Salvador
2015
JOSÉ CARLOS SANTOS DOS REIS FILHO
SALVADOR
2015
DEDICATÓRIA
Uma das maneiras pelas quais isso acontece na UCSAL é através da produção de
arranjos para violão.Neste trabalho falamos do processo produtivo que envolvem
esse fazer ,tendo sempre um olhar crítico e reflexivo sobre a práxis pedagogia na
instituição e suas potencialidades e particularidades.
The guitar arrived in Brazil at the beginning of the nineteenth century and
incorporated this great melting pot of cultural diversity, taking an essentially
accompanist character, the main strongholds of choro and samba formed at that
time. Meanwhile in Europe the same instrument was part of a movement on the
concert music, especially in Spain and Italy in the classical-romantic period through
Sor, Giuliani, Carcassi among others. This period that had direct influence in formal
music education in Brazil especially in conservatory model.
However the Brazilian guitar has its own arrangement of school, composition and
execution, where we can find a considerable range of musicians who follow the
classical line and at the same time popular. But in the gym until recently this way of
making music was viewed with prejudice. However this scenario has changed and
some university has developed practices in order to bring the student of scientific
knowledge starting from a constructivist approach.
One of the ways this happens in UCSAL is by producing arrangements for guitar .At
work we speak of the production process involved in this do, always taking a critical
and reflective look about the teaching practice in the institution and its capabilities
and features.
Utilizamos também neste trabalho entrevista semi estruturada que foi aplicada
com professores das disciplinas de Violão I a VI e improvisação.Escolhemos esses
professores por conta destas disciplinas terem relação direta com o tema em
questão, e por conta da larga experiência desses profissionais como arranjadores e
instrumentistas.Também aplicamos um questionário com os alunos do curso de
licenciatura em música com habilitação em violão que estão cursando entre o 3º e 6º
semestre, afim de coletar maiores informações e compreender melhor o contexto
onde se desenvolvem as atividades produtivas, além de poder auferir os seus
resultados e reflexos sobre as praticas realizadas.
Sor e Aguado conseguiram que o violão fosse considerado apto para tocar
música complexa. O primeiro, com obras musicais que o aproximam de uma
pequena orquestra, como suas “Variaciones sobre un ária de la flauta
Mágica de Mozart,op.9” o segundo , com um método que se estuda ainda
hoje.(Galileia,2012,pág.74).
Andrés Segovia dizia que tinha dedicado sua vida a quatro tarefas
essenciais: separar o violão do entretenimento folclórico e vazio de
conteúdo ;difundir sua beleza por todos os públicos do mundo; influenciar as
autoridades de conservatórios,academias e universidades para incluí-lo nos
programas de instrução; e tratar de criar um repertório de grande
qualidade,com obras que possuam valor musical em si mesmas , da mão de
compositores acostumados a escrever para orquestra , piano e
violino.(Galilea,2012,pág.101).
Com esse panorama traçado , agora podemos ter ideia das possibilidades
que o instrumento nos oferece tendo em vista todos os processos de transformação
pelos quais o violão passou , sempre em detrimento de uma necessidade individual
ou coletiva.
4. Violão Brasileiro: Os pilares do estilo de arranjo e composição.
Esse espaço não ficaria muito tempo vazio pois se estabeleceu no Brasil
nos anos 30 o Uruguaio Isaías Sávio, que contribuiu fortemente para o
desenvolvimento do ensino no país se firmando como grande didata, além de ter
produzido vasta quantidade de arranjos ,composições e métodos voltados para o
instrumento.
Com o que foi apresentado até então podemos ter ideia da riqueza dos
processos de transformação da música brasileira e na reinvenção de vários estilos
musicais como o samba, bossa nova,choro e valsa tendo como “diário de
anotações” o violão, e suas múltiplas personalidades e possibilidades.
5.Os Arranjos e a prática pedagógica.
