Vous êtes sur la page 1sur 144

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

GABRIELLA CABRAL

ASPECTOS DESTACADOS DAS PRINCIPAIS AÇÕES DE REVISÃO DE


BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS NO REGIME GERAL DE
PREVIDÊNCIA SOCIAL

Tijucas

2008
GABRIELLA CABRAL

ASPECTOS DESTACADOS DAS PRINCIPAIS AÇÕES DE REVISÃO DE


BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS NO REGIME GERAL DE
PREVIDÊNCIA SOCIAL

Monografia apresentada como requisito parcial para a


obtenção do título de Bacharel em Direito, pela
Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Ciências
Sociais e Jurídicas, campi de Tijucas.

Orientador: Prof. MSc. Rodrigo de Carvalho

Tijucas
2008
GABRIELLA CABRAL

ASPECTOS DESTACADOS DAS PRINCIPAIS AÇÕES DE REVISÃO DE


BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS NO REGIME GERAL DE
PREVIDÊNCIA SOCIAL

Esta Monografia foi julgada adequada para obtenção do título de Bacharel em Direito e
aprovada pelo Curso de Direito do Centro de Ciências Sociais e Jurídicas, Campi de Tijucas.

Área de Concentração/Linha de Pesquisa: Direito Público/Direito Previdenciário

Tijucas (SC), 10 de dezembro de 2008.

Prof. MSc. Rodrigo de Carvalho

Orientador

Prof. MSc. Marcos Alberto Carvalho de Freitas

Responsável pelo Núcleo de Prática Jurídica


Dedico este trabalho ao meu pai Vergílio Bertoldo Cabral Filho e
minha mãe Márcia Ruth Cabral pela compreensão, carinho,
companheirismo e dedicação em todos os momentos desta e de outras
caminhadas. A vocês, dedico este trabalho.
Agradeço primeiramente a minha família, meu porto seguro, minha base, pela confiança que
depositaram em mim.

Ao meu noivo Cristian Manoel Pinheiro, pela compreensão, apoio, amor, carinho e por toda
sua ajuda durante esses seis anos de companheirismo.

Ao Professor Orientador, Rodrigo de Carvalho, norte seguro na orientação deste trabalho.

Aos Professores do Curso de Direito da Universidade do Vale do Itajaí, Campi de Tijucas,


que muito contribuíram para a minha formação jurídica.

A minha amiga Fabiana Hartmann, pela parceria, companheirismo em todos os momentos que
precisei, na qual sempre estava do meu lado com seus sábios conselhos, enfim, agradeço pela
verdadeira amizade.

A amiga Karla Francieli Dalsasso pela amizade e apoio por todos os momentos que passamos,
principalmente na reta final dessa trajetória.

Aos meus amigos Tony Serpa e Leonardo Borba, pelos seus ensinamentos, por todas as
conversas e os momentos divertidos que passamos durante esses cinco anos.

As queridas funcionárias da UNIVALI, Amanda, Vanessa, sempre muito amigas, prestativas e


atenciosas.

Aos que colaboraram com suas críticas e sugestões para a realização deste trabalho.

Aos colegas de classe, pelos momentos que passamos juntos e pelas experiências trocadas.

A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização desta pesquisa.

A todos, muito obrigada!


Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer
um pode começar agora e fazer um novo fim.

Francisco Cândido Xavier


TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo aporte
ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do Vale do Itajaí –
UNIVALI, a Banca Examinadora e o Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca
do mesmo.

Tijucas (SC), 10 de dezembro de 2008.

Gabriella Cabral

Graduanda
RESUMO

A presente monografia tem como objeto analisar as principais ações de revisão de benefícios
previdenciário no Regime Geral de Previdência Social, com o intuito de buscar argumentos
para efetivar a revisão de benefícios aos segurados e a seus dependentes. No desenvolvimento
da pesquisa, primeiramente será demonstrado a evolução histórica da Seguridade Social no
Brasil e no mundo, conceituando e discorrendo sobre sua natureza jurídica e seus princípios
específicos no que se refere a Seguridade Social, passa-se também sobre o sistema de
financiamento da Seguridade Social, fazendo menção sobre sua divisão. Na seqüência, passa-
se pelos aspectos históricos da Previdência Social, demonstrando quais são os beneficiários do
Regime Geral de Previdência Social e conceituando cada benefício de renda mensal.
Seguidamente, trata sobre as hipóteses de revisão e reajustamento de benefícios
previdenciários no Regime Geral da Previdência Social após a Constituição Federal de 1988,
discorrendo sobre a previsão legal e justificativa da revisão dos benefícios, a irredutibilidade
do valor dos benefícios. A pesquisa se encerra com as Considerações Finais, nas quais são
apresentadas as questões conclusivas, procurando estimular mais estudo acerca do tema
principal.

Palavras-chave:

Revisão e Reajustamento Seguridade Social Previdência Social


ABSTRACT

This Monograph’s goals is to analyze the main shares of review of welfare benefits in the
Social Security Administration in order to seek for arguments carry out a review of benefits to
holders and their dependents. The research development will be first demonstrated the
historical development of social security in Brazil and in the world talking about their
conceptual and legal and its specific principles with regard to Security Social, is also on the
system's financing Social Security, making mention of their division. In sequence is the
historical aspects of Welfare Social, showing which are the beneficiaries of the General Social
Welfare and conceptual each benefits from income monthly. Next comes the chance to review
and readjustment of benefits in the General Administration of Welfare after the Constitution
of 1988 talking about providing legal justification and the review of benefits the irreducibility
value of the benefits. The research finishes with the final considerations, which are the issues
presented conclusive, seeking to further stimulate study on the main theme.

Word-key:

Review and Readjustment Social Security Social Welfare


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ADCT Ato das Disposições Constitucionais Transitórias

% Por cento

§ Parágrafo

ac. Acórdão

Ag. Agravo

ampl. Ampliada

Ap.Civ. Apelação Cível

art., arts. artigo, artigos

CAPs Caixas de Aposentadoria e Pensão

CF Constituição da República Federativa do Brasil

CLT Consolidação das Leis do Trabalho

CRFB/88 Constituição da República Federativa do Brasil de 1988

CTN Código Tributário Nacional

EC Emenda Constitucional

etc. et cetera (e assim por diante)

IAPB Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Bancários


IAPC Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Comerciários

IAPETEC Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Empregados em


Transporte e Cargas

IAPI Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Industriários

IAPM Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Marítimos

IAPS Instituto de Assistência e Proteção Social

IGP-DI Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna

INPS Instituto Nacional de Previdência Social

INSS Instituto Nacional do Seguro Social

IPASE Instituto de Previdência a Assistência dos Servidores do Estado

IRSM Índice de Reajuste do Salário Mínimo

ISSB Instituto de Serviços Sociais do Brasil

LOPS Lei Orgânica da Previdência Social

n. Número

OIT Organização Internacional do Trabalho

PBC Período Básico de Cálculo

RGPS Regime Geral de Previdência Social

RMI Renda Mensal Inicial

SAT Seguro de Acidente do Trabalho


SINPAS Sistema Nacional de Previdência Social

STF Supremo Tribunal Federal

STJ Supremo Tribunal de Justiça

Súm. Súmula

SUS Sistema Único de Saúde

URV Unidade Real de Valor


LISTA DE CATEGORIAS E SEUS CONCEITOS OPERACIONAIS

Aposentadoria
Benefício de pagamento continuado da Previdência Social que substitui o rendimento do
trabalho do segurado, em caráter permanente ou duradouro, podendo ser concedido em razão
da idade avançada, do tempo de contribuição, da invalidez e em decorrência do exercício de
atividades consideradas especiais1.

Beneficiários
Beneficiários é toda pessoa protegida pelo sistema previdenciário, seja na qualidade de
segurado ou dependente. Os beneficiários são os sujeitos ativos das prestações
previdenciárias2.

Benefícios Previdenciários
Os benefícios previdenciários são direito conferidos à um indivíduo, como forma de auxílio
monetário por força da legislação social. Os benefícios previdenciários concedidos no RGPS
são: auxílio-doença, aposentadoria por invalidez, auxílio-acidente, aposentadoria por idade,
aposentadoria por tempo de contribuição, auxílio-reclusão, salário-família, salário-
maternidade, aposentadoria especial e pensão por morte3.

Previdência Social
A Previdência Social, mediante contribuição, tem por fim assegurar aos seus beneficiários
meios indispensáveis de manutenção, por motivo de incapacidade, desemprego involuntário,
idade avançada, tempo de serviço, encargos familiares e prisão ou morte daqueles de quem
dependiam economicamente4.

Regime Geral da Previdência Social

1
LAZZARI, João Batista. Aposentadoria especial como instrumento de proteção social e de concretização
do princípio da dignidade da pessoa humana. 2004. p. vi.
2
HORVATH JR., Miguel; TANACA, Priscila. Resumo jurídico de direito previdenciário. 2. ed., São Paulo,
Quartier Latin do Brasil, 2005, p.25.
3
SOUZA, Leny Xavier de Brito e. Previdência social normas e cálculos de benefícios. 7 ed. São Paulo: LTr,
2003, p.31-61.
4
Conforme artigo 1º da Lei n. 8.213/91.
Principal regime previdenciário na ordem interna, o RGPS abrange obrigatoriamente todos os
trabalhadores da iniciativa privada, ou seja: os trabalhadores que possuem relação de emprego
regida pela Consolidação das Leis do Trabalho (empregados urbanos, mesmos os que estejam
prestando serviços a entidades paraestatais, os aprendizes e os temporários), pela Lei nº.
5.889/73(empregados rurais) e pela Lei nº. 5.859/72 (empregados domésticos); os
trabalhadores autônomos, eventuais ou não; os empresários titulares de firmas individuais ou
sócios de regimes de economia familiar; e outras categorias de trabalhadores como
garimpeiros, empregados de organismo internacionais, sacerdotes, etc5.

Revisão
Revisão é o ato ou efeito de rever. É o novo exame ou análise de uma lei ou decreto com o
fim de reformar, retificar ou anular6.

Segurados
É segurado da Previdência Social, nos termos do art. 9° e seus parágrafos do Decreto n.
3.048/99, de forma compulsória, a pessoa física que exerce atividade remunerada, efetiva ou
eventual, de natureza urbana ou rural, com ou sem vínculo de emprego, a título precário ou
não, bem como aquele que a lei define como tal, observadas, quando for o caso, as exceções
previstas no texto legal, ou exerceu alguma atividade das mencionadas acima, no período
imediatamente anterior ao chamado “períodos de graça”7.

Seguridade Social
Conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a
assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social8.

5
Cf. STEPHANES, Reinhold apud CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de
direito previdenciário. 4. ed. São Paulo: LTr, 2005 p.102.
6
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário da língua portuguesa. 3 ed. Revisto e Ampliado, Rio
de Janeiro: Fronteira, 1999, p. 288.
7
CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário. 7.ed. São
Paulo: LTr, 2006, p. 172.
8
BRASIL. Constituição da república federativa do Brasil. São Paulo: Saraiva, 2007. Cf. art. 194, caput, da
CRFB/88.
SUMÁRIO

RESUMO ............................................................................................................................. 7

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS .......................................................................... 8

LISTA DE CATEGORIAS E SEUS CONCEITOS OPERACIONAIS........................... 12

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................... 17

2 DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DA SEGURIDADE SOCIAL ......................... 20


2.1 HISTÓRICO NO DIREITO ESTRANGEIRO ............................................................... 20
2.2 ANTECEDENTES HISTÓRICOS NO BRASIL............................................................ 25
2.3 CONCEITO ................................................................................................................... 34
2.4 NATUREZA JURÍDICA ............................................................................................... 36
2.5 PRINCÍPIOS DA SEGURIDADE SOCIAL................................................................... 38
2.5.1 Princípio da Solidariedade........................................................................................... 40
2.5.2 Princípio da Universalidade......................................................................................... 41
2.5.3 Princípio da uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações
urbanas e rurais.................................................................................................................... 43
2.5.4 Princípio da seletividade e distributividade na prestação de benefícios e serviços ........ 44
2.5.5 Princípio da irredutibilidade do valor dos benefícios ................................................... 45
2.5.6 Princípio eqüidade na forma de participação do custeio............................................... 46
2.5.7 Princípio da diversidade da base de financiamento ...................................................... 47
2.5.8 Princípio do caráter democrático e descentralizado da administração........................... 48
2.6 SISTEMA DE FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL ................................ 50
2.6.1 Participação da União.................................................................................................. 53
2.6.2 Contribuições sociais................................................................................................... 54
2.6.2.1 Conceituação ........................................................................................................... 55
2.6.2.2 Natureza Jurídica..................................................................................................... 57
2.7 DIVISÃO DA SEGURIDADE SOCIAL........................................................................ 64
2.7.1 Saúde .......................................................................................................................... 64
2.7.2 Previdência Social....................................................................................................... 66
2.7.3 Assistência Social........................................................................................................ 67
3 REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL................................... 69
3.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 69
3.2 DOS BENEFICIÁRIOS DO RGPS................................................................................ 70
3.2.1 Segurados.................................................................................................................... 71
3.2.2 Dependentes................................................................................................................ 73
3.3 DOS PERÍODOS DE CARÊNCIA PARA A OBTENÇÃO DOS BENEFÍCIOS............ 76
3.4 DOS BENEFÍCIOS DE RENDA MENSAL................................................................... 80
3.4.1 Aposentadoria por Invalidez........................................................................................ 80
3.4.2 Aposentadoria por Idade.............................................................................................. 82
3.4.3Aposentadoria por Tempo de Contribuição................................................................... 85
3.4.4Aposentadoria Especial ................................................................................................ 87
3.4.5 Auxílio-doença............................................................................................................ 89
3.4.6 Salário-família............................................................................................................. 90
3.4.7 Salário-maternidade .................................................................................................... 92
3.4.8 Pensão por morte......................................................................................................... 94
3.4.9 Auxílio-reclusão.......................................................................................................... 96
3.4.10 Auxílio-acidente........................................................................................................ 98
4 ASPECTOS DESTACADOS DAS PRINCIPAIS AÇÕES DE REVISÃO DE
BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS NO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA
SOCIAL APÓS O ADVENTO DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 ................ 101
4.1 DA REVISÃO DOS BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS .......................................... 101
4.2 PREVISÃO LEGAL E JUSTIFICATIVA DA REVISÃO DOS BENEFÍCIOS............ 102
4.3 DO REAJUSTAMENTO DO VALOR DOS BENEFÍCIOS ........................................ 104
4.4.1 Auto-aplicabilidade do artigo 202, “caput”, da Constituição de 1988......................... 107
4.4.2 Aplicação do artigo 58 do ADCT .............................................................................. 108
4.4.3 Manutenção do valor real dos benefícios equivalência do valor dos benefícios em
números de salários mínimos ............................................................................................. 111
4.4.4 Valor mínimo dos benefícios..................................................................................... 111
4.4.5 Abono anual de 1988 a 1989 ..................................................................................... 112
4.4.6 Unidade de Referência de Preços – URP – de fevereiro de 1989................................ 113
4.4.7 Salário mínimo de junho de 1989 .............................................................................. 113
4.4.8 Expurgos inflacionários............................................................................................. 113
4.4.9 Abonos da Lei n. 8.178/91......................................................................................... 114
4.4.10 Reajustes quadrimestrais – IRSM – Leis ns. 8.542/92 e 8.700/93............................. 115
4.4.11 Conversão dos benefícios para URV – Lei n. 8.880/94 ............................................ 116
4.4.12 Correção monetária sobre a mora no pagamento das prestações............................... 117
4.4.13 Aplicação do IRSM de fevereiro de 1994 ................................................................ 118
4.4.14 Aplicação do IGP-DI nos meses de junho de 1997 a 2000 e 2002 a 2003................. 120
4.4.15 O real significado do §2º do artigo 3º da Lei n. 9.876/99 para a aferição do valor da
renda mensal inicial do benefício. A equivocada interpretação dada ao dispositivo pelo INSS
e a necessidade do reparo pela via judicial ......................................................................... 121
4.4.15.1 O período básico de cálculo (PBC) após a Lei n. 9.876/99. Dificuldades de
interpretação do artigo 3º e respectivos parágrafos da referida Lei n. 9.876/99................. 121
4.4.15.2 A fórmula de cálculo do benefício. A correta aplicação da Lei n. 9.876/99........... 124
4.4.15.3 O entendimento consolidado na Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais de
Santa Catarina sobre a correta aplicação do artigo 3º, caput e §2º da Lei n. 9.876/99 ...... 128
4.5 DA IRREDUTIBILIDADE DO VALOR DOS BENEFÍCIOS ..................................... 134
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................ 136

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 139


1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem por objeto9 o estudo das principais ações de revisão de
benefícios previdenciários no Regime Geral de Previdência Social.

A importância do estudo deste tema reside no aprofundamento da pesquisa sobre o


tema, principalmente pelas especificidades que envolvem a possibilidade de revisão e
reajustamento de benefícios previdenciários, na qual alguns beneficiários possuem direitos de
reaver a quantia dessa revisão.

Ressalte-se que, além de ser requisito imprescindível à conclusão do curso de Direito


na Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, o presente relatório monográfico também vem
colaborar para o conhecimento de um tema que, apesar de não poder ser tratado como
novidade no campo jurídico, na dimensão social-prática ainda pode ser tratado como elemento
novo e repleto de nuances a serem destacadas pelos intérpretes jurídicos.

O presente tema, na atualidade, encontra-se na necessidade de compreender e analisar


os tipos de ações de revisão de benefícios previdenciários.

A escolha do tema é fruto do interesse pessoal da pesquisadora em descobrir os


procedimentos legais e corretos acerca das ações de revisão de benefícios previdenciários,
assim como para instigar novas contribuições para estes direitos na compreensão dos
fenômenos jurídicos-políticos, especialmente no âmbito de atuação do Direito Público.

Em vista do parâmetro delineado, constitui-se como objetivo geral deste trabalho


analisar os principais aspectos sobre as ações de revisão de benefícios previdenciários à luz da
legislação constitucional e infraconstitucional vigente.

O objetivo institucional da presente Monografia é a obtenção do Título de Bacharel


em Direito, pela Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Ciências Jurídicas, Políticas e
Sociais, Campus de Tijucas.

9
Nesta Introdução cumpre-se o previsto em PASOLD, Cesar Luiz. Prática da Pesquisa Jurídica: idéias e
ferramentas úteis para o pesquisador do Direito, p. 170-181.
18

Como objetivo específico, pretende-se analisar e descrever o sistema da seguridade


social no Brasil, seu histórico, evolução, natureza jurídica, princípios constitucionais e
sistemática de financiamento; analisar e discorrer sobre o Regime Geral de Previdência Social
no Brasil, seu intróito, discorrer sobre os beneficiários do RGPS, demonstrar cada benefício
de renda mensal; e, analisar e discorrer sobre as principais hipóteses de revisão e
reajustamento de benefícios previdenciários no Regime Geral de Previdência Social após o
advento da Constituição Federal de 1988.

Para o desenvolvimento da presente pesquisa foram formulados os seguintes


questionamentos:

Primeiro problema: Conforme a Constituição Federal de 1988, quais são os direitos


sociais assegurados pela Seguridade Social no Brasil? Hipótese: A seguridade social, prevista
no artigo 194 da Constituição Federal de 1988, assegura os direitos relativos à saúde, à
previdência e à assistência social.

Segundo Problema: Quais são os benefícios concedidos no Regime Geral da


Previdência Social? Hipótese: os benefícios concedidos no RGPS são: aposentadoria por
invalidez, aposentadoria por idade, aposentadoria por tempo de contribuição, aposentadoria
especial, auxÍlio-doença, salário-família, salário-maternidade, pensão por morte, auxÍlio-
reclusão e auxilio acidente.

Terceiro problema: No sistema vigente, as ações de revisão de benefícios


previdenciários têm como destinatários somente os segurados do Regime Geral de
Previdência Social, ou também seus dependentes? Hipótese: no sistema vigente, as ações de
revisão de benefícios previdenciários possuem como destinatários tanto os segurados como os
dependentes do segurado do Regime Geral de Previdência Social.

O relatório final da pesquisa foi estruturado em três capítulos, podendo-se, inclusive,


delineá-los como três molduras distintas, mas conexas: a primeira, atinente a Seguridade
Social; a segunda, pretende discorrer acerca da Previdência Social no Brasil; e, por derradeiro,
as principais hipóteses de revisão e reajustamento de benefícios previdenciários no Regime
Geral de Previdência Social após o advento da Constituição Federal de 1988.

Quanto à metodologia empregada, registra-se que, na fase de investigação foi utilizado


o método dedutivo, e, o relatório dos resultados expresso na presente monografia é composto
19

na base lógica dedutiva10, já que se parte de uma formulação geral do problema, buscando-se
posições científicas que os sustentem ou neguem, para que, ao final, seja apontada a
prevalência, ou não, das hipóteses elencadas.

Nas diversas fases da pesquisa, foram acionadas as técnicas do referente, da categoria,


do conceito operacional e da pesquisa bibliográfica11.

Os acordos semânticos que procuram resguardar a linha lógica do relatório da pesquisa


e respectivas categorias, por opção metodológica, estão apresentados na Lista de Categorias e
seus Conceitos Operacionais, conforme sugestão apresentada por Cesar Luiz Pasold, muito
embora algumas delas tenham seus conceitos mais aprofundados no corpo da pesquisa.

Ressalte-se que a estrutura metodológica e as técnicas aplicadas neste relatório estão


em conformidade com as propostas apresentadas no Caderno de Ensino: formação
continuada. Ano 2, número 4, assim como nas obras de Cezar Luiz Pasold, Prática da
pesquisa jurídica: idéias e ferramentas úteis ao pesquisador do Direito e Valdir Francisco
Colzani, Guia para redação do trabalho científico.

O presente Relatório de Pesquisa se encerra com as Considerações Finais, nas quais


são apresentados pontos conclusivos destacados, seguidos da estimulação à continuidade dos
estudos e das reflexões sobre as principais ações de revisão de benefício previdenciário no
Regime Geral de Previdência Social.

Com este itinerário, espera-se alcançar o intuito que ensejou a preferência por este
estudo: aspectos destacados sobre as principais ações de revisão de benefício previdenciário
no RPGS.

10
Sobre os “Métodos” e “Técnicas” nas diversas fases da pesquisa científica, vide PASOLD, Cesar Luiz.
Prática da Pesquisa Jurídica: idéias e ferramentas úteis para o pesquisador do Direito, p. 99-125.
11
Quanto às “Técnicas” mencionadas, vide PASOLD, Cesar Luiz. Prática da Pesquisa Jurídica: idéias e
ferramentas úteis para o pesquisador do Direito, p. 61-71, 31- 41, 45- 58, e 99-125, nesta ordem.
2 DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DA SEGURIDADE SOCIAL

No presente trabalho, primeiramente será analisado os antecedentes históricos da


Seguridade Social, na qual essa proteção social decorre de uma política sistemática à
Previdência Social, à assistência social e à saúde, em que é necessário melhor entendimento
para maior compreensão do presente tema de monografia.

2.1 HISTÓRICO NO DIREITO ESTRANGEIRO

Nesse primeiro item será abordado sobre o desenvolvimento histórico da Seguridade


Social no direito estrangeiro.

SANTOS12 dispõe em sua obra, que desde tempos remotos, surgiu movimentos que
inicia o direito da seguridade social. Na Antiguidade, as primeiras notícias da proteção foram
baseadas no “[...] socorro mútuo de pessoas que se associavam para a formação de um fundo
comum para atender a eventuais contingências que o futuro poderia lhes reservar”13

Conforme OLIVEIRA14, em sua obra, afirma que a primeira data que se tem a
preocupação do homem com relação ao infortúnio é de 1344, é nesse ano que o “[...] primeiro
contato de seguro marítimo, surgindo mais tarde a cobertura contra os riscos de um
incêndio”15.

Em 1601, a Inglaterra, estabeleceu uma contribuição obrigatória, “[...] representada


pelo denominado imposto de caridade, que era exigida pelos juízes, para que o produto de sua
arrecadação fosse destinado aos mais necessitados”16, na qual foi chamada de Lei de Amparo

12
SANTOS, Leandro Luís Camargo dos. Curso de direito da seguridade social. 1. ed. São Paulo: LTr, 2004, p.
31.
13
MIRANDA, Jadiel Galvão Miranda. Direito da seguridade social: direito previdenciário, infortunística,
assistência social e saúde. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007, p. 4.
14
OLIVEIRA, Aristeu de. Seguridade e previdência social: benefícios, instrução normativa n. 78. São Paulo:
Atlas, 2003, p. 17.
15
OLIVEIRA, Aristeu de. Seguridade e previdência social: benefícios, instrução normativa, p.17.
16
GIUSTI, Miriam Petri Lima de Jesus. Direito da seguridade social. São Paulo: Pillares, 2008, p. 16.
21

aos Pobres (Poor Relief Act17) com caráter mais paliativo, para os desempregados doentes e
com idade avançada, surgindo, neste caso, a assistência pública ou social.

A Lei de Amparo aos Pobres, foi editada na Inglaterra pela Rainha Elizabeth, em 19
de dezembro de 1601.

O referido ordenamento, ao instituir assistência paróquia aos pobres, para o


seu custeio, contribuições compulsórias, denominadas poor tax, que vigiram
por, aproximadamente, um século e meio. Já em 1834, encontra-se notícia
do Poor Law Act of 183418.

Deve salientar que, como instituição trouxe elementos ao desenvolvimento histórico


“[...] mais especificadamente da Previdência Social a Caixa Econômica, que substituiu os “pé-
de-meia” de pequenas economias em depósitos individuais, com a permissão de retiradas
mensais”19.

Na Revolução Industrial, iniciada no século XVIII, foi um fator importante que


colaborou para a evolução da proteção social. Resultou grande migração de pessoas do campo
para a cidade, com o aumento da pobreza “[...] nos centros urbanos e a sujeição do indivíduo a
maiores riscos no trabalho, o que gerou acentuada pressão dos trabalhadores pela adoção de
medidas que pudessem ampará-los nas situações de enfermidade, acidentes e desemprego”20.

Em 1789, com a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, a representação da


política da Revolução Francesa, preceituou sobre o “[...] dever do Estado socorrer aqueles que
não têm meios de subsistência”21, oferecendo-lhes condições de sustento ou trabalho para os
que não tinham a possibilidade de exercer alguma atividade laborativa

17
MARTINS, Sergio Pinto. Direito da seguridade social. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2007, p. 3.
18
CORREIA, Marcus Orione Gonçalves; CORREIA, Érica Paula Barcha. Curso de direito da seguridade
social. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2002, p.3.
19
CORREIA, Marcus Orione Gonçalves; CORREIA, Érica Paula Barcha. Curso de direito da seguridade
social. p.3.
20
MIRANDA, Jadiel Galvão Miranda. Direito da seguridade social: direito previdenciário, infortunística,
assistência social e saúde, p. 4.
21
MIRANDA, Jadiel Galvão Miranda. Direito da seguridade social: direito previdenciário, infortunística,
assistência social e saúde, 2003, p. 4.
22

De acordo com CORREIA e CORREIA22, a Lei Lê Chapelier extinguiu as


corporações e associações de classe ou profissionais de toda a espécie, demonstrando ao que
compete à nação proporcionando trabalho aos que necessitam e ajuda aos doentes.

Diante do liberalismo, decorrente a Revolução Francesa, CORREIA e CORREIA23


concluem que a atividade do Estado somente aprovaria por meio caráter unilateral de
assistência, de forma que a não alcançar a liberdade de cada cidadão, o que, também, tornou
impossível a implantação do seguro social obrigatório.

A Revolução Francesa, sendo o ícone do liberalismo, CORREIA e CORREIA,


afirmam que “[...] ao buscar o afastamento do Estado e a afirmação da liberdade individual,
certamente não tinha dentre os seus objetivos a futura instauração de um sistema de
seguridade social”24.

O Estado liberal, não achou nenhum modo para concretizar práticas anteriores, na qual
substituiu as obras de previdência e assistência colocadas em exercício pelas extintas
corporações de ofício e grêmios, e organizada pelo Cristianismo por vários séculos.

Entretanto, o capitalismo passou a ser um sistema, instituindo um verdadeiro mercado


de trabalho humano, estabelecendo condições de vida precária tanto para os operários quanto
as suas famílias.

O Estado Moderno “[...] trouxe a mudança para a fase atual, o intervencionismo


estatal, o que aconteceu após a Revolução Francesa”25. Desta feita, iniciou o sofrimento da
classe trabalhadora, destituído de qualquer auxílio e sem o poder de se associar, tornou-se
alvo para a ambição dos capitalistas.

Em 1869, Chanceler Bismarck fora convidado pelo Parlamento da Confederação


26
Norte , para instituir uma série de seguros sociais. Principiou com o seguro doença, “[...]

22
CORREIA, Marcus Orione Gonçalves; CORREIA, Érica Paula Barcha. Curso de direito da seguridade
social. p. 4.
23
CORREIA, Marcus Orione Gonçalves; CORREIA, Érica Paula Barcha. Curso de direito da seguridade
social. p. 4.
24
CORREIA, Marcus Orione Gonçalves; CORREIA, Érica Paula Barcha. Curso de direito da seguridade
social. p. 4.
25
TSUTIYA, Augusto Massayuki. Curso de direito da seguridade social. 1 ed. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 4.
26
CORREIA, Marcus Orione Gonçalves; CORREIA, Érica Paula Barcha. Curso de direito da seguridade
social. p. 5.
23

destinado aos operários da indústria e do comércio, criando um sistema novo, que mais tarde
seria adotado por outros países”27.

Segundo MIRANDA28 entende que, em 1884, foi instituído o seguro de acidentes do


trabalho, e em 1889, foi criado o seguro invalidez e velhice. Conforme MARTINS29, “era
obrigatória a filiação às sociedades seguradoras ou entidades de socorros mútuos por parte de
todos os trabalhadores que recebessem até 2000 marcos atuais”.

Os empregados tinham direito à proteção social, mas desde que contribuíssem para
tanto. Referia-se de seguro, sem a contribuição, não direito a benefícios.

No ano de 1911 foi estabelecido o seguro social para os empregados e, também, toda
legislação de Previdência Social foi instituído no Regulamento de Seguro do Reich30.

Com o término das corporações e auxílio aos trabalhadores mais humildes, estes
sofreram as conseqüências do liberalismo, pelos seus patrões cruéis e ambiciosos.

Diante dessa desordem social, a Igreja pensou numa forma para melhorar as condições
dos trabalhadores, na qual MARTINS, em sua obra aduz que:

[...] a Igreja preconizava a instituição de um sistema apto a formar um


pecúlio para o trabalhador, com a parte economizada do salário, visando a
contingências futuras. É o que se verificou nas Encíclicas: Rerum Novarum,
de Leão XIII (de 1891); Quadragésimo Ano, de Pio XI (de 1931)31.

Desse modo, foi estabelecido o chamado seguro social voluntário, subsidiando por
fundos especiais do Estado. Essas subvenções eram destinadas às entidades particulares da
Previdência Social, “[...] entre elas as Caixas dos Sindicatos, proporcionando-lhes o aumento
do valor dos benefícios, a inclusão de novos riscos no plano de benefícios, principalmente a
doença”32. Entretanto, essa política não atingiu o sucesso como esperado, pois os mais “[...]

27
TSUTIYA, Augusto Massayuki. Curso de direito da seguridade social, p. 5.
28
MIRANDA, Jadiel Galvão Miranda. Direito da seguridade social: direito previdenciário, infortunística,
assistência social e saúde, p. 4.
29
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social. p. 3.
30
CORREIA, Marcus Orione Gonçalves; CORREIA, Érica Paula Barcha. Curso de direito da seguridade
social. p. 5.
31
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social. p. 3.
32
CORREIA, Marcus Orione Gonçalves; CORREIA, Érica Paula Barcha. Curso de direito da seguridade
social. p. 5.
24

necessitados não dispunham de recursos suficientes a custear o seguro social facultativo, ou a


ele renunciavam em situação de dificuldade financeira”33.

Embora houvesse todos os resultados do seguro social, e que estavam empenhados


para o aperfeiçoamento de seus esforços, não foi elaborada uma fórmula que resolvesse as
sérias dificuldades advindas pela doença e miséria, excluídas do campo de atuação do seguro
social.

Em 1917, “[...] a primeira Constituição que incluiu o seguro social no seu texto foi a
do México”34. E na Constituição de Weimar, no ano de 1919, “[...] também inseriu em seu
bojo disposições previdenciárias”35.

E, também, em 1919, foi criada a Organização Internacional do Trabalho (OIT).


Algumas convenções referiram “[...] sobre matéria previdenciária, como a de n. 12, sobre
acidentes no trabalho na agricultura, de 1921; a Convenção n. 17 (1927), sobre “indenização
por acidente do trabalho”36 e outras.

Em 1941, foi instituído o “Plano Beveridge que veio propor um programa de


prosperidade política e social, garantindo ingressos suficientes para que o indivíduo ficasse
acobertado por certas contingências sociais, como a indigência, ou quando, por qualquer
motivo, não pudesse trabalhar”37, no entanto o Plano foi publicado em 1942 no deserto ao
norte da África.

Assim, tem-se como analisada alguns aspectos históricos da seguridade social no


direito estrangeiro.

33
CORREIA, Marcus Orione Gonçalves; CORREIA, Érica Paula Barcha. Curso de direito da seguridade
social. p. 7.
34
MIRANDA, Jadiel Galvão Miranda. Direito da seguridade social: direito previdenciário, infortunística,
assistência social e saúde, p. 5.
35
SANTOS, Leandro Luís Camargo dos. Curso de direito da seguridade social. 1. ed. São Paulo: LTr, 2004, p.
32.
36
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social, p. 4.
37
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social: custeio da seguridade social, benefícios – acidente do
trabalho – assistência social – saúde. 22. ed. São Paulo: Atlas, 2005, p. 31.
25

2.2 ANTECEDENTES HISTÓRICOS NO BRASIL

Relatados os aspectos históricos da seguridade social no direito estrangeiro, pode-se


destacar em nosso ordenamento jurídico.

Na primeira Carta Magna, a Constituição de 1824, estabeleceu a “instituição de


socorros públicos para quem deles necessitasse”38, e sob a sua proteção, “foram editados
alguns decretos criando alguns fundos de proteção de determinadas classes trabalhistas”39.

Na Constituição de 1891, conforme MARTINS40, foi a primeira a incluir a expressão


aposentadoria, que foi instituída no seu art. 75, que declarou que “à aposentadoria concedida,
sem qualquer contribuição correspondente, aos funcionários públicos em caso de invalidez no
serviço da Nação”41.

O Decreto Legislativo n. 3.724/1919, foi o primeiro diploma legal que instituiu o


pagamento obrigatório pelos empregadores à indenização resultante dos acidentes de trabalho
pelos empregados, na qual “[...] adotou a teoria do risco profissional como fundamento da
responsabilidade do empregador, atribuindo-lhe a obrigação de arcar com o seguro para fins
de assistência médica e indenização”42.

Considera-se o marco inicial da Previdência Social com a Lei n. 4.682, de 24 de


janeiro de 1923, Lei Eloy Chaves43, e que pode ser considerado como o primeiro diploma
legal a dispor sobre a Previdência Social no Brasil, determinado a elaboração das primeiras
caixas de aposentadoria, limitada à proteção de algumas categorias profissionais, como de
início, os ferroviários.

38
TSUTIYA, Augusto Massayuki. Curso de direito da seguridade social, p. 8.
39
FERREIA, Lauro Cesat Mazetto. Seguridade social e direitos humanos. 1. ed. São Paulo: LTr, 2007, p. 124.
40
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social, p. 4.
41
CORREIA, Marcus Orione Gonçalves; CORREIA, Érica Paula Barcha. Curso de direito da seguridade
social. p. 11.
42
MIRANDA, Jadiel Galvão Miranda. Direito da seguridade social: direito previdenciário, infortunística,
assistência social e saúde, p. 6.
43
FERREIRA, Lauro César Mazetto. Seguridade social e direitos humanos, p.124.
26

No artigo 9º da Lei Eloy Chaves era fornecido aposentadoria, pensão, medicamentos


com preço especial e socorros médicos. Em 1923, “[...] havia 24 caixas de aposentadorias e
pensões, que cobriam 22.991 segurados. Tinham natureza privada”44.

