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1 Introdução
O fenômeno da desertificação é mundial, com ocorrência em mais de 110 países. Um
fenômeno com diversas manifestações, uma delas é a degradação dos solos. Essa degradação,
segundo a FAO (2007), aumenta em gravidade e extensão, com incidência em mais de 20,0%
das terras agrícolas, 30,0% das florestas e 10,0% das áreas de pastagens, precedendo à
desertificação antrópica, fase final com seus efeitos em cerca de 2,0 bilhões de pessoas, a
terceira parte da população mundial, de acordo com dados das Nações Unidas (2006).
Alerta da situação acerca das comunidades que vivem à margem de âmbitos ecológicos,
econômicos e sociais e onde a pobreza, o ordenamento insustentável dos recursos da terra e as
mudanças climáticas fazem das terras áridas desertos. Deve-se destacar que as terras secas
são responsáveis por aproximadamente 22,0% da produção de alimentos do mundo. No
Brasil, essas terras correspondem a 15,7% do total do território.
A desertificação, por sua vez, leva à pobreza ou a exacerba, com evidência de que a
degradação da terra e a competição por recursos naturais cada vez mais escassos, além de
poder levar à conflitos, aumentam os contingentes de refugiados por motivos ambientais e
econômicos.
A desertificação é um processo difícil de reverter, porém, com possibilidades de prevenir
ao proteger zonas frágeis; aliviar as pressões dessas zonas com a recuperação de terras
parcialmente degradadas; e, principalmente, utilizar os recursos dentro de critérios de
conservação e manejo integrado que possam internalizar as suas fragilidades e aproveitar as
suas potencialidades. É um processo com diferentes percepções e visões, entre outras, as de
cientistas - pesquisadores e de governos; as de países (regiões) desenvolvidos e países
(regiões) em desenvolvimento; as de domínios econômicos que fazem dele uma indústria e
das comunidades afetadas.
Por se tratar de um processo “lento” (em termos relativos e apenas para a desertização), as
conseqüências só passaram a ser observadas nas últimas décadas, a partir dos anos 30, no
Meio Oeste Americano, na forma de tempestades de areias (Dust Boowl: bacias de poeiras) e
onde a intensa degradação dos solos afetou cerca de 380 mil km 2, assolou campos e forçou
migração de milhares de pessoas com graves problemas socioeconômicos como desemprego e
pressão sobre infra-estruturas de cidades.
Tomou destaque na Conferência da Eco 92 – Rio de Janeiro / Agenda 21 e, em 2002,
na Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação, com mais de 180 países
signatários, passou a se constituir um marco de referência. A adesão do Brasil foi em 1994,
ratificada e em vigor a partir de 1997.
Na Agenda 21, cap. 12: desertificação e seca, em que se estabelece como sendo
essencial, Na luta contra a desertificação e seca, a participação das comunidades
locais, organizações rurais, governos nacionais, ONGs e organizações
internacionais e regionais.
Em áreas programáticas (AP), dessa Agenda, tais como na AP - 2, preconiza-se a
cooperação entre todos os atores envolvidos, desde a população local como agricultores, até o
governo central; a AP - 6 recomenda a participação (...) ao reconhecer que “A experiência
acumulada sobre sucessos e fracassos de programas e projetos aponta para a necessidade de
apoio das populações às atividades relacionadas com o combate à desertificação. É necessário
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ir para além do ideal teórico de participação do público e obter o envolvimento ativo das
populações, baseado no conceito de parcerias. Isto implica a partilha de responsabilidades e o
envolvimento de todos os atores”.
A Agenda 21 recomenda seis passos contra a desertificação, mencionados a seguir:
a) estabelecer um fórum e grupos de trabalhos com atores da administração, políticos,
empresas, sociedade civil (...);
b) discutir e analisar os problemas [este passo é fundamental para definir planos, ações
etc.];
c) identificar [definir] os objetivos e conceitos de ações orientadas para o
desenvolvimento sustentável;
d) definir um plano de ação integrado numa agenda local [ênfase nessa especificidade:
agenda local];
e) implementar o plano [conforme orientações ou diretrizes, uma delas, alcançar o
desenvolvimento sustentável do local ou região sujeita à desertificação e à seca];
f) determinar INDICADORES para gerir (os destaques de problemas, em negrito, locais
e INDICADORES, MAIÚSCULA, estão ausentes da fonte consultada, porém são
importantes para o documento).
