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Repartição de Competências em Matéria

Ambiental
INTRODUÇÃO
LEI COMPLEMENTAR

Competência Legislativa
UNIÃO
 Competência Privativa
 Competência Concorrente
 Jurisprudência
Inconstitucionalidade de lei estadual que restringe o
uso de organismos geneticamente modificados
Inconstitucionalidade de Lei Estadual que Restringe a
Comercialização de Produtos com Agrotóxicos

ESTADOS E DISTRITO FEDERAL


 Jurisprudência
Constitucionalidade de Lei Estadual que Veda a
Comercialização de Amianto
MUNICÍPIOS
 Jurisprudência
Inconstitucionalidade de Lei Municipal, que proibia o
uso do fogo no canavial

Competência Administrativa
UNIÃO (COMPETÊNCIA EXCLUSIVA)
ESTADOS (COMPETÊNCIA REMANESCENTE E EXPRESSA EM
RELAÇÃO AO GÁS)
MUNICÍPIOS (CONCORRÊNCIA COMUM E SUPLETIVA OU
“CONCORRENTE IMPLÍCITA”)
CRITÉRIOS DEFINIDOS PELO STF PARA FIXAÇÃO DA
COMPETÊNCIA AMBIENTAL (ANTES DA LC 140, MAS AINDA VÁLIDAS)
LEI COMPLEMENTAR 140/2011 – REGULAMENTAÇÃO DA
REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS ADMINISTRATIVAS EM MATÉRIA
AMBIENTAL
 Disposições Gerais
 Instrumentos de Cooperação
 Ações de Cooperação
Competências da União (art. 7º)
Competências dos Estados (art. 8º)
Competências dos Municípios (art. 9º)
Competências do Distrito Federal
 Disposições Finais
 Lei Complementar n. 140/2011 e ADI n. 4757
 Méritos da Lei Complementar 140/2011

Concurso não se faz para passar, mas até passar. Porrada na preguiça! A fila anda e a catraca seleciona. É nóis, playboy!!!
1

Consiste a competência na distribuição funcional do Poder, que é a capacidade de decidir e


tornar eficaz a decisão adotada, se necessário, imperativamente, por meio do uso da força. Essa
distribuição funcional é feita, a princípio, entre as três funções estatais primordiais: legislação
(elaboração de leis e de políticas públicas), administração (gestão dos recursos públicos e execução das
leis e das políticas públicas) e jurisdição (pacificação dos conflitos sociais e execução das leis).
A organização administrativa do Estado brasileiro está diretamente relacionada à distribuição
dessas competências. O Brasil adotou o federalismo, que é a forma de Estado por intermédio da qual
se atribui a cada ente federativo uma determinada autonomia política (tríplice capacidade de auto-
organização, autogoverno e autoadministração). O federalismo brasileiro (de origem centrífuga) tem
como peculiaridade a inclusão dos Municípios entre os entes federativos.
Assim, no âmago do conceito de federalismo, está a repartição de competências entre os
entres federativos: não pode existir autonomia se um dos entes federativos for responsável pelo
estabelecimento da competência dos demais, o que deve ser feito necessariamente pela Constituição
Republicana.
Em regra, a repartição de competências entre os entres federativos segue o critério da
predominância do interesse. As matérias pertinentes ao interesse nacional serão atribuídas ao ente
federal, ao passo que os entres estaduais e municipais serão deixadas as matérias relacionadas aos
interesses regionais ou locais.

INTRODUÇÃO O regime jurídico federativo brasileiro é bastante complexo, inclusive em relação às


competências em matéria ambiental. A repartição de competências é um dos temas mais
controvertidos de Direito Ambiental, pelas seguintes razões:

a) as competências administrativas e legislativas em matéria ambiental foram delimitadas, pela


primeira vez, em sede constitucional;

b) a CF/88 estabeleceu rol de competências comuns, no caso da atuação administrativa, e


concorrentes, no âmbito da atuação legislativa, sem fixar, com segurança, os limites de atuação de
cada ente, gerando superposição de competências;

c) a utilização de conceitos jurídicos indeterminados como “interesse local”, “normas gerais”


pelo legislador constituinte, assim como pela doutrina e pela jurisprudência (“predominância do
interesse”, v.g.) sem definição precisa do seu conteúdo;

d) a natureza difusa dos bens tutelados pelo Direito Ambiental;

e) a regulamentação tardia das competências administrativas em matéria ambiental pela LC


140/2011, já objeto de ação direta de inconstitucionalidade.

1
Atualizado por Ana Cláudia N. Machado em abril/2016. Atualizado por ST em 07/2018.
REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS EM MATÉRIA AMBIENTAL 3/27

Pois bem. A Constituição brasileira adota um sistema complexo que busca realizar o equilíbrio
federativo, por meio de uma repartição de competências que se fundamenta na técnica da enumeração
dos poderes da União (arts. 21 e 22), com poderes remanescentes para os Estados (art. 25, § 1º) e
poderes definidos indicativamente para os Municípios (art. 30).

A competência legislativa revela-se no poder outorgado a cada ente federativo para elaboração
de leis e atos normativos. O critério que norteia a repartição de tais competências, previstas
constitucionalmente, é a PREDOMINÂNCIA DO INTERESSE, segundo o qual caberá à União aquelas
matérias de predominante interesse geral, nacional, ao passo que aos Estados tocarão as matérias e
assuntos de predominante interesse regional, e aos Municípios os predominantes interesses locais.

A competência administrativa (material), por sua vez, expressa-se na atuação concreta do ente
público, por meio do exercício do poder de polícia. Nesse âmbito, a atribuição é comum a todas as
entidades políticas.

