Vous êtes sur la page 1sur 14

VILLA-LOBOS

E O IDEAL DA ARTE
NACIONALISTA:
O ENCONTRO
ENTRE O ERUDITO
E O POPULAR

VILLA-LOBOS, QUARTETO NÚMERO 05


A INTEGRAL DOS QUARTETOS DE CORDA

PROFESSORES
DANILO TOMIC Arte (Música)
RAFAEL LEPORACE História
SINOPSE DO PROGRAMA
Conhecer e apreciar a obra do brilhante Heitor
Villa-Lobos - essa é a proposta de A Integral dos
Quartetos de Cordas. A série apresenta algumas
-
mente para quartetos, uma formação tradicional
que exige enorme conhecimento musical para
que seus poucos instrumentos deem conta da
melodia e da harmonia. Os professores convi-

uma proposta de História e Música que traça as


relações entre o desenvolvimento brasileiro no
início do século XX e as transformações artísti-
cas provocadas pelo Modernismo.

APRESENTAÇÃO
O documentário Villa-Lobos é uma excelente
oportunidade para os professores de Música
e História desenvolverem seus conteúdos em
conjunto e de forma inovadora. O professor de
Música poderá trabalhar o quarteto de cordas
em sua composição e mudanças de sua estru-
tura ao longo dos anos. Por sua vez, a História
poderá interpretar o contexto cultural do Brasil
na década de 1920 como agente de interferência
para o desenvolvimento da Primeira República.
UM OLHAR PARA O DOCUMENTÁRIO
A PARTIR DA MÚSICA

Nossa sugestão para abordar e trabalhar esse mente o Quarteto nº 5 de Villa-Lobos (o “Quarteto
vídeo na área de Música poderá ser dividida em popular”), procurando fazer com que os alunos
duas sequências didáticas. Na primeira, propo- entendam a estrutura da composição, além da
mos o estudo do quarteto de cordas como grupo -
instrumental dentro da tradição da música erudita terizam como “brasileiro”. A seguir, descreveremos
europeia, suas particularidades e sua história. Na de forma detalhada cada sequência didática.
-

1. O QUARTETO DE CORDAS

O quarteto de cordas é um grupo musical


composto por quatro músicos que tocam dois Haydn ......................... 68
Mozart ........................ 23
do século XVIII e tornou-se um formato especial- Beethoven .................. 16
Schubert..................... 15
partir deste poderiam representar um ambiente
sonoro de essencialidade criativa. Essa formação Schumann .................... 3
foi estabelecida por Joseph Haydn (1732-1809), Brahms ......................... 3
que chegou a compor 68 quartetos com essa Dvorak ........................ 14
Ravel ............................ 1
- no chamado “período clássico” - Mozart, Bee-
thoven e Schubert - escreveram inúmeras peças Debussy ....................... 1
do gênero, as estabelecendo como prática para Bartok........................... 6
a criação musical clássica, ao lado das sinfonias Schostakovich............ 15
e das sonatas para piano e outros instrumentos.

O sucesso da formação do quarteto de cordas se Até na música popular contemporânea há a pre-


estabeleceu como um dos principais exercícios sença dessa formação, como na canção “Eleonor
composicionais, fazendo parte da lista de trabalhos Rigby”, dos Beatles.
de qualquer aspirante a compositor erudito. Fato
Para aprofundar o assunto, propomos que o pro-
ao menos um quarteto de cordas ao longo de sua fessor divida a classe em grupos e desenvolva a
vida musical, pois por meio dessa formação pode- atividade descrita a seguir. Em um primeiro mo-
riam demonstrar suas habilidades composicionais mento cada grupo será responsável por uma
e estéticas musicais.
uma exposição com os trabalhos, que cons-
Para ilustrar a importância do quarteto de cordas, tituirão um painel sobre o tema. Sugerimos a
listaremos alguns compositores e o número de divisão das pesquisas entre os grupos:
quartetos de corda que criaram:

SALA DE PROFESSOR VILLA-LOBOS, QUARTETO NÚMERO 05 3


Pesquisa sobre a história da formação dos
quartetos de corda, sendo um grupo res-
ponsável pelo período clássico e outro pe-
los períodos posteriores;