Na Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação é um instrumento
jurídico negociado pelos países membros da ONU, com força de lei para aqueles que a
assinaram e ratificaram, o caso do Brasil (por exemplo, com o Decreto Legislativo n o. 28, de
12/06/1997 ou a Resolução no. 238, de 22/12/1997), com possibilidades de contribuir para a
proteção e a conservação – manejo dos recursos naturais das regiões com clima áridos e semi-
árido. Elementos fundamentais de um plano de combate à desertificação, segundo a
perspectiva e orientação dessa Convenção (…), são apresentados na Figura 1.
Dois aspectos são destacados da Figura 1, tanto no problema como na abordagem: não se
trata apenas de identificar fatores contribuintes, mas de caracterizá-los em termos espaciais e
temporais; de avaliá-los e ordená-los e como se relacionam, às vezes, complementando-se; em
outras, com sinergismos (…). Parte do conhecimento de interações, interdependências (….)
entre fatores causais acena para definir ou especificar obrigações de afetados pelo problema e
interessados na sua solução.
Na parte de abordagem se destacam (Figura 1): a erradicação da pobreza extrema e da
fome até 2015, como metas de desenvolvimento acordadas internacionalmente, porém com
escassos ou nulos avanços com resultados com efetividade, em função da pouca ou da falta de
coordenação e de coerência de ações e de estratégias entre nações ricas – desenvolvidas e
nações pobres – em desenvolvimento; tal vez exista uma visão, uma intenção (…), mas não se
tem feito o necessário para implementá-la e convertê-la em resultados com efetividade, na
solução do problema, sendo que países ricos como em desenvolvimento são responsáveis.
Os esforços do combate à desertificação e de mitigação – convívio com a seca tem-se
orientado de forma desarticulada e inclusive sem o suficiente conhecimento do problema que
deveria acenar para a sua solução, conforme se depreendo do Fórum de Cooperação para o
Desenvolvimento (DCF).
Nesse Fórum tem sido mencionadas deficiências como na integração de fatores da divisão
do trabalho para setores específicos; na gestão sem alicerce em resultados; e nos obstáculos
para a concessão de ajuda, entre outras. Segundo o Secretario – Geral da ONU, Ban Ki-moon,
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“a ajuda nem sempre tem sido destinada a quem mais precisa: razões políticas ou militares
(…); alguns países gozam de atenção da comunidade internacional, enquanto para outros fica
difícil atrair fundos (…); a ajuda tem ficada atada a requisitos que afetam a autonomia
nacional, levam a distorção na destinação de recursos, têm resultados pobres na melhora do
desempenho econômico (…); há tendências preocupantes como as de aumento dos preços dos
alimentos e combustíveis e a crise financeira (…) que se relacionam à perda de recursos da
terra”.
Na abordagem se destaca, também, deficiências (não-adequações, simplismos, omissões
de modernas metodologias etc.) de procedimentos e instrumentos, de técnicas e métodos (…)
para definir o problema em contextos como os de cenário, prospectivos, de integração (…).
AÇÕES
RECOMENDA
Recomenda a criação de ABORDAGEM
sistemas de alerta precoce e a
preparação da sociedade com Integrada [sistêmica], considerando aspectos
planos de contingências para físicos, biológicos e socioeconômicos do
lidar com a seca. problema.
Inclusão do fortalecimento de Associando suas estratégias de erradicação da
sistemas como o de segurança pobreza * com os esforços de combater a
alimentar. desertificação ** e mitigar os efeitos da seca.
2 Conceitos
O conceito, como entidade abstrata (do pensamento, da comunicação, do conhecimento)
para designar uma categoria, um evento, uma relação (...) em uma proposição, ainda que
eventualmente seja provisório, tenha certo enfoque (…) facilita o entendimento pela concisão
e clareza do texto uniformizada sobre uma base conceitual facilitadora do entendimento. Daí
sua importância e a necessidade de se explicitar em qualquer documento técnico.
2.1 Desertificação
Processo de degradação e/ou de destruição - perda do potencial produtivo da terra em
regiões / zonas áridas, semi-áridas e sub-úmidas secas, que resulta de vários fatores agindo
isolada ou, com freqüência, simultaneamente, incluindo, entre esses fatores, as variações bio-
climáticas e as atividades humanas. São atividades com efeitos - impactos negativos,
desenvolvidas nessas zonas de ecossistemas frágeis e com limitadas capacidades de
regeneração, de disponibilidades de bens e serviços ambientais excedentes (...).
Correspondem a atividades que aceleram processos como os de erosão geológica
(desertização), alteram significativamente a
paisagem e levam às mudanças de ambientes
bióticos e com determinadas riquezas, como é a
Caatinga, para ambientes abióticos empobrecidos
e sem água, como são os núcleos de desertificação
(Tabela 2).
