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Vitória
2014
MICHELE PIRES CARVALHO
Vitória
2014
(Biblioteca Nilo Peçanha do Instituto Federal do Espírito Santo)
A toda minha família, por entenderem a minha ausência durante dois anos, pelo apoio
constante e por acreditarem em mim.
À minha amada avó Celeste pela alegria e carinho que me oferece. Agradeço pelo
amor que sempre me dedicou.
Ao Professor Dr. Eduardo Augusto Moscon Oliveira, meu orientador, pela colaboração
e paciência, por me apresentar novas formas de compreender o processo ensino-
aprendizagem e pelas orientações que me tornaram mais confiante em meu trabalho.
Obrigada pela credibilidade depositada, pelos momentos de reflexão, pelas novas
experiências em outros trabalhos orientados e pelo amadurecimento profissional e
acadêmico que me oportunizou.
Ao professor Dr. Carlos Roberto Pires Campos pela amizade, pelas contribuições na
banca de qualificação e mais do que meu agradecimento, meu profundo respeito e
admiração. Obrigada pelo imenso aprendizado que me proporcionou. Com você
descobri novos caminhos para o aperfeiçoamento das minhas práticas educativas, em
especial as práticas realizadas nas aulas de campo. Agradeço pela competência e
sabedoria na produção dos artigos orientados e pelo companheirismo na participação
dos eventos.
À professora Dra. Manuella Villar Amado por ter participado da minha banca de
qualificação, especialmente, pelas sugestões para o aprimoramento da pesquisa.
Suas disciplinas, o Grupo de Estudo e Pesquisa em Alfabetização Científica e
Espaços de Educação Não Formal (GEPAC) e a participação como tutora do Curso
de Aperfeiçoamento do Observatório da Educação em Ciências e Matemática na
Educação de Jovens e Adultos (OBECiM) marcaram meu percurso no mestrado.
Agradeço pela generosidade no compartilhar dos seus conhecimentos, hoje posso
dizer que tenho uma nova postura em sala de aula e um novo olhar sobre a formação
de professores. Carregarei sua frase comigo: “o normal costuma ser chato!”.
Obrigada!
Ao professor Dr. Arnaldo Pinto Júnior por aceitar fazer parte da banca de defesa desta
dissertação.
Aos meus alunos das turmas do 9º ano C e D da UMEF Pedro Herkenhoff, do ano de
2013, que participaram ativamente em todas atividades propostas e foram
fundamentais para o desenvolvimento da metodologia da Educação Patrimonial na
escola. Valeu galerinha!
A todos aqueles que deixei de mencionar e que, de alguma forma, contribuíram para
que eu chegasse até aqui.
“Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma continuamos a
viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa
palavra. O professor assim, não morre jamais...”
Rubem Alves
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS E MATEMÁTICA
RESUMO
ABSTRACT
This research aims to inquire on the potentialities of Heritage Education with teachers
of public schools, to discuss about its concepts and to provide with elements in order
to turn urban spaces into learning places, so that the exercise of citizenship can be
promoted as well as local heritage is preserved. Critical Heritage Education, as
proposed in this work, requires the individual to be a constitutive element of his/her
environment, in which social or cultural manifestations, alongside with all living beings
and ecosystems, can be perceived and respected as a heritage. Urban spaces have
widened possibilities of educative practices and configure a place of social, political,
and cultural actions and experiences that put us in touch with different ways of acting,
thinking and feeling. Actions and interventions of different audiences show that these
spaces have a great educative potential. In order to set the bases of this investigation,
dialogues have been established with historical-critical pedagogy and with historical-
cultural psychology. The meaning of Educative City has also been presented. Action-
research was chosen as the methodological practice, for it enables a perspective on
the process of investigation, a dialogue with students and teachers and an exchange
of knowledge among participants. The investigation was organized in different
moments: submission of an investigative questionnaire in three public schools of Vila
Velha/ES; development of the methodology for Heritage Education in the final years of
Elementary Education, through a didactical sequence; and development of the Course
of Critical Heritage Education for teachers, with suggestions of activities to be carried
out. The heritage of a city allows educators to work in an interdisciplinary, critical, and
contextualized way.
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 19
2 FUNDAMENTOS............................................................................................. 24
1 INTRODUÇÃO
Acredito que a metodologia desenvolvida nas escolas coopera muito para o sucesso
ou fracasso do processo ensino aprendizagem. Muitos professores acabam
misturando as teorias pedagógicas, em meio a uma estrutura tradicional, por isso,
considero essencial que o professor compreenda a teoria que alimenta a sua prática.
Esperamos que o ensino ocorra em favor de uma educação crítica, visando a formar
cidadãos com espírito reflexivo, mais participantes e capazes de questionar e
posicionar-se criticamente diante das situações e fatos de seu cotidiano.
Após ter a clareza dos temas de meu interesse (Educação Patrimonial e Educação
Crítica), houve a necessidade de buscar uma fundamentação teórica, sendo realizada
uma pesquisa bibliográfica sobre os temas relacionados. Baseada nessas questões,
escolhi uma das municipalidades na qual lecionei no ano letivo de 2013, delimitando
o tema da pesquisa em Educação Patrimonial: Uma experiência realizada com alunos
e professores no município de Vila Velha/ES.
Cabe apontar que Vila Velha é uma cidade que possui muitos patrimônios tombados,
entre as edificações mais antigas estão a Igreja do Rosário, a Capela de Santa Luzia,
o Outeiro e o Convento de Nossa Senhora da Penha, fundados no século XVI, além
de outros patrimônios arquitetônicos que também fazem parte da história do
município, porém ainda não protegidos por lei. Existem manifestações culturais que
se tornaram significativas para o Estado, entre as quais a maior festa tradicional
religiosa capixaba, que é a festa de Nossa Senhora da Penha, padroeira do Espírito
Santo. Ademais, temos também várias bandas de congo cadastradas, o que nos faz
observar a necessidade de incorporar na pesquisa os patrimônios imaterias.
A Educação Patrimonial que propomos neste trabalho requer que o indivíduo seja um
elemento inseparável do ambiente, no qual suas manifestações sociais ou culturais,
conjuntamente a todos os seres vivos e ecossistemas, possam ser percebidas e
respeitadas como patrimônio. Para isso, a pesquisa-ação foi escolhida como prática
metodológica por proporcionar a perspectiva processual da investigação, o diálogo
com alunos e professores e a troca de saberes entre os participantes.
