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Doação de Bens Alheios – Análise do Regime Jurídico

Third Party's Property Donation - Analysis of the Legal System

Alexandre Marques de Carvalho1

Prólogo

O presente trabalho tem por tema a doação de bens alheios.


Em matéria de contratos de bens alheios, a compra e venda é a figura mais
estudada, deixando para o contrato de doação meras referências inseridas em obras que
tratam o contrato de doação em geral.
Umas breves palavras sobre o método. Desde cedo surgiu a necessidade de
precisar conceitos patentes na própria expressão doação de bens alheios, como sejam o
de doação, bem e alheio.
Em face de o nosso Código Civil conter um preceito específico sobre a doação
de bens alheios, procederemos a uma breve pesquisa nalguns ordenamentos jurídicos,
por forma a compreender como abordam o assunto.
No decorrer do trabalho surgem, permanentemente, duas questões que moldaram
a estrutura do mesmo (infra, ponto 1.3):

Será que a solução apresentada no nosso artigo 956.º do Código Civil, referente à
doação de bens alheios, já transparecia nos princípios e normas gerais do nosso
ordenamento jurídico?

O artigo 956.º do Código Civil está conforme com o nosso sistema jurídico?

Através da discussão do regime jurídico da doação de bens alheios, tentaremos


aludir a conteúdos típicos de Teoria Geral do Direito Civil, por forma a encontrar bases
para melhor compreensão da figura. Nesse sentido, serão examinados aspectos de
regime jurídico seguindo a sistematização do próprio artigo 956.º do Código Civil.

1
Filho de Maria Olinda Marques de Carvalho e José Manuel Marques de Carvalho
Endereço electrónico: alexandremarquescarvalho@gmail.com.
Numa última fase do trabalho, entraremos na análise de um caso específico de
doação de bens alheios, a doação de bem pertencente a coisa comum.

Palavras-chave: doação, bem, alheio.

Abstract

This work’s subject is about third party's property donation.


In the area of third party's property agreements, purchase and sale agreement is
the most studied figure, leaving for the donation agreement some references inserted in
works dealing with the donation agreement in general.
A brief word about the method. Early on it became necessary to clarify concepts
patents in the expression itself third party's property donation, such as donation,
property and third party's.
In the face of our Civil Code contain a specific rule about third party's property
donation, we try to make a brief search in some legal systems, in order to understand
how they treat the subject.
During the article appear permanently two issues that have shaped the structure
of the same (infra, section 1.3):

Does the solution presented in our article 956.º of the Civil Code, about third
party's property donation, already shone on the principles and rules of our legal
system?

The article 956.º of the Civil Code it´s according with our legal system?

Through discussion of the legal regime of third party's property donation, we try
to mention the typical concepts of General Theory of Civil Law, in order to find basis
for better understanding the figure. In this sense, will be examined aspects of the legal
system following the systematization of the article 956.º of the Civil Code.
In the final phase of the work, we get into the analysis of a specific case of third
party's property donation, the donation of common property.

Keywords: donation, property, third party's.

2
Índice

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 4

1.1. DOAÇÃO (NOÇÕES GERAIS) ................................................................................................................ 4


1.2. CONCEITO DE BEM ALHEIO ............................................................................................................... 5
Coisa/Bem........................................................................................................................................... 6
Alheio ................................................................................................................................................. 6
1.3. PRECEITOS ESPECÍFICOS DA DOAÇÃO DE BENS ALHEIOS (DIREITO COMPARADO) ............................... 7

2. REGIME ................................................................................................................................................. 9

2.1. ARTIGO 956.º N.º 1 DO CÓDIGO CIVIL ................................................................................................ 9


Nulidade .............................................................................................................................................. 9
Inoponibilidade ................................................................................................................................. 10
Boa fé ................................................................................................................................................ 10
O que pensar desde regime?.............................................................................................................. 11
2.2. RESPONSABILIDADE DO DOADOR PELOS DANOS CAUSADOS AO DONATÁRIO.................................... 12
2.2.1. Ter o doador assumido expressamente a obrigação de indemnizar o prejuízo ................... 13
Declaração expressa ................................................................................................................ 13
Posição adoptada ..................................................................................................................... 14
Natureza jurídica ..................................................................................................................... 15
2.2.2. Ter o doador agido com dolo ............................................................................................. 16
Dolo ......................................................................................................................................... 16
Posição adoptada ..................................................................................................................... 16
2.2.3. Ter a doação carácter remuneratório .................................................................................. 17
Doação remuneratória ............................................................................................................. 17
Posição adoptada ..................................................................................................................... 18
2.2.4. Ser a doação onerosa ou modal, ficando neste caso a responsabilidade do donatário
limitada ao valor dos encargos ..................................................................................................... 18
Doação modal .......................................................................................................................... 19
Posição adoptada ..................................................................................................................... 20
2.3. É IMPUTÁVEL NO PREJUÍZO DO DONATÁRIO O VALOR DA COISA OU DO DIREITO DOADO, MAS NÃO OS
BENEFÍCIOS QUE ELE DEIXOU DE OBTER EM CONSEQUÊNCIA DA NULIDADE (ARTIGO 956.º N.º 3 DO

CÓDIGO CIVIL) ........................................................................................................................................ 21

2.4. NÃO HAVENDO LUGAR A INDEMNIZAÇÃO, O DONATÁRIO FICA SUB-ROGADO NOS DIREITOS QUE
POSSAM COMPETIR AO DOADOR RELATIVAMENTE À COISA OU DIREITO DOADO (ARTIGO 956.º N.º 4 DO

CÓDIGO CIVIL) ........................................................................................................................................ 21

2.5. CASO ESPECÍFICO - DOAÇÃO DE BEM PERTENCENTE A COISA COMUM .............................................. 22


Conversão dos negócios jurídicos ..................................................................................................... 23

BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................................................... 26

3
1. Introdução

1.1. Doação (noções gerais)

O artigo 940.º do Código Civil (doravante CC) avança uma noção de contrato de
doação:

“Doação é o contrato pelo qual uma pessoa, por espírito de liberalidade e à custa do seu
património, dispõe gratuitamente de uma coisa ou de um direito, ou assume uma
obrigação, em benefício do outro contraente”.

Com base no disposto neste artigo podemos extrair como elementos:2


• Atribuição patrimonial geradora de enriquecimento3
• Espírito de liberalidade do doador
• À custa do património do doador

Atribuição patrimonial geradora de enriquecimento

A doação pressupõe a existência de um acto que atribua a outrem uma vantagem


patrimonial, podendo sê-lo através da disposição de uma coisa, de um direito ou da
assunção de uma obrigação. No entanto, teremos de estar perante de um verdadeiro
enriquecimento e não de uma mera vantagem patrimonial para o beneficiário4. Desta
forma, este conceito de enriquecimento distancia-se do presente no enriquecimento sem
causa, sendo irrelevante se o donatário teria obtido à mesma esse incremento por outra
via.5

Espírito de liberalidade do doador

2
Deixamos de lado alguns dos caracteres apontados por GONÇALVES, LUIZ DA CUNHA, Tratado de
Direito Civil em Comentário ao Código Civil Português, VIII, Coimbra Editora, Coimbra, 1934, pp. 53 e
ss, pois correspondem a características, assim seja o facto de estarmos defronte de um contrato e de o
mesmo ser gratuito.
3
LEITÃO, LUÍS MANUEL TELES DE MENEZES, Direito das Obrigações, III, 7ª edição, Almedina,
2010, p. 177.
4
RAMALHO, MARIA DO ROSÁRIO PALMA, Sobre a doação modal, In: O direito / propr. Sociedade
Internacional de Promoção de Ensino e Cultura A. 122, nº 3-4 (Jul.-Dez), Lisboa, 1990 , p. 709.
5
MENEZES LEITÃO, Direito, p. 177.