É preciso, no combate à desertificação, romper
ciclos ao agir nos fatores controláveis (atividades
humanas) que levam à degradação ao potencializar Área não-degradada; Jaguaribara (CE)
variações bio-climáticas.
A taxa de degradação, na trilha da
desertificação, ilustrada na figura ao lado (Figura
14), pode ser reduzida, em níveis toleráveis, os
naturais, mediante práticas de conservação –
manejo integrado substituindo usos e manejo
inadequados; períodos suficientes para
recomposição (pousios) de fontes e/ou reservas;
tecnologias adequadas às condições (...), conforme
se indica, em termos gerais (referência para
adequar em cada caso), neste documento. Área degradada; erosão laminar; Jaguaribara
(CE)
O termo desertificação surgiu, no final da
década de 40, século XX, para identificar áreas que ficavam parecidas com desertos: um
problema grave. Esse problema está associado com outros não menos graves, com inter-
relacionamentos complexos que a comunidade científica aceita, tais como a perda da
diversidade biológica e mudanças climáticas associadas à desertificação. Por conveniências de
setores e países e pelas implicações com a internalização de passivos ambientais que
decorrem desses inter-relacionamentos, ao não se assumirem custos da desertificação nas
fontes responsáveis, são questionáveis e até rejeitáveis, em parte, por países ricos e
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desenvolvidos renuentes em acatar e se comprometer com metas que podem reduzir causas de
mudanças climáticas, de perdas da biodiversidade e da desertificação.
A Figura 2 indica relações entre três grandes problemas ambientais contemporâneos, com
poucos exemplos de ciclos, destacando-se, para o caso considerado, a desertificação. Nela, a
degradação dos solos é um dos aspectos que se discute por causa da relação direta com a
missão e objetivos do MAPA. Mas a degradação do solo é, também, assunto relacionado com
outros problemas uma vez que tal degradação é responsável, em mais de 30%, pela emissão
de gases do “efeito estufa”: as perdas de biomassa e matéria orgânica liberam carbono na
atmosfera; tem implicações para a redução e a adaptação às mudanças climáticas e na
biodiversidade.
Desertificação
Desertificação
Reduções de plantas
e da diversidade de
Reduções da produção primária organismos do solo
Redução do seqüestro Reduções da produção primária
de carbono em (…)
e de ciclos de nutrientes Redução da
e de ciclos de nutrientes conservação do solo
Aumentos de
eventos extremos: Reduções da diversidade
secas, enchentes etc. Erosão
Reduções de reservas do
de solo
Perdas de nutrientes e na estrutura de coberturas
Erosãodedo dasolo
carbono e aumentos umidade do solo vegetais e nos micro-
emissões de CO2 organismos do solo
Mudança Perda da
climática biodiversidade
O semi-árido pode ser considerado uma das regiões mais vulneráveis do Brasil, sob o
aspecto social, pois o aquecimento global pode resultar em acentuada redução da pluviosidade
média, com efeitos na vegetação típica da caatinga, sendo substituída, provavelmente, por
vegetação de regiões áridas; inviabilizar a agricultura familiar / de subsistência; aumentar a
emigração humana; e até reduzir o volume de água do rio São Francisco, com possíveis
implicações em projetos como o da Transposição do rio São Francisco (...).
Em termos gerais, os processos de desertificação são complexos e compreendem
dimensões não apenas do conhecimento técnico – científico do meio ambiente (físico,
químico e biológico) aplicado em um local ou região em que ocorrem esses processos, mas
conhecimentos técnico–científicos sociais, culturais, econômicos; de planejamento e gestão
em abordagens integradas e prospectivas; de organização do território utilizando modernas e
adequadas tecnologias; de sistemas de informações (…).
Conhecimentos de saberes tradicionais, de práticas de uso e manejo dos recursos nesses
ecossistemas frágeis; de lições – experiências de comunidades no convívio com a seca (…).
No documento se destaca a complexidade da própria definição de desertificação,
pressupondo-se indispensável e a mais completa possível, em determinado momento, para
definir ações e estratégia de combate à desertificação e mitigação – convívio com a seca, com
notável viés para as ações na incumbência do Mapa.
erosão dos solos, da concentração de recursos como terra e água por distorções de
estruturas como as de posse (...) sobre o meio ambiente e seus recursos naturais.
Um dos fatores que favorece o desmatamento da vegetação nativa é o incentivo
econômico quando tais ações omitem o valor de bens e serviços ambientais dessa
vegetação, da diversidade biológica (...) do bioma Caatinga.
A vegetação desempenha importante papel no equilíbrio da água no solo ao permitir que
parte da chuva se infiltre através das raízes (…) para a recarga de lençol freático, além
de se constituir proteção contra a erosão.
