instituições de direito civil. v. I. 21. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005, p. 594).
33
Há fundada crítica a tal expressão devido ao princípio contemporâneo da livre valoração
da prova, remontando a expressão “prova plena” ao período em que se adotava o sistema
da prova legal: “Falta manifestamente qualquer rigor científico” (MOREIRA, José Carlos
Barbosa. O Novo Código Civil e o Direito Processual. In: DIDIER JR., Fredie; MAZZEI,
Rodrigo (Coords.). Reflexos do novo Código Civil no Direito Processual. Salvador: JusPodivm,
2006, p. 105). Alexandre Freitas Câmara também critica a expressão, lembrando, nos termos
do art. 131 do Código de Processo Civil de 1973 – atual art. 371 do CPC/2015 –, que o direito
brasileiro adota o sistema da persuasão racional (CÂMARA, Alexandre Freitas. Das relações
entre o Código Civil e o Direito Processual Civil. In: DIDIER JR., Fredie; MAZZEI, Rodrigo
(Coords.). Reflexos do novo Código Civil no Direito Processual. Salvador: JusPodivm, 2006, p.
121).
34
Importante registrar a manifestação de José Carlos Moreira Alves sobre tal requisito: “Não
se trata de formalidade inútil, mas de exigência no sentido de que o tabelião ateste que
cumpriu com o dever, imposto por leis especiais, de fiscalização que elas lhe impõem, e
cuja inobservância acarreta a ilegitimidade do ato, respondendo o tabelião inclusive pelo
dano causado à parte prejudicada” (ALVES, José Carlos Moreira. A Parte Geral do Projeto de
Código Civil brasileiro. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 195).
118
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
escrever, outra pessoa capaz assinará por ele, a rogo. Caso haja alguma
parte que não saiba a língua nacional e o tabelião não compreenda o
idioma estrangeiro em que ela se expressa, deverá participar do ato o
tradutor público como intérprete ou, na impossibilidade de sua presença,
outra pessoa que tenha idoneidade e conhecimento daquela língua
alienígena suficiente para compreender a manifestação do estrangeiro
(§4º do referido art. 215). Há a obrigatoriedade da presença de duas
testemunhas para o fim de atestar a identidade de uma das partes
quando o tabelião não a conhecer, nem houver possibilidade de sua
identificação por documento de identidade idôneo.35
No que tange ao documento particular, deve o instrumento ser
assinado pelo declarante ou seu representante (legal ou voluntário),
sendo que, neste caso, deve ser declarado que firma o documento na
representação dos interesses do representado.36 Não é válida a aposição
de carimbo como firma ou assinatura, salvo nos casos expressamente
ressalvados em lei especial.37 O art. 221 do Código Civil de 2002 –
diferentemente do que acontecia com o art. 135 do Código Civil de
1916 – não exigiu a assinatura de duas testemunhas no documento
particular, em claro tratamento diferenciado no que tange ao instru-
mento público. Tal mudança se revela importante e atual, em perfeita
consonância com a maior agilidade e celeridade das relações jurídicas
modernas, sendo certo que, na prática, havia apenas a aposição de
assinatura de duas testemunhas – meramente instrumentárias –, sem
que soubessem do conteúdo do documento particular no sistema do
Código Civil de 1916. Os documentos particulares devem ser exibidos
no original, como regra, sendo que, em havendo apresentação de cópia,
o questionamento a respeito de sua autenticidade exige a exibição do
original. O documento particular, em não havendo exigência legal ou
convencional quanto à forma pública, faz prova das obrigações conven-
cionais de qualquer valor, produzindo efeitos entre as partes. Contudo,
35
Silvio Rodrigues sustenta que, com a disciplina legal do art. 215 do Código Civil de 2002,
não há mais a exigência da presença de duas testemunhas para a validade da escritura
pública, medida que vem a confirmar a maior relevância da substância do negócio do que
a sua forma, salvo na hipótese em que o tabelião não conhecer qualquer dos declarantes
(RODRIGUES, Silvio. Direito civil. v. 1. 34. ed. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 269).
36
São exemplos de documento particular a carta, o telegrama, o bilhete, o memorando ou
qualquer outro escrito que se refira a determinado fato, assinado pela pessoa contra quem
poderá ser produzida a prova (OLIVEIRA, Carlos Santos de. Da prova dos negócios jurídicos.
In: TEPEDINO, Gustavo (Coord.). A Parte Geral do Novo Código Civil. Rio de Janeiro: Renovar,
2002, p. 435).
37
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. v. I. 21. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2005, p. 595.
GUILHERME CALMON NOGUEIRA DA GAMA
SISTEMA DE PROVA DO FATO JURÍDICO À LUZ DOS CÓDIGOS CIVIL E DE PROCESSO CIVIL
119
38
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. v. I. 21. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2005, p. 596.
39
Há de ser ressalvada a regra constante do Decreto nº 2.067/96, que aprovou, no âmbito do
MERCOSUL, o Protocolo de Cooperação e Assistência Jurisdicional (Protocolo de Las Leñas),
consoante o qual os documentos produzidos em espanhol, sendo públicos, têm o mesmo
valor que os nacionais, independentemente de tradução. Corretamente, Fredie Didier Jr.
defende a flexibilização da regra do art. 224 do Código Civil de 2002 para os documentos
públicos produzidos nos países signatários do MERCOSUL (DIDIER JR., Fredie. Regras
processuais no novo Código Civil. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2004, p. 55). O CPC/2015, no art.
192, parágrafo único, admite, além da versão portuguesa do documento redigido em língua
estrangeira firmada por tradutor juramentado, poder ser a versão em português tramitada
pela via diplomática ou pela autoridade central, nos termos dos tratados e convenções
internacionais aplicáveis.
40
A respeito do “fax”, Renan Lotufo lembra que a Lei nº 9.800/99 permite a transmissão de
dados para a realização de atos processuais, de modo a salvaguardar os prazos, tendo a
parte que se utiliza de tal expediente o dever de apresentar os originais em juízo no prazo
120
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
de cinco dias, nos termos do art. 2º da referida lei (LOTUFO, Renan. Código Civil comentado.
v. 1. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 581).
41
OLIVEIRA, Carlos Santos de. Da prova dos negócios jurídicos. In: TEPEDINO, Gustavo
(Coord.). A Parte Geral do Novo Código Civil. Rio de Janeiro: Renovar, 2002, p. 449.
42
CARNEIRO, Paulo Cezar Pinheiro; PINHO, Humberto Dalla Bernardina de. Novo Código
de Processo Civil Anotado e Comparado. Rio de Janeiro: Forense, 2015, p. 237.
43
Correta é a crítica de Fredie Didier Jr. à expressão “prova plena” empregada no art. 225 do
Código Civil de 2002, já que representa resquício do sistema da prova legal (DIDIER JR.,
Fredie. Regras processuais no novo Código Civil. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2004, p. 39).
44
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. v. I. 21. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2005, p. 609.
GUILHERME CALMON NOGUEIRA DA GAMA
SISTEMA DE PROVA DO FATO JURÍDICO À LUZ DOS CÓDIGOS CIVIL E DE PROCESSO CIVIL
121
45
WAMBIER, Teresa Arruda Alvim et al. Primeiros comentários ao Novo Código de Processo Civil.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, p. 719.
46
GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Novo Código de Processo Civil: principais modificações.
Rio de Janeiro: Forense, 2015, p. 182.
47
Renan Lotufo ressalta que o tratamento da matéria referente à escrituração dos dados e
informações pelos empresários e sociedades empresárias, e seu valor probante se relacionam
à diretriz da unificação do Direito das Obrigações no bojo do Código Civil de 2002 (LOTUFO,
Renan. Código Civil comentado. v. 1. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 585).
122
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
48
GAMA, Guilherme Calmon Nogueira da. Capacidade para testar, para testemunhar e para
adquirir por testamento. In: HIRONAKA, Giselda Maria Fernandes Novaes; PEREIRA,
Rodrigo da Cunha (Coords.). Direito das Sucessões e o novo Código Civil. Belo Horizonte: Del
Rey, 2005, p. 224.
GUILHERME CALMON NOGUEIRA DA GAMA
SISTEMA DE PROVA DO FATO JURÍDICO À LUZ DOS CÓDIGOS CIVIL E DE PROCESSO CIVIL
123
49
Há outra hipótese de prova exclusivamente testemunhal que tem previsão no art. 445 do
Código de Processo Civil de 2015 – “quando o credor não pode ou não podia, moral ou
materialmente, obter a prova escrita da obrigação, em casos como de parentesco, de depósito
necessário ou de hospedagem em hotel ou em razão de práticas comerciais do local onde
contraída a obrigação” (DIDIER JR., Fredie. Regras processuais no novo Código Civil. 2. ed.
São Paulo: Saraiva, 2004, p. 59).
124
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
50
OLIVEIRA, Arthur Vasco Itabaiana de. Tratado de direito das sucessões. 5. ed. rev. e atual. Rio
de Janeiro: Freitas Bastos, 1987, p. 202.
51
Renan Lotufo tece interessante comentário a respeito do inciso IV, parte inicial, do art. 228,
do Código Civil de 2002 (proibição de testemunhar ao interessado no litígio), considerando-o
incompatível com a regra prevista no art. 405, §3º, inciso IV, do Código de Processo Civil de
1973, que o considerava suspeito de testemunhar. Nas suas palavras, “há que se entender
que a limitação pela lei civil é revocatória da disposição do CPC” (LOTUFO, Renan. Código
Civil comentado. v. 1. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 589) e, desse modo, não há necessidade de
haver contradita pela parte contrária na audiência, eis que o juiz, de ofício, não permitirá
a oitiva de tal pessoa. O CPC de 2015 considera, igualmente, suspeito para testemunhar
aquele que tiver interesse no litígio (art. 447, §3º, II).
GUILHERME CALMON NOGUEIRA DA GAMA
SISTEMA DE PROVA DO FATO JURÍDICO À LUZ DOS CÓDIGOS CIVIL E DE PROCESSO CIVIL
125
52
Fredie Didier Jr. registra que o art. 228 do Código Civil de 2002 não repetiu a previsão do
condenado por crime de falso testemunho e de pessoa que, por seus costumes, não for digno
de fé como suspeitos de testemunhar, diversamente do que consta do art. 405, §3º, incisos
I e II, do Código de Processo Civil, o que mereceu elogios do autor (DIDIER JR., Fredie.
Regras processuais no novo Código Civil. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2004, p. 65-67).
126
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
53
Carlos Santos de Oliveira anota, com propriedade, que os incisos II e III do art. 229 do
Código de 2002 objetivam dar proteção à pessoa humana, em consonância com a orientação
constitucional de preservação da dignidade da pessoa chamada a testemunhar como valor
maior (OLIVEIRA, Carlos Santos de. Da prova dos negócios jurídicos. In: TEPEDINO,
Gustavo (Coord.). A Parte Geral do Novo Código Civil. Rio de Janeiro: Renovar, 2002, p. 439).
No mesmo sentido, revela-se a doutrina de Renan Lotufo (LOTUFO, Renan. Código Civil
comentado. v. 1. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 590).
54
Caio Mário da Silva Pereira assim justifica tal exceção à obrigação de testemunhar: “Não é
razoável que, chamado como testemunha, o indivíduo incrimine-os, ou os exponha à execração no
ambiente social em que vivem” (PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. v. I.
21. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005, p. 601).
GUILHERME CALMON NOGUEIRA DA GAMA
SISTEMA DE PROVA DO FATO JURÍDICO À LUZ DOS CÓDIGOS CIVIL E DE PROCESSO CIVIL
127
55
Carlos Santos de Oliveira observa que a vistoria é modalidade de perícia não técnica, com
o objetivo precípuo de descrever e relatar objetos e locais (OLIVEIRA, Carlos Santos de. Da
prova dos negócios jurídicos. In: TEPEDINO, Gustavo (Coord.). A Parte Geral do Novo Código
Civil. Rio de Janeiro: Renovar, 2002, p. 443). Silvio de Salvo Venosa exemplifica tal hipótese
com a vistoria ad perpetuam rei memoriam, no campo da produção antecipada de provas, de
modo a fixar fatos que podem, muito provavelmente, se modificar ou desaparecer com o
tempo (RODRIGUES, Silvio. Direito civil. v. 1. 34. ed. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 567).
56
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. v. I. 21. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2005, p. 607.
57
A análise da questão foi feita de maneira mais detalhada no trabalho intitulado A Nova
Filiação: o Biodireito e as Relações Parentais (GAMA, Guilherme Calmon Nogueira da. Rio de
Janeiro: Renovar, 2003, p. 901-917).
128
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
58
O julgamento referido foi bastante comentado pela doutrina, valendo lembrar, entre
outros, os seguintes trabalhos: MORAES, Maria Celina Bodin de. Recusa à realização do
exame do DNA na investigação de paternidade e direitos da personalidade. In: BARRETO,
Vicente (Org.). A Nova Família: Problemas e Perspectivas. Rio de Janeiro: Renovar, 1997, p.
169-194; MORAES, Maria Celina Bodin de. O direito personalíssimo à filiação e a recusa
ao exame de DNA: uma hipótese de colisão de direitos fundamentais. In: LEITE, Eduardo
de Oliveira (Coord.). Grandes Temas da Atualidade: DNA. Rio de Janeiro: Forense, 2000, p.
217-233; LÔBO, Paulo Luiz Netto. O Exame de DNA e o Princípio da Dignidade da Pessoa
Humana. Revista Brasileira de Direito de Família, v. 1, n. 1. Porto Alegre: Síntese, abr./jun. 1999,
p. 67-73; MARQUES, Claudia Lima. Visões sobre o Teste de Paternidade através do Exame
do DNA em Direito Brasileiro – Direito Pós-Moderno à Descoberta da Origem? In: LEITE,
Eduardo de Oliveira (Coord.). Grandes Temas da Atualidade: DNA. Rio de Janeiro: Forense,
2000, p. 27-60.
59
A íntegra do v. acórdão foi publicada na edição do seguinte trabalho: COUTO, Sérgio
(Coord.). Nova Realidade do Direito de Família. t. 1. Rio de Janeiro: COAD-SC Editoria Jurídica,
1998, p. 110-117.
60
Sugerindo que seja considerado o princípio da proporcionalidade dos valores, José Renato
Silva Martins e Margareth Vetis Zaganelli comentam que o valor maior a ser tutelado é
o da personalidade e/ou identidade, devendo o intérprete procurar conciliar as normas
constitucionais num sistema buscando a máxima efetividade (MARTINS, José Renato Silva;
ZAGANELLI, Margareth Vetis. Recusa à realização do Exame de DNA na investigação de
paternidade: direito à intimidade ou direito à identidade? In: LEITE, Eduardo de Oliveira
(Coord.). Grandes Temas da Atualidade: DNA. Rio de Janeiro: Forense, 2000, p. 160).
61
Trecho do voto do Ministro-Relator Francisco Resek, publicado em: COUTO, Sérgio (Coord.)
Nova Realidade do Direito de Família. t. 1. Rio de Janeiro: COAD-SC Editoria Jurídica, 1998, p.
113.
GUILHERME CALMON NOGUEIRA DA GAMA
SISTEMA DE PROVA DO FATO JURÍDICO À LUZ DOS CÓDIGOS CIVIL E DE PROCESSO CIVIL
129
dos interesses e bens jurídicos para o fim de verificar qual dos vários
direitos ou interesses em conflito deve prevalecer. Neste mesmo julga-
mento, o Ministro Carlos Velloso, ao proferir seu voto, expressamente se
referiu ao maior interesse moral que deve ser reconhecido na civilização
humana – “o do filho conhecer ou saber quem é o seu pai biológico” –
e, em seguida, reconheceu que deve ser considerada no contexto do
direito à dignidade a realização do exame de DNA para que a criança
possa conhecer, com certeza, se a pessoa que se recusa a se submeter
à perícia é ou não o seu genitor biológico.62
Tal direito à identidade se especializa no direito à historicidade
pessoal, buscando compreender, por exemplo, suas diferenças físicas
ou psíquicas em relação aos seus pais (jurídicos). A matéria que foi
apreciada no julgamento referido dizia respeito à paternidade que era
investigada, sendo que o réu se recusou a se submeter ao exame de
DNA sob o argumento de que o direito à liberdade não permite que
ele pudesse ser constrangido a fazer algo que ele não tinha vontade
(diante da reserva absoluta de lei para criar deveres e obrigações),
além do direito à integridade física. Como bem observou Maria Celina
Bodin de Moraes, não se pode reconhecer a tutela integral da criança,
em particular de sua dignidade, sem o conhecimento da identidade –
verdadeira , e não presumida – dos seus pais: “Núcleo fundamental da
origem de direitos a se agregarem no patrimônio do filho, sejam eles
direitos da personalidade ou direitos de natureza patrimonial, a pater-
nidade e a maternidade representam as únicas respostas possíveis ao
questionamento humano acerca de quem somos e de onde viemos”.63 O
conhecimento da verdade a respeito da sua própria origem biológica64 –
e, consequentemente, da sua história – é direito fundamental que
integra o conjunto dos direitos da personalidade. Deve-se reconhecer
abusivo, no caso concreto, o ato praticado pelo investigado no sentido
de se recusar a se submeter ao exame pericial. Na linha do pensamento
doutrinário que deve ser aplicado a respeito, é necessário reconhecer
62
Trecho do voto do Ministro Carlos Velloso, publicado em: COUTO, Sérgio (Coord.) Nova
Realidade do Direito de Família. t. 1. Rio de Janeiro: COAD-SC Editoria Jurídica, 1998, p. 115.
63
MORAES, Maria Celina Bodin de. O direito personalíssimo à filiação e a recusa ao exame
de DNA: uma hipótese de colisão de direitos fundamentais. In: LEITE, Eduardo de Oliveira
(Coord.). Grandes Temas da Atualidade: DNA. Rio de Janeiro: Forense, 2000, p. 226-227.
64
Nas palavras de Claudia Lima Marques, “a bagagem genética é hoje parte da identidade
de uma pessoa” (MARQUES, Claudia Lima. Visões sobre o Teste de Paternidade através
do Exame do DNA em Direito Brasileiro – Direito Pós-Moderno à Descoberta da Origem?
In: LEITE, Eduardo de Oliveira (Coord.). Grandes Temas da Atualidade: DNA. Rio de Janeiro:
Forense, 2000, p. 45).
130
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
65
MORAES, Maria Celina Bodin de. O direito personalíssimo à filiação e a recusa ao exame
de DNA: uma hipótese de colisão de direitos fundamentais. In: LEITE, Eduardo de Oliveira
(Coord.). Grandes Temas da Atualidade: DNA. Rio de Janeiro: Forense, 2000, p. 231-232.
66
De acordo com a posição de Gisele Santos Fernandes Góes, o art. 232 do Código Civil de
2002 cuida de uma presunção simples (judicial ou hominis), havendo avaliação casuística
da sua incidência, daí ser equivocada a orientação contida na Súmula nº 301 do Superior
Tribunal de Justiça – in verbis: “Em ação investigatória, a recusa do suposto pai a submeter-
se ao exame de DNA induz presunção juris tantum de paternidade” –, já que a redação do
enunciado jurisprudencial induz à conclusão de que se trataria de presunção legal ou relativa
(GÓES, Gisele Santos Fernandes. O art. 232 do CC e a Súmula 301 do STJ – presunção legal
ou judicial ou ficção legal? In: DIDIER JR., Fredie; MAZZEI, Rodrigo (Coords.). Reflexos do
novo Código Civil no Direito Processual. Salvador: JusPodivm, 2006, p. 236).
GUILHERME CALMON NOGUEIRA DA GAMA
SISTEMA DE PROVA DO FATO JURÍDICO À LUZ DOS CÓDIGOS CIVIL E DE PROCESSO CIVIL
131
5.4 Presunção
O Código Civil de 2002, no inciso IV do art. 212, elenca, entre
os meios de prova, a presunção, repetindo a mesma regra contida
no inciso V do art. 136 do Código Civil de 1916.68 Como já advertia a
doutrina no período de vigência do Código Civil de 1916, a presunção
não é prova, e sim um processo lógico através do qual se revela possível
a descoberta do fato ocorrido. Nas palavras de Caio Mário da Silva
Pereira, “presunção é a ilação que se tira de um fato certo, para prova
de um fato desconhecido”.69 No fundamento da presunção se localiza
um fato, provado e certo, ou seja, na comprovação de um “fato base”.
Observa-se que três elementos são essenciais para haver verdadeira
presunção: a) um fato provado (chamado, por alguns, fato conhecido);
b) um fato não provado (também chamado de fato desconhecido); c)
uma relação entre eles, admitida pelo juiz ou reconhecida na lei, em
função da qual da ocorrência do primeiro se possa também inferir a
do segundo.70
A doutrina costuma classificar a presunção em: a) presunção
comum (praesumptio hominis), ou seja, aquela que se funda no que ordina-
riamente acontece (advém de circunstâncias da vida), e não decorre
da lei; b) presunção legal, isto é, aquela que decorre da lei de modo a
67
MOREIRA, José Carlos Barbosa. Anotações sobre o título “Da Prova” do Novo Código
Civil. In: DIDIER JR., Fredie; MAZZEI, Rodrigo (Coords.). Reflexos do novo Código Civil no
Direito Processual. Salvador: JusPodivm, 2006, p. 215. O autor critica o Código Civil de 2002
por não ter incluído a inspeção judicial no art. 212.
68
Nas lições de Fredie Didier Jr., o art. 212, IV, do Código Civil de 2002 se refere à prova
indiciária, já que é a partir do indício que se elabora a presunção judicial (DIDIER JR.,
Fredie. Regras processuais no novo Código Civil. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2004, p. 38).
69
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. v. I. 21. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2005, p. 605.
70
MOREIRA, Carlos Roberto Barbosa. União estável e posterior casamento, celebrado em
1999. Regime de bens. A “presunção” da Lei n. 9.278, de 1996. Revista Forense, v. 379, p. 187.
O mesmo autor apresenta o seguinte esquema da estrutura fundamental das presunções:
“fato provado + presunção (tomado o termo como atividade intelectiva) → fato presumido”
(idem, ibidem).
132
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
71
Há fundada e procedente crítica de Fredie Didier Jr., que considera a regra do art. 230 do
Código Civil de 2002 como um parâmetro, mas não deve ser considerado absoluto, nem
inexorável (DIDIER JR., Fredie. Regras processuais no novo Código Civil. 2. ed. São Paulo:
Saraiva, 2004, p. 73).
72
RODRIGUES, Silvio. Direito civil. v. 1. 34. ed. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 279.
73
MOREIRA, Carlos Roberto Barbosa. União estável e posterior casamento, celebrado em
1999. Regime de bens. A “presunção” da Lei n. 9.278, de 1996. Revista Forense, v. 379, p. 188.
GUILHERME CALMON NOGUEIRA DA GAMA
SISTEMA DE PROVA DO FATO JURÍDICO À LUZ DOS CÓDIGOS CIVIL E DE PROCESSO CIVIL
133
74
MOREIRA, José Carlos Barbosa. Anotações sobre o título “Da Prova” do Novo Código Civil.
In: DIDIER JR., Fredie; MAZZEI, Rodrigo (Coords.). Reflexos do novo Código Civil no Direito
Processual. Salvador: JusPodivm, 2006, p. 210: “(...) quando a lei consagra uma presunção
absoluta (...) o que na verdade faz é tornar irrelevante, para a produção de determinado
efeito jurídico, a presença deste ou daquele elemento ou requisito no esquema fático”.
75
MOREIRA, Carlos Roberto Barbosa. União estável e posterior casamento, celebrado em
1999. Regime de bens. A “presunção” da Lei nº 9.278, de 1996. Revista Forense, v. 379, p. 190.
76
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. v. 1. 20. ed. São Paulo: Saraiva, 2003, p.
437.
134
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
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Processo Civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
1
GOMES, Orlando. Introdução ao Direito Civil. Rio de Janeiro: Forense, 1987, p. 415.
138
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
2
ROSENVALD, Nelson. As Funções da Responsabilidade Civil: a reparação e a pena civil. 3. ed.
São Paulo: Saraiva, 2017, p. 109.
3
Expressiva a ponderação de Orizombo Nonato: “Contudo é possível, diante deles, afirmar,
como o egrégio Clóvis, que a ideia de dano ressarcível é, em nosso direito, mais ampla do
que a de ato ilícito” (Apud SILVA, Wilson Melo da. Responsabilidade sem culpa. São Paulo:
Saraiva, 1974, p. 69).
140
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
4
BEVILÁQUA, Clóvis. O Código Civil comentado. Rio de Janeiro: Ed. Rio, 1976.
5
Trata-se, por certo, da mais conhecida cláusula geral do direito privado brasileiro, a cláusula
geral da responsabilidade civil subjetiva (CC/1916, art. 159; CC/2002, art. 186).
6
O art. 187 está informado pela ideia de relatividade dos direitos. Isto é, os direitos flexibilizam-
se mutuamente; não há direito isolado, mas dentro do corpo social, onde outros direitos
convivem. Pontes de Miranda observou que “repugna à consciência moderna a ilimitabilidade
no exercício do direito; já não nos servem mais as fórmulas absolutas do direito romano”
(PONTES DE MIRANDA. Tratado de Direito Privado. t. LIII. Rio de Janeiro: Borsoi, 1966,
p. 62).
142
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
7
Mesmo entre os maiores juristas, como, por exemplo: GOMES, Orlando. Introdução ao Direito
Civil. Rio de Janeiro: Forense, 1987, p. 417.
8
Pontes de Miranda, escrevendo em meados do século passado, já consignava: “Há mais atos
ilícitos ou contrários a direito que os atos ilícitos de que provém obrigação de indenizar”
(Tratado de Direito Privado. t. II. Rio de Janeiro: Borsoi, 1954, p. 201). Aliás, ainda antes, em
1928, no seu livro Fontes e Evolução do Direito Civil brasileiro, Pontes já intuía que os ilícitos
não se esgotavam no dever de indenizar. Assim, ao esboçar a classificação dos fatos jurídicos
adotada pelo Código Civil, bipartia os ilícitos em delitos e outros ilícitos, que não fossem
delitos (Fontes e Evolução do Direito Civil Brasileiro. Rio de Janeiro: Pimenta de Mello, 1928,
p. 176).
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETTO, KARINE CYSNE FROTA ADJAFRE
TUTELA CONTRA O ILÍCITO: EM BUSCA DE CONTORNOS CONCEITUAIS
143
9
PONTES DE MIRANDA. Tratado de Direito Privado. t. LIII. Rio de Janeiro: Borsoi, 1966,
p. 197.
10
Pedimos licença para remeter à obra onde o tema é fartamente desenvolvido (FARIAS,
Cristiano Chaves de; BRAGA NETTO, Felipe Peixoto; ROSENVALD, Nelson. Novo Tratado
de Responsabilidade Civil. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2017).
11
BRAGA NETTO, Felipe Peixoto. Teoria dos Ilícitos Civis. Belo Horizonte: Del Rey, 2003,
p. 89.
144
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
12
No direito brasileiro, Pontes de Miranda percebeu, precursoramente, que ilícitos civis podem
ensejar a caducidade. (Tratado de Direito Privado. Rio de Janeiro: Borsoi, 1954, t. II, p. 216).
13
Partido da premissa, forte em Pontes de Miranda, de que a relação jurídica está no plano
da eficácia, integrada, no seu esquema integral, por direitos e deveres, pretensões e obrigações,
ações e situação de acionado (ação de direito material) e exceção e situação de exceptuado.
14
Escrevemos em outra ocasião: “Moral e bons costumes é uma expressão cujo conteúdo remete a
uma moral oficial, linear e preconceituosa. Andaria melhor o Código Civil se não a trouxesse.
A jurisprudência, no entanto, saberá interpretar o termo em consonância com a Constituição,
traduzindo os padrões comportamentais plurais da sociedade contemporânea”. Há outras
menções no Código Civil aos bons costumes, como, por exemplo, no art. 187.
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETTO, KARINE CYSNE FROTA ADJAFRE
TUTELA CONTRA O ILÍCITO: EM BUSCA DE CONTORNOS CONCEITUAIS
145
15
Importa sempre frisar que caducidade é eficácia (Cf. PONTES DE MIRANDA. Tratado de
Direito Privado. t. II. Rio de Janeiro: Borsoi, 1954, p. 205).
146
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
16
Cf. DIDIER, Fredie. Curso de Processo Civil. v. I. Salvador: JusPodivm, 2009, p. 252.
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETTO, KARINE CYSNE FROTA ADJAFRE
TUTELA CONTRA O ILÍCITO: EM BUSCA DE CONTORNOS CONCEITUAIS
147
17
PONTES DE MIRANDA. Tratado de Direito Privado. t. LIII. Rio de Janeiro: Borsoi, 1966, p.
104.
148
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
18
GOMES, Orlando. Introdução ao Direito Civil. Rio de Janeiro: Forense, 1995, p. 131.
19
BOBBIO, Norberto. Dalla strutura alla funzione. Milano: Edizioni di Comunitá, 1977.
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETTO, KARINE CYSNE FROTA ADJAFRE
TUTELA CONTRA O ILÍCITO: EM BUSCA DE CONTORNOS CONCEITUAIS
149
20
WIEACKER, Franz. História do Direito Privado moderno. Trad. A. M. Botelho Hespanha.
Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1967, p. 624.
21
Judith Martins-Costa anota que a boa-fé objetiva implica “em cabal limitação do exercício de
direitos abusivos que contrariam o valor maior da solidariedade da vida social” (MARTINS-
COSTA, Judith. A incidência do princípio da boa-fé no período pré-negocial: reflexões em
torno de uma notícia jornalística. Revista do Consumidor, São Paulo: RT, São Paulo, 1992, p.
155).
150
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
O art. 187 tem suporte fático distinto do art. 186. “Se assim não fosse – isto é, se para a
22
23
Aliás, nosso tão citado art. 187 do Código Civil – claramente inspirado no art. 334 do Código
Civil português – tem conteúdo normativo assim disposto: “Art. 187. Também comete ato
ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos
pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes”. Cremos que a referida
norma não inovou substancialmente o sistema jurídico brasileiro. O exercício abusivo de um
direito já não era tolerado, mesmo antes do Código de 2002. O dispositivo tem, contudo, o
inegável mérito de destacar que os ilícitos civis não se esgotam na fórmula tradicional que
reúne a culpa, o dano e o dever de indenizar.
24
MARINONI, Luiz Guilherme. Tutela inibitória: individual e coletiva. 4. ed. São Paulo: Editora
Revista dos Tribunais, 2006, p. 32.