4
O espírito de liberalidade do doador corresponde, de forma simplista, a uma
contraposição entre a espontaneidade e o dever6, podendo ter como motivo interesses do
próprio doador7. Implica que não exista uma contrapartida e que se não actue em
cumprimento de uma obrigação8. Em síntese, o fim da doação é a atribuição de um
benefício ao donatário.
Por faltar o espírito de liberalidade, o n.º 2 do artigo 863.º do CC exclui do
âmbito da doação a renúncia a direitos, o repúdio de herança ou legado e os donativos
conformes aos usos sociais. Na renúncia a direitos, assim como no repúdio de herança
ou legado, só existe a intenção de extinguir o próprio direito 9. Assim, podemos
constatar que é posto em causa o elemento “à custa do património” (infra), pois existe
unicamente uma recusa por parte do doador em aumentar o seu património. Nos
donativos conformes aos usos sociais, estamos perante um animus solvendi10, existindo,
com efeito, a intenção de cumprir uma obrigação.

À custa do património do doador

Este elemento remete-nos para a existência de uma efectiva diminuição


patrimonial do doador, ou seja, este tem de suportar um empobrecimento. Por
conseguinte, a doação só pode ter por objecto bens do próprio doador, manifestando-se
neste ponto o problema das doações de bens alheios.
Importa referir que pela própria natureza das coisas os bens que não possam ser
alienados não podem ser doados.

1.2. Conceito de Bem Alheio

A doação de bens alheios11 consiste num caso de perturbação do contrato de


doação.

6
LIMA, FERNANDO ANDRADE PIRES DE / VARELA, JOÃO DE MATOS ANTUNES, Código
Civil Anotado, II, 4ª edição, Coimbra Editora, Coimbra, 1997, p. 239.
7
Veja-se os exemplos do altruísmo, gratidão e egoísmo, ALMEIDA, CARLOS FERREIRA DE, A
doação e a dádiva, In: Themis / FDUNL. - Coimbra, Ano IX, n,º 17, 2009, pp. 10 e ss.
8
CARLOS FERREIRA DE ALMEIDA, A doação, p. 11.
9
MENEZES LEITÃO, Direito, p. 179.
10
MENEZES LEITÃO, Direito, p. 179.
11
Na falta de normas específicas sobre a doação de bens alheios é aplicável o regime jurídico da compra e
venda de bens alheios, com as adaptações resultantes do carácter gratuito da doação. CUNHA, PAULO
OLAVO, Venda de bens alheios, Revista da Ordem dos Advogados, ano 47, Lisboa, 1987, p. 467;
CORDEIRO, ANTÓNIO MENEZES, Da Boa Fé no Direito Civil, Volume I, Almedina, 1984, p. 503.

5
Avançamos desde já uma noção de doação de bem alheio: o doador doa como
própria uma coisa pertencente a outrem ou uma coisa sobre a qual o doador possui um
direito que não lhe permite essa actuação12. Como podemos extrair desta noção, o
problema assenta na falta de legitimidade.

Coisa/Bem13

No Direito Romano a palavra bem era desconhecida, sendo somente utilizada a


expressão res14. No Direito intermédio, assistimos à distinção entre bem e res.
Na actualidade, muitas vezes a doutrina e a lei utilizam a palavra bem com o
mesmo significado de coisa. No entanto, a palavra bem, no significado que nos
interessa, remonta à tradição romana, em que bona significava património.
Como afirma MENEZES CORDEIRO15, os bens são as coisas dotadas de
utilidade para o homem, já afectas à satisfação de uma necessidade humana16.
Por conseguinte, defendemos que o termo bem tem um sentido mais amplo, que
engloba, além do termo res, outras realidades vantajosas para o seu titular17.

Alheio

Podemos recorrer a dois critérios (complementares) para determinar se o bem é


alheio, como refere MARIO CASTILLO FREYRE18:

• Critério legal: através da determinação de uma situação jurídica é possível


determinar se o bem pertence ao património de uma pessoa, de acordo com as

12
Contrariamente ao que vem exposto no artigo 1627.º do Código Civil peruano, que inclui na doação de
bens alheios as doações em que ambas as partes sabem que o bem é alheio:
(Compromiso de donar bien ajeno)
“El contrato en virtud del cual una persona se obliga a obtener que otra adquiera gratuitamente la
propiedad de un bien que ambos saben que es ajeno, se rige por los artículos 1470, 1471 y 1472.”
13
Para um maior desenvolvimento histórico: CORDEIRO, ANTÓNIO MENEZES, Tratado de Direito
Civil Português I, tomo II – Coisas, 2ª ed., Almedina, Coimbra, 2003, e VIEIRA, JOSÉ ALBERTO
COELHO, Direitos reais, Coimbra Editora, 2008, pp. 124 e ss.
14
Bem seria um sinónimo de Res, ou uma subespécie, assim, ASCENSÃO, JOSÉ DE OLIVEIRA,
Direito Civil Teoria Geral, Vol I, Coimbra Editora, 1997, p. 313.
15
MENEZES CORDEIRO, Tratado, I, tomo II – Coisas, p. 25.
16
GOMES DA SILVA definia bem como “tudo o que sirva para o homem atingir qualquer fim”. (O
dever de prestar e o dever de indemnizar, Tipografia Ramos, Lisboa, 1944).
17
MENDES, JOÃO DE CASTRO, Teoria Geral do Direito Civil, I, AAFDL, Lisboa, 1979, p. 387.
18
FREYRE, MARIA CASTILLO, sobre bienes ajenos, Lima, 1990, p. 55.

6
normas vigentes. Assim, saberemos quando o bem se encontra ou não dentro da sua
propriedade.
• Critério contratual: no momento da celebração do contrato, verificamos se o bem
não pertence a nenhum dos contraentes.

Desta forma, os bens alheios são aqueles que pertencem ao património de uma
determinada pessoa que não os contraentes e que o doador doa como próprios, ou seja,
já possuem existência material19. Não cabem neste conceito, nomeadamente, as coisas
fora do comércio (n.º 2 do artigo 202.º do CC), as coisas genéricas, pois não é
necessário que o doador seja proprietário do bem aquando da celelebração do contrato
de doação, e as coisas futuras, já que detêm um regime próprio previsto no n.º 1 do
artigo 942.º do CC – seria por exemplo o caso de o doador se obrigar a adquirir a coisa
doada para a transmitir ao donatário. De igual modo, não se incluem os casos de
representação legal ou voluntária, visto que o doador declara ao donatário não ser o
proprietário, bem como o mandato sem representação, pois estaria em causa uma
doação como própria mas por conta do proprietário20.
Posto isto, dentro do conceito de bem alheio podemos avançar desde já uma
classificação entre bem pertencente a um terceiro e bem pertencente a coisa comum
(esta última modalidade será desenvolvida infra no ponto 5).

