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SAFRA 2017/18:
364 MILHÕES DE CAIXAS
Clima ajuda e cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste
Mineiro terá maior colheita dos últimos cinco anos
REVISTA CITRICULTOR 1
EDITORIAL
2 REVISTA CITRICULTOR
DIVULGUE ESTA
OPORTUNIDADE
ABERTURA DE VAGAS
PARA ESTIMATIVA DE SAFRA
MÉTODOS DE
MONITORAMENTO VANTAGENS
DESVANTAGENS
ARMADILHA ADESIVA • Método mais eficiente em situação de baixa • Detecta somente adultos
(amarela ou verde) população (áreas com controle químico) • Custo (armadilhas)
• Coleta constante
O
controle do psilídeo Diaphorina trole. É o monitoramento, afinal, quem da como puçá) e o visual (que consiste
citri é uma das recomendações indica os pontos de entrada, ou seja, as na observação de ramos com ou sem o
que compõem o chamado tripé áreas mais críticas, e o momento ade- auxílio de lentes de aumento).
de manejo do HLB (huanglongbing/ quado de pulverizar. Miranda diz que em alguns expe-
greening) – as outras duas são o Estudos coordenados pelo pesqui- rimentos em pomares com controle
plantio de mudas sadias, oriundas de sador do Fundecitrus Marcelo Miran- químico rigoroso, que recebem pul-
viveiros certificados, e a eliminação da compararam a armadilha adesiva verizações frequentemente, só a arma-
de plantas doentes, nas quais o com outros métodos de monitoramen- dilha detectou a presença do psilídeo.
inseto se alimenta, adquire a bactéria to, como a batida (tap, em inglês, pra- Segundo o pesquisador, isso ocorre
Candidatus Liberibacter asiaticus e a ticada nos pomares da Flórida, nos porque os demais métodos estimam
transmite para plantas sadias. Estados Unidos), o sugador motoriza- a presença do inseto somente no mo-
Portanto, o monitoramento da po- do (espécie de aspirador de pó, usado mento da inspeção. Consequentemen-
pulação de psilídeo nos pomares é especialmente no Vietnã, no sul da te, em áreas com alta frequência de
fundamental para a eficiência do con- Ásia), a rede entomológica (conheci- aplicação, os psilídeos, após contato
4 REVISTA CITRICULTOR
com a planta tratada, podem morrer identificá-los é outra. Essa eventual
ARQUIVO FUNDECITRUS
antes de serem visualizados pelos ins- dificuldade decorre da grande quanti-
petores. A armadilha, por sua vez, é dade de insetos, de variadas espécies,
um método de coleta constante. apanhados nas armadilhas, que ficam
“Em áreas onde o HLB está presente lotadas. Em alguns casos, a detecção
e o controle químico do psilídeo é ne- depende da dedução: muitas vezes,
cessário, a armadilha adesiva amarela é quando o inspetor recolhe a armadilha,
o método mais confiável para detectar ele encontra apenas a asa do psilídeo.
o inseto”, afirma Miranda. “E quanto Portanto, para detectá-los nas ar-
mais intenso for o controle, maior será madilhas é preciso estar treinado e fa-
a eficiência da armadilha em relação zer a reciclagem no mínimo uma vez
aos outros métodos”, completa. por ano. A equipe de extensão do Fun-
Na comparação com o método vi- decitrus organiza esses treinamentos
sual, a armadilha capturou até 90 vezes regularmente.
mais psilídeos em áreas com controle Um estudo de 2014 do engenhei-
quinzenal e 82 vezes mais psilídeos ro agrônomo André Leonardo para o
em áreas com controle mensal. Mestrado Profissional do Fundecitrus
“Nessas áreas, além de capturar – MasterCitrus mostrou que a precisão
maior quantidade de insetos, a arma- na identificação aumenta em até 47%
dilha também apresentou maior fre- depois de treinamentos que ensinam
quência de detecção, ou seja, no total a fazer a detecção e dão orientações
de avaliações, a armadilha detectou a úteis para a leitura das armadilhas. A
presença do psilídeo em 50% das oca- mesma pesquisa também revelou que
siões, enquanto a inspeção visual o fez as leituras realizadas nos escritórios
em somente 5%”, diz Miranda. são mais apropriadas do que as reali-
Mas capturá-los é uma coisa. E zadas no campo.