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETTO, KARINE CYSNE FROTA ADJAFRE
TUTELA CONTRA O ILÍCITO: EM BUSCA DE CONTORNOS CONCEITUAIS
153
25
Ressalve-se o ajuizamento de ação objetivando uma sentença meramente declaratória.
26
DIDIER JR., Fredie; CUNHA, Leonardo Carneiro da; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA,
Rafael. Curso de direito processual civil: execução. 3. ed. Salvador: Editora JusPodivm, 2011,
p. 407.
27
ARMELIN Donaldo. Tutela jurisdicional diferenciada. Revista de processo, São Paulo: RT, n.
65, p. 105.
28
DIDIER JR., Fredie; CUNHA, Leonardo Carneiro da; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA,
Rafael. Curso de direito processual civil: execução. 3. ed. Salvador: Editora JusPodivm, 2011,
p. 409.
154
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
29
DIDIER JR., Fredie; CUNHA, Leonardo Carneiro da; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA,
Rafael. Curso de direito processual civil: execução. 3. ed. Salvador: Editora JusPodivm, 2011,
p. 411.
30
THEODORO JR., Humberto. Curso de Direito Processual Civil: teoria geral do direito processual
civil, processo de conhecimento e procedimento comum. v. III. 47. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2016, p. 258.
156
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
em relação aos outros tipos de prestações (fazer e não fazer; dar coisa
diversa de dinheiro), claramente denota-se que o sujeito da relação
jurídica inicialmente objetivava uma prestação específica, diversa do
recolhimento monetário. Ora, pensando na maior efetividade dos
direitos, um sistema processual ideal é aquele que se preocupe em
tutelar, exatamente, a satisfação do direito material do autor em vez de,
como resposta automática a qualquer resistência à referida pretensão,
converter a prestação em perdas e danos.
Diante disso, é importante destacar uma alteração ocorrida
ainda na vigência do CPC de 1973: a reforma processual de 1994 (Lei nº
8.952/94) conferiu nova redação ao art. 461, dispondo, em seu parágrafo
único, que “a obrigação somente se converterá em perdas e danos se o
autor o requerer ou se impossível a tutela específica ou a obtenção do
resultado prático correspondente”. No caput do dispositivo, foi imposta
ao juiz a concessão da tutela específica, de modo que a sentença que
desse provimento à prestação de fazer ou não fazer deveria condenar
o devedor a realizar, in natura, a prestação devida. Para tanto, a Lei nº
8.952/94 conferiu ao juiz a possibilidade de adotar providências que
assegurassem o resultado prático equivalente ao do adimplemento.
Tem-se aqui a positivação da preferência pela tutela específica em
detrimento da tutela genérica. O legislador pátrio acabou por romper
com o dogma liberal dos séculos anteriores, quando então imperava
certa confusão entre a tutela contra o ilícito e a tutela ressarcitória, de
modo que converter a prestação em seu equivalente em pecúnia confi-
gurava prática jurídica comum.31
Portanto, sob a égide do CPC anterior, foi consagrado o que se
pode denominar de “tutela diferenciada”, entendida como a prestação
jurisdicional específica e adequada para cada espécie de violação de
direitos. Vislumbra-se, destarte, um relevante passo na individuali-
zação da noção de ato ilícito. Afinal, como já tratado neste estudo, nem
sempre um comportamento contrário ao direito ensejará pagamento
de perdas e danos. Na verdade, em alguns casos, a ocorrência de
ato ilícito prescindirá de dano, o que certamente, por si só, já afasta
eventual conversão da resposta em equivalente pecuniário por “perdas
e danos”. Fez muito bem o atual CPC em manter a primazia da tutela
específica, determinando, em seu artigo 499, que a obrigação somente
MARINONI, Luiz Guilherme. Tutela contra o ilícito: inibitória e de remoção. São Paulo:
31
MARINONI, Luiz Guilherme. Tutela contra o ilícito: inibitória e de remoção. São Paulo:
32
33
ROSENVALD, Nelson. As funções da responsabilidade civil: a reparação e a pena civil. 2. ed.
São Paulo: Atlas, 2014, p. 79.
34
SCHREIBER, Anderson. Novos paradigmas da responsabilidade civil: da erosão dos filtros da
reparação à diluição dos danos. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2015, p. 228.
35
MARINONI, Luiz Guilherme. Tutela inibitória: individual e coletiva. 4. ed. São Paulo: Editora
Revista dos Tribunais, 2006, p. 38.
36
DIDIER JR., Fredie; CUNHA, Leonardo Carneiro da; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA,
Rafael. Curso de direito processual civil: execução. 3. ed. Salvador: Editora JusPodivm, 2011,
p. 411.
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETTO, KARINE CYSNE FROTA ADJAFRE
TUTELA CONTRA O ILÍCITO: EM BUSCA DE CONTORNOS CONCEITUAIS
159
37
NUNES, Leonardo Silva. Tutela inibitória coletiva. Belo Horizonte: Editora D’Plácido, 2013,
p. 74.
38
MARINONI, Luiz Guilherme. Tutela inibitória: individual e coletiva. 4. ed. São Paulo: Editora
Revista dos Tribunais, 2006, p. 86.
39
MARINONI, Luiz Guilherme. Tutela inibitória: individual e coletiva. 4. ed. São Paulo: Editora
Revista dos Tribunais, 2006, p. 88.
40
NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil – volume único. 8. ed.
Salvador: Ed. JusPodivm, 2016, p. 91.
160
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
MARINONI, Luiz Guilherme. Tutela contra o ilícito: art. 497, parágrafo único, CPC/2015.
41
seu uso resulte um dano, será cabível uma ação que pleiteie a tutela
ressarcitória dos prejuízos gerados.
Nada impede que as três tutelas sejam cumuladas em uma única
ação. No caso ilustrado, seria perfeitamente possível demandar que a
empresa: a) não coloque à venda o produto em questão; b) remova das
prateleiras os bens já colocados à venda; c) repare os prejuízos causados
pelo consumo do produto. Raciocínio idêntico pode ser transplantado
para o direito ambiental, no qual comumente se postula, para além da
reparação dos prejuízos ambientais ocasionados, que o poluidor não
pratique o ato lesivo ao meio ambiente e, se possível, reverta todos
aqueles já colocados em prática.
É evidente a natureza preventiva da tutela inibitória, utilizada
para evitar ou obstar a prática do ato contrário ao direito. Ressalte-se
que o fato de o ilícito já ter sido uma vez praticado não retira o caráter
preventivo dessa tutela.42 Consoante redação do parágrafo único do art.
497 do CPC/15, ela visa inibir a prática, a reiteração ou a continuação de
um ilícito. O próprio texto legal nos indica que ela ainda é útil diante
da reiteração ou continuação da perpetração. Pois bem, quanto ao ato
em si praticado, provavelmente haverá demanda de uma tutela de
remoção ou de ressarcimento de danos, mas, se ainda subsiste a ameaça
de reiteração ou continuidade da prática ilícita, subsiste também o
interesse nesse tipo de tutela.
Igualmente, não restam dúvidas acerca da natureza repressiva
da tutela ressarcitória, visto incidir contra o dano já consumado (seja
ele oriundo ou não da prática de um ilícito) a fim de promover sua
reparação. Note-se que a reparação de um prejuízo não necessariamente
está vinculada à forma pecuniária (embora seja a mais comum). Assim,
a tutela ressarcitória pode se manifestar tanto na forma genérica quanto
na específica.43 No primeiro caso, fatalmente ocorrerá a entrega de soma
em dinheiro para ressarcir o prejuízo patrimonial ocasionado (ou para
compensar um dano moral). Já no segundo, é possível pensarmos numa
tutela que permita restabelecer a situação que vigia antes da prática da
lesão (ou, pelo menos, propiciar o estado mais próximo possível). Como
exemplo, há o ato do desagravo público, previsto no art. 7º, XVIII, da
Lei 8.906/94, por meio do qual será promovido um pedido público de
42
NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil – volume único. 8. ed.
Salvador: Ed. JusPodivm, 2016, p. 90.
43
DIDIER JR., Fredie; CUNHA, Leonardo Carneiro da; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA,
Rafael. Curso de direito processual civil: execução. 3. ed. Salvador: Editora JusPodivm, 2011,
p. 418.
162
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
MARINONI, Luiz Guilherme. Tutela contra o ilícito: inibitória e de remoção. São Paulo:
44
45
MARINONI, Luiz Guilherme. Tutela contra o ilícito: inibitória e de remoção. São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 218.
46
MARINONI, Luiz Guilherme. Tutela contra o ilícito: inibitória e de remoção. São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 25.
164
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
47
Inclusive, encontramos em respeitável doutrina (pós-edição da Lei nº 13.105/15) a seguinte
passagem: “Cabe observar que, para a concessão da tutela específica que se destine a inibir
a prática, a reiteração ou a continuação de um ilícito, ou a sua remoção, é irrelevante a
demonstração da ocorrência de dano ou da existência de culpa ou dolo (art. 497, parágrafo
único). A tutela, na espécie, é preventiva, tem por objetivo evitar o dano ou sua continuação, e
não repará-lo” (THEODORO JR., Humberto. Curso de Direito Processual Civil: Teoria geral do
direito processual civil, processo de conhecimento e procedimento comum. v. III. 47. ed. Rio
de Janeiro: Forense, 2016, p. 261-262). Ao final de sua exposição, o renomado processualista
insiste em associar as tutelas inibitória e de remoção ao propósito de evitar a ocorrência
de dano, embora concorde que elas independem da alegação de já ter sido concretizada a
lesão.
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETTO, KARINE CYSNE FROTA ADJAFRE
TUTELA CONTRA O ILÍCITO: EM BUSCA DE CONTORNOS CONCEITUAIS
165
48
MARINONI, Luiz Guilherme. Tutela contra o ilícito: inibitória e de remoção. São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 125.
49
Assim, “a probabilidade de dano é um juízo contido na norma, o que significa que a remoção
imediata de um ilícito é tutela da norma, e, por consequência, tutela contra a probabilidade
de dano suposta da norma” (MARINONI, Luiz Guilherme. Tutela contra o ilícito: inibitória
e de remoção. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 126).
166
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
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MARTINS-COSTA, Judith. A incidência do princípio da boa-fé no período pré-negocial:
reflexões em torno de uma notícia jornalística. Revista do Consumidor, São Paulo: RT, São
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PONTES DE MIRANDA. Fontes e Evolução do Direito Civil Brasileiro. Rio de Janeiro:
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ROSENVALD, Nelson. As funções da responsabilidade civil: a reparação e a pena civil. São
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THEODORO JR., Humberto. Curso de Direito Processual Civil: teoria geral do direito
processual civil, processo de conhecimento e procedimento comum. v. III. 47. ed. Rio
de Janeiro: Forense, 2016.
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETTO, KARINE CYSNE FROTA ADJAFRE
TUTELA CONTRA O ILÍCITO: EM BUSCA DE CONTORNOS CONCEITUAIS
167
BRAGA NETTO, Felipe Peixoto; ADJAFRE, Karine Cysne Frota. Tutela contra o
ilícito: em busca de contornos conceituais. In: BRAGA NETTO, Felipe Peixoto;
SILVA, Michael César; THIBAU, Vinícius Lott (Coord.). O Direito Privado e o novo
Código de Processo Civil: repercussões, diálogos e tendências. Belo Horizonte:
Fórum, 2018. p. 137-167. ISBN 978-85-450-0456-1.
CAPÍTULO 7
TUTELA PROVISÓRIA E A
LIMINAR POSSESSÓRIA
7.1 Introdução
Em tempos de intensa movimentação de pessoas, coisas, bens e
ideias, das mais diversificadas e sofisticadas formas de comunicação,
vivenciamos experiências em tempo real. A vida parece on demand. As
fronteiras geográficas foram superadas. A previsibilidade e a segurança
parecem desafios crescentes.
Em razão disso, vivenciamos a necessidade contínua de novos
mecanismos de regulação de complexos fenômenos até então não
imaginados. Nada mais provisório que o definitivo, nada mais obsoleto
que o presente. O ultrapassado de hoje foi o novo de ontem. O porvir
se insere nos riscos da existência.
Nessa perspectiva, como pensar e aplicar o direito?
O tempo influencia as relações jurídicas, e o próprio direito tem
o poder de condicionar os efeitos do tempo nas relações da vida. Como
não pensar em prescrição e decadência, suppressio e surrectio?
Como acentua François Ost, a dialética entre tempo e direito é
profunda: “O direito afeta diretamente a temporalização do tempo, ao
passo que, em troca, o tempo determina a força instituinte do direito.
Ainda mais precisamente: o direito temporaliza, ao passo que o tempo
institui”.1
OST, François. O tempo do direito. [Le temps du droit]. Trad. Élcio Fernandes. Bauru:
1
2
OST, François. O tempo do direito. [Le temps du droit]. Trad. Élcio Fernandes. Bauru:
Universidade do Sagrado Coração, 2005, p. 17.
3
MARINONI, Luiz Guilherme. A antecipação da tutela. 4. ed. São Paulo: Malheiros, 1998, p.
23.
MARCELO DE OLIVEIRA MILAGRES
TUTELA PROVISÓRIA E A LIMINAR POSSESSÓRIA
171
4
MARINONI, Luiz Guilherme. A antecipação da tutela. 4. ed. São Paulo: Malheiros, 1998, p.
169.
MARCELO DE OLIVEIRA MILAGRES
TUTELA PROVISÓRIA E A LIMINAR POSSESSÓRIA
173
MARINONI, Luiz Guilherme. A antecipação da tutela. 4. ed. São Paulo: Malheiros, 1998,
5
p. 86.
MARCELO DE OLIVEIRA MILAGRES
TUTELA PROVISÓRIA E A LIMINAR POSSESSÓRIA
175
7.6 Conclusão
A efetiva realização do direito material deve ser o objeto do
processo. Nesse sentido, devem ser pensadas e implementadas as mais
diversas técnicas processuais.
Muito salutar a disciplina geral do Código de Processo Civil da
tutela provisória, compreendendo, no âmbito da cognição sumária, as
tutelas de urgência e de evidência, com destaque para a estabilização
da tutela de urgência antecipada antecedente, o que não exclui a possi-
bilidade de aprimoramento das tutelas, como, v.g., a igual estabilização
da tutela de urgência cautelar em caráter antecedente.
A partir da lógica trazida pelo atual Código de Processo Civil,
pode-se pensar a tutela da posse nova a partir de provimento provisório
especial incidental de urgência. Trata-se de tutela que não se ajusta,
à perfeição, à moldura prevista no art. 294 e seguintes desse diploma
legal, o que também não afasta a possibilidade de tutela provisória da
posse velha mediante mecanismo de urgência.
Referências
MARINONI, Luiz Guilherme. A antecipação da tutela. 4. ed. São Paulo: Malheiros, 1998.
OST, François. O tempo do direito. [Le temps du droit]. Trad. Élcio Fernandes. Bauru:
Universidade do Sagrado Coração, 2005.
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Tutela jurisdicional de urgência. 2. ed. Rio de Janeiro:
América Jurídica, 2001.
8.1 Introdução
O CPC/2015 mantém o sistema unitário da relação processual,
no qual não existe uma nova ação – a actio iuticati, distinta da ação
condenatória –, outrora necessária para que o credor pudesse fazer atuar
concretamente o comando sentencial. Uma única relação processual se
presta ao acertamento do direito subjetivo material da parte e à realização
da prestação jurisdicional juris-satisfativa. Diante dos títulos executivos
judiciais, não há duas ações (uma para emissão da sentença, e outra para
sua execução forçada). Um só e único processo se compõe de duas fases:
a primeira, de certificação do direito subjetivo do credor, descumprido
pelo devedor; e a segunda, que, sem solução de continuidade, enseja a
prática dos atos judiciais de cumprimento da sentença pronunciada no
primeiro estágio do procedimento. É por isso que se fala em processo
“unitário” ou “sincrético”.
1
Para o novo CPC, a ciência inequívoca da parte equivale à sua intimação: (a) “CONTESTAÇÃO –
Intempestividade – Caracterização – Comparecimento espontâneo do demandado – Termo
inicial da contagem – Juntada de procuração ao processo – Ciência inequívoca – Aplicação
do art. 239, §1º, do Novo Código de Processo Civil (Lei 13.105/15)” (TJ/SP, 2ª Câm. de Direito
Privado, AgIn nº 2001205-74.2016.8.26.0000, Rel. Des. Alvaro Passos, data do julgamento
25.08.2016, data do registro 25.08.2016); (b) “O cômputo do prazo para a interposição do
agravo de instrumento deve se dar a partir da data em que ocorreu a ciência inequívoca
da decisão, ou seja, da formulação de pedido de reconsideração perante o R. Juízo a quo e
não da disponibilização desta no DJE” (TJ/SP, 30ª Câm. de Direito Privado, AgIn 2113476-
26.2016.8.26.0000, Rel. Des(a). Maria Lúcia Pizzotti, data do julgamento 28.09.2016, data do
registro 07.10.2016).
2
O TJ/SP decidiu que, por enquanto, não há condições necessárias à intimação da Fazenda
Pública por meio eletrônico: “Agravo de Instrumento. Embargos à execução. Cumprimento
de sentença. Decisão que indeferiu o pedido de intimação da Fazenda por meio eletrônico.
Pretensão à reforma. Desacolhimento. Impossibilidade, por ora, da realização de intimação
por meio eletrônico da Fazenda Pública, no âmbito deste Tribunal de Justiça. Inteligência do
artigo 270 do NCPC” (TJ/SP, 18ª Câm. de Direito Público, AgIn nº 2105973-51.2016.8.26.0000,
Rel. Des. Ricardo Chimenti, data do julgamento 03.11.2016, data do registro 08.11.2016).
3
A contagem dos prazos em dias úteis, segundo o TJ/SP, aplica-se tanto aos processos regulados
pelo CPC, como por leis especiais: “Alienação fiduciária. Ação de busca e apreensão. Aplicação
do novo Código de Processo Civil no tocante à forma de contagem dos prazos. Cabimento.
Falta de disciplina sobre o tema na lei especial que impõe adotar o regime comum traçado
pelo CPC, inexistindo motivo para se aplicar forma de contagem de lei já revogada” (TJ/SP,
36ª Câm. de Direito Privado, AgIn 2148811-09.2016.8.26.0000, Rel. Des. Arantes Theodoro,
data do julgamento 25.08.2016, data do registro 25.08.2016).
4
A contagem em dobro, de acordo com o TJ/SP, refere-se aos prazos processuais, e não
aos de direito material: “Agravo de instrumento – tutela antecipada requerida em caráter
antecedente – sustação de protestos – art. 303 do Código de Processo Civil – tutela cautelar
efetivada – pedido principal terá de ser formulado pelo autor no prazo de 30 dias – natureza
jurídica do prazo do art. 308 do Código de Processo Civil – material – prazo que deve ser
contado em dias corridos e não em dias úteis” (TJ/SP, 16ª Câm. de Direito Privado, AgIn nº
2150988-43.2016.8.26.0000, Rel. Des. Coutinho de Arruda, data do julgamento 03.11.2016,
data do registro 03.11.2016).
HUMBERTO THEODORO JÚNIOR
REPETIÇÃO DE PAGAMENTO INDEVIDO. CONDENAÇÃO JUDICIAL. EXCEÇÃO DE PRESCRIÇÃO (NCPC, ART. 525, §1º, VII)
181
5
A garantia do juízo é pressuposto para o processamento da impugnação ao cumprimento
da sentença (...). Se o dispositivo – art. 475-J, §1º, do CPC [de 1973] – prevê a impugnação
posteriormente à lavratura do auto de penhora e avaliação, é de se concluir pela existência de
garantia do juízo anterior ao oferecimento da impugnação (...) (STJ, 3ª T., REsp nº 1.195.929/
SP, Rel. Min. Massami Uyeda, ac. 24.04.2012, DJe 09.05.2012). Nossa opinião, todavia, era no
sentido de que “a referência à penhora, no aludido dispositivo legal não deve ser entendida
como definidora de um requisito do direito de impugnar o cumprimento da sentença. O
intuito do legislador no §1º, do art. 475-J foi apenas o de fixar um momento processual em
que a impugnação normalmente deva ocorrer” (THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso
de direito processual civil. 49. ed. v. II. n. 652. Rio de Janeiro: Forense, 2014, p. 58).
6
A impugnação ao cumprimento da sentença não impede o credor de proceder ao protesto
e à inscrição do devedor em cadastro de proteção ao crédito (TJ/SP, 1ª Câm. Reservada de
Direito Empresarial, AgIn nº 2211802-21.2016.8.26.0000, Rel. Des. Francisco Loureiro, data do
julgamento 24.11.2016, data do registro 24.11.2016; TJ/SP, 13ª Câm. de Direito Privado, AgIn
nº 2195397-07.2016.8.26.0000, Rel. Des. Francisco Giaquinto, data do julgamento 04.11.2016,
data do registro 04.11.2016).
7
TJ/SP, 14ª Câm. de Direito Privado, Ap 1023351-50.2015.8.26.0554, Rel. Des. Carlos Abrão,
data do julgamento 02.12.2016, data do registro 02.12.2016.
182
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
8
Os embargos à arrematação e à adjudicação passam a constituir ação que diz respeito,
como regra geral, à execução fundada em título executivo extrajudicial. Incidentes relativos
à expropriação apoiada em título executivo judicial devem ser resolvidos, doravante e
via de regra, dentro do próprio processo originário, em sua fase executiva, mostrando-se
inadequado o ajuizamento de embargos de segunda fase (OLIVEIRA, Robson Carlos de.
Embargos à arrematação e à adjudicação. v. 59. São Paulo: RT, 2006, p. 322 – Coleção estudos
de direito de processo Enrico Tullio Liebman).
9
A partir da entrada em vigor do novo Código de Processo Civil, inexiste razão para que os
recursos interpostos antes da ocorrência do termo inicial do prazo deixem de ser conhecidos
sob a alegação de intempestividade – Art. 218, §4º, do NCPC (TJ/SP, 31ª Câm. de Direito
Privado, AgIn nº 2196581-95.2016.8.26.0000, Rel. Des. Carlos Nunes, data do julgamento
18.10.2016, data do registro 18.10.2016).
10
É sentença o ato que extingue a execução: “Impossibilidade de interposição de agravo de
instrumento contra pronunciamento que extingue a execução – Recurso cabível de apelação –
Dicção dos artigos 203, §1º e 1.009, caput do novo Código de Processo Civil” (TJ/SP, 28ª Câm.
de Direito Privado, AgIn nº 2143233-65.2016.8.26.0000, Rel. Des. Mario Chiuvite Júnior, data
do julgamento 10.11.2016, data do registro 10.11.2016).
11
Necessidade de fundamentação de todas as decisões judiciais, ainda que de modo conciso,
sob pena de nulidade – Inteligência dos artigos 11, do novo Código de Processo Civil, vigente
à época da prolação da decisão agravada, e 93, inciso IX, da Constituição Federal (TJ/SP,
24ª Câm. de Direito Privado, AgIn nº 2169787-37.2016.8.26.0000, Rel. Des. Plinio Novaes de
Andrade Júnior, data do julgamento 27.10.2016, data do registro 19.12.2016).
HUMBERTO THEODORO JÚNIOR
REPETIÇÃO DE PAGAMENTO INDEVIDO. CONDENAÇÃO JUDICIAL. EXCEÇÃO DE PRESCRIÇÃO (NCPC, ART. 525, §1º, VII)
183
12
Extinção do processo executivo por sentença. Homologação judicial de acordo celebrado
pelas partes. Substituição do título executivo pelo acordo. Descumprimento da avença.
Possibilidade de protesto da decisão judicial, se transitada em julgado e o prazo para
pagamento voluntário do débito tiver expirado. Exegese do art. 517 do CPC/2015 (TJ/SP,
34ª Câm. de Direito Privado, AgIn nº 2162001-39.2016.8.26.0000, Rel. Des. Gomes Varjão,
data do julgamento 28.09.2016, data do registro 30.09.2016).
13
É nula a sentença que não se manifesta sobre todos fundamentos e fatos invocados pelas
partes, e julga a ação procedente sem atentar para a pretensão acidentária do benefício,
caracterizando ofensa ao princípio da fundamentação dos atos processuais (TJ/SP, 17ª Câm.
de Direito Público, Ap. nº 0000291-67.2011.8.26.0146, Rel. Des. Afonso Celso da Silva, data
do julgamento 27.09.2016, data do registro 29.09.2016).
184
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
14
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Comentários ao novo Código Civil. 4. ed. v. III. t. II. n. 302.
Rio de Janeiro: Forense, 2008, p. 157.
15
Código Civil/2002, art. 189: “Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se
extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206”.
16
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Comentários ao novo Código Civil. 4. ed. v. III. t. II. n. 302.
Rio de Janeiro: Forense, 2008, p. 158.
17
PUGLIESE, Giovanni. Actio e dirittosubiettivo. n. 43. Milano: Giuffrè, 1939, p. 253, apud
MOREIRA ALVES, José Carlos. A parte geral do Projeto de Código Civil brasileiro. São Paulo:
Saraiva, 1986, p. 151, nota 7.
18
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Comentários ao novo Código Civil. 4. ed. v. III. t. II. n. 302.
Rio de Janeiro: Forense, 2008, p. 160.
HUMBERTO THEODORO JÚNIOR
REPETIÇÃO DE PAGAMENTO INDEVIDO. CONDENAÇÃO JUDICIAL. EXCEÇÃO DE PRESCRIÇÃO (NCPC, ART. 525, §1º, VII)
185
19
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Comentários ao novo Código Civil. 4. ed. v. III. t. II. n. 302.
Rio de Janeiro: Forense, 2008, p. 158.
20
(a) “EXECUÇÃO – PRESCRIÇÃO – ‘DECISÃO-SUPRESA’ – Pretensão de reforma da
respeitável sentença que extinguiu o processo, reconhecida a prescrição da pretensão
executiva – Cabimento – Hipótese em que deve ser anulada a respeitável sentença, pois não
houve prévia manifestação da parte acerca do decurso do prazo prescricional – Vedação da
chamada ‘decisão-surpresa’, nos termos do novo Código de Processo Civil (arts. 9º E 10º)” (TJ/
SP, 13ª Câm. de Direito Privado, Ap. nº 0042876-03.2006.8.26.0602, Rel. Des(a). Ana de Lourdes
Coutinho Silva da Fonseca, data do julgamento 15.09.2016, data do registro 15.09.2016); (b)
“Patente a afronta ao artigo 10 do CPC – Antes de desconstituir a constrição com base na
simples nota de devolução, o Juízo a quo deveria oportunizar à parte a manifestação sobre
o documento, – Decisão anulada” (TJ/SP, 11ª Câm. de Direito Privado, AgIn nº 2149313-
45.2016.8.26.0000, Rel. Des. Marino Neto, data do julgamento 18.10.2016, data do registro
18.10.2016); (c) Todavia, não se anula o ato se a “decisão surpresa” não causou prejuízo
à parte (TJ/SP, 12ª Câm. de Direito Privado, AgIn nº 2144216-64.2016.8.26.0000, Rel. Des.
Cerqueira Leite, data do julgamento 11.10.2016, data do registro 11.10.2016).
186
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
21
ARRUDA ALVIM NETO, José Manoel. Lei 11.280, de 16.02.2006: análise dos arts. 112, 114
e 305, do CPC e do §5º, do art. 219, do CPC. Revista de Processo, v. 143, p. 23, jan. 2007.
22
Segundo o art. 487, II, do CPC/2015, “haverá resolução de mérito quando o juiz (...) decidir,
de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou prescrição”.
HUMBERTO THEODORO JÚNIOR
REPETIÇÃO DE PAGAMENTO INDEVIDO. CONDENAÇÃO JUDICIAL. EXCEÇÃO DE PRESCRIÇÃO (NCPC, ART. 525, §1º, VII)
187
23
Não obstante a concepção do cumprimento do título judicial, como incidente do processo
único previsto para certificação e realização do direito do credor, continua persistindo o
discernimento entre a pretensão de acertamento e a de execução, de modo a sujeitar cada
uma delas a uma prescrição própria e não contemporânea. Primeiro, flui a da pretensão de
condenação; depois, a da pretensão de fazer cumprir a respectiva sentença (THEODORO
JÚNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil. 49. ed. v. III. n. 52. Rio de Janeiro: Forense,
2016, p. 92). No mesmo sentido: STJ, 2ª T., REsp nº 1.072.882/SP, Rel. Min. Castro Meira,
ac. 20.11.2008, DJe 12.12.2008; STJ, 1ª T., AgRg no Ag nº 1.418.380/RS, Rel. Min. Arnaldo
Esteves Lima, ac. 15.12.2011, DJe 02.02.2012; STJ, 1ª T., AgRg no AREsp nº 186.796/PR, Rel.
Min. Napoleão Nunes Maia Filho, ac. 25.06.2013, DJe 07.08.2013.
24
Em execução fiscal, o reconhecimento da prescrição intercorrente não enseja remessa ex officio:
“Inteligência do art. 496, §3º, inciso III, do novo Código de Processo Civil – Reexame necessário
não conhecido” (TJ/SP, 18ª Câm. de Direito Privado, Ap. nº 0530167-77.2007.8.26.0266, Rel.
Des. Wanderley José Federighi, data do julgamento 24.11.2016, data do registro 28.11.2016).
25
O artigo 1.056 do Novo Código de Processo Civil determina que se considerará como termo
inicial do prazo para a prescrição a que alude o art. 924, V, a data de vigência da nova lei
adjetiva, inclusive para as execuções em curso (TJ/SP, 37ª Câm. de Direito Privado, Ap. nº
1006835-17.2014.8.26.0577, Rel. Des. Pedro Kodama, data do julgamento 22.11.2016, data
do registro 22.11.2016).
188
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
STJ, 2ª Seção, REsp. nº 1.361.182/RS, Rel. p. acórdão Min. Marco Aurélio Bellizze, ac.
26
10.08.2016, DJe 19.09.2016. A mesma tese foi aplicada à cláusula que abusivamente imputava
ao promissário comprador a obrigação de pagar comissão de corretagem ou de serviço de
assistência técnico-imobiliária (SATI), ou atividade congênere. Também aqui, em caráter
uniformizador da jurisprudência, foi fixada a tese da incidência da prescrição trienal própria
da pretensão de ressarcimento do enriquecimento sem causa (Código Civil, art. 206, §3º, IV)
(STJ, 2ª Seção, REsp. nº 1.551.956/SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, ac. 24.08.2016,
DJe 08.09.2016).
