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1 Modernismo português
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O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
Até mesmo Deus Caeiro não afirmou existir, por nunca tê-lo
visto:
Coroai-me de rosas,
Coroai-me em verdade
De rosas –
Rosas que se apagam
Em fronte a apagar-se
Tão cedo!
Coroai-me de rosas
E de folhas breves.
E basta.
(Odes de Ricardo Reis, 1983, p. 77).
A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós-próprios.
Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.
Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não pensam.
(grifos meus). (Odes de Ricardo Reis, 1983, p.
109).
Pensar em nada
É ter a alma própria e inteira.
Pensar em nada
É viver intimamente
O fluxo e o refluxo da vida...
Não estou pensando em nada.
É como se me tivesse encostado mal.
Uma dor nas costas, ou num lado das costas,
Há um amargo de boca na minha alma:
É que, no fim das contas,
Não estou pensando em nada,
Mas realmente em nada,
Em nada....
(Poesias de Álvaro de Campos, 1983, p. 173).
4. A unidade poética
Com uma tal falta de gente coexistível, como há hoje, que pode um
homem de sensibilidade fazer senão inventar os seus amigos, ou
quando menos, os seus companheiros de espírito? (FERNANDO
PESSOA).
Esta a afirmação de Pessoa a partir da qual mais é possível
identificar o princípio da criação dos seus heterônimos. Um poeta que
fez nascer três diferentes personagens para expressar o que sozinho
não conseguiria: as diferentes observações e sensações que criava
para com o mundo no qual vivia – apesar de, ao ler sua obra, ser
possível imaginá-lo caindo de pára-quedas nesse mundo, tamanho
seu grau de observação e dos variados sentires e pensares que
apresentava.
Em vida, Fernando Pessoa nunca recebeu o reconhecimento
que merecia. Pode-se até dizer que viveu em certa obscuridade,
sempre discreto, silencioso. Muito se importou com a intelectualidade
humana e sempre quis divulgar “sua pátria”, a língua portuguesa.
Como poeta e escritor, nunca se considerou um profissional. Para ele,
ser poeta e escritor era vocação. Sua obra ortónima apresentou a
procura por um certo patriotismo perdido, com uma poesia
sensacionista – próxima e ao mesmo tempo distante da de Alberto
Caeiro – mítica e heróica, por vezes, trágica. Para o poeta, todo
objetivo é uma sensação nossa, toda arte é conversão da sensação
em objeto, e toda arte é também conversão da sensação em
sensação (interseccionismo). É o que pode-se observar nos versos do
poema “Isto”, que muito refletem o Caeiro nele existente.
4 Referências bibliográficas