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Reflexões sobre o conceito de balcanização em Versalhes e o papel da

Iugoslávia
O The Longman Companion to European Nationalism 1789-1920 assim
define balcanização:
“A term popular at the Paris Peace Conference of 1919-1920
expressing the fear that if national self-determination were allowed free
rein the result would be a chaotic hotchpotch of mini-states, micro-
states and statelets across eastern Europe. This apprehension was
influential in persuading the victorious Allied Great Powers to fudge the
issue of nation-statehood in the new geopolitical
settlement.” (PEARSON, 1994, p. 279)
Apesar de o conceito só ganhar popularidade após a Primeira Guerra
Mundial, sua fragmentação em pequenos Estados, porém, é um fenômeno
recorrente na história balcânica, entre o colapso de um império e a dominação
por outro, intensificando-se nos séculos XIX e XX. Pretendo neste ensaio
demonstrar como essa visão negativa – “A palavra ‘balcanização’ [...] ainda
retém sua conotação negativa” e pertencia “ao vocabulário dos insultos políticos”
(HOBSBAWM, 1990, p. 43) - do fenômeno se consolidou à época do Tratado de
Versalhes e como criação do Reino da Iugoslávia, mesmo se opondo a essa
tendência balcânica, não evitou conflitos étnicos.
Pode-se argumentar que o assassinato do arquiduque Franz Ferdinand,
herdeiro ao trono da Áustria-Hungria, por um grupo nacionalista sérvio em
Sarajevo, causa imediata da guerra, contribuiu para criar a imagem de uma
região conflituosa nos Bálcãs. Contudo, defendo que o princípio da
autodeterminação dos povos como reorganizador das fronteiras do Tratado,
ainda retinha características da noção de autodeterminação do período clássico
do nacionalismo liberal, no que tange à visão da construção de nações como um
processo de expansão.
Para Anzulovic, isso resultará no “mito da balcanização”. Argumenta que
é um mito pois nem toda desagregação de Estados resulta em conflito,
contrapondo ao caso dos Bálcãs o exemplo da Escandinávia (um processo de
fragmentação pacífico que ele chama de escandinavização). Para ele, sua
persistência deve-se, dentre outros motivos, ao medo da mudança e das
complicações externas (conflitos com os Estados recém-formados) e internas
(incentivo a grupos separatistas) que dela podem derivar. Além disso, afirma que
essa visão pejorativa da proliferação de Estados é justificada, ideologicamente,
por constituir um obstáculo ao progresso inexorável da história, e que se estende
da esquerda à direita no espectro político.
Nesse contexto, a Iugoslávia tornou-se um exemplo balcânico do
contrário; a ideia de formar um Estado único dos eslavos do sul originou-se entre
sérvios, croatas e eslovenos antes mesmo da Conferência, da qual participou já
unificada. Por isso e pela posição da Sérvia na guerra, as potências aliadas
apoiaram a Iugoslávia, cedendo-lhe a Caríntia, território reclamado pela Áustria,
apesar da sua maioria germânica.
Não obstante as expectativas, as trocas culturais e a cooperação
econômica não foram suficientes para aproximar as diferentes nações
iugoslavas e mitigar o descontentamento com a hegemonia sérvia. As tensões
étnicas que culminaram nas guerras da década de 1990, mostraram que o
oposto do mito não necessariamente é verdade.
No contexto atual, o teórico anarquista Andrej Grubačić ressalta o caráter
racista e colonialista do conceito de balcanização como um processo de
fragmentação causado por ódio étnico e antigo, oposto à esclarecida unificação
e federalização anglo-europeia. Como alternativa ao que chama de
“balcanização vinda de cima”, ele reverte o conceito tradicional e propõe um
modelo de “balcanização vinda de baixo”, de integração e solidariedade mútua
e inter-étnica.
Na minha opinião, qualquer tentativa de simplificação da situação dos
Bálcãs, apenas reforçará preconceitos, dificultando a compreensão dos
contínuos conflitos na região. Uma que, com uma longa história de ocupações,
desde o Império Bizantino até os impérios Austro-húngaro e Otomano, e sendo
ponto de contato entre o Oriente e o Ocidente, não poderia deixar de ter uma
realidade muito mais complexa do que o conceito de balcanização é capaz de
abarcar.
Referências:
ANZULOVIC, Branimir. Heavenly Serbia: From myth to genocide. NYU Press,
1999.
GRUBAČIĆ, Andrej. Don't Mourn, Balkanize!: Essays After Yugoslavia. PM
Press, 2010.
HOBSBAWM, Eric. Nações e nacionalismo desde 1780. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1990.
PEARSON, Raymond. The Longman companion to European nationalism
1789-1920. Routledge, 2014.
SLAVICEK, Louise Chipley. The Treaty of Versailles. Infobase Publishing,
2010.

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