1.3. Preceitos específicos da doação de bens alheios (Direito comparado)

O nosso artigo 956.º do CC inspirou-se no artigo 1468.º do Código Civil


Português de 1867, no artigo 797.º do Código Civil Italiano e no artigo 638.º do Codigo
Civil Espanhol21:

1. Código Civil Português de 1867

Artigo 1468.º:

19
Contrariamente ao que prevê o Código Civil peruano, que considera bens alheios aqueles que não se
encontrem dentro do património de uma pessoa, englobando, assim, os bens futuros –, MARIO
CASTILLO FREYRE, Los Contratos, p. 56.
20
Como alude PAULO OLAVO CUNHA, Venda, p. 425, para o caso de compra e venda de bens alheios.
21
PIRES DE LIMA / ANTUNES VARELA, Código, p. 259.

7
“O doador não responderá pela evicção22 da cousa doada, se a isso se não obrigar
expressamente, salvas as disposições dos artigos 1142.º e 1143.º (sobre o regime dotal)
& único. O doador ficará, porém, subrogado em todos os direitos que possam
competir ao doador, verificando-se a evicção.23”

2. Código Civil Italiano

Artigo 797.º (Garanzia per evizione):


“Il donante è tenuto a garanzia verso il donatario, per l'evizione che questi può soffrire
delle cose donate (1483 e seguenti), nei casi seguenti (168, 180):
l) se ha espressamente promesso la garanzia;
2) se l'evizione dipende dal dolo o dal fatto personale di lui;
3) se si tratta di donazione che impone oneri al donatario, o di donazione
rimuneratoria
(770), nei quali casi la garanzia è dovuta fino alla concorrenza dell'ammontare degli
oneri o dell'entità delle prestazioni ricevute dal donante.”24

3. Codigo Civil Espanhol

Artículo 638.º:
“El donatario se subroga en todos los derechos y acciones que en caso evicción
corresponderían al donante.
Este, en cambio, no queda obligado al saneamiento de las cosas donadas, salvo si la
donación fuere onerosa, en cuyo caso responderá el donante de la evicción hasta la
concurrencia del gravamen.”25

Desta forma, os códigos acima referidos, assim como o Código Civil Alemão
(artigos 516.º e ss), o Código Francês (artigos 893.º e ss), o Código Brasileiro (artigos
538.º e ss), o Código Suíço (não tem um único capítulo sobre doação), o Código

22
Na actualidade o nosso Código não consagra a evicção como uma obrigação legal, PAULO OLAVO
CUNHA, Venda, p. 456.
23
Negrito nosso.
24
Negrito nosso.
25
Negrito nosso.

8
Cubano (artigos 371.º e ss) e o Código Peruano (artigos 1621.º e ss), não tratam
especificamente a doação de bens alheios, nomeadamente quanto à sua validade.
Perante o facto de a maioria dos códigos dos vários países não conterem
nenhuma disposição sobre a doação de bens alheios, levantam-se 2 questões:
• Será que a solução apresentada no nosso artigo 956.º do CC já transparecia nos
princípios e normas gerais do nosso ordenamento jurídico? ABRANCHES
FERRÃO26 entendia, na vigência do Código de Seabra, que não seria necessário que
o legislador previsse nenhuma regra sobre a doação de bens alheios
• O artigo 956.º do CC está conforme com o nosso sistema jurídico?

2. Regime

2.1. Artigo 956.º n.º 1 do Código Civil

Nulidade

O artigo 956.º n.º 1 do CC prevê a nulidade da doação de bens alheios, à


semelhança do artigo 892.º do CC relativo à compra e venda de bens alheios.
A nulidade é uma modalidade de invalidade dos negócios jurídicos, que
corresponde à antiga nulidade absoluta. Distingue-se da anulabilidade nos efeitos e no
fundamento. No tocante aos efeitos27, entre várias possíveis distinções, na nulidade o
acto não produz efeitos desde a sua origem; na anulabilidade o acto produz efeitos até
que o tribunal o declare anulado, perdendo retroactivamente todos os efeitos. Quanto ao
fundamento, a aplicação do regime da nulidade funda-se em motivos de interesse
predominantemente público; ao passo que a anulabilidade tem como fundamento a
tutela de interesses predominantemente privados, como refere a doutrina dominante,
entre outros MOTA PINTO28, INOCÊNCIO GALVÃO TELLES29 e MANUEL DE
ANDRADE30.

26
FERRÃO, ANTÓNIO ABRANCHES, Das Doações segundo o Código Civil Português, I – Conceito e
elementos da doação, Coimbra, 1911, p. 194.
27
TELLES, INOCÊNCIO GALVÃO, Manual dos contratos em geral, 4ª ed., Coimbra Editora, Coimbra,
2002, p. 358, afirma que acto nulo é um nado-morto; o acto anulável é um nado- vivo dimunuído na sua
vitalidade e ameaçado de morte.
28
PINTO, CARLOS MOTA, Teoria Geral do Direito Civil, 3ª ed., Coimbra Editora, Coimbra, 1985, p.
610.
29
GALVÃO TELLES, Manual, p. 359.
30
ANDRADE, MANUEL DOMINGUES DE , Teoria Geral da Relação Jurídica, II, Almedina, 1983, p.
416.

9
• Efeitos da nulidade (artigo 286.º do CC)
Pode ser declarada oficiosamente pelo Tribunal;
Qualquer interessado pode invocar a nulidade;
Pode ser alegada a todo o tempo, podendo ser afastada em certos casos. Veja-se o
exemplo da usucapião.

Em relação ao proprietário da coisa doada, o contrato é ineficaz (artigo 406.º n.º


2 do CC). Existindo bens alheios e próprios, poderá existir uma nulidade parcial nos
termos do artigo 292.º do CC.

A convalidação

Existindo um contrato inválido, é possível proceder-se à validação do mesmo,


seja por vontade das partes ou pela lei. A validação dá-se, por exemplo, através de
confirmação ou de aquisição. Com base nesta última forma de validação, a doutrina
maioritária31 tem entendido que a nulidade da doação não impede a situação de o doador
dispor de coisa alheia que posteriormente vem a adquirir na sua esfera jurídica; se assim
for, a doação convalida-se. Este raciocínio, ao qual aderimos sem reservas, assenta na
aplicação do disposto no artigo 895.º do CC, referente à compra e venda de bens alheios
à doação de bens alheios, como narram os Professores PIRES DE LIMA e ANTUNES
VARELA32 (De mencionar, ainda, que ABRANCHES FERRÃO33 fazia o mesmo
raciocínio a propósito do artigo 1555.º parágrafo único do Código Civil de 1867).

