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ECOLOGIA MICROBIANA

ORAL
• van Leeuwenhoek (1632–1723) escreveu no seu caderno de laboratório:
– “I didn’t clean my teeth for three days and then took the material that had lodged in small
amounts on the gums above my front teeth. . . . I found a few living animalcules.”
• Os microrganismos desenhados no seu caderno são alguns dos microrganismos
que existem na cavidade oral incluindo cocus, bactérias fusiformes e
espiroquetas, o que já punha em evidência a complexidade do ecossistema oral.

Kuramitsu et al. 2007. Microbiology and Molecular Biology Reviews.


Pennisi, Science, 2005
A microflora da cavidade oral é muito diversificada em
comparação com outras regiões do organismo
Ecologia Microbiana Oral
• A flora oral é um dos mais complexos ecossistemas associados com superfícies
biológicas.
• É responsável pela formação da placa dentária, um biofilme que se forma na
superfície do dente e compreende uma comunidade diversa de microrganismos,
sobretudo bactérias, envolvidas numa matriz de polímeros de origem quer
microbiana, quer do hospedeiro.
• Os biofilmes orais encontram-se geralmente num equilíbrio dinâmico com o
hospedeiro e são compatíveis com a manutenção da integridade dos tecidos
colonizados.
• Em presença de alterações do ambiente oral, esta microflora causa cárie e
doença periodontal. Torna-se então, absolutamente necessário, perceber a
ecologia da flora oral, para explicar a etiologia da doença oral.
Biofilme oral
Constituição da microflora oral

> É um processo contínuo e dinâmico que


começa nos primeiros dias da vida.
> Sofre alterações com :
– Regime alimentar,
– Alterações anatómicas e fisiopatológicas.
Composição da microflora oral
• A microflora oral é muito complexa.
• O recurso a técnicas de sequenciação dos genes do
RNAr 16S permitiu descobrir que na cavidade oral há
>6 mil milhões de bactérias, representando >700
espécies.
• Cerca de 30-40% das espécies microbianas da boca
são ainda desconhecidas.
• A flora oral é ainda constituída por vírus, fungos e
protozoários.
• Apesar da maior parte da flora oral ser transitória,
cerca de 20 espécies fazem parte da flora autóctone
ou residente.
Estrutura do RNAr 16S e classificação filogenética das Bacteria com base em
sequências dos genes que codificam para o ARNr 16S
Alguns exemplos da microflora normal da boca do Homem

• Cocus Gram positivos:


– Streptococcus viridans
– Staphylococcus coagulase –

• Cocus Gram negativos:


– Veillonella spp. (anaeróbia)
– Neisseria spp. (aeróbia)

• Bacilos Gram positivos:


– Actinomyces spp.
– Lactobacillus spp.
– Bifidobacterium spp.

• Bacilos Gram negativos:


– Prevotella spp.
– Porphyromonas spp.
– Fusobacterium spp.
– Eikenella corrodens
– Haemophilus spp.

• Treponema spp.
• Candida spp.
• Protozoários:
– Trichomonas tenax
– Entamoeba gingivalis

• Difteroides
Anatomia de um dente e dos seus tecidos de
suporte.
Esmalte

Dentina

Sulco gengival

Polpa

Gengiva

Osso alveolar

Ligamento periodontal
Formas de estudar a microflora oral na saúde e na doença

• Aplicações de esmalte para estudar a dinâmica da colonização


microbiana;
• Microarrays para estudar a comunidade microbiana ao nível dos
ácidos nucleicos e da sua expressão em proteínas.
Formas de estudar a diversidade da microflora oral na saúde e
na doença e identificar microrganismos patogénicos
• Estratégias baseadas em PCR:
– denaturing gradient gel electrophoresis (DGGE)
– temperature gradient gel electrophoresis,
– terminal restriction fragment length polymorphism (T-RFLP)
– automated ribosomal intergenic spacer analysis
– denaturing high-performance liquid chromatography (DHPLC)

