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1
IGREJA LUTERANA
SEMINÁRIO
CONCÓRDIA
Diretor
Gerson Luis Linden
Professores
Acir Raymann, Anselmo Ernesto Graff, Clóvis Jair Prunzel, Gerson Luis Linden, Leo-
poldo Heimann, Paulo Proske Weirich, Paulo Wille Buss, Raul Blum, Vilson Scholz
Professores Eméritos
Donaldo Schüler, Paulo F. Flor
Norberto Heine
IGREJA LUTERANA
ISSN 0103-779X
Revista semestral de Teologia publicada em junho e novembro pela Faculdade de
Teologia do Seminário Concórdia, da Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB),
São Leopoldo, Rio Grande do Sul, Brasil.
Conselho Editorial
Paulo P. Weirich (Editor), Gerson L. Linden e Acir Raymann
Assistência Administrativa
Ivete Terezinha Schwantes e Alisson Jonathan Hann
Solicita-se permuta
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CORRESPONDÊNCIA
Revista Igreja Luterana
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e-mail: revista@seminarioconcordia.com.br
www.seminarioconcordia.com.br
2
SUMÁRIO
ARTIGOS
A AÇÃO DO ESPÍRITO SANTO NA VIDA DE JESUS E SUAS
IMPLICAÇÕES PARA A MISSÃO DA IGREJA: UM ESTUDO
NO EVANGELHO DE MARCOS 5
Clécio Leocir Schadech
AUXÍLIOS HOMILÉTICOS 31
IGREJA LUTERANA
Volume 71 – Novembro 2012 - Número 2
3
ARTIGOS
5
IGREJA LUTERANA
6
A AÇÃO DO ESPÍRITO SANTO NA VIDA DE JESUS E SUAS IMPLICAÇÕES PARA A MISSÃO
DA IGREJA: UM ESTUDO NO EVANGELHO DE MARCOS
2
“The connection between baptism and the coming of the Spirit is made particularly vivid
in Mark’s account: “immediately” (1:10). The connection is immediate and so direct as
to make of what could two – baptism in water and descent of the Spirit – one… Spiritual
baptism is formed and inaugurated in no less than the person of it elect dispenser: Jesus
Christ.” (Frederick Brunner. A Theology of the Holy Spirit: The Pentecostal Experience and
the New Testament Witness. Michigan, EUA: Grand Rapids, 1970, p.220).
3
sci,zw: to split or to tear an object into at least two parts - ‘to split, to tear.’ euvqu.j avnabai,nwn
evk tou/ u[datoj ei=den scizome,nouj ouvranou,j 'as soon as he came up from the water he
saw the sky split open'. In some languages the meaning of sci,zw in Mk 1.10 may be best
expressed as ‘the sky tore’ or ‘there was a slit in the sky’ or possibly ‘there was suddenly
an opening in the sky.’ The adverb ‘suddenly’ may provide some of the implications of the
splitting involved in the verb sci,zw (Louw-Nida lexicon).
4
David Scaer explica que “Mark, however, moves beyond Matthew and Luke, and has a
distinctly theological point to make. In our Lord’s Baptism, the Spirit is able to descend,
the Father’s voice can be heard, and Jesus is revealed as God’s Son (Mark 1:l0). In Jesus’
Baptism, the wall of separation is violently ripped open. Jesus is baptized unto the death.
The tearing open of the heavens is an expression of God’s desire to be at one with human-
ity, as well as a vivid picture of the price that would have to be paid. Mark would have us
know our Lord’s entire ministry is a passion story, whereby he tears open the curtain of
separation between God and man, and ensuring an everlasting Yom Kippur, that is, a Day
of Atonement” (CTQ 72:3 [July 2008]: p. 241).
7
IGREJA LUTERANA
5
SANCHEZ. Pneumatología – El Espíritu Santo y La Espiritualidad de La Iglesia, p. 104: “A
diferença de la concepción, el bautismo o unción del Hijo tiene las características de uma
nueva presencia o comunicación del Espíritu em Jesús com vistas a la irrupción escatológica
del reino de Dios entre pecadores y por lo tanto com vistas a la posibilidad de uma unción
del Espíritu transferible desde el Mesías a otros. Los evangelios nos presentam la unción
en el Jordan no solo como patrimônio del Hijo sino como condición para la comunicación
del Espíritu del Padre e otras personas, a la iglesia. El Hijo es ungido como el Siervo (Mt
3:16 y paralelos) para que, uma vez terminada su misión por nosotros em su muerte o
bautismo em sangre (véase Mr 10:39, 45; comp. Lc 12:50), nos haga partícipes por gracia
de su Espíritu y por ende de su filiación, su íntima relación y comunión com Dios (p. ej. Mt
3:11 y paralelos; comp. Gá 4:4-7; Ro 8:15-16).
6
“Here Jesus Christ is the second Adam through whom the Spirit lost by the first Adam´s
fall into sin is restored once again to the human race.” (Sanchez. Missio Apostolica XIV:1
[Maio 2006]: p.35).
7
David Scaer comenta: “Mark again has theology on his mind. Though sinless and well-
pleasing to God, Jesus receives the same treatment as did the first Adam, whom God
drove out of paradise (Gen 3:24). Again, even as he drives out unclean spirits, so also is
he driven out by the Spirit and left to Satan’s devices. Thus, his baptismal ministry begins
with the price of atonement.” CTQ 72 (2008): p.240.
8
A AÇÃO DO ESPÍRITO SANTO NA VIDA DE JESUS E SUAS IMPLICAÇÕES PARA A MISSÃO
DA IGREJA: UM ESTUDO NO EVANGELHO DE MARCOS
8
SANCHEZ. Pneumatología – El Espíritu Santo y La Espiritualidad de La Iglesia. p. 104.
9
Así pues, el que santifica La humanidad com El Espíritu primero debe recibir y portar El
Espíritu em su propia humanidad (Idem, p.105).
9
IGREJA LUTERANA
revelando a elas que Cristo é o Senhor. Estaria o Espírito Santo agindo as-
sim já no ministério de Jesus? Se agiu, isso diminuiria a divindade e poder
do Filho de Deus? Se não, não estaríamos diminuindo a ação do Espírito
Santo? Atrás destas perguntas se encontra outra, que talvez esteja mais
próxima de nós, na qual se questiona se o Espírito Santo não pode usar
outros meios para salvar pessoas que não seja por meio do Evangelho.
Parece importante afirmar que o Espírito Santo está unido, desde o início,
a esta Palavra, que é Cristo, e do qual não pode ser separado, e sem o qual
fica sem ação. Somente aquele que recebeu o Espírito Santo na carne, e
foi batizado no batismo de sangue, pode doar esse Espírito. E somente o
Espírito Santo, que desceu sobre Jesus, pode revelar ao mundo, por meio
do evangelho, que Jesus é o Salvador que cumpriu a vontade do Pai e por
meio do qual todos são feitos filhos de Deus. A missão da Igreja, portanto,
é pregar este Cristo, para que onde Cristo está, esteja também o Espírito
Santo, que cria a fé e faz ver em Cristo o Salvador.
Parece evidente que a missão do Espírito Santo nem sempre é com-
preendida nos mesmos termos da missão do Filho, ou seja, que também o
Espírito Santo foi enviado ao mundo e condiciona-se a criar a fé pela Palavra
que anuncia Cristo, submetendo-se graciosamente, a fim de revelar, pelos
meios externos, algo que seria impossível ser assimilado pela humanidade
de outra forma, em vista da grandeza e santidade nelas contidas. Poderí-
amos falar, portanto, numa teologia da cruz do Espírito Santo, ou talvez,
na teologia do Espírito Santo na perspectiva da cruz de Cristo.
A divindade do Espírito Santo se revela justamente no converter “onde
e quando lhe apraz, naqueles que ouvem o evangelho, o qual ensina que
temos, pelos méritos de Cristo, não pelos nossos, um Deus gracioso, se
o cremos”.10 Ele mostra seu poder naquilo que para o ser humano parece
desprovido de qualquer força e eficácia, justamente para que seja enfa-
tizada nessa missão a obra e o poder daquele que foi enviado para ser o
“divino mestre”. Nesta perspectiva destrona-se toda e qualquer iniciativa
humana e a expectativa toda se volta para aquele que tem o papel de
converter a descrença em confiança verdadeira, no Doador e não na dá-
diva conquistada.
Essa ideia nos leva ao segundo ponto, que se refere ao fato de que
a vida no Espírito não isenta as pessoas da cruz, pelo contrário, as leva
para ela. A vida no batismo é um constante “afogar” do velho homem e
uma constante caminhada no deserto das tentações. É falsa a ideia de
que os cristãos vivem já agora em estado de glória, longe da cruz, cheios
de prosperidade. Pelo contrário, as tentações envolvem a tentativa de
procurar uma evidência espiritual além do batismo, isto é, outras provas
de que se é realmente o “filho de Deus” (ausência de sofrimento, cresci-
10
CA, V.
10
A AÇÃO DO ESPÍRITO SANTO NA VIDA DE JESUS E SUAS IMPLICAÇÕES PARA A MISSÃO
DA IGREJA: UM ESTUDO NO EVANGELHO DE MARCOS
11
“Christians often associate the presence of the Holy Spirit in the church with times of “spiri-
tual success”. When we receive an answer to prayer for healing, articulate or hear a wise
reflection, show or witness an act of holiness, or belong to a growing church, then we are
prone to highlight the Spirit’s powerful presence among us. Perhaps we are less likely to
claim the Spirit in times of “spiritual struggle”. When no miracles occur, when we struggle
with the will of God, when we suffer the devil’s attacks, when we are losing disciples in
church, then we do not talk about the Holy Spirit as much.” (Sanchez. Missio Apostolica
XIV:1 [Maio 2006]: p.38).
12
Romanos 6.4
13
Marcos 14.36; Romanos 8.15
11
IGREJA LUTERANA
REFERÊNCIAS
12
DA DESCIDA DE CRISTO AO INFERNO -
FÓRMULA DE CONCÓRDIA, ARTIGO IX
Wilson Proescholdt Walder
INTRODUÇÃO
ASPECTOS EXEGÉTICOS
13
IGREJA LUTERANA
V. 22: que está à direita de Deus, tendo subido ao céu, depois de anjos,
autoridades e poderes haverem sido submetidos a ele.
Nesta pequena passagem bíblica, o apóstolo Pedro apresenta a obra
redentora de Cristo de forma crescente e concreta. Suas afirmações nos
levam a confessar a morte de Cristo (v.18), a descida de Cristo ao inferno
(v.19), a ressurreição de Cristo (v. 21) e a ascensão de nosso Senhor (v. 22).
De acordo com Schmeling,1 uma das palavras mais importantes nesta
perícope e que nos ajudam a entender este artigo de fé é a palavra Filakh
que aparece no versículo 19 e significa “um lugar de guarda, uma prisão”.
Em Apocalipse 18.2 e 20.7 esta palavra é usada para o lugar onde o diabo
e seus anjos são mantidos até o julgamento. Já em Mateus 5.25 e Lucas
22.23 ela é utilizada para designar um lugar de punição. Os textos de 2
Pedro 2.4 e Judas 6, por sua vez, declaram que os anjos do mal estão
comprometidos aos abismos da escuridão e mantidos em prisões eternas
na escuridão para o juízo do grande dia. Sendo assim, tendo como defesa
de nossa argumentação todos esses textos bíblicos, podemos concluir
dizendo que Filakh é uma prisão, lugar de castigo e tormentos.
Schmeling também afirma que “não se pode comparar Filakh “prisão”
a sheol referente à “sepultura”, o que significa que Jesus foi ao túmulo,
declarando assim unicamente sua morte. Esta é a implicação da leitura
alternativa do Credo no Livro Luterano do Culto”. 2
O Livro Luterano do Culto tem no Credo Apostólico um asterisco impres-
so após a frase “Ele desceu ao inferno”. O asterisco é explicado no meio da
página com o seguinte dizer: “Ou, desceu à mansão dos mortos”.3 Usando
essa frase, nada é dito sobre a ida de Cristo ao inferno. Pelo contrário,
apenas fala da condição de Jesus depois de sua morte. Essa interpretação
é bastante aceitável para aqueles que já rejeitaram a doutrina do inferno
e da condenação eterna.
É importante ressaltar que, de acordo com as Escrituras Sagradas, tal
ponto de vista é impossível porque Filakh, “prisão”, não significa “morte”
ou “sepultura”. Filakh só pode se referir a esse lugar de castigo preparado
para Satanás e seus seguidores.
Outro fator a ser levado em conta é se a descida de Cristo ao inferno
refere-se a seu estado de humilhação ou ao seu estado de exaltação. É
próprio lembrar que os degraus de humilhação de Cristo são em número
de seis: concepção, nascimento, paixão, crucificação, morte e sepulta-
mento. E os estados de exaltação de Cristo também são em número de
seis: vivificação, descida ao inferno, ressurreição, ascensão, direita do Pai
e juízo final. Caso Jesus tivesse ido à prisão para ainda sofrer os horrores
1
SCHMELING, Gaylin R. The Descent Into Hell. p. 3.
2
Idem. p. 3
3
Idem. p. 1.
14
DA DESCIDA DE CRISTO AO INFERNO - FÓRMULA DE CONCÓRDIA, ARTIGO IX
ASPECTOS HISTÓRICOS
4
Idem. p. 2.
5
SCHMELING, Gaylin R. The Descent Into Hell. p. 4
6
Idem. p. 5.
15
IGREJA LUTERANA
7
Idem. p. 5.
8
Idem. p. 5.
9
SCHMELING, Gaylin R. The Descent Into Hell . p. 6.
10
Idem. p. 6.
16
DA DESCIDA DE CRISTO AO INFERNO - FÓRMULA DE CONCÓRDIA, ARTIGO IX
1. Limbus patrum: que foi o lar dos crentes do Antigo Testamento, que
foram liberados pela descida de Jesus ao inferno.
2. Limbus infantum: a morada dos recém-nascidos que morreram
sem o batismo.
3. Purgatório: onde os crentes aguardavam a final e completa liber-
tação.
O erro fundamental dos teólogos da Igreja Antiga e Medieval quanto
a esta doutrina era o de eles não entenderem que a alma do crente, tan-
to no Antigo como no Novo Testamento, após a morte, vai diretamente
para o céu, como as palavras de Jesus ao ladrão na cruz mostram: “Hoje
estarás comigo no paraíso”.
Com a Reforma, houve um renovado estudo desta doutrina. Calvino en-
sinou que “a descida de Cristo ao inferno era apenas simbólica, no sentido
da linguagem que Cristo suportou o sofrimento do inferno na cruz”.11
Ao interpretar a pregação de Cristo no inferno, Calvino afirmou:
11
Idem. p. 6.
12
Idem. p. 6.
13
Idem. p. 7.
14
LUTERO, Martinho. Torgau Sermon, 1532. p. 245.
17
IGREJA LUTERANA
Muitos queriam entender estas palavras com sua razão, mas sem su-
cesso. Eles apenas vaguearam longe da fé. Esse assunto, como tantos ou-
tros, deve continuar a ser uma questão de fé: eu acredito no Senhor Jesus
Cristo, Filho de Deus, que morreu, foi sepultado e desceu ao inferno.
ASPECTOS PASTORAIS
18
FÓRMULA DE CONCÓRDIA: ARTIGO XI – DA ETERNA PRESCIÊNCIA E ELEIÇÃO DE DEUS
tornou Senhor sobre a morte e sobre todas as coisas no céu e terra. Este
fato aconteceu antes que ele ressuscitou dos mortos e subiu ao céu. En-
quanto ele estava ainda no túmulo, ele desceu ao inferno”.17
Com a descida de Cristo ao inferno, o reino do diabo e seu poder
foram destruídos. É por isso que Cristo morreu, foi sepultado e desceu
ao inferno, para que o diabo e seus aliados não pudessem nos dominar.
O inferno continua a ser inferno e detém os incrédulos aprisionados lá,
assim como a morte, o pecado e todo o mal continuam a existir e eles
ainda podem aterrorizar e perseguir-nos na carne. No entanto, na fé e
no espírito, eles estão completamente destruídos de modo que eles não
podem nos prejudicar mais.
No sermão de Torgau Lutero lembra que
CONCLUSÃO
17
LUTERO, Martinho. Torgau Sermon. p. 245.
18
LUTERO, Martinho. Torgau Sermon. p. 250.
19
IGREJA LUTERANA
clara não apenas a sua vitória sobre o diabo e todas as forças infernais,
mas também declara a minha vitória sobre o diabo e seus aliados.