Inoponibilidade

Como expusemos, na nulidade o acto não produz efeitos desde a sua origem.
Porém, este efeito da nulidade poderá ser restringido devido a interesses das próprias
partes ou de terceiros. No preceito, estamos perante uma inoponibilidade situacional (na

31
Nomedamente, LOPES, MANUEL BAPTISTA, Das doações, Coimbra, Almedina, 1970, p. 88;
ANTÓNIO ABRANCHES FERRÃO, Das Doações, p. 198; PIRES DE LIMA / ANTUNES VARELA,
Código, p. 259; PAULO OLAVO CUNHA, Venda, p. 467.
32
PIRES DE LIMA / ANTUNES VARELA, Código, p. 259.
33
ANTÓNIO ABRANCHES FERRÃO, Das Doações, p. 198.

10
terminologia utilizada por CASTRO MENDES34) e não perante uma inoponibilidade
face a terceiros, visto ser apenas ineficaz perante o donatário de boa fé.

Boa fé

A boa fé corresponde a um conceito indeterminado. Podendo ser entendida com


diversos sentidos/acepções. Fala-se a este respeito na boa fé em sentido objectivo e na
boa fé em sentido subjectivo. A boa fé objectiva diz respeito a regras de actuação,
estando em causa valores essenciais do sistema jurídico35. Por outro lado, a boa fé
subjectiva prende-se com o estado do sujeito36.
Dentro da boa fé subjectiva, costuma-se distinguir entre boa fé em sentido
psicológico e boa fé em sentido ético. A primeira modalidade diz respeito à convicção
de licitude de um acto ou situação jurídica37; assim, estaria de boa fé aquele que
desconhecesse certo facto. Na segunda modalidade, o mero desconhecimento não
chega, exigindo-se, ainda, o desconhecimento não culposo.
No nosso ordenamento jurídico, a boa fé é sempre ética38, pois é aquela que
fomenta deveres de cuidado, não prejudicando os diligentes. Além disso, a não
consagração da boa fé psicológica prende-se com problemas de prova, por ser
praticamente impossível demonstrar se certa pessoa conhecia ou não certo facto.

O que pensar deste regime?

Quanto à nulidade, concordamos totalmente que o desvalor39 aplicável a uma


doação de bens alheios seja a nulidade40.
Em primeiro lugar, estão em causa interesses públicos41 – não está apenas em
causa o interesse do donatário, mas também de terceiros, como seja o proprietário do
bem ou terceiros que contactem com o proprietário ou com qualquer uma das partes.

34
MENDES, JOÃO CASTRO MENDES, Teoria Geral do Direito Civil, II, AAFDL, Lisboa, 1979, p.
317.
35
CORDEIRO, ANTÓNIO MENEZES, Tratado de Direito Civil Português I, tomo I – Introdução.
Doutrina geral. Negócio jurídico, 3ª ed., Almedina, Coimbra, 2005, p. 180.
36
MENEZES CORDEIRO, Tratado, I, tomo I, p. 180.
37
CASTRO MENDES, Teoria, II, p. 290.
38
MENEZES CORDEIRO, Tratado, I, tomo I, p. 180.
39
Afastamo-nos do entendimento de que a invalidade corresponde a uma sanção, nomeadamente, por
estar em causa a apreciação do acto e não a reprovação do autor. Posição defendida na senda de
ASCENÇÃO, JOSÉ DE OLIVEIRA, Direito Civil Teoria Geral, Vol II, Coimbra Editora, 1997, pp. 346
e ss.
40
Contrariamente ao que defendia ANTÓNIO ABRANCHES FERRÃO, Das Doações, pp. 194 e ss, que
considerava que a doação de bens alheios seria apenas anulável.
41
Com o mesmo sentido de ordem pública, porém não no sentido utilizado no direito público.

11
Para além disso, a nulidade constitui a regra (artigo 294.º do CC). Podemos, ainda,
avançar um argumento sistemático: sendo um caso de falta de legitimidade, o desvalor
apontado pelo Código Civil para estes casos é a nulidade42, como se verifica na compra
e venda de bens alheios.
No respeitante à inoponibilidade, a nulidade não pode ser oposta ao donatário de
boa fé, por motivos de tutela de boa fé43.
Não devemos esquecer que a confiança das pessoas é protegida pelo Direito.
Cabe, então, expor os pressupostos da tutela da confiança elencados por MENEZES
CORDEIRO44, que são: a existência de uma situação de confiança, a justificação para a
confiança, o investimento de confiança e a imputação da situação de confiança.
Por conseguinte, o donatário ignora, sem culpa, que está a lesar posições alheias
(situação de confiança); o doador faz a proposta de doação (justificação para a
confiança); o donatário aceita a doação (investimento de confiança); o doador, ao
proceder à doação, cria expectativas no donatário (imputação da situação de confiança).
Por fim, no tocante à boa fé, PIRES DE LIMA e ANTUNES VARELA45
afirmam que o donatário está de boa fé se tiver aceitado a doação com a convicção de
que o bem pertencia ao doador. Exige-se, para além disso, o desconhecimento não
culposo do donatário. Assim, estando em causa um bem imóvel ou um bem móvel
sujeito a registo, o donatário deveria ter consultado o registo.

2.2. Responsabilidade do doador pelos danos causados ao donatário

A regra geral nesta matéria é a da irresponsabilidade do doador pelos prejuízos


causados ao donatário, o que se justifica por estarmos perante um contrato gratuito,
tendo, assim, de existir prudência na responsabilização do doador pelos danos causados
ao donatário - o doador não recebe qualquer contrapartida pelo bem doado; por outro
lado, o donatário não vê o seu património diminuído46, pois na maioria dos casos apenas
ocorre a perda da coisa doada47.
Coerente com o exposto, o doador só será responsabilizado se o donatário estiver
de boa fé e se se verificar um dos seguintes factos:

42
CASTRO MENDES, Teoria, II, p. 40; FERNANDES, LUÍS CARVALHO, Teoria Geral do Direito
Civil, II, 3ª Ed., Universidade Católica, Lisboa, 2001, p. 108.
43
MENEZES LEITÃO, Direito, p. 230.
44
MENEZES CORDEIRO, Tratado, tomo I, p. 186.
45
PIRES DE LIMA / ANTUNES VARELA, Código, p. 260.
46
MENEZES LEITÃO, Direito, p. 230.
47
BALBI, GIOVANNI, La donazione, em Giuseppe Grosso/Francesco Santoro-Passarelli, Tratatto di
Diritto Civile, Vol II, Tomo IV, Milano, Francesco Vallardi, 1964, p. 50.

12
a) ter o doador assumido expressamente a obrigação de indemnizar o prejuízo;
b) ter o doador agido com dolo;
c) ter a doação carácter remuneratório;
d) ser a doação onerosa ou modal, ficando neste caso a responsabilidade do donatário
limitada ao valor dos encargos

2.2.1. Ter o doador assumido expressamente a obrigação de indemnizar o prejuízo

Este requisito de responsabilização estava previsto no artigo 1468.º Código Civil


Português de 186748 e encontra-se previsto no artigo 797.º do Código Civil Italiano49.
Como podemos aferir da alínea a) do artigo 956.º n.º 2, está em causa uma
declaração expressa.