A queimada que segue ao desmatamento é uma prática rudimentar e tradicional que o
agricultor utiliza para controlar pragas, limpar áreas para o plantio, renovar pastagens
etc., Com o passar do tempo se tem a degradação física, química e biológica do solo, a
perda de biodiversidade e da dinâmica do ecossistema, o favorecimento à erosão, além
de outros efeitos negativos como incêndios.
c) Compreender efeitos de sobre-utilizações de ambientes e recursos naturais; da
salinização da irrigação; de perdas da diversidade biológica pelos usos e manejos
impróprios desses recursos.
d) Avaliar os fatores causais e suas inter-relações, naturais e antrópicas, que provocam à
erosão dos solos, as perdas de produtividades agropecuárias, a desnutrição e fome (…)
em perversos ciclos.
O entendimento poderá apontar e/ou destacar fatores aparentemente sem importância,
mas que complementam ou potencializam efeitos de outros fatores e, portanto, precisam
de tratamentos conjuntos em planos de combate à desertificação.
e) Reconhecer as deficiências de dados e informações com qualidade, valor e utilidade
para o planejamento e a tomada de decisões, para completar uma base de informações.
Reconhecer, também, as fragilidades institucionais para indicar formas de fortalecer
essas instituições no combate à desertificação e mitigação – convívio com a seca.
Definir, entender, compreender, avaliar e reconhecer (...) são fases de um processo com
origem no conceito de desertificação capaz de acenar e se constituir ponto de partida para:
a) estabelecer os objetivos e metas do combate à desertificação: prevenção e/ou redução
da degradação das terras; reabilitação de terras parcialmente degradadas; recuperação
de terras degradadas;
b) escolher os procedimentos metodológicos necessários na obtenção, tratamento e
difusão de informações e tecnologias necessárias para o combate;
c) calcular os indicadores de síntese de dados e informações, úteis e valiosas, para a
gestão ambiental, para a educação de conservação e manejo integrado do solo – água -
vegetação (…);
d) orientar o atendimento às demandas por soluções conforme indicações do problema.
É preciso notar que o entendimento do problema da desertificação no local ou região,
básico para acenar na definição de objetivos e metas consistentes com o problema e ambientes
específicos; escolher meios, tanto metodológicos como de recursos financeiros e outros, para
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Tabela 1 Clima, índice de aridez e terras afetadas pela desertificação nos continentes.
AMER. AMER.
CLIMA ÍNDICE ÁFRICA ÁSIA AUSTRÁLIA EUROPA
NORTE SUL
Hiper-árido < 0,05 6.720 2.770 0 0 30 260
Árido 0,05 0,20 5.040 6.260 3.030 110 820 450
Semi-árido 0,21 0,50 5.140 6.930 3.090 1.050 4.190 2.650
Subúmido
0,21 0,65 2.690 3.530 510 1.840 2.320 2.070
Seco
Subúmido e
>0,65 - - - - - -
úmido
TOTAL - 19.590 19.490 6.630 3.000 7.360 5.430
Fonte. Atlas Mundial Times, 1995.
(não consideradas no exercício simplista) com uma nova configuração indicada pelo triângulo
traçejado. É importante notar, nesse exercício de combate à desertificação, alguns
condicionantes ou situações que a favorecem, tais como (relação preliminar);
a) ambiental: conscientização social, fruto da educação, da capacitação (...) da fragilidade
de sistemas naturais (solos, água e flora – fauna) e dos efeitos antrópicos de certas
atividades (aquelas sem critérios técnicos adequados) sobre esses sistemas, sem a
polarização de visões estreitas nem a intransigência do preservacionismo;
b) econômico: sensibilidade dos limites do potencial de crescimento, da necessidade de
discipolinamento com base em indicadores da capacidade de suporte ambiental, sem
viés para a “quantidade” e o “ter” maximizados e concentrados;
c) social: compreensão, envolvimento, participação e consideração de valores,
diversidades, saberes tradicionais e perspectivas da soceidades no DS: foco na
“qualidade” e o “ser”, conforme mencionado anteriormente.
Pelo exposto, pode-se concluir que o conceito D∩S e sua desenvolução em um local ou
região não é apenas um problema técnico-científico, mas, principalmente político, que
depende de múltiplos e, com freqüência, conflitantes interesses, objetivos, recursos,
possibilidades (...) diferentes e complexas, ainda em locais ou regiões específicas. É o caso do
semi-árido, com espaços geográficos diversos, dentro de arranjos que refletem desigualdades
e situações acomodadas e de conforto, como as de estrutura de posse de recursos naturais,
para poucos e de exclusão e miséria para muitos.