Por último, antes das considerações finais, é apresentado o produto final desta
investigação, que visa divulgar o que foi construído no seio do Curso de Educação
Patrimonial Crítica. Este produto intitulado Guia de Educação Patrimonial Crítica:
“Explorando” as potencialidades educativas da cidade de Vila Velha/ES, foi elaborado
de forma colaborativa com os professores participantes do curso. O produto apresenta
sugestões para os professores do Município de Vila Velha/ES trabalharem com a
metodologia da Educação Patrimonial de forma crítica com seus alunos.
2 FUNDAMENTOS
Londres (2012) ressalta que após a Segunda Guerra Mundial, a Unesco criou o
“Patrimônio Mundial”, e os termos “direito ao passado” e “direito à memória” foram
incluídos no conjunto de direitos da cidadania.
25
No Período Vargas, no ano de 1937, esse debate ganhou destaque por meio da
cidade de Ouro Preto que foi considerada patrimônio nacional. Algumas cidades de
Minas Gerais foram designadas pelo Estado Novo para tornar visível a identidade
cultural do país, passando a receber cuidados especiais no que diz respeito à
preservação. Foi neste contexto que o Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional - SPHAN foi instituído provisoriamente (MAGALHÃES, 2009).
Todos os processos educativos formais e não formais que têm como foco o
Patrimônio Cultural, apropriado socialmente como recurso para a
compreensão sócio-histórica das referências culturais em todas as suas
manifestações, a fim de colaborar para seu reconhecimento, sua valorização
e preservação. Considera ainda que os processos educativos devem primar
pela construção coletiva e democrática do conhecimento, por meio do diálogo
permanente entre os agentes culturais e sociais e pela participação efetiva
das comunidades detentoras e produtoras das referências culturais, onde
convivem diversas noções de Patrimônio Cultural. (IPHAN, 2014).
1
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998) definem o trabalho interdisciplinar como uma superação
da concepção do conhecimento fragmentado. A interdisciplinaridade objetiva promover a
aprendizagem e tornar o ensino mais atraente para os alunos, permitindo a organização das diversas
áreas do conhecimento, favorecendo um diálogo entre diversas disciplinas.
27
Vale lembrar que os bens culturais podem ser consagrados (aqueles protegidos por
leis e decretos) ou não consagrados (aqueles que fazem parte do nosso dia a dia que
revelam a cultura viva de uma comunidade). O Brasil é um país pluricultural, portanto,
reconhecer essa diversidade cultural significa reconhecer a cultura de todos os povos
e aceitar que cada região possui suas histórias, costumes, seu falar específico,
comidas e vestimentas e reconhecer que não existe culturas superiores às outras
(GRUNBERG, 2007).
2
Disponível em: <http:// www.iepha.mg.gov.br/>. Acesso em: 20 mai. 2013.
29
A Educação Patrimonial também ganha espaço no Município de Vila Velha por meio
da Lei nº 4.575/2007 que trata do Plano Diretor Municipal (PDM), documento que
propõe estratégias de desenvolvimento sustentável no município. O capítulo 1º, artigo
14, do referido documento, trata da proteção e da conservação do patrimônio
ambiental e cultural:
A Lei citada visa à proteção e à conservação dos bens culturais e objetiva implementar
programas e projetos destinados à preservação e à revalorização do Patrimônio
Cultural de Vila Velha. Suas diretrizes reforçam a valorização das tradições locais, a
requalificação dos espaços públicos urbanos, a integração de políticas de fomento ao
turismo a conservação do patrimônio cultural e a promoção da acessibilidade aos bens
históricos e culturais.
31
Vale destacar a contribuição de alguns trabalhos para essa pesquisa. Bezerra (2009)
ressalta a importância de trabalhar a Educação Patrimonial na escola, acreditando
que sensibilizar a comunidade para a valorização de seu ambiente escolar, como
patrimônio socialmente compartilhado, fortalece sua ligação com heranças culturais,
valorizando a comunidade local. Carbonar (2009) fomenta, em suas discussões, o
desenvolvimento da Educação Patrimonial nas primeiras séries da Educação Básica
e Pereira (2010) reforça que os processos de sensibilização, e divulgação, do
patrimônio cultural devem ser iniciados desde muito cedo, acompanhando o
desenvolvimento e a formação dos indivíduos.
Consideramos que no Brasil ainda há muito por fazer, mas o esforço demostrado por
alguns professores, articulado à responsabilidade coletiva, pode contribuir para a
preservação do patrimônio em nosso país.
Para a autora supracitada, a história tem suas raízes na memória, porém a história é
registrada, é escrita e busca o registro a partir de interpretações com maior rigor
metodológico. Enquanto que a memória compreende a subjetividade e as emoções
de quem a conta e a participação de quem a ouve, unindo os anseios individuais e
coletivos do presente, podendo ser lembrada ou esquecida. Soares (2003) enfatiza
que a melhor forma de conservar a memória é lembrá-la, a melhor forma de contar a
história é questioná-la.
A concepção predominante era de forjar uma identidade nacional única para o país,
excluindo a pluralidade étnico-cultural de nossa formação histórica. Hoje, com os
avanços dos estudos das Ciências Humanas e Sociais, acerca das manifestações
culturais, a ideia que se tinha sobre patrimônio vem sendo substituída pela ideia de
patrimônio cultural, ou seja, se antes dava-se valor, apenas, aos bens materiais
(dissociados do seu ambiente original) hoje temos como patrimônio não só o
patrimônio histórico e edificado, mas também o ecológico, artístico, científico,
34
Ao discorrer sobre a identidade cultural, Oriá (2004) reforça que ela se faz por
intermédio da memória individual e coletiva, visto que a memória é que nos faz
recordar a história de vida, as experiências sociais, as lutas cotidianas, a fisionomia
da cidade, estabelecendo um vínculo entre as gerações. Sem isso, a população
urbana nunca terá condições de compreender a história e a criação de sua cidade.