• Hibridização de sondas oligonucleotídicas marcadas com enzimas ao ADN (genes


que codificam para os RNAr 16S) das diferentes espécies bacterianas existentes na
boca previamente colocado em tiras de nylon (Genomic checkerboard approach)

• Reverse capture chekerboard approach- Neste caso as sondas oligonucleótidos


homólogos de genes dos16S RNAr de microrganismos conhecidos estão presentes nas
tiras de nylon e a elas se adiciona ADN dos genes RNAr16S dos microrganismos
presentes na boca dos doentes
– O ADN dos microrganismos dos doentes é amplificado por PCR com primers
marcados com compostos que emitem fluorescência o que permite depois
determinar os resultados da hibridização.
Resultados de uma reacção de hibridação utilizando o reverse capture
chekerboard approach
Formas de estudar a diversidade da microflora oral na saúde e
na doença e identificar microrganismos patogénicos
• Estratégias baseadas em PCR :
– denaturing gradient gel electrophoresis (DGGE)
– temperature gradient gel electrophoresis,
– terminal restriction fragment length polymorphism (T-RFLP)
– automated ribosomal intergenic spacer analysis
– denaturing high-performance liquid chromatography (DHPLC)

• Hibridização de sondas produzidas a partir de genomes de microrganismos conhecidos em


tiras de nylon contendo misturas de ADN extraído dos microrganismos existentes na placa
dentária de indivíduos saudáveis ou indivíduos doentes (Genomic checkerboard Approach)

• Reverse capture chekerboard approach- Neste caso as sondas_oligonucleótidos homólogos


de genes RNAr16S_ estão presentes nas tiras de nylon e a elas se adiciona o ADN
amplificado dos microrganismos dos doentes (dos genes RNAr16S). O ADN é amplificado
com primers marcados com compostos que emitem fluorescência o que permite depois
determinar os resultados da hibridização.

• Sequenciação e análise comparativa de genomas integrais ou ADN


codificante para o ARNr 16S
Genomas de bactérias que causam patologia oral
sequenciados até 2005

Pennisi, Science, 2005


Human Oral Microbiome Database em 2011
Em 2012 há 1199 genomas bacterianos depositados na
Human Oral Microbiome Database
Em 2015

Nº de genomas Nº de taxas
conhecidas
Nº de espécies com
Pelo menos um genoma sequenciado

USA França China


Formas de estudar a diversidade da microflora oral na saúde e na doença e
identificar microrganismos patogénicos

• Sequenciação e análise filogenética dos genes que codificam para o 16S rRNA

sequenciação
Novas formas de quantificar a microflora oral:
PCR em tempo real
Pirosequenciação para estudar
o microbioma oral
Análise quantitativa da microflora oral:
PCR em tempo real
PCR em tempo real com sondas TaqMan

A enzima Taq DNA


Polimerase tem
actividade 5’
exonucleásica e esta
propriedade é explorada
pelas sondas TaqMan

Holland PM, Abramson RD, Watson R & Gelfland DH (1991). Detection of specific polymerase chain reaction product by utilizing the 5'-->3'
exonuclease activity of Thermus aquaticus DNA polymerase. Proceedings of the National Academy of Sciences USA, 88: 7276-7280.
Roche Diagnostics

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Compact footprint requires little space.
•Superior assay performance
Highly sensitive and highly specific, with a broad dynamic range.
Hibridação in-situ com sondas nucleotídicas
fluorescentes (FISH)
Identificação de bactérias orais por cultura
Ecossistemas primários ou nichos ecológicos da
cavidade oral

• As principais regiões de colonização microbiana na cavidade oral


incluem:
– Dorso da língua
– Mucosa oral
– Saliva
– Superfícies dentárias
– Sulco gengival
– Materiais bio-compatíveis

• Estes nichos ecológicos possuem diferentes características


químicas, físicas e nutricionais, que irão permitir o
desenvolvimento de diferentes espécies microbianas.
Nature, 2012
Microflora do dorso da língua
(105-106 bactérias/ml)
• Dorso da língua:
– 45% cocos Gram positivos anaeróbios aerotolerantes (ex. Streptococcus parasanguinis e S. salivarius),

– 16% cocos Gram negativos anaeróbios estritos (ex: Veillonella spp.)