Nesse conceito, criar novas oportunidades e as condições para que “todos” sejam capazes
de optar (para uns, “ceder”, para outros “aceitar”, ambos como preço da sustentabilidade) e
escolher os melhores caminhos evidencia fatores do combate à desertificação, vontade e
decisão política para perceber a situação dos recursos necessários para o desenvolvimento e
os conflitos, tanto os que resultam da violência explicita de marginalização, quanto de
violência implícita que discrimina.
O documento Combate à desertificação e mitigação – convívio com a seca apresenta
conceitos complementares e desdobramentos do conceito D∩S no contexto da desertificação.
2.6 Erosão
Na degradação ambiental se destaca, dentre as atividades antrópicas da desertificação, a
erosão do solo causada pela ação do vento e, principalmente, pela ação da água favorecida por
práticas de uso e manejo inadequadas do solo, água e vegetação.
14
+ 25,00 mil
km2
ÁREA
ASD VAZÃO
REGIÂO TOTAL (mil km2) (m3/s)
(mil km2)
Atlântico Leste 388,1 284,6 1.492
Atlân.Nord.Ocid 274,3 26,3 2.683
Atlânt.Nord.Ori. 286,8 261,5 779
Atlânt.Sudeste 214,6 11,3 3.179
Parnaíba 333,0 267,6 763
S.Francisco 638,5 488,2 2850
Em termos gráficos, o problema da desertificação pode ser indicado pelas suas causas e
correspondentes conseqüências na Figura 12.
DESERTIFICAÇÃO
Desmatamento - queimada
Exposição do solo à (…)
Uso intensivo Práticas inadequadas C
Além capacidade de suporte De irrigação e drenagem
Facilidade erosão devido à… Cultivo impróprio porque... De manejo e uso a
u
s
Ineficientes, obsoletas, incompletas informações para a educação, capacitação, assistência –
extensão, prevenção-proteção, conservação e manejo do solo integrado à (...). a
Pobreza rural e deficiências de políticas a ações de combate s
4 Objetivos e Metas
Ajustam-se tanto às competências e propósitos do Mapa, no que se refere à política
agrícola, à produção e abastecimento; à proteção, conservação e manejo do solo voltado ao
processo produtivo agrícola e pecuário e à assistência técnica e extensão rural, quanto aos
propósitos da política de combate à desertificação. São objetivos e metas que se conformas ao
estabelecido pela Convenção (art. 10º.), ao considera: “o objetivo do programa de ação
nacional consiste em identificar os fatores que contribuem para a desertificação e as medidas
de ordem prática necessárias ao seu controle e à mitigação dos efeitos das secas”.
A Lei Agrícola, em seu cap. VI, relativo à proteção do meio ambiente e da conservação
dos recursos naturais, define, entre outros objetivos, os de atendimento às demandas regionais
com características específicas como é o caso do problema de desertificação e convivência
com a seca no Nordeste exigente por ações específicas.
No DEPROS consta, entre outros propósitos, elaborar planos, programas e projeto de
desenvolvimento de sistemas especiais de produção agropecuária, ambientalmente sustentável
e “implementar programas, projetos, ações e atividades de fomento, visando à melhoria da
eficiência e à sustentabilidade dos sistemas convencionais de produção agropecuária,
avaliando os impactos ambientais, sociais, econômicos e estruturais”. Na implementação
desses programas, projetos e ações relacionam-se: a produção agropecuária integrada; a
recuperação de áreas degradadas; e o manejo, proteção e conservação do solo e água no
contexto de bacias hidrográficas como unidades de planejamento e gestão.
Em desdobramentos ou aplicações do Regimento Interno do Mapa se registram, entre
outros propósitos consistentes com o combate à desertificação e mitigação - convívio com a
seca, os seguintes:
a) a promoção de treinamento sobre [o planejamento] a gestão da empresa agrícola com
vistas às melhorias de controles administrativos da propriedade;
b) a realização de cursos para técnicos [lideres da comunidade] e produtores rurais em
áreas de manejo e conservação do solo e da água e sobre sistemas agrícolas.