Conforme ressalta FERREIRA, em 1925, a Lei Eloy Chaves “[...] foi reformada e
ampliada pelo Decreto Legislativo n. 5.109, de 20.12.1925, que estendeu seu regime para os
portuários e marítimos”45.

E, ainda, nessa fase, pode-se destacar a Lei n. 5.485, de 30.6.1928 e o Decreto n.


19.497, de 17.12.1930, que ampliaram a Lei Eloy Chaves, especificamente, aos empregados
dos serviços de força, luz e bonde e para os empregados dos serviços de telégrafos e
radiotelegráficos.

A partir de 1930, foram instituídas outras caixas de aposentadorias e pensões, “[...]


substituído pelos dos institutos de aposentadorias e pensões, que tinha a vantagem de
congregar maior parcela de indivíduos, porquanto abrangia categorias profissionais, não se
limitando a atender isoladamente trabalhadores de uma empresa”46.

Do mesmo modo, no ano de 1930, com a criação do Ministério do Trabalho, Indústria


e Comércio, “[...] a Previdência se consolidaria no País com a constituição de numerosos
institutos – IAPC, IAPB, IAPI, IAPM e IAPETEC -, estendendo sua proteção aos
comerciários, bancários, industriários, marítimos e trabalhadores em transportes e cargas”47,
essa proteção era custeada pela contribuição do segurado, do empregador e da União.

Em 1934, foram trazidas inovações ao setor previdenciário, representada pela criação


da “[...] forma tríplice de custeio da previdência, na qual passaram a ser considerados como
contribuintes a empresa, os empregados e também o governo”48. No ato adicional, da referida
Carta Magna, previa em seu art. 10 que “[...] delegava competência às Assembléias

44
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social: custeio da seguridade social, benefícios – acidente do
trabalho – assistência social – saúde, p. 33.
45
FERREIRA, Lauro César Mazetto. Seguridade social e direitos humanos, p.125.
46
MIRANDA, Jadiel Galvão Miranda. Direito da seguridade social: direito previdenciário, infortunística,
assistência social e saúde, p. 7.
47
OLIVEIRA, Aristeu de. Seguridade e previdência social: benefícios, instrução normativa n. 78, p. 17.
48
GIUSTI, Miriam Petri Lima de Jesus. Direito da seguridade social. São Paulo: Pillares, 2008, p. 17.
27

Legislativas para legislar sobre as casas de socorros públicos. A referida matéria foi regulada
pela Lei n. 16, de 12/08/1834”49.

Na Constituição de 1934, instituiu a competência da União, fixando regras de


assistência social, “[...] ficando a cargo dos Estados-Membros o cuidado com a saúde e as
assistências públicas, além da fiscalização das leis sociais”50.

A Lei Fundamental de 1934, em seu art. 170, §3º, instituiu a aposentadoria para os
funcionários públicos que completassem 68 anos de idade. No mesmo diploma legal,
assegurava:

[...] aposentadoria por invalidez, com salário integral, ao funcionário


público que tivesse no mínimo 30 anos de trabalho (art. 170, §4º). O
funcionário público acidentado tinha direito a benefícios integrais (art. 170,
§6º). No §7º, do art. 170 previa o princípio de que os proventos da
aposentadoria ou jubilação não poderão exceder os vencimentos da
atividade51.

Segundo TSUTIYA afirma, que a Constituição de 1934 foi “a primeira a se referir a


“previdência”, embora sem o acompanhamento da palavra “social”52.

A Constituição de 1937, poucas inovações foram trazidas sobre o tema, instituiu o


seguro de velhice, invalidez e em casos de acidentes do trabalho (art. 137, m), e, também foi
estabelecido o dever das associações de trabalhadores de prestar aos associados “auxílio ou
assistência, no referente às práticas administrativas ou judiciais relativas aos seguros de
acidentes do trabalho e aos seguros sociais (art. 137, n)53.

Na Lei Fundamental de 1937, foi utilizada a expressão “seguro social”, abandonando-


se a nomenclatura “previdência”.

49
ARAÚJO, Francisco Carlos da Silva. Seguridade social. Jus Navigandi, Teresina, ano 11, n. 1272, 25 dez.
2006. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=9311>. Acesso em: 22 maio de 2008.
50
CORREIA, Marcus Orione Gonçalves; CORREIA, Érica Paula Barcha. Curso de direito da seguridade
social. p. 11.
51
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social: custeio da seguridade social, benefícios – acidente do
trabalho – assistência social – saúde, p. 35.
52
TSUTIYA, Augusto Massayuki. Curso de direito da seguridade social, p. 9.
53
CORREIA, Marcus Orione Gonçalves; CORREIA, Érica Paula Barcha. Curso de direito da seguridade
social. p. 12.
28

Em 1945, o Decreto-lei n. 7.526, estipulou a elaboração de um só tipo de instituição de


previdência social, “o Instituto de Serviços Sociais do Brasil (ISSB), O sistema cobriria todos
os empregados ativos a partir de 14 anos, tendo um único plano de contribuições e benefícios.
O ISSB na prática não foi implementado, pois o governo Dutra não lhe cedeu os créditos
necessários”54.

Na Constituição de 1946, GIUSTI aponta em sua obra, que “[...] iniciou-se a


sistematização constitucional da matéria em questão, ainda que de forma tímida e pouco
inovadora”55.

A expressão “seguro social” foi abolida pela Constituição de 1946, destacando pela
primeira à expressão “previdência social”, na qual foi disposto no seu art. 157. No inciso XVI
do referido artigo referia-se que a “previdência social custeada através da contribuição da
União, do empregador e do empregado deveria garantir a maternidade, bem como os riscos
socais, tais como: a doença, a velhice, a invalidez e a morte”56. Já no inciso XVII, mencionava
sobre o pagamento obrigatório do seguro de acidente de trabalho por conta do empregador.

No ano de 1949, foi editado o Regulamento Geral das Caixas de Aposentadoria e


Pensões pelo Poder Executivo, “[...] por meio do Decreto 26.778, de 14/06/49, padronizando
a concessão de benefícios, na medida em que cada Caixa possuía regras próprias”57, e,
regulamentar a efetivação das demais legislações em vigor sobre as CAPs.

Entretanto, com o Decreto n. 34.586, de 12/11/53, se verificou a fusão de todas as


Caixas restantes, unificando “[...] todas as 183 CAPs no Instituto dos Trabalhadores de
Ferrovias e Serviços Públicos (IAPFESP)”58. Os trabalhadores urbanos eram atendidos pelos
IAPs, e os funcionários públicos eram atendidos pelo IPASE.

54
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social: custeio da seguridade social, benefícios – acidente do
trabalho – assistência social – saúde, p. 36.
55
GIUSTI, Miriam Petri Lima de Jesus. Direito da seguridade social, p. 18.
56
ARAÚJO, Francisco Carlos da Silva. Seguridade social. Jus Navigandi, Teresina, ano 11, n. 1272, 25 dez.
2006. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=9311>. Acesso em: 22 maio de 2008.
57
GIUSTI, Miriam Petri Lima de Jesus. Direito da seguridade social, p. 18.
58
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social: custeio da seguridade social, benefícios – acidente do
trabalho – assistência social – saúde, p. 36.
29

No mesmo ano, foi instituído o Decreto n. 32.667, na qual autorizou o novo


regulamento IAPC, possibilitando a filiação dos profissionais liberais como segurados
autônomos.

No início dos anos 50, quase toda população urbana assalariada estava beneficiada por
um sistema de previdência, salvo os trabalhadores autônomos e domésticos. “A uniformização
da legislação sobre a previdência social ocorreu com o advento pelo Decreto n. 35.448, de
01/05/1954”59.

No ano de 1960, foi elaborada a Lei Orgânica da Previdência Social, LOPS – Lei n.
3.807/1960, “[...] que padronizou os critérios de concessão dos benefícios pelos diversos
institutos”60, e ampliou os benefícios surgindo novos auxílios, tais como: “auxílio-natalidade,
funeral e reclusão, e ainda estendeu a área de assistência a outras categorias profissionais”61.

Nesse norte, FERREIRA em sua obra, demonstra que:

Essa lei tinha como objetivo garantir aos beneficiários (os segurados e seus
dependentes) prestações pecuniárias ou benefícios, no caso de interrupção
do salário por motivo de idade avançada, incapacidade para o trabalho,
tempo de serviço, prisão ou morte, e prestar-lhes determinados tipos de
assistência ou serviços62.

E, ainda, com a LOPS, pode-se destacar que, aumentou o teto de salário-contribuição


de três para cinco salários.

No mesmo ano, foi elaborada a Lei n. 3.841, tratava sobre a contagem recíproca, “[...]
para efeito de aposentadoria, do tempo de serviço prestado por funcionários à União, às
autarquias e às sociedades de economia mista”63.

Em 1963, foi criado o Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (FUNRURAL64),


delimitando o Estatuto do Trabalhador Rural. Esse dispositivo não teve a aplicação prática,

59
ARAÚJO, Francisco Carlos da Silva. Seguridade social. Jus Navigandi, Teresina, ano 11, n. 1272, 25 dez.
2006. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=9311>. Acesso em: 22 maio de 2008.
60
MIRANDA, Jadiel Galvão Miranda. Direito da seguridade social: direito previdenciário, infortunística,
assistência social e saúde, p. 7.
61
OLIVEIRA, Aristeu de. Seguridade e previdência social: benefícios, instrução normativa n. 78, p. 17.
62
FERREIRA, Lauro César Mazetto. Seguridade social e direitos humanos, p.126.
63
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social: custeio da seguridade social, benefícios – acidente do
trabalho – assistência social – saúde, p. 37.
30

foram implantados alguns serviços de assistência, que diferenciavam dos previstos para o
trabalhador urbano.

O Decreto-lei n. 72, de 21/11/66, unificou “[...] os institutos de aposentadorias e


pensões, e suas atribuições de previdência social passaram a ser exercidas pelo Instituto
Nacional de Previdência Social (INPS)”65, que foi implantado em 02/01/6766.

A sexta Constituição, de 1967, inovou sobre a procedência do custeio com a referência


da elaboração de novos benefícios. Conforme TSUTIYA, “[...] toda vez que o legislador
introduzir novo benefício, obrigatoriamente deverá indicar a fonte de custeio”67.

Com a Carta de 1967, também inseriu o seguro-desemprego, e “[...] assegurou à


mulher aposentadoria aos 30 anos de trabalho, com salário integral”68.

Em 1967, foi instituído o seguro de acidente do trabalho (SAT) à Previdência Social,


com a Lei n.5.316/67, não sendo realizado por meio de instituições privadas.

Na Emenda n. 1, de 1969, CORREIA e CORREIA afirmam que, “apenas teria


disposto de forma minuciosa a respeito de vários benefícios previdenciários”69, integrando
nos incisos do art. 165.

A Lei Complementar n. 11, de 25/05/71, “instituiu o Programa de Assistência ao


Trabalhador Rural (Pro - Rural), substituindo o Plano Básico de Previdência Social Rural”70.
A partir desse dispositivo, os trabalhadores rurais passaram a ser segurados da previdência

64
ARAÚJO, Francisco Carlos da Silva. Seguridade social. Jus Navigandi, Teresina, ano 11, n. 1272, 25 dez.
2006. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=9311>. Acesso em: 22 maio de 2008.
65
MIRANDA, Jadiel Galvão Miranda. Direito da seguridade social: direito previdenciário, infortunística,
assistência social e saúde, p. 7.
66
OLIVEIRA, Aristeu de. Seguridade e previdência social: benefícios, instrução normativa n. 78, p. 17.
67
TSUTIYA, Augusto Massayuki. Curso de direito da seguridade social, p. 9.
68
MIRANDA, Jadiel Galvão Miranda. Direito da seguridade social: direito previdenciário, infortunística,
assistência social e saúde, p. 7.
69
CORREIA, Marcus Orione Gonçalves; CORREIA, Érica Paula Barcha. Curso de direito da seguridade
social, p. 12.
70
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social: custeio da seguridade social, benefícios – acidente do
trabalho – assistência social – saúde, p. 39.
31

social. “Não havia contribuição por parte do trabalhador, este tinha direito à aposentadoria por
velhice, invalidez, pensão e auxílio-funeral”71.

De acordo com MARTINS72, em sua obra, constata com a instituição do Sinpas


(Sistema Nacional de Previdência Social), conforme a Lei n. 6.439, de 01/07/77, na qual era
integrado “[...] as atividades de Previdência Social, Assistência Médica, Assistência Social e
de gestão Administrativa, Financeira e Patrimonial, executadas em cada uma das entidades
vinculadas ao Ministério da Previdência e Assistência Social”73.

MARTINS, em sua obra, estabelece a divisão do SINPAS:

[...] (a) o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), que pagava e


concedia os benefícios; (b) o Instituto Nacional de Assistência Médica da
Previdência Social (Inamps), que prestava assistência médica; (c) a
Fundação Legião Brasileira de Assistência (LBA), que tinha a incumbência
de prestar assistência social à população carente; (d) a Fundação Nacional
do Bem-Estar do Menor (Funabem), que promovia a execução política do
bem-estar do menor; (e) a Empresa de Processamento de Dados da
Previdência Social (Data-prev), que cuida do processamento de dados da
Previdência Social; (f) o Instituto de Administração Financeira da
Previdência Social (Iapas), que promovia a arrecadação, a fiscalização e a
cobrança das contribuições e de outros recursos pertinentes à previdência e
assistência social; (g) a Central de Medicamentos (Ceme), que distribuía
medicamentos74.

Com o decreto n. 94.657, de 20/07/87, e a Portaria n. 4.370 de 02/12/88, instituíram o


Programa de Desenvolvimento de Sistemas Unificados e Descentralizados de Saúde dos
Estados (SUDS) e estipularam normas complementares para o funcionamento deste
programa75.

71
ARAÚJO, Francisco Carlos da Silva. Seguridade social. Jus Navigandi, Teresina, ano 11, n. 1272, 25 dez.
2006. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=9311>. Acesso em: 22 maio de 2008.
72
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social. p. 6.
73
OLIVEIRA, Aristeu de. Seguridade e previdência social: benefícios, instrução normativa n. 78, p. 18.
74
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social. p. 6.
75
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social: custeio da seguridade social, benefícios – acidente do
trabalho – assistência social – saúde, p. 40.
32

Na atual Constituição, houve uma reorganização completa sobre a previdência social,


saúde e assistência social, “[...] assimilando novas tendências de proteção social e no mundo,
utilizou a expressão “seguridade social” em seu texto”76.

De acordo com SANTOS, em sua obra, arremata que, a atual Carta dedicou todo um
capítulo sobre a seguridade social, em seus artigos 193 a 204, e são subdivididos em
previdência social, assistência social e saúde. “A previdência social, a assistência social e a
saúde passaram a fazer parte do gênero seguridade social”77.

Além disso, com as normas estabelecidas pela Constituição de 1988, “[...] tem como
um dos fundamentos a preservação da dignidade da pessoa humana, com o amplo
reconhecimento e proteção dos direitos fundamentais”78, incluindo a seguridade social.

A Seguridade Social tem como finalidade de proteger “[...] o homem como indivíduo,
mais precisamente como segurado do sistema, independentemente de ser trabalhador ou não,
contribuinte do custeio ou não”79.

No capítulo da Seguridade Social, na Carta atual, “[...] encontra-se desde o conceito de


seguridade social até a forma básica do custeio e dos benefícios previdenciários alcançados.
Versa-se, ainda, sobre a saúde e a assistência social”80.

Com a reestruturação que ocorreu na atual Constituição, ARAÚJO ratifica em sua


obra que:

[...] SINPAS foi extinto. A Lei 8.029, de 12/04/1990, criou o Instituto


Nacional do Seguro Social – INSS (fusão do INPS e IAPAS), vinculado ao
então Ministério da Previdência e Assistência Social, tendo sido
regulamentado pelo Decreto n. 99.350, de 27/06/90. O Decreto n. 99.060,
de 07/03/1990, vinculou o INAMPS ao Ministério da Saúde.

76
MIRANDA, Jadiel Galvão Miranda. Direito da seguridade social: direito previdenciário, infortunística,
assistência social e saúde, p. 8.
77
SANTOS, Leandro Luís Camargo dos. Curso de direito da seguridade social, p. 33.
78
FERREIRA, Lauro César Mazetto. Seguridade social e direitos humanos, p.127.
79
GIUSTI, Miriam Petri Lima de Jesus. Direito da seguridade social, p. 19.
80
CORREIA, Marcus Orione Gonçalves; CORREIA, Érica Paula Barcha. Curso de direito da seguridade
social. p. 13.
33

Posteriormente, a Lei 8.689, de 27/07/1993, extinguiu o INAMPS. Houve,


também, a extinção da LBA e FUNABEM em 1995 e da CEME em 199781 .

E, com a Emenda Constitucional n. 20, de 1998, na qual objetivou a alteração do


sistema da Previdência Social, com o planejamento de se buscar sanar o anunciado. “Uma das
grandes novidades introduzidas nessa Emenda ficou por conta da concepção da aposentadoria,
observado o tempo de contribuição e não mais apenas o tempo de serviço”82.

No artigo 58 da ADCT versa sobre os benefícios de prestação continuada, conservados


pela Previdência Social na data da promulgação da atual Constituição, e seus valores serão
revistos, com o intuito de restabelecer o poder aquisitivo, “[...] expresso em número de
salários mínimos, que tinham na data de sua concessão, obedecendo-se a esse critério de
atualização até implantação dos planos de custeio e benefícios referidos no artigo seguinte”83.
MARTINS, preleciona em sua obra, que os projetos de lei referente à organização da
seguridade social e aos planos de custeio e de benefícios serão “[...] apresentados no prazo
máximo de seis meses da promulgação da Constituição ao Congresso Nacional, que terá seis
meses para apreciá-los. Aprovados pelo Congresso Nacional, os planos serão implantados nos
18 meses seguintes”84, conforme o artigo do 5985 do ADCT.

Em 24 de julho de 1991, entraram em vigor a Lei n. 8.212 e 8.213, “[...] que


instituíram os planos de custeio e de benefícios da Previdência Social, implantando uma série
de alterações nos benefícios previstos na atual Constituição Federal”86. Ambas as leis são
regulamentadas pelo Decreto n. 3.048/9087, que refere sobre a saúde.

81
ARAÚJO, Francisco Carlos da Silva. Seguridade social. Jus Navigandi, Teresina, ano 11, n. 1272, 25 dez.
2006. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=9311>. Acesso em: 22 maio de 2008.
82
CORREIA, Marcus Orione Gonçalves; CORREIA, Érica Paula Barcha. Curso de direito da seguridade
social. p. 13.
83
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social: custeio da seguridade social, benefícios – acidente do
trabalho – assistência social – saúde, p. 41.
84
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social: custeio da seguridade social, benefícios – acidente do
trabalho – assistência social – saúde, p. 41.
85
Art. 59. Os projetos de lei relativos à organização da seguridade social e aos planos de custeio e de benefício
serão apresentados no prazo máximo de seis meses da promulgação da Constituição ao Congresso Nacional, que
terá seis meses para apreciá-los. Parágrafo único. Aprovados pelo Congresso Nacional, os planos serão
implantados progressivamente nos dezoito meses seguintes.
86
OLIVEIRA, Aristeu de. Seguridade e previdência social: benefícios, instrução normativa n. 78, p. 18.
87
SANTOS, Leandro Luís Camargo dos. Curso de direito da seguridade social, p. 34.
34

Conforme MARTINS, o Ministério da Previdência Social é dividido da seguinte


forma:

[...] (a) Conselho Nacional da Previdência Social; (b) Conselho de Recursos


da Previdência Social; (c) Conselho de Gestão da Previdência
Complementar; (d) Secretaria de Previdência Social; (e) Inspetoria-Geral da
Previdência Social; (f)Secretaria da Receita Previdenciária88

Na Emenda Constitucional n. 29, de 13/09/2000, modificou a Constituição, “[...]


assegurando os recursos mínimos para o financiamento das ações e serviços públicos de
saúde”89.

Em 31/12/2003, com a Emenda Constitucional n. 41, instituiu nova reforma


previdenciária, atingindo o setor público, com a finalidade da igualdade e integralidade para
os futuros funcionários.

Na seqüência, foi promulgada a Emenda Constitucional n. 47 de 2005, “[...]


denominada PEC Paralela que procurou reduzir os prejuízos causados aos servidores públicos
pela Emenda n. 41/2003”90.

Essa é a síntese dos principais acontecimentos históricos na formulação e


desenvolvimento das regras de proteção social no Brasil.

2.3 CONCEITO

A Constituição Federal de 1988 determina seguridade social como “[...] um conjunto


integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar
os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social”91.

De acordo com GIUSTI, a Seguridade Social engloba:

88
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social: custeio da seguridade social, benefícios – acidente do
trabalho – assistência social – saúde, p. 42.
89
ARAÚJO, Francisco Carlos da Silva. Seguridade social. Jus Navigandi, Teresina, ano 11, n. 1272, 25 dez.
2006. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=9311>. Acesso em: 22 maio de 2008.
90
ARAÚJO, Francisco Carlos da Silva. Seguridade social. Jus Navigandi, Teresina, ano 11, n. 1272, 25 dez.
2006. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=9311>. Acesso em: 22 maio de 2008.
91
Redação do artigo, 194, caput, da Constituição Federal de 1988.
35

A Previdência Social: abrange, em caráter contributivo, a cobertura de


contingências decorrentes de acidentes, doença, invalidez, velhice,
desemprego, morte, proteção à maternidade, reclusão e também a concessão
de aposentadorias; A Assistência Social: destina-se ao atendimento dos
considerados hipossuficientes, assegurando, para os fins a que se dispõe
pequenos benefícios de caráter permanente e eventual; A Saúde: tem por
objetivo o oferecimento de uma política social e econômica destinada a
reduzir riscos de doenças e outros agravos, bem como o acesso universal
igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação92

O Direito da Seguridade Social “[...] é um conjunto de princípios, de regras e de


instituições destinado a estabelecer um sistema de proteção social aos indivíduos contra
contingências que os impeçam de prover suas necessidades pessoais básicas e de suas
famílias”93, integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a
assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.

Para OLIVEIRA, Seguridade Social é “[...] um conjunto integrado de ações de


iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, que tem como objetivo assegurar o direito
relativo à saúde, à previdência e a assistência social”94. Logo, o trabalhador é assegurado
direito à saúde, à previdência e à assistência social,

Segundo CORREIA e CORREIA, “[...] o direito da seguridade social deve ser


entendido como o ramo do direto que se ocupa da análise do conjunto de normas jurídicas
concernentes à saúde, à assistência e à Previdência Social”95.

A Seguridade Social, de acordo com o conceito exposto pela atual ordem jurídica,
“[...] compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da
sociedade nas áreas da saúde, previdência e assistência social, conforme previsto no Capítulo
II do Título VII da Constituição Federal”96.

Segundo MIRANDA, a seguridade social, é estabelecido por um conjunto de “[...]


princípios e regras destinado a acudir o indivíduo diante de determinadas contingências

92
GIUSTI, Miriam Petri Lima de Jesus. Direito da seguridade social, p. 20.
93
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social. p. 8.
94
OLIVEIRA, Aristeu de. Seguridade e previdência social: benefícios, instrução normativa n. 78, p. 27.
95
CORREIA, Marcus Orione Gonçalves; CORREIA, Érica Paula Barcha. Curso de direito da seguridade
social. p. 36.
96
CASTRO, Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário. 7. ed. São Paulo:
LTr, 2006, p. 141.
36

sociais97, assegurando-lhe o mínimo indispensável a uma vida digna, mediante a concessão de


benefícios, prestações e serviços”98.

E, ainda, MARTINS, arremata em sua obra, que a Seguridade Social é constituída por
princípios próprios, “que são colocações genéricas das quais derivam as demais normas”99,
mas não é estipulada apenas por um feixe de princípios e normas, “[...] mas também de
instituições, de entidades, que criam e aplicam o referido ramo do Direito”.100

Conforme SANTOS, a seguridade social “[...] é um dos instrumentos encontrados pelo


constituinte para dar conserto aos males causados pela falta trabalho e pelas desigualdades
sociais e regionais, frutos da questão social”101.

Pode-se concluir então, que a Seguridade Social tem a finalidade de amparar os


segurados, nos casos de que não possam suprir suas necessidades básicas e de seus familiares.

2.4 NATUREZA JURÍDICA

Para delimitar a natureza jurídica da seguridade social faz necessária a análise entre
direito público e direito privado, pois conforme a inserção nessas duas categorias “[...] traz
diferenças nos próprios princípios e regras de interpretação”102.

Nos ensinamentos de CORREIA e CORREIA, em sua obra preleciona:

[...] o direito público nortearia relações em que houvesse prevalência dos


interesses do Estado, enquanto o direito privado estaria ligado a relações em

97
Contingências sociais são situações previstas na legislação que, quando verificadas, deflagram o mecanismo
de proteção descrito na norma. São consideradas contingências sociais, para fins de seguridade social, por
exemplo, invalidez, doença, desemprego, maternidade e deficiência. Conceito elaborado por MIRANDA, Jadiel
Galvão Miranda. Direito da seguridade social: direito previdenciário, infortunística, assistência social e saúde,
p. 9.
98
MIRANDA, Jadiel Galvão Miranda. Direito da seguridade social: direito previdenciário, infortunística,
assistência social e saúde, p. 9.
99
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social: custeio da seguridade social, benefícios – acidente do
trabalho – assistência social – saúde, p. 44.
100
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social: custeio da seguridade social, benefícios – acidente
do trabalho – assistência social – saúde, p. 45.
101
SANTOS, Marisa Ferreira dos Santos. O princípio da seletividade das prestações de seguridade social. 1.
ed. São Paulo: LTr, 2003, p. 163.
102
CORREIA, Marcus Orione Gonçalves; CORREIA, Érica Paula Barcha. Curso de direito da seguridade
social. p. 43.
37

que haveria prevalência dos interesses particulares. A teoria dos interesses,


que vigia no direito romano, vem sendo abandonada, pois é cada vez mais
difícil delinear onde começa o interesse do cidadão e onde inicia o do
Estado103.

Conforme RUGGIERO citado por SANTOS, “[...] público será o direito que tenha
como desiderato regular as relações do Estado com outro Estado ou as deste como seus
subordinados. Privado, por sua vez, será o direito que regule as relações entre pessoas”104,
predominando de forma imediata o interesse de forma particular.

Conforme a Constituição Federal de 1988, há competência concorrente entre a União,


os Estados-membros e o Distrito Federal para legislar sobre “[...] previdência social, proteção
e defesa da saúde”105. Os Municípios não estão incluídos nessa competência, e nem esses
entes não tem a capacidade concorrente para legislar sobre assistência social. “No âmbito da
competência concorrente, a União estabelecerá normas gerais, que suspendam a eficácia da lei
estadual sobre a seguridade social (art. 22, XXIII)”106.

A natureza desse sistema não decorre de contrato, derivando do “[...] contrato de


trabalho, mas legal, proveniente da previsão da lei, que indica o custeio e s benefícios
pertinentes ao sistema”107.

Segundo MIRANDA, em sua obra, reafirma que “[...] adere-se à doutrina tradicional
que concebe o direito social como um dos braços da ciência jurídica do direito público,
porquanto predominam em suas regras interesses públicos”108.

O direito da seguridade social é o ramo de direito público, “[...] possui, portanto,


natureza publicista. É uma relação decorrente de lei, estabelecida entre Estado, enquanto ente

103
CORREIA, Marcus Orione Gonçalves; CORREIA, Érica Paula Barcha. Curso de direito da seguridade
social. p. 43.
104
SANTOS, Leandro Luís Camargo dos. Curso de direito da seguridade social, p. 46.
105
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Obra coletiva de autoria da Editora Saraiva com
a colaboração de Antonio Luiz de Toledo Pinto, Márcia Cristina Vaz dos Santos Windt e Lívia Céspedes. 3. ed.
atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2007.
106
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social: custeio da seguridade social, benefícios – acidente
do trabalho – assistência social – saúde, p. 52.
107
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social, p. 11.
108
MIRANDA, Jadiel Galvão Miranda. Direito da seguridade social: direito previdenciário, infortunística,
assistência social e saúde, p. 10.
38

Soberano, e o particular”109. Não se trata de relação de mera coordenação, e sim de


subordinação, conforme ditames legais.

TSUTIYA dispõe em sua obra, que “[...] o Direito da Seguridade Social é ramo de
direito público, haja vista que o Estado, por intermédio de seus órgãos, encontra-se num dos
pólos da relação jurídica”110.

E, ainda, MARTINS, reafirma que, “[...] a natureza jurídica da Seguridade Social é


publicista, decorrente da lei (ex lege) e não da vontade das partes (ex voluntates)”111, portanto,
tem “[...] cunho publicístico, envolvendo o contribuinte, o beneficiário e o Estado, que
arrecada as contribuições, paga os benefícios e presta os serviços, administrando o
sistema”112.

É de singular importância, o estudo sobre a natureza jurídica da seguridade social, com


a sua exata identificação “[...] terá a aplicação e interpretação corretas das normas e princípios
que regem determinando ramo do direito”113.

2.5 PRINCÍPIOS DA SEGURIDADE SOCIAL

Para uma melhor análise dos princípios que norteiam o direito da seguridade social é
necessária a conceituação de princípio, na linguagem corrente, FERREIRA defini como “[...]
momento ou local ou trecho em que algo tem origem”114.

Faz-se, também, necessária a definição do princípio jurídico, na qual MIRANDA, em


sua obra, dispõe que “[...] são proposições gerais que informam um determinado sistema
jurídico ou ramo do direito, fixando as linhas mestras que o conformarão”115.

109
SANTOS, Leandro Luís Camargo dos. Curso de direito da seguridade social, p. 46.
110
TSUTIYA, Augusto Massayuki. Curso de direito da seguridade social, p. 13.
111
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social: custeio da seguridade social, benefícios – acidente
do trabalho – assistência social – saúde, p. 52.
112
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social: custeio da seguridade social, benefícios – acidente
do trabalho – assistência social – saúde, p. 52.
113
MIRANDA, Jadiel Galvão Miranda. Direito da seguridade social: direito previdenciário, infortunística,
assistência social e saúde, p. 10.
114
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Minidicionário da língua portuguesa, 2. ed. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 1998.
39

Conforme MARTINS, os princípios da igualdade, o direito adquirido e a legalidade


não são princípios da Seguridade Social, mas sim princípios da Teoria Geral do Direito ou até
Direito Constitucional116, que neste trabalho não será matéria de estudo.

A grande parte dos princípios da Seguridade Social estão previstos no art. 194,
parágrafo único da Constituição Federal de 1988, in verbis:

Art. 194 – A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações


de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os
direitos relativos à saúde, à previdência social e à assistência social.

Parágrafo único – Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a


seguridade social, com base nos seguintes objetivos:

I – universalidade da cobertura e do atendimento;

II – uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações


urbanas e rurais;

III – seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços;\

IV – irredutibilidade do valor dos benefícios;

V – eqüidade na forma de participação no custeio;

VI – diversidade da base de financiamento;

VII – caráter democrático e descentralizado da administração, mediante


gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores,
dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados (Alterado pela EC
20/1998)117

Cumpre analisar que os referidos incisos acima citados têm natureza jurídica de “[...]
princípios constitucionais, de caráter setorial”118.

115
MIRANDA, Jadiel Galvão Miranda. Direito da seguridade social: direito previdenciário, infortunística,
assistência social e saúde, p. 23.
116
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social. p. 14.
117
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Obra coletiva de autoria da Editora Saraiva com
a colaboração de Antonio Luiz de Toledo Pinto, Márcia Cristina Vaz dos Santos Windt e Lívia Céspedes. 3. ed.
atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2007.
118
SANTOS, Marisa Ferreira dos. O princípio da seletividade das prestações de seguridade social. p. 174.
40

Segundo SANTOS, em sua obra, explica que são princípios “[...] porque caracterizam
pela generalidade de suas disposições, e também porque seu conteúdo se refere a valores que
o sistema jurídico deve preservar e são setoriais, porque são aplicáveis apenas à Seguridade
Social”119.

Diante de tanta importância dos referidos princípios, passa-se a seguir a análise de


cada um.

2.5.1 Princípio da Solidariedade

Solidariedade, solidarismo ou mutualismo é o princípio de maior importância na


seguridade social, originado da própria natureza do direito social, “[...] cujo conceito se
encontra vazado na cooperação de toda a sociedade na promoção e financiamento das ações
que visem cobrir necessidades sociais (arts. 194, caput, e 195 da CF)”120.

O artigo 3º da CRFB/88, ao especificar as finalidades da República Federativa do


Brasil, “[...] determina, em seu inciso I, a construção de uma sociedade livre justa e
solidária”121.

Conforme o referido artigo acima citado, “[...] a construção de uma sociedade solidária
é objetivo fundamental do Estado brasileiro, regra que também informa o princípio da
solidariedade na seguridade social”122.

O princípio da solidariedade é fundamental para Seguridade Social, “[...] pois os ativos


devem contribuir para sustentar os inativos. Quando uma pessoa é atingida pela contingência,
todas as outras continuam contribuindo para a cobertura do benefício do necessitado”123.

Na solidariedade reside a fonte da justiça social, visto que instituída na


responsabilidade coletiva e recíproca, “[...] vincula os membros da sociedade entre si, entre as

119
SANTOS, Marisa Ferreira dos. O princípio da seletividade das prestações de seguridade social. p. 174.
120
MIRANDA, Jadiel Galvão Miranda. Direito da seguridade social: direito previdenciário, infortunística,
assistência social e saúde, p. 27.
121
GIUSTI, Miriam Petri Lima de Jesus. Direito da seguridade social, p. 29-30.
122
MIRANDA, Jadiel Galvão Miranda. Direito da seguridade social: direito previdenciário, infortunística,
assistência social e saúde, p. 28.
123
MARTINS, Sergio Pinto. Direito da seguridade social, p. 14.
41

gerações de trabalhadores, setores econômicos e regiões, tendo por fim a realização de justiça
social, bem-estar e redução de desigualdades sociais”124.

Segundo SANTOS, em sua obra, leciona sobre a necessidade do princípio da


solidariedade:

Todos os homens são dependentes entre si. Esta dependência gera


obrigações àqueles que gozam de vantagens sobre os demais. Uma
compensação aos menos favorecidos, Aqueles que têm êxito são os que
sabem aproveitar-se dos frutos das relações com os outros, sendo, portanto,
seus devedores. Daí a importância e necessidade do princípio da
solidariedade estar presente nas leis que regem ou venham a reger a
seguridade social, bem como nas interpretações dessas normas125.

No artigo 40, da Lei das Leis, dispõe que o regime de previdência do servidor público
é contributivo e solidário. “Em nenhum outro dispositivo constitucional há menção expressa
ao fato de que existe solidariedade no Regime Geral de Previdência Social”126.

Cumpre ressaltar, o que já foi dito anteriormente, que a solidariedade atribui uma
posição importante para seguridade social, visto que a solidariedade é o princípio cardeal, do
direito da seguridade, e de tal relevância, sem a presença do mesmo não há que se falar em
seguridade social.

2.5.2 Princípio da Universalidade

O primeiro dos princípios que está instituído pela Carta Magna de 1988, está expresso
no inciso I, do parágrafo único do artigo 194, como a: universalidade da cobertura e do
atendimento.

Conforme BALERA, o princípio da universalidade “[...] dá começo lógico à


enumeração das diretrizes constitucionais em matéria previdenciária”127.

124
MIRANDA, Jadiel Galvão Miranda. Direito da seguridade social: direito previdenciário, infortunística,
assistência social e saúde, p. 28.
125
SANTOS, Leandro Luís Camargo dos. Curso de direito da seguridade social, p. 71.
126
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social: custeio da seguridade social, benefícios – acidente do
trabalho – assistência social – saúde, p. 77.
127
BALERA, Wagner. Noções preliminares de direito previdenciário. São Paulo: Quartier Latin, 2004, p. 82.
42

No sistema brasileiro, “[...] a Seguridade Social tem como postulado básico a


universalidade, ou seja: todos os residentes no país farão jus a seus benefícios, não devendo
existir distinções, principalmente entre segurados urbanos e rurais”128.