Essa perda das referências históricas nos dá a sensação de sermos estrangeiros em
nossa própria casa, ou seja, sem a memória não encontramos mais ícones, símbolos
ou lembranças que nos unem à cidade. Cabe lembrar que muitos centros urbanos
vivem nesse jogo dialético entre a memória e o esquecimento, sendo assim, temos o
direito à memória mas também temos o dever de contribuir para a preservação do
acervo cultural do nosso país, ou seja, a valorização de um bem cultural não é apenas
relembrar nostalgicamente o passado, mas valorizar a história de vida do País para
finalmente compreendermos quem somos.
3
Por existirem diversas grafias diferentes do russo Liev Semyónovich Vygotsky, optamos por utilizar
nesse estudo a escrita Vigotski como referência à sua teoria.
39
[...] o saber que diretamente interessa à educação é aquele que emerge como
resultado do processo de aprendizagem, como resultado do trabalho
educativo. Entretanto para chegar a esse resultado a educação tem que
partir, tem que tomar como referência, como matéria prima de sua atividade,
o saber objetivo produzido historicamente. (SAVIANI, 2008, p.7).
Para Lombardi (2013), o professor precisa romper com as pedagogias que articulam
os interesses da burguesia e vincular sua prática a uma perspectiva revolucionária de
homem e mundo. O autor defende que essa revolução deve acontecer por meio da
escola e dos seus conteúdos. Como a burguesia se apropria da ciência, cabe a nós
viabilizarmos aos que vivem do trabalho o acesso aos saberes e conteúdos
elaborados pela humanidade. Isso significa lutar por uma educação pública gratuita,
universal e laica.
Seguindo essa trajetória, Scalcon (2002) discorre que esta pedagogia destina-se à
promoção do homem e não a sua “desominização”, ou seja, preconiza o homem como
sujeito central da educação.
Chega-se, por fim, ao quinto passo, isto é, o ponto de chegada, é a própria prática
social, compreendida agora não mais em termos sincréticos pelos alunos. Nesse
momento, ao mesmo tempo em que os alunos ascendem ao nível sintético em que já
se encontrava o professor no ponto de partida. O aluno compreende a realidade e se
posiciona diante dela, manifestando sua nova postura, é o momento da ação
consciente na perspectiva da transformação social, retornando à pratica social inicial,
agora modificada pela aprendizagem.
Ao trabalhar a educação patrimonial com este método o professor faz com que o aluno
deixe de ser expectador e construa o sentimento de valorização do patrimônio que
está ao seu redor, além disso, busca novos saberes e conhecimentos, possibilitando
o reconhecimento dos processos dominantes que foram constituídos historicamente.
Para tanto, Magalhães (2009) destaca que é fundamental que iniciemos a reflexão do
patrimônio a partir do reconhecimento de seu contexto imediato. A variedade de
espaços que podem ser explorados com a Educação Patrimonial proporciona ao
educando um intercâmbio entre os saberes, produzindo e divulgando conhecimento
científico.
A estratégia proposta por Saviani (2012) possibilita uma reflexão sobre uma educação
cidadã, partindo das informações prévias dos alunos sobre o estudo do Patrimônio
44
(PASQUALINI, 2013).
A autora explicita que a ZDP é importante no ambiente escolar, pois é na escola que
ocorrem as intervenções das pessoas e do ambiente físico no desenvolvimento
humano, para isso, o professor tem o dever de inteirar-se sobre os níveis de
desenvolvimento dos alunos, afim conduzi-los para estágios mais avançados.
(dramatizações, jogos, aulas de campo, aulas práticas, dentre outras), quanto com as
novas tecnologias desde que possibilitem o contato entre o conteúdo e os alunos na
realização da aprendizagem.
Esse esquema evidencia que os educandos levam para a escola os seus conceitos
cotidianos (vivências fora da escola, senso comum), os quais são apropriados pelo
professor e o professor, por sua vez, leva para a sala de aula os conceitos científicos
que devem ser aprendidos pelos alunos. Esse contato de ambos conduzem o ensino
a uma caminhada dialógica. Os conceitos científicos não passam diretamente aos
alunos, é por meio da aprendizagem que os conceitos cotidianos são integrados aos
científicos. O papel do professor mediador é estabelecer esta ligação, conduzindo os
alunos a uma reflexão, propiciando a autonomia da aprendizagem.
Outra contribuição que Vigotski traz para a Educação Patrimonial está relacionada
com o conceito de cultura, portanto, para entender a metodologia da Educação
47
Vigotski (2005) defende que toda relação do indivíduo com o mundo processa-se por
intermédio de instrumentos, técnicas e linguagem. O desenvolvimento do pensamento
ultrapassa do social para o individual, configurando-se, a própria aprendizagem, em
uma ação social, em que os sujeitos formulam seus conhecimentos a partir de sua
interação com o meio e com o outro, numa relação dialógica constante entre sujeito x
contexto, entre individual x coletivo.
A respeito dos conteúdos que podem ser trabalhados a partir do conceito de cidade
educadora, Lopes (2007 apud TRILLA, 1999) descreve as possíveis relações entre
cidade e educação, considerando que o meio urbano possibilita múltiplos
acontecimentos educativos, tais como: nos âmbitos da educação formal e não formal
por meio de instituições educativas (escolas, museus, zoológicos, bibliotecas, etc.);
eventos educativos ocasionais (feiras, congressos, celebrações, etc.); um conjunto
difuso e permanente de espaços e vivências educativas, que não são planejadas
pedagogicamente, mas que compõem a educação não formal; elementos culturais
das ruas que possibilitam fluxo de relações reunindo pessoas, ideias, objetos, técnicas
da vida cotidiana como agente informal de educação; e a cidade que ensina a si
mesma, onde o cidadão aprende a fazer uso cotidiano da cidade (por exemplo,
aprendendo a fazer uso dos transportes públicos, a localizar estabelecimentos
comerciais e espaços de lazer, sem necessariamente, recorrer a processos formais
de ensino), descobrindo sua fisionomia.
