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Embora os movimentos feministas tenham vencido diversas batalhas no avanço de

garantias dos direitos das mulheres, ainda é gritante a violência que sofremos
diariamente apenas por sermos do sexo feminino.
Uma das violências que garantem a manutenção do patriarcado é a omissão ou a
adulteração de sua história na sociedade desde os tempos mais remotos. Não seria
diferente no Brasil. A memória de algumas mulheres que marcaram a história do
Brasil ficou no anonimato e na invisibilidade devido a influência da sociedade
patriarcal da qual fazemos parte. Afinal, toda a História do Brasil é narrada por um
viés masculino.
É inegável atribuir a essa invisibilidade, e o pouco reconhecimento das figuras
femininas na construção do país e da sociedade, aos altos índices de violência
doméstica ainda tão alarmantes em qualquer parte do mundo e, quando nos
afastamos dos grandes centros, a violência ainda é maior.
Nós, artistas palhaças, vimos também sob a lona as diversas formas de preconceito
de gênero no decorrer da história do circo. A mulher muitas vezes era vista como
uma figura meramente ilustrativa e sensualizada. A primeira mulher palhaço não
podia assumir diante do público seu sexo, tendo que amamentar escondido nas
coxias e assumir um nome masculino para ter permissão de atuar no picadeiro.
Durante o processo de criação do espetáculo CHOQUE-ROSA, em pesquisas sobre
a mulher na história, fomos provocadas a buscar seus nomes. A dificuldade de
encontrá-los e a pouca informação sobre as mulheres que estiveram a frente de
diversas lutas no Brasil, levou-nos a querer encontrar essas mulheres hoje, antes
que os livros de história as apague. Provocadas pelos índices alarmantes de
violência doméstica e feminicídio crescentes no nosso país - estariam tentando
apagar de vez essas mulheres? - decidimos chegar ao encontro delas nos lugares
onde as mulheres são mais violentadas, assassinadas, caladas. Afinal, em meio a
repressão se faz as lutadoras, não é? Assim começamos a traçar nosso percurso
partindo de um olhar para o Mapa da Violência 2015. Lá encontramos as 4 capitais
onde as mulheres mais são assassinadas - Vitória, Maceió, João Pessoa e
Fortaleza. No percurso, pelo litoral brasileiro, encontraremos o Nordeste que,
segundo o Mapa da Violência 2015, destaca-se pelo elevado crescimento de suas
taxas de homicídio de mulheres, entre 2003 e 2013 houve um crescimento de 79,3%
no número feminicídios. Assim, na necessidade do encontro de nossa pesquisa
artística com mulheres dessas comunidades, percebendo o potencial que a
documentação desses encontros protagonizados por mulheres empoderadas tem de
provocar a reflexão de outras mulheres e homens, entendendo que nossos
espetáculos e intervenções podem criar pontes de reflexão nas comunidades pelas
quais passaremos e entendendo a importância da troca entre mulheres para lutar
contra o machismo e para romper o ciclo da violência, justificamos a existência e
realização do Circo di SóLadies Na.Estrada.

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