Com base nas informações anteriores é possível definir proposições gerais, algumas
delas com desdobramento no documento Combate à desertificação e mitigação – convívio
com a seca, que compreendem orientações na especificação de objetivos e metas de um dos
projetos prioritários para o desenvolvimento agropecuário sustentável: a proteção de áreas
vulneráveis e a recuperação de áreas degradadas. Algumas dessas proposições são:
a) Promover a prevenção, proteção e recuperação de áreas vulneráveis e de áreas afetadas
pela desertificação. Entre os meios dessa promoção, prevenção e recuperação se tem a
capacitação - treinamento, a educação ambiental, a pesquisa – extensão (…) orientadas
para a otimização na conservação dos recursos naturais, portanto, sem comprometa-los
na perspectiva de longo prazo.
b) Participar, incentivar, financiar (…) ações de monitoramento e de controle de áreas
sujeitas à desertificação. Um dos meios para efetivar essa participação é o dado com
qualidade, valor e utilidade a ser sintetizado no indicador utilizado no planejamento e
gestão ambiental e na conservação e manejo integrados recursos hídricos – solos –
vegetação do semi-árido nordestino. Parte das ações do Mapa é para completar uma
base de dados que permita desencadear o processo de D∩S, prevenir, recuperar (...).
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CONTROLE DA DESERTIFICAÇÃO C
o
Controle desmatamento: Conservação: Práticas adequadas (...):
n
Cobertura (proteção) do solo Dentro capacidade/suporte De irrigação e drenagem (...) t
Impedir a erosão mediante (...) Cultivos adequados (...) De manejo integrado solo (...) r
o
Eficientes, atualizadas, completas informações para a educação, capacitação, assistência – extensão, l
prevenção-proteção, conservação e manejo do solo integrado à água, à vegetação (...): educação.
Redução da pobreza rural e eficiências de legislações, políticas e ações-estratégias de combate (…)
e
5 Indicadores
Referências importantes na definição de indicadores para atividades, ações, estratégias de
planos, projetos (...), como os de combate à desertificação, quando se tem como base o
conceito de D∩S, são: Brasil 3 tempos, o PPA em vigor e informações do IBGE (p.ex.
Indicadores de desenvolvimento sustentável: Brasil 2004). No documento Combate à
desertificação e mitigação – convívio com a seca se evidenciam conceitos, roteiros técnicas
(...) dessas referências.
Indicador é um valor, numérico ou descritivo (número, percentual, razão, gráfico, figura,
imagem de satélite, proposição descritiva etc.), que sintetiza a(s) medição(ões) ou resume um
ou mais dado(s), variável (eis), associadas através de diferentes formas para relevar
significados específicos de uma atividade, ação ou estratégia, de um aspecto ou situação /
estado, de um programa ou projeto (...) com o objetivo de informar, comunicar, comparar (...)
atendendo determinados propósitos como os propostos em políticas.
Um propósito geral é o desenvolvimento. Nesse caso, os “indicadores de desenvolvimento
sustentável são instrumentos essenciais para guiar a ação e subsidiar o acompanhamento e a
avaliação do progresso alcançado rumo ao desenvolvimento sustentável” segundo
conceituação do IBGE (2004).
Os propósitos a serem atendidos (para o caso do Mapa, esse atendimento é, também, de
cobranças do TCU em relatórios de gestão), os indicadores devem, quanto possível:
a) Destacar os problemas, principais fatores – causais, as inter-relações (este aspecto é
destacado pelo IBGE) entre causas notáveis, as dificuldades operacionais (...), acenando
para:
a.1) situações que requerem atenção prioritária; a degradação da terra é uma dessas
situações; o abando da terra ou de projetos de assentamentos pode ser um indicador;
a.2) possíveis definições de objetivos - metas, meios – recursos necessários para atingi-los
conforme determinadas expectativas; o entendimento das dificuldades da agricultura de
sequeiro ou da agricultura por irrigação apontam como indicadores que apontam para
especificar objetivos concretos;
a.3) cronogramas e previsões de desdobramentos, elos ou entraves que geram custos
desnecessários.
Os indicadores devem diferenciar ecossistemas “saudáveis” (terem as necessárias
referências) daqueles degradados (caracterizados mediante índices de degradação):
sensíveis para prover informações sobre mudanças do ecossistema; para prevenir
sistemas susceptíveis à degradação (...).
b) Internalizar e assegurar o atendimento de requisitos, condições, possibilidades (...) do
cliente, neste caso, os tomadores de decisão, planejadores, gestores, formuladores de
políticas e, principalmente, o cliente em seu meio, o sertanejo na caatinga, as
comunidades afetadas / vulneráveis à seca que podem ser atendidas com ações, projetos
de combate à desertificação.