Bem-aventurado homem que sou, pois sou redimido pelo sangue de
Jesus e tenho a certeza de que nada no mundo pode me separar de seu
amor, nem perigo, nem espada, fome ou perseguição, nem altura e nem
profundidade, nem o diabo, nem o pecado e nem a morte. Louvado seja
Deus!
REFERÊNCIAS
20
XII - DE OUTRAS FACÇÕES E SEITAS,
QUE NUNCA ABRAÇARAM A CONFISSÃO
DE AUGSBURGO (ANABATISTAS,
SCHWENCKFELDIANOS E ANTITRINITÁRIOS)
Valci Sering
INTRODUÇÃO
21
IGREJA LUTERANA
1
WENGERT, 2006, p.198.
2
In. http://<www.teologicadecampinas.com.br> Prof. Isaltino Gomes Coelho Filho para a
Faculdade Teológica Batista de Campinas, 14 de abril de 2004. Acessado em 29/03/2011.
3
In http://<www.agirbrasil.org> Ricardo Bezerra. Acessado em 29/03/2011.
22
XII - DE OUTRAS FACÇÕES E SEITAS, QUE NUNCA ABRAÇARAM A CONFISSÃO
DE AUGSBURGO (ANABATISTAS, SCHWENCKFELDIANOS E ANTITRINITÁRIOS)
4
In http://<www.teologicadecampinas.com.br> Prof. Isaltino Gomes Coelho Filho para a Faculdade
Teológica Batista de Campinas, 14 de abril de 2004. Acessado em 29/03/2011.
5
Mt 19.14.
23
IGREJA LUTERANA
6
GOERL, 1977, p. 32.
24
XII - DE OUTRAS FACÇÕES E SEITAS, QUE NUNCA ABRAÇARAM A CONFISSÃO
DE AUGSBURGO (ANABATISTAS, SCHWENCKFELDIANOS E ANTITRINITÁRIOS)
ANABATISTAS
7
KOLB, p. 456.
25
IGREJA LUTERANA
8
LIVRO DE CONCÓRDIA, 1997, p. 536.
26
XII - DE OUTRAS FACÇÕES E SEITAS, QUE NUNCA ABRAÇARAM A CONFISSÃO
DE AUGSBURGO (ANABATISTAS, SCHWENCKFELDIANOS E ANTITRINITÁRIOS)
SCHWENCKFELDIANOS
ANTITRINITÁRIOS
9
GOERL, 1977, p. 32.
27
IGREJA LUTERANA
ASPECTOS PASTORAIS
10
GOERL, 1977, p. 34.
11
LIVRO DE CONCÓRDIA, 1997, p. 538.
12
Tm 1. 3.
13
Tm 4. 16.
14
Tt 1. 2 .
28
XII - DE OUTRAS FACÇÕES E SEITAS, QUE NUNCA ABRAÇARAM A CONFISSÃO
DE AUGSBURGO (ANABATISTAS, SCHWENCKFELDIANOS E ANTITRINITÁRIOS)
CONCLUSÃO
15
KOLB, p. 478.
29
IGREJA LUTERANA
REFERÊNCIAS
30
AUXÍLIOS HOMILÉTICOS
CONTEXTO
31
IGREJA LUTERANA
DESTAQUES DO TEXTO
“Haverá sinais ...” – um sinal (shmei/on) é por definição algo que aponta
para uma realidade à qual se deve estar atento. O sinal não é em si aquilo
em que Jesus espera que as pessoas coloquem sua atenção; esta deve
ser dirigida para a realidade à qual o sinal está indicando. No discurso
escatológico, após a pergunta dos discípulos pelo “sinal”(Lc 21.7), Jesus
usa o termo duas vezes (vv. 11,25), não sem antes alertar seus discípu-
los para aqueles que irão se aproveitar para semear o erro (v. 8) e para
interpretações que levem ao terror desnecessário (v. 9). No discurso de
Jesus os sinais acontecem tanto na época anterior à queda de Jerusalém
como no período entre esta e a parousia de Jesus. Por isso mesmo, a
atenção não deve ser excessivamente voltada aos sinais e não devem
estes ser equivocadamente usados para fins especulativos (por exemplo,
de tentar “adivinhar” quando será!). O grande evento não se resume a
qualquer dos sinais, mas ao que o Salvador mesmo se refere ao dizer:
“Então se verá o Filho do Homem vindo numa nuvem, com poder e grande
glória”. Numa época em que livros são escritos e filmes são feitos tendo
como grande evento arrebatamento, sete anos de tribulação e milênio,
normalmente apresentados de forma especulativa e contrária ao ensino
da Escritura, cumpre lembrar que o evento escatológico por excelência é
a vinda de Jesus, que traz alegria e exultação ao seu povo, mas angústia
aos descrentes.
“... exultai e erguei a vossa cabeça” (v. 28) – um marcante contraste
se estabelece com a atitude dos descrentes (“desmaiarão de terror” – v.
26). Estes dois efeitos apontados pelos eventos cataclísmicos que anunciam
o fim deste mundo mostram que o anúncio da vinda definitiva de Jesus é
proclamação de lei e evangelho e não mera informação para satisfazer a
curiosidade das pessoas.O verbo traduzido por “exultai” (NTLH – “fiquem
firmes”) significa literalmente “levantar-se, parar ereto”. Somente é usado
no NT neste texto e em Lc 13.11, a respeito de “uma mulher possessa
de um espírito de enfermidade” que há 18 anos estava encurvada e não
podia endireitar-se. No AT (na LXX), o verbo é usado em Jó 10.15 – “não
ouso levantar a cabeça, pois estou cheio de ignomínia”. Assim, erguer-se
é uma manifestação de libertação e de confiança, olhando para cima, para
o Senhor que vem em sua glória, este que é o Senhor gracioso.
“... não passará esta geração” (v. 32) – a dificuldade está em determinar
a que Jesus está especificamente se referindo. A NTLH traduz: “todos os
que agora estão vivos”, entendendo a referência sendo feita aos contem-
porâneos de Jesus. Este parece ser o sentido mais evidente, o que levaria
a entender o “tudo isto” como se referindo aos eventos anteriores à queda
de Jerusalém (70 AD) e à própria destruição do templo pelos romanos. A
32
PRIMEIRO DOMINGO DE ADVENTO
33
IGREJA LUTERANA
APLICAÇÃO HOMILÉTICA
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
Gerson L. Linden
São Leopoldo/RS
gerson.linden@gmail.com
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SEGUNDO DOMINGO NO ADVENTO
9 de dezembro de 2012
CONTEXTO
35
IGREJA LUTERANA
ou Felipe ou Lisânias ou Anás ou Caifás será tocado pela palavra que João
prega e pelo caminho que ele prepara.
“No deserto” – é uma expressão marcante. Evoca a memória dos
israelitas, especialmente porque o local no deserto é o Jordão (3.1-2).
Lucas prepara-nos para isso já em 1.80. O Antigo Testamento profetizou
que Deus iniciaria sua restauração escatológica de Israel no deserto
num novo êxodo que iria transcender a primeira peregrinação de Israel
no deserto (p. ex., Is 41.17-20; 43.19-21; Ez 20.33-38; Os 2.14-23).
A “circunvizinhança do Jordão” também carrega implicações teológicas.
Para os israelitas, cruzar do rio Jordão foi um passo significativo das suas
peregrinações para a Terra Prometida (Js 3). Da mesma forma, passar
pelo mar Vermelho trazia consigo fortes ênfases batismais, como bem
confirma Paulo em 1Co 10.2.
João vem ao Jordão “pregando batismo de arrependimento para
remissão de pecados”. É a primeira vez em Lucas que aparece o termo
“pregar” (khru,ssw), o que denota o anúncio de que uma nova era de
salvação está presente e ativa por meio de João Batista (3.3) e, depois,
Jesus (4.18-19, 44; 8.1), ou os discípulos (9.2; 12.3; 24.37).
Quando Mateus descreve os que vêm a João para serem batizados,
ele especificamente se refere aos fariseus e saduceus. Lucas, em nosso
texto, fala apenas em "as multidões" (o;cloi) e as chama de "filhotes de
víboras" (Gennh,mata evvcidnwn). Estão destinadas à ira e considerando-se
filhos de Abraão de nada adiantará se não se submeterem ao batismo de
João. Fariseus e saduceus não se submetem ao batismo porque, como
descendentes do patriarca, "já caíram no pote", e dispensam qualquer
outra medida substitutiva. Por isso, João os chama de "filhotes de víbo-
ras", uma referência a Satanás (Gn 3.1). Ao afirmar "destas pedras Deus
pode suscitar filhos a Abraão", João estava insultando os judeus porque,
para estes, os gentios eram considerados pedras e João está insinuando
que Deus pode criar judeus a partir dos gentios por meio do batismo de
arrependimento para a remissão de pecados.
Para eles, fariseus e saduceus, o "lavar" ritualístico bastava para os
livrar da "ira vindoura" uma vez que estavam seguros nas dinásticas
promessas de filhos de Abraão. Aplicações contemporâneas similares a
tal arrogância nota-se ainda hoje. Muitos supostos cristãos se estribam
num ritualismo vazio atrelado a promessas do passado em que o falso
conceito "uma vez salvo, sempre salvo" garante estabilidade perene da
sua relação com Deus. É uma heresia popular que ainda persiste.
Ecoando a mensagem profética do Antigo Testamento, João responde
que o verdadeiro arrependimento, que inclui fé, produz frutos "dignos" de
uma fé baseada em humilde contrição e incondicional aceitação da graça
divina. Assim como no lavar ritualístico, obras não produzem salvação
36
SEGUNDO DOMINGO NO ADVENTO
37
IGREJA LUTERANA
Ele nos garante, por graça, a salvação e o perdão dos pecados que, por
sua vez , tornam o arrependimento natural e "cheios do fruto de justiça",
como atesta a Epístola de hoje.
Acir Raymann
São Leopoldo/RS
acir.raymann@gmail.com
38
TERCEIRO DOMINGO NO ADVENTO
16 de dezembro de 2012
39
IGREJA LUTERANA
REFLEXÃO HOMILÉTICA
O que textos como esses dizem para nós, luteranos? Como nós encara-
mos as doenças e reagimos diante de Deus? Vemo-las apenas como uma
anomalia física, ou também teologicamente, como sendo consequência
do pecado e que por isso podem ser tratadas por Jesus?
Antes de tudo, é preciso observar que esses momentos de cura e
todos os outros registrados nos evangelhos devem ser vistos à luz do
seu contexto original, a saber e especialmente, as profecias de Isaías
40
TERCEIRO DOMINGO NO ADVENTO
29.18-19; 35.4-6 e 61.1, junto com Lucas 7.21-22. Quando João Batista
envia seus discípulos para perguntar sobre a identidade de Jesus, se era
realmente ele que estava por vir, a resposta e a ação de Jesus em curar
tem conexão direta com as profecias de Isaías. O que quer dizer isso?
Isto quer dizer, em outras e bem simples palavras, que o Reino de Deus
chegou e tem face em Jesus Cristo.
Por que então nós não poderíamos ter ou não deveríamos esperar
esse tipo de presença do Reino e consequente cura em nossa vida cristã
ainda hoje? Qual é a base para não crermos? Qual é a base para crermos
que Deus pode nos dar por antecipação, assim como nos dá o perdão,
vida e salvação pelo Batismo, Palavra e Santa Ceia, também curas físicas
e outras bênção que não são apenas “espirituais”?
Nós não somos deístas abertos, como se Deus não soubesse de an-
temão o que é melhor para nós e assim poderíamos ter medo de pedir
uma cura, por exemplo. Porque um deísta aberto crê que Deus não tem
conhecimento prévio e pleno do futuro. Também não somos deístas,
como se Deus tivesse nos criado e nos deixado à nossa sorte aqui neste
mundo e nos negado a participação na nossa história. Porque um deísta
até crê que Deus criou o mundo, mas deixou ele e suas criatura por sua
própria conta. Igualmente não somos secularistas, que não creem em
milagres, nem em revelação divina, aliás, nem creem em Deus. Portan-
to, não há base para não se crer que Deus não esteja interessado em
também nos curar fisicamente.
Nós cremos num Deus todo-poderoso, que enviou seu Filho Jesus
para morrer por nossos pecados e nossas enfermidades físicas. Nós
cremos que Deus nos criou e a todas as criaturas, além disso, Ele não
se ausentou do mundo. Ele está presente nos meios da graça, nele as
pessoas se movem e existem. Cremos que Ele é o Deus de todo o poder,
o Senhor, que pode ser chamado de Pai.
Outra coisa: a profecia de Isaías 53. 4:“Certamente, ele tomou sobre
si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si”, é usada
pelo evangelista Mateus num contexto de uma série de curas físicas (Mt
8.17). Mateus sabia da morte vicária de Cristo, tanto que ele é visto
como o servo que deu a sua vida em resgate pelos pecadores (Mt 20.28),
mas ele também pode momentaneamente e por antecipação, afastar os
males físicos que tanto nos afligem e nos dar um aperitivo do que nos
espera na eternidade.
Além disso, quando oramos “venha o teu reino”, não estamos pedindo
apenas o reino da glória e da graça, mas também a presença do Cristo
todo-poderoso e misericordioso. Essa petição legitima nosso pedido
pela presença de Jesus, para que ele cuide de cada detalhe da nossa
vida, também das nossas doenças, pois Ele é o Redentor e Criador. Com
41
IGREJA LUTERANA
1
Adaptado de um lema da Enfermagem e que foi tirado do Facebook.
42
QUARTO DOMINGO NO ADVENTO
23 de dezembro de 2012
Lucas 1.39-45
AS LEITURAS DO DIA
CONTEXTO
TEXTO
43
IGREJA LUTERANA
to, Maria não perdeu tempo. A vontade de falar com Isabel era grande. A
saudação (aspázomai) é qualquer forma de saudação ou despedida que
começa com um abraço e termina em palavras. Tudo indica que, neste
caso, a saudação foi calorosa.
Vv. 40,41: Alguns querem atribuir o estremecimento da criança no
ventre de Isabel a um excitamento da mãe pela inesperada visita de Maria
como parece indicar o v. 44. Mas o fato de Isabel ter ficado possuída pelo
Espírito Santo, associado ao conteúdo do v. 15, dirime qualquer dúvida.
Pois lá se afirma que João seria enchido do Espírito Santo já no ventre
materno, e o bebê “respondeu” estremecendo!
V. 42: Necessariamente, “exclamar em alta voz” não significa que
Isabel tenha entrado em êxtase, pois demonstra estar em total controle
de seus sentidos. Falar alto não denota mais do que a alegria e surpresa,
muito comuns em ocasiões como essas. A razão da alegria e da surpresa
se concentra em Maria e no fruto do seu ventre.
V. 43: Isabel fala por revelação, pois nada sabia anteriormente (não
confundir revelação – tornar conhecido de forma sobrenatural – com inspi-
ração, a prontidão e o controle divino da fala ou escrita). A revelação teve
um significado especial para Maria. Deus estava em ação concernente a
ela. Nem ao menos precisou preocupar-se em fazer grandes “revelações”.
Deus assumiu fazê-las por ela.
Vv. 44,45: Maria é tida como “a que creu”. Crer aqui é usado em seu
sentido usual de confiar (pisteuein). O texto deixa claro que Isabel está
profetizando ao repetir e endossar as palavras do anjo a respeito da pessoa,
natureza e obra do filho de Maria. Mesmo que, tanto Maria como Isabel,
estivessem sentindo a sua gravidez, as promessas concernentes a ambos,
João e Jesus, requeriam confiança em quem fez as promessas.
ESBOÇO
44
QUARTO DOMINGO NO ADVENTO
45
IGREJA LUTERANA
Oscar Lehenbauer
(Dezembro de 1991)
Porto Alegre/RS
oscar.lehenbauer@al.rs.gov.br
46
DIA DE NATAL
25 de dezembro de 2012
CONTEXTO
TEXTO
47
IGREJA LUTERANA
48
DIA DE NATAL
49
IGREJA LUTERANA
50
VÉSPERA DE ANO NOVO
31 de dezembro de 2012
CONTEXTO
Salmo 90.1-12
O título apresenta Moisés como autor, sendo que os versículos 7-12
demonstram um fundo histórico definido: os últimos meses da caminhada
do povo de Israel pelo deserto, quando a geração adulta que saíra do Egito
estava agora rapidamente desaparecendo. Por isso, os primeiros versículos
(1-6) mostram o Criador como sendo eterno e a vida terrena efêmera. O
primeiro versículo, como Dt 33.27, mostra que o povo de Deus não tinha
lugar de habitação desde os dias de Abraão e que o Senhor sempre tinha
sido, e continuava sendo, o lugar de descanso e refúgio para seu povo (Sl
91.9). Nos versículos seguintes (7-12), as tristezas da vida são constrastadas
com a santidade de Deus, único onde é possível encontrar a serenidade à
alma e segurança de vida. Quem conhece...? (v.11) destaca a importância
do ser humano de buscar o arrependimento e voltar os olhos e o coração
para seguir o Senhor, o que demonstra corações sábios (v.12).