A fim de coordenar a atuação dos diversos entes políticos, num sistema de cooperação, o
parágrafo único do art. 23 da Constituição prevê a possibilidade de edição de lei complementar que
regulamente tal cooperação. Atualmente, a matéria é disciplinada pela LC 140/2011.

a) exclusiva (art. 21) União


I – Administrativa ou Material b) comum, cumulativa ou União, Estados, DF e
paralela (art. 23) Municípios
a) privativa (art. 22) União

LEI b) concorrente (art. 24) União, Estados e DF


COMPLEMENTAR II – Legislativa ou Formal
c) suplementar (art. 24, §2º e Estados e Municípios
30, I e II)
d) exclusiva (art. 25, §§1º e 2º) Estados

Neste sentido, a doutrina identifica que a CF/88 adota, em matéria de repartição de


competências entre os entes políticos, tanto a técnica de repartição horizontal (separar radicalmente a
competência dos entes federativos), como a vertical (divisão de uma mesma matéria em diferentes
níveis), tendo, porém, prevalecido esta última (mesma matéria dividida de acordo com a
predominância de interesses).
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA 4/27

A regra é que todos os entes políticos têm competência para legislar concorrentemente sobre o
meio ambiente, cabendo à União editar normas gerais, a serem especificadas pelos Estados, Distrito
Federal e Municípios, de acordo com a amplitude do interesse, se regional ou local.

Em razão da inexistência de hierarquia entre as entidades que compõem a federação, o conflito


entre leis ambientais de diferentes esferas, caso não seja hipótese de aplicabilidade do princípio da
especialidade, será solucionado pela delimitação pontual do que é considerado como norma geral
sobre o meio ambiente e o que é disposição que verse sobre peculiaridades regionais ou locais.

De acordo com o STF: "o espaço de possibilidade de regramento pela legislação estadual, em
casos de competência concorrente abre-se:
(1) toda vez que não haja legislação federal, quando então, mesmo sobre princípios gerais, poderá
a legislação estadual dispor [competência legislativa supletiva]; e
(2) quando, existente legislação federal que fixe os princípios gerais, caiba complementação ou
suplementação para o preenchimento de lacunas, para aquilo que não corresponda à generalidade; ou
ainda, para a definição de peculiaridades regionais [competência legislativa suplementar]".

Ainda segundo o Pretório Excelso, o meio ambiente do trabalho está fora da competência
legislativa concorrente (competência exclusiva da União).

Em princípio, não há conflito quando as normas estaduais, distritais ou municipais são mais
restritivas que as federais, ou seja, instituam regras mais protetivas ao meio ambiente, desde que a lei
federal o permita (por exemplo, a Resolução CONAMA 02/1990, que instituiu o Programa Nacional de
Educação e Controle da Poluição Sonora - SILÊNCIO, prevê expressamente em seu art. 3º que "sempre
que necessário, os limites máximos de emissão poderão ter valores mais rígidos fixados a nível estadual
e municipal").

Boa parte da doutrina, por outro lado, advoga a tese de que, no conflito entre normais
ambientais, deve-se prevalecer sempre a lei mais protetiva ao meio ambiente, ou seja, a prevalência das
normas mais restritivas, sustentando tal teoria com base nos princípios da precaução e do in dúbio pro
natura, bem nos art. 24, §1º e 4º, e art. 225, da Constituição.

Entretanto, observamos que tal teoria não tem encontrado respaldo na


jurisprudência do Supremo Tribunal Federal que, por diversas vezes, declarou a
inconstitucionalidade de normas estaduais e municipais mais protetivas em face da
usurpação/ou contrariedade com a lei federal.
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA 5/27

UNIÃO

A União detém COMPETÊNCIA PRIVATIVA e CONCORRENTE para legislar sobre o meio ambiente.
No primeiro caso, a matéria, em princípio, deve ser tratada pela União com exclusividade, com fulcro no
princípio da predominância do interesse, não obstante exista a possibilidade de delegação específica da
competência legislativa aos Estados para tratar de questões pontuais.

Nos termos do art. 22 da CF/88:


Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
IV – águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;
XII – jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;
XIV – populações indígenas;
XVIII – sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia nacional;
XXVI – atividades nucleares de qualquer natureza.

Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a


legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.

Ressalte-se, ainda, que o fato de ser da União o poder legiferante não significa, em princípio, que
só a ela caiba a fiscalização. Estados e Municípios podem e devem zelar pela proteção do meio ambiente
e combater a poluição em qualquer de suas formas (competência material comum). Todavia, após a edição
da Lei Complementar n. 140, em regra, aquele que licencia deve fiscalizar, havendo, porém, exceções
COMPETÊNCIA
dispostas na própria lei:
PRIVATIVA

LC 140/11, Art. 17. Compete ao órgão responsável pelo licenciamento ou autorização,


conforme o caso, de um empreendimento ou atividade, lavrar auto de infração ambiental e
instaurar processo administrativo para a apuração de infrações à legislação ambiental
cometidas pelo empreendimento ou atividade licenciada ou autorizada.

§ 1o Qualquer pessoa legalmente identificada , ao constatar infração ambiental


decorrente de empreendimento ou atividade utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou
potencialmente poluidores, pode dirigir representação ao órgão a que se refere o caput, para
efeito do exercício de seu poder de polícia.

§ 2o Nos casos de iminência ou ocorrência de degradação da qualidade ambiental, o


ente federativo que tiver conhecimento do fato deverá determinar medidas para evitá-la,
fazer cessá-la ou mitigá-la, comunicando imediatamente ao órgão competente para as
providências cabíveis.