RODRIGO BRANDÃO
HLB
Antônio Carlos
Gerolamo: resultado
do controle o
A
revista Citricultor viajou pelas re-
giões Centro e Norte do estado de
São Paulo e visitou duas proprie-
dades que, apesar das dimensões distin-
tas, têm bastante em comum: estrutura
familiar na administração do negócio,
vínculo histórico e afetivo com a laran-
ja, capricho na formação dos pomares,
tratos culturais adequados e adoção de
EXEMPLOS
medidas fitossanitárias recomendadas.
Como resultado, os produtores vêm
conseguindo manter baixa a incidência
de HLB (huanglongbing/greening).
DE SUCESSO
TALHÃO “PILOTO”
6 REVISTA CITRICULTOR
lência Americana, Natal e Ponkan, a
família Finoto intensificou o controle,
com pulverizações mais frequentes nas
bordas dos pomares em formação e
mais jovens e aplicação de inseticidas Produtores
sistêmicos (drench) nos pomares com Rogério Roberto e
até dois anos de idade. Mário Finoto se uniram
Mário e Rogério Roberto, filho de a vizinho, arcaram com
os custos e erradicaram
José Aparecido, relatam que eles e um pomar de limão sem
vizinho, que também cuida correta- controle
mente das suas árvores, tiveram recen-
temente uma conversa cordial com o
dono de uma chácara nas proximidades plantas por ano, equivalente a 1% do “É muito fácil de usar”, comenta
que mantinha cerca de 80 pés de limão total de árvores. Rogério. “Como nós temos um ca-
Tahiti sem o controle adequado. Integrantes do Alerta Fitossanitário lendário, os dados do sistema online
“Ele falou para nós: ‘eu entendi per- – Região de Bebedouro (SP) – desde servem de base para anteciparmos
feitamente o problema de vocês, mas 2016, os Finoto, acerca do programa do ou atrasarmos alguma pulverização,
não tenho dinheiro, se vocês arcarem Fundecitrus que organiza informações para a aplicação acompanhar a popu-
com os custos, podem arrancar’. Nós sobre a população de psilídeo e o sur- lação de psilídeo naquele momento”,
concordamos e resolvemos a situação, gimento de brotações nas propriedades explica Mário Finoto, exatamente
tudo de maneira amistosa”, diz Mário. cadastradas, têm a mesma opinião dos como faz Antônio Carlos Gerolamo.
Todo esse empenho, segundo eles, Gerolamo, inseridos no Alerta – Região É mais um dos pontos que essas duas
tem valido a pena. Em média, são de Araraquara (SP) – desde a implanta- famílias de citricultores precavidos
erradicados aproximadamente 250 ção da ferramenta, em 2013. têm em comum.
DO PÉ
À FLOR,
DO FRUTO
AO LUCRO.
A Nortox oferece produtos de
altíssima qualidade para
melhorar o desempenho da
produtividade e da performance
da sua lavoura de citrus.
A
produção do cinturão citrícola de 2016/17, consolidada em 245,31 mi- cial do fruto). Em Votuporanga (SP),
São Paulo e Triângulo/Sudoeste lhões de caixas. por exemplo, no Noroeste do Estado,
Mineiro em 2017/18, de acordo No entanto, a comparação com a temperatura ultrapassou 35ºC por
com a Pesquisa de Estimativa de Safra a produção imediatamente anterior seis dias consecutivos, em setembro
(PES) do Fundecitrus, deverá ser de pode, segundo o coordenador executi- de 2015. No Triângulo Mineiro, essa
364,47 milhões de caixas de laranja vo da PES, Vinícius Trombin, em vez marca se estendeu por dez dias conse-
de 40,8 kg, com 265 frutos por caixa de lançar luz à avaliação, levar a con- cutivos no mês seguinte.
(veja infográfico na página ao lado). clusões equivocadas.