A Carta das Cidades Educadoras4 destaca outro conceito inerente à cidade educadora
que é a interdisciplinaridade, desta forma, podemos explorar a cidade
potencializando-a como um espaço não-formal. Em conformidade com o assunto
abordado, Castellar (2009) reforça que estudar a cidade e analisar suas paisagens e
transformações, permitem que professor trabalhe variadas dimensões do conteúdo
escolar e que o aluno perceba como a sociedade se organiza em função da
urbanização. As mudanças no mundo do trabalho geraram um crescimento territorial
e populacional e o uso excessivo dos recursos naturais. O desenvolvimento industrial
capitalista expandiu os bairros de operários e os bairros comerciais, mudando a
paisagem local. É nesse contexto que se acentuam as contradições, ampliando as
desigualdades, a exclusão social, a violência, a fragmentação territorial, o
desemprego e a contaminação ambiental. Portanto, estudar a cidade nos permite
conhecer a história local e as suas condições tanto do ponto de vista natural, quanto
social, político, estético e cultural.
Cada cidade apresenta marcas características, o que contribui para a formação dos
conceitos de identidade e de lugar, expressos de diferentes formas: na consciência
de que somos sujeitos da História; nas relações com lugares vividos (incluindo as
relações de produção); nos costumes que fortalecem a nossa memória social; na
identificação e comparação entre valores e períodos que explicam a nossa identidade
cultural. Permite, também, entender os arranjos espaciais oriundos das situações
migratórias que marcam suas identidades por meio de atividades culturais e religiosas,
que ocupam, muitas vezes, os espaços públicos e que, via relações interfamiliares,
compõe parte significativa da experiência de vida do aluno (CASTELLAR, 2009).
4
A Carta das Cidades Educadoras surgiu na cidade de Barcelona, também designada por carta de
princípios, é o documento que plasma os princípios das cidades educadoras, escrita por todas as
cidades que aderiram ao movimento. Esta Carta foi revista no III Congresso Internacional (Bolonha,
1994) e no de Génova (2004), a fim de adaptar as suas abordagens aos novos desafios e necessidades
sociais.
51
c) Educação não formal: É aquela que se aprende “no mundo da vida”, ou seja,
compartilhando experiências e o educador é a pessoa com quem interagimos ou a
quem nos integramos. É considerada como elemento fundante e constitutivo do
processo de formação dos seres humanos, independentemente da origem, classe, ou
qualquer outra forma de identidade ou pertencimento econômico, social, linguístico,
cultural, ou político. A educação não formal é uma possibilidade de produção de
conhecimento que abrange territórios fora das estruturas da educação formal,
produzindo conhecimentos que o levem os à emancipação das formas de pensar e de
agir socialmente; Não visa a substituir ou competir com a educação formal, pelo
contrário ela pode atuar junto com a escola, podendo complementá-la por intermédio
52
Posto que o espaço formal de educação é um espaço escolar, é possível inferir que o
espaço não-formal é qualquer espaço diferente da escola onde pode ocorrer uma
53
ação educativa, embora isso pareça simples, a autora considera que essa é uma
definição complicada, visto que existe uma diversidade de lugares não escolares.
Diante disso, Jacobucci (2008), classifica estes espaços não formais de educação em
duas categorias: espaços institucionalizados e não institucionalizados. De acordo com
os espaços categorizados como instituições, são os espaços que são regulamentados
e que possuem equipe técnica responsável pelas atividades executadas, como por
exemplo, os Museus, Jardins Botânicos, Planetários, Parques Ecológicos e
Zoobotânicos, Zoológicos, Aquários, entre outros. Nos espaços categorizados como
não instituições estão incluídos os ambientes naturais ou urbanos que não dispõem
de estruturação institucional, como por exemplo, casas, rua, praças, praias, rios,
lagoas, campo de futebol, entre vários outros.
3 METODOLOGIA
Sob o ponto de vista de Barbier (2007) a pesquisa-ação passa por cinco fases:
formulação dos problemas, negociação de acesso ao campo, coleta de dados,
avaliação, análise e apresentação de resultados. Também será realizada uma
pesquisa bibliográfica relacionada com o tema abordado. O questionário será utilizado
como instrumento de coleta de dados (RICHARDSON, 1999).
Para Barbier (2007) a pesquisa ação é elaborada num processo dialético, onde ocorre
constantes reconstruções racionais do pesquisador, ou seja, ele é um participante que
aprende durante a pesquisa. O planejamento da pesquisa deve ser realizado em
forma de espiral e o autor ressalta que a pesquisa pode modificar seu rumo em função
de acontecimentos imprevisíveis.
O planejamento da pesquisa-ação é muito flexível, visto que não se segue uma série
de fases rigorosamente ordenadas. Sua exigência é que parta da fase exploratória e
siga conforme uma espiral até a divulgação dos resultados. Mudanças acontecem
durante todas as etapas desta pesquisa, os pesquisadores enriquecem seus
conhecimentos pois existe uma troca de saberes ligando teoria e prática. Imprevistos
podem ocorrer e desta forma uma multiplicidade de caminhos podem ser escolhidos
(THIOLLENT, 2011).
Campo de
observação / Saber formal /
Tema da Amostragem /
pesquisa Saber informal
Representatividade
Qualitativa
Divulgação dos
Lugar da Teoria Hipóteses resultados
Conhecida como a cidade mais populosa do Estado do Espírito Santo, Vila Velha é
uma cidade litorânea, localizada ao sul da capital. Suas estruturas urbanas destruíram
a maior parte de seus elementos naturais, consolidando um ambiente fragilizado, onde
as paisagens naturais foram alteradas em função de uma paisagem construída. Essa
modificação se intensificou nos últimos cinquenta anos, principalmente, devido às
60
2.011
1%
412.575;
99%
A segunda escola visitada foi a UMEF Gil Bernardes, localizada na Rua Augusto
Clovis Santos, s/n.º - Bairro Alvorada, Município de Vila Velha, (Figura 4). Foram
distribuídos para os professores do 6º ao 9º ano 10 questionários e todos os 10 foram
devolvidos para análise dos dados.
O segundo momento da pesquisa foi realizado na UMEF Pedro Herkenhoff (Figura 6),
localizada Av. Otávio Borin, nº 746, Cobilândia, onde lecionei no ano de 2013. Na
tentativa de pensar uma educação patrimonial crítica elaboramos uma sequência
didática da perspectiva da pedagogia histórico-crítica, fundamentada na proposta
metodológica de Saviani (2001) que se apresenta em cinco etapas: prática social
inicial, problematização, instrumentalização, catarse (conceito que Saviani utiliza
inspirado em Gramsci) e o retorno a prática social. A estruturação da sequência
didática teve como base o modelo proposto pelo professor João Luiz Gasparin (2012)
que trabalha a proposta de forma contextualizada, considerando as dimensões
conceituais, cientíticas, históricas, econômicas, políticas, ambientais, culturais e
educacionais, que devem ser explicitadas pelo professor no processo de ensino
aprendizagem. Para Gasparin (2012), a leitura crítica da realidade social possibilita ao
docente um novo pensar e agir pedagógicos, tornando possível um rico processo
dialético.