§ 3o O disposto no caput deste artigo não impede o exercício pelos entes federativos
da atribuição comum de fiscalização da conformidade de empreendimentos e atividades
efetiva ou potencialmente poluidores ou utilizadores de recursos naturais com a legislação
ambiental em vigor, prevalecendo o auto de infração ambiental lavrado por órgão que detenha
a atribuição de licenciamento ou autorização a que se refere o caput.
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Compete, ainda, à União, no âmbito das ATRIBUIÇÕES CONCORRENTES, estabelecer normas


gerais sobre as matérias discriminadas no art. 24 da CF/88:

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente
sobre:
I – direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;
VI – florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos
recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;
VII – proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;
VIII – responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos
COMPETÊNCIA de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;
CONCORRENTE
Um exemplo de norma geral da União em matéria ambiental é o Código Florestal, que dispõe,
entre outras coisas, sobre a proteção da vegetação nativa. Nada impede que os Estados instituam também
seus Códigos Florestais, desde que não disponham de forma contrária ao Código Nacional.
Observe-se, contudo, que “normal geral” não é o mesmo que norma genérica. Segundo a melhor
doutrina, geral é o interesse abarcado pela norma e não a regulamentação em si, podendo a lei geral
tratar uma questão de forma pormenorizada. Por exemplo: APP com largura mínima de 30m para faixas
marginais ao longo das bordas de cursos d’água com menos de 10m de largura (art. 4º, I, “a”, do Código
Florestal). É norma geral, apesar de detalhista. Assim, a antítese da normal geral é a norma particular, que
adentra a peculiaridade de determinado Estado ou Município, sendo, dessa forma, inconstitucional.
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JURISPRUDÊNCIA

Ação Direta de Inconstitucionalidade ajuizada contra a lei estadual paranaense de no


14.162, de 27 de outubro de 2003, que estabelece vedação ao cultivo, a manipulação, a
Inconstitucionalidade importação, a industrialização e a comercialização de organismos geneticamente modificados.
de lei estadual que
restringe o uso de 2. Alegada violação aos seguintes dispositivos constitucionais: art. 1o; art. 22, incisos I,
organismos VII, X e XI; art. 24, I e VI; art. 25 e art. 170, caput, inciso IV e parágrafo único.
geneticamente
modificados
3. Ofensa à competência privativa da União e das normas constitucionais relativas às
matérias de competência legislativa concorrente. 4. Ação Julgada Procedente (ADI 3035)

É formalmente inconstitucional a lei estadual que cria restrições à comercialização, à


estocagem e ao trânsito de produtos agrícolas importados no Estado, ainda que tenha por
objetivo a proteção da saúde dos consumidores diante do possível uso indevido de agrotóxicos
por outros países.
Inconstitucionalidade de A matéria é predominantemente de comércio exterior e interestadual, sendo, portanto,
Lei Estadual que Restringe
de competência privativa da União (CF, art. 22, inciso VIII).
a Comercialização de
Produtos com Agrotóxicos 2. É firme a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal no sentido da
inconstitucionalidade das leis estaduais que constituam entraves ao ingresso de produtos nos
Estados da Federação ou a sua saída deles, provenham esses do exterior ou não.
3. Ação direta julgada procedente. (ADI 3813)
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ESTADOS E DISTRITO FEDERAL

Os Estados e o Distrito Federal legislam concorrentemente sobre as matérias consignadas no já


transcrito art. 24 da CF. Tais entes federados não possuem competência enumerada, sendo identificada
por exclusão – quando não for privativa na União e dos Municípios – ou por se tratar de competência
concorrente – quando possuir competência em conjunto com a União.

As normas gerais da União limitam-se a estabelecer preceitos gerais. Não podem, em tese,
especificar situações que, por sua natureza, são campo reservado aos Estados-membros, perpassando o
escopo de coordenação e uniformização.

É concorrente, por exemplo, a competência para legislar sobre florestas. O Código Florestal passou a
ser considerado norma geral depois da vigência da CF/88. Seus dispositivos, a partir de então, foram elevados
à condição de princípios gerais obrigatórios, podendo os Estados legislar sobre florestas até onde não exista
confronto com as regras genéricas.
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JURISPRUDÊNCIA

2Por maioria, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) julgou improcedente a Ação
Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 3937, ajuizada pela Confederação Nacional dos
Trabalhadores na Indústria (CNTI) contra a Lei 12.687/2007, do Estado de São Paulo, que proíbe
o uso de produtos, materiais ou artefatos que contenham quaisquer tipos de amianto no
território estadual.

Constitucionalidade
Os ministros também declararam,
de Lei Estadual que incidentalmente, a inconstitucionalidade do artigo 2º
Veda a da Lei Federal 9.055/1995, que permitia a extração,
Comercialização de industrialização, comercialização e a distribuição do
Amianto
uso do amianto na variedade crisotila no País. Assim,
com o julgamento da ADI 3937, o Supremo julgou
inconstitucional o dispositivo da norma federal que
autoriza o uso dessa modalidade de amianto e assentou
a validade da norma estadual que proíbe o uso de
qualquer tipo.

2
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=353599&caixaBusca=N
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MUNICÍPIOS

Predomina na doutrina o entendimento de que os municípios também detêm competência no


que se refere à matéria ambiental.
A base constitucional para a elaboração da lei municipal encontra-se no art. 30, I e II, da CF.
Embora o inciso I não seja específico para o meio ambiente, a matéria encontra-se nele incluída,
conforme se observa na expressão “assuntos de interesse local”. Igualmente, pode-se verificar, a
partir do inciso II, a possibilidade de o Município suplementar, no que couber, a legislação federal e
estadual.

Art. 30. Compete aos Municípios:


I - legislar sobre assuntos de interesse local;
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a
legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual.
A matéria está disciplinada no § 2º do art. 6º da Lei nº 6.938/81, que subordina a legislação
municipal sobre o meio ambiente aos preceitos contidos nas leis estaduais existentes.