No entanto, na prática, só terão direito aos benefícios e às prestações da seguridade


social conforme disposição da lei. “Só tem direito aos benefícios da previdência social (art.
201), a pessoa que contribui. Já as prestações nas áreas de saúde e da assistência social (arts.
196 e 203) são destinadas ao cidadão, independentemente de sua contribuição”129

Conforme CORREIA e CORREIA, o referido princípio divide-se em princípio da


universalidade subjetiva e princípio objetiva, senão confira-se:

[...] a) Universalidade subjetiva – Enquanto na Previdência Social a


proteção dava-se apenas aos trabalhadores assalariados, a seguridade social
entende-se a todos os cidadãos de dado território, tenham ou não eles
vínculo empregatício; b) Universalidade objetiva – Na Previdência Social a
cobertura era apenas para os riscos predeterminados, havendo necessidade
de concreção individual destes e de possível avaliação econômica. Já que a
seguridade social protege-se tanto a necessidade anteriormente prevista e
assegurada como também a necessidade ocorrida sem previsão e, ainda,
necessidades coletivas130.

Entretanto, BALERA explica que o princípio em questão possui dupla significação.


“De um lado, ela se refere ao elenco de prestações que serão fornecidas pelo sistema de
seguridade. De outro, aos sujeitos protegidos”131.

No mesmo norte TSUTIYA, conceitua sobre a universalidade de cobertura e a


universalidade do atendimento, senão confira-se:

A universalidade de cobertura refere-se aos sujeitos protegidos. Os


atingidos por contingências sociais que retirem ou diminuam a capacidade
de trabalho, de ganho, devem ser protegidos. Já a universalidade do
atendimento refere-se ao objeto, vale dizer, às contingências a serem
cobertas, isto é, aos acontecimentos que trazem como conseqüência o estado
de necessidade social, que requer proteção por meio de renda substitutiva

128
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social: custeio da seguridade social, benefícios – acidente do
trabalho – assistência social – saúde, p. 78.
129
ARAÚJO, Francisco Carlos da Silva. Seguridade social. Jus Navigandi, Teresina, ano 11, n. 1272, 25 dez.
2006. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=9311>. Acesso em: 22 maio de 2008.
130
CORREIA, Marcus Orione Gonçalves; CORREIA, Érica Paula Barcha. Curso de direito da seguridade
social, p. 60.
131
BALERA, Wagner. Noções preliminares de direito previdenciário, p. 83.
43

ou complementar da remuneração e de atos e bens que recuperem a


saúde132.

Deste modo, o princípio da universalidade, na seguridade social, acolhe todas as


pessoas que dela necessitam ou que possam vir a precisar nos casos de situações socialmente
danosas, ou seja, “[...] eventualidades que afetem a integridade física ou mental dos
indivíduos, bem como aqueles que atinjam a capacidade de satisfação de suas necessidades
individuais e de sua família pelo trabalho”133.

2.5.3 Princípio da uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações


urbanas e rurais

Conforme o princípio da igualdade, disposto no artigo 5º, I, da CRFB/88, “[...] o


constituinte positivou o princípio da uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às
populações rurais e urbanas”134. A partir desse dispositivo, referente à Seguridade Social,
todos os cidadãos devem ter o mesmo tratamento.

Segundo GIUSTI, o princípio em questão, divide-se em dois, quais sejam, a


uniformidade e a equivalência, senão confira-se:

A uniformidade diz respeito às contingências que serão cobertas pelo


sistema da Seguridade Social e que serão disponibilizadas às populações
urbanas e rurais. A uniformidade estabelecida pela Constituição Federal, em
termos de Seguridade Social, contudo, verifica-se tão-somente para o
Regime Geral, não se aplicando a todas as pessoas, na medida em que estão
engajados em regimes próprios. Com efeito, veda o princípio da
uniformidade que existam distinções entre as populações urbanas e rurais,
em relação às contingências que o sistema irá cobrir, no que respeita ao
Regime Geral da Previdência Social. A equivalência, a se turno, considera
determinados parâmetros para fins de concessão das prestações às
populações urbanas e rurais, a exemplo do sexo, da idade, do tempo de
contribuição etc135.

132
TSUTIYA, Augusto Massayuki. Curso de direito da seguridade social, p. 37.
133
CORREIA, Marcus Orione Gonçalves; CORREIA, Érica Paula Barcha. Curso de direito da seguridade
social, p. 61.
134
TSUTIYA, Augusto Massayuki. Curso de direito da seguridade social, p. 37-38.
135
GIUSTI, Miriam Petri Lima de Jesus. Direito da seguridade social, p. 31.
44

O princípio da uniformidade, não terá “[...] idêntico valor para os benefícios, já que a
equivalência não significa igualdade”136.

De acordo com MARTINS, as prestações são divididas em benefícios e serviços.


“Benefícios são prestações em dinheiro. Serviços são bens imateriais colocados à disposição
das pessoas, como habilitação e reabilitação profissional, serviço social etc”137.

A legislação previdenciária estabeleceu benefícios aos trabalhadores rurais e urbanos


inscritos no Regime Geral da Previdência Social sem qualquer distinção.

Pode-se perceber a preocupação do Sistema de Seguridade Social, estabelecido pela


CRFB/88, “[...] em garantir um tratamento igualitário a todos os indivíduos, observando o
princípio da igualdade e dignidade da pessoa humana, no que tange ao fornecimento das
prestações pelo sistema”138.

2.5.4 Princípio da seletividade e distributividade na prestação de benefícios e serviços

O princípio da seletividade e distributividade preceitua que os benefícios da


seguridade social serão seletivos, ou seja, serão destinadas àquelas a quem a lei determinar.
“Nem todas as pessoas terão benefícios: algumas o terão, outras não, gerando o conceito de
distributividade. No entanto, a assistência médica será igual para todos, desde que as pessoas
dela necessitem e haja previsão para tanto”139.

De acordo com o princípio em tela, “[...] permite que se restrinja o recebimento do


auxílio-reclusão e do salário-família exclusivamente às famílias de baixa renda, configuradas
em valor relacionado com o salário-de-contribuição”140.

O princípio em questão admite “[...] que se faça uma seleção de segurados


necessitados para a obtenção dos benefícios citados. Portanto, o princípio da seletividade e
distributividade impõe limites ao princípio da universalidade de cobertura e atendimento”141.

136
CASTRO, Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 110.
137
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social: custeio da seguridade social, benefícios – acidente
do trabalho – assistência social – saúde, p. 79.
138
FERREIRA, Lauro César Mazetto. Seguridade social e direitos humanos, p.168.
139
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social: custeio da seguridade social, benefícios – acidente
do trabalho – assistência social – saúde, p. 79.
140
TSUTIYA, Augusto Massayuki. Curso de direito da seguridade social, p. 38.
45

Pode-se afirmar que a distributividade tem a finalidade a distribuição de renda, na qual


busca socorrer aos mais necessitados, assim considerados pela lei dentro do sistema.

2.5.5 Princípio da irredutibilidade do valor dos benefícios

O princípio da irredutibilidade, no seu art. 194, parágrafo único, inciso IV, da


CRFB/88, tem como objeto de “[...] garantir a preservação do poder aquisitivo das prestações
pecuniárias, não podendo sofrer redução no seu valor”142, preceito também disposto no art.
201, § 4º, da CRFB/88, que institui a garantia de reajustamento dos benefícios para preservar,
o seu valor real, conforme critérios previstos em lei.

Pode-se concluir que o poder aquisitivo dos benefícios não pode ser onerado, mas
deve ser feita de acordo com a lei, “sendo indevida a adoção de fórmulas não admitidas pela
legislação específica para a conservação do valor das prestações pecuniárias, tais como
equivalência ao número de salários mínimos (salvo nos casos do art. 58 do ADCT)”143.

Conforme MARTINS, “a jurisprudência do STF se firmou no sentido de que a


irredutibilidade do valor do benefício é a nominal e não a real, que envolve o que se pretende
receber para que não haja perda do poder aquisitivo em decorrência da inflação”144.

Nesse mesmo norte, GIUSTI demonstra:

[...] embora garantindo a própria Constituição a irredutibilidade dos


benefícios, a fixação dos critérios para o reajustamento é delegado à lei
ordinária que, por sua vez, tendo em vista a natureza orçamentária da
matéria, os fixará tendo por base o numerário disponível e que comporte o
reajuste sem pôr o sistema em risco e, portanto, sem garantir o valor real do
benefício, mas sim seu valor nominal. Desta forma, garante-se que o valor
seja reajustado de acordo com os índices adotados pelo governo, mas não se
garante, efetivamente, que o valor de compra representado pela quantia
recebida a título de benefício, para fins de subsistência, seja mantido145.

141
TSUTIYA, Augusto Massayuki. Curso de direito da seguridade social, p. 38.
142
MIRANDA, Jadiel Galvão. Direito da seguridade social: direito previdenciário, infortunística, assistência
social e saúde, p. 30.
143
TSUTIYA, Augusto Massayuki. Curso de direito da seguridade social, p. 30
144
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social: custeio da seguridade social, benefícios – acidente
do trabalho – assistência social – saúde, p. 80.
145
GIUSTI, Miriam Petri Lima de Jesus. Direito da seguridade social, p. 33.
46

Observa-se, que a garantia constitucional para a fixação do piso, qual seja, um salário
mínimo, para fins de pagamento diz respeito apenas aos benefícios pagos em substituição ao
salário-de-contribuição e não a todo e qualquer benefício. Desta forma, o benefício que tem o
intuito indenizatório, poderá ter valor inferior ao mínimo legal.

2.5.6 Princípio eqüidade na forma de participação do custeio

O princípio da eqüidade na forma de participação no custeio da seguridade social é um


desdobramento dos princípios da igualdade e da capacidade contributiva. “Os contribuintes
que se encontram em condições contributivas iguais deverão ser tributados da mesma
forma”146.

Conforme MIRANDA, para os contribuintes em situação idêntica, “[...] sua


participação no custeio da seguridade social deverá se situar no mesmo nível de carga
tributária”147. Todavia, no caso de maior capacidade contributiva, alíquotas diferenciadas e
progressivas podem ser aplicadas, o que está de acordo com o princípio em tela.

De acordo com RÁO citado por BALERA, “[...] a eqüidade é uma atributo do direito
que se constitui em particular aplicação do princípio da igualdade às funções do
legislador”148. E, o custeio, “[...] deve conformar o esquema de contribuições ao critério
supremo da isonomia entre os diferentes contribuintes”149.

Segundo BALERA, “a justa proporção entre as quotas com que cada um dos atores
social irá contribuir para a satisfação da seguridade social”150.

As contribuições para a seguridade social, para atender a esse princípio da eqüidade,


“[...] devem ser estabelecidas de acordo com o risco social inerente a cada atividade

146
ARAÚJO, Francisco Carlos da Silva. Seguridade social. Jus Navigandi, Teresina, ano 11, n. 1272, 25 dez.
2006. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=9311>. Acesso em: 22 maio de 2008.
147
MIRANDA, Jadiel Galvão. Direito da seguridade social: direito previdenciário, infortunística, assistência
social e saúde, p. 31.
148
BALERA, Wagner. Noções preliminares de direito previdenciário, p. 89.
149
BALERA, Wagner. Noções preliminares de direito previdenciário, p. 89.
150
BALERA, Wagner. Noções preliminares de direito previdenciário, p. 89.
47

econômica, não significando necessariamente atribuir maior carga a quem possui maior
capacidade econômica”151.

Pode-se citar como exemplo da eqüidade na forma do financiamento está prenunciada


no “[...] §9º do art. 195 da Constituição, no sentido de que as contribuições do empregador, da
empresa ou entidade a ela equiparada poderão ter alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas,
em razão da atividade econômica ou da utilização intensiva de mão-de-obra”152.

O princípio em tela “[...] não é dirigido ao juiz, na aplicação da norma, nem ao Poder
Executivo. Parece que a eqüidade na forma de participação no custeio é dirigido ao legislador
ordinário, que deverá observá-la quando tratar de custeio”153.

2.5.7 Princípio da diversidade da base de financiamento

O princípio da diversidade da base de financiamento, previsto no art. 194, parágrafo


único, VI, da CRFB/88, que trata sobre a disposição de que as bases que financiarão, ou seja,
a seguridade social será custeada de forma variada. “As empresas, os trabalhadores, os entes
públicos entre outros, custearão a seguridade social”154, é o que dispõe no caput do art. 195,
da CRFB/88.

Além do caput do art. 195, da CRFB/88, nos incisos I a IV do artigo citado, “[...]
prevê diversas formas do financiamento da seguridade social, por meio de empresa, dos
trabalhadores, dos entes públicos, dos concursos de prognósticos e do importador de bens ou
serviços do exterior”155.

Segundo MARTINS, em sua obra, explana sobre as formas de financiamento, senão


confira-se:

151
FERREIRA, Lauro César Mazetto. Seguridade social e direitos humanos, p.170.
152
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social: custeio da seguridade social, benefícios – acidente
do trabalho – assistência social – saúde, p. 81.
153
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social: custeio da seguridade social, benefícios – acidente
do trabalho – assistência social – saúde, p. 81.
154
SANTOS, Leandro Luís Camargo dos. Curso de direito da seguridade social, p. 77.
155
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social: custeio da seguridade social, benefícios – acidente do
trabalho – assistência social – saúde, p. 82.
48

As empresas recolhem a contribuição sobre a folha de salários de seus


empregados, sobre o faturamento e sobre o lucro. Os trabalhadores
participam com um porcentual calculado sobre seus salários. Há, também,
um valor calculado sobre a receita dos concursos de prognósticos. Do
orçamento da União virá grande parte do financiamento da seguridade
social, assim como essa irá cobrir eventuais insuficiências financeiras do
sistema156.

Podem ainda, ser instituídas outras fontes de custeio, desde que por meio de lei
complementar. “A nova contribuição não poderá ter fato gerador ou base de cálculo de
imposto previsto na Constituição, nem ser cumulativa (art. 195, §4º c/c art. 154, I, do Estatuto
Supremo)”157. Há também, diversidade na base de financiamento na contribuição do produtor
rural sobre o resultado da comercialização da produção, conforme o art. 195, §5º, da
CRFB/88.

Com a preferência desse princípio, “[...] fica prejudicada a possibilidade de


estabelecer-se o sistema não contributivo, decorrente da cobrança de tributos não vinculados,
visto que o financiamento deve ser feito por meio de diversas fontes e não de fonte única”158.

Conforme FERREIRA, a diversidade na base de financiamento possui duas acepções:


“a) objetiva, quanto aos fatos sobre os quais devem incidir as contribuições para a seguridade;
e b) subjetiva, relacionada às pessoas que devem contribuir para a manutenção do sistema”159.

Dessa maneira, visando um maior respaldo financeiro para a seguridade social, bem
como uma maior segurança econômica, as bases de custeio da mesma serão diversas.

2.5.8 Princípio do caráter democrático e descentralizado da administração

No Estado Democrático de Direito, “[...] a participação da comunidade é elemento da


maior importância. Sem ela, o Poder Público, notadamente o Executivo, fica insensível aos
reais problemas da população”160.

156
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social: custeio da seguridade social, benefícios – acidente
do trabalho – assistência social – saúde, p. 82.
157
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social, p. 16.
158
CASTRO, Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 112.
159
FERREIRA, Lauro César Mazetto. Seguridade social e direitos humanos, p. 172.
160
TSUTIYA, Augusto Massayuki. Curso de direito da seguridade social, p. 41.
49

O elemento determinante da Seguridade Social é a solidariedade, que, adquire uma


importância jurídica. “Por isso, os próprios interessados são chamados a participar da
discussão de seus problemas e a propor soluções adequadas”161.

O princípio do caráter democrático e descentralizado da administração (art. 194, VII,


da CRFB/88) estabelece que a gestão dos recursos originados das arrecadações destinadas à
Seguridade Social seja feita de maneira democrática e descentralizada, propondo uma maior
transparência no gerenciamento das receitas e de sua aplicação.

Para tanto, “[...] exige a Constituição que referida gestão se dê de forma quadripartite,
mediante a participação dos trabalhadores, empregadores, aposentados e do próprio Governo,
por meio de órgãos colegiados, estabelecidos em lei para esse fim”162.

O princípio em tela trata-se de uma das formas de atuação do cidadão na gestão da


administração pública, um dos meios mais diretos de fazer valer sua vontade em assuntos de
seu interesse direto, na qual verifica no art. 10 da CRFB/88: “é assegurada a participação dos
trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus interesses
profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação”163.

Conforme CASTRO e LAZZARI, em sua obra, explanam acerca da criação dos


órgãos colegiados de deliberação:

[...] o Conselho Nacional de Previdência Social – CNPS, criado pelo art. 3º


da Lei n. 8.213/91, que discute a gestão da Previdência Social; o Conselho
Nacional de Assistência Social – CNAS, criado pelo art. 17 da Lei n.
8.742/93, que delibera sobre a política e ações nesta área; e o Conselho
Nacional da Saúde – CNS, criado pela Lei n. 8.080/90, que discute a
política de saúde. Todos esses conselhos têm composição paritária e são
integrados por representantes do Governo, dos trabalhadores, dos
empregadores e dos aposentados164.

161
TSUTIYA, Augusto Massayuki. Curso de direito da seguridade social, p. 41.
162
GIUSTI, Miriam Petri Lima de Jesus. Direito da seguridade social, p. 34.
163
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Obra coletiva de autoria da Editora Saraiva com
a colaboração de Antonio Luiz de Toledo Pinto, Márcia Cristina Vaz dos Santos Windt e Lívia Céspedes. 3. ed.
atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2007.
164
CASTRO, Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 112.
50

De acordo com FERREIRA “a participação quadripartite é importante para construção


de um sistema que atenda às verdadeiras questões de proteção social, além de ser o fórum
mais adequado para a solução de divergências na sua administração”165.

2.6 SISTEMA DE FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL

O financiamento da seguridade social é técnica financeira admitida para a arrecadação


de receitas suficientes para sustentar o sistema, de forma a permitir cobertura das despesas
geradas pelas ações, serviços e prestações de proteção social.

Segundo MIRANDA, o financiamento da seguridade social tem fontes diversificadas,


“[...] considerando que a receita é proveniente dos recursos orçamentários do Poder Público e
das contribuições sociais dos vários setores da sociedade”166. Daí se verifica que o sistema
constitucional privilegia sobretudo os princípios da solidariedade e da pluralidade da base de
financiamento.

Pode-se analisar no art. 195 da CRFB/88 a previsão do financiamento da Seguridade


Social, na qual é um “[...] dever imposto a toda a sociedade, de forma direta e indireta,
mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal,
dos Municípios e de contribuições sociais”167.

Cumpre analisar os problemas do sistema de financiamento da Seguridade Social, na


qual RUSSOMANO citado por CASTRO e LAZZARI dispõe que:

[...] o problema do custeio, em Previdência Social, é um dos pontos de


relevância prática, pois está ligado, intimamente, à organização
administrativa e à amplitude do funcionamento do sistema. E, com bastante
atualidade, assevera: a circunstância de o custeio de um sistema de
Previdência Social (como se verifica no Brasil) depender,
fundamentalmente, da contribuição de trabalhadores e empresários resulta
de uma contingência, isto é, da impossibilidade prática de instalação, no
País, de um regime mais amplo, de autêntica Seguridade Social, em que a

165
FERREIRA, Lauro César Mazetto. Seguridade social e direitos humanos, p. 173.
166
MIRANDA, Jadiel Galvão. Direito da seguridade social: direito previdenciário, infortunística, assistência
social e saúde, p. 33.
167
CASTRO, Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 225.
51

responsabilidade pecuniária seja atribuída ao Estado. As demais fontes de


receita do (então) INPS, na prática, são irrelevantes168.

Conforme o art. 165, §5º da CRFB/88, o orçamento da Seguridade Social tem receita
própria, que não se confunde com a receita tributária federal, na qual é destinada somente para
as prestações da Seguridade Social nas áreas da Saúde Pública, Previdência Social e
Assistência Social, de acordo com a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).

Além das fontes de custeio previstas na Constituição Federal de 1988, este autoriza a
elaboração de outras fontes, através de lei complementar, conforme art. 154, I, da
CRFB/88169, “[...] seja para manter os já existentes, sendo certo que é ao legislador criar ou
estender benefício ou serviço, ou aumentar seu valor, sem que, ao menos simultaneamente,
institua fonte de custeio capaz de atender às despesas daí decorrentes”170.

Como já salientado, a seguridade social é financiada por toda a sociedade, de forma


direta e indireta:

O financiamento de forma indireta se dá pelo repasse de recursos retirados


do orçamento fiscal da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito
Federal. São recursos que têm origem em receita que não tinha destinação
específica para a seguridade social. O financiamento de forma direta é
realizado pela receita originada do recolhimento de contribuições sociais à
seguridade social. O rol de contribuições sociais que integram a forma
direta de financiamento estão previstas na Constituição Federal, em seu art.
195171.

Com a Emenda Constitucional n. 20, de 15 de dezembro de 1998, foram incluídas


algumas inovações no sistema de contribuição do empregador, senão confira-se:

Primeiramente, houve uma aplicação, colocando, ao lado do empregador, a


empresa ou entidade a essa equiparada na forma da lei. Ocorreu também
uma dilatação da incidência de contribuição sobre a simples folha de
salários, para os demais rendimentos pagos ou creditados – portanto,

168
CASTRO, Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 225.
169
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Obra coletiva de autoria da Editora Saraiva com
a colaboração de Antonio Luiz de Toledo Pinto, Márcia Cristina Vaz dos Santos Windt e Lívia Céspedes. 3. ed.
atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2007.
170
CASTRO, Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 226.
171
MIRANDA, Jadiel Galvão. Direito da seguridade social: direito previdenciário, infortunística, assistência
social e saúde, p. 35.
52

mesmo se não pago, o simples crédito é suficiente para a incidência da


contribuição – a, todo título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo
sem vínculo empregatício172.

Contudo, a Emenda Constitucional n. 20, em seu art. 12, previu que, até que produzam
efeitos as leis que irão dispor sobre as contribuições de que trata o art. 195, “[...] são exigíveis
as estabelecidas em lei, destinadas ao custeio da Seguridade Social e dos diversos regimes
previdenciários”173.

Conforme com o artigo 11 da Lei n. 8.212/91, “em vigor na data da publicação da


Emenda n. 20, o orçamento da Seguridade Social, no âmbito federal, é composto de receitas
provenientes: da União, das contribuições sociais, e de outras fontes”174.

Com a Emenda Constitucional n. 42, de 19 de dezembro de 2003, promoveu novas


alterações na redação do art. 195. No inciso IV, do referido artigo, foi introduzido a permissão
para instituir contribuição social do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a
lei a ele equiparar. Com a inserção dos §§ 12 e 13, ficou autorizado que lei poderá definir os
setores da atividade econômica para as quais as contribuições incidentes sobre a receita, o
faturamento e a importação de bens e serviços serão não-cumulativas. “Essa regra aplica-se
inclusive na hipótese de substituição gradual, total ou parcial, da contribuição incidente sobre
a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pela incidente sobre a receita ou o
faturamento”175.

E, com a Emenda Constitucional n. 20, introduziu o inciso X no art. 167, da Lei


Magna, proibindo a utilização dos recursos procedentes das contribuições sociais, no que
dispõe o art. 195, I, a, e I, para a efetivação de despesas distintas do pagamento de benefícios
do Regime Geral de Previdência Social, conforme o art. 201 da CRFB/88. Essa medida é
muito importante para a Previdência Social, pois “[...] impede que o Poder Executivo destine
recursos das contribuições sociais, incidentes sobre a folha de salários e sobre o rendimento
do trabalho, para cobrir outras despesas que não os benefícios previdenciários”176.

172
CORREIA, Marcus Orione Gonçalves; CORREIA, Érica Paula Barcha. Curso de direito da seguridade
social, p. 70.
173
CASTRO, Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 227.
174
CASTRO, Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 227.
175
CASTRO, Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 226.
176
CASTRO, Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 228.
53

2.6.1 Participação da União

Conforme prevê no art. 195 da CRFB/88 que a “a seguridade social será financiada
por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos
provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios”177.

Segundo MARTINS, “o custeio da seguridade social é feito diretamente por


contribuições da empresa e dos trabalhadores. O financiamento indireto é realizado por meio
de toda a sociedade, por intermédio de impostos”178.

No art. 165, §5º, III, da Carta Magna dispõe, ainda, a regra segundo a qual a lei
orçamentária anual compreenderá “o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as
entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos
e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público”179.

A contribuição da União para o custeio da Seguridade Social é formada de recursos


adicionais do Orçamento Fiscal, fixados obrigatoriamente na Lei Orçamentária Anual (art. 16,
da Lei n. 8.212). “A União será, ademais, responsável pela cobertura de eventuais
insuficiências financeiras da Seguridade Social, quando decorrentes do pagamento de
benefícios de prestação continuada da Previdência Social”180.

Segundo preleciona BASTOS citado por CASTRO e LAZZARI, “o orçamento é uma


peça contábil que faz, de uma parte, uma previsão das despesas a serem realizadas pelo
Estado, e o autoriza a efetuar cobrança, sobretudo de impostos e também de outras fontes de
recursos”181.

177
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Obra coletiva de autoria da Editora Saraiva com
a colaboração de Antonio Luiz de Toledo Pinto, Márcia Cristina Vaz dos Santos Windt e Lívia Céspedes. 3. ed.
atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2007.
178
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social: custeio da seguridade social, benefícios – acidente
do trabalho – assistência social – saúde, p. 142.
179
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Obra coletiva de autoria da Editora Saraiva com
a colaboração de Antonio Luiz de Toledo Pinto, Márcia Cristina Vaz dos Santos Windt e Lívia Céspedes. 3. ed.
atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2007.
180
GIUSTI, Miriam Petri Lima de Jesus. Direito da seguridade social, p. 56.
181
CASTRO, Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 230.
54

Conforme SANTOS, “poderá a União constituir fundo integrado por bens, direitos e
ativos, para o pagamento dos benefícios concedidos pelo RGPS (art. 165 da CR)”182. Segundo
o art. 18 da Lei n. 8.212/91, também podem ser utilizados os recursos da Seguridade Social
para custear despesas com o pessoal e administração feral do INSS, exceto os provenientes da
arrecadação da contribuição sobre concursos de prognósticos, cuja finalidade é somente para
custeio de benefícios e serviços prestados pela Seguridade Social.

Todavia, com a Emenda Constitucional n. 20/98, adicionou o inciso XI ao art. 167 da


CRFB/88 “[...] para vedar a utilização dos recursos provenientes das contribuições sociais de
que trata o art. 195, I, a, e II, para a realização de despesas outras que não as decorrentes do
pagamento de benefícios do Regime Geral de Previdência Social – RGPS”183.

2.6.2 Contribuições sociais

As contribuições sociais para a seguridade social são prestações pecuniárias


arrecadadas de diversos contribuintes, previamente definidos em lei, com o intuito de custear
ações, prestações ou serviços referentes à previdência social, à assistência social e à saúde.

A Constituição Federal de 1988 tratou das contribuições sociais no capítulo reservado


ao Sistema Tributário Nacional, “[...] estabelecendo no art. 149 normas gerais sobre a
instituição, e, no art. 195, normas especiais em relação às contribuições para a Seguridade
Social”184.

Segundo MIRANDA, em sua obra, preleciona acerca da classificação das


contribuições sociais consoantes o texto constitucional, senão confira-se:

[...] de melhoria, sociais, cooperativas (de interesse de categorias


profissionais ou econômicas) e de intervenção no domínio econômico.
Soma-se a isso a contribuição para o custeio do serviço de iluminação
pública, que poderá ser instituída pelos Municípios e o Distrito Federal (art.
149-A da CF, acrescido pela EC n. 39/2002)185.

182
SANTOS, Leandro Luís Camargo dos. Curso de direito da seguridade social, p. 114.
183
CASTRO, Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 230-231.
184
CASTRO, Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 231.
185
MIRANDA, Jediel Galvão. Direito da seguridade social: direito previdenciário, infortunística, assistência
social e saúde, p. 36.
55

Sobre a competência para instituição de contribuições previdenciárias não é privativa


da União, estende-se também aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, para que
“[...] instituam sistemas de previdência e assistência social próprios para seus servidores, não
sendo possível a estes entes criarem regimes previdenciários para trabalhadores da iniciativa
privada, cuja competência é exclusiva da União”186.

Neste sentido instrui CARRAZZA:

Os Estados, os Municípios e o Distrito Federal, enquanto organizam o


sistema de previdência a assistência social de seus servidores, estão
autorizados a instituir e a cobrar-lhes contribuições previdenciárias. Sob a
Constituição de 1967/69, tal cobrança já se perfazia, mas enxameavam as
divergências acerca de sua constitucionalidade. Agora inexistem dúvidas de
que não só a União como as demais pessoas políticas, para o custeio da
previdência e assistência social de seus servidores, têm competência para
criar suas próprias contribuições previdenciárias, obedecendo, mutatis
mutandis, às diretrizes acima apontadas187.

De acordo com MIRANDA, as contribuições sociais, “são divididas em contribuições


de caráter geral (salário-educação, Senai, Senac, FGTS, entre outras) e contribuições para a
seguridade social”188.

2.6.2.1 Conceituação

As contribuições sociais segundo GALA VALLEJO citado por CASTRO e


LAZZARI, podem ser conceituadas como “valores com que, a título de obrigações sociais,
contribuem os filiados, e os que o Estado estabelece para manutenção e financiamento dos
benefícios que outorga”189.

Segundo RUPRECHT citado por CASTRO e LAZZARI, a contribuição pode ser


definida “[...] como uma obrigação legal que se impõe a entidades e indivíduos para que

186
CASTRO, Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 231.
187
CARRAZZA, Roque Antonio. Curso de direito constitucional tributário. 19. ed. ver. e atual. São Paulo:
Malheiros, 2002, p. 351.
188
MIRANDA, Jediel Galvão. Direito da seguridade social: direito previdenciário, infortunística, assistência
social e saúde, p. 36.
189
CASTRO, Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 231.
56

contribuam para as despesas dos regimes de seguridade social, com base em determinados
critérios legais”190.

Para MACHADO, o conceito de contribuição social é de: “espécie de tributo com


finalidade constitucionalmente definida, a saber, intervenção no domínio econômico, interesse
de categorias profissionais ou econômicas e seguridade social”191.

A contribuição para a Seguridade Social é uma espécie de contribuição social, cuja


receita tem como objetivo o financiamento das ações nas áreas da saúde, previdência e
assistência social.

Constituem contribuições sociais, as quais são exigidas com base nas leis que as
instituíram, e que estão agrupadas no Regulamento da Previdência Social (parágrafo único do
art. 195 do Decreto n. 3.048/99):

- as das empresas, incidentes sobre a remuneração paga, devida ou creditada


aos segurados e demais pessoas físicas a seu serviço, mesmo sem vínculo
empregatício; - as dos empregadores domésticos, incidentes sobre o salário
de contribuição dos empregados domésticos a seu serviço; - as dos
trabalhadores, incidentes sobre seu salário de contribuição; - as das
associações desportivas que mantêm equipe de futebol profissional,
incidentes sobre a receita bruta decorrentes dos espetáculos desportivos de
que participem em todo o território nacional em qualquer modalidade
desportiva, inclusive jogos internacionais, e de qualquer forma de
patrocínio, licenciamento de uso de marcas e símbolos, publicidade,
propaganda e transmissão de espetáculos desportivos; - as incidentes sobre
a receita bruta proveniente da comercialização da produção rural; - as das
empresas, incidentes sobre a receita ou o faturamento e o lucro; - as
incidentes sobre a receita de concursos de prognósticos192.

Além de as contribuições referidas, deve-se acrescentar a do importador de bens ou


serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar, acrescentada pela Emenda
Constitucional n. 42/2003 e regulada pela Lei n. 10.865/2004.

190
CASTRO, Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 232.
191
MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 28. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Malheiros,
2007, p. 313
192
CASTRO, Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 232.
57

2.6.2.2 Natureza Jurídica

Na Lei n. 3.807/60 e no inciso II do art. 217 do CTN, a contribuição era chamada de


quotas de previdência ou também era encontrada a denominação cotização. Mais tarde,
passou-se a utilizar a denominação contribuição previdenciária.

Segundo MARTINS, “a Constituição de 1988, em alguns de seus dispositivos, usa a


expressão contribuição social (§3º do art. 114, art. 195)”193.

Várias teorias procuram explicar a natureza jurídica das contribuições sociais,


tomando por base diversos aspectos de sua estrutura ou funcionalidade. “Temos assim as
seguintes teorias: do prêmio de seguro, do salário (diferido, atual e social), fiscal, parafiscal e
da exação especial”194.

Na teoria do prêmio de seguro, “prega que a natureza jurídica da contribuição à


seguridade social equipara ao prêmio de seguro pago pelo beneficiário às companhias
seguradoras”195.

Para MIRANDA, a teoria do prêmio seguro firma-se na noção de que a contribuição


se equipara ao prêmio de contrato de seguro do direito privado,

[...] entendendo-se que o prêmio seria contraprestação devida pelo segurado


ao ente público, em virtude do risco assumido pelo primeiro. Esta teoria
sofre críticas, uma vez que a contribuição social é compulsória, decorrente
de mandamento legal, não estando submetida a composições entre os
sujeitos da relação jurídica de seguridade social196.

O seguro é um contrato de natureza privada, enquanto a contribuição tem natureza


pública, sendo decorrente de lei e não de ajuste de vontades.

193
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social: custeio da seguridade social – benefícios – acidente
do trabalho – assistência social – saúde, p. 90.
194
MIRANDA, Jediel Galvão. Direito da seguridade social: direito previdenciário, infortunística, assistência
social e saúde, p. 36.
195
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social: custeio da seguridade social – benefícios – acidente
do trabalho – assistência social – saúde, p. 90.
196
MIRANDA, Jediel Galvão. Direito da seguridade social: direito previdenciário, infortunística, assistência
social e saúde, p. 36.
58

Na teoria do salário diferido, conforme MARTINS, parte do salário do empregado não


é paga diretamente ao obreiro, “[...] mas é destinada à seguridade social, visando à formação
de um fundo de recursos que futuramente irá prover a subsistência do operário, quando pela
ocorrência de um risco social”197.

Segundo GIUSTI a crítica a essa teoria reside no fato que as contribuições do


empregado não representam salários, “[...] pois os benefícios são pagos pelo INSS e não pelo
empregador e, ademais, pode não consistir no mesmo valor que o empregado recebia, a título
de salário, quando, na ocasião em que se encontrava em atividade”198.

Acrescenta-se que outros tipos de segurados, que também têm direito aos benefícios,
não desempenham atividades que sejam remuneradas por salários, tal qual ocorre com os
profissionais liberais.

Na teoria do salário social, “baseia-se na concepção de que se trata de valor


descontado no salário do trabalhador, vertido a um fundo, dele partilhando todos os segurados
nas situações definidas em lei como socialmente justificáveis”199.

Para GIUSTI a teoria do salário social “prega que a contribuição previdenciária seria
uma espécie de salário socializado que seria pago ao empregado, quando da inatividade, por
toda a sociedade”200.

A crítica se dá no sentido que não é o empregador que paga os benefícios, mas o


INSS, e seu valor não será, necessariamente, o mesmo que o empregado recebia como salário.

Segundo MARTINS, “a causa do pagamento da contribuição seria o contrato de


trabalho firmado entre empregado e empregador. Tal como ocorre com o salário, o benefício
futuramente seria uma obrigação certa e periódica”201.