– bacilos Gram positivos anaeróbios facultativos (ex: Actinomyces spp.).

Nature, 2012
Microflora da mucosa oral (105-106 bactérias/ml)

• Mucosa oral: A sua microflora, com excepção dos lábios e da

gengiva, é essencialmente constituída por cocos Gram positivos

anaeróbios aerotolerantes, especialmente por estreptococos.


Saliva e superfícies dentárias
• Saliva: não se encontra uma flora microbiana própria.
– Todos os organismos isolados apresentam um carácter
transitório e vão depender dos outros ecossistemas
primários.

• Superfícies dentárias: oferecem superfícies muito


estáveis para a colonização microbiana em biofilme.
– A composição do biofilme vai depender dos diferentes tipos
de placas dentárias que se estabelecem.
A placa dentária tal como outros
biofilmes assemelha-se a um tecido
• A placa dentária é um biofilme composto por múltiplos
microrganismos que apresenta características de
comunidade.
• Os membros microbianos da placa dentária têm co-
dependência fisiológica (têm metabolismos complementares
em que, por exemplo, uns microrganismos produzem
nutrientes para os outros) e mecanismos de resposta à vida
em comunidade (por ex. as respostas genéticas típicas de
quorum sensing).
• Uma vez que cada bactéria contribui para a estrutura e
função do biofilme, os biofilmes mimetizam tecidos.
Tipos de placa bacteriana associados com as diferentes
superfícies dentárias
Placa de
Placa das superfícies fissura
lisas do dente
(supragengival)

Subgengival Placa associada


Placa das superfícies a aplicações
proximais
(supragengival)
Placa dentária supragengival
• Começa com a película exógena adquirida à qual as bactérias se ligam
rapidamente.
– A película é derivada de constituintes da saliva que são selectivamente adsorvidos à
superfície do dente. Nos seus componentes incluem-se albumina, lisozima, amilase,
imunoglobulina A, proteínas ricas em prolina (PRPs) e mucina.
– Os colonizadores iniciais são cocos Gram +, principalmente Streptococcus sanguinis
(dantes S. sanguis).
Placa dentária subgengival:
ocorre no sulco gengival e dá origem à doença periodontal

O sulco Esmalte

gengival
Dentina
possui:
Sulco gengival
• Um
Polpa
ambiente
Gengiva
anaeróbio
• Possui
nutrientes Osso alveolar
essenciais Ligamento
para periodontal

bactérias
anaeróbias
Composição microbiana do sulco gengival em
estado de saúde periodontal

• Num estado de saúde periodontal


(profundidade máxima do sulco: 2-3 mm)
predominam:
– cocos G+ anaeróbios facultativos (50%)

– bacilos G+ anaeróbios facultativos (18%).


Flora do sulco gengival em caso de doença periodontal

 Muito abundante (1011/g).


 Composta em 80% por anaeróbios estritos:
 Bacteroides spp. (melaninogénicos).
 Fusobacterium nucleatum Junção
cimento-esmalte
 Peptostreptococcus spp.
 Veillonella spp.
 Treponema microdentinum
 Campylobacter sputorum.
Outras superfícies da cavidade oral

– Lábios
– Bochecha
– Palato
– Gengiva
– Amígdalas

Podem conter floras distintas mas ainda não


foram suficientemente estudadas.
Aquisição da microflora oral ao longo da vida
• Anterior ao nascimento
– Antes do nascimento, a boca é estéril
• Nos primeiros dias de vida
– Durante o parto a flora vaginal entra na boca do bebé
– Mais tarde surgem microrganismos provenientes da mãe e
pai, enfermeiras, toalhas, biberão e meio ambiente do
hospedeiro _ a maioria destes microrganismos não coloniza a
boca da criança
– Entre os microrganismos que colonizam a criança incluem-
se:
• Estreptococos (primariamente S. mitis mas também alguns
S. salivarius)
• Neisseria spp.
• Haemophilus spp
• Lactobacillus spp (aeróbios ou facultativos)
Aquisição da microflora oral