Pesquisa sobre a forma do quarteto e sua es-


trutura original em quatro movimentos com as
posteriores mudanças da estrutura original;
Pesquisa sobre a forma sonata e sua es-
truturação com 2 temas (“masculino” e “fe-
minino”). Os alunos desse grupo precisa-

usando algum quarteto, como o de Ravel;


Pesquisa sobre o Minueto, típico do 3º mo-
Instrumentos que compõem o quarteto de cordas: violino, vimento do quarteto, e sua estrutura em
viola e violoncelo (da esquerda para a direita). duas partes que se somam ao Trio, com
mais duas partes;
Produção de quatro desenhos coloridos dos Pesquisa sobre a forma Rondó (A-B-A-C-A),
instrumentos em tamanho real; típica do 4º movimento do quarteto.

Seleção de gravações para cada instru- Para os três últimos temas, o professor precisará
mento isolado e também o quarteto reuni-
do. Nessa seleção devem ser pesquisados para a música, e como o compositor estrutura
trechos que possibilitem ouvir cada um dos os materiais musicais no tempo, fazendo as mu-
instrumentos e o conjunto; danças e as repetições.

2. O QUARTETO DE CORDAS N° 5, DE VILLA LOBOS

tendam a natureza diversa dessas duas formas


de expressão musical. Em certo momento da
história da Música essas formas acabaram por
se aproximar nas obras dos compositores ditos
“nacionalistas”. No Brasil, apesar de não ter sido o
primeiro a utilizar elementos rítmicos, melódicos e
temáticos em suas composições eruditas, Villa-Lo-
bos destacou-se por utilizar de forma recorrente
elementos musicais retirados do manancial po-
pular e folclórico. Essas composições ganhavam

posteriormente foram disseminadas pelo mundo.

Heitor Villa-Lobos (1887-1959).


Villa-Lobos nasceu em 1887, no Rio de Janeiro,
e cresceu no berço da jovem República, que
A segunda etapa do trabalho desenvolverá o
quarteto de cordas de Heitor Villa-Lobos, mais de homens livres, mas carentes de novos nomes
na Literatura, Música e nas Artes Visuais. Com o
professor precisará discorrer sobre as diferenças passar do tempo essa carência foi suprida por
entre popular e erudito para que os alunos en-