E, ainda, MARTINS acrescenta:

197
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social: custeio da seguridade social – benefícios – acidente
do trabalho – assistência social – saúde, p. 91.
198
GIUSTI, Miriam Petri Lima de Jesus. Direito da seguridade social, p. 40.
199
MIRANDA, Jediel Galvão. Direito da seguridade social: direito previdenciário, infortunística, assistência
social e saúde, p. 36.
200
GIUSTI, Miriam Petri Lima de Jesus. Direito da seguridade social, p. 40.
201
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social: custeio da seguridade social – benefícios – acidente
do trabalho – assistência social – saúde, p. 92.
59

Não existe relação de direito privado para o pagamento da contribuição


previdenciária, que seria decorrente do contrato de trabalho, mas de direito
público, de acordo com a previsão de lei. Não há ajuste de vontades quanto
ao pagamento da contribuição previdenciária. A contribuição incide porque
está prevista em lei. Os autônomos e os empresários não têm salário, mas
contribuem para a previdência social, indicando que a contribuição não é
proveniente apenas do contrato de trabalho, mas é decorrente da lei202.

A contribuição previdenciária não tem natureza de salário, pois não é o empregador


que paga o benefício quando o empregado faz jus, conforme o art. 457 da CLT, mas o fundo,
que é representado pelo INSS, nem empregado vai perceber necessariamente o mesmo valor
que perceberia como salário no caso do recebimento dos benefícios.

Na teoria do salário atual, entende-se nesse caso, que a contribuição social é uma das
“[...] contraprestações devidas pelo empregador ao empregado, porém recolhida à seguridade
social, visando garantir a subsistência futura do segurado, quando verificada a contingência
social apontada em lei”203.

Conforme MARTINS, a contraprestação do trabalho do empregado é retribuída pelo


empregador mediante pagamento de duas quotas: “[...] uma que é entregue diretamente ao
operário, construindo-se em retribuição pelos serviços prestados; outra que é imediata e
obrigatoriamente destinada aos fins da seguridade social”204. Essa quota propõe assegurar
uma existência digna para a garantia da satisfação de necessidade futuras, determinada pela
ocorrência de certos eventos que venham a prejudicar a renda da pessoa.

Segundo GIUSTI preleciona em sua obra, que a teoria em tela:

prega que o trabalho do empregado seria remunerado de duas formas, quais


sejam, uma lhe seria paga diretamente pelo empregador pela compra da
força de trabalho e outra destinada à Seguridade Social, visando à
subsistência futura do empregado quando este não mais estiver em
atividade205

202
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social: custeio da seguridade social – benefícios – acidente
do trabalho – assistência social – saúde, p. 93.
203
MIRANDA, Jediel Galvão. Direito da seguridade social: direito previdenciário, infortunística, assistência
social e saúde, p. 36.
204
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social: custeio da seguridade social – benefícios – acidente
do trabalho – assistência social – saúde, p. 93.
205
GIUSTI, Miriam Petri Lima de Jesus. Direito da seguridade social, p. 40.
60

Critica-se tal teoria, “[...] pois não há atualidade em tal salário, nem este é pago
diretamente pelo empregador (art. 457 da CLT). Não pode o referido salário ser exigido de
imediato, apenas se atendidas determinadas condições especificadas em lei, e não outras206.

Na teoria fiscal, segundo MIRANDA ensina, “concebe a contribuição social como


tributo, por ser compulsória, instituída por lei e cobrada mediante atividade administrativa
plenamente vinculada, perfazendo o conceito estabelecido no art. 3º do CTN”207.

Segundo os ensinamentos de CASTRO e LAZZARI, dispõe sobre a teoria fiscal,


senão confira-se:

[...] a contribuição para a Seguridade Social tem natureza tributária, pois se


trata de uma prestação pecuniária compulsória instituída por lei e cobrada
pelo ente público arrecadador com a finalidade de custear as ações nas áreas
da saúde, previdência e assistência social. O fato de não se enquadrar como
imposto, taxa ou contribuição de melhoria, espécies de tributos relacionados
no art. 145 da Constituição Federal e no art. 5º do Código Tributário
Nacional, não afasta sua natureza tributária, isto porque a instituição das
contribuições sociais está prevista no art. 149 da Constituição, que compõe
o capítulo “Do Sistema Tributário Nacional”208.

Nesse sentido, MARTINS em sua obra aduz que:

Chega-se afirmar que a parte do empregador corresponderia a um imposto,


por não haver qualquer prestação por parte do Estado, mas um imposto com
destinação especial. Já a parte do empregado corresponderia a uma taxa, em
razão da vinculação a um futuro benefício ou serviço prestado pelo Estado,
ou colocado à disposição do beneficiário. O imposto, contudo, não tem
destinação especial, mas geral209.

Os que criticam tal teoria fundamentam-se no Código Tributário Nacional que, em seu
art. 5º, “[...]determina como espécies tributárias apenas os impostos, as taxas e as

206
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social: custeio da seguridade social – benefícios – acidente
do trabalho – assistência social – saúde, p. 93.
207
MIRANDA, Jediel Galvão. Direito da seguridade social: direito previdenciário, infortunística, assistência
social e saúde, p. 37.
208
CASTRO, Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 233.
209
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social: custeio da seguridade social – benefícios – acidente
do trabalho – assistência social – saúde, p. 94.
61

contribuições de melhorias, pois não se pode enquadrar a contribuição em nenhuma espécies


tributárias”210.

A teoria parafiscal, segundo os ensinamentos de MIRANDA, a contribuição social


para a seguridade social “[...] seria uma exigência tributária destinada a acudir encargos que
não são próprios ou típicos do Estado, sendo sujeito ativo da relação jurídica entidade da
Administração pública indireta”211.

Na realidade, a teoria parafiscal não distingue substancialmente da teoria fiscal, uma


vez que ambas têm por núcleo a natureza tributária da contribuição social para a seguridade
social.

De acordo com CASTRO e LAZZARI, para tal teoria, há que se diferenciar os tributos
fiscais e parafiscais, senão confira-se:

A contribuição para a Seguridade Social teria a natureza da parafiscalidade,


pois busca suprir os encargos do Estado, que não lhe sejam próprios, no
caso, o pagamento de benefícios previdenciários. Sua arrecadação e
administração são descentralizadas, sendo feita por um órgão paralelo, no
caso o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, que é a uma autarquia
federal, ente administrativo autônomo. As receitas vão para um orçamento
próprio, distinto do orçamento da União, e o destino dos recursos é o
atendimento das necessidades econômicas e sociais de determinados grupos
ou categorias profissionais e econômicas. Embora a exigência da
contribuição seja compulsória, o regime especial de contabilização
financeira afasta a natureza fiscal212.

Nesse sentido MARTINS, aduz em sua obra que:

As características da contribuição parafiscal seriam o caráter compulsório


da exigência, e não facultativo; a não-inclusão da respectiva receita no
orçamento do Estado, mas num orçamento especial; o destino do produto da
sua arrecadação para o custeio de certas atividades estatais, visando atender
necessidades econômicas e sociais de certos grupos ou categorias, e a
administração da receita por uma entidade descentralizada, com delegação
do Estado213.

210
GIUSTI, Miriam Petri Lima de Jesus. Direito da seguridade social, p. 41.
211
MIRANDA, Jediel Galvão. Direito da seguridade social: direito previdenciário, infortunística, assistência
social e saúde, p. 37.
212
CASTRO, Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 233-234.
213
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social: custeio da seguridade social – benefícios – acidente
do trabalho – assistência social – saúde, p. 95.
62

A teoria em tela, também atribuindo a natureza jurídica tributária às contribuições


previdenciárias, a teoria é utilizada por aqueles que classificam quanto à sua finalidade. “Os
parafiscais têm seus recursos destinados à manutenção de determinadas entidades que
disponibilizam utilidades aos seus filiados”214.

Essa teoria seria criticada sob o argumento de que o “[...] fato de o sujeito ativo não
ser a própria entidade estatal, mas outra pessoa especificada pela lei, que arrecada a
contribuição, em nada iria alterar o regime tributário, sendo que a contribuição continuaria a
ter natureza de tributo”215.

A teoria da exação sui generis “[...] defende que a contribuição social para a
seguridade social não é tributo, tratando-se de exigência legal distinta, que tem características
próprias”216.

Segundo CASTRO e LAZZARI, pela tal teoria “a contribuição à Seguridade Social


nada tem a ver com o Direito Tributário, não possuindo natureza fiscal nem parafiscal. Trata-
se de uma imposição estatal atípica, prevista na CF e na legislação ordinária, cuja natureza
jurídica é especial”217.

Conforme MARTINS, “é a tese abraçada pelos doutrinadores que se especializaram no


Direito Previdenciário, em que se diz ser a referida contribuição uma imposição estatal
atípica, uma determinação legal, cogente, prevista na Constituição e na legislação
ordinária”218.

Portanto, entende-se que tal teoria é uma exigência distinta, com previsão em lei, que
não pode ser enquadrada como tributo.

Segundo MARTINS, a partir da Constituição de 1988, as contribuições para


Seguridade Social natureza tributária. Segundo esse doutrinador, anteriormente à Lei Magna

214
GIUSTI, Miriam Petri Lima de Jesus. Direito da seguridade social, p. 41.
215
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social: custeio da seguridade social – benefícios – acidente
do trabalho – assistência social – saúde, p. 95.
216
MIRANDA, Jediel Galvão. Direito da seguridade social: direito previdenciário, infortunística, assistência
social e saúde, p. 37.
217
CASTRO, Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 234.
218
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social: custeio da seguridade social – benefícios – acidente
do trabalho – assistência social – saúde, p. 95.
63

de 1988, a natureza jurídica alterou-se em conformidade com as modificações introduzidas no


texto constitucional vigente, senão confira-se:

No nosso entendimento, a contribuição à seguridade social é tributo.


Tributo é gênero, do qual são espécies o imposto, a taxa, a contribuição de
melhoria, as contribuições, ou até mesmo o empréstimo compulsório,
segundo alguns juristas. A jurisprudência vinha sendo pacífica no sentido de
entender a contribuição à seguridade social como tributo até a edição da
Emenda Constitucional n. 8, de 1977, que acrescentou o inciso X, do art.
43, à Emenda n. 1, de 1969, e deu nova redação ao inciso I, do §2º, do art.
21 da mesma emenda. Com base nessas alterações passou-se a entender que
o termo “contribuições sociais”previsto no inciso X, do art. 43, da Emenda
Constitucional n. 1, de 1969, tinha significado diverso da palavra “tributos”
contida no inciso I do mesmo artigo. O inciso I, do §2º, do art. 21, da
Emenda Constitucional n. 1, de 1969, com a redação determinada pela
Constitucional n. 8, não mais falava em interesses da previdência social, daí
passou-se a entender que não mais tinha caráter tributário a contribuição
securitária. Com a edição da Emenda Constitucional n. 8, de 1977, o
Supremo Tribunal Federal passou a entender que não mais tinha a
contribuição da seguridade social natureza do tributo, embora existam
alguns julgados em sentido contrário naquela corte. (...) No nosso entender,
o art. 149 da Constituição de 1988 consagra contribuições de natureza
tributária, ao prever que compete exclusivamente à União instituir
contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse
das categorias profissionais ou econômicas, observados certos dispositivos
constitucionais, e sem prejuízo do disposto no §6º do art. 195 da
Constituição, quanto às contribuições a que alude aquele preceito legal219.

Segundo CARRAZZA também defende a natureza tributária das contribuições à


Seguridade Social: “[...] as ‘contribuições’ são, sem sombra de dúvida, tributos, uma vez que
devem necessariamente obedecer ao regime jurídico tributário, isto é, aos princípios que
informam a tributação, no Brasil”220.

Em sentido contrário, MARTINEZ sustenta que tal exação não possui natureza
jurídica tributária, senão confira-se:

Abrigando-se a existência de um Sistema Exacional Nacional, persistentes


regras universais comuns às espécies tributárias e securitárias e inexistente
menção à contribuição social previdenciária no art. 149 da Lei Maior – em
face da especificidade da Previdência Social, o aporte ora cogitado

219
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social: custeio da seguridade social – benefícios – acidente
do trabalho – assistência social – saúde, p. 95-97.
220
CARRAZZA, Roque Antonio. Curso de direito constitucional tributário, p. 345.
64

econômico-financeiramente é salário socialmente diferido, e juridicamente,


exação não-tributária221.

Consoante às jurisprudências, deve ser analisada a orientação firmada pelo Supremo


Tribunal Federal (STF), na qual a contribuição para a Seguridade Social é modalidade de
tributo que não se enquadra na espécie de imposto, taxa ou contribuição de melhoria222.

Diante de todas as argumentações trazidas pela doutrina e jurisprudência, denota-se


que após a Carta Magna de 1988, “[...] as contribuições destinadas ao financiamento da
Seguridade Social possuem natureza jurídica tributária, pois estão sujeitas ao regime
constitucional peculiar aos tributos, ressalvada apenas a previsão do §6º do art. 195, da
CF”223.

2.7 DIVISÃO DA SEGURIDADE SOCIAL

A Seguridade Social, conforme o artigo 194 da Carta Magna de 1988, está dividida
constitucionalmente em três segmentos: saúde, previdência e a assistência social.

2.7.1 Saúde

Dispõe o art. 196 da Constituição Federal de 1988 definindo a categoria saúde:

Art. 196 – A saúde é um direito de todos e dever do Estado, garantindo


mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de
doença e de outros agravos e ao acesso universal igualitário às ações e
serviços para sua promoção, proteção e recuperação224.

De acordo com o artigo, a saúde é um direito de todos e dever do Estado, deve ser
garantida por meio de políticas sociais econômicas que visem à redução do risco de doença e

221
MARTINEZ, Wladimir Novaes. Curso de direito previdenciário: tomo I – noções de direito previdenciário.
São Paulo: LTr, 1997, p. 272
222
Nesse sentido, vide: RE n. 217.252-1/MG, 2ª Turma, rel. Ministro Nelson Jobim, DJU de 16.4.99; AGRAG n.
174.540-2/AP, 2ª Turma, rel. Min. Maurício Corrêa, DJU de 26.4.96.
223
CASTRO, Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 235
224
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Obra coletiva de autoria da Editora Saraiva com
a colaboração de Antonio Luiz de Toledo Pinto, Márcia Cristina Vaz dos Santos Windt e Lívia Céspedes. 3. ed.
atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2007.
65

de outros agravos e que possibilitem o acesso universal e igualitário a todas as ações e


serviços que objetivem sua promoção e recuperação. “Com efeito, a saúde representa um
direito fundamental do ser humano, tendo o Estado o dever de prover as condições essenciais
ao exercício desse mesmo direito”225.

As bases de regramento acerca da saúde estão previstas nos artigos 196 a 200 da
Constituição Federal, cuja matéria foi tratada no nível infraconstitucional pela Lei n.
8.080/1990.

Os princípios e as diretrizes básicas das atividades da saúde estão discriminados no art.


198 da Constituição Federal de 1988, senão confira-se:

I – descentralização, com direção única em cada esfera de governo;

II – atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas,


sem prejuízo dos serviços assistenciais;

III – participação da comunidade226.

A descentralização permite que a execução de ações e serviços públicos de saúde


possam alcançar com maior amplitude e melhor condição aqueles que deles necessitam,
permitindo aos entes locais desenvolver procedimentos mais efetivos de prevenção de
doenças e recuperação de saúde. “A direção única em cada esfera de governo evita que as
políticas públicas de saúde sejam dispersas, além de propiciar maior controle na aplicação dos
recursos destinados a tal fim”227.

Ademais, segundo TAVARES, aduz em sua obra, que não há que se confundir “[...] a
exploração de saúde privada com a prestação de saúde pública por entidades privadas. A

225
GIUSTI, Miriam Petri Lima de Jesus. Direito da seguridade social, p. 149.
226
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Obra coletiva de autoria da Editora Saraiva com
a colaboração de Antonio Luiz de Toledo Pinto, Márcia Cristina Vaz dos Santos Windt e Lívia Céspedes. 3. ed.
atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2007.
227
MIRANDA, Jediel Galvão. Direito da seguridade social: direito previdenciário, infortunística, assistência
social e saúde, p. 289.
66

primeira é livre aos profissionais habilitados profissionalmente (art. 199), cobrando o preço
que entenderem justo na prestação de seus serviços”228.

2.7.2 Previdência Social

A Previdência Social é o sistema de proteção social, de caráter contributivo e em regra


de filiação obrigatória, formado por um conjunto de normas principiológicas, regras,
instituições e medidas destinadas à cobertura de contingências ou riscos sociais previstos em
lei, proporcionando ao segurado e aos seus dependentes benefícios e serviços que lhes
garantam subsistência e bem-estar.

Conforme o art. 201 da Constituição Federal de 1988, a previdência social tem por
finalidade “[...] garantir aos segurados e aos seus dependentes prestações indispensáveis à sua
subsistência, diante de determinados eventos produtores de necessidades sociais”229.

Observados os critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, atenderá, nos


termos da lei, a:

I – cobertura dos eventos de doença, invalidez morte e idade avançada; II –


proteção à maternidade, especialmente à gestante; III – proteção ao
trabalhador em situação de desemprego involuntário; IV – salário-família e
auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda; V –
pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou
companheiro e dependentes230.

Segundo MARTINS, “os princípios da Previdência Social estão previstos no art. 2º da


Lei 8.213. As principais regras são a Lei n. 8.213/91, que trata dos benefícios da Previdência
Social, e o Decreto n. 3.048/99, que é o Regulamento da Previdência Social”231.

O Regime Geral de Previdência Social está disciplinado pelo art. 201 da Constituição
Federal e pela Lei n. 8.213/91, esta regulamentada pelo Decreto n. 3.048/1999, sendo que
“compreende todos os trabalhadores que prestam serviços na área privada. Incumbe ao INSS

228
TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito previdenciário. 6.ed. Rio de Janeiro: Editora Lúmen Juris, 2005, p.
15.
229
MIRANDA, Jediel Galvão. Direito da seguridade social: direito previdenciário, infortunística, assistência
social e saúde, p. 138.
230
Vide artigo 201 da Constituição Federal de 1988.
231
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social: custeio da seguridade social – benefícios – acidente
do trabalho – assistência social – saúde, p. 302.
67

a gestão do regime, sendo responsável pela concessão das prestações devidas aos
segurados”232.

Nos regimes próprios de previdência social dos servidores públicos estão sujeitos às
regras gerais estabelecidas pela Lei n. 9.717/1998, “observados os preceitos constitucionais
previstos no art. 40 da Constituição Federal, com a redação dada pelas Emendas
Constitucionais n. 19/98, 20/98, 41/2003 e 47/2005”233.

2.7.3 Assistência Social

A assistência social, é um “conjunto de princípios, de regras e de instituições


destinado a estabelecer uma política social aos hipossuficientes, por meio de atividades
particulares e estatais, visando à concessão de pequenos benefícios e serviços”234,
independentemente de contribuição por parte do próprio interessado.

É parte integrante da Seguridade Social, e tem previsão nos artigos 203 e 204 da CF,
sendo disciplinada em plano infraconstitucional pela Lei 8.742/93 (também conhecida como
Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS) e regulamentada pelo Decreto 1.744/95.

Os objetivos da assistência social foram fixados no art. 203 da Constituição Federal,


senão confira-se:

I – proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;


II – o amparo às crianças e adolescentes carentes; III – a promoção de
integração ao mercado de trabalho; IV – a habilitação e reabilitação das
pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida
comunitária; V – a garantia de um salário-mínimo de benefício mensal à
pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir
meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família,
conforme dispuser a lei235.

232
MIRANDA, Jediel Galvão. Direito da seguridade social: direito previdenciário, infortunística, assistência
social e saúde, p. 138.
233
MIRANDA, Jediel Galvão. Direito da seguridade social: direito previdenciário, infortunística, assistência
social e saúde, p. 138-139.
234
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social: custeio da seguridade social – benefícios – acidente
do trabalho – assistência social – saúde, p. 498.
235
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Obra coletiva de autoria da Editora Saraiva com
a colaboração de Antonio Luiz de Toledo Pinto, Márcia Cristina Vaz dos Santos Windt e Lívia Céspedes. 3. ed.
atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2007.
68

Verifica-se, portanto, que a característica da assistência social é de ser prestada


gratuitamente aos necessitados.

Vale salientar a manifestação de TAVARES, sobre a assistência social, senão confira-


se:

A assistência social é um plano de prestações sociais mínimas e gratuitas a


cargo do Estado para prover pessoas necessitadas de condições dignas de
vida. É um direito social fundamental e, para o Estado, um dever a ser
realizado através de ações diversas que visem atender às necessidades
básicas do indivíduo, em situações críticas da existência humana, tais como
a maternidade, infância, adolescência, velhice e para pessoas portadoras de
limitações físicas236.

Segundo MIRANDA, atuam na assistência social não somente os entes estatais, mas
também “[...] as entidades e organizações que, sem fins lucrativos, prestam atendimento e
assessoramento, bem como trabalham na defesa e garantia de direitos daqueles que são
protegidos pela legislação de assistência social (art. 3º da LOAS)”237. As entidades e
organizações de tal espécie, que são de natureza privada, mas têm finalidade pública, são
denominados de terceiro setor, como por exemplo, as organizações não-governamentais
(ONGs). O primeiro setor é o Estado, o segundo setor é o mercado.

236
TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito previdenciário, p. 17-18.
237
MIRANDA, Jediel Galvão. Direito da seguridade social: direito previdenciário, infortunística, assistência
social e saúde, p. 272.
69

3 REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL

No presente capítulo, será analisado o intróito da Previdência Social no Brasil, bem


como a conceituação de cada benefício de renda mensal, instituído pelo RGPS, com o intuito
de melhor compreensão no presente trabalho acadêmico.

3.1 INTRODUÇÃO

Principal regime previdenciário, estabelecido na Lei n. 8.213/91, na qual estabelece o


Regime Geral de Previdência Social, pelo qual filia ao INSS os trabalhadores vinculados à
iniciativa privada. Esses trabalhadores são qualificados como empregados, empresários,
autônomos, avulsos e especiais, segundo a forma pela qual dão curso às suas atividades238.

E, ainda, STEPHANES, ratifica e acrescenta acerca do Regime Geral de Previdência


Social, senão confira-se:

[...] o RGPS abrange obrigatoriamente todos os trabalhadores da iniciativa


privada, ou seja: os trabalhadores que possuem relação de emprego regida
pela Consolidação das Leis do Trabalho (empregados urbanos, mesmo os
que estejam prestando serviço a entidades paraestatais, os aprendizes e os
temporários), pela Lei n. 5.889/73 (empregados rurais) e pela Lei n.
5.859/72 (empregados domésticos); os trabalhadores autônomos, eventuais
ou não; os empresários, titulares de firmas individuais ou sócios gestores e
prestadores de serviços; trabalhadores avulsos; pequenos produtores rurais e
pescadores artesanais trabalhando em regime de economia familiar; e outras
categorias de trabalhadores, como garimpeiros, empregados de organismos
internacionais, sacerdotes, etc. Segundo estudos, atinge cerca de 86% da
população brasileira amparada por algum regime de previdência239.

Neste norte, pode-se identificar que o RGPS é destinado aos trabalhadores em geral e
possui as seguintes características: caráter contributivo, filiação obrigatória, critérios que
preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e, trata-se de um regime de repartição simples.

238
COIMBRA, José dos Reis Feijó. Direito previdenciário brasileiro. rev. e atual. 9. ed. Rio de Janeiro:
Edições Trabalhistas, 1998, p. 73.
239
STEPHANES, Reinhold. Reforma da previdência sem segredos. Rio de Janeiro: Record, 1998, p. 34.
70

Segundo o SANTOS, em sua obra leciona sobre alguma das características acima
elencadas, senão confira-se:

Equilíbrio financeiro deve ser entendido da seguinte forma: o que se


arrecada deve ser suficiente para pagar os benefícios aos segurados. [...]
Equilíbrio atuarial é a ciência atuarial que baseia-se em técnicas
matemáticas, estatísticas e probabilísticas e, no caso de um sistema
previdenciário, preocupa-se com o equilíbrio de receitas e despesas a longo
prazo. [...] Regime de repartição simples quer dizer que, quem contribui
está pagando os benefícios dos inativos (aposentados, inválidos, reclusos
etc.)240

O RGPS é intitulada como “Plano de Benefícios da Previdência Social”241, na qual a


filiação compulsória e automática fica destinado aos segurados obrigatórios, autorizando, que
pessoas que não estejam classificadas como obrigatórios e não tenham regime próprio de
previdência se inscrevam como segurados facultativos, passando também a serem filiados ao
RGPS. “É o único regime previdenciário compulsório brasileiro que permite a adesão de
segurados facultativos, em obediência ao princípio da universalidade do atendimento – art.
194, I, da Constituição”242.

De acordo com MIRANDA, leciona que a estrutura fundamental do RGPS está


prevista no art. 201 da Carta Magna, que aponta as probabilidades sociais deflagradoras da
proteção social, bem como os princípios e regras que estabelecem a previdência social243.

Sua gestão é executada pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, autarquia
federal responsável pela arrecadação de contribuições sociais para a Seguridade Social e,
também, pela concessão de benefícios e serviços do RGPS.

3.2 DOS BENEFICIÁRIOS DO RGPS

Antes de iniciar a abordagem do presente tópico, é necessário conceituar o que são os


beneficiários da Previdência Social, visando um melhor entendimento para o assunto e dos
tópicos seguintes.

240
SANTOS, Leandro Luís Camargo. Curso de direito da seguridade social, p. 201.
241
CASTRO, Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 123.
242
CASTRO, Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 123.
243
MIRANDA, Jediel Galvão. Direito da seguridade social: direito previdenciário, infortunística, assistência
social e saúde, p. 141.
71

Conforme o artigo 8º do Decreto n. 3.048, de 06/05/1999, “são beneficiários do


Regime Geral de Previdência Social as pessoas físicas classificadas como segurados e
dependentes, nos termos das Seções I e II deste Capítulo”244.

De acordo com MARTINEZ, beneficiários são sempre pessoas físicas. “Pessoas


físicas filiadas e inscritas, isto é, perfeitamente identificadas e qualificadas junto ao INSS.
Autorizadas pela lei a exercitar o direito previdenciário”245.

Para MIRANDA, “beneficiários são aqueles a quem se destinam as prestações


previdenciárias. São titulares do direito subjetivo de usufruir da proteção social contemplada
pelo RGPS. [...] São de dois tipos os beneficiários do RGPS: segurados e dependentes”246.

Por fim, segundo HORVATH JÚNIOR e TANACA, “beneficiário é toda pessoa


protegida pelo sistema previdenciário, seja na qualidade de segurado ou dependente. Os
beneficiários são os sujeitos ativos das prestações previdenciárias”247.

Nesse diapasão, conclui-se que beneficiário é aquele que se beneficia das prestações
da previdência social, ou ainda, aquele que é favorecido pelos benefícios oferecidos pelo
RGPS.

3.2.1 Segurados

Para melhor entendimento do item em tela, é necessária a conceituação elaborada por


alguns doutrinadores, confira-se a seguir.

De acordo com MARTINS, segurado “[...] é tanto o que exerce ou exerceu atividade
remunerada, como aqueles que não exerce atividade (desempregado) ou que não tem
remuneração por sua atividade (dona-de-casa)”248.

GIUSTI, em sua obra, leciona quanto à categoria de segurados, in verbis:

244
MARTINS, Sérgio Pinto. Legislação previdenciária. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2005, p. 70.
245
MARTINEZ, Wladimir Novaes. Curso de direito previdenciário: tomo II – previdência social. São Paulo:
LTr, 1998, p. 120.
246
MIRANDA, Jediel Galvão. Direito da seguridade social: direito previdenciário, infortunística, assistência
social e saúde, p. 144.
247
HORVATH JÚNIOR, Miguel; TANACA, Priscila. Resumo jurídico de direito previdenciário, p. 25.
248
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social: custeio da seguridade social – benefícios – acidente
do trabalho – assistência social – saúde, p. 312.
72

Os segurados da Previdência Social são as pessoas físicas que em


decorrência de imposição legal ou por mera faculdade, filiam-se ao Regime
Geral da Previdência para fins de com ele contribuir, visando, ou não, ao
exercício de determinado benefício futuro. Com efeito, todos os segurados
da Previdência Social têm também a qualidade de contribuintes249.

Para MIRANDA, segurados “[...] são pessoas físicas que se acham vinculadas à
previdência social em decorrência do exercício de atividade remunerada ou em face do
recolhimento de contribuições previdenciárias”250, e, nessa condição, são detentoras de
direitos e deveres próprios da relação jurídica previdenciária.

CASTRO e LAZZARI, lecionam de forma minuciosa sobre os segurados do Regime


Geral de Previdência Social, senão confira-se:

É segurado [...], de forma compulsória, a pessoa física que exerce atividade


remunerada, efetiva ou eventual, de natureza urbana ou rural, com ou sem
vínculo de emprego, a título precário ou não, bem como aquele que a lei
define como tal, observadas, quando for o caso, as exceções previstas no
texto legal, ou exerceu alguma atividade das mencionadas acima, no
período imediatamente anterior ao chamado “período de graça”. Também é
segurado aquele que se filia facultativa e espontaneamente à Previdência
Social, contribuindo para o custeio das prestações sem estar vinculado
obrigatoriamente ao Regime Geral de Previdência Social – RGPS ou a outro
regime previdenciário qualquer251.

Os segurados têm que possuir no mínimo 16 anos de idade, conforme diploma


constitucional, exceto na condição de aprendiz a partir dos 14 anos de idade, conforme artigo
7º, XXXIII da CRFB/88252.

De acordo HORVATH JÚNIOR e TANACA, “os segurados são as pessoas que


mantêm vínculo com a previdência social, decorrendo deste vínculo direitos e deveres”253. Os
direitos evidenciam pela entrega da prestação previdenciária quando constatada a ocorrência

249
GIUSTI, Miriam Petri Lima de. Direito da seguridade social, p. 85.
250
MIRANDA, Jediel Galvão. Direito da seguridade social: direito previdenciário, infortunística, assistência
social e saúde, p. 144.
251
CASTRO, Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 172.
252
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Obra coletiva de autoria da Editora Saraiva com
a colaboração de Antonio Luiz de Toledo Pinto, Márcia Cristina Vaz dos Santos Windt e Lívia Céspedes. 3. ed.
atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2007.
253
HORVATH JÚNIOR, Miguel; TANACA, Priscila. Resumo jurídico de direito previdenciário, p. 25.
73

do risco/contingência social protegida. E, os deveres decorrentes da representação pela


obrigação de pagamento das contribuições previdenciárias.

Os segurados da Previdência Social são classificados em duas espécies em


obrigatórios254 e facultativos255.

Conforme MIRANDA, em sua obra, dispõe que são segurados obrigatórios aqueles
que, “[...] em virtude do exercício de atividade remunerada, de qualquer natureza, com ou sem
subordinação, não abrangida por regime próprio de previdência social, encontram-se
compulsoriamente vinculados ao RGPS”256.

O requisito básico para alguém ter a condição de segurado do RGPS é ser pessoa
física, conforme o artigo 12 da Lei n. 8.212/91257. E, ainda, segundo CASTRO e LAZZARI,
lecionam acerca do requisito para ser segurado obrigatório, não é qual é imprescindível “[...] o
exercício de uma atividade com objeto ilícito não remunerado e lícito, pois o exercício de
atividade com objeto ilícito não encontra amparo na ordem jurídica”258.

Segundo CASTRO e LAZZARI, lecionam em sua obra sobre o segurado facultativo,


na qual dispõe que: “é a pessoa que desfruta que, não estando em nenhuma situação que a lei
considera como segurado obrigatório, desejar contribuir para a Previdência Social, desde que
seja maior de 14 anos259, e não esteja vinculado a nenhuma outro regime previdenciário”260.

Estas espécies de segurados estão dispostas no Decreto n. 3.048/99, em seus artigos 9º


e 11, na qual dispõe sobre os segurados obrigatórios e facultativos.

3.2.2 Dependentes

Dependentes são “[...] as pessoas físicas expressamente designadas pela legislação


como beneficiários do RGPS, cuja proteção social decorre do seu vínculo jurídico e

254
A relação integral está disposta no artigo 9º do Decreto n. 3.048/99.
255
A relação completa poderá ser analisada no artigo 11 do Decreto n. 3.048/99.
256
MIRANDA, Jediel Galvão. Direito da seguridade social: direito previdenciário, infortunística, assistência
social e saúde, p. 144.
257
MARTINS, Sérgio Pinto. Legislação previdenciária, p. 18.
258
CASTRO, Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 172.
259
Segundo o Decreto n. 3.048/99, somente é a partir dos 16 anos de idade.
260
CASTRO, Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 198.
74

econômico com o segurado”261. O vínculo jurídico pressupõe dos laços de família ou relação
de parentesco, ainda que por afinidade e o vínculo econômico por que é exigível que a pessoa
eleita como dependente seja sustentada pelo segurado.

Nos ensinamentos de HORVATH JÚNIOR e TANACA, “a dependência para o


Direito Previdenciário pode ser jurídica e econômica. A legislação previdenciária trata de
dependentes presumidos e comprovados”262. Os dependentes presumidos são aqueles que
“[...] não precisam demonstrar a dependência econômica, apenas o liame jurídico entre eles e
o segurado. Já os dependentes econômicos são aqueles que devem provar que vivem às
expensas do segurado”263.

A existência de dependente de qualquer das classes constantes do artigo 16 da Lei n.


8.213/91 exclui do direito às prestações os das classes seguintes.

Segundo CASTRO e LAZZARI, “dependentes são as pessoas que, embora não


contribuindo para a Seguridade Social, a Lei de Benefícios elenca como possíveis
beneficiários do Regime Geral de Previdência Social – RGPS”264, tendo direito às seguintes
prestações: pensão por morte, auxílio-reclusão, serviço social e reabilitação.

No entanto, MARTINEZ, dispõe em sua obra, acerca do dependente:

[...] dependente é a pessoa economicamente subordinada a segurado. Com


relação a ele é mais próprio falar em estar ou não inscrito ou situação de
quem mantém a relação de dependência ao segurado, adquirindo-a ou
perdendo-a, não sendo exatamente um filiado, pois este é o estado de quem
exerce atividade remunerada, embora não passe de convenção semântica265.

Segundo a lição de FERREIRA e FERREIRA, dependentes “[...] são aquelas pessoas


que se vinculam à Previdência Social de forma reflexa, ou seja, através do segurado”266.

261
MIRANDA, Jediel Galvão. Direito da seguridade social: direito previdenciário, infortunística, assistência
social e saúde, p. 148.
262
HORVATH JÚNIOR, Miguel; TANACA, Priscila. Resumo jurídico de direito previdenciário, p. 38.
263
HORVATH JÚNIOR, Miguel; TANACA, Priscila. Resumo jurídico de direito previdenciário, p. 38.
264
CASTRO, Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 213.
265
MARTINEZ, Wladimir Novaes. Curso de direito previdenciário – tomo I – noções de direito
previdenciário. São Paulo: LTr, 1997, p. 201-208.
266
FERREIRA, Rosni; FERREIRA, Deyse. Guia prático de previdência social. volume I. 3. ed. rev. atual. São
Paulo: LTr, 1999, p. 59.
75

De acordo com CORREIA e CORREIA, dependentes são pessoas, “[...] indicadas em


lei, que, por possuírem algum vínculo com o segurado, serão, para certos benefícios e
serviços, abrangidos pela Previdência Social”267.

Conforme MARTINS enumera em sua obra, acerca dos dependentes, senão confira-se:

a. o(a) cônjuge ou companheiro(a), desde que haja vida em comum por


mais de 5 anos, ou por período menor se da união resultou filho; b. o(a)
filho(a) ou enteado(a), até 21 anos, ou maior de 21 anos quando
incapacitado(a) física ou mentalmente para o trabalho; c. o menor pobre, até
21 anos, que o contribuinte crie e eduque e do qual detenha a guarda
judicial; d. o irmão, o neto ou bisneto, sem arrimo dos pais, até 21 anos ou
maior de 21 anos, quando incapacitado física ou mentalmente para o
trabalho; e. os pais, os avós ou bisavós, desde que não aufiram rendimentos
tributáveis ou não, superiores ao limite de isenção mensal; f. o incapaz
(louco, surdo-mudo e pródigo, assim declarado judicialmente) do qual o
contribuinte seja tutor ou curador268.