O controle do HLB (huanglong- “A safra 2016/17 foi atípica. Foi a COMPORTAMENTO DE PREÇOS
bing/greening), o bom momento do menor desde a safra 1988/89, quando
mercado, tanto no valor pago pelo foram produzidas 214 milhões de cai- Para o coordenador político-institu-
suco quanto no valor de remuneração xas de laranja”, explica. “Em termos cional e metodológico da PES, profes-
aos citricultores, os cuidados fitossa- estatísticos, para evitar vieses [distor- sor titular da Faculdade de Economia
nitários e os tratos no cultivo e, prin- ções], é aconselhável comparar a safra e Administração da USP de Ribeirão
cipalmente, as condições climáticas 2017/18 com a média dos últimos dez Preto (FEA-RP/USP) e conselheiro
favoráveis, em especial na florada e, anos. Neste caso, a safra atual deve ser da Markestrat, Marcos Fava Neves,
depois, na época de fixação dos frutos, 14% superior à média”, completa. a tendência, por enquanto, é de queda
são apontados como os fatores decisi- Trombin relata que na safra passa- leve no preço do suco e, consequen-
vos para a produtividade elevada nes- da, apesar da floração exuberante em temente, no preço pago pela indústria
ta temporada. todas as regiões produtoras do parque aos citricultores pela caixa de laranja.
Divulgada no dia 10 de maio, na citrícola paulista, as altas temperatu- “O estoque da indústria está mui-
sede do Fundecitrus, com transmissão ras registradas em setembro e outubro to baixo”, justifica Neves. “Acredito
ao vivo em português e inglês pela de 2015 geraram o desequilíbrio hor- que as reduções serão mínimas, pouco
internet, a estimativa da safra atual é monal que culminou com o expressivo sensíveis à indústria e aos citriculto-
quase 50% maior do que a safra de abortamento de chumbinhos (fase ini- res”, analisa.
O diretor-executivo da CitrusBR,
Ibiapaba Netto, ressalta a fidelidade
do número à realidade e a capacidade
RODRIGO BRANDÃO
8 REVISTA CITRICULTOR
ACESSE O
VÍDEO E
ACOMPANHE
A PESQUISA
Frutos menores
são esperados nesta safra em
função da maior quantidade de
laranjas nas árvores, que limitam
seus potenciais de crescimento.
Aliado a isso, de acordo com a
RELAÇÃO ENTRE FRUTOS POR ÁRVORE E TAMANHO
Somar Meteorologia, a expectativa
para o segundo semestre de 2017 é
Quanto maior a quantidade de frutos, menor o seu tamanho
de configuração de El Niño de fraca
intensidade, com inverno seco e
primavera e verão dentro 2015/16 2016/17 2017/18
da normalidade. FECHADO FECHADO ESTIMADO
NÚMERO MÉDIO
498 430 753
FRUTOS FRUTOS FRUTOS
DE LARANJAS EM
CADA ÁRVORE
PESO MÉDIO
DE UMA LARANJA 180g 184g 154g
NÚMERO DE LARANJAS
PARA ATINGIR O PESO DE
UMA CAIXA (40,8 KG) 226 222 265
FRUTOS
FRUTOS FRUTOS
REVISTA CITRICULTOR 9
PES
PERFIL DO PARQUE
A área produtiva, espalhada por mais de 300 municípios de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro,
permanece estável. O Inventário 2017 mostra que os pomares das principais variedades de laranja ocupam
402.566 hectares, ante os 403.863 apurados em 2016. A região central, apesar da redução de 11% em
relação a 2015, continua sendo líder em área plantada, com 113.016 hectares.
430.622
403.863 ha
403.863 402.566 (área de pomares/Inventário
(hectares)
126.849
88.941
88.419
87.908
83.835
84.741
115.299
73.686
73.284
113.016
72.802
(hectares)
48.495
14.019
43.106
10 REVISTA CITRICULTOR
ÁREA DE POMARES ERRADICADOS E RENOVADOS
(EM HECTARES)
A área de pomares erradicados caiu de
28.813 hectares para 14.307 hectares na safra
atual. Dessa área, 2.344 hectares foram replan-
Erradicação no momento do levantamento
tados com laranja. Essa renovação corresponde é 58% menor do que na safra passada
a 28% dos 8.476 hectares de pomares formados
em 2016 (veja gráfico ao lado). 28.813
A idade média dos pomares adultos, planta-
dos em 2014 ou em anos anteriores, subiu de
9,8 para 10,3 anos. Os pomares adultos repre-
14.307
(hectares)
sentam 96% do plantio e os pomares em forma-
ção, implementados em 2015 e 2016, 4%.