Art. 6º. § 1º Os Estados, na esfera de suas competências e nas áreas de sua


jurisdição, elaborarão normas supletivas e complementares e padrões relacionados com
o meio ambiente, observados os que forem estabelecidos pelo CONAMA. (...) § 2º Os
Municípios, observadas as normas e os padrões federais e estaduais, também poderão
elaborar as normas mencionadas no parágrafo anterior.
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JURISPRUDÊNCIA

Inconstitucionalidade de Lei Municipal, que proibia o uso do fogo, prejudicando toda


uma classe de trabalhadores canavieiros, em face da Lei Federal que previa a diminuição
gradual da queima da cana de açúcar:
O Município é competente para legislar sobre o meio ambiente, juntamente com a
União e o Estado-membro/DF, no limite do seu interesse local e desde que esse regramento
seja harmônico com a disciplina estabelecida pelos demais entes federados (art. 24, VI, c/c o
art. 30,I e II, da CF/88). O STF julgou inconstitucional lei municipal que proíbe, sob
qualquer forma, o emprego de fogo para fins de limpeza e preparo do solo no referido
município, inclusive para o preparo do plantio e para a colheita de cana-de-açúcar e de outras
Inconstitucionalidade
culturas.
de Lei Municipal, que Entendeu-se que seria necessário ponderar, de um lado, a proteção do meio ambiente
proibia o uso do fogo com a proibição imediata da queima da cana e, de outro, a preservação dos empregos dos
no canavial
trabalhadores que atuem neste setor. No caso, o STF entendeu que deveria prevalecer a
garantia dos empregos dos trabalhadores canavieiros, que merecem proteção diante do
chamado progresso tecnológico e da respectiva mecanização, ambos trazidos pela pretensão
de proibição imediata da colheita de cana mediante uso de fogo.
Além disso, as normas federais que tratam sobre o assunto apontam para a necessidade
de se traçar um planejamento com o intuito de se extinguir gradativamente o uso do fogo como
método despalhador e facilitador para o corte da cana. Nesse sentido: Lei 12.651/2012 (art.
40) e Decreto 2.661/98. (STF. Plenário. RE 586224/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 5/3/2015
(repercussão geral) (Info 776).
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Competência material é a competência administrativa propriamente dita, que atribui a uma


esfera de poder o direito de fiscalizar e impor sanções em caso de descumprimento da lei.

Em regra, o policiamento de determinada atividade é da atribuição da pessoa de Direito Público


interno dotada da competência legislativa.
Contudo, observa Terence Dornelles, que “a Constituição atribuiu, pela
primeira vez, separadamente, competências administrativas, as quais eram, até
então, automaticamente incluídas nas competências legislativas correspondentes.
(...) Depois da entrada em vigor do art. 23, qualquer ente público tem
competência para aplicar a legislação ambiental, ainda que a norma
não tenha sido de autoria do ente que a aplica. O art. 23, VI e VII, dispõe
que os três níveis da federação têm competência para tomar medidas em prol da
defesa do meio ambiente, da flora e fauna, contra poluição etc., ficando agora ao
critério das prefeituras executar também normas federais ou estaduais, quando
necessário”.

O art. 23 da CF/88 estabeleceu a competência material comum da União, Estados e Municípios


na seara ambiental, nos seguintes termos:
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios:
III – proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e
cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;
IV – impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros
bens de valor histórico, artístico e cultural;
VI – proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;
VII – preservar as florestas, a fauna e a flora;
IX – promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições
habitacionais e de saneamento básico;
XI – registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e
exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios. Parágrafo único. Lei
complementar fixará normas para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em
âmbito nacional.

Diante da competência comum, não importa quem detenha o domínio do bem ou o ente que
legislou a respeito. Todos podem atuar na preservação ambiental de forma ampla.

Alguns autores consideram que o art. 23 é expressão do desejo do constituinte de alcançar um


federalismo cooperativo no Brasil. Outros o encaram como mero dispositivo programático, refletindo
apenas intenções ideológicas com grau reduzido de eficácia.

Paulo Affonso Leme Machado defende a aplicação do princípio da subsidiariedade, salientando


que nada deverá ser exercido por um poder de nível superior, se puder ser cumprido pelo inferior, ou
COMPETÊNCIA ADMINISTRATIVA 13/27

seja, o Município prefere ao Estado e à União. No entanto, tal princípio não afasta a possibilidade de
atuação supletiva da entidade federal. Nesse sentido, cite-se o precedente do TRF1:

Em se tratando de exploração de atividade potencialmente poluidora do meio


ambiente, a competência do ente municipal e/ou estadual, para o licenciamento
ambiental, não exclui a competência supletiva do IBAMA, que se impõe, em casos
assim, em face da tutela cautelar constitucionalmente prevista no art. 225, § 1º, V e
respectivo § 3º, da Constituição Federal, na linha autoaplicável de imposição ao poder
público (incluído o Poder Judiciário) e à coletividade o dever de defender e preservar o
meio ambiente ecologicamente equilibrado, como bem de uso comum do povo e
essencial à qualidade de vida, para as presentes e gerações futuras (CF, art. 225, caput),
tudo em harmonia com o princípio da precaução, já consagrado em nosso
ordenamento jurídico(AMS 0012338-54.2008.4.01.3300)

A competência comum gerou muitos conflitos de competência, motivo pelo qual foi promulgada
a Lei Complementar 140/2011, que procurou regulamentar os incisos III, VI e VII do art.23 da CF.
COMPETÊNCIA ADMINISTRATIVA 14/27

UNIÃO (COMPETÊNCIA EXCLUSIVA)

A União possui competência material privativa e comum em relação às matérias relacionadas ao


meio ambiente. Nos termos do art. 21 da CF/88:

Art. 21. Compete à União:


IX – elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de
desenvolvimento econômico e social;

XII – explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão:


b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos
cursos de água, em articulação com os Estados onde se situam os potenciais
hidroenergéticos;

XV – organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geografia, geologia e


cartografia de âmbito nacional;
XIX – instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir
critérios de outorga de direitos de seu uso;
XX – instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação,
saneamento básico e transportes urbanos;
XXII – executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras;

XXIII – explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer


monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a
industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os
seguintes princípios e condições:
a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins
pacíficos e mediante aprovação do Congresso Nacional;
b) sob regime de concessão ou permissão, é autorizada a utilização de radioisótopos
para a pesquisa e usos medicinais, agrícolas, industriais e atividades análogas;
c) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa.