Os indicadores estabelecem medições da resiliência do ecossistema: habilidade /
capacidade em se recuperar depois de cessadas as perturbações que o levam a estados
críticos: a desertificação. Se não cessam tais perturbações, os indicadores informam –
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comunicam quais são os níveis críticos e os riscos que devem ser assumidos a partir de
determinadas causas, ignoradas, de degradação da terra.
c) Ao internalizar, com fidelidade, atualidade, pertinência (...) os requisitos do cliente
traduzidos em dados – informações valiosas e úteis, os indicadores devem proporcionar,
de forma simples e operacional, critérios (ou padrões adequados à realidade) de
comparações relevantes e de visibilidades para a auto-avaliação, além de se constituírem
meios para o atendimento de “cobranças” (ação gerencial do Mapa) na aplicação de
recursos econômicos públicos.
d) Meio para justificar atividades, ações ou estratégias, planos ou projetos (...), com
indicações de pertinência ou oportunidade, de racionalidades (entre outras, as definidas
por relações como de custo / benefícios), de integrabilidade dessas ações (...) e/ou entre
essas ações com outras.
Na base dos propósitos dos indicadores se encontram alguns requisitos (relação preliminar,
suficiente para esta síntese), tais como:
a) Dispor de dados com qualidade (conforme referências adequadas), valor (para o cliente,
para os propósitos da representação do atributo ou fato pelo indicador) e utilidade: o
dado, além de ser fiel representação do atributo, deve ser de fácil tratamento e
entendimento para o cliente: são características da informação primária que se
comunicam no indicador que os sintetiza.
b) O atributo a ser representado pelo dado deve ser fácil de observar / apurar, medir,
registrar e sintetizar no indicador: da qualidade e aplicabilidade do dado depende a
qualidade e aplicabilidade do indicador.
c) Tanto os dados que se utilizam na construção de indicadores como os próprios
indicadores desses devem ser objetos de observações, medições, registros e avaliações
periódicas; os indicadores, por sua vez, devem ser coerentes com os demais indicadores.
No documento Combate à desertificação e mitigação – convívio com a seca se
apresentam, ilustram e exemplificam diversos aspectos relacionados com a construção de
indicadores e com a aplicação (...) em planos e projetos de combate à desertificação.
Para tratar da complexidade de desertificação, com tantas causa e conseqüências inter-
relacionadas desse fenômeno é preciso dispor de muitos dados e informações valiosas e úteis;
de uma metodologia adequada para avaliar efeitos-causas, interações (...); de uma percepção
sistêmica para relacionar peças de um todo (...). Na elaboração de um plano de combate à
desertificação não se tem essa condição, sendo necessário que o próprio plano considera ações
para uma melhor compreensão do problema na forma de uma base de dados consistidos.
Gestores, planejadores e tomadores de decisão desejam que os dados da desertificação
sejam simplificados e apenas comuniquem o que for essencial: é o sentido do indicador ao
representar fatores abióticos (climático, hidrológico, geomorfológico e edafológico), bióticos,
agronômicos (técnicas agrícolas e pecuárias), socioeconômico, cultural, institucional (...) da
desertificação e para monitorar, avaliar – agir (...) nas ações e estratégias de combate. Isso
pode ser facilitado com uma síntese da complexidade da desertificação para se ter uma
percepção integrada – sistêmica de partes indissociáveis e interativas colocadas. Esse
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processo pode ser auxiliado por modernas técnicas de informações georeferenciadas (…), de
tecnologias da informação (...).
No Quadro 1 são sintetizados (um exemplo) possíveis indicadores de informação-
comunicação de aspectos físicos, biológicos e socioeconômicos.
Quadro 1 Exemplos de indicadores no combate à desertificação
INDICADOR ESPECIFICAÇÃO ILUSTRAÇÃO
Desmatamento Porcentual desmatado (tipo de vegetação, por período etc.) / Área total
Percentual da cobertura, com especificações e tipificações relevantes e
Cobertura vegetal
necessárias na informação – comunicação, comparação.
Biomassa da caatinga Estimativa massa foliar em t ou m3 / ha: (especificações ou tipificação)
Uso do solo / ambiente Área utilizada em (...) / formas de uso e manejo
Percentual (ou calculo) de solo erodido para determinadas condições
de uso e manejo, de ambientes, de perspectivas (...). Exemplos:
- Índices - indicadores de erodibilidade, incluindo dados como os de
Erosão tipo de solo, declividade, forma ou natureza do uso e manejo.
- Índices - indicadores de erosividade para diferentes condições de
previsão de intensidade da chuva, distribuição e defasagens, de
freqüência (...).