A Lei n. 8.213/91, no artigo 16, elenca o rol de dependentes, divididos em três classes,
a saber: Classe I – o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de
qualquer condição, menor de 21 anos ou inválido; Classe II – os pais; Classe III – o irmão não
emancipado, de qualquer condição, menor de 21 anos ou inválido269.

Nos balizados ensinamentos de SOUZA, os dependentes que se enquadram na


primeira classe são chamados de preferenciais, sendo que esta dependência econômica dos
constantes dessa classe são presumidas, e os das demais classes devem ser comprovadas. A
existência de dependentes da primeira classe exclui o direito das classes seguintes. E, com a
existência de dependentes da segunda classe, uma vez que não existentes na primeira classe,
consequentemente exclui os da terceira classe270.

Vale salientar que já é pacificada nos tribunais271 a concessão de pensão a


companheiro homossexual do segurado. Desta feita, para os fins de serem considerados
dependentes preferenciais (da primeira classe), a união estável de homossexuais é válida. “A

267
CORREIA, Marcus Orione Gonçalves; CORREIA, Érica Paula Barcha. Curso de direito da seguridade
social, p. 231.
268
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social: custeio da seguridade social, benefícios – acidente
do trabalho – assistência social – saúde, p. 314.
269
MARTINS, Sérgio Pinto. Legislação previdenciária, p. 47.
270
SANTOS, Leandro Luís Camargo dos. Curso de direito da seguridade social, p. 207.
271
Neste sentido, no TRF-4ª Região, vide: AC n. 200071000093470/RS, Relator Ministro Quáglia Barbosa, DJU
06/02/2006.
76

este respeito a Instrução Normativa n. 57/01 dispõe sobre as regras para inscrição de
companheiro homossexual como dependente, devendo ser efetuada diretamente no INSS”272.

3.3 DOS PERÍODOS DE CARÊNCIA PARA A OBTENÇÃO DOS BENEFÍCIOS

O período de carência é o número mínimo de contribuições indispensável para que o


beneficiário faça jus ao benefício.

Segundo o artigo 24 da Lei n. 8.213/1991 define carência como sendo “o número


mínimo de contribuições mensais indispensáveis para que o beneficiário faça jus ao benefício,
consideradas a partir do transcurso do primeiro dia dos meses de suas competências”273.

Neste sentido, FERREIA e FERREIRA explanam acerca da carência, senão confira-


se:

[...] é o número de contribuições sociais mensais sem interrupção que


determine a perda da qualidade de segurado, ou seja, é o período de
contribuição exigido por lei para que o contribuinte adquira e mantenha a
qualidade de segurado indispensável para que o beneficiário faça jus ao
benefício274.

No mesmo sentido, OLIVEIRA dispõe em sua obra, que o período de carência é o


“[...] número de contribuições mensais indispensáveis para que o beneficiário faça jus ao
benefício, consideradas a partir do transcurso do primeiro dia dos meses de suas
competências”275.

É razoável e justificável, para que o sistema possa funcionar de forma saudável, a


exigência de número mínimo de contribuições para que possam ser concedidos determinados
benefícios previdenciários, já que o regime de previdência social é de caráter contributivo.

272
SANTOS, Leandro Luís Camargo dos. Curso de direito da seguridade social, p. 208.
273
MARTINS, Sérgio Pinto. Legislação previdenciária, p. 50.
274
FERREIRA, Rosni; FERREIRA, Deyse. Guia prático de previdência social, p. 82.
275
OLIVEIRA, Aristeu de. Manual prático da previdência social. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2005, p. 310.
77

De acordo com SANTOS, “na previdência social a idéia é exatamente esta, para que o
segurado tenha direito a benefícios, é necessário ter pago um número certo de contribuições
mensais”276.

No entanto, CASTRO e LAZZARI afirmam que no período de carência, o beneficiário


não tem direito à prestação previdenciária, senão confira-se:

Durante o período de carência, o beneficiário ainda não tem direito à


prestação previdenciária. Como se cogita de previdência, isto é, cobertura
de danos futuros e incertos, e não de seguridade, que seria a atividade de
amparo a qualquer manifestação de necessidade decorrente de risco social, a
presença do dano próprio momento da vinculação distorceria a finalidade do
sistema e levaria a Previdência Social a tornar-se uma instituição de caráter
assistencial277.

O caput do artigo 26 do Decreto n. 3.048/99 define período de carência como “[..] o


tempo correspondente ao número mínimo de contribuições mensais indispensáveis para que o
beneficiário faça jus ao benefício, consideradas a partir do transcurso do primeiro dia dos
meses de suas competências”278.

Neste sentido, SANTOS explana que “o período de carência varia conforme o


benefício pretendido, sendo de bom alvitre destacar que há benefícios isentos de carência, i. é,
podem ser gozados desde a filiação do segurado”279.

A contagem do dia do início da contagem do período de carência é feito observando-se


as regras que estão dispostas no artigo 28, do Decreto n. 3.048/99, na qual CASTRO e
LAZZARI traduzem da seguinte forma:

- para o segurado empregado, trabalhador avulso e contribuinte individual


(este a partir de abril de 2003, quando prestar serviços à empresa, que
possui a obrigação de retenção e recolhimento): o primeiro dia do mês de
filiação ao RGPS, ou seja, desde o primeiro dia do mês em que iniciou a
execução de atividade remunerada nesta condição, sendo presumida a
contribuição; - para o segurado empregado doméstico, contribuinte
individual, (observado o disposto no §4º do art. 26 do Decreto n. 3.048/99),
especial (este enquanto contribuinte individual na forma do disposto no §2º
do art. 200 do mesmo Decreto), e facultativo, da data do efetivo

276
SANTOS, Leandro Luís Camargo dos. Curso de direito da seguridade social, p. 210.
277
CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, 462.
278
MARTINS, Sérgio Pinto. Legislação previdenciária, 79.
279
SANTOS, Leandro Luís Camargo dos. Curso de direito da seguridade social, p. 210.
78

recolhimento da primeira contribuição sem atraso, não sendo consideradas


para esse fim as contribuições recolhidas com atraso referentes a
competências anteriores, observado, quanto ao segurado facultativo, o
disposto nos §§3º e 4º do art. 11 do Decreto n. 3.048/99)280

Entretanto, nem todas as prestações reclamam um período prévio de carência.


Independe de carência a concessão das seguintes prestações, conforme estabelece o artigo 26,
da Lei n. 8.213/91281, senão confira-se:

Art. 26. Independe de carência a concessão das seguintes prestações:

I – pensão por morte, auxílio-reclusão, salário-família e auxílio-acidente;

II – auxílio-doença e aposentadoria por invalidez nos casos de acidente de


qualquer natureza ou causa e de doença profissional ou do trabalho, bem
como nos casos de segurado que, após filiar-se ao Regime Geral de
Previdência Social, for acometido de alguma das doenças e afecções
especificadas em lista elaborada pelo Ministérios da Saúde e do Trabalho e
da Previdência Social a cada três ano, de acordo com os critérios de
estigma, deformação, mutilação, deficiência, ou outro fator que lhe confira
especificidade e gravidade que mereçam tratamento particularizado;

III – os benefícios concedidos na forma do inciso I do art. 39, aos segurados


especiais referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei.

IV – serviço social;

V – reabilitação profissional;

VI – salário-maternidade para as seguradas empregada, trabalhadora avulsa


e empregada doméstica.

No caso de perda da qualidade do segurado, as contribuições anteriores a essa data


somente serão avaliadas para efeito de carência depois que o segurado contar, desde que tenha
um número mínimo de contribuições, conforme preceitua o artigo 27, do Decreto n. 3.048/99:

Art. 27-A. Havendo perda da qualidade de segurado, as contribuições


anteriores a essa perda somente serão computadas para efeito de carência
depois que o segurado contar, a partir da nova filiação ao Regime Geral da
Previdência Social, com, no mínimo, um terço do número de contribuições
exigidas para o cumprimento da carência definida no art. 29.

280
CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, 462-463.
281
MARTINS, Sérgio Pinto. Legislação previdenciária, 50.
79

Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput ao segurado oriundo de


regime próprio de previdência social que se filiar ao Regime Geral de
Previdência Social após os prazos a que se refere o inciso II do caput e o
§1º do art. 13.

No tocante a perda da qualidade do segurado, CASTRO e LAZZARI esclarece que:

Havendo perda da qualidade de segurado, as contribuições anteriores a essa


data só serão computadas para efeito de carência depois que o segurado
contar, a partir da nova filiação à Previdência Social, com, no mínimo, um
terço do número de contribuições exigidas para o cumprimento da carência
definida para o benefício a ser requerido, aplicando-se a mesma regra do
filiado a outro regime de previdência social que venha a se filiar ao RGPS
após os prazos do chamado “período de graça”. Tal disposição, presente
desde que a edição original da Lei n. 8.213/91, não foi revogada porque a
Medida Provisória n. 242/2005 não chegou a ser apreciada a tempo pelo
Congresso Nacional282.

Para melhor entendimento da perda de qualidade do segurado, exemplifica-se um caso


hipotético, na qual o segurado tenha vertido 8 contribuições antes da perda da qualidade do
segurado. Para ter direito ao beneficio do auxílio-doença decorrente de causa diversa da
elencada no art. 26, II, da Lei n. 8.213/91, necessita voltar a contribuir e, após verter
contribuições por 4 meses poderá somar as 8 contribuições realizadas anteriormente. Se, ao
final do quarto mês, for acometido de incapacidade que lhe impeça de exercer as atividades
habituais, terá direito ao benefício, haja vista que somará 12 contribuições (8 (anteriores) + 4
(atuais)).

Para o segurado em categorias diferenciadas de empregado e contribuinte individual,


desde que não tenha perdido essa qualidade e desde que comprovado recolhimento de
contribuições em todo o período, “[...] é contado para efeito de carência todo o período de
atividade desde a filiação como empregado, mesmo que, quando na categoria de contribuinte
individual, tenha efetuado recolhimentos em atraso”283.

282
CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, 466-467.
283
CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, 467.
80

3.4 DOS BENEFÍCIOS DE RENDA MENSAL

Os benefícios são “prestações de cunho pecuniário, enquanto os serviços são


prestações concernentes a atividades desenvolvidas pelo órgão previdenciário com o fito de
auxílio, apoio e orientação aos beneficiários da previdência social”284.

De acordo com a Lei n. 8.213/91, os benefícios e inclusive os devidos em razão do


acidente de trabalho, considerados destinatários, são:

a) quanto ao segurado: aposentadoria por invalidez, aposentadoria por idade,


aposentadoria por tempo de contribuição, aposentadoria especial, auxílio-doença, salário-
família, salário-maternidade e auxílio-acidente;

b) quanto ao dependente: pensão por morte e auxílio-reclusão

Os serviços são de duas modalidades, devidos aos segurados e aos dependentes: a)


serviço social; b) habilitação e reabilitação profissional.

Segundo preleciona MIRANDA, “os benefícios, como prestações pecuniárias que são,
devem ser calculados de acordo com a situação particular de cada segurado, com a
observância de algumas regras”285.

3.4.1 Aposentadoria por Invalidez

A aposentadoria por invalidez é devida ao segurado que, estando ou não em gozo de


auxílio-doença, seja considerado incapacitado para o trabalho e insuscetível de reabilitação
para o labor que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto perdurar tal condição286.

A Constituição Federal de 1988 determina em seu artigo 201, I, que a previdência


social atenderá a “cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada”287, e,

284
MIRANDA, Jediel Galvão. Direito da seguridade social: direito previdenciário, infortunística, assistência
social e saúde, p. 159.
285
MIRANDA, Jediel Galvão. Direito da seguridade social: direito previdenciário, infortunística, assistência
social e saúde, p. 160.
286
SANTOS, Leandro Luís Camargo dos. Curso de direito da seguridade social, 222.
287
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Obra coletiva de autoria da Editora Saraiva com
a colaboração de Antonio Luiz de Toledo Pinto, Márcia Cristina Vaz dos Santos Windt e Lívia Céspedes. 3. ed.
atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2007.
81

os artigos 42 a 47 da Lei n. 8.213/91, e por fim, os artigos 43 a 50 do Decreto n. 3.048/99


abordam a aposentadoria por invalidez.

Segundo MARTINS, leciona em sua obra que a aposentadoria por invalidez é devida
ao segurado que, “[...] estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz
para o trabalho e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a
subsistência, sendo o benefício pago enquanto permanecer nessa condição”288, conclui-se, que
é um benefício temporário.

De acordo com MIRANDA, “a aposentadoria por invalidez, inclusive a originada de


conversão de auxílio-doença, somente será concedida se houver afastamento do segurado de
todas as atividades laborais”289.

Conforme o artigo 42, §1º, da Lei n. 8.213/91290, a concessão de aposentadoria por


invalidez dependerá da verificação da condição de incapacidade mediante exame médico-
pericial a cargo da Previdência Social, podendo o segurado, a suas expensas, fazer-se
acompanhar de médico de sua confiança.

E, ainda, o Ministério da Previdência Social291 destaca que não tem direito à


aposentadoria por invalidez quem, ao se filiar à Previdência Social, já tiver doença ou lesão
que geraria o beneficio, a não ser quando a incapacidade resultar no agravamento da
enfermidade. Quem recebe aposentadoria por invalidez tem que passar por perícia médica de
dois em dois anos, sob pena de o benefício ser suspenso. A aposentadoria deixa de ser paga
quando o segurado recupera a capacidade e volta ao trabalho.

Há necessidade de carência de 12 contribuições mensais. Não há carência para a


aposentadoria por invalidez decorrente de acidente ou para os casos dos segurados especiais,
no entanto, é fundamental que esteja inscrito na Previdência Social. A renda mensal da
aposentadoria por invalidez é de 100% do salário-de-benefício.

O termo inicial da aposentadoria por invalidez se verifica da seguinte forma:

288
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social: custeio da seguridade social, benefícios – acidente
do trabalho – assistência social – saúde, p. 345.
289
MIRANDA, Jediel Galvão. Direito da seguridade social: direito previdenciário, infortunística, assistência
social e saúde, p. 181.
290
MARTINS, Sérgio Pinto. Legislação previdenciária, p. 53-54.
291
BRASIL. Ministério da previdência social. Disponível em: <http://www.mpas.gov.br/>. Acesso em 07 de
setembro de 2008.
82

a) quando precedido de auxílio-doença, o benefício será devido a partir do


dia imediatamente ao da cessação do auxílio-doença; b) quando não
precedido de auxílio-doença, o benefício relativo ao segurado empregado
será devido a contar do 16º dia do afastamento da atividade ou a partir da
entrada do requerimento, se entre o afastamento e a protocolização do
requerimento transcorrer lapso superior a 30 dias; c) no tocante aos demais
segurados, quando não precedido de auxílio-doença, o benefício será devido
da data do início da incapacidade ou da data da protocolização do
requerimento, se entre essas datas houver transcorrido mais de 30 dias292.

O segurado aposentado por invalidez é obrigado, independentemente de sua idade, sob


pena de suspensão do seu benefício, a submeter-se a exame médico a cargo da Previdência
Social, processo de reabilitação profissional e tratamento dispensado gratuitamente, exceto
cirúrgico e a transfusão de sangue, que são facultativos293.

3.4.2 Aposentadoria por Idade

A aposentadoria por idade é benefício de prestação continuada, de periodicidade


mensal, que substitui o salário-de-contribuição ou remuneração do trabalhador, devido àquele
que, cumprindo a carência exigida, tenha alcançado a idade mínima estabelecida na legislação
previdenciária294.

Segundo CASTRO e LAZZARI, lecionam que a aposentadoria por idade, foi


elaborada pela “[...] Lei Orgânica da Previdência Social – Lei n. 3.807/60 – e hoje mantida
pela Lei 8.213/91, é devida ao segurado que, cumprida a carência exigida, completar 65 anos
de idade, se homem, ou 60 anos de idade, se mulher”295.

Salienta-se que conforme o artigo 201, §7º, II, da Carta Magna, que esses limites de
idades são reduzidos para cinco anos para os trabalhadores rurais de ambos os sexos e para os
que exercem suas atividades em regime de economia familiar, neste incluídos o produtor
rural, o garimpeiro e o pescador artesanal.

292
MIRANDA, Jediel Galvão. Direito da seguridade social: direito previdenciário, infortunística, assistência
social e saúde, p. 182.
293
MIRANDA, Jediel Galvão. Direito da seguridade social: direito previdenciário, infortunística, assistência
social e saúde, p. 184.
294
MIRANDA, Jediel Galvão. Direito da seguridade social: direito previdenciário, infortunística, assistência
social e saúde, p. 188.
295
CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, 561.
83

De acordo com o artigo 51 do Decreto n. 3.048/99, dispõe acerca da aposentadoria por


idade, senão confira-se:

Art. 51. A aposentadoria por idade, uma vez cumprida a carência exigida,
será devida ao segurado que completar sessenta e cinco anos de idade, se
homem, ou sessenta, se mulher, reduzidos esses limites para sessenta e
cinqüenta e cinco anos de idade para os trabalhadores rurais,
respectivamente homens e mulheres, referidos na alínea a do inciso I, na
alínea j do inciso V e nos incisos VI e VII do caput do art. 9º, bem como
para os segurados garimpeiros que trabalhem, comprovadamente, em
regime de economia familiar, conforme definido no §5º do art. 9º296.

Deve-se salientar que fazem jus à aposentadoria por idade o empregado, empregado
doméstico, contribuinte individual, trabalhador avulso, segurado especial e o facultativo, ou
seja, todos os segurados.

Além da idade mínima para requerer o benefício, GIUSTI expõe em sua obra, que
“[...] o segurado também deverá cumprir o respectivo período de carência que, nos termos do
art. 25, II, da Lei 8.213/91, corresponde a 180 contribuições mensais”297.

Para o trabalhador rural é necessário a comprovação do exercício da atividade rural,


durante cinco anos, para obter a aposentadoria de um salário mínimo, e somente após 180
contribuições (15 anos) terá o mesmo cálculo do urbano (art. 143, da Lei n. 8.213/91)298.

E, ainda, tratando-se de trabalhador rural, aquele que tiver contribuições superiores a


11/91 (empregado, contribuinte individual e segurado especial que esteja contribuindo
facultativamente), a partir de 13 de dezembro de 2002, não se considera a perda da qualidade
para fins de aposentadorias299.

O termo inicial do beneficio para o segurado empregado e o doméstico conta-se a


partir da data do desligamento do emprego, quando requerida até 90 dias depois dela; ou a
partir data do requerimento, quando não houver desligamento do emprego ou quando a

296
MARTINS, Sérgio Pinto. Legislação previdenciária, p. 86.
297
GIUSTI, Miriam Petri Lima de Jesus. Direito da seguridade social, p. 125.
298
OLIVEIRA, Aristeu de. Manual prático da previdência social, 393.
299
BRASIL. Ministério da previdência social. Disponível em: <http://www.previdenciasocial.gov.br>. Acesso
em: 15 de agosto de 2008.
84

requerida após o período de 90 dias. Para os demais segurados, o termo de início do benefício
se dá a partir da entrada do requerimento300.

Se o benefício for postulado judicialmente e inexistir o requerimento administrativo,


segundo MIRANDA, “[...] o termo inicial será a data da citação, quando a autarquia
previdenciária é efetivamente constituída em mora (art. 219, caput, CPC)”301. Conforme o
referido autor o tema não é pacífico na jurisprudência, havendo forte corrente que entende ser
a data do ajuizamento da ação o termo inicial do benefício.

De acordo com a Lei n. 10.666/2003, a perda da qualidade de segurado não será


considerada para a concessão de aposentadoria por idade, entretanto o trabalhador terá que
cumprir o tempo mínimo de contribuição à Previdência Social. Os inscritos a partir de 25 de
julho de 1991, é necessário ter, pelo menos, 180 contribuições mensais302.

E, para os segurados inscritos na Previdência Social até a data de 24.07.1991, deverão


obedecer a tabela de transição, conforme o artigo 142 da Lei n. 8.213/91.

A aposentadoria por idade é irreversível e irrenunciável, conforme artigo 60, §2º, do


Decreto n. 3.048/99, de acordo com essa regra, CASTRO e LAZZARI acrescentam acerca do
tema: “[...] a aposentadoria por idade tem caráter definitivo, só cessando por morte do
segurado. No entanto, na jurisprudência pode-se encontrar vários precedentes admitido o
direito da renúncia à aposentadoria303”.

As regras gerais referente a aposentadoria por idade estão elencadas, além da Emenda
Constitucional n. 20/98, estão dispostas nos artigos 48 a 51 da Lei n. 8.213/91, bem como nos
artigos 51 a 55 do Decreto n. 3.048/99.

300
SANTOS, Leandro Luís Camargo dos. Curso de direito da seguridade social, p. 231.
301
MIRANDA, Jediel Galvão. Direito da seguridade social: direito previdenciário, infortunística, assistência
social e saúde, p. 189.
302
BRASIL. Ministério da previdência social. Disponível em: <http://www.previdenciasocial.gov.br>. Acesso
em: 15 de agosto de 2008.
303
CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 562-
563.
85

3.4.3Aposentadoria por Tempo de Contribuição

A partir da Emenda Constitucional n. 20, de 1998, emergiu uma nova modalidade de


aposentadoria, na qual trata-se da aposentadoria por tempo de contribuição. Após a referida
Emenda Constitucional substituiu a aposentadoria por tempo de serviço.

Com a Emenda Constitucional n. 20/98, não há a aposentadoria proporcional, somente


existe a aposentadoria por tempo integral, ressalvado os casos daqueles que já estavam
filiados ao sistema antes da referida Emenda Constitucional304.

De acordo com MIRANDA, em sua obra explica sobre o tempo de contribuição, senão
confira-se:

O tempo de contribuição é o período tido por contributivo (efetivo ou por


equiparação), contado de data a data, desde o início até a data do
requerimento ou desligamento de atividade abrangida pela previdência
social, descontados os períodos legalmente estabelecidos como de
suspensão de contrato de trabalho, de interrupção de exercício e de
desligamento da atividade305.

Nesse sentido, “considera-se tempo de contribuição, além daquelas em que


efetivamente houve o pagamento da contribuição pelo segurado, os períodos em atividades
previstas no art. 60 do Decreto n. 3.048/99[...]” 306.

Tal benefício está fundamentado no artigo 201, §7º, I, da CRFB/88307, que dispõe:

Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral,
de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que
preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a:

§7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos


termos da lei, obedecidas as seguintes condições:

I – trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos de


contribuição, se mulher.

304
HORVATH JR., Miguel; TANACA, Priscila. Resumo jurídico de direito previdenciário, p. 80.
305
MIRANDA, Jediel Galvão. Direito da seguridade social: direito previdenciário, infortunística, assistência
social e saúde, p. 199.
306
CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 570.
307
MARTINS, Sérgio Pinto. Legislação previdenciária, p. 12.
86

Segundo a previsão constitucional, “[...] exige-se para a concessão do benefício o


efetivo período de contribuição para o sistema de 35 anos, quando o segurado for homem, e
30 anos, quando mulher”308. Verifica-se, portanto, que diferentemente da legislação anterior à
Emenda Constitucional n. 20/98, não há exigência do requisito idade para a obtenção do
benefício, contentando o constituinte com o efetivo período de contribuição.

A aposentadoria por tempo de contribuição “[...] é devida ao segurado empregado,


inclusive ao doméstico, a partir da data do desligamento do emprego ou da data do
requerimento. Para os demais segurados, será a data da entrada do requerimento”309.

A observância de carência é exigível para a concessão da aposentadoria por tempo de


contribuição, correspondendo a 180 contribuições para os segurados que ingressaram no
RGPS após a Lei n. 8.213/91. “Para os segurados que se encontravam vinculados ao sistema
previdenciário até 24/07/91, a carência é apurada de acordo com a tabela progressiva de que
trata o artigo 142, da Lei n. 8.213/91[...]”310.

A renda mensal inicial é de 100% do salário-de-benefício para os segurados que


seguirem os ditames de 35 anos de contribuição para os homens e 30 anos para a mulher.

O segurado filiado até 15.12.1998, que cumpriu a carência exigida, terá direito à
aposentadoria proporcional, quando cumulativamente, contar com 53 anos ou mais de idade,
para o homem e 48 anos ou mais para a mulher; contar o tempo de contribuição de 30 anos,
para homem e 25 anos, para mulher; e contar um período adicional de contribuição
equivalente a 40% do tempo que, na data de 16.12.98, faltaria para atingir o limite de tempo
de contribuição de 30 anos para o homem e 25 anos para a mulher, conforme artigo 9º, da
Emenda Constitucional n. 20/98.

O valor da aposentadoria proporcional será equivalente a “[...] 70% da aposentadoria a


que se refere o caput do art. 9º, acrescido de 5% por ano de contribuição que supere a soma a

308
GIUSTI, Miriam Petri Lima de Jesus. Direito da seguridade social, p. 121.
309
CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 572.
310
MIRANDA, Jediel Galvão. Direito da seguridade social: direito previdenciário, infortunística, assistência
social e saúde, p. 199.
87

que se refere o inciso I, §1º do art. 9º da Emenda Constitucional n. 20/98, até o limite de
100%”311.

Com as mudanças promovidas pela Emenda Constitucional n. 20/98, e pela Lei n.


9.876/99, as normas de concessão e de apuração do benefício vão depender da época em que
o segurado adquiriu o direito à aposentadoria, pois a legislação posterior não pode alterar a
forma de cálculo dos benefícios cujo direito já foi adquirido.

A aposentadoria por tempo de contribuição tem previsão legal no artigo 201, §7º,
inciso I, da Constituição Federal. No plano infraconstitucional o benefício se encontra
previsto no art. 18, inciso I, c, da Lei n. 8.213/1991, com a redação dada pela Lei
Complementar n. 123/2006, regulamentados pelos artigos. 55 a 63 do Decreto n. 3.048/1999.

3.4.4Aposentadoria Especial

Aposentadoria especial, conforme OLIVEIRA, “é uma prestação paga mensalmente


ao segurado que, uma vez cumprida a carência exigida, [...] sujeito a condições especiais que
prejudiquem a saúde ou a integridade física”312.

A Emenda Constitucional n. 20/98 modificou a redação do artigo 202 da Constituição,


na qual previa que a aposentadoria seria concedida após 35 anos de trabalho para o homem e
30, para a mulher, ou em tempo inferior, se sujeitos a trabalho sob condições especiais que
prejudiquem a saúde ou integridade física definidas em lei. No entanto com a referida Emenda
Constitucional a matéria passou a ser regulamentada pelo artigo 201, §1º, da CRFB/88, que
dispõe:

É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão


de aposentadoria aos beneficiários do regime geral de previdência social,
ressalvados os casos de atividades exercidas sob condições especiais que
prejudiquem a saúde ou a integridade física e quando se tratar de segurados
portadores de deficiência, nos termos definidos em lei complementar313.

311
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social: custeio da seguridade social; benefícios; acidente de
trabalho; assistência social; saúde, p. 351.
312
OLIVEIRA, Aristeu de. Manual prático da previdência social, p. 406.
313
MARTINS, Sérgio Pinto. Legislação previdenciária, p. 13.
88

Deste modo, a aposentadoria especial decorre de uma “[...] natureza extraordinária,


tendo por objetivo compensar o trabalho do segurado que presta serviços em condições
adversas à sua saúde ou que desempenha atividade com riscos superiores aos normais”314.

A carência exigida é de “180 contribuições mensais sem interrupção que determine a


perda da qualidade de segurado, observado o disposto no art. 29, II, do Decreto n.
3.048/99”315.

O valor devido a título da renda mensal do benefício corresponderá a 100% do salário-


de-benefício, calculado da mesma forma que os relativos às aposentadorias por tempo de
contribuição e por idade, sem a aplicação do fator previdenciário316.

Para a concessão do benefício o artigo 64, §1º, do Decreto n. 3.048/99317, dispõe:

Art. 64. A aposentadoria especial, uma vez cumprida a carência exigida,


será devida ao segurado empregado, trabalhador avulso e contribuinte
individual, este somente quando cooperado filiado a cooperativa de trabalho
ou de produção, que tenha trabalhado durante quinze, vinte ou vinte e cinco
anos, conforme o caso, sujeito a condições especiais que prejudiquem a
saúde ou a integridade física.

§1º A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo


segurado, perante o Instituto Nacional do Seguro Social, do tempo de
trabalho permanente, não ocasional nem intermitente, exercido em
condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física,
durante o período mínimo fixado no caput.

E, a Emenda Constitucional n. 20/98 acrescenta que para se fazer jus à aposentadoria


especial, é necessário o preenchimento dos seguintes requisitos: carência exigida; exercício de
trabalho em condições especiais por 15, 20, ou 25 anos, conforme dispuser a lei; exercício da
atividade de forma habitual e permanente durante todo o período exigido.

A aposentadoria especial está disciplinada pelos artigos 57 e 58 da Lei n. 8.213/91,


regulamentados pelo Decreto n. 3.048/99, nos artigos 64 a 70.

314
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social: custeio da seguridade social; benefícios; acidente de
trabalho; assistência social; saúde, p. 381.
315
FERREIA, Rosni; FERREIRA, Deyse. Guia prático de previdência social, p. 146.
316
GIUSTI, Miriam Petri Lima de Jesus. Direito da seguridade social, p. 129.
317
MARTINS, Sérgio Pinto. Legislação previdenciária, p. 91.
89

3.4.5 Auxílio-doença

O auxílio-doença é um “benefício previdenciário devido ao segurado que, havendo


cumprido, quando for o caso, o período de carência, ficar incapacitado para seu trabalho ou
atividade habitual por mais de quinze dias consecutivos”318.

O benefício em tela, dever ter curta duração e renovável a cada oportunidade em que o
segurado dele necessite. É um benefício pago em decorrência de incapacidade temporária.

De acordo com CASTRO e LAZZARI, o auxílio-doença não será devido ao segurado


que “[...] se filiar ao RGPS já portador da doença ou da lesão invocada como causa para o
benefício, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento
dessa doença ou lesão”319.

Nesse sentido, o termo inicial do benefício comportará em três situações: para o


segurado empregado, o benefício será devido a contar do 16º dia do afastamento da atividade
laboral; no caso dos demais segurados, o benefício será devido a contar da data do início da
incapacidade; será devido a partir da data do requerimento administrativo, para todos os
segurados, quando o benefício for solicitado após o transcurso de 30 dias contados do
afastamento da atividade.

Nos primeiros 15 dias consecutivos do afastamento da atividade por motivo de


doença, compete ao empregador arcar com o pagamento integral do salário do segurado.
“Quando o segurado, em caso de acidente, não tiver se afastado do trabalho no dia do
acidente, a responsabilidade do empregador pela sua remuneração integral terá o prazo de 15
dias contado a partir da data do efetivo afastamento”320.

A carência para concessão do auxílio-doença é de “[...] 12 contribuições mensais se


for ou auxílio-doença comum ou nenhuma contribuição se for o auxílio-doença acidentário. E
a renda inicial será de 91% do salário-de-benefício”321.

318
TSUTIYA, Augusto Massayuki. Curso de direito da seguridade social, p. 297.
319
CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 599.
320
MIRANDA, Jediel Galvão. Direito da seguridade social: direito previdenciário, infortunística, assistência
social e saúde, p. 177.
321
SANTOS, Leandro Luís Camargo dos. Curso de direito da seguridade social, p. 254.
90

Para conceder o auxílio-doença é necessário o exame médico pericial a cargo da


Previdência Social, visto que a empresa que dispuser de serviço médico, próprio ou convênio,
terá a seu cargo o exame médico e o abono das faltas correspondentes aos 15 dias,
encaminhando o segurado à perícia médica da Previdência Social somente quando esse prazo
for ultrapassado322.

Nesse sentido o artigo 71 e parágrafos do Decreto n. 3.048/99323 dispõe acerca do


auxílio-doença, in verbis:

Art. 71. O auxílio-doença será devido ao segurado que, após cumprida,


quando for o caso, a carência exigida, ficar incapacitado para o seu trabalho
ou para a sua atividade habitual por mais de quinze dias consecutivos.

§1º Não será devido auxílio-doença ao segurado que se filiar ao Regime


Geral de Previdência Social já portador de doença ou lesão invocada como
causa para a concessão do benefício, salvo quando a incapacidade sobrevier
por motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão.

§2º Será devido auxílio-doença, independentemente de carência, aos


segurados obrigatório e facultativo, quando sofrerem acidente de qualquer
natureza.

O benefício cessa “[...] por ocasião da alta médica ou, formalmente, por disfunção, no
dia anterior ao início da aposentadoria por invalidez ou do auxílio-acidente”324.

O auxílio-doença tem previsão legal nos artigos 59 a 64 da Lei n. 8.213/91, bem como
nos artigos 71 a 80 do Decreto n. 3.048/99.

3.4.6 Salário-família

Salário-família é o benefício pago aos trabalhadores com salário mensal de até


R$710,08325, para auxiliar no sustento dos filhos de até 14 anos incompletos ou inválidos. São
equiparados aos filhos, os enteados e os tutelados que não possuem bens suficientes para o
próprio sustento.

322
OLIVEIRA, Aristeu de. Manual prático da previdência social, p. 436.
323
MARTINS, Sérgio Pinto. Legislação previdenciária, p. 93.
324
MARTINEZ, Wladimir. Curso de direito previdenciário: tomo II – previdência social, p. 651.
325
BRASIL. Ministério da previdência social. Disponível em:
<http://www.previdencia.gov.br/pg_secundarias/beneficios_11.asp> . Acesso em: 01 out. 2008.
91

Conforme CASTRO e LAZZARI, conceituam em sua obra que o salário-família é um


“benefício previdenciário pago, mensalmente, ao trabalhador de baixa renda, filiado na
condição de segurado empregado (exceto o doméstico) e de trabalhador avulso, na proporção
do respectivo número de filhos ou equiparados de até 14 anos de idade, ou inválidos”326.

E, também, terá direito ao salário-família, na qual será pago juntamente com a


aposentadoria, o “aposentado por invalidez ou por idade: os aposentados com 65 anos ou mais
de idade, se do sexo masculino, ou de 60 anos ou mais, se do sexo feminino, e ao rural
aposentado aos 60 anos ou mais, se do sexo masculino, ou de 55 anos ou mais, se do sexo
feminino”327.

O salário-família tem como objetivo proporcionar auxílio financeiro ao segurado


hipossuficiente nas obrigações familiares relativas à manutenção e à educação de prole sem
capacidade laborativa. “Como prestação previdenciária de natureza complementar, que não
substitui o salário-de-contribuição ou o rendimento do trabalhador, o benefício pode ter valor
inferior ao salário mínimo”328.

De acordo com a Portaria n. 77, de 12 de março de 2008, o valor do salário-família


será de R$24,23, por filho de até 14 anos incompletos ou inválido, para quem ganhar até
R$472,43. Para o trabalhador que receber de R$472,44 até 710,08, o valor do salário-família
por filho de até 14 anos incompletos ou inválido, será de R$17,07329.

O termo inicial do benefício conta-se a partir da data de apresentação da certidão de


nascimento ou da documentação do menor equiparado a filho. Em relação ao inválido maior
de 14 anos, conta-se a partir da comprovação da invalidez a cargo da perícia médica do INSS.

Deve-se salientar que para concessão do salário-família, a Previdência Social não


exige tempo mínimo de contribuição.

O termo final para o recebimento do salário-família decorre com seguintes termos: ao


completar 14 anos, os filhos equiparados; a contar do mês seguinte ao da cessação da

326
CASTRO, Carlos Alberto; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 616.
327
OLIVEIRA, Aristeu de. Manual prático da previdência social, p. 440.
328
MIRANDA, Jediel Galvão. Direito da seguridade social: direito previdenciário, infortunística, assistência
social e saúde, p. 215.
329
BRASIL. Ministério da previdência social. Disponível em:
<http://www.previdencia.gov.br/pg_secundarias/beneficios_11.asp> . Acesso em: 01 out. 2008.
92

incapacidade do filho equiparado; a contar do mês seguinte ao óbito do filho equiparado; pelo
desemprego do segurado330.