• Anterior ao nascimento
• Nos primeiros dias de vida
• Anterior à erupção dos dentes
– Flora inclui Streptococcus vestibularis
Aquisição da microflora oral
• Anterior ao nascimento
• Nos primeiros dias de vida
• Anterior à erupção dos dentes
• Após erupção da dentição primária
– A erupção dos dentes modifica a cavidade oral
significativamente uma vez que aparecem
superfícies dentárias de fácil colonização
bacteriana;
– Desenvolve-se o sulco gengival
Aquisição da microflora oral
• Anterior ao Nascimento
• Nos primeiros dias de vida
• Anterior à erupção dos dentes
• Após erupção da dentição primária
• Infância e adolescência
– A microflora oral é gradualmente adquirida
durante a infância e adolescência.
– Um pouco antes da idade adulta todos os
membros da flora residente estão presentes.
Aquisição da microflora oral
• Anterior ao nascimento
• Nos primeiros dias de vida
• Anterior à erupção dos dentes
• Após erupção da dentição primária
• Infância e adolescência
• Adultos e terceira idade
– Prevotella melaninogenica, P. intermedia e P. loescheii são
comuns no periodonto saudável.
– Os anaeróbios Gram negativos com pigmento negro estão
presentes nos indivíduos idosos com ou sem prótese.
– Não se isola Porphyromonas gingivalis ou Aggregatibacter
actinomycetemcomitans
Adultos e terceira idade

• Comparando os indivíduos com >70 anos com


os com <40 anos:
– Aumentam os lactobacilos, estafilococos e
Candida na saliva;
– Aumenta Actinomyces viscosus na placa
Estas alterações não estão relacionadas com a
introdução de próteses ou doença e sim com a
maturação do biofilme oral.
Formação do biofilme oral
• Desenvolve-se em quatro http://www.unesp.br/prope/projtecn/Saude/Imagens/Saude02_1.jpg

fases distintas:
– Formação da película
adquirida
– Colonização primária
– Colonização secundária
– Biofilme estável
Formação da película adquirida e colonização
primária
• A película adquirida é constituída por constituintes da saliva que
se adsorvem especificamente às superfícies de apatite do dente.
Incluem-se aqui como vimos anteriormente:
• lisozima
• albumina
• amilase
• imunoglobulina A
• proteínas ricas em prolina (PRPs)
• mucinas
• As bactérias ligam-se à película e são retidas mecanicamente
entre o material da película.
• Forma-se uma monocamada constituída por bactérias individuais
ou pequenos grupos de bactérias_ colonização primária.
Superfície oral preferida para colonização primária
por diferentes espécies de Streptococcus

• Tecidos duros
– S. mutans
– S. sanguinis
– S. gordonii
– S. oralis
– S. mitis
• Tecidos moles
– S. salivarius
Colonização primária
• Os Streptococcus spp. multiplicam-se e bacilos Gram +
ligam-se aos cocos.
• Os dextranos facilitam a agregação do S. mutans em
estruturas designadas por maçaroca de milho.
• Os Actinomyces spp. colonizam a margem gengival.
• Nas placas de fissura podem existir alguns lactobacilos.
– Os lactobacilos não são capazes de se ligar ao dente ou formar
placa. Contudo, podem ficar retidos mecanicamente nas fossas e
fissuras do dente.
• Na ausência de doença periodontal o processo termina.
Co-agregação dos Streptococcus mutans
em estruturas maçaroca de milho
• Estrutura de co-agregação constituída por
cocos dispostos em torno de um bacilo
central ou filamento.