4 VILLA-LOBOS, QUARTETO NÚMERO 05 SALA DE PROFESSOR


nância, a relativização dos encadeamentos
desses artistas, se reuniram na discussão sobre
harmônicos e a utilização de novas com-
as raízes e fontes de inspiração da arte brasileira. binações instrumentais, como no Quarteto
-
José Miguel Wisnik, em seu artigo “Entre o lesta e harpa, com coro oculto de vozes fe-
erudito e o popular”, conta características e opi- mininas. Ao mesmo tempo, ensaia algumas
niões de alguns Modernistas que participaram peças características inovadoras, como as
da Semana de Arte Moderna de 1922, dentre Três danças africanas (1914-1916), onde
esses, Villa-Lobos. combina ritmos sincopadamente brasileiros
com a escala debussysta de tons inteiros.
“[...] Mesmo com esses procedimentos ainda
Comecemos por Heitor Villa-Lobos, o mais timidamente modernos (mesmo que apre-
importante músico erudito brasileiro deste sentados com sua conhecida desenvoltura),
século. Filho de um funcionário da Biblioteca que remetem a linhas da música france-
Municipal, professor e instrumentista amador
que o formou no estudo do violoncelo e na escândalo e muita reação no meio musical
admiração por Bach, o jovem Heitor saltava a brasileiro, ainda marcado por um gosto pre-
janela, durante os anos dez, para ir ao encon- dominantemente novecentista.
tro dos chorões e sambistas cariocas, músi- Imediatamente após a Semana de 22, no en-
cos populares da noite, entre os quais era co- tanto, que terá funcionado como um aguilhão
nhecido pelo apelido de ‘Violão Clássico’. Há
muito de simulação na versão de vida e obra sonoridades, das pesquisas instrumentais,
criada para si pelo próprio compositor (incluin- -
do a famosa viagem que teria feito pelo Brasil
inteiro recolhendo música popular e indígena, amplo uso de referências às músicas popu-
até os mais recônditos rincões do Amazonas), lares brasileiras, montadas em agregados de
mas a verdade é que essa fuga para a boemia células muitas vezes simultâneas e descon-
carioca, assim como traços de suas viagens tínuas. É, portanto, no movimento pelo qual
musicais pelo Brasil, estão estampados em
sua obra, do Noneto (1923) aos Choros (anos música popular, posto em contato com o re-
20) e às Bachianas brasileiras (anos 30). Na pertório da vanguarda europeia, que Villa-Lo-
década de vinte, quando se tornou conhecido bos desencadeia, nos anos vinte, o impulso
em Paris impressionando pela força algo bár- gerador de sua obra, que se confunde com
bara de suas sonoridades, declarou à impren- uma espécie de visão sonora do Brasil.
sa francesa (mentindo como Macunaíma) que Nesse sentido, a trajetória de Villa-Lobos
suas melodias, autenticamente indígenas, ti-
nham sido anotadas por ele em plena selva do grande ciclo [...], que vai da Semana
amazônica, na iminência de ser devorado por de Arte Moderna a Brasília, às vésperas de
canibais que cantavam e dançavam.” cuja inauguração o compositor faleceu, em
1959. Algumas características gerais desse
“[...]
período vital, brilhante e fecundo da cultura
- brasileira podem ajudar a situar as próprias
te o panorama da música erudita brasileira obras. Ele marca o momento em que a cul-
neste século, estando sua personalidade tura letrada de um país escravocrata tardio
indissociavelmente ligada ao arco produti- -
vo do modernismo. Compondo, na década dades mais obscuras e recalcadas, ligadas
de dez, obras inicialmente marcadas por um secularmente à mestiçagem e à mistura
romantismo tardio e muitas vezes descriti- cultural, entremeadas de desejo, violência,
vista, chega à Semana de Arte Moderna, de abundância e miséria, a possibilidade de
-
ças onde se ouve certa liberação da disso- da união do erudito com o popular”.

SALA DE PROFESSOR VILLA-LOBOS, QUARTETO NÚMERO 05 5


O artigo de Wisnik possibilita maior entendimento O objetivo principal da atividade objetiva criar com
sobre a estética da música de Villa-Lobos, nos os alunos painéis com esquemas de visualiza-
permitindo observar a importância da junção do ção da forma do quarteto nº 5. Executando uma
erudito com o popular na obra do compositor. O escuta guiada, o professor poderá montar um es-

5, cujo subtítulo evidencia a junção de contrastes as grandezas de tempo e de espaço (vide esquema
do “quarteto popular”, na tentativa de fazer um animado no programa).
gênero puramente clássico (o quarteto de cordas)
soar com elementos da música popular. Vale mencionar que o desenvolvimento dos es-

Para aprofundar essa etapa, propomos que o pro- Matemática (Geometria), no estabelecimento das
fessor realize uma atividade que terá como ponto proporções dos vários trechos musicais. Outra
de partida a discussão sobre o popular e o erudito, parceria possível e interessante se dá com as Artes
posteriormente analisando a estrutura do primei- Visuais, na construção de um grande painel com
ro movimento do Quarteto nº.5. O próprio texto cenas relativas aos diferentes trechos musicais. De
do vídeo nos dá subsídios para essa análise (em posse desse painel, os alunos podem ser conduzi-
1h36min e 50s). dos pelo professor de Teatro ou Dança (se houver)

pela música de Villa-Lobos.

ETAPAS MATERIAL

As origens do quarteto de cordas; Cartolinas;

Tesouras;
cordas clássico e posterior;

Desenvolvimento dos conceitos de forma musi- variadas;


cal e forma sonata;
Réguas de 30 cm.
-
tos de forma sonata;

A vida de Heitor Villa-Lobos e sua relação com a


Semana de Arte Moderna, de 1922;

VEJA MAIS
erudito e popular;

Seleção dos trechos populares no 1º movimento Forma musical. Disponível em: <http://pt.wikipe-
do quarteto nº 5, de Villa-Lobos, os diferencian- dia.org/wiki/Forma_musical>.
do dos outros trechos;

- A forma sonata. Disponível em: <http://pt.wikipe-


mento do quarteto nº 5, a partir do registro e dia.org/wiki/Forma_sonata.>
cálculo dos tempos de cada trecho.
Programa iAnalise mostrando a estrutura da
forma sonata em tempo real. Disponível em:
<http://www.youtube.com/watch?v=rAvVLVJF-
g_4&feature=fvwrel>.