65
Gráfico 2 - Sujeitos da pesquisa por gênero. Gráfico 3 - Idade dos participantes da pesquisa.
16 15 10
14 8
8
12
6 5 5
10 9 4
4
8
2
6 2
4 0
2
25 a 30 anos 31 a 40 anos
0
41 a 50 anos Mais de 50 anos
Masculino Feminino Não respondeu
Fonte: Elab. pela autora, 2013 Fonte: Elab. pela autora, 2013
6
5
5
4 4
4
3 3
3
2
2
1 1 1
1
0
0
Quantitativo
Fonte: Elab. pela autora, 2013 Fonte: Elab. pela autora, 2013
A análise da pesquisa foi realizada por meio da exploração dos 10 questionários que
foram distribuídos aos professores das escolas investigadas. Foram investigadas as
ações de professores que atuam em diversas disciplinas e as ações dos pedagogos.
Distribuímos 30 questionários e apenas 24 foram respondidos, visto que os
professores estavam envolvidos com outras atividades escolares. Sendo assim, os
dados coletados para análise foram retirados de 80% do total dos questionários
aplicados.
Sim Não
Sim Não
12 12
18
25 23 23
20 17 18
15 16
14 14
15
11
10 8
Casa da Memória 2
Fábrica Garoto 2
Praia da Costa 2
Praças 1
Prédios Públicos 2
Carnaval de Congo 6
Parque da Mantegueira 2
Forte Piratininga 1
Museu Homero Macena 2
Ponte da Madalena 3
Reserva Jacarenema 1
Teatro Titanic 3
Morro do Moreno 2
Prainha 9
Farol de Santa Luzia 3
Escolas 2
Obras de Arte 1
Formas de Expressão 1
Igreja do Rosário 4
Manguezais 1
Museu Ferroviário 2
Reserva Paulo Cézar Vinha 2
Colégio Marista 1
Escola de Samba 2
Convento da Penha 18
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
30
24 23
25
19 20
20 18
15 14
15
10 7
5
Quanto à interação dos alunos com as manifestações culturais locais, a maioria dos
professores respondeu que os alunos interagem, por meio de projetos e mostras
culturais na escola, desfile cívico, explorando textos sobre a cultura local e
participando das festividades da cidade, como a Festa da Penha, Festa da Chocolate
Garoto, Colonização do Solo Espírito-santense (Gráfico 12).
Professora A: “As ações pedagógicas da minha escola não são integradas, não há
tempo para planejamento coletivo e dificilmente as minhas sugestões são acatadas
pelo grupo. Os professores estão muito desinteressados. A resposta é que não se tem
recursos, por isso a única visita que realizamos todos os anos é ao Museu da Garoto
como premiação aos alunos que se destacaram. Essa aula é vista na escola como
passeio”.
Gráfico 12 - Existe interação dos alunos com as Gráfico 13 - Você realiza atividades com seus
manifestações culturais locais? alunos em espaços não formais?
16 15 16 15
14 14
12 12
10 9 10 9
8 8
6 6
4 4
2 2
0 0
Fonte: Elab. pela autora, 2013 Fonte: Elab. pela autora, 2013
Utilizando Fotografias 19
Conversa Informal 16
Outros 2
Outros 6
Sendo assim, é possível concluir, com base na análise dos questionários, que a
metodologia da Educação Patrimonial não é vivenciada pela maioria dos professores
da rede municipal de Vila Velha/ES e muito menos apropriada pelos alunos de forma
crítica. O resultado desta análise nos permitiu elencar estratégias para os momentos
seguintes da pesquisa ação.
76
Participaram das atividades todos os 40 alunos que compõem as duas turmas no turno
vespertino. A elaboração do Projeto de Trabalho Docente-Discente na Perspectiva
Histórico-Crítica seguiu as orientações do livro Uma Didática para a Pedagogia
Histórico-Crítica de João Luiz Gasparin (2012), que sugere trabalhar conteúdos de
forma contextualizada em todas as áreas do conhecimento humano, ou seja, em
várias dimensões (conceituais, científicas, históricas, econômicas, ideológicas,
políticas, culturais, educacionais), que devem ser explicitadas e aprendidas no
processo de ensino-aprendizagem. A leitura crítica da realidade social possibilitou um
novo pensar e agir pedagógicos, tornando possível um rico processo dialético. Demos
ênfase aos objetivos, conteúdos, procedimentos de ensino e avaliação, conforme
Quadro 2, que são procedimentos para a organização e planejamento. Neste quadro
o professor deve explicitar ações para que o aluno ponha em prática o conteúdo:
Quadro 2 - Projeto de Trabalho Docente-Discente na Perspectiva Histórico-Crítica.
PRÁTICA PRÁTICA
TEORIA
Nível de desenvolvimento Novo nível de
atual
Zona de desenvolvimento imediato
desenvolvimento atual
Prática Social Inicial do Prática Social Final do
Problematização Instrumentalização Catarse
Conteúdo Conteúdo
-Unidade de conteúdo: 1-Discussão sobre os 1-Ações didático- 1- Síntese Intenções Ações do
Educação Patrimonial principais problemas pedagógicas mental do do aluno. aluno. Nova
relacionados aos aluno Manifestação prática social
-Objetivo Geral: patrimônios 2-Recursos 2- da nova do conteúdo,
humanos e Expressão postura em função
1-Listagem do 2- Dimensões do materiais da síntese prática. da
Conteúdo e Objetivos conteúdo a serem transformaçã
Específicos: trabalhadas o social.
