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O fenômeno dos chamados “partidos étnicos”, pode tanto ter colaborado como ter se
beneficiado de um processo mais profundo, mas não se limitaram a isso; alguns chegaram a
conseguir agrupar setores populares não indígenas, como o Aliança Social Indígena (ASI) na
Colômbia (LUCIANO et al, 2004). Por outro lado, a ausência de partidos étnicos, como no
caso do Brasil, ou pelo menos de partidos étnicos de expressão nacional, e consequente
inserção de indígenas com aspirações políticas em partidos políticos ditos tradicionais, traz
algumas consequências interessantes. Não apenas esses representantes veem-se obrigados a se
posicionar entre esquerda e direita no espectro político, como acabam envolvidos, dessa
forma, no debate relativo às questões da sociedade envolvente, a nível local ou nacional
(RUFINO, 2000). Os partidos podem ainda, envolver índios de afiliações diferentes em
conflitos partidários, o que para o cacique Mbyá-Guarani José Cirilo, “gera brigas por coisas
que não são dos indígenas” (NASCIMENTO, 2014).
Alguns países, como Bolívia, Peru e Equador contam com mais de 50% da população
geral composta por indígenas (LUCIANO et al, 2004), mas mesmo entre esses há diferenças
significativas. No Peru, por exemplo, o primeiro partido indígena surgiu apenas em 1996, o
Movimento Indígena da Amazônia Peruana (MIAP), e tem enfrentado problemas com fraudes
(LUCIANO et al, 2004).
Nos casos em que a população indígena corresponde a apenas uma parcela reduzida da
população nacional, políticas de cotas podem favorecer um aumento no número de
representantes indígenas, que por sua vez surgiram graças a partidos indígenas, pelo menos
em parte. Na Venezuela, onde os indígenas representam apenas 1% da população nacional
(LUCIANO et al, 2004), possui um partido indígena desde 1997, o Partido do Povo Unido
Multiétnico da Amazônia (Puama), e em 1999, na Assembléia Constituinte, garantiu o direito
de cadeira reservada em nível nacional, estadual e local. A Colômbia, que conta com uma
população indígena de 1,7% (LUCIANO et al, 2004), também possui uma política de reserva
de vagas e tem desde 1990 um partido indígena, a Aliança Social Indígena (ASI).
Referências:
AUTRAN, Frédéric. Mexique: «La politique est en contradiction avec les valeurs indigènes».
Libération, 19 jun. 2018. Disponível em:
<http://www.liberation.fr/planete/2018/06/19/mexique-la-politique-est-en-contradiction-avec-
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GOMES, Karina. Demandas indígenas perdem espaço na política. Carta Capital, 18 out.
2014. Disponível em: <https://www.cartacapital.com.br/politica/demandas-indigenas-perdem-
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RUFINO, Marcos Pereira. Instituições dos brancos. Povos Indígenas no Brasil, setembro de
2000. Disponível em:
<https://pib.socioambiental.org/pt/%C3%8Dndios_e_as_elei%C3%A7%C3%B5es#Candidato
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Acesso em: 02 jul. 2018.
SOARES, João. O que afasta os indígenas da política?. Deutsche Welle, 09 mar. 2018.
Disponível em: <https://www.dw.com/pt-br/o-que-afasta-os-ind%C3%ADgenas-da-
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STREIT, Maíra. 35 anos depois do deputado Juruna, indígenas continuam sem representação
política no país. Agência Pública, 25 abr. 2018. Disponível em:
<https://apublica.org/2018/04/35-anos-depois-do-deputado-juruna-indigenas-continuam-sem-
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