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http://www.publico.pt/Sociedade/estado-gasta-20-milhoes-de-euros-por-dia-com-o-
servico-nacional-de-saude_1265768?all=1
A despesa com o SNS foi de 1830 milhões de euros nos primeiros três
meses do ano (Pedro Inácio/PÚBLICO (arquivo))
Num controverso "pacote" que inclui o anunciado corte nas horas extraordinárias dos
profissionais de saúde e o gradual fecho dos serviços de urgência dos centros de saúde
denominados Serviços de Atendimento Permanente (SAP), entre outras medidas de
racionalização, há ainda demasiadas questões em aberto que dividem os especialistas no
complexo mundo da sustentabilidade do SNS. O PÚBLICO procurou as opiniões de
alguns "peritos" sobre três das principais equações em debate.
Cortar no desperdício?
Privatização?
Sem acreditar que o SNS esteja em causa - "a privatização em termos políticos não está
em cima da mesa" -, Pedro Pita Barros acha que poderá fazer sentido, quando muito,
privatizar os [serviços] que funcionam mal. "Pensemos na zona de Lisboa, Porto e
Coimbra. Podemos mudar as equipas, fechar partes do hospital... porque a satisfação das
necessidades da população pode passar por outro lado".
"Nós podemos querer organizar as fatias do bolo ou a maneira como pagamos essas
fatias do bolo, de forma a que o bolo cresça o menos possível para os mesmos
resultados de saúde. Mas a maneira como isso se faz pode ser diferente de sociedade
para sociedade. Não acredito em soluções que sejam iguais para todos os países", diz
Pedro Pita Barros.
Pouco optimista, Manuel Delgado não tem muitas dúvidas sobre a inevitabilidade do
caminho a seguir. "É muito difícil ver uma solução que não passe por uma remodelação
radical do modelo de financiamento", até porque, defende, "aliviar o peso do Estado na
saúde" não é resposta que "possa dar grandes frutos a médio prazo". A solução passaria
pela criação de "um seguro público obrigatório".
Pedro Pita Barros acha que chegou um momento decisivo em que a sociedade tem de
estar preparada para fazer "escolhas explícitas". Já não se trata de deixar a solução do
"problema" nas mãos do Estado: "O Estado não é uma entidade abstracta, somos nós. A
sociedade portuguesa tem uma tendência de paternalismo atroz".