HUMBERTO THEODORO JÚNIOR
REPETIÇÃO DE PAGAMENTO INDEVIDO. CONDENAÇÃO JUDICIAL. EXCEÇÃO DE PRESCRIÇÃO (NCPC, ART. 525, §1º, VII)
189
27
MENEZES LEITÃO, Luís Manuel Teles de. O enriquecimento sem causa no novo Código
Civil brasileiro. Revista CEJ, Brasília, abr./jun. 2004, p. 28.
28
STJ, 2ª Seção, REsp nº 1.220.934/RS, Rel. Min. Luís Felipe Salomão, ac. 24.04.2013, DJe
12.06.2013; STJ, 2ª Seção, REsp nº 1.249.321/RS, Rel. Min. Luís Felipe Salomão, ac. 10.04.2013,
DJe 16.04.2013; STJ, 3ª T., REsp nº 1.238.737/SC, Rel. Min. Nancy Andrighi, ac. 08.11.2011,
DJe 17.11.2011.
190
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
STJ, 4ª T., Ag Rg no REsp nº 557.301/RS, Rel. Min. Jorge Scartezzini, ac. 28.06.2005, DJU
29
22.08.2005, p. 283. Precedentes arrolados: STJ, 4ª T., AgRg no REsp 733.037/RS, Rel. Min.
Aldir Passarinho Júnior, ac. 05.05.2005, DJU 13.06.2005, p. 322; STJ, 3ª T., AgRg no REsp
nº 699.352/RS, Rel. Min. Antônio de Pádua Ribeiro, ac. 24.05.2005, DJU 20.06.2005, p. 284;
STJ, 4ª T., AgRg no REsp nº 546.446/RS, Rel. Min. Fernando Gonçalves, ac. 07.04.2005, DJU
02.05.2005, p. 356. No mesmo sentido: STJ, 4ª T., AgRg no AREsp nº 182.141/SC, Rel. Min.
Isabel Gallotti, ac. 12.05.2015, DJe 19.05.2015; STJ, 4ª T., AgRg no REsp nº 1.052.209/MG,
Rel. Min. Aldir Passarinho Júnior, ac. 16.06. 2009, DJe 04.08.2009; STJ, 3ª T., AgRg no Ag
1.125.621/SC, Rel. Min. Sidnei Beneti, ac. 19.05.2009, DJe 03.06.2009.
HUMBERTO THEODORO JÚNIOR
REPETIÇÃO DE PAGAMENTO INDEVIDO. CONDENAÇÃO JUDICIAL. EXCEÇÃO DE PRESCRIÇÃO (NCPC, ART. 525, §1º, VII)
191
30
MENEZES LEITÃO, Luís Manuel Teles de. O enriquecimento sem causa no novo Código
Civil brasileiro. Revista CEJ, Brasília, abr./jun. 2004, p. 25-27 (orientação seguida no REsp
nº 1.361.182/RS).
31
MENEZES LEITÃO, Luís Manuel Teles de. O enriquecimento sem causa no novo Código
Civil brasileiro. Revista CEJ, Brasília, abr./jun. 2004, p. 25-27 (orientação seguida no REsp
nº 1.361.182/RS).
32
STJ, 2ª Seção, REsp nº 1.361.182/RS, Rel. p. acórdão Min. Marco Aurélio Bellizze, ac. 10.08.2016,
DJe 19.09.2016 (tese firmada em recurso repetitivo).
33
STJ, 2ª Seção, REsp nº 1.361.182/RS, Rel. p. acórdão Min. Marco Aurélio Bellizze, ac. 10.08.2016,
DJe 19.09.2016 (tese firmada em recurso repetitivo).
192
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
Referências
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114 e 305, do CPC e do §5º, do art. 219, do CPC. Revista de Processo, v. 143, jan. 2007.
MENEZES LEITÃO, Luís Manuel Teles de. O enriquecimento sem causa no novo Código
Civil brasileiro. Revista CEJ, Brasília, abr./jun. 2004.
OLIVEIRA, Robson Carlos de. Embargos à arrematação e à adjudicação. v. 59. São Paulo: RT,
2006 ‒ Coleção estudos de direito de processo Enrico Tullio Liebman.
PUGLIESE, Giovanni. Actio e diritto subiettivo. Milano: Giuffrè, 1939 apud MOREIRA
ALVES, José Carlos. A parte geral do Projeto de Código Civil brasileiro. São Paulo: Saraiva, 1986.
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Comentários ao novo Código Civil. 4. ed. v. III. t. II. Rio
de Janeiro: Forense, 2008.
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil. 49. ed. v. II. Rio de
Janeiro: Forense, 2014.
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil. 49. ed. v. III. Rio de
Janeiro: Forense, 2016.
34
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil. 49. ed. v. III. n. 52. Rio de
Janeiro: Forense, 2016, p. 90-93.
CAPÍTULO 9
Mariza Rios,
Newton Teixeira Carvalho
9.1 Introdução
A Constituição Federal de 1988 garantiu, no inciso XXXV de seu
art. 5º, o princípio conhecido como acesso à justiça ou direito de ação.
Este princípio foi incorporado ao texto pelo legislador para garantir que
“a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça
a direito”1 e, por essa razão, pode-se afirmar que todos têm direito
de requerer a tutela jurisdicional para amparar direito ameaçado ou
conseguir a adequada reparação quando ele é ofendido.
Assim, a consequência lógica natural da Constituição republicana
de 1988 foi o reconhecimento de inúmeros outros direitos no nosso
ordenamento jurídico, razão de ser aquela Lei Maior rotulada, com
perfeição, de inclusiva ao trazer para o mundo do direito inúmeras
pessoas até então marginalizadas.
O citado princípio se apresenta, no contexto brasileiro, como fruto
de uma ordem democrática construída, conectada a uma realidade de
país historicamente marcado pela presença de uma população que,
na sua maioria, é pobre no sentido jurídico da palavra e, portanto,
1
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, de 05 de outubro de 1988. Diário
Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 05 out. 1998. Disponível em: <www2.
senado.gov.br/sf/legislacao/const/>. Acesso em: 23 maio 2017.
194
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
ESPÍNDOLA, Ruy Samuel. Conceito de princípios constitucionais. São Paulo: Revista dos
2
Tribunais, 1999.
MARIZA RIOS, NEWTON TEIXEIRA CARVALHO
ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA COMO DIREITO DO NECESSITADO, E NÃO COMO FAVOR DO ESTADO NO CÓDIGO DE...
195
3
DE CICCO, Cláudio; GONZAGA, Álvaro de Azevedo. Teoria Geral do Estado e Ciência Política.
São Paulo: RT, 2007, p. 43.
4
AZAMBUJA, Darcy. Teoria Geral do Estado. Rio de Janeiro/São Paulo/Porto Alegre: Globo,
1963, p.6.
196
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
5
FIGUEIREDO, Marcelo. Teoria Geral do Estado. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2007, p. 42-43.
6
DALLARI, Dalmo de Abreu. O futuro do Estado. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 48-49.
MARIZA RIOS, NEWTON TEIXEIRA CARVALHO
ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA COMO DIREITO DO NECESSITADO, E NÃO COMO FAVOR DO ESTADO NO CÓDIGO DE...
197
7
SILVA, José Afonso da. O Estado Democrático de Direito. Rio de Janeiro, 1988, p. 21. Disponível
em: <http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rda/article/viewFile/45920/44126>. Acesso
em: 25 maio 2017.
198
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
8
SILVA, José Afonso da. O Estado Democrático de Direito. Rio de Janeiro, 1988, p. 2. Disponível
em: <http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rda/article/viewFile/45920/44126>. Acesso
em: 25 maio 2017.
MARIZA RIOS, NEWTON TEIXEIRA CARVALHO
ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA COMO DIREITO DO NECESSITADO, E NÃO COMO FAVOR DO ESTADO NO CÓDIGO DE...
199
9
STAFFEN, Márcio Ricardo; SANTOS, Rafael Padilha dos. O fundamento cultural da dignidade
da pessoa humana e sua convergência para o paradigma da sustentabilidade. Veredas do
Direito. Direito Ambiental e Desenvolvimento sustentável, Belo Horizonte: Escola Superior
Dom Helder Câmara, v. 13, n. 26, maio/ago. 2016, p. 267.
200
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
MORAES, Guilherme Braga Pena de. Assistência Jurídica, Defensoria Pública e o Acesso à
10
jurisdição no Estado Democrático de Direito. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009, p. 42-43.
MARIZA RIOS, NEWTON TEIXEIRA CARVALHO
ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA COMO DIREITO DO NECESSITADO, E NÃO COMO FAVOR DO ESTADO NO CÓDIGO DE...
201
como na forma deste Código, eis que este encampou praticamente toda
a Lei nº 1.060/50.
O §1º do art. 98 do Código de Processo Civil define quais casos
são compreendidos pela gratuidade da justiça, ou seja, as taxas ou as
custas judiciais; os selos postais; as despesas com publicação na imprensa
oficial, dispensando-se a publicação em outros meios; a indenização
devida à testemunha, que, quando empregada, receberá do empre-
gador salário integral, como se em serviço estivesse; as despesas com
a realização de exame de código genético (DNA) e de outros exames
considerados essenciais; os honorários do advogado e do perito e a
remuneração do intérprete ou do tradutor nomeado para apresentação
de versão em português de documento redigido em língua estrangeira;
o custo com a elaboração de memória de cálculo, quando exigida para
instauração da execução; os depósitos previstos em lei para interposição
de recurso, para propositura de ação e para a prática de outros atos
processuais inerentes ao exercício da ampla defesa e do contraditório;
os emolumentos devidos a notários ou registradores em decorrência da
prática de registro, averbação ou qualquer outro ato notarial necessário
à efetivação de decisão judicial ou à continuidade de processo judicial
no qual o benefício tenha sido concedido.
Portanto e com o novo Código, dúvida nenhuma mais persiste no
sentido de que o deferimento da assistência judiciária em juízo abrange
também todos os atos necessários à efetivação de decisão judicial nos
cartórios extrajudiciais, como, por exemplo, o registro do divórcio
decretado por quem se encontra sob o pálio da assistência judiciária.
O §2º do art. 98 afirma que a concessão de gratuidade não afasta
a responsabilidade do beneficiário pelas despesas processuais e pelos
honorários advocatícios decorrentes de sua sucumbência. Porém e
pelo §3º deste mesmo artigo, repetindo, com melhor redação e neces-
sários acréscimos, o art. 12 da Lei nº 1.060/50, vencido o beneficiário,
as obrigações decorrentes de sua sucumbência ficarão sob condição
suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos
5 (cinco) anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as
certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de
insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade,
extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário.
11
O’DONNELL, Guilhermo. Democracia, agência e estado: teoria com intenção comparativa.
Tradução Vera Joscelyne. São Paulo: Paz e Terra, 2011, p. 206.
12
Processo como procedimento em contraditório é o que permite aplicação do princípio da
igualdade, da ampla defesa e do contraditório. Assim, não é correto negar ao pobre o direito
de discutir suas desavenças em juízo, num debate amplo e, por conseguinte, influindo, a
todo momento, na construção da sentença, aqui também considerado como ato participado.
206
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
13
MOREIRA, Silvana Maria. O Acesso à Justiça como Direito Fundamental. In: CASTRO, João
Antônio Lima; FREITAS, Sérgio Henriques Zandona (Coords.). Direito Processual – Estudo
Democrático da Processualidade Jurídica Constitucionalizada. Belo Horizonte: PUC Minas –
Instituto de Educação Continuada, 2012, p. 58.
MARIZA RIOS, NEWTON TEIXEIRA CARVALHO
ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA COMO DIREITO DO NECESSITADO, E NÃO COMO FAVOR DO ESTADO NO CÓDIGO DE...
209
9.7 Conclusão
A construção do Estado Democrático tem sua centralidade
na observância de princípios básicos que possam garantir direitos
fundamentais a toda a população. Dentro desses princípios de cunho
fundamental, elegemos o princípio do acesso à justiça de forma universal,
em que a gratuidade de justiça, por excelência, se constitui em direito
fundamental endereçado a todos que não possuem condições básicas
para exercer o direito de ação em defesa de suas necessidades. Nesse
contexto, buscou a pesquisa, com foco na atividade jurisdicional, analisar
a eficácia dessa garantia constitucional traçando um paralelo entre o
princípio a gratuidade de justiça e a jurisprudência sobre o tema, ou
seja, a decisão judicial.
Por essa razão, para os autores, não é correto o juiz, já na inicial
ou na contestação, exigir que o requerente da assistência judiciária
comprove que é pobre, no sentido legal, salvo evidências fortes em
sentido contrário, como, por exemplo, comprovação de ganhos altos,
210
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
Referências
AZAMBUJA, Darcy. Teoria Geral do Estado. Rio de Janeiro/São Paulo/Porto Alegre: Globo,
1963.
BAHIA. Agravo Civil n. 0021861-71. 2016.8.05.0000. 2ª Câmara Cível. Tribunal de Justiça
da Bahia.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, de 05 de outubro de 1988.
Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 05 out. 1998. Disponível
em: <www2.senado.gov.br/sf/legislacao/const/>. Acesso em: 23 maio 2017.
DALLARI, Dalmo de Abreu. O futuro do Estado. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2007.
DE CICCO, Cláudio; GONZAGA, Álvaro de Azevedo. Teoria Geral do Estado e Ciência
Política. São Paulo: RT, 2007.
DECISÃO. Jornal Mensal da Associação dos Magistrados Mineiros, n. 184, maio 17, p. 21.
ESPÍNDOLA, Ruy Samuel. Conceito de princípios constitucionais. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 1999.
FIGUEIREDO, Marcelo. Teoria Geral do Estado. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
MINAS GERAIS. Agravo Civil n. 100017.0065114/001. 13ª Câmara Cível. Tribunal de
Justiça de Minas Gerais.
MORAES, Guilherme Braga Pena de. Assistência Jurídica, Defensoria Pública e o Acesso à
jurisdição no Estado Democrático de Direito. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
MOREIRA, Silvana Maria. O Acesso à Justiça como Direito Fundamental. In: CASTRO,
João Antônio Lima; FREITAS, Sérgio Henriques Zandona (Coords.). Direito Processual –
Estudo Democrático da Processualidade Jurídica Constitucionalizada. Belo Horizonte:
PUC Minas – Instituto de Educação Continuada, 2012.
O’DONNELL, Guilhermo. Democracia, agência e estado: teoria com intenção comparativa.
Tradução Vera Joscelyne. São Paulo: Paz e Terra, 2011, p. 206.
212
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
10.1 Introdução
A prova testemunhal é historicamente tratada como a menos
importante dentre todas as outras. Tal fato se dá em virtude da falibi-
lidade humana e na possibilidade da pessoa não se recordar precisamente
dos fatos ou, até mesmo, mentir.
Nessa interpretação, parece absurdo proferir uma decisão judicial
com base em um depoimento de testemunha, mesmo que seja consi-
derado em conjunto às demais provas produzidas. Julgar com base
puramente em um testemunho, então, seria absurdo.
O período histórico cultivou esse desprestígio desde os tempos da
“prova legal” (valores pré-fixados para cada tipo de prova) e chegando
ao período do “livre convencimento” (decisão livre do juiz mesmo
diante do conjunto probatório confeccionado). Mesmo no processo
atual, em que se busca prestigiar a persuasão racional, em que a análise
probatória, junto com as alegações das partes e conjuntamente com o
juiz, busca um provimento legítimo, subsiste o preconceito quanto ao
depoimento de testemunhas.
No entanto, os princípios que regem o direito processual indicam
que inexiste hierarquia entre as provas, pelo que todas possuem igual
importância.
Ainda assim, é possível encontrar nas codificações brasileiras
um tratamento diferenciado para a prova testemunhal, de maneira
214
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
Assim, se a regra do art. 121 do CP afirma que quem matar alguém terá
uma pena correspondente, será absolutamente injusto aplicar tal pena
sem a ocorrência do fato previsto (matar alguém), da mesma forma
como em um jogo de futebol será considerada injusta a decisão que
considerar que houve marcação de gol quando, em verdade, a bola não
tiver ingressado inteiramente na goleira.3
1
DIDIER JUNIOR, Fredie; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Curso de
direito processual civil – v. 2: teoria da prova, direito probatório, decisão, precedente, coisa
julgada e antecipação dos efeitos da tutela. 10. ed. Salvador: JusPodivm, 2015, p. 41.
2
DIDIER JUNIOR, Fredie; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Curso de
direito processual civil – v. 2: teoria da prova, direito probatório, decisão, precedente, coisa
julgada e antecipação dos efeitos da tutela. 10. ed. Salvador: JusPodivm, 2015, p. 41.
3
RAMOS, Vitor de Paula. Ônus da prova no processo civil: do ônus ao dever de provar. São
Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 31.
216
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
4
MERGULHÃO, Rosana Teresa Curioni. Ativismo judicial e a produção da prova. Belo Horizonte:
Del Rey, 2010, p. 34.
5
MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sergio Cruz. Prova e convicção: de acordo com
o CPC de 2015. 3. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 29.
6
BRASIL. Código Civil. Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002.
RENATO CAMPOS ANDRADE
PROVA TESTEMUNHAL E ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO: A BUSCA AO RESPEITO DA INEXISTÊNCIA DE...
217
não é jurídico, mas se dela decorre uma enchente, que causa diversos
prejuízos ao patrimônio, tratar-se-á de fato jurídico.
O Título V se propõe a editar certas prescrições quanto à prova
do fato jurídico. Em linguagem simples, preocupa-se em estabelecer
como se comprova a existência dos fatos jurídicos.
Consta, no rol do artigo 212, a possibilidade de haver provas
por meio da confissão, documento, testemunha, presunção e perícia.
Não é despiciendo ao menos apontar a crítica dos civilistas e
processualistas quanto à indicação da presunção como meio de prova,
visto que, na verdade, se trata mais de forma de raciocínio para indicar
a ocorrência de um fato.
Presunção é uma dedução que ocorre mediante um fato conhecido,
do qual se extrai um desconhecido. Juridicamente, pode ser relativa
(admite prova em contrário), absoluta (não admite prova em contrário),
legal (decorrente da lei) ou judicial (indicada no exercício do procedi-
mento judicial).
Indicar que o pagamento da última prestação de uma obrigação
de trato continuado faz presumir que as anteriores foram quitadas não
se trata de prova do ocorrido, mas de dedução do que provavelmente
ocorreu.
Ultrapassada essa breve digressão quanto à presunção, cumpre
abordar o diploma procedimental.
Não é o objetivo deste artigo polemizar quanto às diversas
divergências existentes nos dois diplomas, mas é preciso indicar qual
caminho é trilhado. Em que pese à intitulação como Código de Processo
Civil, de maneira a entender o processo como garantia constitucional,
na qual estão inseridos o procedimento, o contraditório, a ampla defesa,
a isonomia e o direito à defesa técnica, em deferência ao professor
Rosemiro Pereira Leal, melhor seria trocar o nome do diploma para
Código de Procedimentos Civis.
Se o direito material contém os direitos subjetivos, sobre os quais
os sujeitos têm a faculdade de transitar e de defendê-los, o procedimento
serve para apontar o caminho formal que uma lide judicial deve tomar.
Neste sentido, o novel Código de Processo Civil traz o Capítulo
XII – Das Provas, com sua Parte Geral (normas que abrangem toda a
atividade probatória, bem como os meios de prova em espécie – ata
notarial, pessoal, confissão, exibição de documento ou coisa, prova
documental, prova testemunhal, prova pericial e inspeção judicial).
Pela nominação dos meios de prova, percebe-se a diferença das
implicações das provas constantes no diploma civil e processual civil.
Naquele, trata-se de comprovar um fato jurídico, especialmente quanto
218
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
(...) o ônus da prova pode ser atribuído pelo legislador, pelo juiz ou por
convenção das partes. O legislador distribui estática e abstratamente
esse encargo (art.373). Segundo a distribuição legislativa, compete, em
regra, a cada uma das partes o ônus de fornecer os elementos da prova
das alegações de fato que fizer.
7
DIDIER JUNIOR, Fredie; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Curso de
direito processual civil – v. 2: teoria da prova, direito probatório, decisão, precedente, coisa
julgada e antecipação dos efeitos da tutela. 10. ed. Salvador: JusPodivm, 2015, p. 111.
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8
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de direito civil: parte geral e
LINDB. 14. ed. Salvador: JusPodivm, 2016, p. 773.
9
DIDIER JUNIOR, Fredie; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Curso de
direito processual civil – v. 2: teoria da prova, direito probatório, decisão, precedente, coisa
julgada e antecipação dos efeitos da tutela. 10. ed. Salvador: JusPodivm, 2015, p. 111.
10
RAMOS, Vitor de Paula. Ônus da prova no processo civil: do ônus ao dever de provar. São
Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 48.
11
THIBAU, Vinicius Lott. Presunção e prova no direito processual democrático. Belo Horizonte:
Arraes Editores, 2011, p. 97.
12
FERREIRA, Willian Santos. Princípios fundamentais da prova cível. São Paulo: Editora Revista
dos Tribunais, 2014, p. 53.
220
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
13
FERREIRA, Willian Santos. Princípios fundamentais da prova cível. São Paulo: Editora Revista
dos Tribunais, 2014, p. 129.
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221
14
BRASIL, Código de Processo Civil. Lei 13.105, de 16 de março de 2015.
222
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O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
15
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de direito civil: parte geral e
LINDB. 14. ed. Salvador: JusPodivm, 2016, p. 820.
16
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de direito civil: parte geral e
LINDB. 14. ed. Salvador: JusPodivm, 2016, p. 820.
17
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de direito civil: parte geral e
LINDB. 14. ed. Salvador: JusPodivm, 2016, p. 820.
18
BRASIL. Código de Processo Civil. Lei 13.105, de 16 de março de 2015.
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BRASIL. Código de Processo Civil. Lei 13.105, de 16 de março de 2015.
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BRASIL. Código de Processo Civil. Lei 13.105, de 16 de março de 2015.
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BRASIL. Código de Processo Civil. Lei 13.105, de 16 de março de 2015.
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O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
22
MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sergio Cruz. Prova e convicção: de acordo com o
CPC de 2.015. 3. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p.29.
23
MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sergio Cruz. Prova e convicção: de acordo com o
CPC de 2.015. 3. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p.29.
24
BRASIL, Código de Processo Civil, Lei 13.105, de 16 de março de 2015.
25
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de direito civil: parte geral e
LINDB. 14. ed. Salvador: JusPodivm, 2016, p. 821.
26
BRASIL. Código Civil. Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002.
27
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: volume 1: parte geral. 14 ed. São Paulo:
Saraiva, 2016, p. 554.
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28
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: volume 1: parte geral. 14 ed. São Paulo:
Saraiva, 2016, p. 555.
29
BRASIL. Código Civil. Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002.
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FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
Referências
BRASIL. Código Civil. Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm>. Acesso em: 26 maio 2016.
BRASIL. Código de Processo Civil. Lei 13.105, de 16 de março de 2015. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm>. Acesso em: 25 maio 2016.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro de 1988.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao.htm>.
Acesso em 26 maio 2016.
BRASIL. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Disponível em: <http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm>. Acesso em 25 maio 2016.
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LINDB. 14. ed. Salvador: JusPodivm, 2016.
DIDIER JUNIOR, Fredie; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Curso
de direito processual civil – v. 2: teoria da prova, direito probatório, decisão, precedente,
coisa julgada e antecipação dos efeitos da tutela. 10. ed. Salvador: JusPodivm, 2015.
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PROVA TESTEMUNHAL E ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO: A BUSCA AO RESPEITO DA INEXISTÊNCIA DE...
227
FERREIRA, Willian Santos. Princípios fundamentais da prova cível. São Paulo. Editora
Revista dos Tribunais, 2014.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: volume 1: parte geral. 14 ed. São
Paulo: Saraiva, 2016.
MERGULHÃO, Rosana Teresa Curioni. Ativismo judicial e a produção da prova. Belo
Horizonte: Del Rey, 2010.
MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sergio Cruz. Prova e convicção: de acordo
com o CPC de 2015. 3. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015.
RAMOS, Vitor de Paula. Ônus da prova no processo civil: do ônus ao dever de provar. São
Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015.
THIBAU, Vinicius Lott. Presunção e prova no direito processual democrático. Belo Horizonte:
Arraes Editores, 2011.
11.1 Introdução
Inaugurada uma nova era do direito processual civil brasileiro com
a entrada em vigor da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015, emergiram
inúmeras questões com implicações de ordem prática no cenário jurídico
doméstico, dentre as quais se destaca a nova sistemática de contagem
de prazo, tomando-se em conta apenas os dias úteis.
Isso porque assim determina o artigo 219 do Código de Processo
Civil, que, na contagem de prazo em dias, estabelecida por lei ou pelo
juiz, computar-se-ão somente os dias úteis, sendo certo que o parágrafo
único de tal dispositivo limita seu âmbito de incidência somente e
precisamente aos prazos processuais.
Em proêmio e sem muitas controvérsias, infere-se que o novo
diploma legal trouxe regra até então inexistente no cenário jurídico
nacional, pois que tradicionalmente os prazos processuais civis seguiam
basicamente idêntica regra de contagem dos prazos de natureza material
(direito civil), isto é, contavam-se em dias corridos, excluindo-se o dia
de início e incluindo-se o dia de término, computando-se aqueles em
que não houvesse expediente forense, tais como sábados, domingos e
feriados, inclusive.1
primeiro dia útil se o vencimento cair em feriado ou em dia em que: I – for determinado
o fechamento do fórum; II – o expediente forense for encerrado antes da hora normal.
§2º Os prazos somente começam a correr do primeiro dia útil após a intimação (art. 240 e
parágrafo único).
Art. 132, CC: Salvo disposição legal ou convencional em contrário, computam-se os prazos,
excluído o dia do começo, e incluído o do vencimento. §1º Se o dia do vencimento cair em
feriado, considerar-se-á prorrogado o prazo até o seguinte dia útil. §2º Meado considera-se,
em qualquer mês, o seu décimo quinto dia. §3º Os prazos de meses e anos expiram no dia
de igual número do de início, ou no imediato, se faltar exata correspondência. §4º Os prazos
fixados por hora contar-se-ão de minuto a minuto.
2
ASSIS, A. Processo Civil Brasileiro. Volume I. Parte Geral: fundamentos e distribuição de conflitos.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, p. 185.
MARCOS BOECHAT LOPES FILHO
CONTA-SE EM DIAS ÚTEIS OU DIAS CORRIDOS O PRAZO PARA PAGAMENTO NO CUMPRIMENTO DEFINITIVO DE...
231
3
ASSIS, A. Processo Civil Brasileiro. Volume I. Parte Geral: fundamentos e distribuição de conflitos.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, p. 186.
4
ASSIS, A. Processo Civil Brasileiro. Volume I. Parte Geral: fundamentos e distribuição de conflitos.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, p. 197.
5
ASSIS, A. Processo Civil Brasileiro. Volume I. Parte Geral: fundamentos e distribuição de conflitos.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, p. 199.
232
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
6
DIDIER JR., F. Curso de Direito Processual Civil. 17. ed. Salvador: JusPodivm, 2015, p. 38.
7
DIDIER JR., F. Curso de Direito Processual Civil. 17. ed. Salvador: JusPodivm, 2015, p. 38.
8
MEDINA, J. M. G. Direito Processual Civil Moderno. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2016, p. 325.
MARCOS BOECHAT LOPES FILHO
CONTA-SE EM DIAS ÚTEIS OU DIAS CORRIDOS O PRAZO PARA PAGAMENTO NO CUMPRIMENTO DEFINITIVO DE...
233
Ato processual é espécie do gênero ato jurídico. Este tem por fim ime-
diato adquirir, resguardar, transferir, modificar ou extinguir direitos,
ou seja, tem efeito sobre a relação jurídica de direito material. Aquele
tem por fim instaurar, desenvolver, modificar ou extinguir a relação
jurídico-processual. Em outras palavras, ato processual é toda ação hu-
mana que produz efeito-jurídico em relação ao processo. Ato processual
é modalidade de fato processual. Fato processual é todo acontecimento
com influência sobre o processo. O ato processual também tem influ-
ência sobre o processo, com uma diferença: decorre da manifestação
da pessoa humana.9
Todo ato humano que uma norma processual tenha como apto a produzir
efeitos jurídicos em uma relação jurídica processual pode ser considerado
como um ato processual. Esse ato pode ser praticado durante o itinerário
do procedimento ou fora do processo. (...). Assim, ato processual é todo
aquele comportamento humano volitivo que é apto a produzir efeitos
jurídicos num processo, atual ou futuro.11
9
DONIZETTI, E. Curso Didático de Direito Processual Civil. 19. ed. São Paulo: Atlas, 2016, p.
411-412.
10
DIDIER JR., F. Curso de Direito Processual Civil. 17. ed. Salvador: JusPodivm, 2015, p. 373.
11
DIDIER JR., F. Curso de Direito Processual Civil. 17. ed. Salvador: JusPodivm, 2015, p. 374.
234
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
ser enquadrado como ato ou fato processual, nos termos das lições doutri-
nárias revistas em linhas pretéritas. O transcurso do tempo, sim, pode
gerar reflexos processuais e, como tal, ser visto como fato processual.
O prazo, abstratamente previsto em lei ou comando judicial, não.
Nesse compasso, em verdade denota-se que o prazo é simples-
mente um intervalo de tempo previsto em lei, manifestação judicial
ou convenção entre as partes para que alguém pratique determinado
fato (em sentido amplo), o qual, cumprido ou não, poderá produzir
diversos efeitos de natureza processual, material ou mesmo mista.
Nesse sentido, socorre-se das lições de Teresa Arruda Alvim Wambier
e Arthur Mendes Lobo:
12
WAMBIER, T. A. A.; LOBO, A. M. Prazos processuais devem ser contados em dias úteis com novo
CPC. 2016. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2016-mar-07/prazos-processuais-
contados-dias-uteis-cpc>. Acesso em: 29 maio 2017.
MARCOS BOECHAT LOPES FILHO
CONTA-SE EM DIAS ÚTEIS OU DIAS CORRIDOS O PRAZO PARA PAGAMENTO NO CUMPRIMENTO DEFINITIVO DE...
235
13
WAMBIER, T. A. A.; LOBO, A. M. Prazos processuais devem ser contados em dias úteis com novo
CPC. 2016. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2016-mar-07/prazos-processuais-
contados-dias-uteis-cpc>. Acesso em: 29 maio 2017.
14
BEZERRA FILHO, M. J. A recuperação judicial e o novo CPC. 2016. Disponível em: <http://
www.valor.com.br/legislacao/4581655/recuperacao-judicial-e-o-novo-cpc>. Acesso em: 30
maio 2017.