*Conceitual:
2- Vivência Cotidiana *Histórica:
do Conteúdo *Social:
*Econômica:
a) O que o aluno já sabe: *Política:
b) Desafio (o que os alunos *Legal:
gostariam de saber a *Religiosa:
mais): *Cultural:
*Educacional:
De acordo com Gasparin (2012), o primeiro passo deste método é o contato inicial
com o tema a ser estudado, sendo assim, o professor deve se apoderar dos
78
conhecimentos prévios que os alunos detêm sobre o tema e listar os conteúdos que
serão estudados. Neste momento, por meio do diálogo, o aluno expressa suas
concepções e vivências sobre o conteúdo. Inicialmente, a percepção do senso comum
é empírica e um tanto confusa, uma visão sincrética, que não corresponde, muita das
vezes, ao conceito científico do tema estudado. A partir daí, o professor traça os
principais objetivos que pretende alcançar levando em conta duas dimensões básicas:
O que aprender? Para que aprender? Esses conhecimentos devem se ligar às
necessidades dos alunos e à realidade sociocultural como um todo, contribuindo para
a formação de cidadãos conscientes, críticos e participativos. O objetivo geral foi
conscientizar o educando sobre a importância da preservação dos Patrimônios,
contribuindo para a construção da cidadania e valorização do patrimônio culturai do
Município e os específicos discriminados abaixo conforme relação do conteúdo
trabalhado:
No momento da prática social inicial, a pergunta “o que é patrimônio” foi lançada aos
alunos e os mesmos responderam que se tratava de igrejas, escola, praças,
monumentos, edificações, casas, ou seja, os alunos desconhecem os outros tipos de
patrimônio (imaterial e natural), em seguida os alunos perguntam tudo o que gostariam
de saber sobre o assunto (desafio), esse é o momento de contextualização do
conteúdo a ser estudado, é a vivência individual e coletiva do conteúdo social que
passa a ser reconstruída pelo aluno de forma sistematizada. No momento de desafio,
quando os alunos expressaram o que mais gostariam de saber sobre o assunto,
surgiram as seguintes questões: Por que os indivíduos historicamente situados não
79
3ª - Pós-Campo: Pode ser realizado de diversas maneiras desde que se faça uma
leitura crítica do espaço observado, sendo assim, pode-se extrair o conhecimento dos
alunos através de produção de relatórios, feiras culturais, teatros, construção de
maquetes, mesas redondas ou diversas outras.
a) Patrimônio Imaterial
08:00h – Saída da escola .
08:15h – Recepção na Barra do Jucu e encontro com o mestre de congo da banda da
Barra do Jucu (Buchecha) e sua esposa.
09:00h – Ateliê Cleber Galvea (conhecer a história e as obras do artista capixaba).
10:00h – Casa de Dona Dorinha, matriarca do congo da Barra e banda tambor de
Jacarenema, para conhecer os tipos de tambores, a casaca e o mastro.
10:30h – Mestre Daniel (fotos da fincada do mastro).
11:00h – Fábrica de tambor (conhecer como esses instrumentos são produzidos) e
ouvir banda de congo do mestre Onório tocar.
83
Para conhecer a conclusão do aluno, o professor deve criar condições para que ele
mostre o que aprendeu. Este tipo de avaliação não ocorre somente nessa fase, mas
durante todas as atividades. Esta avaliação pode ocorrer de forma informal, em que o
aluno expressa de maneira espontânea o que incorporou do conteúdo, ou formal,
através de questões e instrumentos propostas pelo professor. (GASPARIN, 2012). Na
sequência didática proposta, os alunos expressaram a síntese de forma informal e
também formal através da confecção e realização dos jogos (Figura 16 e 17), criação
dos fantoches e produção do teatro (Figura 18 e 19), da autoavaliação e produção de
relatórios embasados nos roteiros das aulas de campo realizadas nos patrimônios da
Prainha, na Barra do Jucu (congo) e no Parque da Manteigueira.
Nessa etapa, os alunos concluíram que Patrimônio é o termo utilizado para designar
o conjunto de bens individuais ou de uma coletividade, sejam eles naturais, materiais
ou imateriais (dimensão conceitual). A cidade de Vila Velha é a mais antiga do Estado
do Espírito Santo, foi fundada em 23 de maio de 1535, pelo português Vasco
Fernando Coutinho, a partir daí, todos os patrimônios foram aos poucos sendo
construídos (dimensão histórica). Muitos turistas são atraídos por estes patrimônios
que se tornaram cartões postais. O homem modificou a natureza para atender a seus
interesses (dimensão econômica e social). Cada grupo social possui valores
diferentes e por isso possuem expressões culturais diversificadas que precisam ser
valorizadas (dimensão cultural). Há leis de proteção destes bens (dimensão legal).
Princípios religiosos também estão envolvidos nestes patrimônios, seja no carnaval
de congo, na Festa da Penha ou com os peregrinos que visitam o convento da Penha
para orações, pedidos pessoais e romarias (dimensão religiosa). Todos somos
responsáveis pela preservação destes patrimônios (dimensão educacional).
Aluno B: “Eu aprendi muita coisa na escola e uma dessas coisas é que a gente não
pode destruir nada que não for nosso, além disso, não podemos pichar, destruir os
patrimônios, porque eles são de toda a sociedade”.
Aluno C: “Eu gostei muito participar dessas aulas, gostei de conhecer os patrimônios
da Prainha, do Parque do Morro da Manteigueira e do Congo da Barra do Jucu, eu
aprendi muito com os patrimônios da nossa cidade”.
A estratégia proposta permitiu uma reflexão sobre uma educação cidadã partindo das
informações prévias dos alunos sobre o estudo do Patrimônio girando em torno da
realidade do aluno, favorecendo o desenvolvimento do espírito crítico dos educandos
e a construção de valores e ações que serão empregadas no seu cotidiano. A
Educação Patrimonial se faz importante no que diz respeito ao despertar de uma
consciência crítica, possibilitando que o aluno mude suas atitudes no ambiente escolar
e na comunidade, construindo um sentimento positivo de valorização de sua região,
agindo com responsabilidade diante das questões patrimoniais, de forma a contribuir
para a sustentabilidade dos mesmos.
Valor de Suficiência
Itens de avaliação
1 2 3 4 5
Clareza da proposta 2 3
Auto avaliação 1 4
4- Avaliação
Avaliação integradora 5
Feedback de Avaliação 1 4
Fonte: Adaptação do modelo de Guimarães e Giordan (2011).