6 VILLA-LOBOS, QUARTETO NÚMERO 05 SALA DE PROFESSOR


UM OLHAR PARA O DOCUMENTÁRIO
A PARTIR DA HISTÓRIA

Abordar a obra do compositor Heitor Villa-Lobos

a pouca utilização da música como fonte de aná-


lise dos estudos da chamada “história cultural”.
Curiosa esta situação, visto que nós, professores
de História, estamos acostumados a explorar, vez
ou outra, obras “clássicas” das Artes Visuais e da
Literatura, com o propósito de ilustrar momentos

de arte se relaciona ao momento histórico em que


é produzida, e sabemos que podemos utilizá-la
como objeto de análise para nossos estudos. O maestro Heitor Villa-Lobos e orquestra após concerto
em Tel Aviv, 1952.

conceito de “arte”, e quando nos deparamos com


uma obra musical, tratamos de desprezá-la, rele- A ampliação dos setores urbanos proporcionou o
gando-a a outra disciplina que não a nossa. fortalecimento da classe média e do operariado

Infelizmente, este aspecto também se faz presente no econômicas do país. Diante desse novo cenário,
mundo acadêmico, e praticamente não temos fontes o Brasil do “Café-com-Leite” e da “Política dos
para o estudo da relação Música X História. Propomos Governadores” começava a dar sinais de esgota-
ao professor o trabalho com o vídeo “Villa-Lobos” em mento. O ano de 1922 é simbólico nesse sentido
sala de aula, analisando o desenvolvimento do Mo- por alguns fatores:
dernismo brasileiro na década de 1920.
Tensão na eleição de 1922 com Arthur Bernar-
Heitor Villa-Lobos foi compositor de vasta obra que des x Nilo Peçanha;
se desenvolveu a partir do prisma Modernista brasi-
leiro, e teve importante participação na Semana de Irrupção do Tenentismo (que teve seu início
em 1922, no movimento conhecido como os
Arte Moderna, de 1922. Dessa forma, o professor
“Dezoito do Forte de Copacabana”);
de História poderá utilizar o documentário para de-
senvolver conteúdos que contemplem: a Primeira Criação do Partido Comunista;
República (ou “República Velha”) de 1920, o Te-
nentismo e a Semana de Arte Moderna de 1922. A Semana de Arte Moderna, de 1922.

A década que antecedeu a Revolução de 1930 é O trabalho da relação entre a crise oligárquica e
considerada por muitos historiadores fundamental o Modernismo brasileiro, ou sua manifestação
para explicá-la, já que nos anos 1920 ganham fô- durante a Semana de 1922, traz ao professor a
lego os choques travados entre a estrutura política oportunidade de tornar sua aula de História mais
- interessante. O docente se aproxima de uma pers-
lo XIX, e a sociedade em profunda transformação pectiva histórica mais dinâmica e mais sintonizada
sedenta por mudanças.

SALA DE PROFESSOR VILLA-LOBOS, QUARTETO NÚMERO 05 7


o século XX nos apresentou, saindo um pouco do
viés exclusivamente econômico e político.
período em questão.
Propomos ao professor iniciar sua explicação partindo
de um breve panorama das transformações urbanas Como nos lembra o historiador Nicolau Sevcenko,
que aconteceram em alguns centros do país entre a “[...] atraídos por essa fabulosa acumulação de
proclamação da República e a década em questão. recursos, de oportunidades na indústria e no
comércio ou vislumbrando a possibilidade de
caso da cidade de São Paulo, já que ela serviu de enriquecimento, multidões de famílias e indiví-
cenário à Semana de Arte Moderna, de 1922. duos correram para São Paulo, vindos de todas
as partes do Brasil, dos países platinos e dos
Comece mostrando aos alunos que esta cidade, quatro cantos do mundo” (SEVCENKO, 2009).
tendo recebido diversos investimentos prove-
nientes da rentável economia cafeeira do oeste
ilustrar o crescimento de São Paulo.