236
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
15
ASSIS, A. Processo Civil Brasileiro. Vol. II, Tomo II. Parte Geral: institutos fundamentais. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, p. 1.431.
16
ASSIS, A. Processo Civil Brasileiro. Vol. II, Tomo II. Parte Geral: institutos fundamentais. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, p. 1.450.
17
Art. 212, CPC/2015: Os atos processuais serão realizados em dias úteis, das 6 (seis) às 20
(vinte) horas.
238
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
encerrado em dia sem expediente forense (ou em que este, por qualquer
motivo, se encerrou mais cedo) para o primeiro dia útil subsequente.
Há quem explique, como Elpídio Donizetti, que a contagem
de prazos apenas em dias úteis revela por objetivo permitir que os
advogados não sejam obrigados a trabalhar nos fins de semana e
feriados. Confira-se:
Art. 213, CPC/2015: A prática eletrônica de ato processual pode ocorrer em qualquer horário
até as 24 (vinte e quatro) horas do último dia do prazo. Parágrafo único. O horário vigente
no juízo perante o qual o ato deve ser praticado será considerado para fins de atendimento
do prazo.
Art. 3º, Lei nº 11.419/2006: Consideram-se realizados os atos processuais por meio eletrônico
no dia e hora do seu envio ao sistema do Poder Judiciário, do que deverá ser fornecido
protocolo eletrônico. Parágrafo único. Quando a petição eletrônica for enviada para atender
prazo processual, serão consideradas tempestivas as transmitidas até as 24 (vinte e quatro)
horas do seu último dia.
18
DONIZETTI, E. Curso Didático de Direito Processual Civil. 19. ed. São Paulo: Atlas, 2016,
p. 435.
19
Enfim, não se cogite de adimplemento de uma obrigação quando, ao invés do devedor,
terceira pessoa efetuar o pagamento, ou quando a prestação for obtida coativamente, mediante
o exercício de pretensão do credor. Trata-se de casos em que o devedor é desonerado da
obrigação, com a satisfação do credor, sem, contudo, que propriamente tenha ela sido
adimplida (FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Direito das Obrigações. 3.
ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009, p. 267).
MARCOS BOECHAT LOPES FILHO
CONTA-SE EM DIAS ÚTEIS OU DIAS CORRIDOS O PRAZO PARA PAGAMENTO NO CUMPRIMENTO DEFINITIVO DE...
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20
O dispositivo legal mencionado refere-se ao CPC/1973.
21
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Direito das Obrigações. 3. ed. Rio de
Janeiro: Lumen Juris, 2009, p. 268.
22
Nesse ponto há de se atentar para o fato de que a obrigação de pagar quantia certa, líquida e
exigível não decorre do título executivo em si mesmo, senão de uma relação jurídica subjacente
com origem no direito material, a qual, por evidente, restou reconhecida judicialmente em
caráter definitivo. O título executivo judicial (normalmente sentença ou decisão interlocutória)
apenas se constitui processualmente como instrumento hábil para inauguração da fase de
cumprimento de sentença, identificando em seu conteúdo a obrigação em todos os seus
pormenores (quem deve, a quem se deve, o que se deve, quanto se deve e quando se deve).
23
Art. 513. O cumprimento da sentença será feito segundo as regras deste Título, observando-se,
no que couber e conforme a natureza da obrigação, o disposto no Livro II da Parte Especial
deste Código.
Art. 924. Extingue-se a execução quando: (...); II – a obrigação for satisfeita;
240
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
24
Vide artigos 304 e seguintes do Código Civil.
25
Enfim, ato-fato jurídico é aquele em que a hipótese de incidência pressupõe um ato humano,
porém os seus efeitos decorrem por conta da norma, pouco interessando se houve, ou não,
vontade em sua prática (FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Direito Civil
Teoria Geral. 8. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010, p. 506).
26
Ao tratar das espécies de fatos processuais, Araken de Assis ensina que: “Provindo o ato da
conduta, em algumas situações abstrai-se a relevância da vontade humana, considerando
apenas o fato daí gerado, criando, assim, a subespécie do ato-fato jurídico” (ASSIS, A.
Processo Civil Brasileiro. Vol. II, Tomo I. Parte Geral: institutos fundamentais. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2015, p. 1.270). Também Medina leciona que: “Há, ainda, fatos processuais
de que alguém participa, em sua configuração, sendo irrelevante a vontade, contudo. É
o que ocorre com aquilo que Pontes de Miranda chamou de ato-fato. Como exemplo de
ato-fato processual podem ser citados a não realização de um ato processual (que tem como
efeito a preclusão), o preparo etc.” (MEDINA, José Miguel Garcia. Direito Processual Civil
Moderno. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016, p. 325). Na mesma trilha, Didier:
“Há os atos-fatos processuais – atos reconhecidos pelo Direito como fatos, sendo, portanto,
absolutamente irrelevante a discussão sobre a existência de vontade e sobre o seu conteúdo.
Há diversos exemplos: a) atos-fatos reais: adiantamento de custas e do preparo (art. 1.007,
CPC); b) atos-fatos caducificantes: a revelia (art. 344, CPC) e a admissão (art. 374, III, CPC) –
em regra, a perda do prazo é exemplo de ato-fato processual caducificante; c) atos-fatos
indenizativos, como, por exemplo, a execução provisória que causou prejuízo ao executado,
com superveniente reforma/ou anulação do título judicial (art. 520, I, CPC). É claro que a
revelia, o preparo etc. podem ser condutas praticadas voluntariamente pelas partes. Mas
não é isso o que as caracteriza. Para o Direito Processual, é irrelevante a averiguação da
existência de vontade em tais atos” (DIDIER JR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil. 17.
ed. Salvador: JusPodivm, 2015, p. 375-376).
MARCOS BOECHAT LOPES FILHO
CONTA-SE EM DIAS ÚTEIS OU DIAS CORRIDOS O PRAZO PARA PAGAMENTO NO CUMPRIMENTO DEFINITIVO DE...
241
27
ASSIS, A. Processo Civil Brasileiro. Vol. II, Tomo I. Parte Geral: institutos fundamentais. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, p. 1.277.
28
É verdade que o devedor pode promover o depósito judicial da dívida para fins de impedir
a incidência dos consectários da mora (juros e correção monetária, por exemplo), ato que não
poderia ser considerado externo ao processo. Mas tal conduta não se revela propriamente
como pagamento, mesmo porque, nesse caso, procura o executado assim agir para que
possa discutir judicialmente a dívida sem o risco de esta ser agravada pela mora.
29
Art. 319, CC: O devedor que paga tem direito a quitação regular, e pode reter o pagamento,
enquanto não lhe seja dada.
242
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
30
O presente artigo foi redigido em maio de 2017, portanto, pouco mais de um ano após a
entrada em vigor do CPC/2015, que se deu em 18 de março de 2016.
31
MEDINA, J. M. G. Direito Processual Civil Moderno. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2016, p. 935.
MARCOS BOECHAT LOPES FILHO
CONTA-SE EM DIAS ÚTEIS OU DIAS CORRIDOS O PRAZO PARA PAGAMENTO NO CUMPRIMENTO DEFINITIVO DE...
243
sentença, portanto, é ato processual que deve ser praticado pela parte.
Incide a regra da contagem de prazo prevista no CPC 219 caput e par.
ún., de que os prazos previstos em lei ou designados pelo juiz fixados
em dias, correm apenas em dias úteis.32
32
NERY JUNIOR, N.; NERY, R. M. A. Código de Processo Civil Comentado. 16. ed., rev. atual e
ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016, p. 1.392.
33
WAMBIER, T. A. A. (Coord.). Primeiros Comentários ao novo código de processo civil: artigo por
artigo. 2. ed. rev. atual e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016, p. 955.
34
ROQUE, A. V. As armadilhas dos prazos no novo CPC. 2015. Disponível em: <https://jota.
info/colunas/novo-cpc/as-armadilhas-dos-prazos-no-novo-cpc-07092015>. Acesso em: 30
maio 2017.
35
DELLORE, L. O prazo para pagamento é em dias úteis ou corridos no cumprimento de sentença
e execução? 2016. Disponível em: <https://jota.info/colunas/novo-cpc/no-cumprimento-
de-sentenca-e-execucao-no-novo-cpc-o-prazo-para-pagamento-e-em-dias-uteis-ou-
corridos-02052016>. Acesso em: 30 maio 2017.
244
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
36
AMARAL, G. R. Comentários às alterações do novo CPC. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2016, p. 310.
37
NEVES, D. A. A. Manual de Direito Processual Civil: Volume Único. 8. ed. Salvador: JusPodivm,
2016, p. 1.124.
MARCOS BOECHAT LOPES FILHO
CONTA-SE EM DIAS ÚTEIS OU DIAS CORRIDOS O PRAZO PARA PAGAMENTO NO CUMPRIMENTO DEFINITIVO DE...
245
Referências
AMARAL, G. R. Comentários às alterações do novo CPC. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2016.
ASSIS, A. Processo Civil Brasileiro. Vol. II, Tomo II. Parte Geral: institutos fundamentais.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
ASSIS, A. Processo Civil Brasileiro. Volume I. Parte Geral: fundamentos e distribuição de
conflitos. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
BEZERRA FILHO, M. J. A recuperação judicial e o novo CPC. 2016. Disponível em: <http://
www.valor.com.br/legislacao/4581655/recuperacao-judicial-e-o-novo-cpc>. Acesso em:
30 maio 2017.
DELLORE, L. O prazo para pagamento é em dias úteis ou corridos no cumprimento de
sentença e execução? 2016. Disponível em: <https://jota.info/colunas/novo-cpc/
no-cumprimento-de-sentenca-e-execucao-no-novo-cpc-o-prazo-para-pagamento-e-
-em-dias-uteis-ou-corridos-02052016>. Acesso em: 30 maio 2017.
DIDIER JÚNIOR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil. 17. ed. Salvador: JusPodivm, 2015.
DONIZETTI, E. Curso Didático de Direito Processual Civil. 19. ed. São Paulo: Atlas, 2016.
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Direito Civil Teoria Geral. 8. ed. Rio
de Janeiro: Lumen Juris, 2010.
FARIAS, Cristiano Chaves; ROSENVALD, Nelson. Direito das Obrigações. 3. ed. Rio de
Janeiro: Lumen Juris, 2009.
38
Vide §§1º e 3º do artigo 523 do CPC/2015.
246
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
MEDINA, J. M. G. Direito Processual Civil Moderno. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2016.
NERY JUNIOR, N., NERY, R. M. A. Código de Processo Civil Comentado. 16. ed. rev. atual
e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016.
NEVES, D. A. A. Manual de Direito Processual Civil: Volume Único. 8. ed. Salvador:
JusPodivm, 2016.
ROQUE, A. V. As armadilhas dos prazos no novo CPC. 2015. Disponível em: <https://jota.
info/colunas/novo-cpc/as-armadilhas-dos-prazos-no-novo-cpc-07092015>. Acesso em:
30 maio 2017.
WAMBIER, T. A. A. (Coord.). Primeiros Comentários ao novo código de processo civil: artigo
por artigo. 2. ed. rev. atual e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016.
WAMBIER, T. A. A.; LOBO, A. M. Prazos processuais devem ser contados em dias úteis com
novo CPC. 2016. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2016-mar-07/prazos-proces-
suais-contados-dias-uteis-cpc>. Acesso em: 29 maio 2017.
LOPES FILHO, Marcos Boechat. Conta-se em dias úteis ou dias corridos o prazo
para pagamento no cumprimento definitivo de sentença por quantia certa?. In:
BRAGA NETTO, Felipe Peixoto; SILVA, Michael César; THIBAU, Vinícius Lott
(Coord.). O Direito Privado e o novo Código de Processo Civil: repercussões, diálogos
e tendências. Belo Horizonte: Fórum, 2018. p. 229-246. ISBN 978-85-450-0456-1.
PARTE II
O DIREITO DO CONSUMIDOR E O
NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
CAPÍTULO 1
1.1 Introdução
Di-a-logos; duas lógicas e só uma aplicação conjunta e coerente
de várias fontes e suas “lógicas” e espécies a um mesmo caso. Com esta
expressão semiótica e poética, o Professor Erik Jayme consolidou, na
teoria geral, a solução dos antigos conflitos de leis no tempo, a indicar
que, no pluralismo contemporâneo de fontes, elas não mais se excluem
ou se derrogam, até mesmo porque seus campos de aplicação material
e substancial não são mais perfeitamente coincidentes, mas co-habitam
e di-a-logam, sob os mandamentos constitucionais de proteção.1
O novo Código de Processo Civil não trata diretamente dos
direitos processuais (coletivos) do consumidor, mas naturalmente
o advento de um novo Código de Processo Civil coloca o intérprete
diante do desafio de reconstruir o sistema de defesa do consumidor,
1
Veja mais sobre o diálogo das fontes em JAYME, Erik. Identité culturelle et intégration: le
droit internationale privé postmoderne. Recueil des Cours de l’Académie de Droit International
de La Haye, Kluwer, Doordrecht, 1995, e na obra MARQUES, Claudia Lima (Org.). Diálogo
das fontes. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012, p. 9 e seg.
250
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
2
Veja sobre o tema FIGUEIRA, Joel Dias Júnior. Projeto Legislativo de Novo código de
Processo Civil e a crise da jurisdição. Revista dos Tribunais, n. 926, dez. 2012, p. 455 e seg.
3
Sobre essa perspectiva a respeito do conceito de sistema, ver CANNARIS, Claus-Wilhelm.
Pensamento Sistemático e Conceito de Sistema na Ciência do Direito. Trad. Antonio Menezes
Cordeiro. 2. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, 1996.
CLAUDIA LIMA MARQUES, LUIS ALBERTO REICHELT
O DIÁLOGO ENTRE O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL E A...
251
4
A esse respeito, comentando sobre o efeito útil e pro homine do status constitucional da proteção
do consumidor, ver o capítulo introdutório de Claudia Lima Marques em MARQUES,
Claudia Lima; BENJAMIN, Antônio Herman V.; MIRAGEM, Bruno. Comentários ao Código
de Defesa do Consumidor. 3. e. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010, p. 70.
5
Sobre o influxo da proibição de retrocesso na construção da hermenêutica própria dos
direitos fundamentais, ver SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais. 9.
ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2009, p. 448.
252
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
6
Sobre os critérios envolvidos na aplicação de regras sobre inversão do ônus da prova e de
dinamização do ônus da prova, ver REICHELT, Luis Alberto. A Prova no Direito Processual
Civil. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2009, p. 344 e seguintes.
7
Sobre a desconsideração da personalidade jurídica no novo CPC, ver XAVIER, José Tadeu
Neves. Primeiras reflexões sobre o incidente de desconsideração da personalidade jurídica.
Revista Jurídica, v. 458, 2015, p. 31-59; XAVIER, José Tadeu Neves. Aplicação da teoria da
desconsideração da personalidade jurídica no direito do consumidor (Jurisprudência
comentada). Revista de Direito do Consumidor, v. 105, 2016, p. 452-464; SOUZA, Gelson
Amaro de. Desconsideração da personalidade jurídica no CPC-2015. Revista de Processo,
v. 255, 2016, p. 91-113; e REICHELT, Luis Alberto. A desconsideração da personalidade
jurídica no projeto de novo Código de Processo Civil e a efetividade da tutela jurisdicional
do consumidor. Revista de Direito do Consumidor, v. 98, 2015, p. 245-259.
CLAUDIA LIMA MARQUES, LUIS ALBERTO REICHELT
O DIÁLOGO ENTRE O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL E A...
253
8
Ligando tal limite à necessidade de preservação da autonomia da vontade, ver as palavras
de Fernando Gajardoni em GAJARDONI, Fernando da Fonseca; DELLORE, Luiz; ROQUE,
André Vasconcelos; OLIVEIRA JÚNIOR, Zulmar Duarte. Teoria Geral do Processo. Comentários
ao CPC de 2015. Parte Geral. São Paulo: Método, 2015, p. 617-618.
254
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
9
Para aplicação prática a esse respeito em matéria consumerista, ver as considerações feitas em
REICHELT, Luis Alberto. O sistema de direitos fundamentais processuais densificado pelo
novo CPC e a necessária superação da Súmula 381 do STJ. Revista de Direito do Consumidor, v.
110, 2017, p. 459-472. Sobre o tema em geral à luz do novo CPC, ver, exemplificativamente,
FENSTERSEIFER, Wagner Arnold. Distinguishing e overruling na aplicação do art. 489, §1º, VI
do CPC/2015. Revista de Processo, v. 252, 2016, p. 371-385; MITIDIERO, Daniel. Precedentes. Da
persuasão à vinculação. São Paulo: Revista dos Tribunais: 2016; MITIDIERO, Daniel Francisco.
Precedentes, jurisprudência e súmulas no novo código de processo civil brasileiro. Revista
de Processo, v. 245, 2015, p. 333-349; PEIXOTO, Ravi de Medeiros. O sistema de precedentes
desenvolvido pelo CPC/2015: uma análise sobre a adaptabilidade da distinção (distinguishing)
e da distinção inconsistente (inconsistent distinguishing). Revista de Processo, v. 248, 2015, p.
331-355.
10
Para um panorama geral a respeito da tutela de evidência, ver FUX, Luiz. Tutela de segurança
e tutela da evidência: fundamentos da tutela antecipada. São Paulo: Saraiva, 1996; SILVA,
Jaqueline Mielke. A tutela provisória no novo Código de Processo Civil. 2. ed. Porto Alegre: Verbo
Jurídico, 2016; GRECO, Leonardo. A tutela da urgência e a tutela da evidência no Código de
Processo Civil de 2015. In: RIBEIRO, Darci Guimarães; JOBIM, Marco Félix (Org.). Desvendando
o novo CPC. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2015, p. 111-137; GAIO JÚNIOR, Antônio
Pereira. Apontamentos para a tutela provisória (urgência e evidência) no novo Código de
Processo Civil brasileiro. Revista de Processo, v. 254, 2016, p. 195-223; TESHEINER, José Maria
Rosa; THAMAY, Rennan Faria Krüger. Aspectos da tutela provisória: da tutela de urgência
e tutela da evidência. Revista de Processo, v. 257, 2016, p. 179-214; CARDOSO, Oscar Valente.
A tutela provisória no novo código de processual civil: urgência e evidência. Revista Dialética
de Direito Processual, v. 148, 2015, p. 86-98.
CLAUDIA LIMA MARQUES, LUIS ALBERTO REICHELT
O DIÁLOGO ENTRE O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL E A...
255
11
A respeito da noção de standard de prova, ver KNIJNIK, Danilo. Os standards do convencimento
judicial: Paradigmas para o seu possível controle. Revista Forense, v. 353, 2001, p. 15-52;
REICHELT, Luis Alberto. A Prova no Direito Processual Civil. Op. cit., p. 212; ALI, Anwar
Mohamad. Meios para superação da prova diabólica: da distribuição dinâmica do ônus
da prova aos standards probatórios. Revista Forense, v. 424, 2016, p. 459-478; BALTAZAR
JÚNIOR, José Paulo. Standards probatórios. In: KNIJNIK, Danilo (Coord.). Prova judiciária:
estudos sobre o novo direito probatório. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2007,
p. 153-170.
12
Sobre a relação entre o art. 5º, XXXV, e o sistema de justiça multiportas, ver REICHELT, Luis
Alberto. O direito fundamental à inafastabilidade do controle jurisdicional e sua densificação
no novo CPC. Revista de Processo, v. 258, 2016, p. 41-58; TAKAHASHI, Bruno. Entre a liberdade
e a autoridade: os meios consensuais no novo Código de Processo Civil. Revista de Processo,
São Paulo, v. 264, 2017, p. 497-522; MENDES, Aluísio Gonçalves de Castro; HARTMANN,
Guilherme Kronemberg. A audiência de conciliação ou de mediação no novo Código de
Processo Civil. Revista de Processo, v. 253, 2016, p. 163-184. Especificamente em relação à
situação consumerista, ver: MARQUES, Claudia Lima. Nota sobre a proteção do consumidor
no Novo Código de Processo Civil (Lei 13.105/2015). Revista de Direito do Consumidor, v.
104, 2016, p .555-564; FROTA, Renata Marques da. Mediação e conciliação de conflitos de
256
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
14
A respeito da exegese do comando em questão, ver as ponderações de Fernando Gajardoni
em GAJARDONI, Fernando da Fonseca; DELLORE, Luiz; ROQUE, André Vasconcelos;
OLIVEIRA JÚNIOR, Zulmar Duarte. Teoria Geral do Processo. Comentários ao CPC de 2015.
Parte Geral. Op. cit., p. 458; ALMEIDA, Roberto Sampaio Contreiras de in WAMBIER, Teresa
Arruda Alvim; DIDIER JR., Fredie; TALAMINI, Eduardo; DANTAS, Bruno (Org.). Breves
Comentários ao Novo Código de Processo Civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, p. 451-453;
NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Medidas executivas coercitivas atípicas na execução
de obrigação de pagar quantia certa – art. 139, IV, do novo CPC. Revista de Processo, v. 265,
2017, p. 107-150; SANTOS, Edilton Meireles de Oliveira. Medidas sub-rogatórias, coercitivas,
mandamentais e indutivas no Código de Processo Civil de 2015. Revista de Processo, v. 247,
2015, p. 231-246.
15
Veja sobre o tema o interessante HANAU, Hans. Der Grundsatz der Verhältnismässigkeit als
Schranke privater Gestaltungsmacht. Tübingen: Mohr, 2004.
16
Relativamente à possibilidade de adequação do procedimento na forma do art. 139, VI do
CPC, ver ALMEIDA, Roberto Sampaio Contreiras de in WAMBIER, Teresa Arruda Alvim;
258
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
DIDIER JR., Fredie; TALAMINI, Eduardo; DANTAS, Bruno (Org.). Breves Comentários ao
Novo Código de Processo Civil. Op. cit., p. 454-456.
CLAUDIA LIMA MARQUES, LUIS ALBERTO REICHELT
O DIÁLOGO ENTRE O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL E A...
259
contraditório. Revista da AJURIS, v. 74, 1998, p. 103-120; REICHELT, Luis Alberto. O conteúdo
da garantia do contraditório no direito processual civil. Revista de Processo, v. 162, 2008, p.
330-351.
260
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
Referências
ALI, Anwar Mohamad. Meios para superação da prova diabólica: da distribuição dinâmica
do ônus da prova aos standards probatórios. Revista Forense, v. 424, 2016, p. 459-478.
ALVARO DE OLIVEIRA, Carlos Alberto. A garantia do contraditório. Revista da AJURIS,
v. 74, 1998, p. 103-120.
ALVARO DE OLIVEIRA, Carlos Alberto. Do Formalismo no Processo Civil. 3. ed. São
Paulo: Saraiva, 2009.
BALTAZAR JÚNIOR, José Paulo. Standards probatórios. In: KNIJNIK, Danilo (Coord.).
Prova judiciária: estudos sobre o novo direito probatório. Porto Alegre: Livraria do
Advogado, 2007, p. 153-170.
BARBOSA MOREIRA, José Carlos. A função social do processo civil moderno e o papel
do juiz e das partes na direção e na instrução do processo. Revista de Processo, v. 37, 1985,
p. 140-150.
CANNARIS, Claus-Wilhelm. Pensamento Sistemático e Conceito de Sistema na Ciência do
Direito. Trad. Antonio Menezes Cordeiro. 2. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, 1996.
CARDOSO, Oscar Valente. A tutela provisória no novo código de processual civil: urgência
e evidência. Revista Dialética de Direito Processual, v. 148, 2015, p. 86-98.
DIDIER JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil. v. I. 17. ed. Salvador: JusPodivm, 2015.
FENSTERSEIFER, Wagner Arnold. Distinguishing e overruling na aplicação do art. 489,
§1º, VI do CPC/2015. Revista de Processo, v. 252, 2016, p. 371-385.
FIGUEIRA, Joel Dias Júnior. Projeto Legislativo de Novo código de Processo Civil e a
crise da jurisdição. Revista dos Tribunais, n. 926, dez. 2012, p. 455-478.
FROTA, Renata Marques da. Mediação e conciliação de conflitos de consumo: uma
análise luso-brasileira. Revista Luso-Brasileira de Direito do Consumo, v. 22, 2016, p. 161-185.
FUX, Luiz. Teoria Geral do Processo Civil. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016.
FUX, Luiz. Tutela de segurança e tutela da evidência: fundamentos da tutela antecipada.
São Paulo: Saraiva, 1996.
18
Veja o parecer de Claudia Lima Marques em Revista de Direito do Consumidor, n. 68, p. 9-39.
262
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
REICHELT, Luis Alberto. A Prova no Direito Processual Civil. Porto Alegre: Livraria do
Advogado, 2009.
SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais. 10. ed. Porto Alegre: Livraria
do Advogado, 2009.
SILVA, Jaqueline Mielke. A tutela provisória no novo Código de Processo Civil. 2. ed. Porto
Alegre: Verbo Jurídico, 2016.
TESHEINER, José Maria Rosa; THAMAY, Rennan Faria Krüger. Aspectos da tutela
provisória: da tutela de urgência e tutela da evidência. Revista de Processo, v. 257, 2016,
p. 179-214.
WAMBIER, Teresa Arruda Alvim; DIDIER JR., Fredie; TALAMINI, Eduardo; DANTAS,
Bruno (Org.). Breves Comentários ao Novo Código de Processo Civil. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
A DINÂMICA DE REDISTRIBUIÇÃO
DO ÔNUS DA PROVA NO NOVO
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
2.1 Introdução
A forma pela qual ocorre a distribuição do ônus da prova no
processo é um dos temas mais relevantes em direito. Por meio dela é
que se estabelecerão as bases da relação jurídico-processual destinada à
satisfação do direito material invocado pela parte. Vale dizer, a obtenção
da tutela jurisdicional estará condicionada à satisfação adequada do
ônus probatório pela parte à qual este incumba. Por essa razão, é
essencial que a distribuição desse ônus entre as partes seja clara e leal.
Nesse sentido, tanto a clareza quanto a lealdade na distribuição do
ônus probatório são condicionantes que exsurgem da boa-fé objetiva, a
qual, segundo já se referiu em outra oportunidade,1 possui efeitos não
só sobre o direito material, mas também sobre o direito processual. O
destinatário desse dever é o magistrado.
De igual modo, além da clareza na distribuição do ônus proba-
tório, é indispensável a razoabilidade nessa distribuição. Nesse ponto,
exige-se do magistrado sensibilidade para não permitir a imposição a
uma das partes de ônus processual impossível ou excessivamente difícil.
AMORIM, Bruno de Almeida Lewer; FIUZA, César. Princípio da boa-fé processual. In:
1
MAZIERO, Franco Giovanni Mattedi (Org.) O direito empresarial sob o enfoque do novo código
de processo civil. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2016.
266
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
2
MIRAGEM, Bruno. Curso de direito do consumidor. 4. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2013, p. 210-211.
3
TUCCI, José Rogério Cruz e. Código do consumidor e processo civil. Aspectos polêmicos.
Revista dos Tribunais, São Paulo, v. 671, set. 1991, p. 33.
270
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
4
BRAGA NETTO, Felipe Peixoto. Manual de direito do consumidor: à luz da jurisprudência do
STJ. 10. ed. Salvador: JusPodivm, 2014, p. 471-472.
5
Recomenda-se também a lição de Felipe Peixoto Braga Netto: “É importante distinguir
vulnerabilidade de hipossuficiência. A hipossuficiência deve ser aferida pelo juiz no caso
concreto e, se existente, poderá fundamentar a inversão do ônus da prova (CDC, art. 6º,
VIII). É possível, por exemplo, que em demanda relativa a cobranças indevidas realizadas
por operadora de telefonia celular, o juiz determine a inversão do ônus da prova tendo em
vista a hipossuficiência do cliente (não é razoável exigir do consumidor a prova de que
não fez determinadas ligações. É razoável, por outro lado, exigir da operadora semelhante
prova. É preciso, para deferir a inversão, analisar a natureza do serviço prestado, o grau
de instrução do consumidor etc.). A hipossuficiência diz respeito, nessa perspectiva, ao
direito processual, ao passo que a vulnerabilidade diz respeito ao direito material. Já a
presunção de vulnerabilidade do consumidor é absoluta. Todo consumidor é vulnerável,
por conceito legal. A vulnerabilidade não depende da condição econômica, ou de quaisquer
BRUNO DE ALMEIDA LEWER AMORIM, CÉSAR FIUZA
A DINÂMICA DE REDISTRIBUIÇÃO DO ÔNUS DA PROVA NO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
271
contextos outros” (BRAGA NETTO, Felipe Peixoto. Manual de direito do consumidor: à luz
da jurisprudência do STJ. 10. ed. Salvador: JusPodivm, 2014, p. 471-472).
6
Art. 373 (...) §3º: A distribuição diversa do ônus da prova também pode ocorrer por
convenção das partes, salvo quando: I – recair sobre direito indisponível da parte; II – tornar
excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito.
272
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
7
PEYRANO, Jorge W. (Director); WHITE, Inês Lépori (Coordinadora). Cargas probatórias
dinâmicas. Santa Fe: Rubinzal-Culzoni, 2008.
8
WAMBIER, Teresa Arruda Alvim; MEDINA, José Miguel Garcia. Processo civil moderno –
Parte geral e processo de conhecimento. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011, p. 248.
9
Nesse sentido: Apelação nº 9064684-68.2006.8.26.0000, 8ª Câm. Dir. Priv., rel. Des. Luiz Ambra,
j. 04/05/2011, v.u.; Apelação nº 0003535-38.2004.8.26.0408, 26ª Câm. Dir. Priv., rel. Des. Carlos
Alberto Garbi, j. 27/04/2011, v.u.; Apelação nº 9203036-40.2005.8.26.0000, 27ª Câm. Dir. Priv.,
rel. designado Des. Gilberto Leme, j. 05.04.2011, m.v.; Apelação nº 0000467-40.2009.8.26.0397,
26ª Câm. Dir. Priv., rel. Des. Carlos Alberto Garbi, j. 01.03.2011, v.u.; Agravo de Instrumento
nº 0405015-36.2010.8.26.0000, 21ª Câm. Dir. Priv., rel. Des. Itamar Gaino, j. 02.02.2011, m.v.
274
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
10
GIDI, Antonio. Aspectos da inversão do ônus da prova no código de defesa do consumidor.
Revista de Direito do Consumidor, São Paulo, v. 13, p. 33-41, jan./mar. 1995, p. 34.