Isaías 30.15-17
O texto está inserido dentro de um contexto onde o ponto eram as ne-
gociações com o Egito, a fim de estabelecerem uma aliança. Isaías chama
à atenção da loucura de tal objetivo, por isso dirige a mensagem ao povo,
chamado de filhos rebeldes. Estes haviam demonstrando falta de confiança
51
IGREJA LUTERANA
Romanos 8.31b-39
Este texto demonstra a importância da fé a partir da grandiosidade do
amor de Deus no propósito da salvação em Jesus Cristo. Isso o escritor
faz incentivando os seus leitores a tirarem as conclusões a partir de suas
perguntas:
V. 31: Poderia haver maior e vigoroso incentivo à fé do que a certeza
da presença do Senhor Deus ao lado dos seus? Não há nenhum mais po-
deroso do que o Senhor Todo-poderoso, Criador dos céus e da terra. Não
há, absolutamente, nenhum outro que pode fazer frente a Deus.
V. 32: Pois este Deus não poupou a seu próprio Filho, repetindo as
palavras encontradas em Gênesis 22.12. Na interpretação judaica, o epi-
sódio com Isaque é tratado como exemplo clássico da eficácia redentora
do martírio. Assim, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?,
nos lembra a promessa de Mateus 6.33: “Buscai, pois, em primeiro lugar, o
seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas”.
Vv. 33 e 34: Estes dois versículos apresentam uma linguagem forense
que nos remete ao “perto está o que me justifica; quem contenderá comi-
go?” (Is 50.8ss.). Não há ninguém que possa acusar os eleitos de Deus,
nem mesmo Satanás. (V.34): as palavras o qual está à direita de Deus
lembram o Salmo 110.1: “Disse o SENHOR ao meu senhor: Assenta-te à
minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés”.
Estas palavras, cuja interpretação messiânica era axiomática entre os
judeus dos tempos de Cristo, foram aplicadas a Jesus desde os primeiros
dias da igreja, e demonstram o seu lugar de supremacia sobre o univer-
so. Assim, e também intercede por nós nos remete ao quarto Cântico do
Servo (Is 52.13-53.12), onde diz, no final, que “pelos transgressores
intercedeu” (Is 53.12).
V. 35: Quem nos separará do amor de Cristo?Através da fé o cristão
está unido inseparavelmente a Cristo por causa do seu amor. Não há nada
que possa romper a ligação de sua comunhão com Cristo ou de tirar a
fé. Para exemplificar, o apóstolo nomeia algumas influências hostis em-
pregadas por Satanás que, porventura, poderiam prejudicar esta ligação:
tribulação (amargura, tormento, contrariedade, adversidade); angústia
(aflição, ansiedade, agonia); perseguição (tratamento cruel com sofri-
52
VÉSPERA DE ANO NOVO
Lucas 12.35-40
Neste texto do Evangelho, Jesus salienta a importância da correta
utilização dos bens para esperar a segunda vinda do Filho do homem, a
qual é certa. Nesta espera, é sempre bom lembrar que as coisas terrenas
são passageiras e os seguidores de Jesus devem estar alertas e cientes de
que, nesta espera vigilante, crises acontecerão e deverão ser enfrentadas
com uma fé fortalecida e alicerçada na Palavra de Deus. Por isso, Jesus diz
(vv. 35-36) para estarem os vossos lombos cingidos (~umw/n - demonstra
uma ênfase dada por Cristo), i.é, cada discípulo precisa estar pessoal-
mente pronto e alerta. Os mantos longos dos orientais eram dobrados e
amarrados ao redor da cintura, assim quando o senhor chamar os seus
servos estes estarão prontos para qualquer serviço que ele desejar. Por
isso, o senhor (ku,rioj) que encontra seus servos em tal prontidão ficará
tão satisfeito com os seus servos que inverterá os papéis, dando lugar aos
servos à mesa e ele mesmo, o senhor, os servirá (v. 37). O estar preparado
e vigilante é destacado como importante em todo e qualquer momento,
seja na segunda vigília ou na terceira (os judeus dividiam a noite em
três vigílias; os romanos em quatro) (v. 38). E Jesus mostra isso de uma
foma bem prática, exemplificando com a figura do chefe de um lar que,
se soubesse da hora em que o assaltante viria estaria alerta em prontidão
53
IGREJA LUTERANA
para defender sua família. Por isso, Cristo alerta seus seguidores: estai
preparados (gi,nesqe e[toimoi), vivendo em permanente prontidão para
não serem surpreendidos pela chegada inesperada do Senhor.
54
PRIMEIRO DOMINGO APÓS O NATAL
30 de dezembro de 2012
SALMO 111
55
IGREJA LUTERANA
COLOSSENSES 3. 12-17
56
PRIMEIRO DOMINGO APÓS O NATAL
LUCAS 2. 22-40
57
IGREJA LUTERANA
PROPOSTA HOMILÉTICA
58
CIRCUNCISÃO E NOME DE JESUS
DIA DE ANO NOVO
1 de janeiro de 2013
CONTEXTO
TEXTO
59
IGREJA LUTERANA
APLICAÇÕES HOMILÉTICAS
Jesus inicia sua vida submetendo-se à lei para nos livrar do jugo da
lei. Conforme as palavras de Paulo: “Vindo, porém, a plenitude do tempo,
Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar
os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos”
(Gl 4.4,5). Portanto, desde seu nascimento e circuncisão, Jesus já estava
iniciando sua obediência ao Pai e cumpriria todas as ordenanças da lei
até seu sofrimento e morte. Por ocasião de seu batismo ele diz a João
Batista: “Deixa por enquanto, porque assim nos convém cumprir toda a
justiça” (Mt 3.15).
Submetendo-se à lei, Jesus toma o nosso lugar, é nosso substituto para
suportar o castigo eterno de nossos pecados. Caso contrário, estaríamos
perdidos para sempre. Paulo explica: “Porquanto o que fora impossível à
lei, no que estava enferma pela carne, isso fez Deus enviando o seu próprio
Filho em semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com
efeito, condenou Deus, na carne, o pecado, a fim de que o preceito da lei
se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo
o Espírito” (Rm 8.3,4).
O nome Jesus era comum para a época e tem o significado de ajuda-
dor, benfeitor. Entretanto, aqui se trata de um significado específico para
o menino. O anjo já explicara a José: “Ora, tudo isto aconteceu para que
se cumprisse o que fora dito pelo Senhor por intermédio do profeta: Eis
que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo
nome de Emanuel (que quer dizer: Deus conosco)” (Mt 1.22,23). O anjo
aqui está citando a profecia registrada em Isaías 7.14: “Portanto, o Senhor
mesmo vos dará um sinal: eis que a virgem conceberá e dará à luz um
filho e lhe chamará Emanuel”. Jesus é também Emanuel, pois em Jesus
Deus está conosco. Ele salva os pecados da humanidade, separando a
barreira que está entre nós e Deus.
Como a Circuncisão e Nome de Jesus acontece liturgicamente no dia
1º. de janeiro, o nome de Jesus no início de um ano civil é apropriado
para nos garantir mais um ano abençoado, pois temos a certeza de que,
mesmo em meio a provações e tentações, seguiremos seguros sob o am-
paro e proteção daquele que conseguiu para nós a solução de nosso maior
problema, que é nossa separação de Deus por causa do pecado. Somos
indignos de tamanha bênção, mas em Jesus somos declarados justos e
herdeiros da vida eterna.
60
CIRCUNCISÃO E NOME DE JESUS - DIA DE ANO NOVO
PROPOSTA HOMILÉTICA
Raul Blum
São Leopoldo/RS
raulblum@yahoo.com.br
61
IGREJA LUTERANA
Nosso texto está previsto para o “Dia do Ano Novo”. Mas, no calen-
dário cristão, este é o dia da circuncisão e nome do Senhor. Nos dias de
Lutero, praticava-se, nas igrejas, um costume surgido no final da Idade
Média que consistia em anunciar do púlpito uma série de desejos ou votos
especiais de Ano Novo para os ouvintes. Lutero repudia esta prática e a
considera como consistindo de fábulas inúteis e inadequadas para o ofício
ministerial. Em seu lugar, diz Lutero, o Evangelho exige que se pregue
sobre a circuncisão e o nome de Jesus.
O texto do evangelho é breve mas, ainda nas palavras de Lutero, a
observância da circuncisão de Cristo oferece um rico sermão sobre o qual
se poderia falar por várias horas. E, de fato, Lutero pregou, pelo menos,
três sermões sobre este texto. Neste estudo, compartilho alguns desta-
ques destes sermões, por duas razões: 1º) devido à riqueza contida nes-
tes sermões de Lutero, e 2º) porque muitos dos leitores não têm acesso
fácil a eles. Por isso, as considerações que seguem são, principalmente,
extraídas dos referidos sermões.
A CIRCUNCISÃO DE JESUS
62
CIRCUNCISÃO E NOME DO SENHOR - DIA DE ANO NOVO
63
IGREJA LUTERANA
O NOME DE JESUS
Jesus não apenas foi circuncidado ao oitavo dia, mas, também, rece-
beu seu nome naquela ocasião. Este nome não foi escolhido por homens,
mas pelo próprio Deus. O anjo Gabriel explicou a José a razão do nome,
em Mateus 1.21: “...lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu
povo dos pecados deles”.
Jesus não salva de coisas triviais deste mundo. Para isso, Deus nos dá
o reino secular: governantes, para o país e os cidadãos; pais e mães, para
os filhos; patrões e patroas para os servos; médicos para os doentes. Estes
também são salvadores, mas são pobres imitações quando comparados
com o Salvador Jesus.
Jesus é Salvador com relação à vida eterna e à redenção do pecado,
e dos efeitos do pecado: morte, diabo e inferno. Ele nos socorre onde
governo, pais, dinheiro e posses não podem ajudar. É claro que Jesus tam-
bém nos ajuda em coisas deste mundo onde e quando outros não podem
ajudar, mas sua principal missão não é ajudar em coisas temporais, mas
contra pecado e morte eterna.
Mas somente os que creem que há uma vida após esta irão sentir a
necessidade deste Salvador. Já no tempo de Lutero, havia os que ele cha-
ma de epicureus, que só acreditavam nesta vida e pensavam que depois
64
CIRCUNCISÃO E NOME DO SENHOR - DIA DE ANO NOVO
da morte tudo acabou. Estes vão querer aproveitar esta vida ao máximo,
sem ligar para a vontade de Deus ou as necessidades do próximo, ou,
então, criam uma nova fé que lhes sirva.
Nós cremos que haverá outra vida após esta e, por isto, nos alegramos
com o Salvador que temos neste menino. Neste mundo, porém, parece
que não temos um Deus, pois ele nos deixa sofrer todo tipo de problemas
físicos e não nos livra de malfeitores, perseguições e doenças. Mas ele nos
prometeu algo melhor do que esta vida. Além disso, as aparências são
enganosas, pois Deus prometeu estar conosco todos os dias (Mt 28.20).
Ele também governa sobre nós na terra, nos dá alimento, roupa e tudo
o de que precisamos. Ao mesmo tempo, permite tribulação neste mundo
(cf. Jo 16.33).
Neste mundo até podemos achar, temporariamente, que não precisa-
mos da ajuda de Jesus, quando tudo vai bem e temos dinheiro e bens.
Mas, quando a consciência oprime e a hora da morte chega, a situação
muda.
Experts religiosos diversos pervertem o nome de Jesus e estabelecem
seus próprios salvadores falsos, à parte e contra o único Salvador verda-
deiro. No tempo de Lutero, havia, por exemplo, as ordens monásticas. O
próprio Lutero tentou salvar-se com o nome “agostiniano”. Mas ele des-
cobriu que não há outro Salvador, além de Jesus, contra pecado e morte.
Boas obras devem ser feitas, mas elas não são Jesus, elas não salvam. Só
Jesus pode nos salvar onde nada e ninguém outro pode, quando temos que
deixar para trás tudo o que possuíamos aqui e entrar numa nova vida.
O significado do nome de Jesus não é invenção humana, mas foi dado
por Deus do céu através do anjo Gabriel. O que eu invento e penso não
pode ser chamado de Jesus, apenas a própria criança pode ser chamada
assim. Muitas pessoas e seitas querem roubar o menino deste nome e
estabelecer outros salvadores, mas não o conseguirão. Seu nome foi dado
não apenas no momento da circuncisão, mas pelo anjo antes que fosse
concebido. Por isso, o nome da criança vai permanecer – vai resistir contra
todos os ataques.
Quem estima este menino como Salvador, presta a maior e mais alta
honra a Deus, pois o próprio Deus o afirma em João 5.23. Mas você de-
sonra a Deus se procura outro Salvador ou pensa que seus pecados são
tão grandes que este menino não pode resgatá-lo deles.
Dar nome às crianças significa que, pela fé, temos um nome e somos
conhecidos perante Deus. Pois Deus não conhece os descrentes, conforme
diz o Salmo 1.6 e Mateus 25.12. Qual é o nosso nome? Assim como Cristo
nos dá tudo o que é seu, assim ele também nos dá o seu nome; por isso,
somos chamados de cristãos e filhos de Deus. Por isso, não há medida
para a dignidade e a honra de um cristão.
65
IGREJA LUTERANA
BIBLIOGRAFIA
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EPIFANIA DO SENHOR
6 de janeiro de 2013
67
IGREJA LUTERANA
68
EPIFANIA DO SENHOR
primogenitura que, por direito, pertenciam aos seus filhos (e, secundaria-
mente, aos filhos de Lia), conta vida dos quais conspirou o arquiinimigo
Labão/Balaão/Herodes.
Paulo, que cita as palavras de Balaão em Romanos 8.33 (cf. Nm 23.8),
talvez tivesse essa tradição oral, transmitida na sinagoga, sobre o “arqui-
inimigo” atemporal de Israel quando escreveu: “a nossa luta não é contra
o sangue e a carne, e, sim, contra os principados e potestades, contra
os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do
mal, nas regiões celestes” (Ef 6.12). Esse inimigo Jesus enfrentou no
deserto (Mt. 4.1-11) – recordando-nos de que Balaão, uma vez não tendo
conseguido amaldiçoar os eleitos de Deus, conspirou com Balaque para
corrompê-los por meio de tentações, tendo desviado a muitos do caminho
da salvação. É nesse sentido, também, que Pedro adverte aos que foram
chamados por Deus das trevas para a maravilhosa luz do nosso Senhor
Jesus Cristo (1 Pe 2.9): “Sede sóbrios e vigilantes. O Diabo, vosso ad-
versário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para
devorar; resisti-lhes firmes na fé” (1 Pe 5.8,9). Tiago, também, escreve:
“Resisti ao diabo e ele fugirá de vós” (Tg 4.7).
A sobriedade é uma importante virtude, exaltada também por mes-
tres pagãos da antiguidade e, hoje, cada vez mais, por médicos. Entre os
pagãos, a “epifania” era uma data dedicada ao “deus do vinho”, Dionísio
(Baco). Como em muitos outros rituais pagãos, a embriaguês e a promis-
cuidade sexual não apenas eram toleradas, como eram parte do próprio
culto religioso. Paulo repreende severamente alguns cristãos em Corinto
que, vindo do paganismo, comportavam-se mal nas refeições conjuntas
dos cristãos, quando se reuniam para a santa ceia (1 Co 11.21). Noutra
carta, Paulo aconselha os cristãos a embriagarem-se do Espírito Santo,
e não de vinho (Ef 5.18). Por que, então, provavelmente em Antioquia
pela primeira vez, a festa pagã da “epifania” de Dionísio/Baco/Baal (no-
mes grego, romano e siro-fenício, respectivamente), foi associada com o
nascimento de Jesus? A tradição da igreja primitiva, em harmonia com o
Novo Testamento, deixa claro que não foi para incorporar na igreja vícios
pagãos, mas para anunciar, no dia em que havia uma procissão pública
em homenagem a um ídolo pagão, que a verdadeira luz do mundo é Jesus
de Nazaré.