Image source: http://www.zahnarzt-stuttgart.com/prophy_streptococcus_mutans.png


Colonização secundária
• Começa entre os 3-5 dias após o início da formação da película adquirida.
• As bactérias que estavam em quantidades insignificantes começam a
aumentar o seu número, enquanto outras já estabelecidas quase
desaparecem; surgem também novas bactérias.
• As alterações microbianas que se produzem estão ligados a diversas causas:
– Metabolização dos diferentes nutrientes existentes (capacidade de metabolizar os
nutrientes iniciais e/ou os produtos do metabolismo dos colonizadores iniciais),
– Produção de peróxido de hidrogénio (H2O2), por exemplo, pelo metabolismo
fermentativo das bactérias anaeróbias facultativas
– Produção de bacteriocinas
– Consumo de oxigénio à exaustão
• as bactérias aeróbias vão sendo substituídas pelas bactérias anaeróbias
(estritas e facultativas).
Exemplos de interações competitivas entre Streptococcus mutans e outros estreptococos
orais (S. gordonii, S. oligofermentans e S. sanguinis)
Biofilme estável e definitivo:
placa madura
• O biofilme estável ou definitivo é atingido em 2 a 3
semanas.
• Constitui-se uma placa relativamente estável, placa
madura, e em equilíbrio. A sua composição microbiana
varia muito pouco.
• Numa placa madura:
– as camadas mais profundas ficam privadas de oxigénio assim
como de nutrientes,
– os produtos do metabolismo bacteriano acumulam-se,
– verifica-se uma redução gradual no número de organismos
vivos, de tal forma que exames microscópicos revelam
espaços vazios pela autólise de algumas bactérias.
Observação de uma placa inicial ao microscópio electrónico.

Observação de uma placa madura por


microscopia electrónica. As estruturas
semelhantes às “maçarocas de milho” são
visíveis à superfície da placa.

Retirado de H.F: Wolf. Atlas de Parodontologie 1986. Médecine-Sciences Flammarion).


O iodo liga-se a α-1,4 glucanos,
tais como o glicogénio ou amilose,
que as bactérias armazenam em
corpos de inclusão

Fotografia de placa dentária que se caracteriza pela acumulação de massas


globulares de coloração branco-amarelada.
Dinâmica evolutiva da placa
bacteriana

(Gram +) Placa jovem (anaeróbios facultativos)

• Sobreposição de bactérias.
• Consolidação de estruturas
∗ Bactérias filamentares
∗ Pares de coagregação
(Gram +/-) Placa Madura (+ anaeróbios)
Formação da Placa Supragengival

Placa com 24 horas

Película adquirida (3
horas)
Formação da Placa Supragengival (cont.)

Placa com 48 h. Aumento de Placa com 96 horas. Prevalência de


microrganismos filamentosos microrganismos filamentosos (f) e
formas espiraladas (e)
Diferenças entre uma placa
supragengival inicial e madura

Placa inicial Placa madura


Coloração de Gram Gram (+) Gram (+); com alguns Gram (-)

Morfologia Cocos e bacilos Cocos; Bacilos; Espiroquetas

Metabolismo Facultativo Facultativo e anaeróbio


energético

Tolerância pelo Geralmente bem tolerado Pode causar cárie e gengivites


hospedeiro
Espécies presentes na placa supragengival

Paul E. Kolenbrander et al. 2010. Oral multispecies biofilm development and the key role of cell-cell distance. Nature Reviews
Microbiology 8, 471-480.
Factores que influenciam a composição e maturação da
placa dentária