ÁREA URBANIZADA 1915-1929

Fonte: Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano - Mapa de Expansão da Área Urbanizada da Região Metro-
politana de São Paulo, 2002/2003.

8 VILLA-LOBOS, QUARTETO NÚMERO 05 SALA DE PROFESSOR


CURVAS DE CRESCIMENTO DA POPU- Data: dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922.
LAÇÃO DO BRASIL, DO ESTADO DE SÃO
PAULO E DA CAPITAL PAULISTA (1872-1950) Local: Teatro Municipal de São Paulo.

Artistas (somente alguns nomes): Mário de


7.000
Andrade, Oswald de Andrade, Di Cavalcanti,
Anita Malfatti, Victor Brecheret, Sérgio Milliet,
Heitor Villa-Lobos, Guiomar Novaes, etc.
6.000
Importância: é considerada o símbolo do Mo-
dernismo brasileiro, apesar de ainda não colo-
5.000
car o problema “nacional” em primeiro plano.
O que importava mais, na época da Semana
de 22, era mostrar como as artes no Brasil, e
4.000
em especial em São Paulo, estavam dialogan-
do com as vanguardas europeias.

3.000 Para o segundo momento, há a exposição do


Modernismo brasileiro, explorando de maneira pa-
norâmica suas características mais gerais. Ao fazer
2.000
isso, o professor abrirá sua aula para um rico diálogo
com outras disciplinas como Artes Visuais, Literatu-
CAPITAL
ra e Música, fato que consequentemente auxiliará
1.000 ESTADO os alunos na compreensão da obra de Villa-Lobos.
BRASIL

100 O professor poderá partir da ideia de que o Moder-


0
nismo brasileiro se propunha a pensar em um novo
1950
1872

1890

1900

1920

1940

Brasil, onde a mera cópia de modelos intelectuais


Fonte: IBGE e Censo Brasileiro. Extraído de SEVCENKO, e culturais dos centros europeus cederia espaço a
- uma arte “autenticamente” brasileira; arte marcada
rio: incursões na entropia paulista”. In: Rev. USP [online]. pelo encontro da cultura “nacional” com as van-
2004, n.63, pp. 16-35. Disponível em:
<http://www.revistasusp.sibi.usp.br/scielo.php?pi-
guardas artísticas da Europa.
>.
Além disso, seria interessante mostrar outras ques-
tões levantadas e defendidas pelos intelectuais/
Paralelamente a essa questão, discorra sobre o artistas desse movimento, como por exemplo:
fato de a Belle Époque, tão forte na virada do sé-
culo XIX para o XX, encontrar-se em profunda crise A valorização das tradições culturais e folcló-
ricas do país, pois os modernistas entendiam
relegada a um passado que não mais interessava,
que já tinha se perdido. sua autonomia perante outras nações do globo.
Logo, o artista brasileiro teria que buscar suas
Feita essa introdução, o professor poderá explicar fontes de inspiração em elementos “nacionais”.
aos alunos que no campo cultural essas trans-
formações também repercutiram, e a Semana de A valorização da ideia de que ser “moderno” é
1922, foi um bom exemplo para essa situação. ser “nacional”, com o universo “popular” como
fonte para esse caráter nacional. Daí o porquê
A Semana de 22 poderá ser abordada pelo pro- de o Modernismo brasileiro não romper com o
fessor em dois momentos distintos. No primeiro passado, tal como outros movimentos moder-
momento sugerimos que sejam apresentadas aos -
alunos as suas características básicas, enrique- plo, o Futurismo italiano).
cendo a exposição com imagens.

SALA DE PROFESSOR VILLA-LOBOS, QUARTETO NÚMERO 05 9


A negação das estéticas parnasiana, român-
tica e realista, já que os modernistas enten-
diam que as linguagens artísticas deveriam se
adequar à nova realidade vigente. Logo, eles
defendiam novas estéticas que dialogassem
com os ingredientes da vida moderna existen-
tes no Brasil dos anos 20.

A ambição universalista do movimento, isto é,


o desejo dos modernistas pelo reconhecimen-
to internacional.
“Operários”, de Tarsila do Amaral, 1933.

