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RESUMO
Os escritos a seguir tem como proposito estabelecer uma relação entre Raul Seixas
e a CONTRACULTURA, para isso parte-se de um reflexão sobre o paralelo feito por
Luiz de Lima Boscato cria entre Raul e os movimentos de rebelião sociais juvenis,
colocando-o como um arauto destes, traçando pontos convergentes entre os ideais
da Lei de Thelema e suas ações. Estabelecendo também um pensamento e um
paralelo da relação que Vitor Cei estabelece, entre as mudanças das eras Astrais e
a sua influencia no pensamentos daqueles que questionariam as ordens estaticas
estabelecidas pelo discurso tecnocrático da sociedade, este que abrange toda uma
gama, sendo representado principalmente pelos ditos tecnicos especialistas, que
aprovam e comprovam tudo o que é conveniente a esse discurso da Tecnocracia,
para isso ele compara o novo e o velho Aeon. Caracterizando o perfil da formação
praticamente autoditada que vem desde sua infância passando por uma
adolescencia desajustada e os pensamentos de um adulto que através de suas
letras procurava transmitir a mensagem do faça o que tu queres a de ser tudo da lei,
principio da Lei de Thelema que o acompanhou até o fim da vida.
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I – Introdução
O artigo a seguir foi fustigado por toda uma infância, regada a esse
Rock’n Roll raulseixista. Melodias que conquistam com sua pluralidade de ritmos,
que passeiam pelo baião, pelo samba, blues e tango, músicas estas que revelam
cada qual à sua maneira, essa metamorfose ambulante.
1
Historiadora graduada em 1992 pela Pontíficia Universidade Católica da cidade de São Paulo cuja
monografia versava sobre a Caça as Bruxas e o Tribunal da Inquisição na Idade Média.
2
É daí que Raul Seixas explica seu apelido de Raulzito. Segundo ele, seu avô era Raulzão, seu pai
Raul e ele Raulzito.
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e Schopenhauer, entre outros, para tentar uma melhor compressão do mundo em
que vivia.
O contato com o rock por parte de Raul Seixas se da, pois este é
vizinho da embaixada americana, tendo contato desde muito jovem com a Rock´n
Roll estadunidense e logo se torna fã de diversos ícones dessa música.
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temporalidade e onde está localizado este objeto.
Para tal tarefa faz-se necessário à opção por
recortes que trazem algumas precauções à tona e
encobrem outras, as quais são consideradas de
menor importância. Desse modo, a decisão do
recorte cabe unicamente ao historiador. Entende-se,
portanto, que ao executar suas escolhas, o
historiador age de maneira parcial. Ele executa um
trabalho limitado, arbitrário e inacabado. Diante da
totalidade pressuposta, mas, inapreensível do
passado, o historiador comete seu primeiro ato de
arbitrariedade: cria seu objeto.
(Giannattasio/Bordonal 2011 p.6)
3
Poeta e doutor em História pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da
Universidade de São Paulo e o texto em questão trata-se de uma tese de doutorado que foi produzida
entre 2003 e 2006, ano em que foi defendida no programa de pós-graduação em História Social do
CFLCH da USP,
4
Dissertação de mestrado do programa de pós-graduação em Letras da Universidade Federal do
Espirito Santo, Centro de Ciência Humanas e Naturais.
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Com isso procurando analisar que o entendimento dessa relação,
que em muitos casos pode se dizer como anacrônica, já que o próprio Raul nunca
se denominou contracultural. Mas que, no entanto, pode ser estabelecida, pois como
já foi dito acima, o próprio recorte feito para o trabalho historiográfico já é repleto de
contradições, pois este parte da concepção muito particular, já que se estuda um
determinado fato em detrimento de uma série de outros.
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isolacionista, ou da espera de
providencias vindas de deus ou do
Além.(...)” (Boscato, p.28. 2006).
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que segundo o autor é uma maneira de conivente de conviver, sem
se preocupar, com a realidade ao seu entorno.
Vemos que pelo conteúdo de suas músicas, não apenas esta, mas
ela é exemplo claro, Todo Mundo Explica, na qual Raul diz: “Antes de ler o livro que
o guru lhe deu você tem que escrever o seu”, os princípios pregados por Raulzito
são de autoconhecimento, para conhecer a si mesmo e as suas vontades, que
ninguém tem um plano pronto que vai melhor se encaixar na sua vida seja ele um
livro, ou mesmo um messias.