11
CALDEIRA, Mirella D’Angelo. Ônus da prova. Revista de Direito do Consumidor, São Paulo,
n. 38, p. 166-180, abr./jun. 2001, p. 173.
BRUNO DE ALMEIDA LEWER AMORIM, CÉSAR FIUZA
A DINÂMICA DE REDISTRIBUIÇÃO DO ÔNUS DA PROVA NO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
277
12
ANDRADE, André Gustavo C. de. A inversão do ônus da prova no código de defesa do
consumidor – O momento em que se opera a inversão e outras questões. Disponível em:
<https://portaltj.tjrj.jus.br/c/document_library/get_file?uuid=f879d446-6140-464d-bb61-
8eafadf225c2&groupId=10136>. Acesso em: 14 maio 2017.
13
ANDRADE, André Gustavo C. de. A inversão do ônus da prova no código de defesa do
consumidor – O momento em que se opera a inversão e outras questões. Disponível em:
<https://portaltj.tjrj.jus.br/c/document_library/get_file?uuid=f879d446-6140-464d-bb61-
8eafadf225c2&groupId=10136>. Acesso em: 14 maio 2017.
14
FERRARA, Francesco. Interpretação e aplicação das leis. Coimbra: Armênio Amado, 1963,
p. 140.
278
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
A posse da verdade absoluta não se encontra apenas por acaso além das
mentes particulares; é incompatível com o estar vivo, porque exclui toda
situação, órgão, interesse ou data de investigação particulares: a verdade
absoluta não se pode descobrir, justamente porque é uma perspectiva.17
15
WATANABE, Kazuo. Código brasileiro de defesa do consumidor. 5. ed. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 1997, p. 618.
16
ANDRADE, André Gustavo C. de. A inversão do ônus da prova no código de defesa do consumidor –
O momento em que se opera a inversão e outras questões. Disponível em: <https://portaltj.
tjrj.jus.br/c/document_library/get_file?uuid=f879d446-6140-464d-bb618eafadf225c2&grou
pId=10136>. Acesso em: 14 maio 2017.
17
SANTAYANA, Georges Apud SAVATER, Fernando. As perguntas da vida. São Paulo: Martins
Fontes, 2001, p. 40.
18
GRINOVER, Ada Pellegrini e outros. Código brasileiro de defesa do consumidor – Comentado
pelos autores do anteprojeto. v. I. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011, p. 164.
BRUNO DE ALMEIDA LEWER AMORIM, CÉSAR FIUZA
A DINÂMICA DE REDISTRIBUIÇÃO DO ÔNUS DA PROVA NO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
279
19
GRINOVER, Ada Pellegrini e outros. Código brasileiro de defesa do consumidor – Comentado
pelos autores do anteprojeto. v. I. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011, p. 165.
280
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
20
MIRAGEM, Bruno. Curso de direito do consumidor. 4. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2013, p. 213.
21
RECURSO ESPECIAL REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC) – AÇÃO DE COBRANÇA –
EXPURGOS INFLACIONÁRIOS EM CADERNETA DE POUPANÇA – PLANOS BRESSER E
VERÃO – EXIBIÇÃO DOS EXTRATOS BANCÁRIOS – INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA
EM FAVOR DA CORRENTISTA – POSSIBILIDADE – OBRIGAÇÃO DECORRENTE DE
LEI – CONDICIONAMENTO OU RECUSA – INADMISSIBILIDADE – RESSALVA –
DEMONSTRAÇÃO DE INDÍCIOS MÍNIMOS DA EXISTÊNCIA DA CONTRATAÇÃO –
INCUMBÊNCIA DO AUTOR (ART. 333, I, DO CPC) – ART. 6º DA LEI DE INTRODUÇÃO
AO CÓDIGO CIVIL – AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO – INCIDÊNCIA DO
ENUNCIADO N. 211/STJ – NO CASO CONCRETO, RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO.
(...) A obrigação da instituição financeira de exibir os extratos bancários necessários à
BRUNO DE ALMEIDA LEWER AMORIM, CÉSAR FIUZA
A DINÂMICA DE REDISTRIBUIÇÃO DO ÔNUS DA PROVA NO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
281
comprovação das alegações do correntista decorre de lei, já que se trata de relação jurídica
tutelada pelas normas do Código do Consumidor, de integração contratual compulsória,
não podendo ser objeto de recusa nem de condicionantes, em face do princípio da boa-
fé objetiva; (...) IV – Para fins do disposto no art. 543-C, do Código de Processo Civil, é
cabível a inversão do ônus da prova em favor do consumidor para o fim de determinar
às instituições financeiras a exibição de extratos bancários, enquanto não estiver prescrita
a eventual ação sobre eles, tratando-se de obrigação decorrente de lei e de integração
contratual compulsória, não sujeita à recusa ou condicionantes, tais como o adiantamento
dos custos da operação pelo correntista e a prévia recusa administrativa da instituição
financeira em exibir os documentos, com a ressalva de que ao correntista, autor da ação,
incumbe a demonstração da plausibilidade da relação jurídica alegada, com indícios
mínimos capazes de comprovar a existência da contratação, devendo, ainda, especificar, de
modo preciso, os períodos em que pretenda ver exibidos os extratos (STJ, REsp 1.133.872/
PB, 2ª Seção., j. 12.12.2011, rel. Min. Massami Uyeda, DJe 28.03.2012).
22
MIRAGEM, Bruno. Curso de direito do consumidor. 4. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2013, p. 213-214.
23
GRINOVER, Ada Pellegrini; FILOMENO, José Geraldo Brito; e outros. Código brasileiro de
defesa do consumidor – Comentado pelos autores do anteprojeto. v. I. 10. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2011, p. 159.
24
Nesse sentido, vide arts. 14, §3º, e 38 do Código de Defesa do Consumidor. Nesses casos, é a
lei que distribui o ônus probatório de forma diversa prevista no art. 373 do novo CPC, e não
o magistrado. Enquanto no art. 6º, VIII, do CDC a inversão é posta como uma possibilidade
do juiz, nos arts. 14, §3º, e 38 do mesmo Diploma, a inversão – ou distribuição diversa do
ônus, como preferido – é determinada a ele, que não tem opção a não ser observá-la, quando
da análise dos fatos e das provas.
25
Esse também o entendimento jurisprudencial: “AGRAVO DE INSTRUMENTO. NEGÓCIOS
JURÍDICOS BANCÁRIOS. AÇÃO REVISIONAL. CDC. INVERSÃO DO ÔNUS DA
PROVA. A inversão do ônus da prova prevista no inc. VIII do art. 6º do CDC não ocorre de
modo automático, mas ope judicis. O dispositivo autoriza o julgador a invertê-lo quando
convencido da verossimilhança das alegações ou da hipossuficiência da parte que a
postula. – Circunstância dos autos em que se impõe manter a decisão recorrida. NEGADO
SEGUIMENTO AO RECURSO” (grifo nosso). (TJRS – AI: 70063625602 RS, Relator: João
282
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
Moreno Pomar, Data de Julgamento: 23.02.2015, Décima Oitava Câmara Cível, Data de
Publicação: Diário da Justiça do dia 25.02.2015).
26
AGRAVO. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA DE OFÍCIO PELO MAGISTRADO.
POSSIBILIDADE. NORMA DE ORDEM PÚBLICA. VULNERABILIDADE TÉCNICA DO
CONSUMIDOR. POSSIBILIDADE DE INVERSÃO. Desproveram o agravo. Unânime.
(TJRS – AI: 70044985497, Décima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jorge
Alberto Schreiner Pestana, Julgado em 29.03.2012).
27
Nesse sentido, lembre-se que a Lei nº 9.099/95, em seu art. 9º, dispensa a assistência por
advogado em causas de até vinte salários mínimos, podendo o consumidor comparecer
pessoalmente e realizar a atermação de sua reclamação. Nessas situações, prerrogativas
como a inversão do ônus da prova restariam prejudicadas se o magistrado não pudesse
avaliar a presença dos requisitos legais ex officio, uma vez que o consumidor, como regra,
desconhece aspectos técnico-jurídicos da demanda e não os arguirá se não estiver assistido
por advogado.
BRUNO DE ALMEIDA LEWER AMORIM, CÉSAR FIUZA
A DINÂMICA DE REDISTRIBUIÇÃO DO ÔNUS DA PROVA NO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
283
e que as partes queiram lograr êxito no litígio, por isso agindo estrate-
gicamente para alcançar esse objetivo, estabelecer um processo coope-
rativo/coparticipativo implica induzir comportamentos contrafáticos
aos atores processuais.
‘Nestes termos, não é possível mais ler, sob a égide do Novo CPC, a
cooperação como singela colaboração’, ela importa assumir o contradi-
tório como garantia de influência e não surpresa, além de inibir os atos
praticados em má-fé processual, com o objetivo exclusivo de retardar
a prestação jurisdicional.
Para atender a essas premissas surgem para o magistrado deveres, quais
sejam os de prevenção, de esclarecimento, de assistência e de consulta
das partes sobre os pontos fáticos e jurídicos que cerquem a demanda.
[...]
O dever de assistência às partes configura-se na obrigação de o juiz
remover os obstáculos que, justificadamente, dificultem a obtenção de
documento ou informação que condicione o eficaz exercício de uma
faculdade ou o cumprimento de um ônus processual ou dever jurídico
pelas partes.
Assim, tem-se que a boa-fé processual alcança não apenas as partes,
mas também os juízes e tribunais.28
AMORIM, Bruno de Almeida Lewer; FIUZA, César. Princípio da boa-fé processual. In:
28
MAZIERO, Franco Giovanni Mattedi (Org.) O direito empresarial sob o enfoque do novo Código
de Processo Civil. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2016, p. 6-7.
284
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
29
Nesse sentido posicionou-se o STJ, entendendo a inversão ope judicis do ônus probatório como
regra de instrução, conforme evidencia o julgamento do REsp nº 1.395.254/SC, de relatoria
da Min. Nancy Andrighi: “DIREITO PROCESSUAL CIVIL E CONSUMIDOR. RECURSO
ESPECIAL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E COMPENSAÇÃO POR
DANOS MORAIS. CIRURGIA ESTÉTICA. OBRIGAÇÃO DE RESULTADO. INVERSÃO
DO ÔNUS DA PROVA. REGRA DE INSTRUÇÃO. ARTIGOS ANALISADOS: 6º, VIII, E
14, CAPUT E §4º, DO CDC. 1. Ação de indenização por danos materiais e compensação por
danos morais, ajuizada em 14.09.2005. Dessa ação foi extraído o presente recurso especial,
concluso ao Gabinete em 25.06.2013. 2. Controvérsia acerca da responsabilidade do médico
na cirurgia estética e da possibilidade de inversão do ônus da prova. 3. A cirurgia estética é
uma obrigação de resultado, pois o contratado se compromete a alcançar um resultado
específico, que constitui o cerne da própria obrigação, sem o que haverá a inexecução desta.
4. Nessas hipóteses, há a presunção de culpa, com inversão do ônus da prova. 5. O uso da
técnica adequada na cirurgia estética não é suficiente para isentar o médico da culpa pelo
não cumprimento de sua obrigação. 6. A jurisprudência da 2ª Seção, após o julgamento do
Resp 802.832⁄MG, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, DJe de 21.09.2011, consolidou-se no
sentido de que a inversão do ônus da prova constitui regra de instrução, e não de julgamento. 7.
Recurso especial conhecido e provido” (grifos nossos) (STJ, REsp nº 1.395.254/SC, Rel. Min.
Nancy Andrighi, DJE 29.11.2013).
BRUNO DE ALMEIDA LEWER AMORIM, CÉSAR FIUZA
A DINÂMICA DE REDISTRIBUIÇÃO DO ÔNUS DA PROVA NO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
285
Art. 357. Não ocorrendo nenhuma das hipóteses deste Capítulo, deverá
o juiz, em decisão de saneamento e de organização do processo: [...]
III – definir a distribuição do ônus da prova, observado o art. 373.
2.5 Conclusão
A partir da análise realizada neste capítulo, algumas constatações
são evidentes. Quanto às principais inovações contidas no novo Código
de Processo Civil, tangentes ao tema da distribuição do ônus da prova,
destacam-se a previsão expressa da possibilidade de distribuição
dinâmica do ônus da prova pelo juiz, a exigência de fundamentação
específica da decisão judicial que tratar do tema, estando inclusive
sujeita a recurso, e a positivação do entendimento pacificado pelo STJ
30
Dizemos novel regra apenas quanto à previsão expressa acerca da inversão ope judicis pelo
novo CPC, pois, como demonstrado, o instituto já era aplicado na seara cível e até mesmo
tributária mesmo sem previsão expressa no CPC de 1973.
286
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
Referências
ANDRADE, André Gustavo C. de. A inversão do ônus da prova no código de defesa do
consumidor – O momento em que se opera a inversão e outras questões. Disponível em:
<https://portaltj.tjrj.jus.br/c/document_library/get_file?uuid=f879d446-6140-464d-bb-
61-8eafadf225c2&groupId=10136>. Acesso em: 14 maio 2017.
AMORIM, Bruno de Almeida Lewer; FIUZA, César. Princípio da boa-fé processual. In:
MAZIERO, Franco Giovanni Mattedi (Org.) O direito empresarial sob o enfoque do novo
Código de Processo Civil. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2016.
BRAGA NETTO, Felipe Peixoto. Manual de direito do consumidor: à luz da jurisprudência
do STJ. 10. ed. Salvador: JusPodivm, 2014.
BUENO, Cássio Scarpinella. Novo Código de Processo Civil anotado. 2. ed. São Paulo:
Saraiva, 2016.
CALDEIRA, Mirella D’Angelo. Ônus da prova. Revista de Direito do Consumidor, São
Paulo, n. 38, p. 166-180, abr./jun. 2001.
FERRARA, Francesco. Interpretação e aplicação das leis. Coimbra: Armênio Amado, 1963.
BRUNO DE ALMEIDA LEWER AMORIM, CÉSAR FIUZA
A DINÂMICA DE REDISTRIBUIÇÃO DO ÔNUS DA PROVA NO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
287
3.1 Introdução
O Código de Proteção e Defesa do Consumidor (CDC), instituído
pela Lei nº 8.078, entrou em vigor em 11 de setembro de 1990. Pela
codificação, passaram a integrar o ordenamento brasileiro, de modo
expresso, regras e princípios regentes da relação de consumo, que
receberam, do próprio legislador, a taxionomia de “normas de ordem
pública e interesse social” (art. 1º).
Versando sobre matéria procedimental, o CDC indicou as
diretrizes por via das quais a proteção do consumidor passou a alcançar
não só aspectos contratuais das relações consumeristas, mas, também,
sua atuação em juízo, fazendo-o mediante determinação expressa da
“facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus
da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for
verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as
regras ordinárias de experiências” (art. 6º, VIII).
Instituiu o CDC, portanto, a possibilidade de, no âmbito de sua
incidência, realizar-se a distribuição ope judicis do ônus de provar.
Embora sob o equivocado rótulo de “inversão do ônus da prova”,1 restou
Nesse sentido, confira a lição de Vinícius Lott Thibau, para quem: “Ao dispor sobre a
1
incorre em uma atecnia, uma vez que, em momento algum, atribui ao fornecedor o ônus de
provar o fato constitutivo do direito do consumidor autor do procedimento e, muito menos,
o ônus de provar o fato modificativo, impeditivo ou extintivo do direito do consumidor
réu do procedimento. Para a facilitação da defesa do consumidor em juízo, o Código de
Defesa do Consumidor estabelece apenas a possibilidade de que, por determinação judicial,
atribua-se ao fornecedor o ônus de provar a inocorrência do fato alegado pelo consumidor,
seja ele constitutivo, modificativo, impeditivo ou extintivo, conforme o consumidor ocupe
a posição de autor ou de réu no procedimento” (THIBAU, Vinícius Lott. A distribuição
judicial do ônus da prova e o direito do consumidor. Revista Eletrônica de Direito do Centro
Universitário Newton Paiva, Belo Horizonte, n. 27, p. 77-85, set./dez. 2015, p. 78).
ANDRÉ CORDEIRO LEAL, VINÍCIUS LOTT THIBAU
OS IMPACTOS DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015 NA DISTRIBUIÇÃO JUDICIAL DO ÔNUS DE PROVAR RELATIVA...
291
Sobre o assunto, veja, em especial, as obras de: PEDRASSI, Cláudio Augusto. O ônus da
2
prova e o art. 6º, VIII, do CDC (Lei 8.078/90). Revista Paulista da Magistratura, São Paulo, v.
292
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
2, jul./dez. 2001, p. 69; CARVALHO FILHO, Milton Paulo de. Ainda a inversão do ônus
da prova no código de defesa do consumidor. Revista dos Tribunais, São Paulo, Revista dos
Tribunais, v. 807, p. 56-81, jan. 2003, p. 68; ANDRADE, André Gustavo C. de. A inversão
do ônus da prova no código de defesa do consumidor. Revista de Direito do Consumidor,
São Paulo, Revista dos Tribunais, v. 48, p. 89-114, out./dez. 2003, p. 91-92; SICA, Heitor
Vitor Mendonça. Questões velhas e novas sobre a inversão do ônus da prova (CDC, art. 6º,
VIII). Revista de Processo, São Paulo, Revista dos Tribunais, n. 146, p. 49-68, abr. 2007, p. 54.
3
SICA, Heitor Vitor Mendonça. Questões velhas e novas sobre a inversão do ônus da prova
(CDC, art. 6º, VIII). Revista de Processo, São Paulo, Revista dos Tribunais, n. 146, p. 49-68,
abr. 2007, p. 55.
4
Embora haja alusão a que se trataria de um raciocínio “dedutivo”, trata-se, de acordo com a
epistemologia tradicional, de um raciocínio indutivo. Segundo afirma David Hume, o filósofo
do indutivismo: “É apenas pela EXPERIÊNCIA, portanto, que podemos inferir a existência
de um objeto da existência de outro. A natureza da experiência é a seguinte. Lembramo-nos
de ter tido exemplos freqüentes da existência de objetos de uma certa espécie; e também
nos lembramos que os indivíduos de uma outra espécie de objetos sempre acompanharam
os primeiros, existindo em uma ordem regular de contigüidade e sucessão em relação a
eles. Assim, lembramo-nos de ter visto aquela espécie de objetos que denominamos chama,
e de ter sentido aquela espécie de sensação que denominamos calor. Recordamo-nos,
igualmente, de sua conjunção constante em todos os casos passados. Sem mais cerimônias,
chamamos à primeira de causa e à segunda de efeito, e inferimos a existência de uma da
existência da outra. Em todos os casos com base nos quais constatamos a conjunção entre
causas e efeitos particulares, tanto a causa como o efeito foram percebidos pelos sentidos, e
foram recordados. Mas em todos os casos em que raciocinamos a seu respeito, apenas um é
percebido ou lembrado, enquanto o outro é suprido em conformidade com nossa experiência
passada” (HUME, David. Tratado da natureza humana: uma tentativa de introduzir o método
experimental de raciocínio nos assuntos morais. Trad. Débora Danowski. 2. ed., rev. e ampl.
São Paulo: UNESP, 2009, p. 116).
5
POPPER, Karl R. O conhecimento e o problema corpo-mente. Trad. Joaquim Alberto Ferreira
Gomes. Lisboa: Edições 70, 2002.
ANDRÉ CORDEIRO LEAL, VINÍCIUS LOTT THIBAU
OS IMPACTOS DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015 NA DISTRIBUIÇÃO JUDICIAL DO ÔNUS DE PROVAR RELATIVA...
293
6
Sobre o conceito de máximas de experiência, destaca-se o magistério de Friedrich Stein,
aludindo igualmente à indução: “São definições ou juízos hipotéticos de conteúdo geral,
desvencilhados dos fatos concretos que se julgam no processo, procedentes da experiência,
mas independentes dos casos particulares de cuja observação foram induzidos e que, além
desses casos, pretendem ter validade para outros novos”. No original: “Son definiciones o
juicios hipotéticos de contenido general, desligados de los hechos concretos que se juzgan en el processo,
procedentes de la experiencia, pero independientes de los casos particulares de cuya observación se
han inducido y que, por encima de esos casos, pretenden tener validez para otros nuevos” (STEIN,
Friedrich. El conocimiento privado del juez – investigaciones sobre el derecho probatorio en
ambos procesos. 2. ed. Traducción y notas de Andrés de la Oliva Santos. Bogotá: TEMIS,
1988, p. 27). Sobre o tema, no Brasil, confira, sobretudo, a lição de Moacyr Amaral Santos: “O
juiz, como homem culto e vivendo em sociedade, no encaminhar das provas, no avaliá-las,
no interpretar e aplicar o direito, no decidir, enfim, necessariamente usa de uma porção de
noções extrajudiciais, fruto de sua cultura, colhida de seus conhecimentos sociais, científicos,
artísticos ou práticos, dos mais aperfeiçoados aos mais rudimentares. São as noções a que
se costumou, por iniciativa do processualista STEIN, denominar de máximas da experiência,
ou regras da experiência, isto é, juízos formados na observação do que comumente acontece
e que, como tais, podem ser formados em abstrato por qualquer pessoa de cultura média”
(SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de direito processual civil. 24. ed. v. II. São Paulo:
Saraiva, 2008, p. 351).
7
É o que se lê, por amostragem, da lição de Piero Calamandrei, segundo o qual “[...] o juízo
de verossimilhança não aguarda as representações probatórias do fato a provar: baseia-se,
mas que na indagação em concreto, em uma máxima de experiência que corresponde à
frequência com que na realidade se produzem os fatos do tipo alegado. É um juízo ‘típico’,
que não surge da comparação entre diferentes representações do mesmo fato (entre a
representação que dá a parte e, por exemplo, as que lhe dão as testemunhas), e sim da
confrontação entre uma representação dele dada pela parte e um juízo de ordem geral, já
adquirido anteriormente, que tem por objeto a categoria típica sob a qual se pode incluir
abstratamente no fato representado” (CALAMANDREI, Piero. Instituições de direito processual
civil. Trad. Douglas Dias Ferreira. 2. ed. v. III. Campinas: Bookseller, 2003, p. 285).
8
THIBAU, Vinícius Lott. A distribuição judicial do ônus da prova e o direito do consumidor.
Revista Eletrônica de Direito do Centro Universitário Newton Paiva, Belo Horizonte, n. 27, p.
77-85, set./dez. 2015, p. 79; LEAL, André Cordeiro. A teoria do processo de conhecimento e
a inconstitucionalidade do sistema de provas dos juizados especiais cíveis (Lei n. 9.099/95).
Revista do Unicentro Izabela Hendrix, Nova Lima, v. 2, p. 11-19, 2003, p. 15-16.
294
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
9
LEAL, Rosemiro Pereira. Verossimilhança e inequivocidade na tutela antecipada em processo
civil. In: LEAL, Rosemiro Pereira. Relativização inconstitucional da coisa julgada: temática
processual e reflexões jurídicas. Belo Horizonte: Del Rey, 2005, p. 68.
10
BRAGA NETTO, Felipe Peixoto. Manual de direito do consumidor: à luz da jurisprudência do
STJ. 9. ed. Salvador: JusPodivm, 2011, p. 48-49; LIMA, Cíntia Rosa Pereira de. A inversão
do ônus da prova no código de defesa do consumidor. Revista de Direito do Consumidor,
São Paulo, Revista dos Tribunais, v. 47, p. 201-231, jul./set. 2003, p. 215; SANTOS, Ernane
Fidélis dos. O ônus da prova no código do consumidor. Revista de Direito do Consumidor, São
Paulo, Revista dos Tribunais, v. 47, p. 269-279, jul./set. 2003, p. 273; e MARQUES, Claudia
Lima; BENJAMIN, Antônio Herman V.; MIRAGEM, Bruno. Comentários ao código de defesa
do consumidor. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006, p. 184.
11
MATOS, Cecília. O ônus da prova no código de defesa do consumidor. Revista de Direito do
Consumidor, São Paulo, Revista dos Tribunais, v. 11, p. 161-169, jul./set. 1994, p. 166.
12
Consoante a dogmática jurídico-consumerista, se comparado com o consumidor, em
regra, o fornecedor tem um maior acesso às informações relativas aos bens e serviços que
oferta – impondo-se-lhe a produção de provas que digam respeito a esses bens e serviços.
É o que se lê nos escritos de MATOS, Cecília. O ônus da prova no código de defesa do
consumidor. Revista de Direito do Consumidor, São Paulo, Revista dos Tribunais, v. 11, p.
161-169, jul./set. 1994, p. 166-167; CALDEIRA, Mirella D’Angelo. Ônus da prova. Revista
de Direito do Consumidor, São Paulo, Revista dos Tribunais, v. 38, p. 166-180, abr./jun. 2001,
p. 166; GIDI, Antonio. Aspectos da inversão do ônus da prova no código do consumidor.
Revista de Direito do Consumidor, São Paulo, Revista dos Tribunais, v. 13, p. 33-41, jan./mar.
ANDRÉ CORDEIRO LEAL, VINÍCIUS LOTT THIBAU
OS IMPACTOS DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015 NA DISTRIBUIÇÃO JUDICIAL DO ÔNUS DE PROVAR RELATIVA...
295
1995, p. 35; MOREIRA, Carlos Roberto Barbosa. Notas sobre a inversão do ônus da prova
em benefício do consumidor. Revista de Processo, São Paulo, Revista dos Tribunais, v. 86,
p. 295-309, abr./jun. 1997, p. 303-304; NOGUEIRA, Tânia Lis Tizzoni. A prova no direito do
consumidor – o ônus da prova no direito das relações de consumo. Curitiba: Juruá, 1998,
p. 57; PACÍFICO, Luiz Eduardo Boaventura. A inversão do ônus da prova no código de
defesa do consumidor. Revista dos Tribunais, São Paulo, Revista dos Tribunais, v. 917, p.
175-202, mar. 2012, p. 182; e MORAES, Voltaire de Lima. Anotações sobre o ônus da prova
no código de processo civil e no código de defesa do consumidor. Revista Direito & Justiça,
Porto Alegre, EDIPUCRS, v. 20, n. 21, p. 309-319, 1999, p. 316.
13
MARQUES, Claudia Lima; BENJAMIN, Antônio Herman V.; MIRAGEM, Bruno. Comentários
ao código de defesa do consumidor. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006, p. 183-184.
14
PACÍFICO, Luiz Eduardo Boaventura. A inversão do ônus da prova no código de defesa
do consumidor. Revista dos Tribunais, São Paulo, Revista dos Tribunais, v. 917, p. 175-202,
mar. 2012, p. 183.
296
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
15
De acordo com Rodrigo Xavier Leonardo, se não for acolhida a cumulatividade dos requisitos
legalmente previstos à distribuição judicial do ônus da prova, será possível que um “[...]
determinado fornecedor de alimentos (um sofisticado e caríssimo restaurante) seja demandado
por uma pessoa humilde que alega ter sofrido danos físicos e emocionais provenientes
da ingestão de uma refeição estragada no jantar da noite passada. A despeito de não ser
verossímil o consumo de alimentos, por uma pessoa humilde, naquele restaurante, não se
pode duvidar de eventual hipossuficiência do consumidor em relação àquele fornecedor”
(LEONARDO, Rodrigo Xavier. Imposição e inversão do ônus da prova. Rio de Janeiro: Renovar,
2004, p. 272). Em sentido semelhante, confira, ainda, a lição de Antonio Gidi: “Afigura-se-
nos que verossímil a alegação tem que ser. A hipossuficiência do consumidor per se não
respaldaria uma atitude tão drástica como a inversão do ônus da prova, se o fato afirmado
é destituído de um mínimo de racionalidade. A ser assim, qualquer mendigo do centro da
cidade poderia acionar um shopping center luxuoso, requerendo preliminarmente, em face
de sua incontestável extrema hipossuficiência, a inversão do ônus da prova para que o réu
prove que o seu carro (do mendigo) não estava estacionado nas dependências do shopping e
que, nele, não estavam guardadas todas as suas compras de Natal” (GIDI, Antonio. Aspectos
da inversão do ônus da prova no código do consumidor. Revista de Direito do Consumidor,
São Paulo, Revista dos Tribunais, v. 13, p. 33-41, jan./mar. 1995, p. 34). Também asseverando
a necessidade de preenchimento conjunto dos requisitos da verossimilhança das alegações
do consumidor e da sua hipossuficiência para possibilitar a distribuição judicial do ônus
da prova, confira, principalmente, as obras de NICHELE, Rafael. A inversão do ônus da
prova no código de defesa do consumidor – restrições quanto à sua aplicação. Revista
Direito & Justiça, Porto Alegre, EDIPUCRS, v. 18, n. 21, p. 209-225, 1997, p. 214; PEDRASSI,
Cláudio Augusto. O ônus da prova e o art. 6º, VIII, do CDC (Lei 8.078/90). Revista Paulista da
Magistratura, São Paulo, v. 2, jul./dez. 2001, p. 70; e LIMA, Cíntia Rosa Pereira de. A inversão
do ônus da prova no código de defesa do consumidor. Revista de Direito do Consumidor, São
Paulo, Revista dos Tribunais, v. 47, p. 201-231, jul./set. 2003, p. 222.
16
Nesse sentido, confira, sobretudo, a lição de Cândido Rangel Dinamarco que, ao se referir à
hipossuficiência como carência econômica, aduz que “[...] favorecer o consumidor abastado
transgrediria a garantia da igualdade, ainda quando verossímil o que alega, porque sem o
ANDRÉ CORDEIRO LEAL, VINÍCIUS LOTT THIBAU
OS IMPACTOS DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015 NA DISTRIBUIÇÃO JUDICIAL DO ÔNUS DE PROVAR RELATIVA...
297
18
Nesse sentido, veja, em especial, as obras de MATOS, Cecília. O ônus da prova no código
de defesa do consumidor. Revista de Direito do Consumidor, São Paulo, Revista dos Tribunais,
v. 11, p. 161-169, jul./set. 1994, p. 167; NERY JUNIOR, Nelson. Aspectos do processo civil
no código de defesa do consumidor. Revista de Direito do Consumidor, São Paulo, Revista
dos Tribunais, v. 1, p. 200-221, 1992, p. 217-218; LIMA, Cíntia Rosa Pereira de. A inversão
do ônus da prova no código de defesa do consumidor. Revista de Direito do Consumidor, São
Paulo, Revista dos Tribunais, v. 47, p. 201-231, jul./set. 2003, p. 277-278; e ANDRADE, André
Gustavo C. de. A inversão do ônus da prova no código de defesa do consumidor. Revista
de Direito do Consumidor, São Paulo, Revista dos Tribunais, v. 48, p. 89-114, out./dez. 2003,
p. 97.