É importante o professor salientar que o pensamento


modernista brasileiro não foi único e nem homogê-
neo, ou seja, ele apresentava em seu bojo diferentes
propostas e perspectivas. Porém, essas ideias gerais
serviram de denominador comum para as mais va-
riadas vertentes ao longo de seu desenvolvimento.

Após a apresentação das ideias gerais dos moder-


nistas, é adequado ilustrar com exemplos a arte
moderna brasileira. Este é o momento propício para
exibição do documentário “Villa-Lobos”.

Inicie exibindo imagens de algumas obras consa-


gradas dos modernistas brasileiros, estabelecendo
uma relação entre elas e as características gerais
do movimento acima mencionadas. Sugerimos a
exibição das obras:

ARTES PLÁSTICAS
“O Homem Amarelo”, de Anita Malfati, 1915-16.

“Abaporu”, de Tarsila do Amaral, 1928. “Samba”, de Di Cavalcanti,1925.

10 VILLA-LOBOS, QUARTETO NÚMERO 05 SALA DE PROFESSOR


LITERATURA
Paulo servir de cenário para a Semana de Arte Mo-
“Manifesto antropófago” e “Manifesto da poe- derna, já que na época representava o símbolo do
sia pau-brasil”, ambos de Oswald de Andrade; progresso e modernidade por oferecer às pessoas
um modo de vida tipicamente urbano e cosmo-
“Macunaíma”, de Mario de Andrade. polita, com arranha-céus, automóveis, indústrias,
teatros e modernos traçados urbanísticos.

Depois, apresente um trecho do vídeo sobre Villa Encerrada a atividade, lembre-se que poderá abor-
-Lobos, ressaltando a questão de o compositor dar a questão do Modernismo brasileiro durante
ter se preocupado em fazer menção às cirandas suas aulas referentes à Era Vargas, visto que diver-
e outras formas musicais populares do Brasil em sos artistas modernistas dos anos 1920 se tornarão
sua obra. Após a exibição das imagens e do vídeo, agentes políticos do governo varguista, imbuídos
o professor deverá solicitar que os alunos respon- da missão de desenvolverem e propagarem uma
dam a seguinte questão: cultura que era pensada como “nacional”.

O que a Semana de 22 e o Modernismo Como forma de avaliação da atividade proposta,


brasileiro têm a ver com a crise da Primeira o professor poderá cobrar em exames mensais ou
República dos anos 1920? bimestrais (testes, provas, exercícios, etc.) ques-
tões que permitam que os alunos expliquem as
Como resposta sugerida, o professor poderá dis- características de obras do Modernismo brasileiro,
correr sobre a importância deste momento das
a relação da Semana de 22 com o conturbado
do país à ordem urbana/industrial de seu tempo. contexto nacional dos anos 1920.

MATERIAL ETAPAS

Computador; Explicar a Semana de Arte Moderna, de 1922;

DVD player. Explicar o Movimento Modernista Brasileiro, ilus-


trando-o com imagens de algumas de suas obras;

Apresentar o vídeo “Villa-Lobos” aos alunos;

Relacionar o Modernismo brasileiro com a crise


da Primeira República.

SALA DE PROFESSOR VILLA-LOBOS, QUARTETO NÚMERO 05 11


SUGESTÕES DE LEITURA E OUTROS RECURSOS

LIVROS E REVISTAS
BRITO, Mário da Silva. História do Modernismo Brasileiro: Antecedentes da Semana de Arte Moderna. Rio de
Janeiro, Civilização Brasileira, 1971.

ESTRELLA, Arnaldo. Os quartetos de cordas de Villa-Lobos. Rio de Janeiro: MEC/DAC, 1978.

FERREIRA, Marieta de Moraes; PINTO, Surama Conde Sá. A Crise dos anos 20 e a Revolução de Trinta. Rio de
Janeiro: CPDOC, 2006. Disponível em: <http://cpdoc.fgv.br/producao_intelectual/arq/1593.pdf>.

GRIFFITHS, Paul. The String Quartet: A History. New York: Thames and Hudson, 1983.

HORTA, Luis Paulo. Villa-Lobos, uma introdução. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1987.

KIEFER, Bruno. Villa-Lobos e o modernismo na música brasileira. Porto Alegre: Editora Movimento; Brasília: Instituto
Nacional do Livro, 1986.