De acordo com CORREIA e CORREIA, em sua obra, ressaltam acerca do pagamento


do benefício, na qual dispõe:

[...] o pagamento é feito diretamente pela empresa, que, mensalmente, no


recolhimento das contribuições a que está obrigada, fará a compensação de
valores. O valor do salário-família não integra, para qualquer efeito, o
salário do trabalhador331.

E, ainda, GIUSTI complementa que “o benefício será pago diretamente pela


Previdência Social quando o segurado estiver recebendo auxílio-doença, caso este já estivesse
recebendo o benefício quando em atividade”332.

O embasamento constitucional do benefício encontra-se no artigo 201, IV, da


CRFB/88, sendo disciplinados pelos artigos 65 a 70 da Lei n. 8.213/91, bem como os artigos
81 a 92 do Decreto n. 3.048/99.

3.4.7 Salário-maternidade

O salário-maternidade consiste na remuneração a que a segurada gestante tem direito


durante seu afastamento, de acordo com o período estabelecido por lei e mediante
comprovação médica333.

O intuito desse instrumento de proteção social é “[...] assegurar remuneração à


gestante durante o período de afastamento das atividades laborais em virtude do parto, aborto
ou adoção”334.

Conforme MARTINS, em sua obra, explana acerca ao pagamento do benefício à


gestante, na qual dispõe:

330
Os termos estão estabelecidos no artigo 88 do Decreto n. 3.048/99.
331
CORREIA, Marcus Orione Gonçalves; CORREIA, Érica Paula Barcha. Curso de direito da seguridade
social, p. 285.
332
GIUSTI, Miriam Petri Lima de Jesus. Direito da seguridade social, p. 134.
333
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social, p. 107.
334
TSUTIYA, Augusto Massayuki. Curso de direito da seguridade social, p. 282.
93

Cabe à empresa pagar o salário-maternidade devido à respectiva empregada


gestante, efetivando-se a compensação, observado como limite a
remuneração de ministro do STF, quando do recolhimento das
contribuições incidentes sobre a folha de salários e demais rendimentos
pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste
serviço335 .

E, ainda, a empresa deverá conservar durante 10 (dez) anos os comprovantes dos


pagamentos e os atestados correspondentes336.

Nos termos da lei que disciplina, o salário-maternidade é devido à segurada pelo


período de 120 dias, entre 28 dias que anteceder o parto e a data da ocorrência deste,
observadas as situações e condições previstas na legislação referente à proteção à
maternidade.

De acordo com SANTOS, “na hipótese de natimorto (criança que nasce morta), desde
que seja a partir do 6º mês de gestação, a segurada fará jus a 120 dias do benefício, caso esse
fato se dê antes do 6º mês, trata-se de aborto não criminoso”337.

Nos abortos espontâneos ou previstos em lei (estupro ou risco de vida para a mãe),
será pago o salário-maternidade por duas semanas338.

Segundo CASTRO e LAZZARI, o benefício foi estendido, conforme Lei n. 10.710/03,


para a segurada da previdência social que adotar ou tiver guarda judicial de criança para fins
de adoção: a) se a criança tiver até um ano de idade, o salário-maternidade será de 120 dias; b)
se tiver de um ano a quatro anos de idade, o salário-maternidade será de 60 dias; c) se tiver de
quatro anos a oito anos de idade, o salário-maternidade será de 30 dias339.

Para concessão do salário-maternidade, o Ministério da Previdência Social esclarece


que:

[...] não é exigido tempo mínimo de contribuição das trabalhadoras


empregadas, empregadas domésticas e trabalhadoras avulsas, desde que

335
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social, p. 107.
336
BRASIL. Ministério da previdência social. Disponível em:
<http://www.previdencia.gov.br/pg_secundarias/beneficios_10.asp> . Acesso em: 01 out. 2008.
337
SANTOS, Leandro Luís Camargo dos. Curso de direito da seguridade social, p. 266.
338
BRASIL. Ministério da previdência social. Disponível em:
<http://www.previdencia.gov.br/pg_secundarias/beneficios_10.asp> . Acesso em: 01 out. 2008.
339
CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 625-
626
94

comprovem filiação nesta condição na data do afastamento para fins de


salário maternidade ou na data do parto. No entanto, a contribuinte
facultativa e a individual têm que ter pelo menos dez contribuições para
receber o benefício. A segurada especial receberá o salário-maternidade se
comprovar no mínimo dez meses de trabalho rural. Se o nascimento for
prematuro, a carência será reduzida no mesmo total de meses em que o
parto foi antecipado340.

A trabalhadora que exerce atividades ou tem empregos simultâneos tem direito a um


salário-maternidade para cada emprego/atividade, desde que contribua para a Previdência nas
duas funções341.

Em casos comprovados por atestado médico, o período de repouso poderá ser


prorrogado por duas semanas antes do parto e ao final dos 120 dias de licença342.

Por fim, o salário-maternidade não pode ser cumulado com auxílio-doença, por
disposição expressa no artigo 124, IV, da Lei n. 8.213/91.

O embasamento constitucional do benefício encontra-se no artigo 201, II, da


CRFB/88, e, em plano infraconstitucional, está disciplinado nos artigos 71 a 73 da Lei
8.213/91, bem como nos artigos 93 a 103 do Decreto n. 3.048/99.

3.4.8 Pensão por morte

Pensão por morte é benefício de prestação continuada, de periodicidade mensal,


devido ao conjunto de dependentes do segurado que vier a falecer, aposentado ou não,
conforme estipula o artigo 201, V, da CRFB/88. “Trata-se de benefício que substitui o salário-
de-contribuição ou o rendimento do segurado, proporcionando aos seus dependentes meio de
subsistência”343.

Para concessão de pensão por morte, não há tempo mínimo de contribuição, mas é
necessário que o óbito tenha ocorrido enquanto o trabalhador tinha qualidade de segurado.

340
BRASIL. Ministério da previdência social. Disponível em:
<http://www.previdencia.gov.br/pg_secundarias/beneficios_10.asp> . Acesso em: 01 out. 2008.
341
SANTOS, Leandro Luís Camargo dos. Curso de direito da seguridade social, p. 266.
342
BRASIL. Ministério da previdência social. Disponível em:
<http://www.previdencia.gov.br/pg_secundarias/beneficios_10.asp> . Acesso em: 01 out. 2008.
343
MIRANDA, Jediel Galvão. Direito da seguridade social: direito previdenciário, infortunística, assistência
social e saúde, p. 218.
95

No entanto, se o óbito ocorrer após a perda da qualidade de segurado, os dependentes


terão direito a pensão desde que o trabalhador tenha cumprido, até o dia da morte, os
requisitos para a obtenção da aposentadoria, concedida pela Previdência Social344.

Segundo art. 105 do Decreto n. 3.048/99345, estabelece acerca da pensão por morte,
senão confira-se:

Art. 105. A pensão por morte será devida ao conjunto dos dependentes do
segurado que falecer, aposentado ou não, a contar da data:

I – do óbito, quando requerida:

a) pelo dependente maior de dezesseis anos de idade, até trinta dias depois;
b) pelo dependente menor até dezesseis anos de idade, até trinta dias após
completar essa idade;

II – do requerimento, quando requerida após o prazo previsto no inciso I; ou

III – da decisão judicial, no caso de morte presumida.

Neste sentido OLIVEIRA complementa acerca do artigo supracitado:

No caso de morte presumida por decisão judicial, a data de início do


benefício será a data do óbito, aplicados os devidos reajustamentos até a
data de início do pagamento, não sendo devida qualquer importância
relativa ao período anterior à data de entrada do requerimento, salvo na
hipótese de haver dependente menor, hipótese em que será observado o
disposto no parágrafo seguinte. Na hipótese da alínea b, do inciso I, será
devida apenas a cota parte da pensão do dependente a pensão anteriormente
concedida, hipótese em que fará jus àquela, se for o caso, tão-somente em
relação ao período anterior à concessão do benefício346.

A pensão poderá ser concedida por morte presumida nos casos de desaparecimento do
segurado em catástrofe, acidente ou desastre. Serão aceitos como prova do desaparecimento:
Boletim de Ocorrência da Polícia, documento confirmando a presença do segurado no local
do desastre, noticiário dos meios de comunicação e outros. Nesses casos, quem recebe a

344
BRASIL. Ministério da previdência social. Disponível em:
<http://www.previdencia.gov.br/pg_secundarias/beneficios_09.asp>. Acesso em: 01 out. 2008.
345
MARTINS, Sergio Pinto. Legislação previdenciária, p. 98.
346
OLIVEIRA, Aristeu de. Manual prático da previdência social, p. 459.
96

pensão por morte terá de apresentar, de seis em seis meses, documento sobre o andamento do
processo de desaparecimento até que seja emitida a certidão de óbito347.

A pensão por morte cessará pela ocorrência das situações previstas no artigo 77 da Lei
n. 8.213/91: a) pela morte do pensionista; b) para o pensionista menor, quando completar 21
anos de idade ou for emancipado, salvo se for inválido; c) para o pensionista inválido, pela
cessação da invalidez; d) pela adoção, para o filho adotado que receba pensão por morte dos
pais biológicos, salvo se a adoção foi feita pelo cônjuge ou companheiro do segurado
falecido.

O benefício de pensão de morte tem como embasamento legal nos artigos 74 a 79 da


Lei n. 8.213/91 e nos artigos 105 a 115 do Decreto n. 3.048/99.

3.4.9 Auxílio-reclusão

O auxílio-reclusão será devido, nas mesmas condições da pensão por morte, “[...] aos
dependentes do segurado recolhido à prisão, que não receber remuneração da empresa nem
estiver em gozo de auxílio-doença, de aposentadoria ou de abono permanência em serviço”348.

E, ainda, TSUTIYA, acrescenta que o benefício é devido aos dependentes do segurado


que estiver cumprindo pena em regime prisional semi-aberto ou fechado. O regime semi-
aberto é aquele em que o recluso cumpre a pena em colônia agrícola, industrial ou similar (art.
91 da Lei de Execuções Penais – Lei n. 7.210/84), e o regime fechado é aquele sujeito à
execução da pena em restabelecimento de segurança máxima349.

Os beneficiários são os dependentes conforme artigo 16, da Lei n. 8.213/91350: o


cônjuge; a companheira; o companheiro; o filho não emancipado, de qualquer condição,
menor de 21 anos ou inválido; os equiparados a filhos (enteado menor de 21 anos e tutelado);
os pais; o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 anos ou inválido.

O auxílio-reclusão é exclusivo aos segurados de baixa renda, conforme o artigo 13 da


Emenda Constitucional n. 20/98. “Somente o segurado que se enquadre como de baixa renda

347
BRASIL. Ministério da previdência social. Disponível:
<http://www.previdencia.gov.br/pg_secundarias/beneficios_09.asp>. Acesso em: 01 out. 2008.
348
GIUSTI, Miriam Petri Lima de Jesus. Direito da seguridade social, p. 135.
349
TSUTIYA, Augusto Massayuki. Curso de direito da seguridade social, p. 295.
350
MARTINS, Sérgio Pinto. Legislação previdenciária, p. 47.
97

dará direito à sua família de auferir o benefício”351. Deve-se salientar que o conceito de “baixa
renda” não foi ainda estabelecido pelo legislador, permanecendo como conceito aberto, ou
seja, com maior liberdade de ação da doutrina e jurisprudência.

A concessão independe de número mínimo de contribuições para que a família do


segurado tenha direito ao benefício, basta a comprovação de segurado para gerar direito ao
benefício. “A partir de 1º de março de 2008, será devido aos dependentes do segurado cujo
salário-de-contribuição seja igual ou inferior a R$710,08 (setecentos e dez reais e oito
centavos) independentemente da quantidade de contratos e de atividades exercidas”352.

Após a concessão do benefício, os dependentes deverão apresentar à Previdência


Social, trimestralmente, atestado de que o trabalhador continua preso, emitido por autoridade
competente. Esse documento pode ser a certidão de prisão preventiva, a certidão da sentença
condenatória ou o atestado de recolhimento do segurado à prisão353.

Para os segurados com idade entre 16 a 18 anos, serão exigidos o despacho de


internação e o atestado efetivo recolhimento a órgão subordinado ao Juizado da Infância e da
Juventude354.

De acordo com OLIVEIRA, “o segurado recluso que exercer atividade remunerada em


regime fechado ou semi-aberto que contribui como contribuinte individual ou facultativo, não
acarretará a perda do direito ao recebimento do auxílio-reclusão para os seus dependentes”355.

A suspensão do benefício verificará nas seguintes situações, senão confira-se:

a) fuga do segurado, devendo o auxílio-reclusão ser restabelecido na data


em que for recapturado, desde que ainda detenha a qualidade de segurado;
eventual exercício de atividade remunerada dentro do período de fuga será
considerado para verificação da manutenção da qualidade de segurado; b)
ausência de apresentação de atestado trimestral que comprove a
permanência do segurado na prisão; c) concessão de livramento condicional
ao segurado ou quando passar a cumprir pena em regime aberto, em virtude
de progressão de regime; d) opção pelo recebimento de auxílio-doença para

351
SANTOS, Leandro Luís Camargo dos. Curso de direito da seguridade social, p. 276.
352
BRASIL. Ministério da previdência social. Disponível em:
<http://www.presidencia.gov.br/pg_secundarias/beneficios_08.asp>. Acesso em: 04 out. 2008.
353
BRASIL. Ministério da previdência social. Disponível em:
<http://www.presidencia.gov.br/pg_secundarias/beneficios_08.asp>. Acesso em: 04 out. 2008.
354
GIUSTI, Miriam Petri Limade Jesus. Direito da seguridade social, p. 136.
355
OLIVEIRA, Aristeu. Manual prático da previdência social, p. 464.
98

o qual tenha o segurado preenchido os requisitos após o seu encerramento,


nos termos do §1º do art. 2º da Lei n. 10.666/2003. Como o auxílio-doença
é benefício de caráter temporário, a opção pelo mesmo somente pode ser
causa de suspensão do auxílio-reclusão356.

A cessação do benefício ocorre nas seguintes situações: com a morte do


segurado, caso em que o auxílio-reclusão será convertido em pensão por morte; em caso de
fuga, liberdade condicional, transferência para prisão-albergue ou extinção da pena; quando o
dependente completar 21 anos ou for emancipado; com fim da invalidez ou morte do
dependente357.

O fundamento legal do benefício encontra-se no artigo 201, IV, da CRFB/88,


estando disciplinado pelo artigo da Lei n. 8.213/91 e nos artigos 116 a 119, do Decreto n.
3.048/99.

3.4.10 Auxílio-acidente

É o benefício devido ao segurado empregado que ficar incapacitado para a atividade


laboral em decorrência de acidente de trabalho.

Neste sentido FERREIRA e FERREIRA ratificam que o auxílio-acidente é um


“benefício de prestação continuada, pago pelo INSS ao segurado que, em virtude de acidente
de qualquer natureza, ficar incapacitado para o exercício da atividade que exercia
habitualmente na época do acidente, mas não para o exercício de outra atividade”358.

É concedido para segurados que recebiam auxílio-doença. O trabalhador empregado, o


trabalhador avulso e o segurado especial têm direito ao auxílio-acidente, porém, o empregado
doméstico, o contribuinte individual e o facultativo não fazem jus ao benefício.

Para concessão do auxílio-acidente não é exigido tempo mínimo de contribuição, mas


o trabalhador deve ter qualidade de segurado e comprovar a impossibilidade de continuar
desempenhando suas atividades, por meio da perícia médica da Previdência Social359, vale

356
MIRANDA, Jediel Galvão. Direito da seguridade social: direito previdenciário, infortunística, assistência
social e saúde, p. 226.
357
GIUSTI, Miriam Petri Limade Jesus. Direito da seguridade social, p. 136.
358
FERREIRA, Rosni; FERREIRA, Deyse. Guia prático de previdência social, p. 187.
359
BRASIL. Ministério da previdência social. Disponível em:
<http://www.presidencia.gov.br/pg_secundarias/beneficios_07.asp>. Acesso em: 08 out. 2008.
99

dizer, dependentes de pessoa que nunca tenha contribuído para o RGPS, ou tenha perdido a
qualidade de segurado, não tem direito a este benefício.

E, para regulamentar a concessão do auxílio-acidente, faz-se necessário verificar as


hipóteses do artigo 104, do Decreto n. 3.048/99360, na qual dispõe: a) redução de capacidade
do segurado para o trabalho que habitualmente exercia; b) redução de capacidade do segurado
para o trabalho que habitualmente exercia e exigência de maior esforço para o desempenho da
mesma atividade desenvolvida à época do acidente; c) impossibilidade de o segurado
desempenhar a atividade que exercia à época do acidente, porém não de outra, após processo
de reabilitação profissional.

Neste sentido, MIRANDA complementa acerca das hipóteses citadas acima, senão
confira-se:

As hipóteses apontadas nas alíneas b e c foram acrescentadas pelo


regulamento, porém não conflitam com o dispositivo legal que trata acerca
do benefício (art. 86, caput, da Lei n. 8.213/1991), uma vez que o decreto
apenas deixou claro que situações de maior gravidade, em que constatada
acentuada redução da capacidade para o trabalho do segurado, são
autorizadoras da concessão do auxílio-acidente. A expressão redução da
capacidade para o trabalho que habitualmente exercia já era suficiente
para compreender as hipóteses das alíneas b e c, pois elas apenas assinalam
circunstâncias que qualificam a redução da capacidade laboral361.

O auxílio-acidente, por ter caráter de indenização, pode ser acumulado com outros
benefícios pagos pela Previdência Social exceto aposentadoria. O benefício deixa de ser pago
quando o trabalhador se aposenta.

Conforme COSTA, qualquer grau de incapacidade parcial e permanente enseja o


ressarcimento acidentário de 50% do salário-de-benefício porquanto a letra da lei não
estabelece distinções de graus. O pressuposto constante da lei é que após a consolidação das

360
MARTINS, Sergio Pinto. Legislação previdenciária, p. 97.
361
MIRANDA, Jediel Galvão. Direito da seguridade social: direito previdenciário, infortunística, assistência
social e saúde, p. 184-185.
100

lesões decorrentes de acidentes de qualquer natureza, resultarem seqüelas que impliquem


redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia362.

O auxílio-acidente está previsto no artigo 86, da Lei n. 8.213/1991 e no artigo 104 do


Decreto n. 3.048/1999.

362
COSTA, Hertz Jacinto. Previdência social: estudos sobre o auxílio-acidente. Jus Navigandi, Teresina, ano 7,
n. 64, abr. 2003. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/ doutrina/texto.asp?id=3971>. Acesso em: 08 out. 2008.
4 ASPECTOS DESTACADOS DAS PRINCIPAIS AÇÕES DE REVISÃO
DE BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS NO REGIME GERAL DE
PREVIDÊNCIA SOCIAL APÓS O ADVENTO DA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL DE 1988

No presente capítulo será abordado acerca da revisão e reajustamento dos benefícios


previdenciários, bem como demonstrar previsão legal na lei constitucional e
infraconstitucional, e, também em decisões do Supremo Tribunal Federal.

4.1 DA REVISÃO DOS BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS

No artigo 194, parágrafo único, inciso IV, da Constituição Federal de 1988 dispõe
sobre a irredutibilidade do valor dos benefícios e no artigo 201, §4º autoriza o reajustamento
dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios
definidos em lei. Nesse sentido, CASTRO e LAZZARI prelecionam:

A preservação do valor é, sem dúvida, uma garantia constitucional de


caráter permanente, cabendo ao legislador ordinário estabelecer os
parâmetros para cumprimento do comando maior, de maneira que os
proventos dos beneficiários reflitam o poder aquisitivo original da data do
início dos seus benefícios363.

Anteriormente a Lei n. 10.699/2003, os benefícios concedidos pela Previdência Social


eram reajustados em 1° de junho de cada ano, pro rata, de acordo com as respectivas datas de
início do benefício ou de seu último reajustamento, de acordo com base em percentual
definido em regulamento, com o objetivo da preservação do valor real da renda mensal do
benefício.

Após a edição da Lei supra citada, foi alterada a redação do artigo 41 da Lei n.
8.213/91, passando, a partir de 2004, a estabelecer o reajuste geral dos benefícios na mesma
data em que for majorado o salário mínimo, mantida a regra que determina o reajustamento

363
CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 485.
proporcional. O benefício reajustado não poderá exceder o limite máximo do salário de
benefício na data do reajustamento, respeitados, todavia, os direitos adquiridos e as hipóteses
de aposentadoria por invalidez, quando acrescida de 25% para os que dependam de
assistência permanente. E não poderá ser inferior ao salário mínimo, salvo em relação ao
salário família e ao auxílio-acidente364.

É necessário observar alguns critérios dispostos no artigo 41, da Lei n. 8.213: (i)
preservação do valor real do benefício. A preservação não é exatamente um critério, inclusive
pelo fato de que já tem previsão no §4º, do artigo 201 da Constituição; (ii) atualização anual;
(iii) variação de preços de produtos necessários e relevantes para a aferição da manutenção do
valor de compra dos benefícios. A remissão do porcentual ao regulamento implica que, por
decreto, o governo poderá fixar o percentual que quiser, que nem sempre será o da inflação do
período365.

Os reajustamentos dos benefícios sempre provocaram muitas discussões judiciais,


visto que, costumeiramente, não mantêm o valor real da data de concessão. Nesse sentido,
Ana Maria Thiesen afirma que:

Os diplomas legais que tratam da matéria previdenciária ao longo do


tempo, via de regra, sempre contemplaram as normas sobre o modo de
reajuste dos benefícios. Algumas vezes, porém, os critérios estabelecidos
não se apresentaram justos ou até discreparam das normas constitucionais .
Este fato ensejou, e ainda ocasiona, a busca do judiciário para corrigir as
distorções, através das conhecidas ações revisionais de benefícios
previdenciários366.

4.2 PREVISÃO LEGAL E JUSTIFICATIVA DA REVISÃO DOS BENEFÍCIOS

A revisão de benefício está prevista no artigo 69 da Lei n. 9.528/97, na qual dispõe


que o Ministério da Previdência, Assistência Social e o Instituto Nacional do Seguro Social -
INSS deverão manter programa permanente de revisão da concessão e da manutenção dos

364
CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 486.
365
MARTINS, Sergio Pinto. Direito da seguridade social: custeio da seguridade social, benefícios, acidente do
trabalho, assistência social, saúde, p. 336.
366
THIESEN, Ana Maria Wickert, apud CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual
de Direito Previdenciário, p. 486.
benefícios da Previdência Social, com intuito de apurar irregularidades e falhas existentes.
Nesse sentido, MARTINEZ explana acerca de revisão:

A revisão compreende o exame da concessão e, legítima esta, o da


manutenção das prestações de pagamento continuado. O objetivo é sanear
dúvidas quanto ao direito do titular, a validade dos documentos dos
aposentados, a incapacidade para o trabalho, o tempo de serviço ou
contribuição, o nível do salário-de-contribuição [...]367.

A revisão decorre, no entanto, no intuito de sanear constantes mudanças da legislação


previdenciária, principalmente com relação à forma e alíquotas de cálculo, bem como de
reajuste dos benefícios, concedidos à luz de diplomas legais já revogados ou modificados.

As teses são demasiadamente variadas, seja com o objetivo de aplicar ao benefício em


manutenção uma legislação posterior, desde que esta seja mais vantajosa para o segurado, ou
mesmo revendo índices utilizados para correção dos salários de contribuição em determinados
períodos.

Independentemente da argumentação, é necessário, em qualquer dos casos, um


conhecimento aprofundado da legislação que rege os benefícios da previdência social, mas
isso não é tudo. Na prática, verifica-se que, muito mais do que estar familiarizado com a atual
legislação, jurisprudência e doutrina, imprescindível se torna um estudo aprofundado das
normas que regulamentavam a concessão de benefícios previdenciários no decorrer do tempo,
além das alterações legislativas que se processaram em cada período.

Para entender-se melhor a revisão dos benefícios previdenciários faz-se necessário um


breve análise dos índices utilizados para fazer a correção dos benefícios previdenciários ao
longo dos anos.

367
MARTINEZ, Wladimir Novaes. Comentários à lei básica da previdência social. Tomo I – Plano de
Custeio. 4ª ed. São Paulo: LTr, 2005. p.702.
4.3 DO REAJUSTAMENTO DO VALOR DOS BENEFÍCIOS

A Constituição de 1988, em seu artigo 201, § 4°, assegura o reajustamento dos


benefícios previdenciários. Ainda na referida constituição no artigo 194, assegura a
irredutibilidade do valor dos benefícios.

MARTINEZ faz um paralelo entre a revisão e o reajustamento dos benefícios


previdenciários:

Os dois textos não se confundem: um é principio, preceito não imperativo,


carente de disposição expressa; o outro é regra regulamentar. O segundo é
instrumento do primeiro, caso contrário, queda-se norma programática368.

Nesta linha de raciocínio, MARTINS observa que é “assegurado o reajustamento dos


benefícios para preserva-lhes, em caráter permanente, o valor real conforme critérios
definidos em lei (§4°, do art. 201 da lei Maior)”369.

CASTRO e LAZZARI complementam acerca do assunto, senão confira-se:

A preservação do valor é sem dúvida, uma garantia constitucional de caráter


permanente, cabendo ao legislador ordinário estabelecer os parâmetros para
cumprimento do comando maior, de maneira que os proventos dos
beneficiários reflitam o poder aquisitivo original da data do inicio dos seus
benefícios370.

Ionas Dega Gonçalves que “para a proteção desses benefícios contra o fenômeno
inflacionários, a legislação deve prever a incidência de índices de atualização monetária
periodicamente aplicáveis no reajustamento das prestações pagas pelo INSS”371.

Ainda nos ensinamentos de Ionas Dega Gonçalves372 é importante salientar que:

368
MARTINEZ, Wladimir Novaes. CD – Comentários à lei básica da previdência social. Brasília, Rede
Brasil/LTr, fev./1999.
369
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social: custeio da seguridade social, benefícios, acidente do
trabalho, assistência social, saúde, p. 335.
370
CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 485.
371
GONÇALVES, Ionas Dega. Direito previdenciário. 2.ed. São Paulo: Saraiva, 2007, p.150.
372
GONÇALVES, Ionas Dega. Direito Previdenciário, p.150.
A periodicidade de reajustamento e os índices são fixados pelo legislador
infraconstitucional. Várias foram às formas de reajustamento criadas por
sucessivas leis, desde a promulgação da CF/88: reajustamentos mensais,
bimensais, quadrimensais com ou sem antecipação, índice do INPC, IRSM,
IGP, DI, IPC-r, dentre outros.

Atualmente (data do fechamento desta edição), vige o art. 41-A do PBPS,


com redação dada pela Medida Provisória n. 316, de 11 de agosto de 2006,
que determina reajustamento anual dos benefícios em manutenção, na
mesma data do reajustamento do salário mínimo, segundo o INCP- Índice
Nacional de Preços ao Consumidor, apurado pela Fundação Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.

Antes dessa Medida Provisória, prevalecia a redação do art. 41 do PBPS,


dada pela Lei n. 10.699/2003 e Medida Provisória n. 2.187-13/2001, que era
de duvidosa constitucionalidade, pois delegava ao Executivo a fixação
anual dos índices de reajustamento, por decreto, atendida a diretriz da
preservação do valor real do beneficio e a variação de preços de produtos
necessários e relevantes para a aferição da manutenção do valor de compra
dos benefícios.

Nesta mesma linha de raciocínio MARTINS373 assevera que:

Os benefícios serão reajustados para a preservação de seu valor real na data


de sua concessão. Quem ganha beneficio à razão de um salário mínimo por
mês terá a referida prestação corrigida quando for alterado o salário
mínimo.

Prevê o §4º do art. 201 da Constituição que é assegurado o reajustamento


dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real,
conforme critérios definidos em lei. Critérios são os paramentos ou métodos
para ser feito o reajustamento dos benefícios, visando a preservação do
valor real do beneficio.

A partir de 5 – 4 -91, com a vigência dos incisos I e II do art. 41 da Lei n°


8.213/91, o índice de correção monetária é o INPC, até sua revogação em
janeiro de 1993 pela Lei 8.542/92, passando a ser utilizado o IRSM que
também não existe mais.

Os valores dos benefícios em manutenção serão reajustados a partir de abril


de 2004, na mesma data de reajuste do salário mínimo, pro rata, de acordo
com suas respectivas datas de início ou do seu ultimo reajustamento, com
base em porcentual definido em regulamento (art. 41 da Lei 8.213).
Anteriormente, o porcentual era definido em lei.

373
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social: custeio da seguridade social, benefícios, acidente do
trabalho, assistência social, saúde, p. 335-336.
É importante salientar que o critério em lei está previsto no artigo 41-A, introduzido
com a Lei n.11.430/2006, na qual o artigo 41 da Lei n 8.213/91 foi novamente alterado,
passando o então artigo 41 a ser o artigo 41-A, redigido nos seguintes termos:

Art. 41-A. O valor dos benefícios em manutenção será reajustado,


anualmente, na mesma data do reajuste do salário mínimo, pro rata, de
acordo com suas respectivas datas de início ou do último reajustamento,
com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor - INPC, apurado
pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE.

§ 1º Nenhum benefício reajustado poderá exceder o limite máximo do


salário-de-benefício na data do reajustamento, respeitados os direitos
adquiridos.

§ 2° Os benefícios serão pagos do 1º (primeiro) ao 5º (quinto) dia útil do


mês seguinte ao de sua competência, observada a distribuição proporcional
do número de beneficiários por dia de pagamento.

§ 3º O 1º (primeiro) pagamento de renda mensal do benefício será efetuado


até 45 (quarenta e cinco) dias após a data da apresentação pelo segurado da
documentação necessária a sua concessão.

§ 4º Para os benefícios que tenham sido majorados devido à elevação do


salário mínimo, o referido aumento deverá ser compensado no momento da
aplicação do disposto no caput deste artigo, de acordo com normas a serem
baixadas pelo Ministério da Previdência Social.

O artigo 40 do Decreto n. 3.048/99374 assegura o reajustamento dos benefícios:

Art. 40. É assegurado o reajustamento dos benefícios para preserva-lhes, em


caráter permanente, o valor real da data de sua concessão.

§ 1º Os valores dos benefícios em manutenção serão reajustados,


anualmente, na mesma data do reajuste do salário mínimo, pro rata, de
acordo com suas respectivas datas de início ou do último reajustamento,
com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor - INPC, apurado
pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE.

§ 2º Os benefícios devem ser pagos do primeiro ao quinto dia útil do mês


seguinte ao de sua competência, observando-se a distribuição proporcional
do número de beneficiários por dia de pagamento.

374
BRASIL. Decreto n. 3.048/99. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 14 out. 2008.
§3º (Revogado pelo Decreto nº 6.042, de 2007).

§ 4º Para os benefícios majorados devido à elevação do salário mínimo, o


referido aumento deverá ser descontado quando da aplicação do reajuste de
que trata o § 1o, na forma disciplinada pelo Ministério da Previdência
Social.

Art. 42. Nenhum beneficio reajustado poderá ser superior ao limite máximo
do salário-de contribuição, nem inferior ao valor de um salário mínimo.

Comentando o art. 42 do Decreto n. 3.048/99, FERREIRA375 arremata:

A renda mensal do beneficio de prestação continuada que substituir o


salário-de-contribuição ou de rendimento do trabalho do segurado não terá
valor inferior ao salário mínimo, nem superior ao do limite máximo do
salário - de contribuição.

No cálculo do valor da renda do beneficio do segurado empregado e do


trabalhador avulso, serão considerados os salários-de-contribuição
referentes aos meses de contribuições devidas, ainda que não recolhidas
pela empresas, sem prejuízo da respectiva cobrança e da aplicação meses de
contribuições recolhidas.

4.4 HIPÓTESES DE REVISÃO E REAJUSTAMENTO DE BENEFÍCIOS APÓS A


CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

Neste item serão abordadas as hipóteses de reajustamento e revisão de benefícios


demonstrando as modificações após a Constituição Federal de 1988 e outras disposições.

4.4.1 Auto-aplicabilidade do artigo 202, “caput”, da Constituição de 1988

Anteriormente a Constituição Federal de 1988, o cálculo do valor dos benefícios, era


somente os 24 últimos salários de contribuição utilizados para o cálculo do salário de
beneficio eram corrigidos monetariamente. A correção de todos os salários de contribuição só
foi assegurada pelo artigo 202, caput, da Constituição Federal de 1988376.

375
FERREIRA, Rosni. Guia prático de previdência social, p.107.
376
Em sua redação originária, anterior à Emenda Constitucional n. 20, de 15.12.1998.
De acordo com CASTRO e LAZZARI, a Lei n. 8.213/91, ao regulamentar tal
dispositivo constitucional, determinou a revisão dos benefícios concedidos no período de
5.10.88 a 5.4.91, para aplicar o novo critério de cálculo da renda mensal inicial, declarando,
entretanto, que não seriam devidas às diferenças decorrentes dessa revisão (art.144, §
único)377.

O pagamento dos valores atrasados estava ligado à auto-aplicabilidade do artigo 202,


caput, da Constituição de 1988. Essa discussão foi encerrada após a decisão do Supremo
Tribunal Federal acerca do artigo 202, caput, da Constituição Federal não é auto aplicável:

Direito Constitucional e Previdenciário. Aposentadoria. Cálculo do


benefício. Art. 202 da Constituição Federal. 1. Conforme precedente do
STF, o disposto no art. 202, da Constituição Federal, sobre o cálculo do
benefício de aposentadoria, não é auto-aplicável, pois depende de
legislação, que posteriormente entrou em vigor378.

Dessa forma, os benefícios concedidos no chamado “buraco negro” (5.10.88 a 5.4.91)


foram revisados para que todos os salários de contribuição utilizados no cálculo do salário de
benefício fossem atualizados monetariamente. Mas as diferenças resultantes dessa revisão,
relativas às competências de outubro de 1988 a maio de 1991, não foram pagas aos
beneficiários da Previdência Social. Esse procedimento, por demais injusto e prejudicial aos
beneficiários, foi respaldado pelo Supremo Tribunal Federal379.

4.4.2 Aplicação do artigo 58 do ADCT

A equivalência salarial teve curta duração no período previsto no artigo 58 do Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias - ADCT na qual dispõe:

Art. 58. Os benefícios de prestação continuada, mantidos pela Previdência


Social na data da promulgação da Constituição, terão seus valores revistos,
a fim de que seja restabelecido o poder aquisitivo, expresso em números de
salários mínimos, que tinham na data de sua concessão, obedecendo-se a

377
CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 490.
378
Nesse sentido, podem ser consultados, no Supremo Tribunal Federal – STF, o Mandado de Injunção n. 306, o
Recurso Extraordinária n. 163.478 e o Recurso Extraordinário n. 64.931.
379
CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 490.
esse critério de atualização até a implantação do plano de custeio e
benefícios referido no artigo seguinte.

Conforme CASTRO e LAZZARI, “trata-se de norma transitória que estabeleceu uma


revisão das rendas mensais dos benefícios de prestação continuada mantidos pela Previdência
Social na época da promulgação da Constituição Federal de 1988”380. Determinou uma
espécie de recomposição da renda mensal do benefício, a ponto de restabelecer, a partir de
abril de 1989, a equivalência do valor do benefício ao número de salários mínimos à época de
sua concessão. Nesse sentido, orientou-se a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça –
STJ:

A garantia prevista no art. 58 do Ato das Disposições Constitucionais


Transitórias teve aplicação a partir do mês de abril de 1989 até dezembro de
1991, especificamente até 9.12.91, quando publicado o Decreto nº. 357/91,
que regulamentou a Lei nº. 8.213/91381.

O pedido de revisão, de acordo com o mencionado artigo, é restrito aos benefícios


concedidos antes do advento da Constituição Federal de 1988, conforme dispõe a Súmula n.
687 do STF382. Desse modo, os benefícios previdenciários iniciados a partir da vigência da
Constituição de 1988, são expressamente excluídos do referido artigo e tiveram seu valor real
preservado de acordo com os critérios definidos no artigo 144 da Lei n. 8.213/91.