XXV – estabelecer as áreas e as condições para o exercício da atividade de


garimpagem, em forma associativa.
Os recursos minerais pertencem à União, e não ao proprietário do solo, cabendo, portanto, ao
Poder Público Federal autorizar a sua exploração. Da mesma forma, a pesquisa e a lavra das jazidas de
petróleo dependem de autorização do ente federal (arts. 176 e 177 da CF).

Com relação às atividades nucleares, pela importância e gravidade da matéria, pelos riscos
decorrentes da má administração e pela responsabilidade do Brasil, não apenas para com os seus
cidadãos, mas também perante a sociedade internacional, a União exerce o monopólio da sua
exploração.
COMPETÊNCIA ADMINISTRATIVA 15/27

ESTADOS (COMPETÊNCIA REMANESCENTE E EXPRESSA EM RELAÇÃO AO GÁS)

Deixando aos Estados a matéria remanescente, a CF tornou de menor interesse a competência


material privativa de tais unidades da Federação. Nos termos do art. 25, § 2º, da CF/88:

Art. 25. § 1º. São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam
vedadas por esta Constituição. (...)
§ 2º. Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços
locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua
regulamentação.

Cumpre observar, porém, que os Estados têm competência material para agir
administrativamente, mesmo nos casos em que a legislação tenha sido editada pela União ou por
Municípios.
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MUNICÍPIOS (CONCORRÊNCIA COMUM E SUPLETIVA OU “CONCORRENTE IMPLÍCITA”)

A competência administrativa dos Municípios em matéria ambiental apresenta-se de forma


reduzida ou de forma difusa (“interesse local”).

Exemplo: fiscalização de um bem tombado de interesse histórico exclusivo do Município.

Figura 1 - Palacete Dom João VI


COMPETÊNCIA ADMINISTRATIVA 17/27

CRITÉRIOS DEFINIDOS PELO STF PARA FIXAÇÃO DA COMPETÊNCIA AMBIENTAL (ANTES DA LC 140, MAS AINDA VÁLIDAS)

Min. Celso de Mello, em medida liminar na AC 1255, publicada no Informativo STF 432:

 Critério da preponderância do interesse;


 Critério da colaboração entre as pessoas políticas;
 Privilegiar a norma que atenda de forma mais efetiva ao interesse comum;
 Interesses da União são mais abrangentes e devem, ordinariamente, ter precedência.
 Não há hierarquia de pessoas políticas, mas de interesses.

EMENTA: DIREITO AMBIENTAL. CRIAÇÃO DE RESERVA EXTRATIVISTA.


PROCEDIMENTO DE INSTITUIÇÃO DESSA UNIDADE DE USO SUSTENTÁVEL.
NECESSIDADE DE REALIZAÇÃO DE CONSULTA PÚBLICA (LEI Nº 9.985/2000, ART. 22, §§
2º E 3º, C/C O DECRETO Nº 4.340/2002, ART. 5º, "CAPUT"). PRECEDENTE DO STF.
INSTITUIÇÃO, PELA UNIÃO FEDERAL, DE RESERVA EXTRATIVISTA EM ÁREA QUE
COMPREENDE TERRAS PÚBLICAS PERTENCENTES A UM ESTADO-MEMBRO DA
FEDERAÇÃO. EXISTÊNCIA DE POTENCIAL CONFLITO FEDERATIVO. INSTAURAÇÃO DA
COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, COMO TRIBUNAL DA
FEDERAÇÃO. PRECEDENTES. A QUESTÃO DA DESAPROPRIAÇÃO, PELA UNIÃO FEDERAL,
DE BENS INTEGRANTES DO DOMÍNIO PÚBLICO ESTADUAL. POSSIBILIDADE DO ATO
EXPROPRIATÓRIO, SUJEITO, NO ENTANTO, QUANTO À SUA EFETIVAÇÃO, À PRÉVIA
AUTORIZAÇÃO LEGISLATIVA DO CONGRESSO NACIONAL (DL Nº 3.365/41, ART. 2º, §
2º). CONTROLE POLÍTICO, PELO PODER LEGISLATIVO DA UNIÃO, DO ATO EXCEPCIONAL
DE EXPROPRIAÇÃO FEDERAL DE BENS INTEGRANTES DO PATRIMÔNIO IMOBILIÁRIO
ESTADUAL. DOUTRINA. NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DO REGULAR PROCEDIMENTO
EXPROPRIATÓRIO, INCLUSIVE COM O RECONHECIMENTO DO DEVER DA UNIÃO
FEDERAL DE INDENIZAR O ESTADO-MEMBRO. PRECEDENTES DO STF. CONFLITO ENTRE
A UNIÃO FEDERAL E AS DEMAIS UNIDADES FEDERADAS, QUANDO NO EXERCÍCIO, EM
TEMA AMBIENTAL, DE SUA COMPETÊNCIA MATERIAL COMUM. CRITÉRIOS DE
SUPERAÇÃO DESSE CONFLITO: CRITÉRIO DA PREPONDERÂNCIA DO INTERESSE E
CRITÉRIO DA COLABORAÇÃO ENTRE AS PESSOAS POLÍTICAS. RECONHECIMENTO, NA
ESPÉCIE, EM JUÍZO DE DELIBAÇÃO, DO CARÁTER MAIS ABRANGENTE DO INTERESSE DA
UNIÃO FEDERAL. INOCORRÊNCIA, AINDA, DE SITUAÇÃO DE IRREVERSIBILIDADE
DECORRENTE DA CONSULTA PÚBLICA CONVOCADA PELO IBAMA. MEDIDA LIMINAR
INDEFERIDA.
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LEI COMPLEMENTAR 140/2011 – REGULAMENTAÇÃO DA REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS ADMINISTRATIVAS EM MATÉRIA AMBIENTAL