As procissões da igreja, segundo um importante estudioso da origem
da liturgia, teriam começado como forma de testemunho público dos
cristãos. Esses, deixando os templos pagãos para trás, reuniam-se em
casas para adorar o Senhor Jesus como único Senhor (1 Co 8.6; cf. Dt
6.4). Assim como os magos, igualmente, deixaram Jerusalém para trás,
para, em procissão, irem até uma humilde casa em Belém para adorar o
Salvador. Em Antioquia e em todas as cidades do império, cada vez mais
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IGREJA LUTERANA
70
EPIFANIA DO SENHOR
71
PRIMEIRO DOMINGO APÓS EPIFANIA
O BATISMO DO SENHOR
13 de janeiro de 2013
CONTEXTO LITÚRGICO
O TEXTO
72
PRIMEIRO DOMINGO APÓS EPIFANIA - O BATISMO DO SENHOR
poderia ser uma simples multidão, a nação inteira ou, então, o povo de
Deus. Pairava no ar a pergunta se João não seria, quem sabe, o Messias.
Sobre esse “palco” ocorre a ação principal, a saber, a resposta ou declara-
ção de João: Eu batizo vocês com água, mas vem o que é mais poderoso
do que eu. Com isso, João nega, indiretamente, ser o Messias. Ele se
coloca na condição de alguém que não merece ser o escravo do Messias.
(Na tradição rabínica posterior, desatar as correias das sandálias era algo
que um discípulo não tinha a obrigação de fazer para o seu mestre.) Como
profeta, João dá testemunho de Cristo. A imagem de alguém que está
com a pá na mão (no contexto rural de nossos dias, seria mais um “for-
cado”) para separar o trigo da palha (jogando o cereal trilhado ou batido
para cima) é, claramente, um quadro de juízo, pois envolve separação e
a queima da palha. O que não está tão claro, no contexto, é a referência
ao batismo com o Espírito Santo e com fogo. Isto pode ser interpretado
de diferentes maneiras. Alguns entendem que se trata basicamente de
um só “batismo” de juízo ou condenação. Outros, em contrapartida, veem
nisso uma referência a dois batismos, com base no que é dito no versículo
17: o batismo do Espírito, de salvação, para aqueles que são “trigo”, e
o batismo de fogo, de juízo, sobre os impenitentes (a “palha”). Seriam,
neste caso, “batismos” em momentos distintos. (O primeiro batismo re-
ferido poderia ser uma profecia do Pentecostes, em Atos 2.) O contexto
parece favorecer esta interpretação. (As implicações são interessantes:
alguém até pode ficar sem o batismo do Espírito, pela palavra de Deus
que está unida à água, mas não conseguirá fugir do batismo com fogo,
no juízo!) O versículo 18, que conclui essa seção, é um texto exclusivo de
Lucas, no sentido de que não consta de Mateus e Marcos. Nele aparece o
verbo “anunciar o evangelho” (euaggelízo), que Lucas gosta de usar (nos
Sinóticos, a única ocorrência fora de Lucas é em Mt 11.5, que é como que
uma citação do texto de Isaías 61).
O texto de Lucas 3.19-20 é, por assim dizer, um resumo do relato bem
mais detalhado que aparece em Marcos 6. O agente passa a ser o tetrarca
Herodes (neste caso, trata-se de Herodes Antipas), que, repreendido por
João a respeito de uma série de maldades (incluindo o casamento com a
ex-mulher de seu irmão, em claro desrespeito a Lv 18.16), acrescentou
a todas as suas culpas mais esta: mandou prender João. (O texto grego
diz que Herodes lançou João no cárcere. Entretanto, como Herodes não
fez isso pessoalmente – tendo, antes, ordenado que assim se fizesse –
fazem bem as traduções que dizem que “Herodes mandou prender João”.)
Interessante é que o relato da prisão de João aparece antes do batismo
de Jesus. Lucas antecipa, em sua narrativa, algo que, historicamente,
ocorreu mais tarde. Há quem entenda que isso é significativo, fazendo
parte da intenção do evangelista de estabelecer nítida distinção entre o
73
IGREJA LUTERANA
74
PRIMEIRO DOMINGO APÓS EPIFANIA - O BATISMO DO SENHOR
quem o Pai tem a maior satisfação. Essas palavras, ditas do céu, são,
muitas vezes, vistas como um eco de vários textos do Antigo Testamento:
Sl 2.7, Is 42.1 e, talvez, Gn 22.12,16 e Jr 31.20. Por mais importante
que isso seja, não se pode perder de vista o que elas significam e qual a
sua importância no momento em que foram ditas. Elas identificam Jesus
como o Filho de Deus e expressam que o Pai se agrada dele. O aoristo,
em eudókesa, que é a última palavra do v. 22, pode ser interpretado como
aoristo gnômico ou proverbial, sem indicação de tempo. (Em português
isso é, normalmente, expresso através do presente, como o fazem nossas
traduções.) O significado é que de modo geral, sempre, o Pai se compraz
no Filho. Num contexto em que o Filho deu o primeiro passo em direção à
cruz, submetendo-se (vicariamente) ao batismo de arrependimento para
remissão de pecados (Lc 3.3), essa aprovação do Pai é muito importante.
Deus, o Pai, o confirmou com o seu selo (Jo 6.27). Portanto, o texto culmina
numa tríplice epifania: do Espírito, do Pai e do Filho. Mas o ponto focal é
o Filho, sobre o qual o Espírito desce e a quem o Pai se dirige.
PISTAS HOMILÉTICAS
Sendo tempo Epifania, que neste dia seja proclamado Aquele que foi
manifestado. Quem o manifestou foi o Pai. Nenhum testemunho é mais
importante do que este. Ele é o Filho amado, em quem o Pai se agradou o
tempo todo, tanto na assim chamada obediência ativa quanto na obediência
passiva. Ele é aquele que nos resgatou, fazendo-nos passar pelas águas
do batismo (Is 43 e Rm 6). Sim, o batismo agora nos salva (1Pe 3.21).
O benefício do batismo de Jesus – que culminou na cruz (um evento ao
qual Jesus se refere como um batismo, em Lc 12.50) – nos é conferido
em nosso batismo, que se renova em arrependimento diário.
Havendo batismos previstos para o final do ano ou início do ano novo,
uma boa ideia é tentar transferi-los para este dia. Assim, seria possível
elaborar toda uma liturgia centrada no batismo: daquelas (crianças) que
serão batizadas e de todos os cristãos presentes que, pela ênfase no tema,
poderão (re)aprender o valor do batismo e o consolo de se poder dizer:
Baptizatus sum, isto é, “fui batizado!”
Vilson Scholz
São Leopoldo/RS
vscholz@uol.com.br
75
IGREJA LUTERANA
TEXTO
Vv. 1-2: “Três dias depois” – Refere-se ao tempo depois de Jesus ter
chamado a Filipe e Natanael.
- Casamento era o grande acontecimento social na aldeia. Os festejos
duravam até uma ou duas semanas. Porém, o primeiro dia era o princi-
pal.
- Jesus é convidado para o casamento. “Vem, Senhor Jesus, sê o nosso
convidado” é o convite diário que fazemos a Jesus. Jesus espera por este
convite. Convém ele estar em nossa casa, como afirmou para Zaqueu.
Sua intenção é trazer-nos bênçãos espirituais, vida e salvação.
Vv. 3-4: “Eles não têm mais vinho” – Não é propriamente uma oração,
mas, na verdade, tem uma forte entonação de pedido de socorro.
- A falta de vinho pode simbolizar todas as carências pessoais e hu-
manas: carências materiais, psicológicas, afetivas, sociais e também
espirituais.
- “Mulher…” (grego gynai, vocativo de gyne) – É o mesmo termo usado
por Jesus na cruz ao dirigir-se à Maria (Jo 19.26). Apesar do aparente
desrespeito, o termo contém extrema cortesia e respeito. Poderia ser tra-
duzido por “madame” ou “minha senhora”. É a primeira vez que ele deixa
de tratá-la por “mãe”. Jesus traça uma linha divisória entre sua existência
humana, ligada à mãe por laços de parentesco normal, e sua existência
divina, ligada ao Pai celeste, desde a eternidade. Aqui não está em jogo o
76
SEGUNDO DOMINGO APÓS EPIFANIA
Vv. 5-7: “Fazei tudo o que ele vos disser” – Maria não ficou melindrada
com a resposta de Jesus. Pelo contrário, estava convencida de ser atendida.
Ela não sabia o que ele faria, mas sabia que seria a coisa certa.
- As palavras de Maria são um convite para procuramos compreender
e fazer com alegria a vontade de Deus, e também vivermos o evangelho
em ações concretas de amor ao próximo.
- “Metreta” – medida grega, que correspondia a cerca de 40 litros, o
que daria um total de mais ou menos 600 litros, calculando-se em média
100 por talha (cf. Goerl, in: Púlpito, v. 2).
- “As encheram totalmente” – Serventes fazem “serviço completo”
atendendo à ordem de Jesus. Na verdade, em qualquer situação, o serviço
de Deus sempre é completo.
Vv. 11-12: “Deu Jesus princípio aos seus sinais” – Significa que nada
havia acontecido na infância e adolescência de Jesus. Digamos que não
era tarefa para criança. Isto contrasta com o uso de crianças em igrejas
neo-pentecostais como pregadores e fazedores de milagres (reportagem
da Revista Veja nº 2292, de 24/10/2012 – também disponível na versão
digital).
- “Sinais” – No evangelho de João são narrados apenas sete milagres,
que o autor chama de “sinais”. Os sinais ou milagres de Jesus são ações
que revelam o poder salvador de Deus.
77
IGREJA LUTERANA
SUGESTÃO HOMILÉTICA
I – Momento de oração
a) Acabou! (v.3)
• Festividades duravam cerca de sete dias. Vinho era indispen-
sável.
• Constrangimento: acabou o vinho. Anfitriões ficam desnorte-
ados. Em risco estava a reputação do hospedeiro.
• Maria: “Eles não têm mais vinho”: constatação em tom de
súplica.
• Oração:
- Embora Deus saiba tudo a nosso respeito, podemos procurá-
lo e segredar-lhe humildemente: acabou o ânimo, a alegria,
a paciência, a esperança, o pão, os recursos…
- Diante de tanto orgulho e arrogância, são necessárias ora-
ções sinceras, humildes, confiantes.
b) Vv. 6-10: “Encham os seis potes de água e levem ao dirigente
da festa” = água transforma-se em vinho. Não há sensacionalis-
mos.
c) 1º milagre de Jesus: atendendo pedido, clamor, necessidade.
d) Reflexão: Como está nosso relacionamento com Deus? Tudo lhe
confiamos em oração?
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SEGUNDO DOMINGO APÓS EPIFANIA
c) Milagres:
• Não têm objetivo de resolver todos os problemas
• São sinal e demonstração da glória divina
• Epifania = Jesus conhecido de todos
d) Reflexão: Quem é Jesus para nós? Guru? Profeta humano? Ou
Filho de Deus, o Salvador?
CONSULTAS
79
IGREJA LUTERANA
LEITURAS
80
TERCEIRO DOMINGO APÓS EPIFANIA
TEXTO
81
IGREJA LUTERANA
trabalhara em seu ofício de carpinteiro, junto com seu padrasto José. Agora
ele veio numa nova aptidão, ou seja, como um professor ou rabi. Chegando
o sábado, procedeu segundo seu habitual costume e foi à sinagoga.
Nota: Se Jesus sentia a necessidade de participar regularmente do
culto, a nós é muito mais necessário termos o hábito de estar na igreja em
cada domingo ou sempre que sua palavra é ensinada. No sábado do qual
o texto fala, o Senhor esteve presente, como era seu costume. Segundo
a ordem do culto, já fora feita a leitura da lei. A seguir, veio a leitura dos
profetas. Agora o Senhor se ergueu para ler. Era uma cortesia, cordialmente
concedida a quaisquer rabis visitantes, que lessem alguma das leituras
e acrescentassem algumas observações como explanação à leitura. Este
era o meamar, ou palestra, que fazia a vez do sermão.
V. 17: Aparentemente, Jesus não selecionou o livro do qual leu, pois
o rolo do profeta Isaías lhe foi dado. Isto não significa, porém, conforme
alguns pensam, que leu de um lecionário fixo. Não podemos autenticar
um lecionário em data tão recuada assim. A passagem pode ter sido
selecionada pelo chefe da sinagoga, ou Jesus pode até a ter selecionado
pessoalmente. Isto concordaria com as palavras de Lucas: abrindo o livro,
achou o lugar onde estava escrito...
Vv. 18,19: Leu de Isaías 61.l-2, seguido por 58.6. As palavras profeti-
zam o ministério do Messias às pessoas aflitas: os pobres, os cativos, os
cegos, e os oprimidos. A aplicação que Jesus fez das palavras a ele mesmo
mostra que o senso de vocação que veio com a voz celestial no seu batismo
permaneceu forte (para a unção do Espírito, cf. At 10.38). Jesus se via
chegando com boas novas para as pessoas perturbadas deste mundo. O
ano aceitável do Senhor não representa, naturalmente, qualquer ano civil,
mas, sim, é um modo de fazer referência à era da salvação. O tempo da
graça! Epifania é tempo de manifestar a salvação à humanidade.
Vv. 20-22: Jesus enrolou o rolo (fechou o livro) e devolveu-o ao assis-
tente. Sentou-se, assumindo assim a posição para pregar. Com todos agora
olhando para ele com expectativa, tudo estava pronto para o sermão. A
maneira que o sermão era entregue na época era sentado. Jesus começou
dizendo que a profecia que acabara de ler estava sendo cumprida. As pa-
lavras de Isaías aplicavam-se ao ministério que ele estava começando (cf.
7.22). Hoje é importante. Os contemporâneos de Jesus não duvidavam que
o reino de Deus viria algum dia. O ensino de Jesus era diferente, sendo que
via Deus agindo no presente, na obra dele mesmo. Os ouvintes ficaram
impressionados com suas palavras de graça, i.é, a maneira atraente de
Jesus falar. Ficaram atônitos que alguém da sua própria cidade, alguém
que podiam chamar de filho de José, conseguisse falar assim. Note-se que
Lucas fala de espanto, mas não de admiração ou apreciação. Estranharam
sua pregação, mas não a aceitaram de coração.
82
TERCEIRO DOMINGO APÓS EPIFANIA
Vv. 23: Jesus sabia que sua reputação se espalhara até Nazaré, e que
aqueles entre os quais crescera desejariam que fosse viver à altura daquela
reputação. Citou um provérbio (desconhecido noutro lugar, embora se
achem provérbios semelhantes) cuja lição é clara. A aplicação imediata,
no entanto, não fica tão simples, porque não havia qualquer questão de
Jesus curar-se a si mesmo. Talvez o pensamento seja que a operação de
milagres fosse de benefício para ele, por salvar sua reputação.
Vv. 24: Queriam provas. Mas, ao invés disto (de deve ser traduzido
“mas”, e não “e”), Jesus seguiu uma linha de pensamento dele mesmo. Sua
resposta começa com amém (Amh,n), de fato. Esta palavra é empregada
somente seis vezes em Lucas (prefere traduzir o termo aramaico), mas
em Mateus e João está frequentemente nos lábios de Jesus. Dá ênfase
e marca as palavras seguintes como sendo especialmente significantes.
Jesus passa a afirmar que os profetas não são aceitos no seu próprio local.
As pessoas sempre estão mais dispostas a ver grandeza nos estranhos do
que naqueles que conhecem bem. “Santo de casa não faz milagre.”
Vv. 25, 26: Jesus ilustra seu argumento com referências a dois grandes
profetas. Elias foi ajudado, não por uma das muitas viúvas israelitas dos
seus dias, mas por uma mulher de Sarepta de Sidom (cf. l Rs 17.8 ss.). A
repetição da palavra viúva (ch/rai) não é rigorosamente necessária, mas
ressalta a comparativa falta de importância desta estrangeira. Foi, porém,
a ela que Elias foi enviado. A duração da fome é citada como sendo por
três anos e seis meses (como em Tg 5.17), que é um pouco mais do que é
referido na expressão “no terceiro ano” (l Rs 18.1). O “terceiro ano” pode,
naturalmente, referir-se à duração da permanência de Elias em Sarepta (l
Rs 17.8) e não à duração da fome, e neste caso não haverá problema. Se
a referência for à fome mesma, há várias possibilidades. Ou Jesus pode
ter tido alguma outra fonte de informação. E de qualquer maneira, a fome
teria continuado por algum tempo depois de a seca acabar.
V. 27: O exemplo de Elias é reforçado com aquele de Eliseu, que curou
não um dos muitos leprosos em Israel, mas, sim, Naamã, o sírio (2 Rs
5.1-14).