LORENZO, H. C.; COSTA, W. P. (Org.). A década de 1920 e as origens do Brasil moderno. São Paulo: Ed. Unesp, 1997.

MARIZ, Vasco. Heitor Villa-Lobos – compositor brasileiro. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1983.

MICELI, Sergio. Intelectuais à brasileira. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

MICELI, Sergio. Nacional estrangeiro: história social e cultural do modernismo artístico em São Paulo. São Paulo:
Companhia das Letras, 2003.

MORAES, Eduardo Jardim de. Modernismo revisitado. In: Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 1, no. 2: 220-238,
1988. Disponível em: < >

MOTTA, Marly Silva da. 1922: em busca da cabeça do Brasil moderno. Rio de Janeiro, CPDOC, 1994. Disponível em:
<http://cpdoc.fgv.br/producao_intelectual/arq/1153.pdf >.

OLIVEIRA, Lúcia Lippi. A questão nacional na Primeira República. São Paulo: Brasiliense, 1990. Disponível em:
<http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/handle/10438/6802>

ORTIZ, Renato. Cultura brasileira e identidade nacional. São Paulo: Brasiliense, 1994.

ROSEN, Charles Rosen (1971). The Classical Style: Haydn, Mozart, Beethoven. London: Faber & Faber, 1971.

SEVCENKO, Nicolau. Orfeu extático na metrópole: São Paulo, sociedade e cultura nos frementes anos 20. São
Paulo: Companhia das Letras, 1992.

VELLOSO, Mônica P. 1993. A brasilidade verde-amarela: nacionalismo e regionalismo paulista. In: Estudos Históri-
cos, 6 (11): 89 - 112. Disponível em: < >.

WISNIK, José Miguel. Entre o erudito e o popular. In: Revista de História, nº 157, São Paulo: USP, dez.
2007, versão impressa: ISSN 0034-8309. Disponível em: <http://www.revistasusp.sibi.usp.br/scielo.php?pi-
>.

WISNIK, José Miguel. O Coro dos Contrários: a música em torno da semana de 22. São Paulo: Duas Cidades/Secre-
taria da Cultura, Ciência e Tecnologia, 1977.

12 VILLA-LOBOS, QUARTETO NÚMERO 05 SALA DE PROFESSOR


SUGESTÕES DE LEITURA E OUTROS RECURSOS

SITES E OUTROS RECURSOS


Os 90 anos da Semana de Arte Moderna. Disponível em: < >.

80 anos da Revolução de 30. Disponível em: <http://cpdoc.fgv.br/revolucao1930>.

Semana de Arte Moderna – Itaú Cultural. Disponível em: <


>

Modernismo brasileiro – MAC USP. Disponível em: < -


>

Semana de Arte Moderna. Disponível em: < >.

Primeira fase do Modernismo: renovação e divulgação de obras e ideias modernistas e os manifestos. Disponível em:
< >

Semana de 1922: o início do modernismo brasileiro. Disponível em: < -


Aula.html?aula=25444>.

Manifesto Antropofágico e a teoria modernista do Brasil. Disponível em: < -


nicaAula.html?aula=36889>.

SALA DE PROFESSOR VILLA-LOBOS, QUARTETO NÚMERO 05 13


Um documentário da TV Escola. Um ponto
de partida para grandes trabalhos com os
alunos. Assim é o Sala de Pofessor. O progra-
ma incentiva os professores de Ensino Médio
a desenvolverem projetos que mudem a roti-
FOTO na em sala de aula. Em cada programa, dois
professores convidados criam um projeto a
partir de documentários exibidos na TV Es-
cola. São sempre propostas e experimentos
inovadores, que podem ser reaplicados em
qualquer escola do país.

Os trabalhos apresentados são detalhados

disponíveis no site da TV Escola. Os profes-


sores também podem usar as artes criadas
para o programa: são animações, tabelas,
-
teúdos mais visuais e interativos. As dicas
-
ram transformadas em fascículos interativos
para tablets. E o professor também pode
navegar pelo material extra do programa no
blog do Sala. Para ter acesso a esses pro-
dutos, acesse o site tvescola.mec.gov.br ou
curta a fan page da TV Escola no Facebook.

FOTO

Vous aimerez peut-être aussi