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como já foi dito anteriormente como um arauto revolucionário, que buscava
transformar os outros indivíduos ao invés de si, para se modificar rumo a uma
revolução anarquista, que se baseava em princípios místicos, filosófico, político e
religioso para a transmutação social, o que parece ir contra os princípios bradados
por Raul ao longo de sua vida, já que este pregava que cada um deveria
compreender a si mesmo, e para que se sentisse a necessidade, transformar toda a
realidade ao seu redor, já que esta é uma construção deveria ser uma construção
muito particular de cada individuo.
I I I - A C o n t r a c u l t u r a u m p a r a d o x o e n t r e n o v o e v e l h o Ae o n .
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Doutrina essa, segundo o autor, muito semelhante à
ideologia burguesa, de acumular para um futuro melhor, não
havendo nada que pudesse se por contrariamente a isso, seja
força da natureza, seja, do plano apenas das ideias, passando até
mesmo pelo campo do transcendente, essa doutrina se blinda sob
uma gama de mantos, estes criados por discursos que vão desde
a influência do capital especulativo, à manipulação do desejo, que
tem como suporte todo um corpo técnico especializado.
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controlando o que se pensa, o que se faz, ou como se faz, como
CONTRACULTURA.
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Mas você não quer prefere dormir e não ver
Por que você faz isso por quê?
Será que é medo?
Por quê? Você faz isso com você?
Você faz isso com você?
Ao longo dela Raul, propõe uma reflexão interna dos indivíduos, para
com isso repensarem suas ações diárias, mecanizadas, que segue o fluxo desse
grande discurso do “futuro progressista”, seguindo os padrões, esses como já
chamados anteriormente “heróis dos dias úteis” (Seixas at. al., 1971) passam a vida
com suas esposas, seus empregos sem ao menos se perguntarem por que fazem
isso e mais ainda, se estão satisfeitos com suas ações ao longo desse burocrático
cotidiano.
É esta reflexão por parte dos indivíduos, que pode fazê-lo repudiar
esse discurso burocrático e tecnocrático como no caso de Raul Seixas, em que ele
percebeu que através deste autoconhecimento, desse entendimento interno é que
se poderia alterar a realidade que se mostrava tão objetivamente dura ao seu redor,
já que este não se encaixava em normas e padrões.
Nota-se então que, de certa forma, para driblar todos estes sistemas
de discursos impositivos, que propunham o controle mais intenso da vida das
pessoas, através desta tecnocracia que se coloca como o centro do universo, Raul
Seixas, influenciado por uma mudança de eras astrais, que teve seu mais famoso
interprete em Aleister Crowley, cujas ideias, Raul interpretou, propondo a cada
indivíduo que se questionasse para maior compreensão de si mesmo, e com isso,
compreender e até modificar toda a realidade ao seu entorno com o poder da sua
vontade contaminando o todo, as massas e não o contrario, essa seria a postura
contracultural de Raul traçada por Cei.
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IV - Considerações Finais
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seu redor deixa de existir, as mulheres são relegadas ao simples papel de esposa, e
toda relação de respeito entre pessoas e meio na qual elas vivem ganha um
contorno comercial.
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Valorizando tudo aquilo que era tido como maldito pelos modernos seguidores da
Era de Osíris, como a magia preconizada por Crowley, uma relação mais harmônica
com a natureza, e acima de tudo Cei via na figura de Raul um questionador, que de
certa maneira através de sua música influenciava um número grande de pessoas.
Entende-se então que Raul percebeu que não importava o quão era
grande a sua vontade de ser o Carpinteiro do Universo inteiro, mas que no final essa
mudança é particular, essa transformação é interior, para a partir de então modificar
o mundo ao seu redor.
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BIBLIOGRAFIA E FONTES
[1] SANTOS, Vitor Cei. Novo Aeon: Raul Seixas no torvelinho de seu tempo.
Espírito Santos, 2009.
[2] BOSCATO, Luiz de Lima. Vivendo a Sociedade Alternativa: Raul Seixas no
Panorama da Contracultura Jovem. São Paulo, 2006.
[3] ALVES, Luciane. Raul Seixas: O Sonho da Sociedade Alternativa. Ed.
Martin Claret. São Paulo 1993.
[4] ROSZAK, Theodore. A CONTRACULTURA: Reflexões sobre a sociedade
tecnocrática e a oposição juvenil, Ed. Vozes ltda. Petrópolis, 1972.
[5] ADORNO, Theodore W.; Horkheimer. Dialética do Esclarecimento:
fragmentos filosóficos, Jorge Zahar, Rio de Janeiro, Ed. 1985.
[6] GIANNATTASIO, Gabriel; BORDONAL, Guilherme Cantieri: Uma pós-
modernidade trágica: a historiografia para além da verdade e da mentira,
2011.
[7] GIANNATTASIO, Gabriel. Próxima parade: O HARAS HUMANO, Atrito Art
Editorial. Londrina, 2004.
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