Na mesma linha, o Supremo Tribunal Federal também se manifestou:

Recurso Extraordinário. Benefício Previdenciário de Prestação Continuada.


Concessão deste benefício após a promulgação da Constituição Federal de
1988. Inaplicabilidade do critério previsto pelo ADCT/88, art. 58. Função
jurídica da norma de direito transitório. Preservação do valor real dos
benefícios previdenciários (CF, art. 201, § 2º). Invocação, ainda, de matéria
não prequestionada. RE conhecido e provido em parte383.

380
CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 491.
381
MS n. 1.233-DF, STJ, 1ª Sessão, RSTJ30/260. Importante observar que, no âmbito administrativo, o INSS
aplicou o referido artigo 58 somente até setembro de 1991.
382
Súmula n. 687 do STF: “A revisão de que trata o art. 58 do ADCT não se aplica aos benefícios concedidos
após a promulgação da Constituição de 1988”.
383
Recurso Extraordinário n. 145895-0/SP. Relator Ministro Celso de Mello, DJU de 18.8.95.
A norma inscrita no artigo 58 do ADCT foi editada com específico objetivo de
“assegurar aos beneficiários do Regime Geral da Previdência Social o direito à preservação do
valor real das prestações que, mantidas pelo sistema previdenciário oficial, já lhes vinham
sendo pagas na data da promulgação da Constituição”384.

Ao que se refere a incidência normativa da determinação constitucional transitória em


questão, evidencia-se pela regra que impôs, para efeito de atuação da cláusula de garantia
pertinente ao reajustamento das prestações previdenciárias, a existência de uma necessária
relação de contemporaneidade entre a manutenção dos benefícios de prestação continuada e a
data de promulgação do texto constitucional. CASTRO e LAZZARI, destacam acerca do
assunto que somente “[...] os benefícios de prestação continuada mantidos pela previdência
social na data da promulgação da Constituição, são suscetíveis de sofrer, nos termos prescritos
pelo artigo 58 ADCT/88, a revisão de seus valores de acordo com os critérios estabelecidos
nesta norma de direito transitório”385.

De forma geral, não houve discussão acerca da aplicação do artigo constitucional


transitório, pois basta ao administrador dividir o valor inicial dos proventos pelo número de
salários mínimos do mês de sua concessão. Considera-se, para este efeito, o piso nacional de
salários quando vigoram concomitantemente o salário mínimo de referência e o piso nacional
de salários, instituído pelo Decreto-Lei n. 2351, de 07.08.87. O produto da operação resultava
na conhecida equivalência salarial, que norteou o pagamento dos proventos no período de
abril/1989 a dezembro/1991.

Quanto aos reflexos da aplicação do artigo 58 do Ato Disposições Constitucionais


Transitórias, observa Ana Maria Thiesen:

Finalmente, não se deve olvidar que, muito embora já não vigore a paridade
salarial, seus reflexos se fazem sentir nas rendas mensais posteriores, sendo
de todo cabíveis aos pleitos que aportam em juízo buscando sua aplicação,
mesmo que no restrito período de sua vigência. Isto porque a renda mensal
de dezembro de 1991, de acordo com a equivalência em salários mínimos,
serviu de base aos reajustes posteriores. Ademais, há sempre a possibilidade
de algum segurado obter recálculo na renda mensal inicial, p.ex., por

384
CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 492.
385
CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 492.
alteração dos critérios de correção do período básico de cálculo, e lograr
direito ao maior número de salários mínimos386.

4.4.3 Manutenção do valor real dos benefícios equivalência do valor dos benefícios em
números de salários mínimos

O Preceito constitucional à manutenção do valor real do benefício (artigo 201, §3º,


CF/88) não se confunde com equivalência em número de salários mínimos.

De acordo com CASTRO e LAZZARI, em sua obra asseveram que “manter o valor
real do benefício significa reajustá-lo de acordo com a variação inflacionária, de modo a
evitar a diminuição injusta de seu poder de compra”387.

O legislador constituinte em nenhum momento vinculou a garantia ao valor do salário


mínimo. Somente no período em que vigorou o artigo 58 do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias foi o valor dos proventos fixado em número de salários mínimos.
Desde então, os indexadores adotados foram aqueles fixados pelo legislador ordinário.
Decidiu o Supremo Tribunal Federal que:

Por ofensa ao art. 7º, IV da CF, que veda vinculação ao salário mínimo para
qualquer fim, a Turma, julgando recurso extraordinário interposto pelo
INSS, reformou acórdão do TRF da 2ª Região que adotara o índice de
variação do salário mínimo como critério permanente de reajuste do
benefício previdenciário percebido pelo recorrido. Recurso extraordinário
conhecido e provido para reformar o acórdão recorrido no ponto em que
determinara a atualização do benefício previdenciário pela variação do
salário mínimo na vigência da atual CF, ressalvando o período
compreendido pelo art. 58, caput e § único, do ADCT388.

4.4.4 Valor mínimo dos benefícios

Com a promulgação da Constituição de 1988 garantiu que nenhum benefício que


substitua o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado terá valor mensal

386
THIESEN, Ana Maria Wickert, apud CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual
de direito previdenciário, p. 492.
387
CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 493.
388
CASTRO Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p.493.
inferior ao salário mínimo, conforme dispõe artigo 201, §5º da CRFB/88. Entretanto, a
Previdência Social entendeu que “[...] esta norma não tinha aplicabilidade imediata,
necessitando de lei regulamentadora, e, por isso, continuou a pagar benefícios (aposentadorias
em geral e auxílio doença) em valor abaixo do salário mínimo”389.

O Supremo Tribunal Federal resolveu a questão, na qual decidiu pela auto-


aplicabilidade do §5º do artigo 201 da Constituição. “Nesse mesmo sentido a matéria foi
sumulada pelos Tribunais Regionais Federais da 1ª, 3ª, 4ª e 5ª Regiões, nos verbetes ns. 23, 5,
24 e 8, respectivamente”390.

4.4.5 Abono anual de 1988 a 1989

O abono anual é a “[...] parcela devida ao segurado e ao dependente da previdência


social que, durante o ano, tenha recebido auxílio-doença, auxílio-acidente, aposentadoria,
pensão por morte, auxílio-reclusão e salário-maternidade”391.

Os beneficiários receberam gratificação natalina de 1988 e 1989 pela média dos


proventos pagos durante o ano. O entendimento que predominou, inclusive no Supremo
Tribunal Federal, foi no sentido da auto-aplicabilidade, do artigo 201, §6º da CRFB/88 (que
dispõe que a gratificação natalina dos aposentados e pensionistas terá por base o valor dos
proventos do mês de dezembro de cada ano), por ser norma de eficácia plena. Neste sentido, a
Súmula n. 24 do Tribunal Regional Federal da 4ª Região consagra esse entendimento392.

O cálculo do abono anual obedecerá, no que couber, à mesma sistemática adotada em


relação à gratificação de natal dos trabalhadores, devendo o seu valor corresponder ao valor
dos proventos do mês de cada ano.

389
CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 493.
390
CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 493.
391
MIRANDA, Jediel Galvão. Direito da seguridade social: direito previdenciário, infortunística, assistência
social e saúde, p. 174.
392
Súmula n. 24: “São auto-aplicáveis os §§ 5º e 6º do artigo. 201 da Constituição Federal de 1988”.
Destarte, os beneficiários fazem jus à gratificação natalina integral nos anos de 1988 e
1989 descontando os valores já pagos pelo INSS. Atualmente, como observa a doutrina, estes
valores encontram-se prescritos393.

4.4.6 Unidade de Referência de Preços – URP – de fevereiro de 1989

As ações previdenciárias que objetivavam aplicação do reajuste de 26,05%,


concernente à reposição da Unidade de Referência de Preços – URP, no mês de fevereiro de
1989, não obtiveram êxito perante a posição do Supremo Tribunal Federal, que entendeu
inexistir direito adquirido ao reajuste.394 Tal posição foi seguida pelo Superior Tribunal de
Justiça e Tribunais Regionais Federais.

4.4.7 Salário mínimo de junho de 1989

A Previdência Social, em junho de 1989, “[...] deixou de corrigir os benefícios pelo


salário mínimo de NCz$ 120,00, determinado pelo artigo 1º da Lei n. 7.789/89, e adotou o
valor do piso nacional de salários de NCz$ 81,40 que havia sido revogado”395. Fundamentou
seu procedimento na alegação de que a lei revogadora foi publicada em julho de 1989, não
podendo retroagir para fixar o valor do salário mínimo do mês anterior.

A posição adotada pela jurisprudência foi no sentido de que os benefícios


previdenciários deveriam ser reajustados pelo novo valor do salário mínimo. Nesse sentido foi
editada a Súmula n. 26 do Tribunal Regional Federal da 4ª Região396.

4.4.8 Expurgos inflacionários

O reajuste dos benefícios pelos índices de inflação expurgados nos meses de


janeiro/89, março/abril/maio/90 e fevereiro de 91 não foi considerado devido pela

393
CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 494.
394
Nesse sentido, podem ser observadas as Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIns) n. 694-1/DF e nº
726-2/SP. Esta mesma posição foi seguida pelo Superior Tribunal de Justiça e Tribunais Regionais Federais.
395
CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 494.
396
Dispõe a Súmula n. 26: “O valor dos benefícios previdenciários devidos no mês de junho de 1989 tem por
base o salário mínimo de NCz$ 120 (art. 1º da Lei n. 7.789/89)”.
jurisprudência dominante, que entendeu inexistir direito adquirido a eles. Nesse sentido foram
as disposições da Súmula n. 36 do Tribunal Regional Federal da 4ª Região397, e a Súmula n.
21 da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais398.

O Supremo Tribunal de Justiça – STJ adotou a mesma posição:

A jurisprudência desta corte, sufragando entendimento do STF, é pacifica


no sentido de que os beneficiários pela incorporação dos índices
inflacionários expurgados, que não se confundem com a correção monetária
dos débitos cobrados em juízo, cuja incidência é devida”. (Recurso Especial
n. 155.627 Sp, STJ, 6ª Turma, rel. Min. Vicente Leal, DJU de 2.3.98, p.
00165).

4.4.9 Abonos da Lei n. 8.178/91

De acordo com a Lei n. 8.178, de 01.03.91, previu abonos aos aposentados e


pensionistas da Previdência Social, nos meses de maio, junho, julho e agosto de 1991, sem
direito a incorporação (art. 9º, §§6º e 7º). Entretanto, o artigo 146 da Lei n. 8.213/91 veio a
permitir a incorporação do abono concedido no mês de agosto de 1991, a partir de 01.09.91,
equivalendo ao percentual de 54,60% visando estabelecer uma regra de transição entre os
antigos critérios e reajustes e a nova sistemática instituída pelo artigo 41 da Lei n. 8.213/91.

Com o advento da Lei n. 8.222/91 reajustou o salário mínimo e os salários de


contribuição em 147,06%, a partir de setembro de 1991, índice que não foi repassado aos
benefícios previdenciários. Por conta disso, inúmeras ações judiciais foram ajuizadas visando
à obtenção do percentual de 147,06% em setembro de 1991. O Ministério da Previdência
Social, em 20.07.92, editou a Portaria n. 302, reconhecendo a todos os beneficiários, na via
administrativa o direito ao reajuste de 147,06%, a contar de 01.09.91, o que fez com que essas
ações perdessem o objeto399.

397
Dispõe a Súmula n. 36: “Inexistem direito adquirido a reajuste de benefícios previdenciários com base na
variação do IPC – Índice de Preços do Consumidor – março e abril de 1990”.
398
Dispõe a Súmula n. 21: “Não há direito adquirido a reajuste de benefícios previdenciários com base na
variação do IPC (Índice de Preço ao consumidor) de janeiro de 1989 (42,72%) e abril de 1990(44,80%)”.
399
CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 495.
O abono concedido com base na Lei n. 8.178/91 (54,60%) ficou inserido no reajuste
total de 147,06%, sendo descabida a percepção conjunta desses índices, sendo oportuno citar
a observação que faz MARTINEZ:

Integração do abono da Lei 8.178/91 e, em seguida, cumulativamente, a


variação do INPC contraria a lógica e o bom senso, uma vez que ambos
tomam praticamente os mesmos indicadores econômicos para sua
formulação e referem-se a igual período. A soma ultrapassa inflação e o
nível indicado pela irredutibilidade do valor dos benefícios”. Nesse sentido,
a Súmula nº. 48 do Tribunal Regional Federal da 4ª Região: “O abono
previsto no Art.9, §6º, letra ‘B’ da Lei nº. 8.178/91 está incluído no índice
de 147,06% referente ao reajuste dos benefícios previdenciários em 1º de
setembro de 1991400.

4.4.10 Reajustes quadrimestrais – IRSM – Leis ns. 8.542/92 e 8.700/93

De acordo com o artigo 41, II, da Lei 8.213/91, os benefícios previdenciários passaram
a ser reajustados de acordo com a variação integral do INPC, na mesma época em que o
salário mínimo foi reajustado.

Em relação a este assunto CASTRO e LAZZARI complementam:

Esse critério de reajuste, em face da edição da Lei n. 8.542, de 23.12.1992,


que determinou a correção dos benefícios pelo Índice de Reajuste do Salário
Mínimo – IRSM. A Mecânica estabelecida pela Lei 8.542/92, que foi
parcialmente modificado pela Lei n°. 8.700 de 27.8.93, determinava
reajustes quadrimestrais, com antecipações mensais correspondentes ao
percentual excedente a 10% do IRSM do mês anterior. Ao final do
quadrimestre, o índice integral era repassado descontadas as antecipações
concedidas. Com isso não se conformaram os beneficiários, que foram a
juízo reclamando o repasse mensal do IRSM integral, sem qualquer
expurgo, como forma de preservar o valor real dos benefícios401.

A jurisprudência dominante tem considerado constitucional a sistemática de concessão


de antecipações mensais, com a utilização do redutor com repasse integral no final do
quadrimestre, desde que computada a variação inflacionarias no período. Neste sentido
CASTRO e LAZZARI comentam a jurisprudência supra citada:

400
MARTINEZ, Wladimir Novaes. Comentários à lei básica da previdência social, p.738.
401
CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p.496.
[...] O INSS não aplicou redutor de reajuste, em percentual correspondente a
variação do IRSM excedente a 10% (dez por cento) no mês anterior ao do
deferimento da antecipação, a qual, na forma da Lei n°. 8.700/93, deveria
ser compensadas na data-base (setembro, janeiro, maio), ocasião na qual
seria acertado o resídua do índice inflacionário, pelo IRSM ou pelo FAZ, a
ser aplicado aos benefícios previdenciários na data-base, tudo nos termos do
art. 9° da Lei 8.542/92, na redação da Lei 8.700/93402.

O reajuste de benefícios previdenciário adotou a sistemática na data-base, conforme


artigo 9° da Lei n. 8.700/1993, na qual é mais benéfica aos segurados e atende melhor aos
princípios inseridos nos artigos 194, §único, IV e 201, §2º da CRFB/88, uma vez que “[...]
concedeu benefícios, antecipações de reajustes, na sistemática anterior, ou seja, em fevereiro,
abril, julho agosto, outubro e dezembro. Essa mecânica dos reajustes quadrimestrais perdurou
até fevereiro de 1994, quando houve a conversão dos benefícios em URV”403.

4.4.11 Conversão dos benefícios para URV – Lei n. 8.880/94

De acordo com a Súmula n.1404 da Turma de Uniformização dos Juizados Especiais


Federais “a conversão dos benefícios previdenciários em URV, em março/94 obedece às
disposições do art. 20, incisos I e II da Lei 8.880/94 (MP n°. 434/94)”.

A Medida Provisória n. 434/94, convertida na Lei n. 8.880/94, dispõe:

Art. 20. Os benefícios mantidos pela Previdência Social são convertidos em


URV em 1º de março de 1994, observado o seguinte:

I - dividindo-se o valor nominal, vigente nos meses de novembro e


dezembro de 1993 e janeiro e fevereiro de 1994, pelo valor em Cruzeiros
Reais do equivalente em URV do último dia desses meses, respectivamente,
de acordo com o Anexo I desta Lei; e II - extraindo-se a média aritmética
dos valores resultantes do inciso anterior.

Essa conversão dos benefícios para URV, foi objeto de milhares de ações proposta
contra o INSS, pois esta conversão dos proventos para a Unidade Real de Valor URV,
consoante a Lei n. 8.880/94, ocasionou a perda do valor real dos beneficio, pela não aplicação

402
CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p.497.
403
CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 497.
404
Decisão proferida no Recurso Extraordinário n. 313.382, julgado em 26/09/2002.
dos percentuais de inflação com base no IRSM dos meses de novembro e dezembro de 1993 e
janeiro e fevereiro de 1994, ferindo o disposto no artigo 201, §2º, da CRFB/88405.

4.4.12 Correção monetária sobre a mora no pagamento das prestações

Os pagamentos administrativos a correção monetária deve ser integral. Visto que a


correção monetária, conforme a jurisprudência vem reconhecendo pacificamente, nada
acrescenta ao valor devido, servindo sua aplicação exclusivamente para neutralizar os efeitos
funestos da inflação sobre o valor da moeda. A supressão dos índices devidos equivaleria, na
prática, a um enriquecimento ilícito do INSS.

Referente a necessidade de atualização integral dos valores pagos com atraso, é


importante citar a Súmula n. 9 do Tribunal Regional Federal da 4ª Região: “incide correção
monetária sobre os valores pagos com atraso, na via administrativa, a título de vencimento,
remuneração, provento, soldo pensão ou benefício previdenciário, face à natureza alimentar”.

Depois da edição da Lei n. 6.899/81 determinou que a correção dos débitos


previdenciários vencidos, após a vigência da referida lei, a aplicação da correção monetária
nos débitos oriundos de decisão judicial, deve obedecer aos critérios nela contidos. Nesse
sentido é a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça:

Previdenciário. Revisional de Benefícios. Correção Monetária. Súmula 71


do TRF. Lei nº. 6.899/81. A Súmula 71, do TRF, não é mais aplicável,
como critérios de correção monetária, nos débitos vencidos após a vigência
da Lei nº. 6.899/81. Súmula 148, STJ. 2. Em face do caráter alimentar do
beneficio previdenciário, a correção monetária deve incidir desde quando as
parcelas em atraso não prescritas passaram a ser devidas, mesmo que em
período anterior ao ajuizamento da ação. 3. Recurso parcialmente conhecido
e, nessa parte, parcialmente provido406.

A atualização monetária das parcelas em atraso deve incluir os expurgos inflacionários


de janeiro/89, de março/abril/maio/90 e fevereiro/91. Nesse sentido, vale lembrar os
entendimentos definidos pelas Súmulas n. 32407 e n. 37408 do Tribunal Regional Federal da 4ª

405
CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 498.
406
Recurso Especial n. 167993-SP, STJ, 5ª Turma, Relator: Ministro Edson Vidigal, DJU de 22.6.98.
407
Dispõe a Súmula n. 32: “No cálculo de liquidação de débito judicial, inclui-se o índice de 42,72% relativo à
correção monetária de janeiro de 1989”.
Região. O Superior tribunal de Justiça - STJ manteve o mesmo posicionamento, na qual, “a
incidência dos expurgos inflacionários, ainda que de ofício, no calculo da correção monetária
em conta de correção monetária em conta de liquidação de sentença, não ofende a qualquer
texto legal”409.

Nas ações previdenciárias as parcelas em atraso devem ser atualizadas com base no
IGP-DI, pois a partir de maio de 1996, por força da redação dada pela Medida Provisória nº.
1.415, de 29.04.96, ao artigo 8º da Medida Provisória n. 1.398, de 11.04.96, o IGP-DI
substituiu o INPC para fins previstos no § 6º do artigo 20 e no § 2º do artigo 21 da Lei n.
8.880/94. Tal determinação tem se mantido válida, pois a matéria foi renovada na Medida
Provisória n. 1.633, depois convertida na Lei n. 9.711, de 20.11.98410.

O INPC substituiu o IGP-DI desde 2/2004 (MP n. 167, convertida na Lei n.


10.887/2004, que acrescentou o artigo 29-B à Lei n. 8.213/91, combinada com o artigo 31 da
Lei n. 10.741/2003 - Súmula n. 7 da Turma Recursal dos JEFs do Estado de Santa Catarina).

De acordo com entendimento do STJ, nos débitos relativos a benefícios


previdenciários incide sobre as prestações em atraso em razão de sua natureza alimentar, juros
moratórios à taxa de 1% ao mês, a partir da data de citação, por aplicação analógica do artigo
3º do Decreto-lei n. 2.322/87.

4.4.13 Aplicação do IRSM de fevereiro de 1994

No artigo 201, § 3º, da Constituição de 1988 assegura que todos os salários de


contribuição considerados no cálculo dos benefícios fossem corrigidos monetariamente.
Discorrendo sobre a referida correção, CASTRO e LAZZARI observam:

A Lei nº. 8213/91 escolheu vários índices para correção monetária dos
salários de contribuição que integram o período básico de cálculo.
Primeiramente o INPC (Art. 31), que foi substituído a partir de janeiro de
1993, pelo IRSM (Art. 9 da Lei nº. 8.542/92). Na seqüência, a Lei nº.

408
Dispõe a Súmula n. 37: “Na liquidação de débito resultante de decisão judicial, incluem-se os índices
relativos ao IPC de março, abril e maio de 1990 e fevereiro de 1991”.
409
Recurso Especial. n. 157614/SP, 5ª Turma, Relator: Ministro Flaquer Scartezzini, DJU de 30.03.98, p. 124.
410
CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 499.
8.880/94 estabeleceu que os salários de contribuição anteriores a março de
1994 serão corrigidos pelo IRSM, antes da conversão em URV (Art.21 e
§§1º e 2º)411.

Entretanto, o INSS não considerou a variação integral do IRSM de fevereiro/94, no


percentual de 39,67%, antes de realizar a conversão dos salários de contribuição em URV.

A jurisprudência foi uniforme concernente a correção monetária dos salários de


contribuição, anteriores a março de 1994, deve ser aplicada a diferença decorrente da variação
do IRSM relativa ao período de 01.02.1994 a 28.02.1994 (39,67%). Conforme o exposto
dispõe a Súmula n. 19 da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais
Federais412.

A Medida Provisória n. 201, de 23.07.2004, convertida na Lei n. 10.999, de


15.12.2004, estendeu a todos os beneficiários do RGPS a revisão dos benefícios
previdenciários concedidos, com data de início posterior a fevereiro de 1994, recalculando-se
o salário de benefício origina, mediante a aplicação, sobre os salários de contribuição
anteriores a março de 1994, do percentual de 39,67%, referente ao Índice de Reajuste do
Salário Mínimo - IRSM do mês de fevereiro de 1994413.

De acordo com CASTRO e LAZZARI, “a aplicação do IRSM integral no mês de


fevereiro de 1994 gera reflexos na atualização dos salários de contribuição anteriores, e, por
isso, não pode ser utilizado isoladamente”414. A regra está ligada a critérios matemáticos,
sendo o índice de atualização dos salários de contribuição derivado de um grupo de outros
números. Sendo assim, o IRSM de fevereiro/94 (39,67%) integra o índice de atualização dos
demais salários de contribuição que compõem o período básico de cálculo utilizado na
apuração dos benefícios previdenciários.

411
CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 500.
412
Dispõe a Súmula n. 19: “Para o cálculo da renda mensal inicial do benefício previdenciário, deve ser
considerada, na atualização dos salários de contribuição anteriores a março de 1994, a variação integral do IRSM
de fevereiro de 1994, na ordem de 39,67% (art. 21, § 1º, da Lei n. 8.890/94)”.
413
CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 500.
414
CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 500.
4.4.14 Aplicação do IGP-DI nos meses de junho de 1997 a 2000 e 2002 a 2003

A revisão da renda mensal dos benefícios previdenciários pela variação integral dos
índices do IGP-DI de 6/1997, 6/1999, 6/2000 e 6/2001, vinha sendo considerada como devida
pela jurisprudência, sendo inclusive objeto da Súmula n. 3, da Turma de Uniformização dos
Juizados Especiais Federais.

Deste modo, o Supremo Tribunal Federal415 decidiu pela constitucionalidade material


dos decretos e diplomas legislativos que determinaram os índices de reajustamento dos
benefícios previdenciários nos anos de 1997, 1999, 2000 e 2001. Como assevera a doutrina:

Por outro lado, eventual inconstitucionalidade formal relativamente aos


anos de 2001, 2002, 2003 – em razão de os reajustamentos dos benefícios
previdenciários terem sido fixados pelos Decretos ns. 3.826, de 31/05/2001,
4.249, de 24/05/2002 e 4.709, de 29/05/2003, e não por lei – em nada
aproveitaria aos segurados, uma vez que traria por conseqüência a
necessidade de serem fixados novos índices (sob pena de não existir índice
algum), e estes seriam os estipulados nos decretos mencionados, ante a
constitucionalidade material dos índices de reajustamento, de acordo com o
entendimento do Supremo Tribunal Federal416.

Entretanto, os pedidos de reajustamento do valor do beneficio previdenciário,


mediante a aplicação dos índices integrais IGP-DI, nos anos de 1997, 1999, 2000, 2001, 2002
e 2003, não obtiveram êxito. Após a decisão do STF, a Turma de Uniformização dos Juizados
Especiais Federais cancelou a Súmula n. 3417 e editou a de n. 8418.

415
Recurso Extraordinário nº. 376.846/SC, decidido por maioria, em Sessão Plenária do dia 24 de setembro de
2003 (DJU de 21.10.2003) de que foi relator o Ministro Carlos Velloso.
416
CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 501.
417
Dispunha a Súmula n. 3 (revogada): “Benefícios previdenciários. Os benefícios de prestação continuada, no
regime geral Previdência Social, devem ser reajustados com base no IGP – DI nos anos de 1997, 1999, 2000 e
2001”.
418
Dispõe a Súmula n. 08: “Benefícios previdenciários. Os benefícios de prestação continuada, no regime geral
Previdência Social, não serão reajustados com base no IGP – Di nos anos de 1997, 1999, 2000 e 2001”.
4.4.15 O real significado do §2º do artigo 3º da Lei n. 9.876/99 para a aferição do valor
da renda mensal inicial do benefício. A equivocada interpretação dada ao dispositivo
pelo INSS e a necessidade do reparo pela via judicial

4.4.15.1 O período básico de cálculo (PBC) após a Lei n. 9.876/99. Dificuldades de


interpretação do artigo 3º e respectivos parágrafos da referida Lei n. 9.876/99419

Vale salientar no presente tema, a dificuldade de compreensão da redação do artigo 3º,


caput, e dos parágrafos 1º e 2º da Lei n. 9.876/99, na qual dispõe:

Art. 3º Para o segurado filiado à Previdência Social até o dia anterior à data
de publicação desta Lei, que vier a cumprir as condições exigidas para a
concessão dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, no
cálculo do salário-de-benefício será considerada a média aritmética simples
dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, oitenta
por cento de todo o período contributivo decorrido desde a competência
julho de 1994, observado o disposto nos incisos I e II do caput do art. 29 da
Lei no 8.213, de 1991, com a redação dada por esta Lei.

§ 1º Quando se tratar de segurado especial, no cálculo do salário-de-


benefício serão considerados um treze avos da média aritmética simples dos
maiores valores sobre os quais incidiu a sua contribuição anual,
correspondentes a, no mínimo, oitenta por cento de todo o período
contributivo decorrido desde a competência julho de 1994, observado o
disposto nos incisos I e II do § 6o do art. 29 da Lei no 8.213, de 1991, com
a redação dada por esta Lei.

§ 2o No caso das aposentadorias de que tratam as alíneas b, c e d do inciso I


do art. 18, o divisor considerado no cálculo da média a que se refere o caput
e o § 1o não poderá ser inferior a sessenta por cento do período decorrido da
competência julho de 1994 até a data de início do benefício, limitado a cem
por cento de todo o período contributivo. (grifou-se).

Na seqüência procede-se uma identificação, parte por parte, dos elementos do cálculo
do salário-de-benefício segundo a redação da Lei n. 9.876/99.

419
MASOTTI, Viviane. Análise crítica da renda mensal inicial dos benefícios do RGPS. Revista de
Previdência Social n. 315, Ano XXXI. São Paulo: LTr, fevereiro de 2007, p. 150-151.
Na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondente a,
no mínimo, oitenta por cento: equivale dizer que se fará a somatória de salários de
contribuição, dividido pela quantidade de contribuições respectivas.

Que sejam os maiores salários-de-contribuição correspondente a, no mínimo, 80% -


significa a possibilidade de descartar-se no máximo os 20% menores, mas também significa a
possibilidade de descartar menos que 20%. Isso difere da regra permanente do artigo 29 da
Lei n. 8.213/91, pois na redação instituída pela Lei n. 9.876/99 há a expressão “no mínimo”.

E de todo o período contributivo decorrido desde a competência de julho de 1994: a


expressão significa a quantidade de contribuições efetivas realizadas dentro do período de
julho de 1994 até a data de requerimento do benefício.

No caso das aposentadorias de que tratam as alíneas b, c e d, do inciso I, do artigo 18:


trata-se de uma restrição prevista apenas para as aposentadorias por idade, tempo de
contribuição e especial.

O divisor considerado cálculo da média a que se refere o caput e o §1º não poderá ser
inferior a sessenta por cento: trata-se da quantidade de contribuições consideradas no cálculo.
O INSS considera tal previsão legal, ora como limite para a desconsideração dos menores
salários-de-contribuição, ora como possibilidade de achatamento do salário-de-benefício dos
segurados que contem com menos que 60% de contribuições efetivas.

Em relação ao limitado cem por cento de todo o período contribuição dispõe que: é a
expressão misteriosa, cuja existência é ignorada pela interpretação que vem sendo dada ao §
2º do artigo. 3º da Lei 9.876/99 pelo INSS. Sem dúvida, o procedimento utilizado pelo INSS
está absolutamente equivocado. De acordo com MASOTTI420 demonstra os elementos de
cálculo:

A = “todo o período contributivo decorrido desde a competência julho de 94”.

B = “período decorrido da competência julho de 1994 até a data de início do


benefício”.

Pode-se definir A e B com termos mais “claros”:

420
MASOTTI, Viviane. Análise crítica da renda mensal inicial dos benefícios do RGPS, p. 151.
A = contribuições efetivas = Ce

B = contribuições possíveis = Cp

Pode-se expressar a fórmula do cálculo do salário-de-benefício da seguinte maneira:

SB = somatória, no mínimo, de 80% das maiores Ce

60% (ou mais) da qtde. de Cp, limitado a 100% das Ce

Esta fórmula é interpretada pelo INSS atualmente da seguinte maneira, gerando-se


três possibilidades:

1) A = 100 contribuições = 100Ce; B = 100 meses 80% de A = 80.

2) A = 70 contribuições = 70Ce; B = 100 meses divisor mínimo = 60.

80% de A = 56Ce – Se fosse permitido descartar os 20% menores salários-de-


contribuição, haveriam poucos salários considerados na média. Assim, a definição de um
divisor mínimo força que se utilize mais que 80% dos maiores (lembre-se da expressão legal:
“no mínimo 80%”).

3) A = 50 contribuições = 50Ce; B = 100 meses divisor mínimo = 60; 80% de A =


40Ce.

Contudo, este procedimento ignora a última expressão do §2º, do artigo 3º, da Lei n.
9.876/99: Limitado a 100% de todo o período contributivo.

A expressão faz parte do texto legal por um motivo, sendo que não compõe a norma à
toa. Se o que a norma estabelece são apenas dois elementos no cálculo: “contribuições
efetivas” e “contribuições possíveis” (ou meses em quantidade equivalente), a “tese do não
achatamento” é a única que tem lógica, que faz sentido dentro de todo o contexto
legislativo421.

Se “período contributivo” equivale às “contribuições efetivas”, como foi citado acima,


a limitação imposta pelo parágrafo citado só pode ter por objetivo o não achatamento da
média do salário-de-benefício.

421
MASOTTI, Viviane. Análise crítica da renda mensal inicial dos benefícios do RGPS, p. 151.
E a expressão só pode equivaler às contribuições efetivas, pois a outra opção seria
ilógica: divisor mínimo de 60% das contribuições possíveis limitado a 100% das mesmas
contribuições possíveis.

É no valor da renda mensal dos benefícios que se concretiza a proteção previdenciária


para o segurado. Portanto, é essencial que a legislação seja corretamente interpretada e
aplicada, na concretização do direito, para a perfeita adequação da norma ao fato422.

4.4.15.2 A fórmula de cálculo do benefício. A correta aplicação da Lei n. 9.876/99

Sabe-se que, pela Lei n. 9.876/99, o período básico de cálculo (PBC) considera as
contribuições do segurado desde julho/94 até a data do requerimento do benefício. A referida
Lei ampliou o PBC, em substituição aos 36 últimos salários-de-contribuição do segurado,
previstos na redação original do artigo 202 da CRFB/88. Veja-se, aliás, o teor dessa Lei n.
9.876/99:

Art. 3o Para o segurado filiado à Previdência Social até o dia anterior à data
de publicação desta Lei, que vier a cumprir as condições exigidas para a
concessão dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, no
cálculo do salário-de-benefício será considerada a média aritmética
simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no
mínimo, oitenta por cento de todo o período contributivo decorrido
desde a competência julho de 1994, observado o disposto nos incisos I e II
do caput do art. 29 da Lei no 8.213, de 1991, com a redação dada por esta
Lei. (grifou-se).

Referentemente ao critério para se calcular o valor da RMI dos benefícios do Regime


Geral de Previdência Social, o § 2º do art. 3º da Lei 9.876/99 estabeleceu que:

Art. 3o [...]

§ 2o No caso das aposentadorias de que tratam as alíneas b, c e d do inciso I


do art. 18, o divisor considerado no cálculo da média a que se refere o caput
e o § 1o não poderá ser inferior a sessenta por cento do período decorrido da
competência julho de 1994 até a data de início do benefício, limitado a cem
por cento de todo o período contributivo”. (grifou-se).

422
MASOTTI, Viviane. Análise crítica da renda mensal inicial dos benefícios do RGPS, p. 151.
Pela análise do dispositivo supracitado, a Lei n. 9.876/99 determina que, em todo o
período básico de cálculo – PBC (julho/94 em diante), o segurado possua, no mínimo, 60%
das contribuições preenchidas, limitada a 100% de todo o período contributivo, ou seja: por
essa regra, se no PBC de determinado segurado existem 100 meses desde a competência
julho/94 até a data do requerimento do benefício (DER), no mínimo haverá a necessidade de
que se apurem 60 contribuições mensais.

Entretanto, a parte final do § 2º do artigo 3º da Lei n. 9.876/99 (“limitado a cem por


cento de todo o período contributivo”) determina que, na hipótese de o PBC conter menos de
60% de contribuições apuradas (como no caso do Autor), o cálculo deverá se limitar a 100%
de todo o período contributivo.

Desta forma, se no PBC de determinado segurado, exemplificativamente, forem


apurados 100 meses desde a competência julho/94 até a data do requerimento do benefício,
mas o referido segurado não possuir 60% de contribuições apuradas (60 meses), o cálculo do
benefício deverá ser feito com as contribuições apuradas, dividindo-se pelo mesmo número.
Assim, se nos 100 meses o segurado tiver, por exemplo, 10 contribuições, essas 10
contribuições deverão ser somadas e corrigidas, e divididas não por 60, mas por 10. Da
mesma forma, se nos 100 meses o segurado tiver, por exemplo, 5 contribuições, essas 5
contribuições deverão ser somadas e atualizadas e divididas não por 60, mas por 5. Se, nos
100 meses, o segurado tiver, por exemplo, 2 contribuições, essas 2 contribuições deverão ser
somadas e atualizadas e divididas não por 60, mas por 2. Da mesma forma, se tiver apenas 1
contribuição, essa contribuição deverá ser atualizada e dividida não por 60, mas por 1.