1-FACTORES BACTERIANOS
A) Produtos extracelulares:
• Glucanos (esqueleto da placa)- polímeros de glucose
• Frutanos (fonte de energia)- polímeros de frutose
B) Interacções bacterianas: Reacções de co-agregação.
C) Ecologia da placa:
– Mudanças da dieta.
• Por exemplo, a ingestão de açucares favorece a presença de bactérias acidúricas (que
toleram bem o pH ácido);
– Ausência de oxigénio no meio
• Favorece crescimento de bactérias anaeróbias;
– Interacções nutricionais facilitam a sucessão bacteriana
– Produção de bacteriocinas que condicionam o crescimento de
determinadas espécies bacterianas.
Exemplos de interações entre Streptococcus mutans e outros
estreptococus orais (S. gordonii, S. oligofermentans e S. sanguinis)
Factores que influenciam a composição e maturação da
placa dentária
1-FACTORES BACTERIANOS
A) Produtos extracelulares:
B) Interacções bacterianas
C) Ecologia da placa
D) Presença de pilis comuns nas bactérias Gram
negativas que funcionam como adesinas
– Facilitam colonização bacteriana porque permitem a ligação
da bactéria a receptores glicoproteicos na superfície celular.
Adesinas e adesão bacteriana
• A adesão envolve interações
químicas complementares entre
a célula do hospedeiro ou a
superfície de um tecido e a
superficie bacteriana.
• Esta interação é feita por
adesinas bacteriana que se
ligam covalentemente a um
receptor presente à superfície
do hospedeiro.
• As adesinas bacterianas são
componentes químicos das
cápsulas, paredes celulares, pilis www.bact.wisc.edu/.../Normalflora.html

ou fimbrias.
• Os receptores celulares são
normalmente glicoproteínas
localizadas na membrana
celular ou na superfície dos
tecidos.
Exemplos de adesinas e de regiões de adesão em tecidos
humanos
www.bact.wisc.edu/.../Normalflora.html

Bactéria Adesina Local de ligação


Streptococcus pyogenes Cell-bound protein (M-protein) Pharyngeal epithelium

Streptococcus mutans Cell- bound protein (Glycosyl transferase) Pellicle of tooth

Streptococcus salivarius Lipoteichoic acid Buccal epithelium of tongue


Cell-bound protein (choline-binding
Streptococcus pneumoniae protein) Mucosal epithelium

Staphylococcus aureus Cell-bound protein Mucosal epithelium


Neisseria gonorrhoeae N-methylphenyl- alanine pili Urethral/cervical epithelium
Enterotoxigenic E. coli Type-1 fimbriae Intestinal epithelium
Uropathogenic E. coli P-pili (pap) Upper urinary tract
Bordetella pertussis Fimbriae ("filamentous hemagglutinin") Respiratory epithelium
Vibrio cholerae N-methylphenylalanine pili Intestinal epithelium
Treponema pallidum Peptide in outer membrane Mucosal epithelium
Mycoplasma Membrane protein Respiratory epithelium

Chlamydia Unknown Conjunctival or urethral


epithelium
Factores que influenciam a composição e maturação da
placa dentária
2-FACTORES DO HOSPEDEIRO
A) Mecanismos mecânicos de limpeza oral
B) Microflora residente
C) Saliva
– Fluxo
– pH (6,5-7,2 dentes saudáveis; com muitas cáries e após ingestão de
alimentos açucarados o pH baixa para 5,5 );
– Presença de lactoperoxidase, lactoferrina, lisozima e glicoproteínas
salivares
– A lactoperoxidase juntamente com o tiocianato e o peróxido de
hidrogénio gera hipotiocianato que é um potente inibidor das
enzimas glicolíticas bacterianas, sobretudo das
estreptocócicas.
Factores que afectam a colonização da mucosa
oral
Factores que influenciam a composição e maturação da
placa dentária

2-FACTORES DERIVADOS DO HOSPEDEIRO


A) Mecanismos mecânicos de limpeza oral
B) Saliva (fluxo e composição)
C) Resposta imunitária do hospedeiro
Secreções orais : IgA
Fluido gengival: leucócitos, IgG, IgM, complemento, etc.
Diagnóstico da infecção por HIV no
fluido gengival com o teste rápido
OraQuick Advance HIV-1/2
• Detecta anticorpos anti-HIV das
classes IgA, IgG e IgM

• Utilização simples com fluido


oral. Também pode ser usado
com sangue total ou plasma.