Declaração expressa

O artigo 217.º do CC prevê a distinção entre declarações expressas e declarações


tácitas. Segundo INOCÊNCIO GALVÃO TELLES50, o termo “manifestação” seria
mais adequado.
Estaremos perante uma declaração expressa “quando, feita por palavras, escrito
ou qualquer outro meio directo de manifestação da vontade”, este meio revela
directamente a vontade. A pedra de toque está na finalidade primária de transmitir um
conteúdo de pensamento51. Como assinala CARVALHO FERNANDES52, existe um
nexo directo entre o comportamento e a vontade.
Temos uma declaração tácita quando se deduz de factos que, com toda a
probabilidade, revelam a manifestação da vontade. Por outras palavras, a declaração é
exteriorizada de modo indirecto; através de determinados factos conseguimos chegar à
conclusão de que indirectamente o sujeito quis manifestar vontade.

48
Supra, ponto 1.3.
49
Supra, ponto 1.3.
50
GALVÃO TELLES, Manual, p. 135.
51
CASTRO MENDES, Teoria, II, p. 57.
52
CARVALHO FERNANDES, Teoria, II, p. 224.

13
De referir, também, que um mesmo comportamento pode constituir uma
declaração expressa e uma tácita. Por exemplo, num testamento o sucessível afirma que
vende a outrem todos os móveis de uma casa que fazem parte da herança de seu pai53.

Recordemos, agora, as teorias objectivas e subjectivas sobre esta distinção:

• Teoria Objectiva (defendida pela doutrina maioritária54)


Esta tese afirma que a declaração expressa realiza-se através de meios declaratórios cujo
sentido está previamente definido, ou seja, nas palavras de CARVALHO
FERNANDES55, atende-se ao significado típico, objectivo, do comportamento. A
declaração tácita será realizada por meios declaratórios cujo sentido não está
previamente fixado. Esta teoria coloca ênfase na existência ou não de um meio que
socialmente ou inter partes transmita a declaração através de regras pré-existentes56.

• Teoria Subjectiva (defendida por SAVIGNY, WINDSCHEID e MANUEL DE


ANDRADE57)
Estaremos perante uma declaração expressa se a declaração se destinar, em primeiro
lugar, a exteriorizar certa vontade negocial (declaração directa). Será uma declaração
tácita a que utiliza como via principal outro fim que não o da vontade negocial, pelo que
teremos uma declaração indirecta. Desta forma, a teoria subjectiva parte da intenção do
declarante, o que comporta uma grande insegurança.
Como é possível atestar, o nosso ordenamento jurídico pende para a teoria
objectiva.

Posição adoptada

Faz todo o sentido que se o doador assume expressamente a obrigação de


indemnizar o prejuízo seja a tal obrigado.
Em primeiro lugar, porque todos os contratos são para cumprir - veja-se o
princípio pacta sunt servanda presente no artigo 406.º n.º 1 do CC. Com base na

53
CARVALHO FERNANDES, Teoria, II, p. 226.
54
Nomedamente, CASTRO MENDES, Teoria, II, pág. 59; CARVALHO FERNANDES, Teoria, II, p.
225.
55
CARVALHO FERNANDES, Teoria, II, p. 225.
56
CASTRO MENDES, Teoria, II, p. 59.
57
MANUEL DE ANDRADE, Teoria, p. 132.

14
autonomia privada prevista no artigo 405.º n.º 1 do CC, o doador compromete-se a
cumprir uma obrigação.
Quanto ao facto de ter de ser uma declaração expressa, não seria possível que
uma mera declaração tácita vinculasse o doador à obrigação de indemnizar o prejuízo58.
Tal violaria a exigência de forma da doação. Assim, seguindo a posição de MENEZES
LEITÃO59 e de BALBI60, julgamos que a declaração tem de estar prevista no contrato
de doação ou tem que revestir a forma prevista para o contrato de doação, caso o doador
queira assumir a obrigação posteriormente ao contrato-base.

Natureza jurídica

Existindo uma declaração expressa, tem sido discutida qual a natureza da


doação:
1) Doação com um duplo objecto alternativo
2) Garantia adicional

1 – Teríamos no contrato uma alternativa entre a coisa doada e o montante do prejuízo


causado ao donatário, posição defendida por BIONDI61 e por PIRES DE LIMA e
ANTUNES VARELA62.
2 – Surgimento de uma garantia que abrange o prejuízo causado ao donatário,
orientação defendida por BALBI63.

Parece que a 2.ª tese tem razão. Aparentemente a doação detém um duplo
objecto, sendo o montante do prejuízo causado entregue ao donatário subsidiariamente,
ou seja, após a reivindicação da coisa pelo dono. No entanto, a ideia de garantia é mais
precisa. Quer isto dizer que a escolha de qual das obrigações irá ser realizada não cabe a
nenhuma das partes. Se o doador disser que não entrega a coisa doada e que somente
entregará o montante do prejuízo, estará a tentar revogar a doação e tal actuação é-lhe
vedada (artigo 970.º do CC). Por outro lado, o donatário não pode exigir, em vez da

58
Tal garantia não deriva da natureza da doação, TORRENTE, ANDREA, La donazione, em Antonio
Cicu/Francesco Messineo, Tratatto di Diritto Civile e Commerciale, volume XXII, Milano, Giuffré, 1956,
p. 505.
59
MENEZES LEITÃO, Direito, p. 231.
60
BALBI, GIOVANNI, La donazione, p. 50.
61
MENEZES LEITÃO, Direito, p. 231.
62
PIRES DE LIMA / ANTUNES VARELA, Código, p. 260.
63
BALBI, GIOVANNI, La donazione, p. 50.

15
coisa doada, o montante equivalente à mesma. Portanto, enquadrar a figura na
existência de uma garantia adicional parece a solução mais correcta.

2.2.2. Ter o doador agido com dolo

Dolo

O dolo corresponde à modalidade mais grave da culpa, sendo a conduta do


agente mais censurável do que a mera culpa64 (distinção feita no artigo 483.º do CC).
Numa acepção comum, dolo pode ser definido como a intenção de provocar um
determinado evento contrário ao Direito, como alude INOCÊNCIO GALVÃO
TELLES65/66. Desta forma, o agente que actua com dolo tem a consciência de que o seu
comportamento é ilícito (elemento volitivo).
Atráves do grau de consciência do agente, podemos escalonar as várias
modalidades de dolo: o dolo directo, o dolo necessário e o dolo eventual. Na primeira
modalidade, o agente tem a total consciência da ilicitude do seu comportamento. Quanto
à segunda modalidade, o agente não quer produzir o resultado antijurídico, porém tem a
consciência de que este ocorrerá forçosamente. Por fim, no dolo eventual o agente não
quer que o resultado se concretize, assumindo porém o risco da sua produção,
conformando-se.
Quanto à concretização do dolo:
- O artigo 253.º integra o dolo na falta e vício da vontade, tendo a actuação dolosa como
finalidade a intenção ou consciência de induzir ou manter em erro o autor da declaração.
- Sendo o dolo um acto ilícito, poderá o autor ser responsabilizado nos termos dos
artigos 483.º e ss do CC.

