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O documento discute a organização do tempo e espaço na educação infantil ao longo da história. Ele descreve como as concepções sobre crianças evoluíram de uma visão naturalista para uma sociointeracionista, levando a novas abordagens pedagógicas que enfatizam a importância das interações entre crianças e do ambiente na aprendizagem e desenvolvimento infantil.
O documento discute a organização do tempo e espaço na educação infantil ao longo da história. Ele descreve como as concepções sobre crianças evoluíram de uma visão naturalista para uma sociointeracionista, levando a novas abordagens pedagógicas que enfatizam a importância das interações entre crianças e do ambiente na aprendizagem e desenvolvimento infantil.
O documento discute a organização do tempo e espaço na educação infantil ao longo da história. Ele descreve como as concepções sobre crianças evoluíram de uma visão naturalista para uma sociointeracionista, levando a novas abordagens pedagógicas que enfatizam a importância das interações entre crianças e do ambiente na aprendizagem e desenvolvimento infantil.
Organização do tempo e do espaço na educação infantil
BREVE HISTÓRICO
• O conceito de criança é uma construção social, que se transformou
com o passar do tempo, variando de acordo com os espaços e as culturas pertinentes às diferentes sociedades.
• Os estudiosos da infância admitem ser difícil sustentar a idéia de
uma criança natural e uma infância universal certamente porque as crianças vão demonstrar na sua história, suas estratégias muito próprias de inserção no mundo do adulto.
MOVIMENTO HIGIENISTA OU SANITARISTA
• Final do século XVI e o século XVII, quando se percebe a
“descoberta” da infância;
• Intensa preocupação em aumentar as possibilidades de
sobrevivência das crianças nos primeiros anos de vida, através de cuidados especiais no que diz respeito à higiene e à saúde dos pequenos;
Altos índices de mortalidade na 1ª infância;
O objetivo era alimentar e cuidar da higiene e da saúde das crianças; a
disciplina e a educação moral, além da preocupação com a formação religiosa, visto que a maioria, inclusive nos hospitais, era mantida pela igreja.
Roda dos Enjeitados ou Roda dos Expostos: instituições vinculadas a
conventos e/ou hospitais que abrigavam recém-nascidos abandonados. No Brasil, podemos tê-la como a primeira forma de atendimento institucional às crianças muito pequenas;
PENSAMENTO PEDAGÓGICO MODERNO
• Para atender às demandas impostas pelo mundo do trabalho, a
sociedade industrial provocou mudanças substanciais na educação, principalmente na educação escolar. A absorção da mulher pela indústria implica numa mobilização para o atendimento à criança pequena, o pré-escolar, das classes mais desfavorecidas, em espaços institucionais. É nesse movimento que surgem as primeiras creches e pré-escolas.
• Portanto, o pensamento pedagógico, nesse momento, era de que a
instituição deveria garantir a educação moral, física e intelectual, visto que muitas famílias, principalmente as famílias pobres, não tinham estrutura para formar indivíduos que pudessem sustentar o progresso e a ordem social vigente.
• Esse era o objetivo maior dessas instituições, alimentar, cuidar da
higiene, garantir segurança e educar moralmente a criança na ausência de seus pais – visão assistencialista.
VISÃO ASSISTENCIALISTA
• Fundamentada nas teorias que pressupunham uma natureza
infantil, universal para todas as crianças, independente de quaisquer fatores, marcada pela faixa etária, que deveria determinar o grau do desenvolvimento.
JEAN-JACQUES ROUSSEAU
Impulsionava o surgimento de um movimento para a transformação das
práticas educacionais, denominado escolanovista.
• Rousseau foi importante na educação infantil não só na sua época
como, também, até os nossos dias. Ele acreditava que a natureza humana era pura e livre de qualquer mal, o ambiente, por sua vez, era o responsável por corromper a bondade do homem.
• Nesse sentido, a educação, para Rousseau, deveria permitir que as
crianças vivessem a infância com liberdade, que pudessem exercer sua capacidade imaginativa, que a sua natureza inocente fosse preservada.
• Os escolanovistas defendiam uma escola mais dinâmica, onde era
permitido à criança pensar e agir, criar e participar, ativamente, do trabalho escolar • A pedagogia escolanovista era centrada na criança e na sua atividade dentro da escola. Com isso, o espaço escolar e as metodologias passaram a ter papel relevante no pensamento pedagógico da educação pré-escolar na época.
CONCEPÇÃO PREPARATÓRIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
• A intenção preparatória defendia um ambiente propício para
trabalhar percepções, como uma preparação para outras aprendizagens consideradas mais importantes.
• A fase da pré-escola seria então destituída de objetivos educacionais
próprios, mas teria a sua finalidade preparando a criança para a escola fundamental: a pré-escola “escolarizada”.