19
BARBOSA MOREIRA, José Carlos. O juiz e a prova. Revista de Processo, São Paulo, Revista
dos Tribunais, v. 35, p. 177-184, 1984, p. 181-182.
20
MATOS, Cecília. O ônus da prova no código de defesa do consumidor. Revista de Direito do
Consumidor, São Paulo, Revista dos Tribunais, v. 11, p. 161-169, jul./set. 1994, p. 167.
21
LIMA, Cíntia Rosa Pereira de. A inversão do ônus da prova no código de defesa do
consumidor. Revista de Direito do Consumidor, São Paulo, Revista dos Tribunais, v. 47, p.
201-231, jul./set. 2003, p. 227.
ANDRÉ CORDEIRO LEAL, VINÍCIUS LOTT THIBAU
OS IMPACTOS DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015 NA DISTRIBUIÇÃO JUDICIAL DO ÔNUS DE PROVAR RELATIVA...
299
22
Nesse sentido, pronunciavam-se BORGES, Fernanda Gomes e Souza. A prova no processo
civil democrático. Curitiba: Juruá, 2013, p. 197-198; MOREIRA, Carlos Roberto Barbosa. Notas
sobre a inversão do ônus da prova em benefício do consumidor. Revista de Processo, São
Paulo, Revista dos Tribunais, v. 86, p. 295-309, abr./jun. 1997, p. 306; CAMBI, Eduardo. A
prova civil – admissibilidade e relevância. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006, p. 418-420;
MORAES, Voltaire de Lima. Anotações sobre o ônus da prova no código de processo civil
e no código de defesa do consumidor. Revista Direito & Justiça, Porto Alegre, EDIPUCRS,
v. 20, n. 21, p. 309-319, 1999, p. 317-318; GIDI, Antonio. Aspectos da inversão do ônus da
prova no código do consumidor. Revista de Direito do Consumidor, São Paulo, Revista dos
Tribunais, v. 13, p. 33-41, jan./mar. 1995, p. 38-39; NICHELE, Rafael. A inversão do ônus da
prova no código de defesa do consumidor – restrições quanto à sua aplicação. Revista Direito
& Justiça, Porto Alegre, EDIPUCRS, v. 18, n. 21, p. 209-225, 1997, p. 221-222; PEDRASSI,
Cláudio Augusto. O ônus da prova e o art. 6º, VIII, do CDC (Lei 8.078/90). Revista Paulista
da Magistratura, São Paulo, v. 2, jul./dez. 2001, p. 71; e CARVALHO FILHO, Milton Paulo
de. Ainda a inversão do ônus da prova no código de defesa do consumidor. Revista dos
Tribunais, São Paulo, Revista dos Tribunais, v. 807, p. 56-81, jan. 2003, p. 77.
23
Esse é o rótulo da nova técnica de distribuição do ônus de provar, segundo Elpídio Donizete
Nunes, que integrou a comissão de juristas responsáveis pela elaboração do anteprojeto
do Código de Processo Civil brasileiro de 2015, autor que, ademais, procura justificar essa
escolha mediante afirmativa de que “trata-se da distribuição dinâmica do ônus da prova,
que se contrapõe à concepção estática prevista na legislação anterior (art. 333 do CPC/73).
De acordo com o novo CPC, o encargo probatório deve ser atribuído, casuisticamente, de
modo dinâmico, concedendo-se ao juiz, como gestor das provas, poderes pra avaliar qual
das partes terá maiores facilidades na sua produção. Evidentemente, a decisão deverá
ser fundamentada, justificando as razões que convenceram o juiz da impossibilidade de
produção da prova por uma das partes” (NUNES, Elpídio Donizete. Curso didático de direito
processual civil. 19. ed. São Paulo: Atlas, 2016, p. 566).
300
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
24
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil. 47. ed. v. 1. Rio de Janeiro:
Forense, 2015, p. 1.038; BUENO, Cassio Scarpinella. Novo código de processo civil anotado. São
Paulo: Saraiva: 2015, p. 653; ASSIS, Araken. Manual dos recursos. 8. ed. rev., amp. e atual. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2016, p. 615 e 622; WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso avançado
de processo civil. 16. ed. reform. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016, p. 537-538; e
302
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
MEDINA, José Miguel Garcia. Curso de direito processual civil. 3. ed. rev., atual. e ampl. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2017, p. 1.259-1.260.
25
BUENO, Cassio Scarpinella. Novo código de processo civil anotado. São Paulo: Saraiva, 2015,
p. 653.
26
NUNES, Elpídio Donizete. Curso didático de direito processual civil. 19. ed. São Paulo: Atlas,
2016, p. 1.482.
ANDRÉ CORDEIRO LEAL, VINÍCIUS LOTT THIBAU
OS IMPACTOS DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015 NA DISTRIBUIÇÃO JUDICIAL DO ÔNUS DE PROVAR RELATIVA...
303
3.5 Conclusão
O Código de Processo Civil de 2015 estabeleceu o momento
adequado para a prolatação da decisão relativa à distribuição ope
judicis do ônus da prova. Ao determinar o saneamento como o instante
procedimental para que o juiz realize a distribuição diversa do ônus
de provar, o novo CPC põe fim ao debate instalado na tradicional
dogmática jurídico-consumerista, fazendo-o pelo afastamento expresso
da perspectiva segundo a qual as normas relativas ao ônus da prova
deveriam ser compreendidas como regras de julgamento.
Por outro lado, o CPC de 2015 pode impactar negativamente a
defesa do consumidor em juízo, já que não encampa, no rol das hipóteses
de cabimento do recurso de agravo de instrumento, a decisão interlo-
cutória que indefere o pleito de distribuição diversa do ônus de provar
formulado pelo consumidor, apesar de, paradoxalmente, assegurar a
possibilidade de recorribilidade imediata da decisão interlocutória à
contraparte, caso essa se entenda prejudicada pelo deferimento desse
mesmo requerimento.
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306
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
4.1 Introdução
O princípio da participação efetiva das partes no processo
civil assumiu contornos diferenciados com o passar do tempo. Sob a
perspectiva do Código de Processo Civil de 1973 (CPC/1973), a parti-
cipação dos litigantes no processo encontrava-se restrita à defesa dos
interesses particulares de cada um, pouco se explorando as convenções
processuais para amoldar o processo. A rigidez e imutabilidade das
regras processuais era o marco do direito processual anterior, ressalvadas
as hipóteses de alterações pontuais, como a prorrogação de foro por não
arguição por exceção de incompetência relativa. Não se poderia esperar
algo diverso, visto que o CPC de 1973 fora criado durante o Período
Militar, pautado nos ideais de restrição de direitos fundamentais. Dessa
forma, o império das regras processuais refletia o poder dominante e
autoritário imposto ao indivíduo, em que respeitar o procedimento
era mais importante do que permitir o contraditório efetivo, a ampla
defesa e o devido processo legal.
A revolução copernicana do processo civil no Brasil ocorrera com
o advento do novo Código de Processo Civil de 2015 (CPC/2015), em
que se percebe nitidamente a mudança de paradigma, não se conce-
dendo primazia ao império da lei processual, mas, sim, aos princípios
constitucionais, capazes de remodelar o processo, a depender das
peculiaridades do caso concreto. A releitura é nítida e mereceu capítulo
308
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
1
O artigo 190 do CPC de 2015 consagrou a denominada Cláusula Geral de Negociação
Processual. A referida cláusula permite às partes plenamente capazes estipular alterações
no procedimento para adequá-lo às especificidades do caso concreto, nas hipóteses em que
o processo versar sobre direitos suscetíveis de autocomposição, bem como convencionar
sobre seus ônus poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o processo.
2
Segundo Alexandre Freitas Câmara, a cláusula geral de negócios processuais trata-se “da
genérica afirmação da possibilidade de que as partes, dentro de certos limites estabelecidos
pela própria lei, celebrem negócios através dos quais dispõem de suas posições processuais”
(CÂMARA, Alexandre Freitas. O novo processo civil brasileiro. São Paulo: Atlas, 2015, p.
126). Nesse sentido ver: FARIA, Guilherme Henrique Lage. Negócios processuais no modelo
constitucional de processo. Salvador: JusPodivm, 2016, p. 77-83.
3
Antônio do Passo Cabral expõe que a flexibilização do procedimento pelo acordo de vontade
das partes remonta aos primórdios do direito processual no direito romano, preconizando
que “a litis contestatio podia ser visualizada como instrumento de tipo arbitral que representou
o formato mais primitivo – e o mais difundido – de acordo processual” (CABRAL, Antônio
do Passo. Convenções Processuais. Salvador: JusPodivm, 2016, p. 32).
4
DIDIER JR., Fredie; NOGUEIRA, Pedro Henrique. Teoria dos fatos jurídicos processuais. 2. ed.
Salvador: JusPodivm, 2016, p. 59.
5
Nesse mesmo sentido, Guilherme Henrique Lage Faria conceitua o negócio jurídico
processual como sendo “fato jurídico processual cujo suporte fático tem como elemento
nuclear a exteriorização de vontade do sujeito, mediante o exercício de autorregramento
da vontade, dentro dos limites estabelecidos pelo sistema, para escolher entre categorias
jurídicas processuais e, em alguns casos, eleger o conteúdo e estruturação das relações
jurídicas processuais” (FARIA, Guilherme Henrique Lage. Negócios processuais no modelo
constitucional de processo. Salvador: JusPodivm, 2016, p. 225).
6
CABRAL, Antônio do Passo. Convenções Processuais. Salvador: JusPodivm, 2016, p. 68.
LUCAS MAGALHÃES DE OLIVEIRA CARVALHO, MICHAEL CÉSAR SILVA, SAMUEL VINÍCIUS DA SILVA
NEGOCIAÇÃO PROCESSUAL E AS RELAÇÕES DE CONSUMO: UMA ANÁLISE DO INSTITUTO À LUZ DA...
311
7
FARIA, Guilherme Henrique Lage. Negócios processuais no modelo constitucional de processo.
Salvador: JusPodivm, 2016, p. 221.
8
Nesse sentido, ao se referir ao antigo Código, Trícia Navarro Xavier Cabral destaca que
“fortaleceram-se, assim, os dogmas de que as partes bastariam narrar os fatos, sendo o
direito de conhecimento privativo do juiz, passando este a ser o protagonista do processo”
(CABRAL, Trícia Navarro Xavier. Avanços e desafios das convenções processuais no CPC/15.
In: JAYME, Fernando Gonzaga et al. (Coords.). Inovações e modificações do Código de Processo
Civil: avanços, desafios e perspectivas. Belo Horizonte: Del Rey, 2017, p. 87).
9
Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart e Daniel Francisco Mitidiero explicitam ao
discorrer sobre o artigo 8º do CPC de 2015, que “a dignidade da pessoa humana conecta-se
com o direito à liberdade e à autonomia privada, o que explica a necessidade de respeito,
dentro dos limites constitucionais e legais, aos negócios processuais realizados entre as
partes (art. 190, CPC) e constitui estímulo à realização de calendários processuais entre o
juiz e as partes como instrumento para a eficiente gestão do tempo no processo civil (art.
191, CPC)” (MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel
Francisco. Novo Código de Processo Civil Comentado. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015,
p. 105).
312
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
10
Para mais informações sobre a calendarização processual, ver: COSTA, Eduardo José da
Fonseca. Calendarização processual. In: CABRAL, Antonio do Passo; NOGUEIRA, Pedro
Henrique (Coords.). Negócios Processuais. v. 1. Salvador: JusPodivm, 2015, p. 353-369 (Coleção
Grandes Temas do Novo CPC, Coord. Geral Fredie Didier Jr.).
11
Nesse sentido se posicionava Daniel Mitidiero (em relação ao antigo CPC) citado por Pedro
Henrique Nogueira (NOGUEIRA, Pedro Henrique. Negócios Jurídicos Processuais. Salvador:
JusPodivm, 2016, p. 143).
12
Elio Fazzalari posiciona-se no sentido de admitir a existência de negócios processuais,
indicando que a melhor nomenclatura para o modelo jurídico seria a de “atos processuais
negociais” (FAZZALARI, Elio. Instituições de Direito Processual. Trad. Eliane Nassif. Campinas:
Bookseller, 2006, p. 416).
13
No mesmo sentido, ver: REDONDO, Bruno Garcia. Negócios jurídicos processuais. In:
WAMBIER, Luiz Rodrigues. WAMBIER, Teresa Arruda Alvim (Coords.). Temas Essenciais
do Novo CPC: Análise das principais alterações do sistema processual civil brasil. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2016, p. 229.
14
Rodrigo Mazzei e Bárbara Seccato Ruis Chagas destacam que um relevante argumento
contrário ao reconhecimento da existência dos negócios jurídicos processuais no Brasil se
fundamenta na “interpretação da segurança jurídica e do devido processo legal sob a ótica
de que o processo deve ser regulamentado por lei, e apenas por ela”, enquanto garantia
conferida aos atores processuais de “pleno conhecimento das ferramentas à disposição para
o exercício da jurisdição” (MAZZEI, Rodrigo; CHAGAS, Barbara Seccato Ruis. Os negócios
jurídicos processuais e a arbitragem In: CABRAL, Antonio do Passo; NOGUEIRA, Pedro
Henrique (Coords.). Negócios Processuais. v. 1. Salvador: JusPodivm, 2015, p. 524 (Coleção
Grandes Temas do Novo CPC, Coord. Geral Fredie Didier Jr.).
15
Segundo Pedro Henrique Nogueira, as “negativas ao conceito de negócio processual podem
ser agrupadas em quatro vertentes: i) a incorporação da figura tipicamente privatística ao
processo poderia ser fonte de equívocos e poderia atingir a própria autonomia do Direito
Processual quanto à disciplina das formas processuais; ii) Os atos negociais celebrados
fora do processo não teriam propriamente efeitos processuais ligados à vontade do agente
(os efeitos desses atos para o processo sempre seriam sempre ex lege); iii) as declarações
LUCAS MAGALHÃES DE OLIVEIRA CARVALHO, MICHAEL CÉSAR SILVA, SAMUEL VINÍCIUS DA SILVA
NEGOCIAÇÃO PROCESSUAL E AS RELAÇÕES DE CONSUMO: UMA ANÁLISE DO INSTITUTO À LUZ DA...
313
acordos não podem incidir sobre os seus poderes), seja quando incidem
sobre os poderes das partes indevidamente (porque sua incidência
não pode violar a boa-fé e a simetria das partes). Em sendo o caso,
tem o dever de decretar a respectiva nulidade. A validade dos acordos
processuais está condicionada à inexistência de violação às normas
estruturantes do direito ao processo justo no que tange à necessidade
de simetria das partes. Quando o art. 190, parágrafo único, CPC, fala em
“nulidade”, “inserção abusiva em contrato de adesão” ou “manifesta
situação de vulnerabilidade”, ele está manifestamente preocupado em
tutelar a boa-fé (art. 5º, CPC) e a necessidade de paridade de tratamento
no processo civil (art. 7º, CPC).19
Para a realização de negócios processuais, o Código de Processo
Civil de 2015 demanda o respeito a algumas limitações. A primeira
é a necessidade de versar sobre direito que admita autocomposição,
em relação tanto a direito material quanto processual; todavia, faz-se
necessário explanar que o direito poderá ser indisponível e admitir
autocomposição.20 Porém, não se deve confundir o “núcleo duro” de
determinados direitos que não comportam transação com o método de
resolução de conflitos que, na maioria das vezes, possibilita tangenciar
parte da parcela de um direito não disponível a fim de se chegar a um
consenso.21
É necessário, ainda, que as partes sejam plenamente capazes,
conforme se extrai do artigo 190 do CPC de 2015. Todavia, o legislador
não especificou a qual capacidade se referiu ‒ a processual ou a civil.
Em relação à fase endoprocessual, é indubitável que se requeira a
capacidade processual e, também, a postulatória. A dúvida é maior em
relação aos negócios anteriores ao processo. Nesse sentido, Fredie Didier
Jr. preleciona que o legislador se referiu à capacidade processual ‒ e
não à material ‒ em relação aos negócios pré-processuais, pois, como
19
MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel Francisco.
Novo Código de Processo Civil Comentado. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, p. 245.
20
Enunciado nº 135 do Fórum Permanente de Processualistas Civis: “A indisponibilidade
do direito material não impede, por si só, a celebração de negócio jurídico processual”
(NUNES, Dierle; SILVA, Natanael Lud Santos e. Código de Processo Civil: Lei 13.105/2015: Lei
de Mediação: Lei 13.140/2015: referenciado com os dispositivos correspondentes no CPC/73
Reformado, com os enunciados interpretativos do Fórum Permanente de Processualistas
Civis (FPPC) e com os artigos da Constituição Federal e da Legislação. 3. ed. rev. e ampl.
Belo Horizonte: Fórum, 2016, p. 126).
21
Pedro Henrique Nogueira exemplifica que “mesmos direitos teoricamente indisponíveis,
posto que irrenunciáveis (por exemplo, direito subjetivo a alimentos) comportam transação
quanto ao valor, vencimento e forma de satisfação” (NOGUEIRA, Pedro Henrique. Negócios
Jurídicos Processuais. Salvador: JusPodivm, 2016, p. 233).
LUCAS MAGALHÃES DE OLIVEIRA CARVALHO, MICHAEL CÉSAR SILVA, SAMUEL VINÍCIUS DA SILVA
NEGOCIAÇÃO PROCESSUAL E AS RELAÇÕES DE CONSUMO: UMA ANÁLISE DO INSTITUTO À LUZ DA...
315
22
DIDIER JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil: introdução ao Direito Processual Civil,
parte geral e processo de conhecimento. 18. ed. Salvador: JusPodivm, 2016, p. 389.
23
DIDIER JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil: introdução ao Direito Processual Civil,
parte geral e processo de conhecimento. 18. ed. Salvador: JusPodivm, 2016, p. 389.
24
Enunciado nº 16 do Fórum Permanente de Processualistas Civis (FPPC): “O controle dos
requisitos objetivos e subjetivos de validade da convenção de procedimento deve ser
conjugado com a regra segundo a qual não há invalidade do ato sem prejuízo” (NUNES,
Dierle; SILVA, Natanael Lud Santos e. Código de Processo Civil: Lei 13.105/2015: Lei de
Mediação: Lei 13.140/2015: referenciado com os dispositivos correspondentes no CPC/73
Reformado, com os enunciados interpretativos do Fórum Permanente de Processualistas
Civis (FPPC) e com os artigos da Constituição Federal e da Legislação. 3. ed. rev. e ampl.
Belo Horizonte: Fórum, 2016, p. 127).
25
Na mesma linha, Roque Komatsu, citado por Vinícius Mattos Felício, considera que “requer-se
que quem invoca o vício formal alegue e demonstre que tal vício lhe produziu um prejuízo
certo e irreparável, que não pode sanar-se com o acolhimento da alegação de nulidade”
(KOMATSU, Roque. Da Invalidade do processo civil. São Paulo: Revista dos Tribunais,
1991, p. 241 apud FELÍCIO, Vinícius Mattos. As nulidades no Novo Código de Processo Civil.
Belo Horizonte: Del Rey, 2015, p. 41).
316
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
26
Segundo Dierle Nunes, “para o processo democrático, a teoria da confiança apresenta-se como
peça normativa do princípio da boa-fé, cuja observância é de um imperativo contrafático
normativo, não dependendo, pois, de cláusula ou convenção negocial para se legitimar e
obrigar. No âmbito dessa teoria insere-se a possibilidade de criação, modificação e até mesmo
de extinção de obrigações diante de negócios jurídicos” (THEODORO JÚNIOR, Humberto
et al. Novo CPC: fundamentos e sistematização. Rio de Janeiro: Forense, 2015, p. 200).
27
César Fiuza destaca que a “massificação dos contratos é, portanto, consequência da
concentração industrial e comercial, que reduziu o número de empresas, aumentando-as
em tamanho. Apesar disso, a massificação das comunicações e a crescente globalização
acirraram a concorrência e o consumo, o que obrigou às empresas a racionalizar para reduzir
custos e acelerar os negócios: daí as cláusulas contratuais gerais e os contratos de adesão”
(FIUZA, César. Direito civil: curso completo. 15. ed. rev., atual. e ampl. Belo Horizonte: Del
Rey, 2012, p. 460). Nesse sentido ver: COUTO E SILVA, Clóvis Veríssimo do. O direito civil
brasileiro em perspectiva histórica e visão de futuro. Revista de Informação Legislativa, Brasília,
ano 25, n. 97, p. 163-180, jan./mar. 1988, p. 178-179.
28
Art. 54, CDC: Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela
autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou
serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo.
29
PRATA, Ana. Contratos de adesão e cláusulas contratuais gerais: anotação ao Decreto-Lei nº
446/85, de 25 de outubro. Coimbra: Almedina, 2010, p. 17.
30
Segundo Claudia Lima Marques, o contrato de adesão é “aquele cujas cláusulas são
preestabelecidas unilateralmente pelo parceiro contratual economicamente mais forte
LUCAS MAGALHÃES DE OLIVEIRA CARVALHO, MICHAEL CÉSAR SILVA, SAMUEL VINÍCIUS DA SILVA
NEGOCIAÇÃO PROCESSUAL E AS RELAÇÕES DE CONSUMO: UMA ANÁLISE DO INSTITUTO À LUZ DA...
317
(fornecedor), ne varietur, isto é, sem que outro o outro parceiro (consumidor) possa discutir
ou modificar substancialmente o conteúdo do contrato escrito. [...] Desta maneira, limita-se
o consumidor a aceitar em bloco (muitas vezes sem sequer ler completamente) as cláusulas
que foram unilateral e uniformemente pré-elaboradas pela empresa, assumindo, assim, um
papel de simples aderente à vontade manifestada pela empresa no instrumento contratual
massificado. O elemento essencial do contrato de adesão, portanto, é a ausência de uma
fase pré-negocial decisiva, a falta de um debate prévio das cláusulas contratuais e, assim,
a sua predisposição unilateral, restando ao outro parceiro a mera alternativa de aceitar ou
rejeitar o contrato, não podendo modifica-lo de maneira relevante. O consentimento do
consumidor manifesta-se por ‘simples’ adesão ao conteúdo preestabelecido pelo fornecedor
de bens ou serviços. [...] Realmente, no contrato de adesão não há liberdade contratual de
definir conjuntamente os termos do contrato, podendo o consumidor somente aceitá-lo ou
recusá-lo. É o que os doutrinadores anglo-americanos denominam contrato em uma take-
it-or-leave-it basis” (MARQUES, Claudia Lima. Contratos no código de defesa do consumidor:
o novo regime das relações contratuais. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014, p.
78-79; 81). Nesse mesmo sentido, ver: FIUZA, César; ROBERTO, Giordano Bruno Soares.
Contratos de adesão. Belo Horizonte: Mandamentos, 2002, p. 68; GOMES, Orlando. Contratos.
26. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2007, p. 128; FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD,
Nelson. Curso de direito civil: volume 4: direito dos contratos. 7. ed. rev. e atual. Salvador:
JusPodivm, 2017, p. 103.
31
Claudia Lima Marques leciona que a “vulnerabilidade é uma situação permanente
ou provisória, individual ou coletiva, que fragiliza, enfraquece o sujeito de direitos,
desequilibrando a relação de consumo. Vulnerabilidade é uma característica, um estado
do sujeito mais fraco, um sinal de necessidade de proteção” (BENJAMIN, Antonio Herman
V; MARQUES, Claudia Lima; BESSA, Leonardo Roscoe. Manual de direito do consumidor. 7.
ed., rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016, p. 108). Nesse sentido ver:
MARQUES, Claudia Lima. Contratos no código de defesa do consumidor: o novo regime das
relações contratuais. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014, p. 322; BRAGA NETTO,
Felipe Peixoto. Manual de direito do consumidor: à luz da jurisprudência do STJ. 12. ed., rev.,
ampl. e atual. Salvador: JusPodivm, 2017, p. 59.
32
MARQUES, Claudia Lima. Contratos no código de defesa do consumidor: o novo regime das
relações contratuais. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014, p. 321.
318
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
33
FIUZA, César. Direito civil: curso completo. 15. ed. rev., atual. e ampl. Belo Horizonte: Del
Rey, 2012, p. 460; RIZZARDO, Arnaldo. Código de Defesa do Consumidor nos Contratos
de Seguro-Saúde e Previdência Privada. Ajuris, v. 22, n. 64, p. 78-102, jul. 1995, p. 85.
34
MARQUES, Claudia Lima. Contratos no código de defesa do consumidor: o novo regime das
relações contratuais. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014, p. 162.
35
Nesse sentido ver: BRAGA NETTO, Felipe Peixoto. Manual de direito do consumidor: à luz
da jurisprudência do STJ. 12. ed., rev., ampl. e atual. Salvador: JusPodivm, 2017, p. 61-67;
80-85.
36
MARQUES, Claudia Lima. Contratos no código de defesa do consumidor: o novo regime das
relações contratuais. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014, p. 80.
LUCAS MAGALHÃES DE OLIVEIRA CARVALHO, MICHAEL CÉSAR SILVA, SAMUEL VINÍCIUS DA SILVA
NEGOCIAÇÃO PROCESSUAL E AS RELAÇÕES DE CONSUMO: UMA ANÁLISE DO INSTITUTO À LUZ DA...
319
37
Para mais informações acerca do contrato de seguro, recomenda-se a leitura de: ALVIM,
Pedro. O contrato de seguro. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1999; TZIRULNIK, Ernesto;
CAVALCANTI, Flávio de Queiroz B.; PIMENTEL, Ayrton. O contrato de seguro: de acordo
com o novo código civil brasileiro. 2. ed. atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2003; MARENSI, Voltaire Giavarina. O seguro no direito brasileiro. 8. ed. São Paulo: IOB
Thomson, 2007; SILVA, Michael César. Contrato de seguro de automóveis: releitura à luz da
nova principiologia do Direito Contratual. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2012.
38
Sobre as várias espécies de vulnerabilidade, remete-se à leitura de: MARQUES, Claudia
Lima. Contratos no código de defesa do consumidor: o novo regime das relações contratuais.
7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014, p. 322-342; BENJAMIN, Antonio Herman V.;
MARQUES, Claudia Lima; BESSA, Leonardo Roscoe. Manual de direito do consumidor. 7. ed.,
rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016, p. 108-119; GARCIA, Leonardo
de Medeiros. Código de Defesa do Consumidor Comentado: artigo por artigo. 13. ed., rev., ampl.
e atual. Salvador: JusPodivm, 2017, p. 31-33.
320
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
39
MIRAGEM, Bruno. Curso de Direito Do Consumidor. 6. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2016, p. 710.
40
MARQUES, Claudia Lima. Contratos no código de defesa do consumidor: o novo regime das
relações contratuais. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014, p. 950.
41
GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo Curso de Direito Civil: volume
4: tomo I. 12. ed. ver., ampl. e atual. de acordo com o novo CPC. São Paulo: Saraiva, 2016.
Nesse sentido, Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald explicitam que a autonomia
privada pode ser compreendida como “o poder concedido ao sujeito para criar a norma
individual nos limites deferidos pelo ordenamento jurídico.” (FARIAS, Cristiano Chaves
322
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
de; ROSENVALD, Nelson. Curso de direito civil: volume 4: direito dos contratos. 7. ed. rev.
e atual. Salvador: JusPodivm, 2017, p.150).
42
GARCIA, Leonardo de Medeiros. Código de Defesa do Consumidor Comentado: artigo por
artigo. 13. ed., rev., ampl. e atual. Salvador: JusPodivm, 2017.
43
CRAMER, Ronaldo. O Princípio da Boa-fé Objetiva no Novo CPC. In: DIDIER JR., Freddie
et al. (Coord). Normas Fundamentais. Salvador: JusPodivm, 2016.
LUCAS MAGALHÃES DE OLIVEIRA CARVALHO, MICHAEL CÉSAR SILVA, SAMUEL VINÍCIUS DA SILVA
NEGOCIAÇÃO PROCESSUAL E AS RELAÇÕES DE CONSUMO: UMA ANÁLISE DO INSTITUTO À LUZ DA...
323
44
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de direito civil: volume 4: direito
dos contratos. 7. ed. rev. e atual. Salvador: JusPodivm, 2017, p. 220-221. Nesse sentido, ver:
MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel Francisco.
Novo Código de Processo Civil Comentado. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, p. 99-103.
324
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
45
MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel Francisco.
Novo Código de Processo Civil Comentado. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, p. 99.
46
MAMEDE, Gladston. A advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil. 4. ed. São Paulo: Atlas,
2011, p. 7.
47
O Enunciado nº 18 do Fórum Permanente de Processualistas Civis (FPPC) dispõe que:
“Há indício de vulnerabilidade quando a parte celebra acordo de procedimento sem a
assistência técnico-jurídica” (NUNES, Dierle; SILVA, Natanael Lud Santos e. Código de Processo
Civil: Lei 13.105/2015: Lei de Mediação: Lei 13.140/2015: referenciado com os dispositivos
correspondentes no CPC/73 Reformado, com os enunciados interpretativos do Fórum
Permanente de Processualistas Civis (FPPC) e com os artigos da Constituição Federal e da
Legislação. 3. ed. rev. e ampl. Belo Horizonte: Fórum, 2016, p. 127).
48
Sobre a questão relativa ao acompanhamento técnico-jurídico, remete-se à leitura de: CÂMARA,
Alexandre Freitas. O novo processo civil brasileiro. São Paulo: Atlas, 2015, p. 126; FARIA,
Guilherme Henrique Lage. Negócios processuais no modelo constitucional de processo. Salvador:
JusPodivm, 2016, p. 91-93.
LUCAS MAGALHÃES DE OLIVEIRA CARVALHO, MICHAEL CÉSAR SILVA, SAMUEL VINÍCIUS DA SILVA
NEGOCIAÇÃO PROCESSUAL E AS RELAÇÕES DE CONSUMO: UMA ANÁLISE DO INSTITUTO À LUZ DA...
325
Lei nº 8.906/94:
Art. 1º São atividades privativas de advocacia:
II – as atividades de consultoria, assessoria e direção jurídicas
Lei Complementar nº 80/94:
Art. 1º A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função
jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento
do regime democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a
promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial
e extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e
gratuita, aos necessitados, assim considerados na forma do inciso LXXIV
do art. 5º da Constituição Federal.
49
BRAGA NETTO, Felipe Peixoto. Manual de direito do consumidor: à luz da jurisprudência do
STJ. 12. ed., rev., ampl. e atual. Salvador: JusPodivm, 2017, p. 59.