Posição adoptada

64
Consiste na omissão da diligência exigível do agente, VARELA, JOÃO DE MATOS ANTUNES, Das
Obrigações em Geral, I, 10ª ed., Almedina, Coimbra, 2000, p. 525.
65
GALVÃO TELLES, Manual, p. 107.
66
“Aquele que procede voluntariamente contra a norma jurídica cuja violação acarreta o dano”,
CORDEIRO, ANTÓNIO MENEZES, Tratado de Direito Civil Português II, Direito das Obrigações,
tomo III, Almedina, Coimbra, 2010, p. 470.

16
A acepção de dolo prevista no artigo 956.º n.º 2 alínea b) do CC parece
corresponder à presente no artigo 483.º do CC, como afirma MENEZES LEITÃO67.
Saber se se trata de dolo directo, necessário ou eventual só será possível averiguar no
caso concreto; na maioria dos casos, estamos perante dolo directo, pois o doador quer
directamente doar um bem alheio, sabendo que este não lhe pertencia.
Não existindo a alínea b) do artigo 956.º do CC, o donatário teria tutela nos
termos do artigo 253.º do CC e nos termos dos artigos 483.º e ss do CC. Mesmo assim,
a nosso ver, quanto mais meios de tutela da parte mais fraca, melhor.
Começando pelo caso mais simples, o doador age com dolo se tiver intenção de
causar prejuízos ao donatário68. Sendo, neste caso, fácil imaginar casos de dolo directo,
necessário e eventual.
De igual modo, o doador agirá com dolo se tiver consciência de estar a doar um
bem de outrem69.
Por fim, também haverá dolo quando, como acrescenta BALBI70 e MENEZES
LEITÃO71, o doador alienar a coisa doada antes de o donatário proceder ao seu registo.
Desta forma, afastamo-nos de PIRES DE LIMA e ANTUNES VARELA72, que
consideram que o dolo não se refere à actuação do doador, mas somente à própria
evicção, ou seja, o dolo limita-se ao caso de o doador ter como intenção que o donatário
fique sem o bem.

2.2.3. Ter a doação carácter remuneratório

Doação remuneratória

A doação remuneratória vem prevista no artigo 941.º do CC:

“É considerada doação a liberalidade remuneratória de serviços recebidos pelo doador,


que não tenham a natureza de dívida exigível.”

Esta modalidade especial de doação parece remontar à tradição romanística73.

67
MENEZES LEITÃO, Direito, p. 231.
68
MENEZES LEITÃO, Direito, p. 231.
69
MENEZES LEITÃO, Direito, p. 231.
70
BALBI, GIOVANNI, La donazione, p. 51.
71
MENEZES LEITÃO, Direito, p. 231.
72
PIRES DE LIMA / ANTUNES VARELA, Código, p. 260.
73
PIRES DE LIMA / ANTUNES VARELA, Código, p. 242.

17
A doação remuneratória visa a gratidão por serviços prestados, podendo não
terem sido prestados pelo próprio donatário74; veja-se, por exemplo, o caso dos filhos do
prestador dos serviços.
Bem vistas as coisas, todas as doações são remuneratórias, ou seja, têm como
fim uma retribuição como referem LUIZ CUNHA GONÇALVES75 e CARLOS
FERREIRA DE ALMEIDA76. Contudo, nesta modalidade existe uma sólida intenção
do doador de recompensar serviços prestados pelo donatário.
Como características da doação remuneratória temos que a doação tem que visar
retribuir serviços passados, e já não serviços futuros77; o doador tem de declarar
(expressa ou tacitamente) o carácter remuneratório da doação; e, por fim, não pode
corresponder ao cumprimento de um dever jurídico (animus solvendi).

Posição adoptada

Relembramos que a alínea c) n.º 2 do artigo 956.º do CC sofreu influência do


artigo 797.º do Código Civil Italiano78.
A responsabilização no caso de doação remuneratória prende-se com o próprio
fundamento moral79 - a gratidão do doador por serviços prestados pelo donatário – desta
modalidade de doação. Desta forma, existe um motivo autónomo do doador, que
consiste na remuneração do serviço prestado pelo donatário; por essa razão a doação
remuneratória está sujeita a um regime mais benéfico no tocante à revogação por
ingratidão (artigo 975.º alínea b) do CC) e, no âmbito da redução por inoficiosidade
(artigo 2173.º n.º 2 do CC), tal solução faz, também, todo o sentido no caso de existir
uma doação de bens alheios.

2.2.4. Ser a doação onerosa ou modal, ficando neste caso a responsabilidade do


donatário limitada ao valor dos encargos

Este último facto está previsto no Código italiano, no artigo respeitante à


garantia pela evicção (supra ponto 1.3).

74
PIRES DE LIMA / ANTUNES VARELA, Código, p. 242 que referem um acórdão do Supremo
Tribunal de Justiça de 25 de Julho de 1978.
75
GONÇALVES, LUIZ DA CUNHA, Tratado, p. 65.
76
CARLOS FERREIRA DE ALMEIDA, A doação, p. 14.
77
De resto é um dos critérios de distinção entre a doação remuneratória e a doação modal, MANUEL
BAPTISTA LOPES, Das doações, p. 21; Acórdão do Tribunal da Relação do Porto de 14-09-2006,
Processo: 0633771.
78
Supra, ponto 1.3.
79
MENEZES LEITÃO, Direito, p. 232.

18
Doação modal

Esta modalidade de doação vem prevista no artigo 963.º do CC80:

(Cláusulas modais)
“1. As doações podem ser oneradas com encargos.
2. O donatário não é obrigado a cumprir os encargos senão dentro dos limites do valor
da coisa ou do direito doado.”

O Direito Romano já previa a donatio sub modo, ou seja, a doação feita de um


certo modo81 (tendo na altura um sentido mais amplo, abarcando também as disposições
por morte82). Este corresponde a uma restrição ou encargo imposto na liberalidade, em
benefício do doador, do donatário ou de terceiro.
O Código Civil Português de 1867, nos seus artigos 1454.º83 e 1455.º84, já fazia
referência à figura. Porém, encontramos como grande influenciador do preceito actual o
artigo 793.º do Código Civil Italiano85.
Quanto ao modo, consiste num encargo pessoal ou patrimonial, sendo que o
mesmo não pode ser impossível, ilícito, indeterminável, assim como não pode defraudar
a lei (artigo 2230.º do CC e ss ex vi do artigo 967.º do CC)86.
O modo distingue-se da condição e do termo, que se caracterizam pela
dependência de um facto futuro e incerto. A doação modal não depende desse facto,

80
Para um maior aprofundamento ver o acórdão do STJ n.º 7/97, Processo n.º 87 6741 publicado no
Diário da Républica no dia 9 de Abril de 1997 na 1.ª Série-A.
81
Sobre a cláusula modal, VARELA, JOÃO DE MATOS ANTUNES, Ensaio sobre o conceito do modo,
Atlântida, Coimbra, 1955.
82
Neste sentido, PALMA RAMALHO, Sobre a doação p. 678.
83
Artigo 1454º:
“A doação póde ser pura, condicional, onerosa, ou remuneratoria.
& 1.º Pura é a doação meramente benefica, e independente de qualquer condição.
& 2.º Doação condicional é a que depende de certo evento ou circumstancia
& 3.º Doação onerosa é a que é feita em attenção a serviços recebidos pelo doador, que não tenham a
natureza de divida exigivel.”
84
Artigo 1455º:
“A doação onerosa só pode ser considerada como doação, na parte em que exceder o valor dos encargos
impostos.”
85
Art. 793º (Donazione modale)
“La donazione può essere gravata da un onere. Il donatario è tenuto all'adempimento dell'onere entro i
limiti del valore della cosa donata.
Per l'adempimento dell'onere può agire, oltre il donante, qualsiasi interessato, anche durante la vita del
donante stesso.
La risoluzione per inadempimento dell'onere, se preveduta nell'atto di donazione, può essere domandata
dal donante o dai suoi eredi.”
86
PALMA RAMALHO, Sobre a doação p. 688 e ss.