A LC 140, consagrando o federalismo cooperativo, em atendimento ao disposto no parágrafo


único do art. 23 da CF/88, institui normas para ações administrativas decorrentes do exercício da
competência comum de todos os entes da federação, relativas à proteção das paisagens naturais
notáveis, à proteção do meio ambiente, ao combate à poluição em qualquer de suas formas e à
preservação das florestas, da fauna e da flora (são alguns dos incisos do art. 23 que tratam de matéria
ambiental). A Lei Complementar está divida em quatro capítulos:

a) Fundamentos da LC 140 (art. 1º): - proteger o meio ambiente; - proteger paisagens naturais
notáveis; - combater a poluição; - preservar fauna e flora.

b) Objetivos da LC 140 (art. 3º):


- Promover gestão descentralizada, democrática e eficiente;
- Desenvolvimento sustentável, com ênfase na dignidade da pessoa humana, erradicação da
pobreza e redução das desigualdades sociais e regionais;
- Harmonizar políticas e ações, evitando sobreposição de ações e conflitos de atribuições;
- Uniformizar política ambiental no país, respeitando peculiaridades regionais e locais.

c) Conceitos trazidos pela LC 140 (art. 2º):


LICENCIAMENTO AMBIENTAL: o procedimento administrativo destinado a licenciar atividades ou
empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou
capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental;
DISPOSIÇÕES OBS IMPORTANTE: No que diz respeito às Unidades de Conservação, a
GERAIS competência licenciatória é sempre do ente federativo responsável pela sua
instituição. Se a UC for criada pela União, a competência é federal; se pelo Estado, é
estadual; se pelo Município, é municipal.
Contudo, nas Áreas de Proteção Ambiental (APAs), vale o critério da localização
geográfica do impacto ambiental, prevalecendo o critério geral de distribuição de
competência, ou seja, se os impactos ambientais do empreendimento forem de âmbito
local, a competência será do Município; se de âmbito estadual, do Estado; se de âmbito
interestadual ou nacional, da União.
ATUAÇÃO SUPLETIVA: ação do ente da Federação que se substitui ao ente federativo
originariamente detentor das atribuições, nas hipóteses definidas nesta Lei Complementar;

ATUAÇÃO SUBSIDIÁRIA: ação do ente da Federação que visa a auxiliar no desempenho das
atribuições decorrentes das competências comuns, quando solicitado pelo ente federativo
originariamente detentor das atribuições definidas nesta Lei Complementar.
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INSTRUMENTOS DE COOPERAÇÃO

Os entes federativos podem valer-se, entre outros, dos seguintes instrumentos de cooperação
institucional:

I - Consórcios Públicos, nos termos da legislação em vigor;

II - Convênios, acordos de cooperação técnica e outros instrumentos similares com órgãos e entidades do
Poder Público, respeitado o art. 241 da Constituição Federal;
Convênios podem ser firmados por tempo indeterminado, sendo exceção, portanto, à
regra máxima de 60 meses estabelecida pela Lei 8.666/93;

III - Comissão Tripartite Nacional, Comissões Tripartites Estaduais e Comissão Bipartite do Distrito Federal;
A Comissão Tripartite Nacional e as Estaduais são formadas, paritariamente, por representantes das três
esferas de poder; a do DF é Bipartite, já que este ente não se divide em Municípios

IV - Fundos públicos e privados e outros instrumentos econômicos;

Fundo Nacional do Meio Ambiente (objeto de arguição no último concurso) - O Fundo


Nacional do Meio Ambiente criado há 25 anos é o mais antigo fundo ambiental da América Latina.
O FNMA é uma unidade do Ministério do Meio Ambiente (MMA), criado pela lei nº 7.797/ 1989,
com a missão de contribuir, como agente financiador, por meio da participação social, para a
implementação da Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA.

Objetivo: desenvolver os projetos que visem ao uso racional e sustentável de recursos


naturais, incluindo a manutenção, melhoria ou recuperação da qualidade ambiental no sentido
de elevar a qualidade de vida da população brasileira.

Constituirão recursos do Fundo Nacional de Meio Ambiente:


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I - Dotações orçamentárias da União;

II - Recursos resultantes de doações, contribuições em dinheiro, valores, bens móveis e


imóveis, que venha a receber de pessoas físicas e jurídicas;

III - rendimentos de qualquer natureza, que venha a auferir como remuneração decorrente
de aplicações do seu patrimônio;

IV - outros, destinados por lei.

Serão consideradas prioritárias as aplicações de recursos financeiros aos projetos das


seguintes áreas: Unidade de Conservação, Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico, Educação
Ambiental, Manejo e Extensão Florestal, Desenvolvimento Institucional, Controle Ambiental e
Aproveitamento Econômico Racional e Sustentável da Flora e Fauna Nativa.