326
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
4.5 Conclusão
As negociações processuais, principalmente as atípicas, são
instrumentos importantes para a efetivação da tutela jurisdicional de
50
BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de Direito Constitucional. 9. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva,
2015, p. 1.402.
LUCAS MAGALHÃES DE OLIVEIRA CARVALHO, MICHAEL CÉSAR SILVA, SAMUEL VINÍCIUS DA SILVA
NEGOCIAÇÃO PROCESSUAL E AS RELAÇÕES DE CONSUMO: UMA ANÁLISE DO INSTITUTO À LUZ DA...
327
Referências
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LUCAS MAGALHÃES DE OLIVEIRA CARVALHO, MICHAEL CÉSAR SILVA, SAMUEL VINÍCIUS DA SILVA
NEGOCIAÇÃO PROCESSUAL E AS RELAÇÕES DE CONSUMO: UMA ANÁLISE DO INSTITUTO À LUZ DA...
331
5.1 Introdução
Sabidamente, a entrada em vigor de uma nova legislação
processual civil implica em alterações significativas em todo o ordena-
mento jurídico e, em especial, em algumas áreas do direito, como a
consumerista. Isto porque uma das atribuições do processo é viabilizar
a efetivação do direito material, por isso a grande proximidade existente
entre o Código de Defesa do Consumidor (CDC) e as normas processuais.
Cita-se como exemplo da importância de tal relação o fato de que
a concretização de alguns direitos subjetivos materiais, tutelados pela
Lei nº 8.078/1990 (CDC), em decorrência da vulnerabilidade jurídica
reconhecida pelo legislador infraconstitucional, somente se instru-
mentaliza diante da sistemática processual, como: a determinação da
competência pelo foro do domicílio do consumidor e decisões de ofício
do magistrado na condução das demandas processuais.
Em face da conexão entre os dois ramos do universo jurídico,
as questões pertinentes à legislação processual, mormente quando
digam respeito à modificação da respectiva regulamentação, impactam
sensivelmente nas tratativas que envolvam o direito do consumidor,
tanto na visão acadêmica quanto na atuação jurisdicional, assim como
na prática advocatícia.
334
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
1
CARVALHO, David França Ribeiro de. A cláusula de eleição de foro estrangeiro nos
contratos internacionais: avanço no CPC de 2015. In: PERRUCI, Felipe Falcone; MAIA,
Felipe Fernandes Ribeiro; LEROY, Guilherme Costa (Orgs.). Os impactos do novo CPC no
direito empresarial. Belo Horizonte: Editora D’Plácido, 2017, p. 605-605.
2
BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em: 20
abr. 2017.
3
BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Regulamenta sobre a proteção do consumidor
e dá outras providências. Brasília, 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/L8078.htm>. Acesso em: 20 jun. 2016.
336
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
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www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>. Acesso em: 30 mar. 2015.
5
MARQUES, Claudia Lima; BENJAMIN, Antônio Herman V.; MIRAGEM, Bruno. Comentários
ao Código de Defesa do Consumidor. 3. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010, p. 120.
6
MACEDO, Maria Fernanda Soares. A importância da escolha do consumidor na proteção
ambiental. Revista Veredas do Direito, Belo Horizonte, v. 7. n. 13-14, jan./dez. 2010, p. 132.
ELCIO NACUR REZENDE, GABRIELLA DE CASTRO VIEIRA
REFLEXOS DA NOVA LEGISLAÇÃO PROCESSUAL CIVIL NO DIREITO DO CONSUMIDOR: A AMPLIAÇÃO DOS...
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BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/portal/site/STJ>.
Acesso em: 20 abr. 2017.
8
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Revista dos Tribunais, 1995, p. 40-41.
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11
EUR – Lex. UNIÃO EUROPÉIA. Regulamento Bruxelas I (Reformulado). Disponível em:
<https://e-justice.europa.eu/content_brussels_i_regulation_recast-350-pt.do>. Acesso em:
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12
BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Regulamenta sobre a proteção do
consumidor e dá outras providências. Brasília, 1990. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/leis/L8078.htm>. Acesso em: 20 jun. 2016.
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FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
13
KHOURI, Paulo Roberto Roque Antônio. Direito do Consumidor: contratos, responsabilidade
civil e defesa do consumidor em juízo. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2012, p. 104.
14
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e dá outras providências. Brasília, 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/L8078.htm>. Acesso em: 20 jun. 2016.
ELCIO NACUR REZENDE, GABRIELLA DE CASTRO VIEIRA
REFLEXOS DA NOVA LEGISLAÇÃO PROCESSUAL CIVIL NO DIREITO DO CONSUMIDOR: A AMPLIAÇÃO DOS...
341
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais
relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
IV – estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que colo-
quem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis
com a boa-fé ou a eqüidade;
§1º Presume-se exagerada, entre outros casos, a vantagem que:
I – ofende os princípios fundamentais do sistema jurídico a que pertence;
II – restringe direitos ou obrigações fundamentais inerentes à natureza
do contrato, de tal modo a ameaçar seu objeto ou equilíbrio contratual;
III – se mostra excessivamente onerosa para o consumidor, consideran-
do-se a natureza e conteúdo do contrato, o interesse das partes e outras
circunstâncias peculiares ao caso.
§2º A nulidade de uma cláusula contratual abusiva não invalida o con-
trato, exceto quando de sua ausência, apesar dos esforços de integração,
decorrer ônus excessivo a qualquer das partes.15
15
BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Regulamenta sobre a proteção do consumidor
e dá outras providências. Brasília, 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/L8078.htm>. Acesso em: 20 jun. 2016.
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O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
16
KHOURI, Paulo Roberto Roque Antônio. Direito do Consumidor: contratos, responsabilidade
civil e defesa do consumidor em juízo. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2012, p. 108.
17
SCHMITT, Cristiano Heineck. Cláusulas abusivas nas relações de consumo. 2. ed. rev. e atual.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008, p. 148.
ELCIO NACUR REZENDE, GABRIELLA DE CASTRO VIEIRA
REFLEXOS DA NOVA LEGISLAÇÃO PROCESSUAL CIVIL NO DIREITO DO CONSUMIDOR: A AMPLIAÇÃO DOS...
343
18
BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em: 20
abr. 2017.
19
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www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm.>. Acesso em: 30 mar. 2015.
20
THEODORO JÚNIOR, Humberto. O contrato e sua função social. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2008, p. 84-85.
344
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
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BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em: 20
abr. 2017.
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345
22
BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em: 20
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23
BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em: 20
abr. 2017.
346
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O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
probatório. Assim como prevê o §2º do artigo 464: “Art. 464. [...] §2º De
ofício ou a requerimento das partes, o juiz poderá, em substituição à
perícia, determinar a produção de prova técnica simplificada, quando
o ponto controvertido for de menor complexidade”.24
Ao identificar a situação de fragilidade processual no tocante à
produção de provas, poderá o magistrado exercer seu poder diretivo,
utilizando-se da regra descrita, o que conferirá uma demanda mais
dinâmica e justa. Esse dinamismo é exequível especialmente nas ações
que tramitam nos juizados especiais cíveis, vez que pedidos de prova
pericial, recorrentemente pleiteados pela parte fornecedora como
medida protelatória, poderão ser substituídos pelo juiz quando não
forem necessários, conforme permitido pelo artigo 464 do NCPC.
Essa prerrogativa da atuação por ofício também está prevista
quando restar detectada cláusula abusiva de eleição de foro, comum
nos contratos de adesão, unilateralmente elaborados pelos fornece-
dores: “Art. 63. [...] §3º Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se
abusiva, pode ser reputada ineficaz de ofício pelo juiz, que determinará
a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio do réu”.25
Cumpre frisar que a autoridade estatal que dirige o processo
deverá respeitar o princípio constitucional do contraditório, de acordo
com o que estipula o artigo 10 da referida legislação: “O juiz não pode
decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito
do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar,
ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício”.26
Além das normas evidenciadas, é salutar ressaltar que os institutos
da mediação e conciliação receberam destaque do legislador infracons-
titucional. Para tanto, sua aplicação prática implica no imprescindível
papel exercido pelo juiz, quando da condução de tais instrumentos.
Prescreve o Código de Processo Civil:
24
BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em: 20
abr. 2017.
25
BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em: 20
abr. 2017.
26
BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em: 20
abr. 2017.
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REFLEXOS DA NOVA LEGISLAÇÃO PROCESSUAL CIVIL NO DIREITO DO CONSUMIDOR: A AMPLIAÇÃO DOS...
347
27
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<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em: 20
abr. 2017.
28
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O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
Referências
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midor e dá outras providências. Brasília, 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.
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BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso
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CARVALHO, David França Ribeiro de. A cláusula de eleição de foro estrangeiro nos
contratos internacionais: avanço no CPC de 2015. In: PERRUCI, Felipe Falcone; MAIA,
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NASCIMENTO, Dulce Maria Marins. Mediação Empresarial. In: PERRUCI, Felipe Falcone;
MAIA, Felipe Fernandes Ribeiro; LEROY, Guilherme Costa (Orgs.). Os impactos do novo
CPC no direito empresarial. Belo Horizonte: Editora D’Plácido, 2017, p. 387-404.
NERY JÚNIOR, Nelson. Princípios do processo civil na Constituição Federal. 2. ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 1995.
THEODORO JÚNIOR, Humberto. O contrato e sua função social. 3. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2008.
SCHMITT, Cristiano Heineck. Cláusulas abusivas nas relações de consumo. 2. ed. rev. e atual.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008.
350
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
O DIREITO EMPRESARIAL E O
NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
CAPÍTULO 1
OS PROBLEMAS NA APLICAÇÃO DA
TEORIA DA DESCONSIDERAÇÃO DA
PERSONALIDADE JURÍDICA E AS
PERSPECTIVAS DECORRENTES DA
ENTRADA EM VIGOR DO CPC/2015
1.1 Introdução
O presente capítulo tem como objetivo analisar as controvérsias
na aplicação da desconsideração da personalidade jurídica e também
os entraves processuais que decorrem de sua aplicação prática.
O debate da matéria ainda se mostra necessário em razão da
constante relativização do princípio da autonomia patrimonial das
pessoas jurídicas, que torna a atividade empresarial, na prática, mais
arriscada e menos atrativa.
Além disso, recentemente foram introduzidas novas regras para
a aplicação da desconsideração da personalidade jurídica a partir da
entrada em vigor do Código de Processo Civil de 2015, de modo que
se buscará levantar diferentes perspectivas de análise e problemas que
o novo regramento trará para o bom entendimento da questão ora em
debate.
Primeiramente, serão abordadas questões gerais sobre a perso-
nalidade jurídica e o princípio da autonomia patrimonial. Ato contínuo,
será analisada a teoria da desconsideração da personalidade jurídica,
abordando-se algumas de suas aplicações na legislação brasileira e
354
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
1
GONÇALVES, Oksandro. A Relativização da Responsabilidade Limitada dos Sócios. Belo Horizonte:
Editora Fórum, 2011, p. 28.
2
KOURY, Suzy Elizabeth Cavalcante. A desconsideração da personalidade jurídica (disregard
doctrine) e os grupos de empresas. Rio de Janeiro: Forense, 1995, p. 13.
FERNANDO SOLÁ SOARES, GIOVANI RIBEIRO RODRIGUES ALVES, MARCIA CARLA PEREIRA RIBEIRO
OS PROBLEMAS NA APLICAÇÃO DA TEORIA DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA E AS...
355
3
RIBEIRO, Marcia Carla Pereira. A responsabilidade limitada nas sociedades empresárias.
In: RIBEIRO, Marcia Carla; DOMINGUES, Victor Hugo; KLEIN, Vinicius (Coords.). Análise
econômica do direito: justiça e desenvolvimento. Curitiba: CRV, 2016.
356
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
4
JUSTEN FILHO, Marçal. Desconsideração da Personalidade Jurídica. São Paulo: RT, 1987, p.
55-57. No mesmo sentido, a desconsideração inversa da personalidade jurídica permite
que a pessoa jurídica seja responsabilizada por dívida dos sócios, em caso fraude, abuso
ou desvio de finalidade.
5
GONÇALVES, Oksandro. A Relativização da Responsabilidade Limitada dos Sócios. Belo Horizonte:
Editora Fórum, 2011, p. 175.
FERNANDO SOLÁ SOARES, GIOVANI RIBEIRO RODRIGUES ALVES, MARCIA CARLA PEREIRA RIBEIRO
OS PROBLEMAS NA APLICAÇÃO DA TEORIA DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA E AS...
357
6
REQUIÃO, Rubens. Abuso de direito e fraude através da personalidade jurídica (disregard
doctrine). Revista dos Tribunais, São Paulo: RT, 1969, n. 410, p. 15.
358
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
7
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Agravo Regimental no Recurso Especial nº 1106072/MS,
da Quarta Turma. Ministro Relator Marco Buzzi. Publicado no Diário de Justiça Eletrônico
em 18 de setembro de 2014.
8
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 53-54.
360
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
9
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Agravo Regimental no Agravo em Recurso Especial
nº 347.476/DF, da Quarta Turma. Ministro Relator Raul Araújo. Publicado no Diário de
Justiça Eletrônico em 17 de maio de 2016.
362
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
10
BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado do Paraná. Agravo de Instrumento nº 1184986-8, da
Sexta Câmara Cível. Desembargador Relator Clayton de Albuquerque Maranhão. Publicado
no Diário de Justiça de 26 de agosto de 2014.
11
BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado do Paraná. Agravo de Instrumento nº 1056796-1,
da Décima Quarta Câmara Cível. Desembargador Relator Edson Vidal Pinto. Publicado no
Diário de Justiça de 06 de novembro de 2013.
FERNANDO SOLÁ SOARES, GIOVANI RIBEIRO RODRIGUES ALVES, MARCIA CARLA PEREIRA RIBEIRO
OS PROBLEMAS NA APLICAÇÃO DA TEORIA DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA E AS...
363
WAMBIER, Luiz Rodrigues; TALAMINI, Eduardo. Curso avançado de processo civil: teoria
12
geral do processo e processo de conhecimento. 15. ed. v. 1. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015, p. 81.
364
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
13
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial nº 881.330/SP, da Quarta Turma.
Ministro Relator João Otávio de Noronha. Publicado no Diário de Justiça Eletrônico em 10
de novembro de 2008.
14
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Agravo Regimental nos Embargos de Divergência
em Recurso Especial nº 418.385/SP, da Segunda Seção. Ministro Relator Ricardo Villas Bôas
Cueva. Publicado no Diário de Justiça Eletrônico em 16 de março de 2012.
FERNANDO SOLÁ SOARES, GIOVANI RIBEIRO RODRIGUES ALVES, MARCIA CARLA PEREIRA RIBEIRO
OS PROBLEMAS NA APLICAÇÃO DA TEORIA DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA E AS...
365
16
BRASIL. Lei Federal nº 13.105/2015. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em: 14 jul. 2016.
FERNANDO SOLÁ SOARES, GIOVANI RIBEIRO RODRIGUES ALVES, MARCIA CARLA PEREIRA RIBEIRO
OS PROBLEMAS NA APLICAÇÃO DA TEORIA DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA E AS...
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1.5 Conclusão
A teoria da desconsideração da personalidade jurídica foi incor-
porada pela legislação brasileira de forma não uniforme. Em alguns
casos, compatibiliza-se com a teoria menor (art. 28, caput e §5º, do CDC;
art. 34 da Lei Antitruste; e art. 4º da Lei Federal nº 9.605/98), que, como
visto, está dissociada em parte da teoria original da desconsideração,
já que permite o rompimento da autonomia patrimonial da pessoa
jurídica em situações que não envolvem fraude a credores ou abuso
na utilização da pessoa jurídica.
Apenas na aplicação da teoria maior (art. 50 do CC/02) é que
as bases da teoria da desconsideração são plenamente respeitadas,
privilegiando-se a autonomia das pessoas jurídicas, com o intuito de
coibir apenas aqueles atos tidos como fraudulentos ou dissimulados.
Quanto à aplicação das regras processuais para a desconsideração
da personalidade jurídica, houve avanços com as novas disposições sobre
a matéria no Código de Processo Civil de 2015 (art. 133 e seguintes), que
trarão maior segurança e previsibilidade para a atividade empresária,
tornando menos banalizada a possibilidade de invocação da descon-
sideração da personalidade.
Porém, o incidente de desconsideração da personalidade jurídica
pode trazer problemas quanto à celeridade processual, eis que ele
suspenderá o processo principal até que a questão seja efetivamente
resolvida.
368
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
Referências
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BRASIL. Lei Federal nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Disponível em: <http://www.
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BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Agravo Regimental no Agravo em Recurso Especial
nº 347.476/DF, da Quarta Turma. Ministro Relator Raul Araújo. Publicado no Diário de
Justiça Eletrônico em 17 de maio de 2016.
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Agravo Regimental no Recurso Especial nº 1106072/
MS, da Quarta Turma. Ministro Relator Marco Buzzi. Publicado no Diário de Justiça
Eletrônico em 18 de setembro de 2014.
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Agravo Regimental nos Embargos de Divergência
em Recurso Especial nº 418.385/SP, da Segunda Seção. Ministro Relator Ricardo Villas
Bôas Cueva. Publicado no Diário de Justiça Eletrônico em 16 de março de 2012.
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial nº 881.330/SP, da Quarta Turma.
Ministro Relator João Otávio de Noronha. Publicado no Diário de Justiça Eletrônico em
10 de novembro de 2008.
BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado do Paraná. Agravo de Instrumento nº 1184986-8,
da Sexta Câmara Cível. Desembargador Relator Clayton de Albuquerque Maranhão.
Publicado no Diário de Justiça de 26 de agosto de 2014.
BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado do Paraná. Agravo de Instrumento nº 1056796-1,
da Décima Quarta Câmara Cível. Desembargador Relator Edson Vidal Pinto. Publicado
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COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
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FERNANDO SOLÁ SOARES, GIOVANI RIBEIRO RODRIGUES ALVES, MARCIA CARLA PEREIRA RIBEIRO
OS PROBLEMAS NA APLICAÇÃO DA TEORIA DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA E AS...
369
INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO
DA PERSONALIDADE JURÍDICA NO
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015
2.1 Introdução
A entrada em vigor de um novo Código de Processo Civil (Lei nº
13.105, de 16 de março de 2015 – NCPC) implicou alterações substan-
ciais na operacionalização e efetivação do direito como um todo e, em
especial, no que concerne à desconsideração da personalidade jurídica,
uma vez que nosso legislador cuidou, pela primeira vez, da instituição
e regulamentação de um incidente processual em que se postula a
desconsideração da personalidade jurídica. Tratam-se dos artigos 133
a 137 do NCPC.
Inicialmente, é sumamente importante registrar que, no que se
refere à imputação de responsabilidades da pessoa jurídica a terceiros,
o direito societário apresenta três hipóteses, conforme já tivemos a
oportunidade de demonstrar:
De fato, ao se examinar a responsabilização de terceiro por obrigações
contraídas em nome da sociedade, pouco interessando se este terceiro
seja sócio, administrador ou membro de conselho ou outro órgão social,
faz-se necessário compreender que ela poderá se dar, como decorrência
da relação societária, de três maneiras diversas:
Primeira, a responsabilização do terceiro por obrigações da pessoa jurídica
poderá decorrer do tipo societário pelo qual se optou. Assim, os sócios
podem, voluntariamente, optar por um tipo de sociedade em que todos
eles respondam de maneira subsidiária, porém solidária e ilimitada
pelas obrigações da entidade, ou, ainda quem nem todos os sócios da
372
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
1
GONTIJO, Vinícius Jose Marques. Responsabilização no Direito Societário por terceiro por
obrigação da sociedade. Revista dos Tribunais, v. 854, p. 39.
2
DIAS, José de Aguiar. Da responsabilidade civil. 12. ed., 2. tiragem. Rio de Janeiro: Lumen
Juris, 2012, p. 18.
VINÍCIUS JOSE MARQUES GONTIJO
INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015
373
por ações ou omissões ilícitas (art. 1.016 do CC e art. 158 da LSA), mas
também dos conselheiros fiscais (art. 1.070 do CC e art. 165 da LSA) e
dos sócios (art. 1.080 do CC),3 desde que, obviamente, presentes todos
os elementos necessários para a responsabilização civil, quais sejam:
ação ou omissão voluntária, dano (mesmo que estritamente moral) e
nexo de causalidade.
Nas hipóteses de responsabilização civil do terceiro infrator
pelas obrigações da sociedade,4 exceto se operada uma das excludentes
do parágrafo único do art. 1.015 do CC, a pessoa jurídica responderá
solidariamente com o agente infrator, até por culpa in eligendo. Isso,
processualmente falando, poderá se operar por litisconsórcio passivo
entre a sociedade e o agente infrator.
Evidentemente, o incidente de desconsideração da personalidade
jurídica, que será objeto de nossa análise, somente se aplica a terceira
e última hipótese apresentada.
Neste capítulo, examinaremos e dissertaremos acerca do aspecto
processual da desconsideração da personalidade jurídica como disposto
no Código de Processo Civil de 2015, mesmo porque, naturalmente, os
pressupostos materiais para a desconsideração da personalidade jurídica
continuam sendo regidos pela legislação não processual, conforme
determinou expressamente o §1º do art. 133 do NCPC.
3
A responsabilização dos acionistas se dá por abuso de direito de voto e conflito de interesses
(art. 115 da LSA) como regra geral e, especificamente, para o acionista controlador por
violação de seus deveres na forma do art. 117 da LSA.
4
GONTIJO, Vinícius Jose Marques. Responsabilização no Direito Societário por terceiro por
obrigação da sociedade. Revista dos Tribunais, v. 854, p. 41-46.
374
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
5
REQUIÃO, Rubens. Abuso de direito e fraude através da personalidade jurídica. Revista
dos Tribunais, v. 410, p.14.
6
A questão tomou contornos críticos, a ponto de parte da doutrina se dedicar a investigar o
abuso na aplicação da Teoria da Desconsideração da Personalidade Jurídica. Neste sentido:
CEOLIN, Ana Caroline Santos. Abusos na aplicação da teoria da desconsideração da personalidade
jurídica. Belo Horizonte: Del Rey, 2002.
7
KEMPKES, Karin Apud NERY JÚNIOR, Nelson; NERY, Rosa Maria de Andrade. Código de
Processo Civil comentado. 16. ed., São Paulo: Editora RT, 2016, p. 624.
VINÍCIUS JOSE MARQUES GONTIJO
INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015
375
8
PENALVA SANTOS, J. A.; LUCCA, Newton de et al. Comentários ao Código Civil brasileiro.
Rio de Janeiro: Forense, 2005, v. 9, p. 202-203.
376
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
O problema da jurisdição, por sua vez, não é mais uma mera questão
de tipo (essencialmente) definitório interessante, sobretudo, a teoria
geral do direito e do Estado, constituindo, ao contrário, um tema de
implicações práticas bastante marcadas, uma vez que somente diante
de um procedimento (positivo) instrumental para o exercício da fun-
ção jurisdicional ocorre controlar se ele efetivamente é como deveria
(segundo a Constituição) ser.9
9
Tradução do autor: “Nella nuova prospettiva post-costituzionale, quindi, il problema del processo
non riguarda soltanto il suo essere (idest: la sua concreta organizzazione secondo le leggi ordinarie
vigenti), mas anche il suo dover essere (idest: la conformità del suo assetto positivo alla normativa
costituzionale sull’exercizio della’attività giurisdizionale).
Il problema della giurisdizione, a sua volta, non è più una mera questione di tipo (essenzialmente)
definitorio interessante soprattutto la teoria generale del diritto e dello Stato, costituendo invece un
tema dalle implicazioni pratiche assai marcate, poiché soltanto della funzione giurisdizionale occorre
controllare se lo stesso effettivamente é como dovrebbe (secondo la Costituzione) essere”. (ANDOLINA,
Ítalo. Il modello costituzionale del processo civile italiano. Torino: G. Giappichelli, 1990, p. 11.)
10
STJ, AgRg no REsp. 1.125.501/PR, 4a T., j. 16.04.2015, v.u., rel. Min. Marco Buzzi, DJe de
24.04.2015.
VINÍCIUS JOSE MARQUES GONTIJO
INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015
377
11
NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Novo Código de Processo Civil comentado. 2. ed. Salvador:
JusPodivm, 2017, p. 236.
12
ASSIS, Araken de. Processo Civil brasileiro. 2. ed. v. 3. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016,
p. 469.
378
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
13
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Direito Civil: Teoria Geral. 6. ed. Rio
de Janeiro: Lumen Juris, 2007, p. 321.
14
DUARTE, Nestor; PELUSO, Cezar (Coord.). Código Civil comentado. 3. ed. Barueri: Manole,
2009, p. 60.
15
NERY JÚNIOR, Nelson; NERY, Rosa Maria de Andrade. Código de Processo Civil comentado.
16. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016, p. 626.
VINÍCIUS JOSE MARQUES GONTIJO
INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015
379
16
NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Novo Código de Processo Civil comentado. 2. ed. Salvador:
JusPodivm, 2017, p. 238.
380
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
17
NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Novo Código de Processo Civil comentado. 2. ed. Salvador:
JusPodivm, 2017, p. 241-243.
VINÍCIUS JOSE MARQUES GONTIJO
INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015
381
18
NERY JÚNIOR, Nelson; NERY, Rosa Maria de Andrade. Código de Processo Civil comentado.
16. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016, p. 290.
382
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
2.4 Conclusões
Evidentemente, a instituição legal do incidente de desconside-
ração da personalidade jurídica pelo Código de Processo Civil de 2015
implicou ganho insofismável na consolidação dos preceitos processuais
constitucionais, em especial a ampla defesa e o contraditório.
O incidente certamente suscitará grandes discussões tanto em
nível doutrinário quanto em nível jurisprudencial, mormente em razão
do fato de que muitos operadores do direito ainda têm muita dificuldade
de visualizar a distinção entre as três hipóteses de terceiros responderem
19
BARBOSA, Henrique Cunha. Usos e desusos do incidente de desconsideração da personalidade
jurídica. In: PERRUCI, Felipe Falconi; MAIA, Felipe Fernandes Ribeiro; LEROY, Guilherme
Costa (Orgs.). Os impactos do novo CPC no Direito Empresarial. Belo Horizonte: D’Plácido,
2017, p. 81.
20
BARBOSA, Henrique Cunha. Usos e desusos do incidente de desconsideração da personalidade
jurídica. In: PERRUCI, Felipe Falconi; MAIA, Felipe Fernandes Ribeiro; LEROY, Guilherme
Costa (Orgs.). Os impactos do novo CPC no Direito Empresarial. Belo Horizonte: D’Plácido,
2017, p. 81.
384
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
Referências
ANDOLINA, Ítalo. Il modello costituzionale del processo civile italiano. Torino: G. Giappichelli,
1990.
ASSIS, Araken de. Processo Civil brasileiro. 2. ed. v. 3. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016.
BARBOSA, Henrique Cunha. Usos e desusos do incidente de desconsideração da
personalidade jurídica. In: PERRUCI, Felipe Falconi; MAIA, Felipe Fernandes Ribeiro;
LEROY, Guilherme Costa (Orgs.). Os impactos do novo CPC no Direito Empresarial. Belo
Horizonte: D’Plácido, 2017.
21
CORRÊA-LIMA, Osmar Brina. Responsabilidade civil dos administradores de sociedade anônima.
Rio de Janeiro: Aide, 1989, p. 140.
22
Código de Civil de 1916. Art. 20. As pessoas jurídicas têm existência distinta da dos seus
membros.
23
CORRÊA-LIMA, Osmar Brina. Responsabilidade civil dos administradores de sociedade anônima.
Rio de Janeiro: Aide, 1989, p. 141.
VINÍCIUS JOSE MARQUES GONTIJO
INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015
385
A DESCONSIDERAÇÃO DA
PERSONALIDADE JURÍDICA NO
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015
3.1 Introdução
O objeto do presente estudo enfoca um dos temas clássicos do
direito empresarial, a teoria da desconsideração da personalidade
jurídica, expressão nacional da disregard of legal entity ou disregard
doctrine do direito anglo-americano, através da qual se busca impedir
o uso lesivo ou indevido da pessoa jurídica com o intuito de prejudicar
terceiros ou para locupletar-se sem causa aceitável, desconsiderando
especificamente e momentaneamente sua autonomia patrimonial,
atingindo diretamente aqueles que a estão manipulando.
Para compreender fundamentalmente o instituto, cumpre analisar
a sua importância no direito empresarial, primeiramente entendendo
melhor a evolução do direito de empresa e a personalização da empresa,
para, então, passar à análise dos aspectos gerais e específicos que o
caracterizam.
Inicia-se aqui a forma de demostrar a desconsideração da perso-
nalidade jurídica nos limites condizentes com o ordenamento jurídico
brasileiro, demonstrando a fraude como elemento intrínseco à convi-
vência humana, devendo ser combatida pelo direito.
2
PIMENTA, Eduardo Goulart. Direito Societário. Porto Alegre: Editora Fi, 2017, p. 23.
3
ROCHA FILHO. José Maria. Curso de Direito Comercial. v. 1. Parte Geral. Belo Horizonte:
Del Rey, 1994, p. 61-62
390
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
4
GRANDE, João Teixeira. Antecedentes Legais da Falência. In: PAIVA, Luiz Fernando Valente
de (Coord.). Direito Falimentar e a Nova Lei de falências e recuperação de Empresas. São Paulo:
Quartier Latin, 2005, p. 358.
5
RODRIGUES, Sílvio. Direito civil. 31. ed. v. 1. São Paulo: Saraiva, 2000, p. 64.
LUCIANA DE CASTRO BASTOS, RODRIGO ALMEIDA MAGALHÃES
A DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015
391
6
COMPARATO, Fábio Konder. O poder de Controle na Sociedade Anônima. 3. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 1983, p. 273 e 278.
7
GOMES, Orlando. Introdução ao Direito Civil. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1990, p. 191.
8
KOURY, Susy Elizabeth Cavalcante. A desconsideração da personalidade jurídica (disregard
doctrine) e os grupos de empresas. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1998.
9
SAVATIER, René. Les Métamorphoses économiques et sociales du Droit civil d’aujourd’hui.
Paris: Dalloz, 1948, p. 65-72 apud KOURY, Susy Elizabeth Cavalcante. A desconsideração da
personalidade jurídica (disregard doctrine) e os grupos de empresas. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense,
1998, p. 40.