(...)O arranjo não deixa de ser uma composição também. Você passa a
compor , conjuntamente com o autor , só que essa composição você tem
que respeitar o autor ,tem que ser um trabalho conjunto com ele e sabendo
que é um trabalho de arranjo , você dará meramente um toque na obra sem
romper o vinculo com o autor .(Entrevista,2015)
O arranjo já é um ato de criação, então ele requer que você também utilize
uma visão sua, sobre aquela obra, isso envolve um conhecimento musical
prévio, e a composição ela, já esta inserida nesse processo, você esta
compondo, mesmo utilizando um material pré-existente, o resultado final vai
ser diferente do resultado original. Então já ouve um processo de criação,
de composição ai. Ele já é um passo, eu diria que trabalhar com arranjos é
o primeiro passo pra você vir a se tornar um compositor e criar coisas
próprias. No arranjo você desenvolve meios de criação, ideias que depois,
vão gerar ideias para as próprias composições, isso acontece muito no
flamenco. Os violonistas do flamenco desde muito cedo aprendem a criar as
próprias coisas, eles aprendem a não ficar executando o que é dos outros,
mais executar o que é seu. Mais para nós , para o nosso tipo de cultura é
muito mais interessante quando se consegue ter uma visão melhor sobre
um processo de criação quando se atua primeiro sobre algo que já foi
previamente criado e você tem o desafio de dar uma nova visão sobre
aquilo.(Entrevista,2015)
5.2 A Interdisciplinaridade no Curso de Música
O que ainda falta haver um link dentro das instituições em relação a isso ,
haver uma conscientização , dentro das instituições em relação a matriz
curricular , para que seja voltada para a expansão dos conhecimentos além
do fazer musical, alem da questão da performance.Ainda há em grande
parte dos cursos superiores do pais , um tipo de ensino conservatórial , e
isso ainda se mantém deixando lacunas entre a formação e a atuação
profissional do musico. Aqui na Católica agente já esta num outro caminho ,
já houveram modificações no currículo que já estão começando a aproximar
mais o estudante de uma realidade de mercado , e envolve justamente essa
interdisciplinaridade que já é presente , ela necessária que ela seja
detalhada por essa interdisciplinaridade já esta presente dentro das
matérias ,ou seja, parte de tecnologia de produção isso já se insere no
contexto de interdisciplinaridade natural , e é isso que as instituições tem
que buscar , isso é uma realidade, não pode ser ignorado , hoje em dia não
se pode mais discutir música fora do contexto do atual modo de
produção.(Entrevista,2015)
Além desse aspecto , a obtenção de conhecimentos variados faz parte da
formação geral do educador e contribui para que este possa dialogar com outras
áreas do conhecimento. O Professor Hélio Rabello aponta que:
Isso é interessante porque, você vê que a música tem o seu ponto de vista
de determinado assunto, e as outras matérias também tem o seu ponto de
vista , onde uma auxilia a outra, e na verdade o músico precisa disso , não é
só tocar, o músico hoje precisa saber se relacionar com diversas áreas , e
saber também o discurso , e nos tornamos importantes por sabermos que
fazemos parte de todo um grupo , esse que seria o sentido de universidade
, que seria o conhecimento vasto , onde você possa discutir sobre o que
você faz com diversas áreas e compreender o que você faz em outra
área.(Entrevista,2015)
5.3. A escolha do repertório.
Iremos tratar agora sobre o labor que envolve as questões do arranjo. Antes
de mais nada vale salientar que o dominio referente ao material básico de teoria que
engloga questões relacionadas a escalas , acordes e suas inversões , campo
harmonico,tonalidades, dentre outros, são ferramenta indispensavel para
compreesão e apliação do material aqui apresentado. Esses conhecimentos são
subsidiados pelas disciplinas de Elementos da musica e Solfejo , Literatura e
Estruturação Musical I e II , e Improvisação e Musica Popular.
O aluno deve iniciar por coisas mais simples e ter uma ação gradativa nisso
porque por exemplo , músicas que tenham uma sequencia básica de I-IV-V-
1
I , você primeiro poder realisar isso em todas as tonalidades , entender a
melodia dessa musica em cada tonalidade , e a partir dai tentar agregar
outros elementos em relação a um contexto solista e ai vem um estudo
técnico prévio que é feito, especialmente dentro da obra do Henrique Pinto.
Então se você tem uma técnica o mais seguro possível , você vai conseguir
introduzir elementos onde existe a melodia e o acompanhamento daquela
obra , você vai transformar isso por uma condução de vozes , enfim , mais é
um exercício que primeiro se inicia com obras simples , as vezes até com
cantigas de roda , porque se você consegue , criar em torno disso ,aos
poucos vai conseguindo criar em torno de coisas que vão sendo mais
complexas , ate chegar em bossa nova , enfim, estruturas bem maiores
mais complexas.(Entrevista,2015)
1
Nós analisamos as tríades e tétrades usadas na música tonal através de números romanos que
indicam grau da escala que esta na Tonica do acorde e a qualidade, ou sonoridade, do
acorde.(kostka,2007,pág 6), Tradução ,Hugo Leonardo Ribeiro , Disponível em
http//hugoribeiro.com.br/biblioteca-digital/kostka_Payne-Harmonia_Tonal.pdf acesso em 29/04/15 às
15:39 h.