Será dada prioridade aos projetos que tenham sua área de atuação na Amazônia Legal ou
no Pantanal Mato-Grossense

V - Delegação de atribuições de um ente federativo a outro, respeitados os requisitos previstos nesta Lei
Complementar;

VI - Delegação da execução de ações administrativas de um ente federativo a outro, respeitados os


requisitos previstos nesta Lei Complementar.
Obs.: só poderá haver delegação se o ente delegatário dispor de órgão ambiental
capacitado e conselho de meio ambiente. Considera-se capacitado o órgão que possui técnicos
em quantidade compatível com a demanda.
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AÇÕES DE COOPERAÇÃO

Nesse capítulo, são descritas as diversas ações administrativas (competências) pertencentes


aos diversos entes da Federação, tratando o art. 7º das atribuições da União, o 8º das do Estado e o 9º
das dos Municípios.
São ações administrativas da União: (MUITO IMPORTANTE!)

I - formular, executar e fazer cumprir, em âmbito nacional, a Política Nacional do Meio


Ambiente;

II - exercer a gestão dos recursos ambientais no âmbito de suas atribuições;

III - promover ações relacionadas à Política Nacional do Meio Ambiente nos âmbitos nacional e
internacional;

IV - promover a integração de programas e ações de órgãos e entidades da administração


pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, relacionados à proteção e à gestão
ambiental;

V - articular a cooperação técnica, científica e financeira, em apoio à Política Nacional do Meio


Ambiente;

VI - promover o desenvolvimento de estudos e pesquisas direcionados à proteção e à gestão


Competências ambiental, divulgando os resultados obtidos;
da União (art.
7º)
VII - promover a articulação da Política Nacional do Meio Ambiente com as de Recursos
Hídricos, Desenvolvimento Regional, Ordenamento Territorial e outras;

VIII - organizar e manter, com a colaboração dos órgãos e entidades da administração pública
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, o Sistema Nacional de Informação sobre Meio
Ambiente (Sinima);
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IX - elaborar o zoneamento ambiental de âmbito nacional e regional;

X - definir espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos;

XI - promover e orientar a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização


pública para a proteção do meio ambiente;

XII - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias


que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente, na forma da lei;

XIII - exercer o controle e fiscalizar as atividades e empreendimentos cuja atribuição para


licenciar ou autorizar, ambientalmente, for cometida à União;

XIV - promover o licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades:

a) localizados ou desenvolvidos conjuntamente no Brasil e em país limítrofe;

b) localizados ou desenvolvidos no mar territorial, na plataforma continental ou na zona


econômica exclusiva;

c) localizados ou desenvolvidos em terras indígenas;

d) localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação instituídas pela União, exceto em


Áreas de Proteção Ambiental (APAs);

e) localizados ou desenvolvidos em 2 (dois) ou mais Estados;

f) de caráter militar, excetuando-se do licenciamento ambiental, nos termos de ato do Poder


Executivo, aqueles previstos no preparo e emprego das Forças Armadas, conforme disposto na Lei
Complementar no 97, de 9 de junho de 1999;

g) destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar, armazenar e dispor material


radioativo, em qualquer estágio, ou que utilizem energia nuclear em qualquer de suas formas e
aplicações, mediante parecer da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen); ou
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h) que atendam tipologia estabelecida por ato do Poder Executivo, a partir de proposição da
Comissão Tripartite Nacional, assegurada a participação de um membro do Conselho Nacional do Meio
Ambiente (Conama), e considerados os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade ou
empreendimento;

XV - aprovar o manejo e a supressão de vegetação, de florestas e formações sucessoras em:

a) florestas públicas federais, terras devolutas federais ou unidades de conservação instituídas


pela União, exceto em APAs; e

b) atividades ou empreendimentos licenciados ou autorizados, ambientalmente, pela União;

XVI - elaborar a relação de espécies da fauna e da flora ameaçadas de extinção e de espécies


sobre-explotadas3 no território nacional, mediante laudos e estudos técnico-científicos, fomentando
as atividades que conservem essas espécies in situ;

XVII - controlar a introdução no País de espécies exóticas potencialmente invasoras que


possam ameaçar os ecossistemas, habitats e espécies nativas;

OBS.: Definidas pela Convenção da Diversidade Biológica (CDB) como potencial


ameaça aos ecossistemas, as espécies exóticas invasoras são plantas, animais ou
microrganismos que se encontram fora de seu hábitat e se proliferam sem controle,
trazendo riscos às espécies nativas e ao meio ambiente. As invasões favorecem a
disseminação de doenças e pragas e também trazem prejuízos para colheitas,
degradam florestas, solos e pastagens.

3
Para as geociências a explotação é um termo técnico usado para referir-se à retirada, extração ou obtenção de recursos naturais,
geralmente não renováveis, para fins de aproveitamento econômico, pelo seu beneficiamento, transformação e utilização.
Sobre-explotação (ou superexplotação) é entendido como uma explotação excessiva, não-sustentável, em relação a uma explotação julgada
ser o máximo possível sobre a base de um critério definido e, assim, trazendo consequências negativas que, cedo ou tarde, serão prejudiciais aos
próprios operadores ou a terceiros. Esses critérios podem ser físico/quantitativo, qualitativo, econômico, social ou ambiental.
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XVIII - aprovar a liberação de exemplares de espécie exótica da fauna e da flora em


ecossistemas naturais frágeis ou protegidos;

XIX - controlar a exportação de componentes da biodiversidade brasileira na forma de


espécimes silvestres da flora, micro-organismos e da fauna, partes ou produtos deles derivados;

XX - controlar a apanha de espécimes da fauna silvestre, ovos e larvas;

XXI - proteger a fauna migratória e as espécies inseridas na relação prevista no inciso XVI;

XXII - exercer o controle ambiental da pesca em âmbito nacional ou regional;

XXIII - gerir o patrimônio genético e o acesso ao conhecimento tradicional associado,


respeitadas as atribuições setoriais;

XXIV - exercer o controle ambiental sobre o transporte marítimo de produtos perigosos; e

XXV - exercer o controle ambiental sobre o transporte interestadual, fluvial ou terrestre, de


produtos perigosos.
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Parágrafo único. O licenciamento dos empreendimentos cuja localização compreenda


concomitantemente áreas das faixas terrestre e marítima da zona costeira será de atribuição da
União exclusivamente nos casos previstos em tipologia estabelecida por ato do Poder Executivo, a
partir de proposição da Comissão Tripartite Nacional, assegurada a participação de um membro do
Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e considerados os critérios de porte, potencial
poluidor e natureza da atividade ou empreendimento.