19
sendo desde a celebração do contrato perfeita, ou seja, produz todos os seus efeitos
como se fosse uma doação pura e simples87.
O encargo pode ter a forma de condição. Através de interpretação contratual,
feita caso a caso, saberemos se é uma doação modal ou uma condição, considerando-se
na dúvida doação modal, como defendiam ABRANCHES FERRÃO88 e MOTA
PINTO89.
Como elementos da doação modal, podemos mencionar a existência de uma
doação, ou seja, o doador atribui ao donatário uma vantagem patrimonial; no entanto,
surge a figura do encargo.
A doação modal poderá ser uma doação onerosa90 quando, por exemplo, o
encargo tiver natureza económica, for em benefício do doador e implicar um
empobrecimento do património do donatário.
Sendo o valor dos encargos igual ou superior ao valor do objecto doado, estamos
fora do âmbito da doação, porque neste caso seria posta em causa a característica da
gratuitidade ou, de outro prisma, faltaria o elemento essencial do empobrecimento do
doador (supra, ponto 1.1.)91. Em suma, o donatário tem de obter um benefício (VB – E
= B)92. Por essa razão, o artigo 963º nº 2 estabelece que o donatário não é obrigado a
cumprir os encargos senão dentro dos limites da coisa ou do direito doado.
O encargo vincula o donatário, sendo este obrigado a cumpri-lo, ainda que
coercivamente, e tendo legitimidade para exigir o cumprimento os sujeitos previstos no
artigo 965.º do CC. Se não o fizer, terá que que restituir o bem doado.

Posição adoptada

A responsabilização, no caso de se tratar de uma doação modal, é


compreensível. Não seria razoável que o donatário suportasse os encargos recorrendo ao
seu património próprio93. Por outro lado, seria contrário ao próprio espírito do sistema
que o donatário ficasse duplamente penalizado, através da perda da coisa e do valor do
encargo.

87
ANTÓNIO ABRANCHES FERRÃO, Das Doações, p. 251; MANUEL DE ANDRADE, Teoria, II, p.
494.
88
ANTÓNIO ABRANCHES FERRÃO, Das Doações, p. 251.
89
CARLOS MOTA PINTO, Teoria, p. 581.
90
GONÇALVES, LUIZ DA CUNHA, Tratado, p. 64, defendia que a doação onerosa era uma
denominação da doação modal, isso devia-se ao facto de o próprio Código Seabra as considerar onerosas.
Porém o nosso Código Civil não faz tal referência no artigo 963.º.
91
PALMA RAMALHO, Sobre a doação p. 715.
92
VB= valor do bem descontando o valor do encargo (E) tem de implicar um ganho para o donatário.
93
MENEZES LEITÃO, Direito, p. 232.

20
2.3. É imputável no prejuízo do donatário o valor da coisa ou do direito doado,
mas não os benefícios que ele deixou de obter em consequência da nulidade (artigo
956.º n.º 3 do CC)

O preceito estatui que estão em causa somente os danos emergentes e não os


lucros cessantes (artigo 564.º do CC). Assim, está em causa o interesse contratual
negativo94.
A distinção entre danos emergentes e lucros cessantes remonta ao Direito
romano95. No dano emergente temos vantagens já constituídas no momento da
ocorrência do facto. No lucro cessante estamos diante de vantagens futuras, ainda não
verificadas no momento da ocorrência do facto. Assim, temos como danos emergentes,
a evicção (a perda) da coisa doada96 mais os eventuais prejuízos.
Incluem-se como prejuízos, por exemplo, despesas judiciais decorrentes do
litígio e benfeitorias feitas. De referir que TORRENTE97 acrescenta que somente seriam
reembolsadas as benfeitorias voluptuárias (artigo 216.º do CC) se o doador tivesse
actuado com dolo; o que seria uma solução distinta da prevista para a compra e venda
de bens alheios (artigo 899.º do CC). Contudo, não conseguimos extrair da norma tal
afirmação! Por conseguinte, está em causa o prejuízo sofrido pelo donatário, quer sejam
benfeitorias necessárias, úteis ou voluptuárias.
Recordamos que o conceito de benfeitoria abrange coisas, acrescentadas a outra
para seu melhoramento, assim como despesas feitas com certa coisa98.

2.4. Não havendo lugar a indemnização, o donatário fica sub-rogado nos direitos
que possam competir ao doador relativamente à coisa ou direito doado (artigo
956.º n.º 4 do CC)

Mesmo não se aplicando o n.º 2 do artigo 956.º do CC, ao donatário cabe mais
um meio de tutela da sua posição jurídica. A este respeito, a maioria da doutrina

94
MENEZES CORDEIRO, Da Boa, I, p. 503.
95
MENEZES CORDEIRO, Tratado, II, Tomo III, p. 525.
96
MENEZES CORDEIRO, Da Boa, I, pág. 503, afirma que a referência feita ao valor da coisa apenas
vale para os casos das alíneas a), c) e d) do artigo 956.º n.º 2 do CC.
97
TORRENTE, ANDREA, La donazione, p. 507.
98
CASTRO MENDES, Teoria, I, 1979, p. 418.

21
assinala o exemplo das benfeitorias feitas pelo doador, nomeadamente MENEZES
LEITÃO99 e PIRES DE LIMA e ANTUNES VARELA100.
A nosso ver, o n.º 4 do artigo 956.º do CC está em total conformidade com o
espírito do sistema. Esta solução compreende-se, considerando que, se a doação fosse
válida, os direitos que competiam ao doador estariam no património do donatário. No
caso das benfeitorias isso é muito evidente, pois estariam incluídas na doação e, desta
forma, pertenceriam ao donatário, como referem PIRES DE LIMA e ANTUNES
VARELA101.

2.5. Caso específico - doação de bem pertencente a coisa comum

Em primeiro lugar, temos de ter em atenção o regime previsto no artigo 1408.º


do CC:

(Disposição e oneração da quota)


“1. O comproprietário pode dispor de toda a sua quota na comunhão ou de parte dela,
mas não pode, sem consentimento dos restantes consortes, alienar nem onerar parte
especificada da coisa comum.
2. A disposição ou oneração de parte especificada sem o consentimento dos consortes é
havida como disposição ou oneração de coisa alheia.
3. A disposição da quota está sujeita à forma exigida para a disposição da coisa.”