Vv. 28-30: Isto foi demais para eles. Foi suficientemente ruim quando
um dentre eles demonstrou que não pertencia ao mesmo grupo que eles.
Agora que ele apelou para as maneiras de Deus tratar com os gentios,
aquilo foi demais. A ira propagou-se pela congregação inteira (“Deus para
os judeus”!) e se propuseram a linchar Jesus. A tentativa de precipitá-lo do
cume do monte parece ser um esforço para jogá-lo num precipício (embora
talvez seja simplesmente um prelúdio ao apedrejamento). Meramente
passando por entre eles, retirou-se. Não falou nenhuma palavra irada,
nem operou qualquer milagre espetacular. Simplesmente andou por meio
da turba. Alguns acharam que isto em si mesmo era um milagre – mas
83
IGREJA LUTERANA
não o tipo de milagre que os nazarenos queriam! Pelo que se sabe, Jesus
nunca voltou a Nazaré. A rejeição pode ser definitiva.
PROPOSTA HOMILÉTICA
84
QUARTO DOMINGO APÓS EPIFANIA
3 de fevereiro de 2013
CONTEÚDO
CRISTO REVELADO
85
IGREJA LUTERANA
CONTEXTO
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QUARTO DOMINGO APÓS EPIFANIA
TEXTO
87
IGREJA LUTERANA
Lucas 4.40-44
1. É inevitável que se faça comparações do que aconteceu nos dias
de Jesus e seus apóstolos com o que acontece hoje.
2. Inclusive eles mesmos dizem que o que acontece é o mesmo
daquela época!
3. O que vemos aqui é a repercussão dos dois fatos anteriores: a
expulsão do demônio na sinagoga e a cura da sogra de Pedro
na casa dele.
4. A porção de hoje é muito importante dentro do contexto do
ministério de Jesus narrado pelos evangelistas.
5. Lucas encerra este capítulo introdutório do ministério de Jesus
narrando as palavras de Jesus que deixariam claro o seu plano
de ação.
88
QUARTO DOMINGO APÓS EPIFANIA
e. Não foi a primeira vez que subiram para adorar – por que a
cura foi só naquele dia?
PROPOSTA HOMILÉTICA
Conclusão
1. O real ministério de Jesus era a proclamação do evangelho do reino
2. Os milagres eram secundários, embora fossem sua carteira de
identidade messiânica
3. Solitude era sua prática habitual para fortalecimento
4. Pregação, sua estratégia!
5. Era ao mesmo tempo o Pregador e o Conteúdo da Mensagem.
89
QUINTO DOMINGO APÓS EPIFANIA
10 de fevereiro de 2013
LEITURAS DO DIA
Salmo 138: É uma oração de gratidão a Deus “por causa da tua mi-
sericórdia e da tua verdade”. Por isso, o salmista está disposto a render
graças ao Senhor: “na presença dos poderosos te cantarei louvores”. É
um salmo que incentiva os fieis a anunciarem a misericórdia de Deus aos
poderosos deste mundo.
Isaías 6.1-8: Deus chama Isaías para ser seu profeta. Ele procura
esquivar-se julgando-se incapaz, pessoa de lábios impuros. Deus enviou
um anjo que pegou uma brasa viva no altar e a encostou nos lábios de
Isaías, purificando-o para exercer o ministério. Capacitado por Deus, ele se
dispôs: “Eis-me aqui, envia-me a mim”. De igual modo é o Espírito Santo
quem perdoa nossos pecados e nos capacita a exercermos o ministério
pastoral ou a exercermos o sacerdócio como cristãos no dia a dia.
1 Coríntios 14.12b-20: O texto faz parte de um capítulo que trata
sobre o falar línguas estranhas, dom que Deus deu para alguns cristãos da
congregação de Corinto. Mas, parece que este dom só trouxe problemas.
Por isso, Paulo incentivou os cristãos a procurarem progredir para a edifi-
cação da igreja e incentiva os cristãos a anunciarem a palavra de Deus na
língua que as pessoas na igreja entendam e então sejam edificadas.
Lucas 5.1-11: Este texto de Lucas é considerado paralelo de Mt
4.18-22 e Mc 1.16-22 porque culminam com Pedro sendo chamado para
ser pecador de homens. O texto é um tanto diferente de Mt e Mc, e tem
alguns detalhes muito significativos, que veremos a seguir.
90
QUINTO DOMINGO APÓS EPIFANIA
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IGREJA LUTERANA
92
QUINTO DOMINGO APÓS EPIFANIA
V. 11: Jesus atingiu seu objetivo: Pedro, Tiago e João deixaram para
outros o cuidado de sua empresa de pesca e seguiram a Jesus, a fim de
aprenderem a ser pescadores de pessoas.
Este milagre no início do ministério de Jesus tem semelhança com o
outro citado em Jo 21.6-11 no final de seu ministério. É como se Jesus
quisesse dizer aos discípulos: - O que procurei lhes ensinar com a primeira
pesca maravilhosa no início de meu ministério é o que desejo lhes ensinar
nesta última pesca maravilhosa ao final de meu ministério – eu os quero
como pescadores de pessoas, preguem a palavra de Deus para isto e eu
sempre os acompanharei com bênçãos.
PROPOSTA HOMILÉTICA
1. Deus...
- oferece sua palavra poderosa para ser anunciada
- o conteúdo da palavra é a obra da salvação realizada por Jesus
- chama seus filhos para anunciarem sua palavra
- oferece recursos terrenos para auxiliarem na evangelização
2. Nós...
- fomos pescados para Jesus por pessoas que ele enviou nos ba-
tizando e ensinando sua palavra
- por isso, precisamos também ser pescadores de pessoas
- como? anunciando (falando, distribuindo literatura, convidando
pessoas para as programações da igreja), ofertando (na congregação,
ajudando a formar pastores, ajudando a manter missões), orando (pela
conversão de pessoas, pelos pastores e missionários, pelo Seminário) e
encaminhando jovens para o Seminário.
Leonerio Faller
São Leopoldo, RS
leoneriofaller@yahoo.com.br
93
IGREJA LUTERANA
LEITURAS DO DIA
Salmo 99: Este Salmo pode ser dividido em três estrofes: a primeira
estrofe celebra a santidade de Deus tal como se expressa na majestade
de seu senhorio sobre o mundo (vv.1-3); a segunda trata da santidade
de Deus manifestada no estabelecimento da justiça (vv.4,5); e a terceira
fala sobre a mesma santidade revelada na história de Israel por seus atos
de graça e pela severidade de seus julgamentos (vv.6-9). Este cântico
nos apresenta com muita seriedade e grande alegria a revelação de Deus
no Antigo Testamento. Este texto, assim como os outros textos do dia,
também lembra o Profeta Moisés (v.6) e seu temor a Deus.
Deuteronômio 34.1-12: Este último capítulo de Deuteronômio traz o
relato da morte de Moisés. Mas antes que isso acontecesse, Deus o levou
ao alto do monte Nebo e mostrou toda a terra que havia prometido ao
povo de Israel. Moisés pode contemplar aquela terra maravilhosa, mas
não pode entrar nela. Após contemplar esta terra, ele morreu ali mesmo e
foi sepultado pelo próprio Deus, num vale, na terra de Moabe. Diz o texto
(v.10) que não houve nunca mais em Israel um profeta como Moisés. Em-
bora tivessem surgido muitos profetas, nenhum se igualou a Moisés, nem
jamais igualaria, a não ser Aquele que é maior que Moisés. Moisés não foi
um homem apenas de palavras, mas também de atos. Atos que o Senhor
realizou através dele, como por exemplo: as maravilhas feitas no Egito
por ocasião da libertação do povo de Israel. Tudo isso não passou duma
preparação para a grandiosa obra redentora de Cristo no Calvário.
Hebreus 3.1-6: O profeta Moisés foi escolhido por Deus para liderar
o povo de Israel em sua fuga do Egito, rumo à terra prometida. Ele é
mediador humano da Antiga Aliança. Mas o que chama a atenção neste
texto é a comparação feita entre Moisés e Jesus. Este texto aponta para a
superioridade de Jesus em relação a Moisés. Moisés foi um servo fiel na casa
de Deus, da qual ele mesmo fazia parte, mas Jesus Cristo é o edificador
da casa, pois Cristo é o próprio Deus, portanto, com muito maior glória do
que Moisés. Cristo é o cumprimento de tudo quanto Moisés previu. Cristo
não aponta para outro senão para Si mesmo.
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ÚLTIMO DOMINGO APÓS EPIFANIA - A TRANSFIGURAÇÃO DO SENHOR
CONTEXTO DO LIVRO
95
IGREJA LUTERANA
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ÚLTIMO DOMINGO APÓS EPIFANIA - A TRANSFIGURAÇÃO DO SENHOR
contar aos outros nove o que tinha acontecido. Mas, conforme o texto, os
três discípulos, em obediência a uma ordem de Cristo, guardaram silêncio
sobre esta revelação maravilhosa. Não falaram desta experiência, a não
ser depois da ressurreição de Cristo.
PROPOSTA HOMILÉTICA
Geomar Martins
Bela Vista/MS
geomarmsro@yahoo.com.br
97
QUARTA-FEIRA DE CINZAS
13 de fevereiro de 2013
LEITURAS DO DIA
98
QUARTA-FEIRA DE CINZAS
algo. “Por causa do teu amor... por causa da tua grande compaixão...”
(v. 1 – NTLH); “tu tens razão quando me julgas e estás certo quando me
condenas” (v. 4). Não se trata de uma negociação onde ambos têm algo
a oferecer. Pelo contrário, o que Deus exige ele precisa dar primeiro. “O
que tu queres é um coração sincero... Ó Deus, cria em mim um coração
puro... e conserva em mim o desejo de ser obediente” (vv. 6; 10; 12).
Deus opera tudo, do início ao fim. No imperfeito ser humano nada reside
que se aproveite em termos de comunhão com Deus. Esta é a tônica que
introduz a quarta-feira de cinzas.
Joel 2.12-19: É o convite de Deus ao culto verdadeiro, fundamentado
na misericórdia do próprio Deus. “Rasgai o vosso coração, e não as vossas
vestes, e convertei-vos ao Senhor, vosso Deus, pois ele é misericordioso...”
(v. 12 – ARA). Trata-se de uma convocação a estar diante do Senhor. Os
versículos 15-17 denotam a importância do culto, do ritual que expressa
a dependência do povo. Então o Senhor, por causa de sua grande mise-
ricórdia, tem compaixão do povo, e responde.
2 Coríntios 5.20b-6.10: O apóstolo Paulo fala sobre o ministério
da reconciliação, onde Deus procura, estende a mão e oferece Cristo aos
pecadores. A proposta parte de Deus. A tarefa do embaixador em nome
de Cristo é fazer de tudo para mostrar isso com clareza ao povo.
Ênfases textuais:
Merece atenção a antítese entre dois termos, que formam três seções,
nos vv. 2-4; 5-6 e 16-18.
1. misqo.n - misqo,j - recompensa, retribuição
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IGREJA LUTERANA
100
QUARTA-FEIRA DE CINZAS
ENCAMINHAMENTO HOMILÉTICO
101
IGREJA LUTERANA
texto requer o cuidado de que não se salte tão forte sobre o cavalo, caindo
do outro lado, ou seja, nenhuma das obras descritas no texto é rejeitada
em si, mas sim ensinada na sua forma correta. Isto traz implicações muito
práticas no ser igreja, num mundo cinzento e calculista. Pregar sobre a
origem de toda boa ação em Deus; manifestar claramente a incapacidade
humana em negociar com Deus ou impressioná-lo; e a recompensa como
sendo atribuição voluntária do próprio Deus, que premia por aquilo que
ele próprio oferece – deve ser o objetivo principal da mensagem.
Sugestão de tema:
- Deus vê cara e coração.
Leitura recomendada:
LUTERO, Martinho. Obras Selecionadas, v. 9. Porto Alegre: Concórdia; São
Leopoldo: Sinodal, 2005. p. 136-176.
Arnildo Münchow
Canguçu/RS
arnildomunchow@yahoo.com.br
102
PRIMEIRO DOMINGO NA QUARESMA
17 de fevereiro de 2013
CONTEXTO HISTÓRICO
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IGREJA LUTERANA
104
PRIMEIRO DOMNGO NA QUARESMA
Conclusão
• É na vitória de Cristo que está a nossa vitória.
Cristo venceu Satanás de uma vez por todas. A sua morte na
cruz não é derrota, mas é o pagamento do pecado. Pela palavra
Cristo afastou do seu caminho e do nosso caminho a grande
pedra de tropeço. Cristo venceu por nós as tentações. Agora,
todo aquele que está apegado a ele pela fé, também vence
pela fé. E assim temos um Rei e Senhor que nos ampara e que
vence por nós. Vivamos, assim, inteiramente para Cristo.
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IGREJA LUTERANA
CONTEXTO
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SEGUNDO DOMINGO NA QUARESMA
107
IGREJA LUTERANA
Esboço:
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TERCEIRO DOMINGO NA QUARESMA
3 de março de 2013
CONTEXTO
TEXTO
109
IGREJA LUTERANA
A bondade de Deus só pode ser louvada sendo Ele Juiz, não um es-
pectador.
O verdadeiro sinal da ira de Deus não são os galileus ou os dezoito,
mas o Filho, que carregou sobre si a ira divina (Isaias 53).
O verdadeiro sinal da bondade de Deus não é que nós ainda vivemos,
mas que Deus faz justiça em Seu Filho. Nele a santa ira de Deus é visível
como também sua incompreensível misericórdia.
A figueira estéril
V. 7: A figueira é uma árvore que suga a terra e rouba a força das
parreiras que a cercam.
V. 8: “Pôr estrume”. O viticultor quer fazer algo especial. Tenta a última
coisa possível. É oferecido um período de graça e uma atenção especial
é planejada para ela. É notável a ênfase dada na misericórdia, que é em
geral menosprezada à luz do juízo.
“Deixa-a ainda este ano” – a esterilidade é evidente e necessita do
perdão. Da graça. Povo e líderes precisam arrepender-se.
V. 9: “o tempo da graça que Deus concede é irrevogavelmente o úl-
timo”. Sua paciência também tem um limite. Deus concede tempo para
arrependimento! Não está nas mãos humanas o poder para prorrogá-lo.
É tempo e juízo dEle. E só dEle, o justo, santo e misericordioso Deus. A
parábola também mostra que apesar da seriedade do momento, Deus é
um Deus de paciência.
A parábola é uma advertência. A chance dada é a derradeira.
Vivemos no tempo da graça de Deus. Ainda vivemos e podemos “co-
mer e beber” da misericórdia proeminente de Deus. Estamos a caminho
do tempo da glória – a eternidade.
A figueira estéril (só folha, aparência inútil) na parábola aponta para
atitudes vazias e irresponsáveis de pessoas que atraem o juízo de Deus.
Mas, mesmo ali ainda há uma nova chance, mais uma oportunidade. O
machado ainda não é posto a serviço. Ainda uma vez a pá, o serviço (a ár-
vore por si não consegue) trazem outra perspectiva. O que aparentemente
seria o fim, ainda poderá renascer. “Senhor, deixa-a ainda este ano!” Esse
é o pedido. Ver a vida quebrada é o começo de tudo. Deus nos concede
tempo e oportunidades em sua misericórdia, mas seu juízo é real.
“Mandarás cortá-la” – Anúncio do juízo, do Juízo Final.
Nós somos a figueira. O Senhor nos deixou. Estamos aí. Agora é tempo
de mudança contínua e diária.
O viticultor troca o machado pela pá (lei) e aduba (evangelho). Essa
é a boa e nova notícia em Jesus, e só em Jesus, pois nEle Deus fez e faz
as pazes conosco.
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TERCEIRO DOMINGO NA QUARESMA
ESBOÇO HOMILÉTICO
Oração:
Confissão de pecados:
Senhor, reunimo-nos aqui neste culto para aprender de tua palavra.
No entanto, ao pensar mais sobre nossa tarefa, temos que admitir humil-
demente que muito falhamos. Pouco fazemos para sermos reconhecidos
como tua comunidade. Perdoa-nos quando sempre tentamos ver que o
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IGREJA LUTERANA
Gerhard Grasel
Canoas/RS
pastoral@ulbra.br
BIBLIOGRAFIA
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QUARTO DOMINGO NA QUARESMA
10 de março de 2013
113
IGREJA LUTERANA
relata vai contra qualquer regra de justiça, de bom senso. O filho sai de
casa com todo o dinheiro da herança paterna, vive uma vida com festas,
prostitutas, joga todo o dinheiro fora, e fica na miséria. Depois ele se dá
conta da bobagem que fez, lembra-se do seu pai e volta para casa.