• Conservação à temperatura
ambiente

• Permite o diagnóstico da infecção


por HIV-1 e HIV-2 com elevada
sensibilidade e especificidade

• Resultados em 20 minutos
Os resultados leêm- se ao fim de 20 – 40 minutos

Positivo Negativo

Controlo
de reacção
Positivo
HIV-1/2
Placa subgengival
• A placa subgengival está presente no sulco gengival em
situações em que há alterações no periodonto
(periodontite)

• Esta placa é constituída essencialmente por espiroquetas e


bacilos Gram negativos.

• Possui uma baixa tensão de O2 que facilita o


desenvolvimento de bactérias anaeróbias.

• O sulco gengival é banhado por fluido gengival, um


derivado do plasma que contem uma grande quantidade de
anticorpos e outros componentes imunológicos activos,
como as proteínas de complemento.

• Em contraste com a saliva em que predominam os IgAs,


no fluido gengival predominam os IgGs.
Composição da placa subgengival
• Devido aos problemas de recolha de amostras a partir do sulco
gengival e à contaminação com microrganismos procedentes de
outros ecossistemas primários, a composição da placa
subgengival é ainda mal conhecida.

• A placa subgengival está intimamente relacionada com a


supragengival, especialmente com a que está situada mais próxima
da união dento-gengival.
• Existem, no entanto, diferenças na microflora das placas supra- e
subgengival.
Diferenças entre uma placa supragengival madura e
uma placa subgengival

Placa supragengival Placa subgengival

Gram +/- -

Morfologia Cocos, bacilos filamentosos Bacilos e espiroquetas

Metabolismo Facultativo Anaeróbio

Fonte energética Fermentação de carbohidratos Muitas formas proteolíticas

Mobilidade Aderentes à matriz Aderência menos pronunciada,


com muitas formas móveis

Tolerância do Pode causar cárie e gengivite Pode causar gengivite e


hospedeiro periodontite
Factores que determinam as diferenças na
composição das placas supra- e subgengival

• Estrutura anatómica do sulco gengival


• Diferenças de pH
• Potencial de oxido-redução
• Características do fluido gengival.
Estrutura anatómica do sulco gengival

• Em condições fisiológicas, este espaço pode apresentar


uma profundidade máxima de 1-3 mm.
• O acesso ao resto da cavidade oral está limitado, o que
proporciona um ambiente especialmente anaeróbio.
• Por outro lado, os microrganismos aqui existentes estão
muito protegidos dos mecanismos de defesa
mecânicos do hospedeiro, o que faz supor não
necessitarem de mecanismos especiais de adesão.
Diferenças de pH

• O pH do sulco gengival é mais alcalino (≅ ≅ 8,2)


do que o da saliva (≅ ≅ 6,5-7,2) e possui
concentração elevada de sais de cálcio, fósforo e
magnésio que provêm do exsudado que constitui
o líquido gengival.
• Uma vez que pode ocorrer precipitação dos sais a
pH alcalino, há uma grande tendência para a
formação de cálculo subgengival.
Cálculo subgengival
• A placa subgengival pode
calcificar por acção do
cálcio e fósforo presentes
na saliva.
• O depósito mineralizado é
designado por cálculo ou
tártaro neste caso com
localização subgengival.
• O tártaro não pode ser
removido por escovagem
e fornece uma superfície
rugosa com maior área
de colonização
bacteriana.
Potencial de oxido-redução

• O potencial redox do sulco gengival é muito


baixo devido às condições anatómicas do sulco.