Em um caso hipotético, se determinado segurado possuir em todo o seu PBC (julho/94


até a data do requerimento do benefício) apenas 1 contribuição mensal, e supondo que esta
única contribuição apurada em todo o seu PBC fosse recolhida sobre um salário-de-
contribuição à época de R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais), seu benefício deverá ser
calculado considerando-se, em seu PBC, esta única contribuição mensal, dividida por 1 (e não
por 60% de todo o PBC, como erroneamente entende o INSS), segundo o que expressamente
determina a parte final do § 2º do artigo 3º da Lei n. 9.876/99 (“limitado a cem por cento de
todo o período contributivo”).
Portanto, por tal regra e previsão legal, o benefício desse hipotético segurado não
poderia jamais ser concedido sobre o valor de 1 salário mínimo, uma vez que esse segurado,
por possuir à época de seu PBC 1 contribuição mensal sobre um salário-de-contribuição de
R$ 2.500,00, deve se encaixar na parte final do § 2º do artigo 3º da Lei n. 9.876/99 (“limitado
a cem por cento de todo o período contributivo”), onde deve-se somar e atualizar esse único
salário-de-contribuição e dividi-lo por 1, e não por 60% de todos os meses que compõe o
PBC, como tem entendido o INSS.

O valor do benefício só poderá ser de 1 salário mínimo se, no PBC (julho/94 em


diante), esse segurado não tiver nenhuma contribuição, segundo o que expressamente
determinou a Lei n. 10.666/2003, que transcreve-se:

Art. 3º [...].

§ 2o A concessão do benefício de aposentadoria por idade, nos termos do §


1o, observará, para os fins de cálculo do valor do benefício, o disposto no
art. 3º, caput e § 2º, da Lei no 9.876, de 26 de novembro de 1999, ou, não
havendo salários de contribuição recolhidos no período a partir da
competência julho de 1994, o disposto no art. 35 da Lei no 8.213, de 24 de
julho de 1991. (grifou-se).

Como, em todo o PBC desse segurado, existe apenas 1 contribuição, sendo que essa
contribuição foi recolhida à época sobre uma base de cálculo de R$ 2.500,00, a regra acima
(do artigo 3º, § 2º da Lei n. 10.666/2003) não se lhe aplica, aplicando-se, agora sim, a regra da
parte final do § 2º do artigo 3º da Lei n. 9.876/99 (“limitado a cem por cento de todo o
período contributivo”)

Pegando-se o único salário de contribuição desse segurado apurado em todo o seu


PBC (julho/94 em diante), e supondo que essa única contribuição mensal sobre a base de R$
2.500,00 tenha sido recolhida pelo segurado em fevereiro de 2006, atualizando-o na página
da Previdência Social (<http://www.mps.gov.br>), na época da concessão do benefício
(março/2006), a média do valor apurado em todo o PBC desse segurado seria de R$ 2.505,75
(vide carta de concessão abaixo).

Este é o valor que deveria ter sido tomado como referência para o cálculo do salário-
de-benefício e para a aferição do valor da renda mensal inicial do benefício desse segurado. O
INSS deverá pagar esse salário-de-contribuição corrigido e, ao invés de dividi-lo por 1, como
manda e determina expressamente a parte final do § 2º do artigo 3º da Lei n. 9.876/99, o
dividirá por 84 (60% de todos os meses que compõe o PBC desse segurado), ignorando
descaradamente a regra contida na parte final do § 2º do artigo 3º da Lei n. 9.876/99
(“limitado a cem por cento de todo o período contributivo”), o que fará, obviamente, que esse
segurado tenha seu benefício erroneamente concedido no valor de 1 salário mínimo. Veja-se,
à propósito, o teor da Carta de Concessão simulada desse segurado:

Nome: NIT: APS: Número do Benefício:


SEGURADO HIPOTÉTICO 00000000000-o 00.0.000.00 000.000.000-00

Comunicamos que lhe foi concedido APOSENTADORIA POR IDADE (41) número 000.000.000-
00 requerido em 16/03/2006 com renda mensal de R$ 300,00 calculada conforme abaixo, com início de

vigência a partir de 16/03/2006.


Os pagamentos serão efetuados no 4º dia útil de cada mês.

Cálculo de Benefícios segundo a Lei 9876, de 29/11/1999

Seq Data Salário Índice Sal.Corrigido Observação

001 02/2006 2.500,00 1,0023 2.505,75

Fator Previdenciário = = 0,4067

onde,
Tc - Tempo de contribuição em anos =
Es - Expectativa de Sobrevida em anos = 17,3
Id - Idade em anos = 65
a - alíquota = 0,31

Salário de Benefício = média X fator previdenciário = 300,00 (SALARIO MINIMO)

onde,
média - Média dos 80% maiores salários de contribuição = 2.505,75 ÷ 84 = 29,83
y - Número de meses, após a Publicação da Lei = 76

Renda Mensal Inicial = Salário de Benefício X coeficiente = 300,00


onde,
Coeficiente = 0.83

Sabe-se que, na aposentadoria por idade no RGPS, o salário-de-benefício é calculado


pela regra do artigo 50 da Lei n. 8.213/91:

Art. 50. A aposentadoria por idade, observado o disposto na Seção III deste
Capítulo, especialmente no art. 33, consistirá numa renda mensal de 70%
(setenta por cento) do salário-de-benefício, mais 1% (um por cento) deste,
por grupo de 12 (doze) contribuições, não podendo ultrapassar 100% (cem
por cento) do salário-de-benefício”.

Portanto, supondo-se que esse segurado possuísse, à época da concessão do benefício


em tela, 15 anos de contribuição, seu salário-de-benefício deveria corresponder a 70% mais
15% (1% para cada 12 grupo de contribuições), equivalendo a 85% do salário-de-benefício.
Dessa forma, os 85% do salário-de-benefício apurado em 16.03.2006 (R$ 2.505,75) deveria
equivaler à época (16.03.2006), a uma renda mensal inicial de R$ 2.129,88 (dois mil, cento e
vinte e nove reais e oitenta centavos).

É esse que deveria, portanto, ser o valor da renda mensal inicial da aposentadoria por
idade desse segurado em 16.03.2006, e não o valor de 1 salário mínimo como
equivocadamente tem entendido o INSS, não incidindo, na espécie em apreço, o disposto no
artigo 3º, § 2º, da Lei n. 10.666/2003, uma vez que esse segurado possuía salário-de-
contribuição em seu PBC, ao passo que a regra da Lei n. 10.666/2003 só seria aplicável se
esse segurado, em seu PBC, não possuísse NENHUM salário-de-contribuição, devendo,
então, ser concedido o benefício de valor mínimo.

4.4.15.3 O entendimento consolidado na Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais de


Santa Catarina sobre a correta aplicação do artigo 3º, caput e §2º da Lei n. 9.876/99

Em algumas oportunidades, o assunto em questão já foi objeto de minuciosa análise


pelas Turmas Recursais dos Juizados Especiais Federais em Santa Catarina, que consolidaram
o entendimento sobre a correta aplicação do caput e do § 2º do artigo 3º da Lei n. 9.876/99,
em absoluta sintonia com toda a fundamentação fática e jurídica aduzida nesta monografia.
Dentre tantos julgados das referidas turmas recursais, cita-se, como exemplo, o
Processo n. 2002.72.08.005249-9, da relatora Juíza Federal Eliana Paggiarin Marinho,
quando, em 12.11.2004, por unanimidade, adotou-se in totum o entendimento aqui aduzido,
verbis:

“Voto

Trata-se de recurso interposto contra sentença que julgou procedente pedido


de concessão de aposentadoria por idade, reconhecendo a possibilidade de
implemento dos requisitos idade ecarência de forma não simultânea,
conforme precedentes da jurisprudência pátria.

O INSS, em seu recurso, defende a ausência do direito ao benefício devido


à perda da qualidade de segurado, insurgindo-se ainda contra a sistemática
adotada para o cálculo da RMI da aposentadoria deferida.

No que diz respeito ao direito ao benefício, a sentença deve ser confirmada


pelos seus próprios fundamentos, os quais inclusive estão em consonância
com a Súmula nº 02 da Turma de Uniformização do TRF4.

Quanto ao cálculo da RMI, estabeleceu o Magistrado sentenciante:

“O artigo 3º da Lei n. 9.876/99 estabelece regra de transição segundo a


qual o salário-de-beneficio será representado pela ‘média aritmética
simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no
mínimo, oitenta por cento de todo o período contributivo decorrido desde a
competência julho de 1994’ . (...). O § 2º,. Entretanto, veda que “o divisor
considerado no cálculo da média a que se refere o caput” seja inferior a
60% “do período decorrido da competência julho de 1994 até a data de
início do benefício”. No caso, de 7-94 a 10-2002 (DIB) há um período de
100 meses, sendo que o divisor mínimo seria, portanto, 60. O autor, no
período de 7-94 até a data de início do benefício, conta com 51
contribuições. Quer dizer: ainda que se utilize as contribuições relativas a
100% de todo o período contributivo não há contribuições suficientes para
atingir o mínimo de 60% “do período decorrido da competência julho de
1994 até a data de início do benefício”. A Lei autoriza, então, que a média
aritmética seja extraída com base até na totalidade das contribuições
vertidas de 7-94 até a DIB (parte final do § 2º). Assim, na hipótese dos
autos, a média aritmética é obtida pela soma dos 51 salários-
decontribuição divididos obviamente por 51. O resultado é o salário-
debenefício (...)” – destaquei.

Entende o INSS que a sistemática de cálculo adotada diverge daquela


prevista na Lei nº 9.876/99, verbis:

“Art. 3º [...].
§ 2o No caso das aposentadorias de que tratam as alíneas b, c e d do inciso
I do art. 18, o divisor considerado no cálculo da média a que se refere o
caput e o § 1o não poderá ser inferior a sessenta por cento do período
decorrido da competência julho de 1994 até a data de início do benefício,
limitado a cem por cento de todo o período contributivo”.

Anteriormente à Lei nº 9.876/99 o período básico de cálculo das


aposentadorias por idade envolvia os últimos 36 (trinta e seis) saláriosde-
contribuição, encontráveis num período máximo de 48 (quarenta e oito)
meses.

A nova disciplina, introduzida pela Lei nº 9.876/99, veio assim expressa:

"Art. 29. O salário-de-benefício consiste:

I - para os benefícios de que tratam as alíneas b e c do inciso I do art. 18,


na média aritmética simples dos maiores salários-decontribuição
correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo,
multiplicada pelo fator previdenciário; II - para os benefícios de que tratam
as alíneas a, d, e e h do inciso I do art. 18, na média aritmética simples dos
maiores salários-decontribuição correspondentes a oitenta por cento de
todo o período contributivo."

Porém, era necessária a existência de uma norma de transição para o


segurado já filiado ao RGPS, tendo assim o legislador estabelecido a regra
do artigo 3º, transcrita acima, a qual substancialmente fixa o mês 07-1994
como marco inicial para a apuração do PBC (que agora envolve todo o
período contributivo). Ou seja: “todo o período contributivo”, para quem já
era filiado ao sistema antes de 11-1999, corresponde às contribuições
posteriores a 07-1994, desprezando-se as anteriores. “Todo o período
contributivo” é encontrável em um período de apuração que tem início
sempre em 07- 1994 e marco final na DIB.

Aplicando as novas regras passou o INSS a entender que, se o segurado


possuir contribuições em menos de 60% dos meses contados desde 07-1994
até a DIB, a média de todos os salários-de-contribuição será dividida não
pelo próprio número dos mesmos, mas sim pela variável que corresponde
ao número de meses decorridos de 07-1994 até a DIB.

Justamente tal procedimento foi afastado pelo Magistrado a quo, que


interpretou de forma diversa o § 2º do artigo 3º da Lei nº 9.876/99, cuja
redação repito: “... o divisor considerado no cálculo da média a que se
refere o caput e o § 1o não poderá ser inferior a sessenta por cento do
período decorrido da competência julho de 1994 até a data de início do
benefício, limitado a cem por cento de todo o período contributivo” –
destaquei.

Tenho que a sentença deve ser confirmada também neste particular, pois o
procedimento defendido e aplicado pelo INSS nega vigência à parte final do
dispositivo legal em questão (limitado a cem por cento de todo o período
contributivo).

Para bem analisar a questão, considero válido trazer alguns exemplos, todos
eles partindo de um suposto benefício com DIB em 10- 2002, onde 100
meses terão se passado desde 07-1994:

(1) segurado com 100 meses de contribuição no período de apuração:

o salário-de-benefício corresponderá à média dos 80 maiores salários-de-


contribuição, adotando-se como divisor o próprio número de meses do
período contributivo (soma de 80 valores, dividida por 80).

(2) segurado com 90 meses de contribuição no período de apuração:

o salário-de-benefício corresponderá à média dos 72 maiores salários-de-


contribuição (80% das 90 contribuições ) – 72 dividido por 72.

(3) segurado com 80 meses de contribuição no período de apuração:

o salário-de-benefício corresponderá à média dos 64 maiores salários-de-


contribuição (80% das 80 contribuições) – 64 dividido por 64.

(4) segurado com 70 meses de contribuição no período de apuração:

o salário-de-benefício corresponderá à média dos 60 maiores salários-de-


contribuição. Não será a média das 80% maiores (no caso, 56 meses), pois
aplicável a limitação em 60% do período de apuração – 60 dividido por 60.
Explica-se, assim, a referência a “no mínimo, oitenta por cento de todo o
período contributivo” feita no caput do artigo 3º da Lei nº 8.213/91. Ou
seja, aqui foi necessário que se ultrapassasse aquele mínimo de 80%.

(5) segurado com 65 meses de contribuição no período de apuração:

o salário-de-benefício também corresponderá à média dos 60 maiores


salários-de-contribuição, conforme situação (4) – 60 dividido por 60 , pois
se aplicada a regra dos 80% maiores valores encontraríamos número
inferior a 60% do período de apuração.

(6) segurado com 60 meses de contribuição no período de apuração:

o salário-de-benefício corresponderá à média de todos os 60 salários-de-


contribuição, pelas mesmas razões acima -- 60 dividido por 60.

(7) segurado com 50 meses de contribuição no período de apuração:


o salário-de-benefício corresponderá à média de todos os 50 salários-de-
contribuição, divididos pelo próprio número – 50 dividido por 50, porque
incidente a parte final do § 2º (limitado a todo o período contributivo).

8) segurado com 30 meses de contribuição no período de apuração:

o salário-de-benefício também corresponderá à média de todos os 30


salários-de-contribuição, divididos pelo próprio número – soma dos 30
dividida por 30 – razões idênticas ao exemplo acima.

Assim:

-- se todo o período contributivo for igual ou superior a 60% do período de


apuração (07-1994 até a DIB), possível a eleição dos 80% maiores valores,
desprezando-se os demais. Trata-se da aplicação conjunta do caput do
artigo 3º da Lei nº 8.213/91 (no cálculo do saláriode- benefício será
considerada a média aritmética simples dos maiores saláriosde-
contribuição, correspondentes a, no mínimo, oitenta por cento de todo o
período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994) e do §
2º, primeira parte, do mesmo dispositivo (o divisor considerado no cálculo
da média a que se refere o caput e o § 1o não poderá ser inferior a sessenta
por cento do período decorrido da competência julho de 1994 até a data de
início do benefício).

-- se todo o período contributivo for inferior a 60% do período de apuração


(07-1994 até a DIB), inviável a eleição dos 80% maiores valores,
desprezando-se os demais. A média, assim, parte da integralidade do
período contributivo, adotando-se como divisor o próprio número de
salários-de-contribuição. Aqui, se trata da aplicação da segunda parte do §
2º do artigo 3º, onde o divisor está limitado a cem por cento de todo o
período contributivo.

Veja-se que o caput do artigo 3º, quando estabelece que no cálculo do


salário-de-benefício será considerada a média aritmética simples dos
maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, oitenta
por cento de todo o período contributivo decorrido desde a competência
julho de 1994, não autoriza o procedimento adotado pelo INSS, pois a
ressalva constante na parte final do § 2º (limitado a cem por cento de todo o
período contributivo) diz respeito ao divisor, não ao período contributivo.
Ou seja: é o divisor que está limitado ao mesmo número total de salários-de
contribuição encontrados dentro do período de apuração.

Poderia ser argumentado, aqui, que o raciocínio acima pode resultar na


apuração de rendas mensais superiores à média do histórico de
contribuições do segurado. Todavia, dificilmente tal ocorrerá, pois ainda
que o segurado fique por muitos anos sem contribuir, perdendo qualidade
de segurado, não terá deferido benefício antes de completado 1/3 da
carência. Assim, pelo menos 1/3 da carência fatalmente está dentro do
período de apuração (07-1994 em diante).
No caso das aposentadorias por idade garantidas pela Lei nº 10.666/2003
(sem implemento simultâneo dos requisitos idade e carência) sim, ocorrerão
situações no mínimo intrigantes, porque aqui é possível a ocorrência de
situação onde, depois de 07-1994, o segurado tenha vertido uma única
contribuição mensal, que somada às anteriores mostra-se suficiente para
completar a carência. Como não se exige dele o cumprimento do 1/3 – pois
é possível até mesmo não deter qualidade de segurado --, o salário-de-
benefício levará em conta uma única contribuição, dividida por 01.

A situação acima, porém, deverá ser objeto de estudos e, se necessário,


culminar na edição de novas regras, específicas para a nova espécie de
aposentadoria por idade criada pelo legislador ordinário (Lei nº
10.666/2003). Enquanto isso não ocorre, havendo pelo menos um salário-
de-contribuição dentro do PBC, aplicáveis para cálculo do salário-de-
benefício a regras da Lei nº 9.876/99, às quais a nova lei expressamente
remete (artigo 3º, § 2º, Lei nº 10.666/2003).

Voto, assim, no sentido de negar provimento ao recurso, condenando o


INSS ao pagamento de honorários advocatícios fixados em R$.480,00, o
que faço levando em conta o baixo valor da condenação, relativamente às
parcelas vencidas. Referida importância deverá ser atualizada
monetariamente desde esta data e sobre ela incidirão juros de mora a contar
do trânsito em julgado, obedecidos índice e percentual idênticos aos
utilizados para correção do principal.

Eliana Paggiarin Marinho - Juíza Federal” (grifou-se).

O mesmo entendimento unânime foi adotado pela 2ª Turma Recursal da Seção


Judiciária do Estado de Santa Catarina, como relatora a Juíza Federal Marina Vasques Duarte
de Barros Falcão, quando, em 28.06.2006, ao julgar o Processo n. 2005.72.95.019068-1, foi
proferida a seguinte decisão:

Acordam os Juízes da Segunda Turma Recursal da Seção Judiciária do


Estado de Santa Catarina, à unanimidade, em negar provimento ao recurso,
confirmando a sentença por seus próprios fundamentos (art. 46 da Lei n.
9.099/95) e condenando o recorrente no pagamento de honorários
advocatícios arbitrados em 10% (dez por cento) sobre o valor da
condenação, levando em conta as parcelas vencidas até a data da prolação
da sentença. Quanto ao dispositivo pré-questionado, salienta-se que foi
exatamente este o aplicado na sentença (art. 3, § 2º, da Lei n. 9.876/99 –
erro material quanto a esta numeração). É que a expressão “limitado a
100% de todo o período contributivo” refere-se ao período contributivo
específico do segurado e não o número de meses decorridos entre
julho/94 ate a DER (grifo nosso). A predominar a absurda
interpretação dada pelo INSS, estar-se-ia prejudicando aqueles
trabalhadores que, embora tenham preenchido todos os requisitos para
o benefício, estiveram desempregados em parte do período básico de
cálculo adotado aleatoriamente pelo Governo ou até mesmo que não
puderam se filiar em razão da pouca idade (menor de 13 ou 16 anos).
Ninguém pode ser obrigado a se filiar ao sistema de forma retroativa,
já que a inovação trazida foi feita em 1999 e considera o PBC desde
julho/94.

Como se percebe, toda a linha de argumentação narrada nos itens acima encontra-se
também firmada e pacificada na jurisprudência das Turmas Recursais dos Juizados Especiais
Federais em Santa Catarina, sendo direito de todo segurado ter recalculado o valor da Renda
Mensal Inicial de sua aposentadoria por idade desde à época da sua concessão nos exatos
termos do § 2º do artigo 3º da Lei n. 9.876/99, e não na forma da absurda interpretação
conferida pelo INSS ao dispositivo em tela, sob pena de abandonar-se um direito
expressamente conferido aos segurados pela dita Lei, em detrimento desses segurados, que
têm no benefício previdenciário sua única fonte de subsistência.

4.5 DA IRREDUTIBILIDADE DO VALOR DOS BENEFÍCIOS

A irredutibilidade do valor dos benefícios previdenciários, tem previsão legal no artigo


194 inciso IV da Constituição Federal de 1988, na qual dispõe que o valor dos benefícios é
irredutível. MARTINEZ comenta sobre o princípio descrito acima:

O mencionado princípio rege e protege a renda inicial, obviamente após a


concessão do beneficio; não faz parte integramente da definição de seu
valor. [...] Em mandamento fundamental (art.194, parágrafo único, IV), e
norma dispositiva (art. 201, §3°), a Lei Maior assegura a irredutibilidade da
renda inicial [...]423.

Na mesma linha de raciocínio Ionas Deda Gonçalves complementa, “esse principio


garante a preservação dos benefícios pagos em dinheiro”424.

MARTINEZ explica que “como decorrência da definitividade, o benefício é protegido


contra redução do montante. Uma vez que se trata de um princípio constitucional específico e
sob esse aspecto é também objeto do direito adquirido”425.

423
MARTINEZ, Wladimir Novaes.Curso de direito previdenciário, p.633 e 634.
424
GONÇALVES, Ionas Dega. Direito previdenciário. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2007, p.16
425
MARTINEZ, Wladimir Novaes.Curso de direito previdenciário, p 643.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente monografia teve como objeto a pesquisa das principais ações revisão de
benefícios previdenciários no Regime Geral de Previdência Social. No entanto, mesmo sendo
a etapa finalizadora desta pesquisa, não há que se falar em conclusão, uma vez que o tema
poderá estar em modificação.

Seguindo o método dedutivo, foi possível verificar a revisão de benefícios


previdenciários, como garantia constitucional e as hipóteses de revisão e reajustamento desses
benefícios.

Os problemas de pesquisa formulados, bem como as hipóteses consideradas no início


do trabalho, foram devidamente respondidos de forma satisfatória.

Para apresentar uma idéia clara e lógica, buscou-se apresentar no presente trabalho,
primeiramente uma análise da Seguridade Social, discorrendo sobre a evolução histórica no
direito estrangeiro, na qual faz menção como marco histórico a Lei de Amparo aos Pobres, em
1601, na Inglaterra, estabelecendo uma contribuição obrigatória representada pelo
denominado imposto de caridade, que era exigida pelos juízos, para que o produto de sua
arrecadação fosse destinado aos mais necessitados, e nos antecedentes históricos no Brasil,
foram destacados a seguridade social nas leis constitucionais e infraconstitucionais.

No mesmo capítulo, cuidou-se em demonstrar o conceito, na qual ampara os


segurados, nos casos de que não possam suprir suas necessidades básicas e de seus familiares
e demonstrou também a natureza jurídica da Seguridade Social, apresentando os princípios
específicos da Seguridade Social, bem como, abordando acerca do sistema de financiamento e
a divisão da Seguridade Social.

No segundo capítulo, foi explanado sobre o Regime Geral de Previdência Social no


Brasil, na qual foi estabelecido pela Lei n. 8.213/91, analisou-se o conceito de beneficiários
do RGPS, que foi instituído pelo artigo 8º do Decreto n. 3.048/99, que estipula que são
beneficiários do RGPS as pessoas físicas classificadas como segurados e dependentes, e, na
137

seqüência foram apresentadas as modalidades de segurados e dependentes, a carência para a


obtenção dos benefícios e as espécies de benefícios no Regime Geral de Previdência Social
que são: aposentadoria por invalidez, aposentadoria por idade, aposentadoria por tempo de
contribuição, aposentadoria especial, auxílio-doença, salário-família, salário-maternidade,
pensão por morte, auxílio-reclusão, auxílio-acidente.

No último capítulo, ocupou-se em analisar as principais hipóteses de revisão e


reajustamento de benefícios previdenciários no Regime Geral de Previdência Social após o
advento da Constituição Federal de 1988.

Procedeu-se uma análise preliminar acerca da revisão dos benefícios previdenciários,


para oportunizar melhor entendimento ao tema principal. Na seqüência foi apresentada a
previsão legal e justificativa da revisão dos benefícios, o reajustamento do valor dos
benefícios.

No mesmo capítulo, foram apresentadas as hipóteses de revisão e reajustamento de


benefícios após a Constituição Federal de 1988 e encerrado com a irredutibilidade do valor
dos benefícios.

Serão procedidas as comparações necessárias e a análise das hipóteses, limitadas aos


objetivos gerais e específicos, concernentes aos problemas e respectivas hipóteses indicados
na introdução desta monografia.

Primeiro problema: Conforme a Constituição Federal de 1988, quais são os direitos


sociais assegurados pela Seguridade Social no Brasil? Hipótese: A seguridade social, prevista
no artigo 194 da Constituição Federal de 1988, assegura os direitos relativos à saúde, à
previdência e à assistência social. Análise: A hipótese foi confirmada pelo resultado da
pesquisa e se justifica pelo conteúdo da própria hipótese.

Segundo Problema: Quais são os benefícios concedidos no Regime Geral da


Previdência Social? Hipótese: os benefícios concedidos no RGPS são: aposentadoria por
invalidez, aposentadoria por idade, aposentadoria por tempo de contribuição, aposentadoria
especial, auxÍlio-doença, salário-família, salário-maternidade, pensão por morte, auxÍlio-
reclusão e auxilio acidente. Análise: A hipótese foi confirmada pelo resultado da pesquisa e se
justifica pelo conteúdo da própria hipótese.

Terceiro problema: No sistema vigente, as ações de revisão de benefícios


previdenciários têm como destinatários somente os segurados do Regime Geral de
138

Previdência Social, ou também seus dependentes? Hipótese: no sistema vigente, as ações de


revisão de benefícios previdenciários possuem como destinatários tanto os segurados como os
dependentes do segurado do Regime Geral de Previdência Social. Análise: A hipótese foi
confirmada pelo resultado da pesquisa e se justifica pelo conteúdo da própria hipótese.

Acredita-se que o objetivo principal na elaboração da presente monografia foi


alcançado, ou seja, a pesquisa em tela permitiu, em conhecer as possibilidades de revisão de
benefícios previdenciários no Regime Geral de Previdência Social, no entanto, a pesquisa
deve continuar com intuito de que seja feita maiores pesquisas com novas informações com
vistas ao enriquecimento científico.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARAÚJO, Francisco Carlos da Silva. Seguridade social. Jus Navigandi, Teresina, ano 11, n.
1272, 25 dez. 2006. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=9311>.
Acesso em: 22 maio de 2008.

BALERA, Wagner. Noções preliminares de direito previdenciário. São Paulo: Quartier


Latin, 2004. 222 p.

BRASIL. Constituição da república federativa do brasil. Obra coletiva de autoria da


Editora Saraiva com a colaboração de Antonio Luiz de Toledo Pinto, Márcia Cristina Vaz dos
Santos Windt e Lívia Céspedes. 3. ed. atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2007. 1757 p.

BRASIL. Decreto n. 3.048/99. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 14


out. 2008.

BRASIL. Ministério da previdência social. Disponível em: <http://www.mpas.gov.br/>.


Acesso em 07 de setembro de 2008.

BRASIL. Ministério da previdência social. Disponível em:


<http://www.previdenciasocial.gov.br>. Acesso em: 15 de agosto de 2008.

BRASIL. Ministério da previdência social. Disponível em:


<http://www.previdencia.gov.br/pg_secundarias/beneficios_11.asp> . Acesso em: 01 out.
2008.

BRASIL. Ministério da previdência social. Disponível em:


<http://www.previdencia.gov.br/pg_secundarias/beneficios_10.asp> . Acesso em: 01 out.
2008.

BRASIL. Ministério da previdência social. Disponível em:


<http://www.previdencia.gov.br/pg_secundarias/beneficios_09.asp>. Acesso em: 01 out.
2008.
140

BRASIL. Ministério da previdência social. Disponível em:


<http://www.presidencia.gov.br/pg_secundarias/beneficios_08.asp>. Acesso em: 04 out.
2008.

BRASIL. Ministério da previdência social. Disponível em:


<http://www.presidencia.gov.br/pg_secundarias/beneficios_07.asp>. Acesso em: 08 out.
2008.

BRASIL. Superior tribunal de justiça. Acesso em: <http://www.stj.gov.br>. Acesso em: 17


de out. 2008. MS n. 1.233-DF, STJ, 1ª Sessão, RSTJ30/260.

BRASIL. Superior tribunal de justiça. Disponível em: <


https://ww2.stj.gov.br/revistaeletronica/REJ.cgi/MON?seq=2110923&formato=PDF>. Acesso
em: 16 out. 2008. Decisão proferida no Recurso Extraordinário n. 313.382, julgado em
26/09/2002.

BRASIL. Superior tribunal de justiça. Disponível em: <http://www.stj.gov.br>. Acesso em:


10 out. 2008. Recurso Especial n. 167993-SP, STJ, 5ª Turma, Relator: Ministro Edson
Vidigal, DJU de 22.6.98.

BRASIL. Supremo tribunal federal. Disponível em: <http://www.stf.gov.br>. Acesso em 10


out. 2008. Mandado de Injunção n. 306, o Recurso Extraordinário n. 163.478 e o Recurso
Extraordinário n. 64.931.

BRASIL. Supremo tribunal federal. Disponível em: <http://www.stf.gov.br> . Acesso em:


10 out. 2008. Recurso Extraordinário n. 145895-0/SP. Relator Ministro Celso de Mello, DJU
de 18.8.95.

BRASIL. Supremo tribunal federal. Disponível: <http://www.stf.gov.br>. Acesso em: 10


out. 2008. Recurso Especial. n. 157614/SP, 5ª Turma, Relator: Ministro Flaquer Scartezzini,
DJU de 30.03.98, p. 124.

BRASIL. Supremo tribunal federal. Disponível: <http://www.stf.gov.br>. Acesso em: 10


out. 2008. Recurso Extraordinário nº. 376.846/SC, decidido por maioria, em Sessão Plenária
do dia 24 de setembro de 2003 (DJU de 21.10.2003) de que foi relator o Ministro Carlos
Velloso.
141

BRASIL. Supremo tribunal federal. Nesse sentido, vide: RE n. 217.252-1/MG, 2ª Turma,


rel. Ministro Nelson Jobim, DJU de 16.4.99; AGRAG n. 174.540-2/AP, 2ª Turma, rel. Min.
Maurício Corrêa, DJU de 26.4.96. Disponível em: <http://www.stf.gov.br>. Acesso em: 29
jul. 2008.

BRASIL. Tribunal regional federal. Disponível em: <http://www.trf4.jus.br/trf4/>. Acesso


em: 16 out. 2008. Neste sentido, no TRF-4ª Região, vide: AC n. 200071000093470/RS,
Relator Ministro Quáglia Barbosa, DJU 06/02/2006.

CARRAZZA, Roque Antonio. Curso de direito constitucional tributário. 19. ed. ver. e
atual. São Paulo: Malheiros, 2002. 900 p.

CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito
previdenciário. 7.ed. São Paulo: LTr, 2006. 823 p.

COIMBRA, José dos Reis Feijó. Direito previdenciário brasileiro. rev. e atual. 9. ed. Rio de
Janeiro: Edições Trabalhistas, 1998. 526 p.

COLZANI, Valdir Francisco. Guia para redação do trabalho científico. Curitiba: Juruá,
2001. 245 p.

CORREIA, Marcus Orione Gonçalves; Correia, Érica Paula Barcha. Curso de direito da
seguridade social. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. 293 p.

COSTA, Hertz Jacinto. Previdência social: estudos sobre o auxílio-acidente. Jus Navigandi,
Teresina, ano 7, n. 64, abr. 2003. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/
doutrina/texto.asp?id=3971>. Acesso em: 08 out. 2008.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário da língua portuguesa. 3. ed. Revisto


e Ampliado, Rio de Janeiro: Fronteira, 1999. 536 p.

FERREIRA, Lauro Cesat Mazetto. Seguridade social e direitos humanos. 1. ed. São Paulo:
LTr, 2007. 237 p.

FERREIRA, Rosni; FERREIRA, Deyse. Guia prático de previdência social. volume I. 3.


ed. rev. atual. São Paulo: LTr, 1999. 424 p.
142

GIUSTI, Miriam Petri Lima de Jesus. Direito da seguridade social. São Paulo: Pillares,
2008. 168 p.

GONÇALVES, Ionas Dega. Direito previdenciário. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2007. 327 p.

HORVATH JR., Miguel; TANACA, Priscila. Resumo jurídico de direito previdenciário. 2.


ed., São Paulo, Quartier Latin do Brasil, 2005. 160 p.

LAZZARI, João Batista. Aposentadoria especial como instrumento de proteção social e


de concretização do princípio da dignidade da pessoa humana. 2004. 129 p.

MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário. 28. ed. rev., atual. e ampl. São
Paulo: Malheiros, 2007. 560 p.

MARTINEZ, Wladimir Novaes. CD – Comentários à lei básica da previdência social.


Brasília, Rede Brasil/LTr, fev./1999.

MARTINEZ, Wladimir Novaes. Comentários à lei básica da previdência social. Tomo I –


Plano de Custeio. 4ª ed. São Paulo: LTr, 2005. 851 p.

MARTINEZ, Wladimir Novaes. Curso de direito previdenciário: tomo I – noções de direito


previdenciário. São Paulo: LTr, 1997. 318 p.

MARTINEZ, Wladimir Novaes. Curso de direito previdenciário: tomo II – previdência


social. São Paulo: LTr, 1998. 797 p.

MARTINS, Sergio Pinto. Direito da seguridade social. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2007. 155 p.

MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social: custeio da seguridade social,


benefícios – acidente do trabalho – assistência social – saúde. 22. ed. São Paulo: Atlas, 2005.
539 p.

MARTINS, Sérgio Pinto. Legislação previdenciária. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2005. 317 p.

MASOTTI, Viviane. Análise crítica da renda mensal inicial dos benefícios do RGPS.
Revista de Previdência Social n. 315, Ano XXXI. São Paulo: LTr, fevereiro de 2007.

MIRANDA, Jadiel Galvão Miranda. Direito da seguridade social: direito previdenciário,


infortunística, assistência social e saúde. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. 301 p.
143

OLIVEIRA, Aristeu de. Manual prático da previdência social. 13. ed. São Paulo: Atlas,
2005. 490 p.

OLIVEIRA, Aristeu de. Seguridade e previdência social: benefícios, instrução normativa n.


78. São Paulo: Atlas, 2003. 425 p.

PASOLD, Cesar Luiz. Prática da pesquisa jurídica: idéias e ferramentas úteis ao


pesquisador do Direito. 8. ed. Florianópolis: OAB Editora, 2003. 243 p.

SANTOS, Leandro Luís Camargo dos. Curso de direito da seguridade social. 1. ed. São
Paulo: LTr, 2004. 384 p.

SANTOS, Marisa Ferreira dos Santos. O princípio da seletividade das prestações de


seguridade social. 1. ed. São Paulo: LTr, 2003. 221 p.

SOUZA, Leny Xavier de Brito e. Previdência social normas e cálculos de benefícios. 7 ed.
São Paulo: LTr, 2003. 175 p.

STEPHANES, Reinhold. Reforma da previdência sem segredos. Rio de Janeiro: Record,


1998. 244 p.

TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito previdenciário. 6.ed. Rio de Janeiro: Editora Lúmen
Juris, 2005. 617 p.

TSUTIYA, Augusto Massayuki. Curso de direito da seguridade social. 1 ed. São Paulo:
Saraiva, 2007. 444 p.

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ. Elaboração de trabalhos acadêmico-científicos.


Itajaí: Univali, 2003. (Cadernos de Ensino – Formação Continuada). Ano 2, n. 4. 101 p.

Vous aimerez peut-être aussi