Alguns aspectos para destacar:
Por que o pai entrega a herança ao filho, dando-lhe liberdade, deixan-
do que fizesse tudo o que fez? Ele poderia ter dito ao filho: - De forma
alguma, eu não vou te dar a herança, se tu quiseres ir embora, tudo bem,
mas então vai sem nenhum tostão...
Isto tem algo a nos dizer? Sem dúvida que sim! Deus dá liberdade, não
acorrenta. Nos deixa gastar a vida, os dons, as coisas que temos e que
são heranças dele. E não importa se usamos de forma certa ou errada.
Até permite que façamos as piores bobagens. O que não deve ser fácil
para Deus ver tudo isto. Mas aqui percebemos algo incrível, porque tem
uma coisa que o filho não consegue gastar, jogar fora, estragar: o amor
do Pai... Um amor que permanece “ingastável”...
Outra coisa nesta parábola: quando o filho se acha no fundo do poço,
ele não diz: - “eu errei, eu preciso mudar de vida, eu vou consertar o que
fiz de errado”. Em vez disto, ele diz: “os empregados lá na casa do meu
pai têm do bom e do melhor, e eu aqui estou passando fome”. Percebe-se
que o filho não compreendia mesmo o amor do Pai. Ele pensou: “eu vou
voltar para casa e dizer: Pai, eu errei e agora me trata como um empre-
gado”. Pois é neste momento que a figura do pai se destaca. Ele corre ao
encontro do filho. Não esperou que primeiro o filho viesse ao seu encontro.
Não se colocou como pai ofendido. Não se escondeu do filho dentro de
casa. Esta cena mostra algo de grande importância: é Deus que vem ao
nosso encontro. Ele faz isto não apenas porque nos ama, mas porque sabe
que nós não podemos ir até ele, ao encontro dele. Somos cegos, mortos,
inimigos de Deus. Assim como a moeda perdida não pode voltar sozinha
à sua dona, assim como a ovelha perdida não pode voltar ao seu pastor,
o filho também não tem condições de chegar até o coração do pai. O pai
é que faz isto, ele que traz o filho de volta.
Mais uma coisa nesta parábola: o pai abraçou e beijou o filho. Antes
mesmo de pedir satisfação, fazer cobranças, o pai o abraçou afetuosamente
e o beijou. O beijo aqui não é apenas um sinal de afeto. É sinal de perdão
segundo a tradição judaica! Em 2 Coríntios 5.19 lemos: “Deus não leva
em conta os pecados dos seres humanos”.
Outro detalhe: o filho, ao confessar: - “Pai, pequei contra Deus e contra
o senhor e não mereço mais ser chamado de seu filho” – antes mesmo
de continuar, o pai diz aos empregados: “Depressa, tragam a melhor
roupa e vistam nele. Ponham um anel no dedo dele e sandálias nos seus
pés”. O anel na época era sinal de autoridade! O pai recebe o filho não
114
QUARTO DOMINGO NA QUARESMA
Marcos Schmidt
Novo Hamburgo/RS
marsch@terra.com.br
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QUINTO DOMINGO NA QUARESMA
JUDICA
17 de março de 2013
Salmo 126: O salmista fala daquilo que lhe dá imenso prazer. O seu
tema principal é restauração. É a restauração que lhe dá prazer, a respei-
to do que as nações dizem que são grandes coisas. Interessante que ele
faz uso da palavra restauração tanto em referência ao passado como em
referência ao futuro.
Filipenses 3.(4b-7)8-14: Que grande passagem sobre o conhecimen-
to de Cristo! É mais importante que tudo! Quem tem esse conhecimento
considera todo o resto como refugo, assim como aquele que encontra o
tesouro escondido e vende tudo (Mt 13.44), pois nada é mais precioso
que o conhecimento de Cristo.
Lucas 20.9-20: As imagens parecem claras neste texto. O contexto
ajuda bastante para perceber que há uma oposição forte por parte dos
sacerdotes, escribas e anciãos contra Jesus. Eles não querem que Jesus
ensine e questionam a sua autoridade. Após Jesus deixá-los sem palavras,
ele mesmo é quem questiona a autoridade de seus opositores contando
essa parábola. Na parábola, os lavradores maus maltratam os servos do
dono da vinha e matam o filho. Os escribas e os principais sacerdotes
percebem que Jesus refere-se a eles dizendo isso. Portanto, a parábola
dirige-se contra a autoridade religiosa de Israel, pois ela não entrega os
frutos da vinha ao seu Senhor.
ISAÍAS 43.16-21
116
QUINTO DOMINGO NA QUARESMA - JUDICA
1
EGGER, Thomas. Homiletical Helps: Lent 5, Isaiah 43:16-21, March 21, 2010. In: http://
concordiatheology.org/2010/03/lent-5-%E2%80%A2-isaiah-4316%E2%80%9321-
%E2%80%A2-march-21-2010/
117
IGREJA LUTERANA
Mas que coisa nova é essa, então? Alguém poderia usar as palavras do
sábio Salomão para resmungar: “nada há, pois, novo debaixo do sol” (Ec
1.9b). E ele está certo, pois ele está falando do que as criaturas feitas por
Deus podem fazer. Isaías, porém, está falando do que Deus há de fazer:
“Assim diz o SENHOR.” E Deus há de fazer coisa nova. Isto certamente é
algo bom para o povo de Deus, pois é prometido por um Deus que tem
por costume fazer coisas boas pelo seu povo como ele fez no passado.
Mas há algo maior que está para acontecer. Podemos pensar nessa coisa
nova como a libertação do exílio babilônico, pois, afinal de contas, Deus
está falando em enviar inimigos contra a Babilônia e que de lá ele os fará
sair. Porém, como é costume de Isaías, ele fala de algo menor e de algo
maior (tipo e antítipo). Ele desenvolve a sua fala até chegar em Is 65.17,
onde ele também fala de algo novo com a mesma implicação de ser algo
maior do que as coisas passadas. Neste versículo é-nos dito claramente
de novos céus e nova terra, bem como em Is 66.22. Deus está fazendo
coisa nova, um êxodo da Babilônia, um êxodo rumo ao céu, aos novos céus
e nova terra (cf. Rm 8.18; 1Co 10.11; Ap 21.4-5). Não é à toa que João
toma emprestado a imagem da queda da Babilônia para falar da criação
do novo céu e da nova terra (Ap 18).
Será que você não está percebendo que coisa nova é essa? Essa per-
gunta está em Is 43.19 e nos faz pensar que, de algum modo, é possível
perceber essa coisa nova que Deus está fazendo. Isso quer dizer que os
novos céus e a nova terra não estão tão longe de nós assim, afinal de
contas, é possível percebê-los. O evangelho do dia revela-nos que os
líderes religiosos da época de Jesus não estavam percebendo isso e são
reprovados por isso. Ali, diante deles, estava a latente manifestação da
coisa nova que Deus estava fazendo e mesmo assim não perceberam.
Cristo é o agente da coisa nova de Deus, ele é o verbo de Deus, e ele age
em direção à cruz.
Portanto, pode-se enfatizar em um sermão estas três coisas: (a) a
expressão “Assim diz o SENHOR”, (b) a coisa nova e (c) o sofrimento de
Cristo, não necessariamente nesta ordem.
Falar em coisa nova pode não ser muito confortável para muitas pesso-
as. Para alguns, uma coisa nova é muito bom, para outros talvez nem tanto
e ainda para outros pode ser mesmo indiferente. Mas quando falamos da
coisa nova que Deus faz, isso não pode nos deixar quietos. Pois afinal de
contas a coisa nova que Deus faz toma o caminho da cruz, e esse caminho
que Cristo tomou não pode deixar de mexer com a gente. Muitas vezes nós
somos vacinados contra o escândalo da cruz e nos assemelhamos àqueles
que fazem um lanchinho vendo um filme recheado de sangue. Mas não é
qualquer coisa que aconteceu ali no caminho da cruz. Ali estava o próprio
Deus sofrendo em nosso lugar. É um sofrimento substitutivo. Cada um
118
QUINTO DOMINGO NA QUARESMA - JUDICA
119
DOMINGO DE RAMOS
DOMINGO DA PAIXÃO
24 de março de 2013
CONTEXTO
ESTUDO DO TEXTO
Uma das ênfases desse evangelho está para o que Jesus vai realizar na
semana santa – sua morte e ressurreição. Por isso nesse estudo queremos
destacar alguns versículos que vão nessa direção.
V. 24: “morrer” – a`poqnh|,skw – a morte física, perder a vida.
A ilustração de Jesus para o que ele vai realizar é com o grão de tri-
go. O grão morre, perde a vida, não mais existe. Mas é a partir dessa
morte que muita vida é produzida. Do grão de trigo nasce a planta, que
produz muita semente nova. “O Senhor declara de modo muito solene
que o pleno valor dum grão de semente só é alcançado por sua aparente
morte e apodrecimento na terra. Como um grão semeado e decomposto
na terra, assim é a morte do Salvador. Mas sua ressurreição é semelhante
120
~
DOMINGO DE RAMOS - DOMINGO DA PAIXÃO
121
IGREJA LUTERANA
figurado esse verbo também pode ser traduzido por “exaltar”. Na cruz,
na morte, Jesus é glorificado. “Eu já o glorifiquei e ainda o glorificarei”
(v.28). A “ponte” entre a terra e o céu é Jesus, na sua morte (sem perder
de vista a ressurreição). “Jesus recuperara completamente sua certeza,
o necessário equilíbrio espiritual para a realização do plano da salvação
das pessoas. Sua morte redundaria para a glória do Pai, como também
o faria toda a obra da salvação. Por isso Cristo esteve pronto, mesmo às
custas da maior agonia. Logo que concluíra sua oração, veio uma voz do
céu em resposta afirmando que Deus tanto já glorificara seu nome, como
novamente o faria. Seu nome já fora glorificado em inumeráveis ocasiões,
mas, em especial, na encarnação do Filho, e que ele iria ser glorificado
de modo ainda mais maravilhoso por meio de sua grande paixão. Desta
forma, a resposta do Pai foi tanto um penhor como uma promessa. Mas
ela foi feita principalmente por causa do povo. O povo devia entender que
ela consistia no fato de Deus dar testemunho de seu Filho, por causa da
intimidade essencial que havia entre eles” (Kretzmann).
É interessante que quando não crentes (gregos) pedem para ver Jesus,
ele aponta para a sua morte. Jesus que ser visto pelas pessoas em sua
morte. Justamente porque nela está a vida, muita vida, a vida plena.
PROPOSTA HOMILÉTICA
122
DOMINGO DE RAMOS - DOMINGO DA PAIXÃO
123
QUINTA-FEIRA SANTA
28 de março de 2013
LEITURAS DO DIA
CONTEXTO
TEXTO
124
QUINTA-FEIRA SANTA
125
IGREJA LUTERANA
POSSIBILIDADE HOMILÉTICA
Eliseu Teichmann
Porto Alegre, RS
eliseu@comcristo.org.br
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SEXTA-FEIRA SANTA
29 de março de 2013
CONTEXTO LITÚRGICO
3. Os textos
127
IGREJA LUTERANA
128
SEXTA-FEIRA SANTA
estar esperando: “não temos rei, senão César!”. Jesus, então, é entregue
para ser crucificado.
A crucificação era a pena para os cidadãos não romanos. Envolvia um
intenso açoitamento antes de se chegar ao local da execução. Apesar disso,
no evangelho de João não temos nada do sofrimento de Jesus. Apenas
que ele próprio carregou sua cruz até o Gólgota, lugar onde foi crucifica-
do. Na sua cruz um letreiro informava o motivo da crucificação. No caso
de Jesus, Pilatos faz uma proclamação: JESUS NAZARENO, O REI DOS
JUDEUS. Pilatos estava dizendo mais do que sabia. Sim. Jesus realmente
era o Rei dos judeus. Porém, o Reino de Jesus é um reinado ou domínio
diferente de um sistema político terreno. O Reino de Cristo é uma reali-
dade espiritual, não um território ou uma área governada por alguém. E
assim Jesus foi levado à morte, rendendo o seu espírito na cruz em lugar
da humanidade, cumprindo-se tudo o que estava escrito.
2. Encaminhamento homilético
2.1. Lei e Evangelho
Lei: Quem é o culpado pela morte de Cristo? Do ponto de vista legal,
podemos dizer que Pilatos foi responsável pela execução de Cristo. Do
ponto de vista moral, a culpa é dos líderes judeus. Porém, do ponto de
vista teológico, todos nós somos culpados pela morte de Cristo, afinal,
sobre o seu sofrimento e sobre sua morte estavam todos os nossos peca-
dos, toda nossa culpa. Jesus morreu no lugar do homem, que abandonou
o seu estado de santidade passando a ser pecador.
Evangelho: O Evangelho está nas últimas palavras de Jesus na cruz:
“Está consumado”. A salvação que Deus havia prometido foi cumprida. O
pecador está salvo. Cristo rendeu seu espírito para ser o Autor da salvação.
Jamais podemos abandonar o fato da morte vicária de Cristo. Cristo é
nosso substituto. Portanto, Cristo, em sua obediência e amor, nos libertou
do pecado, da morte e do poder de Satanás. Agora temos liberdade de
chegar diante do nosso Pai, pois Ele aceitou o sacrifício do Seu Filho por
nós. Pela fé em Jesus podemos apreender esses benefícios, tudo exclu-
sivamente por graça, sem mérito ou dignidade de nossa parte. Deus nos
mostra que sua bondade é totalmente gratuita e que o seu amor por nós
vai além do que podemos entender.
129
IGREJA LUTERANA
2.4 Tema
“Está consumado.”
130
SÁBADO DE ALELUIA
30 de março de 2013
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IGREJA LUTERANA
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SÁBADO DE ALELUIA
Tiago Albrecht
Curitiba/PR
tiagugo@gmail.com
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IGREJA LUTERANA
DOMINGO DE PÁSCOA
RESSURREIÇÃO DO SENHOR
31 de março de 2013
134
DOMINGO DE PÁSCOA - RESSURREIÇÃO DO SENHOR
que deve ser anunciado neste dia. Esta é a grande mensagem de ale-
gria e consolo que devem ser anunciadas. Somos convidados a meditar
na certeza de que a morte não é o fim, mas que temos a esperança de
uma nova vida.
Neste dia também lembramos que a promessa de salvação não termi-
nou com a morte de Jesus, mas ele a venceu e por isso temos a certeza
da salvação a todo aquele que crer que Jesus é o seu Salvador.
135
IGREJA LUTERANA
V. 12: Pedro foi ao sepulcro ver o que tinha acontecido. Somente depois
de ver os lençóis de linho sem o corpo de Jesus ele creu que Jesus tinha
de fato ressuscitado.
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DOMINGO DE PÁSCOA - RESSURREIÇÃO DO SENHOR
137
IGREJA LUTERANA
TEXTOS
CONTEXTO LITÚRGICO
138
SEGUNDO DOMINGO DE PÁSCOA
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IGREJA LUTERANA
140
SEGUNDO DOMINGO DE PÁSCOA
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IGREJA LUTERANA
CONTEXTO LITÚRGICO
142
TERCEIRO DOMINGO DE PÁSCOA
Sendo assim, esse deve ser o nosso desafio hoje: descobrir os sinais
de fé presentes nos textos bíblicos indicados para esta semana com des-
taque para o Evangelho de João.
TEXTOS PARALELOS
143
IGREJA LUTERANA
filho do homem não veio para ser servido, mas para servir” (Mt 20.28).
No evangelho de João indicado para hoje, essa figura messiânica
aparece com Jesus assando e servindo peixe. O sinal de fé em nossa vida
está no servir. Nossa identificação com Cristo não poderia ser outra a não
ser servir também. E fazer do servir um lema para a nossa vida. Servir,
servir, servir. Servir não como forma de merecer um lugar junto ao trono,
mas servir porque graciosamente Jesus já nos deu um lugar junto ao trono
por meio do seu morrer e ressuscitar.
João 21.1-14 (15-19) – O evangelista nos garante que nesta história
há algo mais do que um mero reencontro, há uma vefane,rwsen eauto.,
isto é, há uma manifestação messiânica. Cristo por si mesmo se revela. A
ação parte dele mesmo e vai em direção aos discípulos. O que Jesus faz é
para o consolo deles e para o fortalecimento da fé deles. Trata-se, a rigor,
do único milagre externo realizado por Jesus depois da ressurreição e que,
por assim dizer, é uma repetição de uma cena que os discípulos haviam
visto num outro momento e que tinha tido um significado profundo para a
vida pessoal deles (Lc 5). Foi diante dessa cena que eles foram chamados
por Jesus para serem seus discípulos. Agora, no milagre, reconhecem que
é Jesus, o mesmo que haviam conhecido e com o qual haviam andado
nos últimos três anos.