5.4. Processo de Elaboração.
Fonte: O melhor de Luiz Gonzaga: melodias cifradas para guitarra,violão e teclados. São
Paulo: Irmãos Vitale,2000.
Fonte: O melhor de Luiz Gonzaga: melodias cifradas para guitarra,violão e teclados. São
Paulo: Irmãos Vitale,2000.
“De repente tem pontos que você pode dar ênfase a voz aguda , de repende
a ênfase pode ser ao baixo , ou as vozes intermediárias , a melodia pode
passar para as vozes intermediárias , até para o baixo também, a ideia esta
na questão do contra ponto.”(Entrevista 2015).
Figura 9- Primeira frase do Tema “A Volta da Asa Branca” com transposição de oitava.
Fonte: O melhor de Luiz Gonzaga: melodias cifradas para guitarra,violão e teclados. São
Paulo: Irmãos Vitale,2000.
Fonte: O melhor de Luiz Gonzaga: melodias cifradas para guitarra,violão e teclados. São
Paulo: Irmãos Vitale,2000.
Figura 11- Primeira frase do Tema “A Volta da Asa Branca” transposto para La bemol
maior.
Fonte: O melhor de Luiz Gonzaga: melodias cifradas para guitarra,violão e teclados. São
Paulo: Irmãos Vitale,2000.
Fizemos essa escolha inicialmente para uma tonalidade não violonistica para
que seja possível apresentar alguns dos problemas que podem aparecer, afim de evita-los.
Fazendo uma análise do trecho apresentado podemos verificar que logo no
primeiro compasso nos deparamos com uma meia pestana2 na quarta casa que volta a
aparecer nos compassos 3 , 4 e 5 , vale salientar que essa ténica exige a apliação de uma
energia física maior para precionar mais de uma corda ao mesmo tempo , exigindo mais do
instrumentista e gerando tensão no caso de o aluno ter pouca experiencia nesse tipo de
técnica.
Fonte: O melhor de Luiz Gonzaga: melodias cifradas para guitarra,violão e teclados. São
Paulo: Irmãos Vitale,2000.
Ulloa (2001) nos fala que ao escrever duas notas que não incluam corda solta , o
compositor deve considerar que o ambito máximo de extensão da mão esquerda é de duas
oitavas + uma terça menor partindo da região mais grave.
2
A Pestana é o processo pelo qual pode-se pressionar várias cordas usando apenas um dedo. Existem: a meia
pestana e a pestana inteira ; a meia pestana é usada até a quinta corda;a pestana inteira é quando se pressionam as
seis cordas. Geralmente, a pestana é feita pelo dedo um.(Pinto,1978,pág 46).
Fonte: Ulloa,2001,pág53. Adaptado.
Portanto esse trecho não pode ser executado da forma que esta escrito pois
excede a capacidade física que a mão esquerda tem de alongar os dedos para tocar notas
presas em pontos extremos.
Fonte: O melhor de Luiz Gonzaga: melodias cifradas para guitarra,violão e teclados. São
Paulo: Irmãos Vitale,2000.
Fonte: O melhor de Luiz Gonzaga: melodias cifradas para guitarra,violão e teclados. São
Paulo: Irmãos Vitale,2000.
Depois disso que o aluno já transcreveu para esta que eu chamo de nível 1,
toda essa fase de transcrição e modulação para tonalidades violonisticas,
eu passo para o segundo que é a analise harmônica dessas harmonias que
estão já inseridas na linha melódica que vem do songbook para perceber as
notas que compõe o acorde e algumas notas coloridas que seriam as
próprias dissonâncias inseridas pelo próprio arranjador/compositor que esta
lá no livro.(Entrevista 2015).
Seguiremos então a orientação do professor. Veja a seguir:
Fonte: O melhor de Luiz Gonzaga: melodias cifradas para guitarra,violão e teclados. São
Paulo: Irmãos Vitale,2000.
Com base na analise podemos ter uma noção do material que podemos
agregar para enriquecer o arranjo. Vejamos a seguir
Figura 19- Primeira frase do Tema “A Volta da Asa Branca”.
Fonte: O melhor de Luiz Gonzaga: melodias cifradas para guitarra,violão e teclados. São
Paulo: Irmãos Vitale,2000.
Fonte: O melhor de Luiz Gonzaga: melodias cifradas para guitarra,violão e teclados. São
Paulo: Irmãos Vitale,2000.