5
15
4
3
3
10 2 2
2
1 1 1
1
5 0 0
3
0
Sim Não
Fonte: Elab. pela autora, 2013 Fonte: Elab. pela autora, 2013
9
Conhecer a metodologia
Ampliar o conhecimento 1 a 5 anos 6 a 10 anos
Fonte: Elab. pela autora, 2013 Fonte: Elab. pela autora, 2013
O curso foi ministrado nos dias 22/10/2013, 05/11/2013 e 19/11/2013 na sala 210 do
Instituto Federal do Espírito Santo do Município de Vila Velha, no horário de 18h as
22h. No dia 05/11/2013 a professora Roseane Braga Sobrinho, coordenadora da
equipe de formação continuada do Município de Vila Velha fez a abertura do curso,
ressaltando a importância da parceria da Prefeitura com o programa de Pós
Graduação em Educação em Ciências e Matemática do Instituto Federal do Espírito
Santo e a relevância desta formação que se justifica na carência de material que
subsidie a atuação dos professores em Projetos relacionados à temática proposta.
Logo em seguida o professor do programa, Dr. Antônio Donizetti Sgarbi (Figura 22),
apresentou as características do Mestrado, seus objetivos, as linhas de pesquisa, os
professores que fazem parte do programa e como funciona o processo seletivo.
O mesmo acontece com recorte do mapa elaborado pelo grupo 3, exposto na Figura
26, onde o grupo identificou as músicas e o congo como patrimônio material, isso nos
permitiu inferir que os cursistas desconhecem os bens considerados imateriais. Essa
prática possibilitou grandes discussões e debates entre os participantes, permitindo
que os professores ao final do curso refletissem sua concepção prévia sobre a
temática.
Em seguida a mestranda exibe uma fotografia retirada da internet5 (Figura 29) a qual
faz parte do contexto de Vila Velha/ES, propondo um possível trabalho de Educação
Patrimonial Crítica utilizando o laboratório de informática (visita virtual) e solicitou aos
professores que olhassem a imagem considerando todas as possibilidades de ações
pedagógicas interdisciplinares que ela pode oferecer. Os professores elencam as
seguintes possibilidades:
5
Blog da Reserva Jacarenema disponível em: <http://jacarenema.wordpress.com/>. Acesso em: 05
out. 2013.
102
6
Ambiente virtual de discussões não presenciais. Disponível em:
<http://omegahost.com.br/moodle/login/index.php>. Acesso em: 20 jul. 2014.
103
histórico, cultural, ambiental, etc., papel que pode ser atribuído a Educação
Patrimonial Crítica”.
No dia 05/11/2013, o curso foi ministrado pelas mestrandas Michele Pires Carvalho,
Josilene Erlacher Werneck Machado Falk e Marina Cadete da Penha Dias. O primeiro
momento do curso foi destinado às apresentações das sequências didáticas
produzidas pelos professores, em seguida foram trabalhados os seguintes assuntos:
Reserva de Jacarenema 1
Rio Marinho 1
Forte São Francisco Xavier da Barra 1
Sítio Histórico da Prainha 5
Cemitérios 1
Museu da Vale 3
Morro do Moreno 1
Parque do Morro da Manteigueira 3
Fabrica e Museu Garoto 1
Praia da Costa 1
Casa do Mestre Artesão 1
Patrimônios da Barra do Jucu 5
Quantidade de Cursistas 24
Fonte: Acervo da pesquisadora, 2013
O curso foi finalizado com a apresentação dos grupos das referidas oficinas, troca de
experiências e com uma avaliação. O objetivo principal deste curso foi destacar a
importância da Educação Patrimonial crítica como metodologia de ensino,
109
Sendo assim, o curso pode contribuir com sugestões de atividades que potencializam
os espaços da cidade; foi possível investigar as práticas de ensino desenvolvidas
pelos professores voltadas à Educação Patrimonial, tanto as práticas desenvolvidas
na sala de aula como nos espaços não formais; os professores conseguiram identificar
os tipos de patrimônio do município, seja material, imaterial ou natural e diferenciar
Educação formal, não formal e informal; classificar os espaços não formais
institucionalizados e não institucionalizados; elencar espaços para a Educação
Patrimonial no município de Vila Velha/ES; compreender o método da pedagogia
histórico-crítica e a elaborar/estruturar uma sequência didática; utilizar as atividades
práticas para problematizar as questões que se referem ao patrimônio e participar de
oficinas para produção de material didático para trabalhar com a Educação
Patrimonial.
6 PRODUTO FINAL
Reforçamos que o produto final em questão não tem a intenção de ser algo terminado
e fechado, visto que o professor possui autonomia para adequá-lo em conformidade
com a realidade local. A proposta é que se tenha um material que forneça subsídios
aos professores, afim de potencializar as ações da Educação Patrimonial crítica nas
escolas.
111
Desta forma, esperamos que com este produto, possamos proporcionar aos alunos
um sentimento positivo de valorização da sua região, um contato maior com seu
contexto social, cultural, econômico e ecológico, promovendo conhecimentos que
gerem atitudes capazes de os envolver na prática da cidadania e na busca por
soluções dos problemas ambientais da sua cidade.
112
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
LIMA, Tania Andrade. Cultura material: a dimensão concreta das relações sociais.
Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, v. 6, n. 1, p. 11-
23, jan.-abr. 2011.
Prefeitura Muncipal de Vila Velha. Escolas vão ensinar educação patrimonial aos
alunos. Disponível em: <http://www.vilavelha.es.gov.br/noticias/escolas-vao-ensinar-
educacao-patrimonial-aos-alunos-4391>. Acesso em: 02 ago. 2014.
APÊNDICE B – Termo de autorização dos pais para saída dos alunos a campo
QUALIFICAÇÃO DO ALUNO
NOME: _____________________________________________________________
ENDEREÇO: ________________________________________________________
CIDADE: _______________________ESTADO: ___________________________
BAIRRO: _________________________ CEP: ________________-_____________
NOME DO PAI OU RESPONSÁVEL: ____________________________________
CPF: _______________________________________________________________
TELEFONE RESIDENCIAL: ___________________________________________
CELULAR:____________________________________
E-MAIL:______________________________________
______________________________
Assinatura do pai ou responsável
Recomendações:
(Alergias, Comportamento, Alimentação, outras).