A cena de hoje é especialmente preparada para Pedro, que está
amarguradamente arrependido de sua maneira arrogante de lidar com
Jesus durante a sua prisão e depois por negá-lo três vezes na hora do
julgamento. Em seus outros dois reencontros Jesus havia assegurado que
os amava muito com uma amigável frase: “Que a paz esteja com vocês”!
Mas ainda não havia tido uma conversa de “homem para homem” com
Pedro, olhando nos olhos, para lhe garantir que estava verdadeiramente
perdoado. E que apesar de suas fraquezas, Pedro havia sido chamado
para ser pescador não de peixes, mas de homens, e que o momento disso
acontecer estava cada vez mais próximo.
Pedro sente que o momento é para ele e com ele. Por isso rapidamente
veste a sua roupa e vai ao encontro de Jesus. Mesmo com alguns laços
rompidos, Pedro ainda confia em Jesus. E agora, ansioso por estar ferido
no coração, não vê a hora de voltar e tudo ficar bem novamente. Agora
ele nem lembra que havia tirado a roupa para não se molhar no trabalho,
e afoito ele se lança ao mar e vai ao encontro de Jesus.
Pedro continua sendo o velho Pedro, inseguro, precipitado, que na hora
H deixa os discípulos trabalhando sozinhos. Da mesma forma, Jesus con-
tinua sendo o mesmo. Ele é aquele que transmite segurança e ao mesmo
tempo demonstra o seu amor pelo servir pão e peixe assado. Jesus sabe
que este discípulo lhe é muito especial e, assim como Pedro, cada um dos
discípulos terá o seu momento especial com ele. Pedro pode perceber que
144
TERCEIRO DOMINGO DE PÁSCOA
muitas coisas continuam como eram antes da morte na cruz, quando Jesus
também costumava preparar tudo para os seus discípulos.
A pesca foi maravilhosa, mas o ponto alto da cena acontece quando
todos estão reunidos. Neste momento Jesus os convida: “Venham comer”!
João nos diz, então, que Jesus já tinha peixe e ninguém tinha coragem de
lhe perguntar nada, pois sabiam que ele era o Senhor (v. 12). Ele mesmo os
serviu (v. 13). Afinal é nisto que consiste a sua glória, em poder servir.
Jesus come com eles provando que ainda é verdadeiro homem, embora
já glorioso. Mas a glória maior aparece não propriamente no comer, mas na
maravilhosa reconciliação que segue. Este é o ponto alto da história. Jesus
é o glorioso Senhor e não deixa dúvidas disso na reconciliação, quando
chama Pedro, vê o seu coração arrependido e lhe garante: tome conta das
minhas ovelhas! Que voto de confiança maravilhoso Jesus lhe dá!
PROPOSTA HOMILÉTICA
O Messias se revela:
– Na vitória sobre a morte:
A - Páscoa
B - em nós (Sl 30.4)
– No servir:
A - de Cristo (Jo 21.12-13)
B - dos anjos e dos fiéis (Ap 5.11-13)
– Na reconciliação:
A - com Saulo (At 9.11;14)
B - com Pedro (Jo 21.13)
C - conosco (Sl 30.5;10-11)
Sugestões:
– Mostrar o amor imenso de Jesus pelos filhos individualmente. Reforçar
seu empenho em nos transformar em servos.
– Desafiar para o testemunho de Cristo na missão e na comunhão
fraterna.
– Mostrar como podemos ser instrumentos em sua mão também no
dia a dia de nossas vidas.
145
IGREJA LUTERANA
BIBLIOGRAFIA
146
QUARTO DOMINGO DE PÁSCOA
21 de abril 2013
CONTEXTO
A - Litúrgico:
O Domingo do Bom Pastor desenvolve o texto de João 10 nas três
séries de leituras:
Série A – João 10.1-10;
Série B – João 10.11-18;
Série C – João 10.22-30.
Não se pode fugir da temática do Bom Pastor, ainda mais que o Salmo
23, o Salmo do Bom Pastor, é indicado para as três séries.
Ap 7.17 apresenta o Cristo ressuscitado e vitorioso e repete o pen-
samento do Sl 23.2: “O Cordeiro... os apascentará e os guiará para as
fontes da água da vida...”.
At 10 mostra a expansão do rebanho de Cristo para os gentios (Cor-
nélio), conforme promessa de Cristo em Jo 10.16: “Ainda tenho outras
ovelhas, não deste aprisco... elas ouvirão a minha voz.”
B – Imediato:
Detalhes interessantes iniciam a perícope: “Celebrava-se em Jerusa-
lém a Festa da Dedicação”. “Era inverno.” “Jesus passeava no templo, no
Pórtico de Salomão.”
“A Festa da Dedicação” lembrava a rededicação do templo na época
dos Macabeus (165 AC), após o templo ter sido profanado por Antíoco, que
mandara edificar um altar a Zeus e sacrificar porcos. Esta festa é também
chamada “A Festa das Luzes” (Hanuka, ou Chanuka) celebrada até hoje
pelos judeus por oito dias. O conhecido candelabro Hanuka acompanha as
festividades, acendendo-se uma chama a cada noite das festividades. Às
vezes a Festa da Dedicação coincide com as festividades do Natal cristão.
Daí a observação “Era inverno” – no hemisfério Norte.
O “Pórtico de Salomão” ficava no Pátio dos Gentios e era um local que
costumava juntar muito povo.
C – Histórico:
Parece que esta foi a última vez que Jesus frequentou o templo antes
da Entrada Triunfal em Jerusalém (Jo 12.12). Diante das afirmações de
147
IGREJA LUTERANA
TEXTO
B - A resposta:
- “Já vo-lo disse, e não credes.” – Não é a primeira vez que Jesus
confirma ser o Cristo. Mesmo que ele não alardeasse aos quatro cantos
devido aos falsos conceitos existentes a respeito do Cristo/Messias, pe-
dindo inclusive segredo a respeito da sua verdadeira identidade por parte
dos discípulos até após a sua ressurreição, ele nunca negou sua pessoa
e sua missão.
- Suas obras e milagres atestam sua missão de Cristo e sua divindade:
“As obras que faço em nome de meu Pai testificam a meu respeito”. “Crede
ao menos por causa das mesmas obras” (Jo 14.11).
- André, irmão de Simão Pedro, quando conheceu Jesus, testemunhou:
“Achamos o Cristo!” (Jo 1.41).
- Pedro confessou: “Tu és o Cristo!” (Mt 16.16).
- O conteúdo central da pregação dos apóstolos registrada em Atos
pode ser resumido nas palavras finais do sermão de Pedro em Pentecostes:
“Esteja absolutamente certa, pois, toda a casa de Israel de que a este
Jesus, que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo” (At 2.36).
148
QUARTO DOMINGO DE PÁSCOA
C - A incredulidade:
- A reação incrédula dos judeus ajuda a entender a atitude de muitas
igrejas e movimentos da atualidade. Mesmo dizendo-se “cristãos”, seu
enfoque não está na obra vicária do Cristo prometido e enviado por Deus.
Não dão ouvidos à voz do Bom Pastor conforme registrada na Escritura
“porque não sois das minhas ovelhas”. Cumpre-se a profecia de Paulo em
2 Tm 4.3,4: “Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina;
pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças,
como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à
verdade, entregando-se às fábulas”.
- Novas leis e práticas de igrejas que apoiam pecados grosseiros (ho-
mossexualismo, aborto...), segundo tendências e pressões da sociedade,
atestam que muitos se afastaram da Verdade e não são mais parte das
ovelhas e do rebanho de Cristo.
D - O rebanho:
- Na continuidade de sua resposta, Jesus retoma o tema amoroso do
Bom Pastor e da vontade salvífica de Deus.
- Característica maior do rebanho de Cristo: “As minhas ovelhas ouvem
a minha voz, eu as conheço, e eles me seguem.”
- Um dos três pilares da Reforma é Sola Scriptura (somente a Escri-
tura). Lutero sofreu na carne e na alma as consequências de uma igreja
que tinha se afastado da Palavra da Verdade, seguindo seus próprios en-
sinamentos e práticas, enganando o povo e levando-o ao desespero e à
desilusão. Quando Deus lhe foi gracioso e lhe mostrou pela Escritura que
o “justo viverá pela fé”, Lutero procurou de todos os modos compartilhar
esta verdade libertadora e salvadora com todos, baseando-se exclusiva-
mente na Escritura – a Voz do Bom Pastor.
- Uma definição da igreja, segundo Lutero: “Graças a Deus, uma
criança de sete anos sabe o que é igreja, a saber, os santos crentes e os
‘cordeirinhos que ouvem a voz de seu pastor’ (LIVRO DE CONCÓRDIA.
Artigos de Esmalcalde, Terceira Parte, XII, 2. p.338. Arnaldo Schüler, trad.
Porto Alegre/São Leopoldo, Concórdia/Sinodal, 1997 (citado por Linden,
em “Conceito de Igreja” - Internet). - “Cordeirinhos que ouvem a voz do
seu pastor” é a definição de Jesus em nosso texto. Por mais simplório e
ingênuo que isto pareça, mas esta é a verdade e dela não podemos nos
afastar, sob o risco de cairmos na incredulidade e na heresia.
149
IGREJA LUTERANA
E - A promessa:
- Mesmo diante de incrédulos, Jesus não deixa de anunciar a graça
de Deus e garante aos que ouvem a sua voz e o seguem: “Eu lhes dou
a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará das minhas
mãos.” Esta afirmação faz eco a Jo 3.16. A salvação não é apenas dada
de graça, mas também garantida pelo poder de Deus e pela unidade do
Pai e do Filho (vv.29,30).
PROPOSTA HOMILÉTICA
150
QUARTO DOMINGO DE PÁSCOA
151
IGREJA LUTERANA
LEITURAS DO DIA
CONTEXTO
152
QUINTO DOMINGO DE PÁSCOA
153
IGREJA LUTERANA
maldição do inferno. Essa luta contra o diabo jamais poderá ser vencida
sem a ajuda constante do Espírito que Deus colocou em nós.
Esse Espírito não fala qualquer coisa de qualquer forma. Através da
Palavra, Ele aponta para Cristo e sua obra, glorificando o nome do Filho.
E nisso poderemos provar aqueles que dizem possuir o Espírito: se sua
pregação não apontar para Cristo, o Espírito não está neles e sua prega-
ção é falsa.
Vv. 16-18: Jesus disse: “Daqui a pouco vocês não vão me ver mais;
porém, pouco depois, vão me ver novamente” (v.16). Os discípulos não
entenderam o que Jesus quis dizer com estas palavras. Eles não com-
preendiam que em tão pouco tempo (poucas horas) Jesus lhes seria
tomado e crucificado, e novamente em tão pouco tempo (três dias) seria
ressuscitado e eles o veriam outra vez. Além de uma referência à morte
e ressurreição de Jesus, podemos ver nestas palavras uma referência à
ascensão de Jesus, que vai “para junto do Pai”, e seu retorno glorioso
para o dia do juízo final.
O fato é que, para a razão humana, isso tudo é completamente impos-
sível. Sem a ajuda do Espírito Santo, nós também não daríamos crédito
a essas palavras. Essa é a obra do Espírito: revelar a verdade divina, que
é obscura aos olhos do homem pecador.
Vv. 19-22: Como os discípulos não compreendiam as palavras de Jesus,
Ele busca lhes ensinar falando em termos concretos da dura experiência
que teriam de enfrentar: “Vocês vão chorar e ficar tristes” (v. 20).
Choro e tristeza aguardam os discípulos. A palavra “chorar” traz consigo
um sentido de profundo desespero (Lutero traduz por Heulen – chorar ou
uivar, tamanha angústia), chorar amargamente por não enxergar qualquer
possibilidade de a dor ter fim.
Tentemos imaginar o que deve ter passado no coração daqueles dis-
cípulos durante o tempo em que Jesus esteve no sepulcro. O diabo os
maltratou da forma mais violenta possível. A dúvida tomou conta de seus
corações. Será que o Filho de Deus realmente havia sido derrotado? A dor
e a tristeza que aqueles discípulos enfrentaram não era uma dor normal.
O seu coração estava à beira do inferno.
Mesmo quando o ser humano perde algo ou alguém que lhe era muito
importante, ele ao menos ainda tem a Deus. Saber de Deus que a dor
uma hora terá fim traz alívio. Mas o que fazer se alguém perde a Deus?
Não ter Deus perto de si significa perder tudo: consolo, esperança, alegria.
Não pode haver nada mais terrível. Se Deus foi embora, não existe mais
esperança. Tudo se foi! Essa era a situação dos discípulos.
Mas depois da tempestade, Jesus prediz a calmaria. Se aquele pequeno
tempo em que os discípulos não veriam o seu mestre traria momentos de
desespero inimaginável, tamanha dor e luto não durariam para sempre,
154
QUINTO DOMINGO DE PÁSCOA
nem ao menos duraria muito tempo. “Pouco depois” eles o veriam. O seu
mestre ressuscitaria, enchendo os seus corações de alegria, pois jamais
os deixaria novamente, vivendo eternamente à direita do Pai e em seus
corações. Se a alegria do mundo durou três dias, enquanto Jesus esteve
no sepulcro, a alegria dos filhos de Deus será eterna.
Tal paradoxo entre não enxergar fim para o medo e a tristeza, e pou-
co tempo depois nem sequer lembrar mais dos momentos de angústia,
Jesus ensina através do exemplo de uma mulher que está prestes a dar
à luz. Antes de dar à luz, a mulher vê na sua frente apenas medo e dor.
Mas, num instante, está aí a criança. E diante do belo rostinho do filho, a
mulher já se esqueceu do medo passado. Com o filho nos braços, tudo se
transforma em alegria. Ao aplicar essa ilustração para a vida do cristão,
Lutero é cômico ao dizer que nossa vida não é um eterno olhar para o diabo
com os seus chifres e cascos, mas nós poderemos novamente enxergar
a Cristo, e nos alegrar nele.
Mesmo que não enxerguemos um fim para a dor e a angústia, nem
possamos mensurá-las, podemos estar certos de que Deus já determinou
o momento em que elas cessarão, mesmo que o diabo tente nos convencer
do contrário e nos levar ao desespero.
Entretanto, precisamos também estar cientes de que a vida do cris-
tão neste mundo não é apenas paz. Onde Cristo está, a cruz também
estará presente. A vida do filho de Deus é, neste mundo, um constante
revezar entre “daqui a pouco... porém, pouco depois”. Agora podemos
estar vivendo em escuridão e medo, mas daqui a pouco viveremos em
paz e alegria.
O entristecer-se e chorar acompanhou a vida dos apóstolos e acom-
panha a vida de todos os cristãos, os quais procuram dirigir sua vida de
acordo com a vontade de Deus. Quem quer ser um bom pai de família, um
bom patrão, um bom governante, vai sentir na pele o que é a maldade, a
falsidade, a traição. O diabo e o mundo se encarregarão de nos mostrar
diariamente o que é se entristecer e chorar.
Às vezes sentimos na pele aquele “daqui a pouco vocês não vão me ver
mais”. São momentos em que Deus aparentemente se ausenta de perto de
nós. E quando estamos afundados na amargura, não é tão simples aceitar
que aquele “pouco depois, vão me ver novamente” possa ser verdade, e
que uma hora tudo passará e estaremos juntos de Jesus.
O homem, por si só, sabe e entende o que é a dor e a desgraça, pois
este é o seu estado natural. O normal para o ser humano é sentir essa
dor, esse medo, essa aflição sem perspectiva de fim, pois ele se afastou de
Deus, e tudo o que encontra longe de Deus é medo e dor. Por isso, quando
o homem está afundado na desgraça, ele não vê saída para si, pois sabe
que esta faz parte de sua existência; ele a merece. A razão humana não
155
IGREJA LUTERANA
consegue entender que a graça de Deus virá para seus filhos, e que Ele
nos arrancará das garras do diabo.
Deus não permite que aquilo que seria o normal para nossa existên-
cia exerça poder em nossa vida por muito tempo. Em sua graça, Ele nos
preserva maior parte do tempo daquilo que é o nosso estado normal, o
estado de dor e desespero. Por isso, a graça não pode ser entendida, ape-
nas sentida, pois ela é algo que não vem de nós, não faz parte de nosso
ser, mas vem de Deus.