A impossibilidade de o comproprietário alienar parte especificada da coisa


comum sem consentimento dos restantes consortes já era discutida na jurisprudência na
vigência do Código de Seabra – veja-se o Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça de
10 de Abril de 1959 (Processo nº 57.761)102.
A questão levantada antes da entrada em vigor do Código Civil de 1966 era a
seguinte:
- Será possível converter103 esta doação numa doação de quota, se os bens não vierem a
caber em partilha ao doador? Por exemplo, converter a doação de parte especificada da
coisa comum em doação do seu valor na quota do comproprietário104.

99
MENEZES LEITÃO, Direito, p. 232.
100
PIRES DE LIMA / ANTUNES VARELA, Código, p. 261.
101
PIRES DE LIMA / ANTUNES VARELA, Código, p. 261.
102
Boletim do Ministério da Justiça, 86, pp. 404 e ss.
103
Figura distinta da situação abordada anteriormente da convalidação (supra, ponto 2.1), pois esta
pressupõe que a doação produz os seus efeitos nos mesmos termos em que havia sido celebrada.

22
A Jurisprudência dividia-se quanto a este respeito105. O principal argumento
apresentado pela Jurisprudência, que negava a possibilidade de conversão, era o facto de
a teoria da conversão dos negócios jurídicos não estar prevista no Código Seabra.

Conversão dos negócios jurídicos

O instituto vem consagrado no artigo 293.º do CC:

(Conversão)
“O negócio nulo ou anulado pode converter-se num negócio de tipo ou conteúdo
diferente, do qual contenha os requisitos essenciais de substância e de forma, quando o
fim prosseguido pelas partes permita supor que elas o teriam querido, se tivessem
previsto a invalidade.”

No Direito Romano, parece que já se discutia a eventual conversão dos actos


jurídico106, tendo no direito intermédio sido esquecida. Deve-se à doutrina germânica,
sobretudo a WINDSCHEID, o desenvolvimento da figura, sendo o BGB a dar impulso à
teoria.
Coerentemente com o exposto, tanto as Ordenações como o Código Civil de
Seabra não previam o instituto107.
A conversão consiste na possibilidade de as partes transformarem um negócio
jurídico nulo ou anulado noutro negócio, de tipo ou conteúdo diferente, tendo para isso
que respeitar os requisitos de substância e de forma deste negócio.
Em relação à conversão, há que salientar as concepções dualista e monista. A
primeira tese (dualista) via na conversão o surgimento de um segundo negócio, que
aproveitaria alguns elementos do antecedente. A segunda tese (monista) defende a
existência de um único negócio, que, após a conversão, é revalorado; é defendida,

104
Esta questão foi levantada por MANUEL BAPTISTA LOPES, Das doações, pp. 90 e ss.
105
Em sentido negativo, contra a conversão: Ac. 17-2-1888, Ac. 13-12-1889, STJ 16-1-1945. Em sentido
positivo: Ac. 2-5-1924 e Ac. 26-7-1940. MANUEL BAPTISTA LOPES, Das doações, p. 91.
106
VENTURA, RAÚL JORGE RODRIGUES, A conversão dos actos jurídicos no direito romano,
Lisboa, 1947. Contudo não existia um instituto de conversão dos negócios jurídicos, pois não existia um
instituto de negócio jurídico nem um regime geral da invalidade, como refere CARVALHO
FERNANDES, A Conversão dos Negócios Jurídicos Civis, Quid Juris, 1993, p. 125.
107
CARVALHO FERNANDES, A Conversão, p. 135.

23
nomeadamente, por CARVALHO FERNANDES108, que utiliza o termo revaloração, e
por MENEZES CORDEIRO109.
A vontade hipotética é, como refere CARVALHO FERNENDES110, o fim
prático visado pelas partes111. Assim sendo, a parte que se quiser valer da conversão terá
o ónus da prova dos requisitos desta112. Quanto à legitimidade de arguição, visto
estarmos no campo da nulidade, qualquer das partes poderá prevalecer-se da
convertibilidade.
Na hipótese levantada, importa referir um aspecto relativo ao direito de
preferência. Será o caso em que um terceiro (o comproprietário que não autorizou a
alienação da coisa) requer a conversão, exercendo posteriormente o respectivo direito de
preferência, como afirma CARVALHO FERNANDES113.
Hipótese diversa é a da alienação de toda a coisa comum. Uma possibilidade
será a de reduzir em proporção da quota do comproprietário e, posteriormente,
converter-se em alienação dessa mesma quota114, contra MENEZES LEITÃO115 que
afirma que implicaria uma alteração substancial da posição do adquirente.
Quanto à questão, começaremos por verificar se os pressupostos da teoria da
conversão dos negócios jurídicos estão preenchidos de forma a converter a doação de
uma parte especificada da coisa comum, sem o consentimento dos restantes consortes,
numa doação da quota ideal do comproprietário.
No tocante à forma, não se levantam problemas particulares, visto que os
requisitos de forma são os mesmos, como estatui o artigo 947.º do CC.
No respeitante à substância, o negócio inválido tem que conter os requisitos da
capacidade, objecto e vontade necessários para a validade do contrato a converter 116. Na
senda de MOTA PINTO117 não achamos que ambos os negócios têm de se referir ao
mesmo bem, bastando que o negócio esteja dentro do âmbito negocial delimitado pelo
doador e pelo donatário. Assim, se a doação só seria nula por violar o disposto no artigo
1408.º do CC, não parece que esteja enfermada de outros vícios de substância.

108
CARVALHO FERNANDES, A Conversão, p. 473.
109
MENEZES CORDEIRO, Tratado de Direito Civil Português I, tomo I – Introdução. Doutrina geral.
Negócio jurídico, 3ª ed., Almedina, Coimbra, 2005, p. 591.
110
CARVALHO FERNANDES, Teoria, II, p. 505.
111
Está em causa uma vontade hipotética objectiva, de forma a respeitar a autonomia privada, que de
resto resulta da boa fé integrativa presente no artigo 239º, assim expõe, MENEZES CORDEIRO, Da Boa,
II, p. 1072.
112
CARVALHO FERNANDES, Teoria, II, p. 505. Contrariamente, GALVÃO TELLES, Manual, p. 376,
sustenta que o ónus da prova dos requisitos cabe ao opositor.
113
CARVALHO FERNANDES, A Conversão, p. 358.
114
CARVALHO FERNANDES, A Conversão, p. 858.
115
MENEZES LEITÃO, Direito, p. 112.
116
CARLOS MOTA PINTO, Teoria, p. 631.
117
CARLOS MOTA PINTO, Teoria, p. 630.

24
No tocante à vontade das partes, poder-se-ia pensar na compra e venda de bens
alheios, no âmbito da qual se discute se o comprador teria interesse na parte
especificada e não na quota ideal. Contudo, como referia MANUEL DE ANDRADE118,
esta questão não se coloca na doação. Entendemos que a vontade do doador é, pura e
simplesmente, favorecer o donatário, tal como é a vontade do donatário engrandecer o
seu património.
Em suma, nada obsta à conversão.

118
MANUEL DE ANDRADE, Teoria, II, p. 435.

25
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