392
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
10
SOUZA, Washington Peluso Albino de. Direito Econômico e Economia Política. v. 2. Belo
Horizonte: [s.e.], 1971, p. 131.
11
KOURY, Susy Elizabeth Cavalcante. A desconsideração da personalidade jurídica (disregard
doctrine) e os grupos de empresas. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1998, p. 55.
12
BERLE JR., Adolf A.; MEANS, Gardiner C. Societá per azioni e proprietà privata. Trad. Giovanni
Maria Ughi. Torino: Giulio Einaudi, 1996, p. 70.
LUCIANA DE CASTRO BASTOS, RODRIGO ALMEIDA MAGALHÃES
A DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015
393
13
KOURY, Susy Elizabeth Cavalcante. A desconsideração da personalidade jurídica (disregard
doctrine) e os grupos de empresas. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1998, p. 56.
14
KRIGER FILHO, Domingos Afonso. Aspectos da desconsideração da personalidade societária
na Lei do Consumidor. Revista de Direito do Consumidor, São Paulo, n. 13, p. 78-86, jan./mar.
1995, p. 80.
394
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
15
RODRIGUES JUNIOR, Walsir Edson. Direito Civil: Famílias. 2. ed. São Paulo: Editora Atlas,
2012, p. 218.
16
REQUIÃO, Rubens. Abuso de direito e fraude, através da personalidade jurídica. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 1969, p. 410.
LUCIANA DE CASTRO BASTOS, RODRIGO ALMEIDA MAGALHÃES
A DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015
395
17
FIUZA, César. Direito Civil: Curso completo. 13. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2009, p. 153.
18
ASCARELLI, Tullio. Questões a respeito das sociedades coligadas. In: Problemas das Sociedades
Anônimas e Direito Comparado. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1969, p. 490.
19
Neste sentido: ASCARELLI, Tullio. Le unioni di imprese. Rivista del Diritto Commerciale,
Milano, 1935, p. 173.
396
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
20
FIUZA, César. Direito Civil: Curso completo. 13. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2009, p. 154.
LUCIANA DE CASTRO BASTOS, RODRIGO ALMEIDA MAGALHÃES
A DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015
397
21
RODRIGUES JUNIOR, Walsir Edson. Direito Civil: Famílias. 2. ed. São Paulo: Editora Atlas,
2012, p. 219.
22
FIUZA, César. Direito Civil: Curso completo. 13. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2009, p. 157.
23
BRAVO, Raquel Nunes. Sociedades Afetivas: dissoluções e a desconsideração da personalidade
jurídica inversa. Curitiba: Juruá, 2013, p. 66.
24
SERICK, Rolf. Apariencia Y realidade em las sociedades mercantiles: el abuso de derecho por
medio de la persona jurídica. Trad. José Puig Brutal. Barcelona: Ariel, 1958, p. 241.
398
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
25
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil. Volume
1: parte geral. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 220.
26
VERRUCOLI, Piero. Il superamento della personalità giuridica delle società di capitali nella common
law e nella civil law. Milão: Giuffrè, 1964, p. 195.
27
RODRIGUES, Simone Gomes. Desconsideração da personalidade jurídica no Código de
Defesa do Consumidor. Revista de Direito do Consumidor, São Paulo, n. 11, p. 7, jul./set. 1994.
28
SERICK, Rolf. Apariencia Y realidade em las sociedades mercantiles: el abuso de derecho por
medio de la persona jurídica. Trad. José Puig Brutal. Barcelona: Ariel, 1958, p. 242.
29
SILVA, Alexandre Couto. Aplicação da desconsideração da personalidade jurídica no direito
brasileiro. São Paulo: LTr, 1999, p. 35.
LUCIANA DE CASTRO BASTOS, RODRIGO ALMEIDA MAGALHÃES
A DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015
399
30
AMARAL, Guilherme Rizzo. Comentários às alterações do novo CPC. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015, p. 357.
LUCIANA DE CASTRO BASTOS, RODRIGO ALMEIDA MAGALHÃES
A DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015
401
31
CÂMARA, Alexandre Freitas. In: WAMBIER, Teresa Arruda et al. (Coords.). Breves comentários
do Código de Processo Civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, p. 515-516.
402
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
32
Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem
sobre:
IV – incidente de desconsideração da personalidade jurídica;
33
AMARAL, Guilherme Rizzo. Comentários às alterações do novo CPC. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015, p. 362.
LUCIANA DE CASTRO BASTOS, RODRIGO ALMEIDA MAGALHÃES
A DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015
403
34
AMARAL, Guilherme Rizzo. Comentários às alterações do novo CPC. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015, p. 364.
35
Nesse sentido, WALBIER, Tereza Arruda Alvim et al. Primeiros Comentários ao Novo Código
de Processo Civil. São Paulo: RT, p. 252 e 255.
404
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
36
Art. 314. Durante a suspensão é vedado praticar qualquer ato processual, podendo o juiz,
todavia, determinar a realização de atos urgentes a fim de evitar dano irreparável, salvo
no caso de arguição de impedimento e de suspeição.
37
DONIZETTE, Elpídio. Novo Código de Processo Civil Comentado (Lei Nº 13.105 de 16 de março de
2015): análise comparativa entre o novo CPC e o CPC /73. São Paulo: Editora Atlas, 2015, p. 115.
38
Art. 828. O exequente poderá obter certidão de que a execução foi admitida pelo juiz, com
identificação das partes e do valor da causa, para fins de averbação no registro de imóveis,
de veículos ou de outros bens sujeitos a penhora, arresto ou indisponibilidade.
§1º: No prazo de 10 (dez) dias de sua concretização, o exequente deverá comunicar ao juízo
as averbações efetivadas.
§2º: Formalizada penhora sobre bens suficientes para cobrir o valor da dívida, o exequente
providenciará, no prazo de 10 (dez) dias, o cancelamento das averbações relativas àqueles
não penhorados.
§3º: O juiz determinará o cancelamento das averbações, de ofício ou a requerimento, caso
o exequente não o faça no prazo.
§4º: Presume-se em fraude à execução a alienação ou a oneração de bens efetuada após a
averbação.
§5º: O exequente que promover averbação manifestamente indevida ou não cancelar as
averbações nos termos do §2º indenizará a parte contrária, processando-se o incidente em
autos apartados.
39
Art. 167 – No Registro de Imóveis, além da matrícula, serão feitos:
I – o registro (...) 21) das citações de ações reais ou pessoais reipersecutórias, relativas a imóveis;
40
Art. 137. Acolhido o pedido de desconsideração, a alienação ou a oneração de bens, havida
em fraude de execução, será ineficaz em relação ao requerente.
LUCIANA DE CASTRO BASTOS, RODRIGO ALMEIDA MAGALHÃES
A DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015
405
41
BUENO, Cassio Scarpinella. Novo Código de Processo Civil anotado. São Paulo: Saraiva, 2015,
p. 134.
42
Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e
despachos.
§1º Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos especiais, sentença é o pro-
nunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase
cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução.
§2º Decisão interlocutória é todo pronunciamento judicial de natureza decisória que não
se enquadre no §1º. (...)
43
Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem
sobre: (...)
IV – incidente de desconsideração da personalidade jurídica; (...)
406
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
44
COSTA, Daniel Carnio. Considerações sobre o poder geral de cautela. Revista Científica
Integrada – Unaerp, Campus Guarujá, n. 1, mar. 2012.
45
NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Novo Código de Processo Civil. São Paulo: Método, 2015,
p. 141.
LUCIANA DE CASTRO BASTOS, RODRIGO ALMEIDA MAGALHÃES
A DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015
407
3.6 Conclusão
O artigo teve por objeto a análise da desconsideração da perso-
nalidade jurídica no Código de Processo Civil de 2015.
O legislador foi cuidadoso ao estabelecer a possibilidade da ampla
defesa e contraditório antes da aplicação do instituto. Isso possibilita a
manifestação da parte antes de ter invadido o seu patrimônio.
Teve ainda a preocupação de acelerar o processo, no sentido
de torná-lo mais efetivo, ao colocá-lo como um incidente processual.
Apesar de todas essas preocupações, o instituto ficou mal estabe-
lecido. A desconsideração da personalidade jurídica é feita para salvar o
patrimônio do empresário e responsabilizar quem efetivamente praticou
o ato. Na forma em que ficou estabelecido no Código de Processo
Civil, o instituto é uma ampliação da responsabilidade para os sócios e
administradores que efetivamente praticaram o ato abusivo, e não uma
efetiva desconsideração da personalidade jurídica para responsabilizar
quem praticou o ato danoso.
Referências
AMARAL, Guilherme Rizzo. Comentários às alterações do novo CPC. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2015.
ASCARELLI, Tullio. Questões a respeito das sociedades coligadas. In: Problemas das
Sociedades Anônimas e Direito Comparado. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1969.
BERLE JR., Adolf A.; MEANS, Gardiner C. Societá per azioni e proprietà privata. Trad.
Giovanni Maria Ughi. Torino: Giulio Einaudi, 1996.
BRAVO, Raquel Nunes. Sociedades Afetivas: dissoluções e a desconsideração da persona-
lidade jurídica inversa. Curitiba: Juruá, 2013.
BUENO, Cassio Scarpinella. Novo Código de Processo Civil anotado. São Paulo: Saraiva, 2015.
CÂMARA, Alexandre Freitas. In: WAMBIER, Teresa Arruda et al. (Coords.). Breves comen-
tários do Código de Processo Civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
COMPARATO, Fábio Konder. O poder de Controle na Sociedade Anônima. 3. ed. Rio de
Janeiro: Forense, 1983.
408
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
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A DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015
409
1
Parte deste trabalho conta com o apoio do Auxílio Pesquisador/UFOP.
2
BRASIL. Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973. Diário Oficial da União: Institui o Código de
Processo Civil. Brasília, DF. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
L5869.htm>. Acesso em: 12 jun. 2015.
3
BRASIL. Decreto-Lei nº 1.608, de 18 de janeiro de 1939. Clbr: Código de Processo Civil. Rio
de Janeiro. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/1937-1946/
Del1608.htm>. Acesso em: 12 jun. 2015.
4
BRASIL. Lei nº 556, de 25 de junho de 1850. Código Comercial. Coleção de leis do Brasil, Rio
de Janeiro, 1850. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L0556-1850.
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412
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
5
COMPARATO, 1990 apud NUNES, Márcio Tadeu Guimarães. Dissolução Parcial de Sociedades.
Rio de Janeiro: Forense, 1998, p. 13-15.
6
COMPARATO, 1990 apud NUNES, Márcio Tadeu Guimarães. Dissolução Parcial de Sociedades.
Rio de Janeiro: Forense, 1998, p. 13-15.
7
FONSECA, Priscila M. P. Corrêa da. Dissolução parcial, retirada e exclusão de sócio. 5. ed. São
Paulo: Atlas, 2012, p. 76-78.
8
BRASIL. Lei Federal nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial
da União, Brasília, 11 jan. 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/2002/L10406.htm>. Acesso em: 27 ago. 2012.
9
Fábio Ulhoa Coelho critica a designação legal, asseverando que nem todas as hipóteses
são de resolução; a hipótese contida no art. 1029, que tem por base a retirada imotivada do
sócio, é de resilição do contrato da sociedade (COELHO, Fábio Ulhoa. A ação de dissolução
parcial de sociedade. Revista de Informação Legislativa, Brasília, v. 190, n. 48, p. 141-155, abr.
2011. p. 165. Trimestral. Disponível em: <http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/
id/242887/000923100.pdf?sequence=1>. Acesso em: 20 abr. 2015).
10
BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de janeiro de 2015. Diário Oficial da União: Código de Processo
Civil. Brasília. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/
Lei/L13105.htm>. Acesso em: 12 maio 2015.
PEDRO D’ANGELO RIBEIRO, ROBERTO HENRIQUE PÔRTO NOGUEIRA
NOVOS HORIZONTES DA DISSOLUÇÃO PARCIAL DE SOCIEDADES
413
11
FONSECA, Priscila M. P. Corrêa da. Dissolução parcial, retirada e exclusão de sócio. 5. ed. São
Paulo: Atlas, 2012, p. 3.
12
FONSECA, Priscila M. P. Corrêa da. Dissolução parcial, retirada e exclusão de sócio. 5. ed. São
Paulo: Atlas, 2012, p. 3.
13
FONSECA, Priscila M. P. Corrêa da. Dissolução parcial, retirada e exclusão de sócio. 5. ed. São
Paulo: Atlas, 2012, p. 11.
14
COELHO, Fábio Ulhoa. A ação de dissolução parcial de sociedade. Revista de Informação
Legislativa, Brasília, v. 190, n. 48, p. 141-155, abr. 2011. p. 144. Trimestral. Disponível em:
414
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
<http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/242887/000923100.pdf?sequence=1>.
Acesso em: 20 abr. 2015.
15
Ao revés, pode levar a interpretações restritivas e equivocadas em relação à cisão e à
transformação, já que as referidas operações de incorporação societária não são mencionadas
como hipóteses de retirada no art. 1.077 do CC, induzindo o magistrado ao erro, conforme
FONSECA, Priscila M. P. Corrêa da. Dissolução parcial, retirada e exclusão de sócio. 5. ed. São
Paulo: Atlas, 2012, p. 14.
16
FONSECA, Priscila M. P. Corrêa da. Dissolução parcial, retirada e exclusão de sócio. 5. ed. São
Paulo: Atlas, 2012, p. 11.
PEDRO D’ANGELO RIBEIRO, ROBERTO HENRIQUE PÔRTO NOGUEIRA
NOVOS HORIZONTES DA DISSOLUÇÃO PARCIAL DE SOCIEDADES
415
17
BRASIL. Lei nº 11.101, de 09 de janeiro de 2005. Diário Oficial da União: Regula a recuperação
judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária.. Brasília, DF.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm>.
Acesso em: 12 jun. 2015.
18
FONSECA, Priscila M. P. Corrêa da. Dissolução parcial, retirada e exclusão de sócio. 5. ed. São
Paulo: Atlas, 2012, p. 62-63.
19
Opta-se, aqui, por diferenciar processualmente a fase de dissolução propriamente dita e a fase
de apuração de haveres, que, conforme exposto, já podia ser deflagrada sem a necessidade
de processo de conhecimento anterior para a alteração do contrato social, que também já
ocorria de pleno direito, com características peculiares.
20
FONSECA, Priscila M. P. Corrêa da. Dissolução parcial, retirada e exclusão de sócio. 5. ed. São
Paulo: Atlas, 2012, p. 75.
416
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O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
total ainda em vigor e que remete aos arts. 655 usque 674 do Código de
Processo Civil,21 ora do regramento relativo à dissolução, liquidação
e extinção das sociedades por ações, contido na Lei nº 6.404.22 Assim,
tinha lugar sempre que não havia possibilidade de resolução do vínculo
através da via contratual ou extrajudicial, ou havia pretensão resistida
entre o sócio afastado e os demais referente à ruptura do contrato social.
No entanto, a aplicação dessas normas parecia contraditória,
uma vez que as finalidades dos institutos eram opostas na medida em
que a dissolução parcial já objetivava preservar a empresa, enquanto a
dissolução total sempre ocasionou a extinção da sociedade por completo.
Tal panorama era terreno fértil para controvérsias.
21
BRASIL. Decreto-Lei nº 1.608, de 18 de janeiro de 1939. Clbr: Código de Processo Civil. Rio
de Janeiro. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/1937-1946/
Del1608.htm>. Acesso em: 12 jun. 2015.
22
BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de janeiro de 1976. Diário Oficial da União: Dispõe sobre as
Sociedades por Ações. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404consol.
htm>. Acesso em: 12 jun. 2015.
23
BRASIL. Decreto-Lei nº 1.608, de 18 de janeiro de 1939. Clbr: Código de Processo Civil. Rio
de Janeiro. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/1937-1946/
Del1608.htm>. Acesso em: 12 jun. 2015.
24
FONSECA, Priscila M. P. Corrêa da. Dissolução parcial, retirada e exclusão de sócio. 5. ed. São
Paulo: Atlas, 2012, p. 76.
25
FONSECA, Priscila M. P. Corrêa da. Dissolução parcial, retirada e exclusão de sócio. 5. ed. São
Paulo: Atlas, 2012, p. 76.
26
BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de janeiro de 1976. Diário Oficial da União: Dispõe sobre as
Sociedades por Ações. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404consol.
htm>. Acesso em: 12 jun. 2015.
PEDRO D’ANGELO RIBEIRO, ROBERTO HENRIQUE PÔRTO NOGUEIRA
NOVOS HORIZONTES DA DISSOLUÇÃO PARCIAL DE SOCIEDADES
417
27
FONSECA, Priscila M. P. Corrêa da. Dissolução parcial, retirada e exclusão de sócio. 5. ed. São
Paulo: Atlas, 2012, p. 77.
28
STJ – REsp: 315915 SP 2001/0038521-4, Relator: Ministro CARLOS ALBERTO MENEZES
DIREITO, Data de Julgamento: 08.10.2001, T3 – TERCEIRA TURMA, Data de Publicação:
DJ 04.02.2002, p. 352, RNDJ, vol. 28, p. 145.
29
STJ – REsp: 242603 SC 1999/0115786-2, Relator: Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Data de
Julgamento: 04.12.2008, T4 – QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 18.12.2008.
30
FONSECA, Priscila M. P. Corrêa da. Dissolução parcial, retirada e exclusão de sócio. 5. ed. São
Paulo: Atlas, 2012, p. 78.
31
Constam precedentes nesse sentido no STJ (REsp. nº 419.174-SP; REsp nº 171354-SP; AgRg.
no Ag. nº 34.120-8/SP) e nos Tribunais, como os de São Paulo (Ap. nº 26.887-7) e Minas
Gerais (Ap. nº 1.0702.02.036439-5/001), conforme elucida FONSECA, Priscila M. P. Corrêa
da. Dissolução parcial, retirada e exclusão de sócio. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2012, p. 87.
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O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
32
FONSECA, Priscila M. P. Corrêa da. Dissolução parcial, retirada e exclusão de sócio. 5. ed. São
Paulo: Atlas, 2012, p. 70.
33
TJSP, Terceira Câmara de Direito Privado, Apelação Cível nº 324.222-4/0-00, 2004.
34
BRASIL, STJ, – REsp: 651722 PR 2004/0048237-2.
35
BRASIL, STJ, AgRg no REsp: 1079763 SP 2008/0171572-0.
36
FONSECA, Priscila M. P. Corrêa da. Dissolução parcial, retirada e exclusão de sócio. 5. ed. São
Paulo: Atlas, 2012, p. 102.
37
FONSECA, Priscila M. P. Corrêa da. Dissolução parcial, retirada e exclusão de sócio. 5. ed. São
Paulo: Atlas, 2012, p. 102.
PEDRO D’ANGELO RIBEIRO, ROBERTO HENRIQUE PÔRTO NOGUEIRA
NOVOS HORIZONTES DA DISSOLUÇÃO PARCIAL DE SOCIEDADES
419
38
BRASIL. STJ. Recurso Especial nº 788886 SP 2005/0165148-7. BRASIL, STJ – REsp: 813430
SC 2006/0020520-0.
39
Ver em: BRASIL, STJ – Recurso Especial nº 332650 RJ 2001/0092909-8; BRASIL, STJ – Recurso
Especial nº 735207 BA 2005/0034846-9.
40
FONSECA, Priscila M. P. Corrêa da. Dissolução parcial, retirada e exclusão de sócio. 5. ed. São
Paulo: Atlas, 2012, p. 105.
41
FONSECA, Priscila M. P. Corrêa da. Dissolução parcial, retirada e exclusão de sócio. 5. ed. São
Paulo: Atlas, 2012.
42
BRASIL, STJ – Recurso Especial nº 537611 MA 2003/0051041-8.
43
FONSECA, Priscila M. P. Corrêa da. Dissolução parcial, retirada e exclusão de sócio. 5. ed. São
Paulo: Atlas, 2012, p. 101.
44
BRASIL. STJ. Recurso Especial nº 114708 MG 1996/0075143-9.
420
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
45
FONSECA, Priscila M. P. Corrêa da. Dissolução parcial, retirada e exclusão de sócio. 5. ed. São
Paulo: Atlas, 2012, p. 99.
46
FONSECA, Priscila M. P. Corrêa da. Dissolução parcial, retirada e exclusão de sócio. 5. ed. São
Paulo: Atlas, 2012, p. 134.
47
MINAS GERAIS. Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais. Apelação Cível nº
1.0024.07.754408-8/001. MINAS GERAIS. Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais.
Apelação Cível nº 106720311910060011.
PEDRO D’ANGELO RIBEIRO, ROBERTO HENRIQUE PÔRTO NOGUEIRA
NOVOS HORIZONTES DA DISSOLUÇÃO PARCIAL DE SOCIEDADES
421
48
FONSECA, Priscila M. P. Corrêa da. Dissolução parcial, retirada e exclusão de sócio. 5. ed. São
Paulo: Atlas, 2012, p. 134.
49
FONSECA, Priscila M. P. Corrêa da. Dissolução parcial, retirada e exclusão de sócio. 5. ed. São
Paulo: Atlas, 2012, p. 135.
50
BRASIL. STJ. Recurso Especial nº 242603 SC 1999/0115786-2. PARANÁ. Tribunal de Justiça
do Estado do Paraná. Apelação Cível nº 2218662 PR 0221866-2. MINAS GERAIS. Tribunal
de Justiça do Estado de Minas Gerais. Apelação Cível nº 10355130018854001.
422
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
4.4.1 Objeto
Observando, então, o procedimento especial em vigor, tem-se
no art. 599 do NCPC a indicação dos objetos da ação de dissolução
parcial. Os incisos do referido artigo definem que a ação de dissolução
parcial pode ter por objeto a resolução da sociedade em relação ao sócio
(inciso I) e a apuração de haveres deste sócio (inciso II). Além disso,
preveem a possibilidade de apenas um desses pedidos ser provido,
alternativamente (inciso III).51
Incluíram-se, aí, as hipóteses nas quais se reputava dissolvida
a sociedade de pleno direito, sendo a ação ajuizada apenas almejando
descobrir, por meio de perícia, o valor devido pela sociedade ao sócio
dissidente.
Em louvável esforço legislativo, foi incluído no texto final do
NCPC o §2º do art. 599, que não estava presente no projeto de lei
original, possibilitando a dissolução parcial das sociedades anônimas de
capital fechado, impondo para tanto o seguinte requisito: “[...] quando
demonstrado, por acionista ou acionistas que representem cinco por
cento ou mais do capital social, que não pode preencher o seu fim”.
Conforme já mencionado, a jurisprudência trilhou um longo
caminho até abarcar a ideia da possibilidade de dissolução parcial
das sociedades anônimas de capital fechado. Porém, é de se estranhar
a imposição de requisitos mínimos, pois as cortes vinham deferindo
hodiernamente a dissolução parcial nesses tipos de sociedade quando
verificada a falta de affectio societatis.
51
Erasmo Novaes e França afirma que “[o] projeto confunde, inadmissivelmente, a ação de
dissolução parcial de sociedade – de natureza constitutivo-negativa (ou desconstitutiva, se
se preferir) – com a ação de apuração de haveres – de natureza condenatória”. E prossegue o
autor: “O que a ciência jurídica demorou dezenas de anos para distinguir é misturado numa
sopa só, inclusive quanto à legitimação para agir” (FRANÇA, Erasmo Valladão Azevedo e
Novaes. O Antiprojeto de CCom: A praga que se propaga no projeto de CPC. 2013. Disponível
em: <http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI177478,11049-O+Antiprojeto+de+CCom+A
+praga+que+se+propaga+no+>. Acesso em: 12 jun. 2015.).
PEDRO D’ANGELO RIBEIRO, ROBERTO HENRIQUE PÔRTO NOGUEIRA
NOVOS HORIZONTES DA DISSOLUÇÃO PARCIAL DE SOCIEDADES
423
52
FONSECA, Priscila M. P. Corrêa da. Dissolução parcial, retirada e exclusão de sócio. 5. ed. São
Paulo: Atlas, 2012, p. 72.
53
FONSECA, Priscila M. P. Corrêa da. Dissolução parcial, retirada e exclusão de sócio. 5. ed. São
Paulo: Atlas, 2012, p. 69.
54
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília,
DF, Senado Federal, 1988. Disponível em <http://planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/
Constituicao.htm>. Acesso em: 12 jun. 2015.
55
FONSECA, Priscila M. P. Corrêa da. Dissolução parcial, retirada e exclusão de sócio. 5. ed. São
Paulo: Atlas, 2012, p. 74.
424
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
Legislativa, Brasília, v. 190, n. 48, p. 141-155, abr. 2011. p. 150-151. Trimestral. Disponível em:
<http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/242887/000923100.pdf?sequence=1>.
Acesso em: 20 abr. 2015.
PEDRO D’ANGELO RIBEIRO, ROBERTO HENRIQUE PÔRTO NOGUEIRA
NOVOS HORIZONTES DA DISSOLUÇÃO PARCIAL DE SOCIEDADES
425
57
COELHO, Fábio Ulhoa. A ação de dissolução parcial de sociedade. Revista de Informação
Legislativa, Brasília, v. 190, n. 48, p. 141-155, abr. 2011. p. 151. Trimestral. Disponível em:
<http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/242887/000923100.pdf?sequence=1>.
Acesso em: 20 abr. 2015.
58
FONSECA, Priscila M. P. Corrêa da. Dissolução parcial, retirada e exclusão de sócio. 5. ed. São
Paulo: Atlas, 2012, p. 98-99.
426
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
59
FONSECA, Priscila M. P. Corrêa da. Dissolução parcial, retirada e exclusão de sócio. 5. ed. São
Paulo: Atlas, 2012, p. 105.
PEDRO D’ANGELO RIBEIRO, ROBERTO HENRIQUE PÔRTO NOGUEIRA
NOVOS HORIZONTES DA DISSOLUÇÃO PARCIAL DE SOCIEDADES
427
4.4.4 Procedimento
O art. 603 do NCPC dispõe a respeito da hipótese na qual há a
concordância de todos os sócios em relação à dissolução da sociedade.
Preconiza o caput do referido artigo que, “havendo manifestação
expressa e unânime pela concordância da dissolução, o juiz a decretará,
passando-se imediatamente à fase de liquidação”.
60
RESTIFFE, Paulo Sérgio. O Caranguejo e o Projeto de Novo CPC: o procedimento especial de
dissolução parcial de sociedade ou lição de como se piorar por não saber. 2010. Disponível
em: <http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI122853,11049-O+Caranguejo+e+o+Projeto
+de+Novo+CPC+o+procedime>. Acesso em: 12 jun. 2015.
61
Aduz a autora que, “tendo em conta que a liquidação dos haveres resulta da mensuração
econômica do patrimônio social para definição do valor da quota do excluído, tem-se que
os bens que compõem o ativo continuam de propriedade da sociedade, um estado que
autoriza a confecção de um balanço completo, inclusive do prejuízo que fora apurado pela
desídia do sócio, podendo ser deduzido na forma reconvencional” (FONSECA, Priscila M.
P. Corrêa da. Dissolução parcial, retirada e exclusão de sócio. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2012, p.
118).
62
FONSECA, Priscila M. P. Corrêa da. Dissolução parcial, retirada e exclusão de sócio. 5. ed. São
Paulo: Atlas, 2012, p. 118.
63
RESTIFFE, Paulo Sérgio. O Caranguejo e o Projeto de Novo CPC: o procedimento especial de
dissolução parcial de sociedade ou lição de como se piorar por não saber. 2010. Disponível
em: <http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI122853,11049-O+Caranguejo+e+o+Projeto
+de+Novo+CPC+o+procedime>. Acesso em: 12 jun. 2015.
428
FELIPE PEIXOTO BRAGA NETO, MICHAEL CÉSAR SILVA, VINÍCIUS LOTT THIBAU (Coord.)
O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
64
RESTIFFE, Paulo Sérgio. O Caranguejo e o Projeto de Novo CPC: o procedimento especial de
dissolução parcial de sociedade ou lição de como se piorar por não saber. 2010. Disponível
em: <http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI122853,11049-O+Caranguejo+e+o+Projeto
+de+Novo+CPC+o+procedime>. Acesso em: 12 jun. 2015.
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NOVOS HORIZONTES DA DISSOLUÇÃO PARCIAL DE SOCIEDADES
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O DIREITO PRIVADO E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: REPERCUSSÕES, DIÁLOGOS E TENDÊNCIAS
4.5 Conclusões
Algumas principais novidades podem destacar-se do procedi-
mento especial do NCPC.
Foi dado tratamento diferenciado aos trâmites das ações de
dissolução parcial, que agora passam a englobar, em sentido amplo,
todas as formas de ruptura do contrato social, independentemente de
tal forma demandar ou não processo de conhecimento anterior para
deflagrar a fase de apuração dos haveres.
Houve êxito em consagrar alguns aspectos processuais da disso-
lução parcial de sociedade. Assim, a partir da vigência do NCPC, ocorreu
a inserção da sociedade anônima de capital fechado como objeto da
ação de dissolução parcial.
Definiu-se que o espólio detém legitimidade ativa para pleitear
a dissolução parcial caso não haja anuência dos sócios supérstites para
a entrada dos herdeiros na sociedade, consagrando assim que o estado
de sócio não se transfere automaticamente.
Admitiu-se também a sociedade como legitimada para promover
os procedimentos de dissolução parcial elencados em lei visando à
defesa de seus interesses. Foi conferida, também, legitimidade ativa
ao cônjuge que recebeu parte das quotas em partilha de bens, excluin-
do-se a figura da subsociedade e tornando sem efeito esse instituto
ultrapassado contido no CC.
No tocante à apuração de haveres, foram estabelecidas por lei
a data da resolução da sociedade em relação ao sócio dissidente e
a forma como deve ser realizada a apuração de haveres, tendo sido
incluída também a necessidade de se nomear um perito especialista e,
principalmente, que todos esses quesitos acima elencados possam ser
questionados a qualquer tempo antes de se iniciar a perícia. Também
foi definida a natureza do crédito devido pela sociedade ao sócio e
também como os valores apurados devem ser pagos.
Foi dirimida a controvérsia relativa aos poderes de liquidante,
por vezes conferidos ao perito pelas Cortes ao longo do tempo e que
não têm cabimento no atual ordenamento jurídico, como também foram
positivados os parâmetros do cumprimento de sentença já estabelecidos
no procedimento vigente.
PEDRO D’ANGELO RIBEIRO, ROBERTO HENRIQUE PÔRTO NOGUEIRA
NOVOS HORIZONTES DA DISSOLUÇÃO PARCIAL DE SOCIEDADES
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