Basicamente, a competência é a mesma da União, mas em âmbito estadual, incluindo-se a


formulação, execução e imposição da Política Estadual do Meio Ambiente.

Sobre o licenciamento ambiental, compete ao Estado:

a) CRITÉRIO RESIDUAL: promover o licenciamento ambiental de atividades ou


empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou
capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, ressalvado o disposto nos arts. 7º e 9º;
Competências
dos Estados b) CRITÉRIO DA LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA: promover o licenciamento ambiental de
(art. 8º) atividades ou empreendimentos localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação instituídas
pelo Estado, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs).

Cabe ainda aos Estados aprovar o manejo e a supressão de vegetação, de florestas e formações
em sucessoras em:
a) florestas públicas estaduais ou unidades de conservação do Estado, exceto APAs;
b) imóveis rurais, excetuados os casos conferidos à União;
c) atividades ou empreendimentos licenciados ou autorizados, ambientalmente, pelo Estado.

Basicamente, a competência é a mesma da União e dos Estados, mas em âmbito municipal,


incluindo-se a formulação, execução e imposição da Política Municipal do Meio Ambiente.
Sobre o licenciamento ambiental, compete ao Município:

(...) promover o licenciamento ambiental das atividades ou empreendimentos:


a) que causem ou possam causar impacto ambiental de âmbito local, conforme tipologia
definida pelos respectivos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente, considerados os critérios de porte,
potencial poluidor e natureza da atividade; ou b) localizados em unidades de conservação instituídas
Competências pelo Município, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs).
dos Municípios
(art. 9º)
OBS: Parte da doutrina sustenta que, ao submeter a competência dos
municípios à definição de tipologia dos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente, a Lei
Complementar n.140/2011 desrespeitou o pacto federativo e resvalou em
inconstitucionalidade, pois não é admissível que um órgão do Poder Executivo
Estadual delimite competências estaduais.
A propósito, não é possível ainda ignorar os interesses políticos que rondam as
atribuições de fiscalizar e de implementar o licenciamento ambiental, até porque
praticamente todas as atividades econômicas se submetem a isso. Com efeito,
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inexistem garantias de que o Poder Executivo Estadual não caia na tentação de


estadualizar ou municipalizar atribuições de interesse local com o intuito de facilitar
ou de dificultar o controle ambiental ou de simplesmente concentrar poder.

É importante ainda salientar que os órgãos estaduais de meio ambiente quase sempre têm a
maioria no seu respectivo Conselho Estadual de Meio Ambiente, cuja composição é estabelecida por
decreto estadual. É claro que o Ministério Público, os Municípios e a sociedade civil podem e devem
cobrar dos conselhos uma atuação mais republicana e técnica, o que certamente exigirá um
acompanhamento constante.

Cabe ainda aos Municípios autorizar o seguinte:

a) a supressão e o manejo de vegetação, de florestas e formações sucessoras em florestas


públicas municipais e unidades de conservação instituídas pelo Município, exceto em Áreas de
Preservação Ambiental (APAs); e

b) a supressão e o manejo de vegetação, de florestas e formações sucessoras em


empreendimentos licenciados ou autorizados, ambientalmente, pelo Município.

Competências Cabe ao DF o exercício das mesmas competências atribuídas aos Estados e aos Municípios.
do Distrito
Federal
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A Lei Complementar aplica-se apenas aos processos de licenciamento e autorização ambiental


DISPOSIÇÕES iniciados a partir de sua vigência (08/12/11). Foi alterada a redação do art. 10 da Lei 6.938/81,
FINAIS excluindo-se a previsão da atuação supletiva do IBAMA.

Os principais questionamentos presentes ADIn.4757, proposta por em abril de 2012 pela


Associação Nacional dos Servidores do Ibama perante o STF, são:

1) a lei complementar deveria apenas prever mecanismos de cooperação, nos termos do


parágrafo único, do art. 23 da CF, mas, em vez disso, estabeleceu competências privativas, impedindo a
atuação dos órgãos federais, que antes era irrestrita;

LEI
2) a segregação das atribuições seria tão grande que afetaria a própria competência comum, de
COMPLEMENTAR
maneira a afrontar os caput do art. 23 e do art. 225 da CF, os quais impõem a proteção do meio ambiente
N. 140/2011 E ADI
N. 4757
de forma geral, abrangendo todos os entes federativos;

3) atribuem-se poderes normativos irrestritos à Comissão Tripartite (em detrimento do


CONAMA), permitindo à referida Comissão estabelecer exigências por meio de proposições, fixando
direitos e deveres sem previsão legal, em violação ao arts. 5º, II, e 37, da CF. (Conforme consulta em abril
de 2016, a ADI ainda não foi julgada, com último andamento em março de 2013, admitindo ingresso de
amicus curiae.)

A LC n. 140/2011:

 Procura harmonizar as políticas e ações administrativas para evitar a sobreposição de atuação


entre os entes federativos, na tentativa de garantir uma atuação administrativa eficiente;

MÉRITOS DA LEI
 Estabeleceu que a atividades e empreendimentos são licenciados por apenas um ente
COMPLEMENTAR
140/2011
federativo, evitando o duplo ou triplo licenciamento ambiental, bem como que aquele que licencia, em
regra, fiscaliza, na forma disposta no art. 17 da referida Lei.

 Sepultou de vez o entendimento de parte da doutrina que afirmava não ter o município
competência para licenciar.

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