CONCEPÇÃO PEDAGÓGICA
As considerações sócio-interacionistas de autores como Vygotsky e
Wallon, entendem que o desenvolvimento humano ocorre na interação com o outro, e busca ampliar a possibilidade de contato não só entre adultos e crianças, mas também entre crianças e crianças
• Este conhecimento leva a uma nova organização do ambiente,
buscando o favorecimento das interações, uma vez que são entendidas como fundamentais para a criança.
FUNÇÕES DA ORGANIZAÇÃO DO AMBIENTE: A PLIVALÊNCIA DO
ESPAÇO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
• O termo espaço, segundo Zabalza, refere-se aos lugares por onde
circulam e movimentam-se pessoas, por onde estão os móveis, os objetos, onde as rotinas se concretizam. Com relação ao ambiente, na visão do autor, ele representa uma dimensão constituída nas e pelas relações que se estabelecem entre os sujeitos nos lugares e entre os sujeitos e os lugares. Portanto, podemos entender que o espaço é físico e os ambientes são relacionais, afetivos e sociais (ZABALZA, 1998. p.232-233)
• Dimensão física, como o próprio nome já diz, refere-se ao espaço
concreto, materializado. • A dimensão funcional é atribuída às diversas funções que esse espaço pode apresentar e o uso que se faz dessas funções para possibilitar uma rotina dinâmica, segura e agradável para todos na instituição.
• Dimensão temporal, para Zabalza, diz respeito as formas de
organização da rotina nos espaços e ambientes da instituição, de acordo com o tempo que é destinado para a permanência das crianças nesses espaços
• Dimensão relacional: refere-se aos ambientes que surgem das
relações que se estabelecem entre os sujeitos e os sujeitos e os diferentes espaços.
OS AMBIENTES E O TEMPO
O cotidiano de uma Escola Infantil tem de prever momentos
diferenciados que certamente não se organizarão da mesma forma para crianças maiores e menores. Diversos tipos de atividades envolverão a jornada diária das crianças e dos adultos: o horário da chegada, a alimentação a higiene, o repouso, as brincadeiras – os jogos diversificados – como o faz-de-conta, os jogos imitativos e motores, de exploração de materiais gráficos e plásticos – os momentos, sejam eles desenvolvidos nos espaços abertos ou fechados, deverão permitir experiências múltiplas, que estimulem à criatividade, a experimentação, a imaginação, que desenvolvam as distintas linguagens expressivas e possibilitem interação com pessoas. (Barbosa & Horn in Craidy & Kaercher, 2001.p.68
ATIVIDADES PERMANENTES
Atividades que envolvem o cuidado e a saúde são realizadas
diariamente nas instituições de educação infantil e não podem ser consideradas na dimensão estrita de cuidados físicos. A dicotomia, muitas vezes vivida entre o cuidar e o educar deve começar a ser desmistificada. Todos os momentos podem ser pedagógicos e de cuidados no trabalho com crianças de zero a seis anos. Tudo dependerá da forma como se pensa e se procede as ações. Ao promovê-las proporcionamos cuidados básicos, ao mesmo tempo em que atentamos para a construção da autonomia, dos conceitos, das habilidades, do conhecimento físico e social. (ibidem, p.70)
Atividades diversificadas para a livre escolha da criança:
São aquelas propostas pelo ambiente, ou dizendo melhor, o próprio
ambiente estimula a criança a pensar e elaborar sua ação. Para as autoras, as atividades livres precisam ser monitoradas, o tempo todo, pelos olhares dos adultos, pois nesse momento elas estão mostrando o que realmente são o que sabem e como se sentem na instituição (com os amiguinhos, com o ambiente e com os adultos que a educam nesses ambientes)
Atividades opcionais:
São aquelas que, segundo as autoras, “podem ser propostas tendo
como referência o interesse das crianças por algum fato ou acontecimento” (ibidem, p.69). Os projetos são um bom exemplo desse tipo de atividade, pois devem surgir das crianças, pelo seu interesse e/ou necessidade.
Atividades coordenadas pelos adultos:
São aquelas que os adultos educadores propõem para todo o grupo de
crianças, intencionando possibilitar o acesso aos saberes, socializar cultura, possibilitar as interações interpessoais e favorecer o desenvolvimento das crianças
Com relação ao planejamento e a organização dos espaços na
instituição, Barbosa e Horn (2001) afirmam que as aquisições sensoriais e cognitivas das crianças têm estreita relação com o meio físico e social, ou seja, os espaços por onde elas vão circular, se movimentar e se relacionar vão permitir ou não que sejam desafiadas a avançar nas suas possibilidades (Barbosa e Horn in Craidy e Kraercher, 2001. p. 73).
Os espaços precisam favorecer a função social da instituição, enquanto
ambiente privilegiado para experiências sociais diversas e significativas, inserção na cultura e o reconhecimento dos pequenos enquanto cidadãos de direitos.
O arranjo espacial é fundamental para que as crianças possam,
também, se perceber nos ambientes e recriá-los, de acordo com seus desejos e necessidades. (ibidem, p.76).