Disponibilidade – vazão, m3/s (por período, por fonte etc.) /
Uso – consumo de água Necessidades atendidas (por tipo ou classe de uso – consumo)
Vazões sazonais e temporais entre períodos
Qualidade da água
Índice de qualidade da água
Possíveis indicadores
climáticos. Exemplos:
Indicador do problema de
mudança climática (IBGE,
2004): Consumo de
substâncias destruidoras da
camada de ozônio, 1992 -
2003
Continuação (b)
Quadro 1 Exemplos de indicadores no combate à desertificação
INDICADOR ESPECIFICAÇÃO ILUSTRAÇÃO
Vulnerabilidade climática à
desertificação e núcleos de
desertificação na Região
Nordeste. 1998 (IBGE, 2004)
Continuação (c)
Quadro 1 Exemplos de indicadores no combate à desertificação
INDICADOR ESPECIFICAÇÃO ILUSTRAÇÃO
100%
90
80
70
60
50
40
30
IDH
20
TA TMI IDH
10
ILUSTRAÇÂO GERAL
PARA O CASO DE SEIS
VARIÁVEIS DE UM MESMO X2
TA X1 TMI
PERÍODO E DOIS ESPAÇOS
GEOGRÁFICOS Taxa de analfabetismos (TA), taxa de mortalidade infantil (TMI) e
nível médio (índice) de desenvolvimento humano (IDH) no Brasil
X1 X 2 X 3 X 4 X 5 X 6 Semi-árido Nordeste
(_____) e no Nordeste (_ _ _ _) em 2005.
NE: .. ... ... ... ... ... ... ... ...
Sem-árido .. .. ... ... ... ... ... ... ..
X4 10 20 30
100%
40 50 60 70 80 90
X3
X5 X5
32
Período t
f m+n (estado final)
∩
34
2004-2007, o Mapa orienta seus esforços no sentido de fortalecer objetivos setoriais, um deles
é manejo e conserva-ção de solos na agricultural: “assegurar o uso e o manejo adequados do
solo e promover a recuperação de áreas degradadas com vistas a garantir a produção
sustentável de alimentos e a disponibilidade de água para o consumo humano e animal. A
justificativa, nesse contexto setorial, é o de que a agricultura sustentável deve minimizar os
impactos ecológicos decorrentes da perda da biodiversidade pela retirada da cobertura natural
e a redução da erosão, da degradação da terra, observando sua capacidade de uso e a aplicação
adequada de tecnologias (...).
A segunda fonte de orientações das atividades do Mapa é buscar a integração ( )com
parceiros, nesse combate, conforme se ilustra na figura central e se ajustar – complementar
conforme orientações básicas, entre outras, as seguintes:
a) PAN – Brasil; nele se destacam a proteção – preservação de fontes e reservas naturais,
processos, ciclos (…); a conservação e manejo integrado de ambientes e recursos
naturais; e o subsídio ao desenvolvimento sustentável. São ações delineadas em eixos,
conforme se indica na Figura 4.
b) Atlas das áreas susceptíveis à desertificação no Brasil. Brasília: MMA, Secretaria de
Recursos Hídricos. 2007.
c) Plano estratégico de desenvolvimento sustentável do Semi-árido.
d) Estudos chaves como os dos Projeto Áridas, SUDENE e CONSLAD, entre outros.
e) Informações técnico-científicas da Embrapa, de Universidades e Centros de pesquisa
localizados ou com atuação na Região do Nordeste.
f) Estudos e recomendações de Governos Estaduais do Nordeste, da Bahia e do Espírito
Santo.
g) Programa de combate à desertificação no âmbito do proágua semi-árido.
h) “Garimpagens” de informações e dados relativos aos saberes tradicionais, experiências
e lições de comunidades. Avaliação, ordenamento – classificação dessas informações.
Como ações a serem desenvolvidas pelo Mapa, destacam-se (relação preliminar: em fase de
discussão):
1) FORNMAÇÃO DE UM REPOSITÓRIO (BANCO DA AGRICULTURA
SUSTENTÁVEL PARA O SEMI-ÁRIDO) DE INFORMAÇÕES EM UM SISTEMA
QUE POSSA ATENDER DEMANDAS PARA ESSE COMBATE. Ênfase para a
sustentação de atividades diretamente relacionadas com a missão, visão e objetivos –
metas do MAPA.
Esta é uma das ações que se insere, de forma harmônica, com propostas – sugestões da
Convenção (...), com indicações do PAN – Brasil ao destacar o fortalecimento da base de
conhecimento e desenvolvimento de sistemas de informações para monitorar e avalia –
agir na ASD.
2) PREPARAÇÃO DE MATERIAL DE REFERÊNCIA PARA TREINAMENTOS,
CURSOS, ORIENTAÇÕES, FORMAIS OU NÃO, EM TRÊS NÍVEIS: ENSINO,
ORGANIZAÇÃO – GESTÃO E PRODUTOR – COMUNIDADES
35
1 Introdução
11
17
23
23
30
51
58
70
76
87
36
99
146
164
171
203
2.5.6.1 Exercícios
6.1 Protótipos
7 Referências