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
123
_______________________________________
Assinatura do responsável
124
1- Convento da Penha
2- Moqueca Capixaba
3- Festa da Penha
4- Fábrica Garoto
5- Rio Jucu, Parque da Manteigueira ou praias, Morro do Moreno, Penedo, Parque
Paulo Cesar Vinha e outros.
6- Bandas de congo, Festa da Penha, Fincada do mastro da festa de São Benedito
7- Convento da Penha, Terceira Ponte, Museu Homero Massena, Igreja do Rosário,
Escola, Casa da Memória, Fábrica Garoto, Farol de Santa Luzia, Gruta do Frei Pedro
Palácio, Forte São Francisco Xavier, Museu Ferroviário e outros.
8- Farol de Santa Luzia
9- Homero Massena
10- Devido a construção de casas (urbanização)
11- Patrimônio natural
12- Casaca e o tambor
13- O mestre
14- O derramamento de óleo dos navios
15- É importante para a economia do município, é atrativo de muitos turistas
religiosos
16- Material
17- Imaterial
18- Se preservarmos de forma sustentável, os nossos filhos poderão ter acesso a
esses patrimônios e conhecer a história do município
19- Sim, é um patrimônio material, um bem coletivo que guarda a documentação
e memória de muitos moradores da região onde moramos
20- A religião, a falta de verba (apoio) dos órgãos municipais e a falta de
conhecimento (quem não conhece, não preserva).
126
____________________________________________________________
Assinatura do Participante
Endereço:____________________________________________________________
_________________________________________________
Assinatura do Pesquisador
127
Caso você tenha dúvidas ou necessite de maiores esclarecimento poderá nos contactar:
Pesquisador: MICHELE PIRES CARVALHO Endereço: Rua Maria Paiva, nº 495, São
Geraldo, Cariacica-ES Telefone: (27) 9925-2202 E-mail: michelepires.c@hotmail.com
__________________________________________________
Assinatura do Pesquisador
134
Sobre a pesquisa:
Prezado(a) professor(a) solicitamos 10 minutos do seu tempo para responder este
questionário, através do qual, pretendemos avaliar seu conhecimento sobre a
temática “Educação Patrimonial”. Sua sinceridade será fundamental para o êxito desta
pesquisa.
Dede já agradeço sua colaboração.
Sobre você:
Sexo:___________
Idade:_____________
Formação Profissional: _____________________________________________
Tempo de atuação no magistério: ____ anos
Escola de atuação: ________________________________________________
Disciplina(s) que leciona: ____________________________________________
Série/Ano de atuação: ______________________________________________
b) ( )não
a) ( ) Língua Portuguesa
b) ( ) Ciências
c) ( ) História
d) ( ) Arte
e) ( ) Matemática
f) ( ) Educação Física
g) ( ) Geografia
h) ( ) Outras ___________________________________________
8 – De que forma você acha que a Educação Patrimonial poderia ser trabalhada
na escola?
a) ( )conversa informal
b) ( )utilizando fotografias
c) ( )explorando textos sobre a cultura local
d) ( )convidando personalidades envolvidas com arte ou com a cultura do
município
e) ( )levando os alunos para conhecerem os patrimônios tombados da cidade
f) ( )levando os alunos ao manguezal ou um parque ambiental da região
g) ( )outro __________________________
136
9 – Você realiza atividades com seus alunos em museus, parques ambientais, rios,
manguezais, unidades de conservação, feiras ou exposições, igrejas, praças,
cinemas, shopping, fábricas, ou outro espaço extraescolar?
a) ( )sim Qual?
_____________________________________________________
b) ( )não
FICHA DE INSCRIÇÃO
DADOS PESSOAIS
Nome Completo:
Endereço:
Telefones: ( ) ( )
E-mail:
Licenciatura:
Especialização:
Mestrado:
Doutorado:
DADOS PROFISSIONAIS
Rede que trabalha: ( ) Municipal ( ) Estadual ( ) Privada
Instituição que trabalha:
Endereço:
Telefones: ( ) ( )
E-mail:
Função que desempenha:
Nível de escolaridade que atua:
Tempo de serviço:
Você já participou de alguma formação pedagógica específica sobre a
Educação Patrimonial?
____________________________________________________________
Assinatura do Participante
Endereço:__________________________________________________________
_________________________________________________
Assinatura do Pesquisador
140
Cursos de idiomas.
_______________________________________________________
Alfabetização de adultos.
_______________________________________________________
Ao nosso redor temos uma grande quantidade de espaços com um grande potencial
de investigação e descobertas. O nosso Município é um grande laboratório, que
integra elementos sociais, econômicos, tecnológicos, culturais e naturais, que podem
ser analisados de um ponto de vista interdisciplinar, possibilitando um rico processo
de aprendizagens. Como promover essa prática? Vamos a atividade:
Buscar identificar espaços educativos não formais que existem na região onde
está situada sua escola.
Classificá-los em institucionalizados e não-institucionalizados.
Destacar as características destes lugares.
Apontar um tema que poderia ser trabalhado nestes lugares.
OBJETIVO GERAL:
1- 1-
2- 2-
PROBLEMATIZAÇÃO:
INSTRUMENTALIZAÇÃO:
AÇÕES RECURSOS
143
CATARSE:
2- 2-
3- 3-
4- 4-
5- 5-
144
Prezado(a) cursista, o questionário abaixo visa coletar dados para a avaliação do curso de Educação
Patrimonial. Solicito a gentileza do preenchimento deste, para ajudar na construção do produto final
desta formação. Não é necessário que você se identifique. Em cada questão assinale com um X a
sua resposta. Local: ____________________________________
Data: _____________________________
( ) Sim ( ) Não
12. O uso do material didático foi relevante para melhorar a aprendizagem do conteúdo?
( ) Sim ( ) Parcialmente ( ) Não
16- Se você considera importante, o que é necessário constar no Guia de Educação Patrimonial?
( ) Jogos ( ) Roteiros de visita ( ) Práticas Investigativas ( )História do Patrimônio
( ) Localização ( ) Outros ________________________________________________________
17- Utilize este espaço para sugestão de espaços (patrimônios) ligados aos locais onde suas escolas
estão inseridas. Pense também em locais que estão presentes no dia-a-dia do aluno e fora da mídia:
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
146