A esperança na qual todos os filhos de Deus podem viver é que toda
a nossa dor e pranto são passageiros, e um dia tudo virará alegria. Não
demorará muito, e veremos a Cristo. E então, quando formos levados para
viver eternamente na Jerusalém celeste, o próprio Deus cuidará de nós e
enxugará de nossos olhos todas as lágrimas. Lá não haverá mais morte,
nem tristeza, nem choro, nem dor, pois as coisas velhas já passaram (Ap
21.4). Então, sim, ficaremos cheios de alegria, e ninguém poderá tirar
essa alegria de nosso coração, pois viveremos eternamente junto de Deus
(Jo 16.22).
PROPOSTA HOMILÉTICA
Ederson A. Vorpagel
Nova Petrópolis/RS
edersonav@yahoo.com.br
156
SEXTO DOMINGO DE PÁSCOA
5 de maio de 2013
LEITURAS DO DIA
157
IGREJA LUTERANA
CONTEXTO HISTÓRICO/LITÚRGICO
158
SEXTO DOMINGO DE PÁSCOA
TEXTO
159
IGREJA LUTERANA
Pai e o Filho, com o Espírito Santo, que é aquele que virá para consolar
os discípulos, bem como orientá-los na difusão do evangelho.
“No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu
venci o mundo.”
Ao proferir estas palavras, era como se Jesus estivesse dizendo para os
seus discípulos: “agora que eu vou partir, e vocês estão se preocupando em
vencer as coisas do mundo com a própria força de vocês. Escutem bem:
eu já venci o mundo por vocês. Vocês vão passar por aflições, provações,
mas eu já as venci em lugar de vocês. E a fé que vocês têm em mim dá
essa vitória a vocês também. Vocês não precisam ficar com tal peso nos
ombros, pensando: ‘eu tenho que vencer o mundo, assim como eu venci’.
Ao contrário, eu já tirei esse peso de vocês, já venci o mundo e também o
príncipe do mundo por vocês, para que vocês tenham paz em mim. Vencer
o mundo foi meu papel. Eu o fiz por vocês e para vocês. Quanto a vocês,
que continuam no mundo, tenham paz em mim. Vocês já o venceram
comigo, e não têm o papel de vencê-lo novamente. O Espírito Santo vos
guiará, será o Consolador de vocês. Por isso, tenham paz em mim.”
160
SEXTO DOMINGO DE PÁSCOA
161
IGREJA LUTERANA
A ASCENSÃO DO SENHOR
9 de maio de 2013
INTRODUÇÃO
LEITURAS DO DIA
Salmo 47: Hino de louvor a Deus, que é rei do mundo inteiro. Canta
a ascensão do povo de Israel sobre outros povos. Destaca que Deus fez
Israel governar outras nações.
Atos 1.1-11: Lucas retoma a exposição sobre a ascensão de Jesus,
destacando que ele permaneceu entre seus discípulos, durante 40 dias, pro-
vando sem deixar dúvida de que estava vivo e que não era um espírito.
Efésios 1.15-23: Paulo agradece a Deus por seus irmãos na fé e pede
para que Deus dê a eles o seu Espírito, que os tornará sábios, a fim de que
conheçam a esperança para a qual foram chamados. Com o mesmo poder
que agiu neles, ressuscitou a Cristo e o assentou ao seu lado direito para
reinar sobre todos os governos celestiais, autoridades, forças e poderes.
162
ASCENSÃO DO SENHOR
que nos foi dado, pessoalmente, por Deus, ou seja, que ao vê-lo ou ao
ouvi-lo fazer ou sofrer alguma coisa, que não duvidemos que ele, Cristo,
com esse fazer ou sofrer, seja nosso, e nisto não nos fiemos menos do que
se nós mesmos tivéssemos feito, sim, como se nós fôssemos o próprio
Cristo. Isso, sim, significa reconhecer corretamente o evangelho, ou seja,
a bondade exuberante de Deus, a qual nenhum profeta, nenhum apóstolo,
nenhum anjo jamais pôde esgotar em palavras, nenhum coração jamais
pôde assombrar-se e compreender o suficiente. Este é o grande ardor do
amor de Deus para conosco. Mensagem alegre, benfazeja e confortadora
(Osel, v. 8, p.173, 17ss.).
Destas coisas somos testemunhas, conforme Lucas 24.48. Testemunhas
do presente, da dádiva, da promessa cumprida, da bondade de Deus em
Jesus Cristo. Os discípulos foram testemunhas do que viram e ouviram.
Proclamaram a morte e a ressurreição de Jesus para arrependimento e
perdão de pecados.
Isso deveria ser a conclusão. No entanto, não é possível atropelar o
texto e simplesmente não ver os acontecimentos. Pairava medo e dúvida
no ar. Jesus tinha ressuscitado de fato? Apenas alguns o tinham visto.
João acrescenta que estavam de portas trancadas, pois tinham medo dos
judeus (Jo 20.19). Os discípulos não estavam preparados psicologicamente
para os acontecimentos ligados à morte, à ressurreição e à ascensão. Na
verdade, a reação deles indica que nem esperavam que Jesus ressuscitasse.
Foram descrentes em relação aos primeiros testemunhos.
Para Lucas, são os apóstolos, os discípulos, que foram comissiona-
dos por Jesus para a proclamação da mensagem do reino, isto é, são as
testemunhas. Definidos, também em Atos, como sendo testemunhas da
ressurreição de Jesus.
Qual é nossa atitude diante das alegações de que a ressurreição de
Jesus não ocorreu? Paulo testifica que, se Jesus não ressuscitou, é vã a
nossa fé.
No grego clássico, o substantivo martyria (testemunha), em seu con-
teúdo léxico, pode ser definido como lembrança refletiva e interrogativa,
“relembrar”, isto é, “chamar para a consciência” alguma coisa que alguém
experimentou que não pode ser negligenciada ou esquecida, e que agora,
neste sentido, é trazida à atenção de outras pessoas, a fim de transmitir
a estas, por meio de declarações apropriadas, o conteúdo desta expe-
riência: aquilo que foi experimentado ficará sendo evidente mediante o
testemunho (DITNT, 2000, p. 2503).
Em vista disso, o ensino apostólico não era e nem estava baseado numa
coletânea de mitos, mas sim, na experiência, na vivência de testemunhas
oculares, pois os principais eventos do ministério público de Jesus foram
realizados na presença de seus discípulos e apóstolos.
163
IGREJA LUTERANA
SUGESTÃO HOMILÉTICA
164
SÉTIMO DOMINGO DE PÁSCOA
12 de maio de 2013
V. 20: aqueles que vierem a crer em mim (RA): Jesus tinha acabado
de falar da missão e da santificação de seus seguidores (vv.18-19). Ele
estava confiante de que eles iriam espalhar o evangelho, e ele orou por
aqueles que creriam como um resultado. Todos os futuros crentes estão
incluídos nesta oração (Concordia Self-Study Bible – CPH).
V. 21: a fim de que todos sejam um (RA): esta parte da oração enfa-
tiza fortemente a unidade. A unidade entre o Pai e o Filho já está dada,
não é algo a ser alcançado (cf. v.11). A unidade é para ser semelhante
a do Pai e do Filho. É muito mais do que a unidade de organização,
mas divisões atuais da igreja são resultado das falhas dos cristãos. A
unidade dos crentes deve ter um efeito sobre as pessoas de fora, para
convencê-las da missão de Cristo. A oração de Jesus é uma repreen-
são às divisões infundadas e, muitas vezes, amargas entre os crentes
(Concordia Self-Study Bible – CPH). Jesus se separou fisicamente dos
discípulos na morte e na ascensão (cf. v.11). O crente é santificado
pelo batismo-morte (Rm 6.2-11) que o separa do mundo e o une a
Cristo. Em conseqüência, os crentes por meio de Cristo participam na
unidade do povo de Deus que é imprescindível, concedida por Deus
e que reflete a unidade da Trindade. É indestrutível, mas facilmente
obscurecida (Bíblia Vida Nova).
V. 22: a glória (RA): a glória do Pai e do Filho estão intimamente co-
nectadas (cf. v.1), e a morte pela qual Jesus glorificaria a Deus conduziria
os crentes à vida eterna (v.2). Os crentes devem ser caracterizados pela
165
IGREJA LUTERANA
humildade e serviço, assim como Cristo foi, e é sobre eles que a glória de
Deus repousa (Concordia Self-Study Bible – CPH).
V. 22: que sejam um, como nós o somos (RA): mais uma vez o Senhor
enfatizou a importância da unidade entre os seus seguidores, e nova-
mente o padrão é a unidade do Pai e do Filho. Cf. Jo 10.30: um: O grego
é neutro – “uma coisa”, não “uma pessoa”. Os dois são um em essência
ou natureza, mas eles não são pessoas idênticas. Esta grande verdade
é o que garante as declarações de Jesus: Eu sou (Jo 6.35; 8.24, 28, 58)
(Concordia Self-Study Bible – CPH).
V. 23: eu neles, e tu em mim (RA): há duas moradas/habitações: a
do Filho nos crentes, e do Pai no Filho. É porque o último é uma realidade
que o primeiro pode tomar lugar (Concordia Self-Study Bible – CPH).
V. 23: completamente unidos (NTLH): mais uma vez a ênfase sobre
a unidade tem um objetivo evangelístico. Desta vez, está ligado não só
com a missão de Jesus, mas também com o amor de Deus pelas pessoas
e por Cristo (Concordia Self-Study Bible – CPH). O amor entre os crentes
reflete a união perfeita entre o Filho e o Pai e assinala a obra salvadora
sobrenatural de Deus (Bíblia Vida Nova).
V. 24: quero (NTLH): a última vontade e testamento de Jesus para
seus seguidores. Onde ele mesmo estava preocupado, ele orou: não seja
o que eu quero, e sim o que tu queres (Mc 14.36 – RA) (Concordia Self-
Study Bible – CPH).
V. 24: estejam também comigo (RA): a maior bênção do cristão (Con-
cordia Self-Study Bible – CPH).
V. 24: a minha glória (RA): talvez usado aqui para se referir ao es-
plendor eterno de Jesus (cf. 1 Jo 3.2). Ou a oração de Jesus pode ter sido
a de que na vida futura eles poderão apreciar plenamente a glória do seu
humilde serviço (cf. Ef 2.7) (Concordia Self-Study Bible – CPH).
V. 25: não te conheceu (RA): eles não conheceram a Deus, direta e
pessoalmente, mas sabiam que Deus tinha enviado Cristo. Reconhecer a
Deus na missão de Cristo é um grande avanço sobre tudo que o mundo
pode saber (Concordia Self-Study Bible – CPH). Conforme João 17.3, co-
nhecer indica aqui não só o aspecto abstrato ou intelectual, mas também
a aceitação, a fé, o amor e a obediência ao Deus verdadeiro e ao seu Filho
Jesus Cristo (cf. Jo 14.7, 9; 16.3; 17.25; 1 Jo 2.3-6, 13-14; 3.1,6; 4.7-8;
5.20) (Bíblia de Estudo Almeida).
Vv. 25-26: Pai justo: os atributos divinos de justiça e santidade se-
param o mundo de Deus (Hb 7.26). Conhecer a Deus pela experiência
da fé real em Cristo traz junto o privilégio de clamar o nome divino, “Pai”
(Bíblia Vida Nova).
V. 26: cf. Mateus 11.27; João 1.18; 14.9 (Bíblia de Estudo Almeida).
V. 26: nome (RA): o nome equivale à própria pessoa (Bíblia de Estudo
Almeida).
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SÉTIMO DOMINGO DE PÁSCOA
COMENTÁRIOS E REFLEXÕES
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IGREJA LUTERANA
HINÁRIO LUTERANO
Hinos do Hinário Luterano que citam o texto de João 17: hino 299 (v.
11 – Povo de Deus); 389 (vv. 11,14,16 – Santificação / Amor e Obedi-
ência); 298 (vv. 17-19 – Povo de Deus); 5 (v. 24 – Advento); 114 (v. 24
– Páscoa); 553 (v. 24 – Canções de Natal).
SUGESTÃO HOMILÉTICA
REFERÊNCIAS
Ezequiel Blum
Balneário Camboriú/SC
ezequielblum@gmail.com
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DOMINGO DE PENTECOSTES
19 de maio de 2013
TEXTOS
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IGREJA LUTERANA
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DOMINGO DE PENTECOSTES
ANÁLISE DO TEXTO
Vv. 23,24: “Se alguém me ama guarda as minhas palavras; e o meu Pai
o amará... e faremos morada nele “x” Quem não me ama não guarda as
minhas palavras”. Para que possamos entender essas afirmações de Jesus,
precisamos lê-las em conjunto com o v.22, onde Judas, não o Iscariotes,
faz uma pergunta a Jesus: “Senhor, como será possível que o Senhor
mostre somente a nós e não ao mundo quem o Senhor é?”. Jesus havia
acabado de falar a respeito do envio do Espírito Santo, do Consolador. O
Espírito Santo ficará no lugar de Jesus como guia e mestre dos discípulos.
Vai ensinar (v.26), falar a respeito de Jesus (Jo 15.26) e trazer julgamento
sobre o mundo que não crê em Jesus (Jo 16.7,8). A pergunta de Judas,
no entanto, visa entender como esse Consolador vai revelar-se e cumprir
a sua missão no mundo. A resposta de Jesus é direta: por meio da minha
Palavra. É por meio dela que aqueles que por fé a guardam no coração
conhecerão o amor do Pai e tornar-se-ão moradas de Deus – Pai, Filho
e Espírito Santo. Jesus abre aos olhos dos discípulos uma realidade “já
e ainda não”. O que se espera para depois, no céu, já é realidade aqui e
agora. O contraste marcado pelo que “ama e guarda as palavras x aqueles
que não amam e não guardam as palavras” é vivido já aqui nesse mundo.
Aos que não “guardarem” (não aceitarem, não ouvirem ou rejeitarem a
palavra) não lhes será mostrado (revelado) Jesus como Salvador e, con-
sequentemente, não estarão unidos com Deus. Em última análise, não
experimentam a realidade do céu já aqui neste mundo.
Vv. 25,26: “Isto vos tenho dito, estando ainda convosco; mas o Con-
solador... esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo”.
Os ensinamentos de Jesus aos discípulos ainda parecem confusos aos
ouvidos desses homens. O seu entendimento, no entanto, será aberto e
eles poderão compreender todos esses ensinamentos quando o Consolador
for enviado. Para que isso ocorra é necessário primeiro que Jesus parta.
A obra do Espírito não é trazer um ensino novo, mas tornar claro todo o
ensino e obra de Jesus.
Vv. 27-29: “Deixo-vos a minha paz”. Essa expressão usada por Jesus
“deixo-vos a minha paz” pode ser compreendida como uma despedida de
171
IGREJA LUTERANA
Jesus aos seus discípulos. Jesus se despede não apenas com um desejo
de paz, mas efetivamente dando a paz. No entanto, podemos perceber
que o ensino de Jesus ultrapassa a cruz (morte, partida); ela encontra-se
com o futuro iminente, ou seja, a ressurreição: “vou e volto para junto de
vós”. Poderíamos dizer que a despedida de Jesus é “um até breve”. Tudo
é ensinado aos discípulos com antecedência para que eles não fiquem
perplexos, nem confusos quando tudo acontecer, mas creiam. Esse crer,
no entanto, está condicionado ao envio do Consolador no Pentecostes
quando, de fato, o entendimento será aberto e tudo que viram e ouviram
fará sentido e eles virão a crer.
Vv. 30,31: “Aí vem o príncipe do mundo”. A hora de Jesus está che-
gando e a realidade da cruz está cada vez mais próxima. Na cruz o plano
da salvação de Deus se tornará concreto e o diabo, o pecado e o mundo
serão vencidos: “Chegou a hora de este mundo ser julgado, e aquele que
manda nele será expulso” (Jo 12.31). Na cruz, o juízo de Deus se tornará
evidente. É na cruz também que Deus estará reconciliando (fazendo as
pazes) com o mundo (2 Co 5.18). Juízo e salvação; perdão e condenação.
Essas são as realidades contraditórias encontradas na cruz. Para aqueles
que amam e guardam as palavras de Jesus, a cruz significa perdão, vida
e salvação; para aqueles que não amam e não guardam as palavras de
Jesus, a cruz significa juízo, morte e condenação.
AUXÍLIO HOMILÉTICO
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DOMINGO DE PENTECOSTES
PROPOSTA HOMILÉTICA
Elton Americo
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DEVOCIONAL
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IGREJA LUTERANA
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EU ENVIAREI O PARACLETO, O ESPÍRITO DA VERDADE
177
IGREJA LUTERANA
178
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