• Verifica-se a presença de um ambiente


fortemente reduzido com baixo teor em
oxigénio o que favorece o crescimento de
bactérias anaeróbias.
Características do fluido gengival
• Contém:
– abundantes elementos nutritivos,
– enzimas,
– imunoglobulinas,
– factores do complemento
– Células de diferentes tipos, incluindo células
epiteliais e macrófagos

• Todos actuam como determinantes ecológicos


da placa subgengival.
Fontes de nutrientes para as bactérias
na cavidade oral

• Fluido gengival
• Dieta
• Saliva
• Produtos do hospedeiro
• Produtos bacterianos
Fluido gengival
• O fluido proveniente do sulco gengival contém:
– Proteínas séricas incluindo imunoglobulinas IgG
– aminoácidos
– vitaminas
– Glucose
• Normalmente o fluido gengival é protector:
– promove a limpeza das bactérias não aderentes e
respectivos produtos bacterianos.
– promove a entrada na área oral de células fagocíticas
e anticorpos.
Dieta:
Consistência física da dieta

• Todos os alimentos que fiquem retidos nos


dentes, como por ex. as batatas fritas, são
apenas parcialmente degradados o que se traduz
na produção de ácidos.
• Os ácidos mantém-se em contacto com o dente
durante um período prolongado de tempo e
seleccionam microrganismos acidúricos.
Dieta:
Frequência de ingestão de alimentos
• A frequência de ingestão de alimentos sólidos e líquidos
é importante para a formação da placa.
• Os sumos e outros líquidos com açúcar devem ser
engolidos rapidamente e retirados da boca. Se a ingestão
for contínua, os dentes são continuamente banhados no
fluído.
• Se o fluído contém um açúcar fermentável irá produzir-
se ácido que actua continuamente sobre os dentes e
selecciona microrganismos acidúricos.
Papel dos açucares da dieta na adesão
bacteriana

GLUCOSE ⇒ Secreção de polímeros designados glucanos que permitem a


adesão bacteriana às superfícies.

FRUTOSE ⇒ Os frutanos facilitam a adesão bacteriana às células da


mucosa oral e ao esmalte dentário.

Principais beneficiários:

Streptococcus salivarius e S. mutans


Saliva:
Importância na regulação da placa

• A saliva contém:
– Glicoproteínas
– aminoácidos
– glucose
– outras substâncias químicas digeríveis
• Estes materiais mantém o pH da boca a 6,5-
7,2 (se não houver muita placa!!!)
Produtos do hospedeiro
• Elevada taxa de descamação das células
epiteliais que podem fornecer nutrientes para
as bactérias da boca depois de lisadas.

• As células fagocíticas entram na cavidade oral


a partir da zona gengival:
– Estas células são lisadas pela hipotonicidade da
saliva e há libertação do seu conteúdo tornando-o
disponível para as bactérias.
Fontes nutricionais na cavidade oral

• Dieta
• Saliva
• Fluido gengival
• Produtos do hospedeiro
• Produtos bacterianos
Interacções nutricionais inter-bacterianas com
influência na maturação da placa dentária

(retirado de Slots, J. and M. Taubman (1991). Contemporary Oral Microbiology and Immunology.
Mosby Year Book, St. Louis.)
Algumas dúvidas que persistem
• Que fenómenos podem explicar a diversidade
microbiana que existe nos diferentes locais
anatómicos da cavidade oral?
• Porque é que a placa supragengival contém
menos microrganismos Gram negativos que a
placa subgengival?
• Quais os factores bacterianos relacionados com o
estabelecimento da placa subgengival?
• Qual a contribuição da genética do hospedeiro
para formação da placa?
Factores genéticos do hospedeiro que podem determinar alterações
na composição da microflora oral

• Periodontal disease (gingivitis and periodontitis) is a chronic bacterial infection.


• Besides the pathogenic microflora that causes periodontitis, genetics can also con-
• tribute to disease risk. Genetic studies have shown that approximately half of the
• population variance in chronic periodontitis is attributable to genetic factors. A
• genome-wide association study on aggressive periodontitis identified an intronic
• variant in the gene GLT6D1, which is expressed in gingiva (Schaefer et al., 2010).
• The G allele of the variant is found in 12% more of the periodontitis cases than
• in controls, and the variant appears to lie in a GATA-3 transcription factor binding
• site. Furthermore, the authors show that the disease-associated G allele has reduced
Khan et al., PlosPathogens 2015

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