2.344
O número de árvores de laranja no cinturão,
a exemplo da área plantada, manteve-se estável
– caiu de 192 milhões de árvores (16,5 milhões 11.963
não produtivas) para 191,7 milhões de árvores
(16,9 milhões não produtivas). A variação acu- Inventário 2016 Inventário 2017
mulada desde 2015 aponta para redução de 6,2
Área erradicada Área renovada
milhões de árvores (veja gráfico abaixo).
Esses números contemplam as principais variedades de laranja.
ÁRVORES DE LARANJA
A variação acumulada desde 2015 mostra crescimento de 653,6 mil árvores produtivas (0,4%) no cinturão citrícola
ESTIMATIVA DE SAFRA
Na safra 2017/18, o cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro colherá 68,49 milhões de
caixas das variedades precoces Hamlin, Westin e Rubi (972 frutos por árvore e 310 frutos por caixa); 17,42 mi-
lhões de outras variedades precoces (714/árvore e 257/caixa); 114,52 milhões de caixas da variedade de meia
estação Pera Rio (666/árvore e 260/caixa); 123,04 milhões de caixas da variedade tardia Valência e Valência Fo-
lha Murcha (729/árvore e 250/caixa); e 41 milhões de caixas da variedade tardia Natal (813/árvore e 250/caixa),
totalizando 364,47 milhões de caixas de laranja (conforme tabela na página 9).
REVISTA CITRICULTOR 11
PES
1990/91
1991/92
1992/93
1993/94
1994/95
1995/96
1996/97
1997/98
1998/99
1999/00
2000/01
1988/89
2002/03
2003/04
2004/05
2005/06
2006/07
2007/08
2008/09
2009/10
2010/11
2011/12
2012/13
2013/14
2014/15
2015/16
2016/17
2017/18
2001/02
SUSTENTABILIDADE DO NEGÓCIO
12 REVISTA CITRICULTOR
ADRIANO CARVALHO
SECRETÁRIO ESTADUAL
DE AGRICULTURA
PRESTIGIOU EVENTO
REVISTA CITRICULTOR 13
ESPECIAL 40 ANOS
AULA DE
HIS
G
raduado pela Escola Superior
de Agronomia Luiz de Queiroz
(Esalq/USP) em 1961, onde con-
cluiu o doutorado em 1973, Antonio
Ambrosio Amaro nasceu em uma fa-
mília de produtores de frutas. Seu pai
tinha 32 mil pés de uva e 10 mil pés
de figo em Valinhos (SP) e 27 mil pés
TÓ
de laranja e 5 mil pés de maracujá em
Araraquara (SP). Amaro dedicou sua
vida profissional ao estudo, defesa e
desenvolvimento da fruticultura paulis-
ta, com inclinação especial por citros.
Chegou em 1962 ao Instituto de
Economia Agrícola (IEA), “atenden-
do ao convite do Dr. Joaquim Fonseca
Lima, grande especialista em citricul-
RIA
tura da época”, recorda Amaro. Foi
diretor-geral do IEA em duas oportu-
nidades, de 1994 a 1996 e de 2005 a
2007. Profissional da área de economia "Sem o
frutícola, trabalhou ativamente pela Fundecitrus, a
formação do Fundecitrus. citricultura paulista jamais
teria chegado onde
Segundo ele, o contato com pro- chegou", afirma Amaro,
dutores e comerciantes desde a infân- que entrou no IEA
cia – sua família tinha uma banca no em 1962
antigo Mercado da Cantareira e um
packing house, ambos na capital – e o
relacionamento com a indústria devido
ao trabalho no IEA favoreceram sua ar- Antonio Ambrosio Amaro, que começou sua carreira
ticulação em torno da criação do Fun-
decitrus, num momento delicado, em profissional e se aposentou no IEA, foi um dos
que o cancro cítrico se espalhava pelo principais articuladores da criação do Fundecitrus
estado de São Paulo.
Amaro foi conselheiro do Funde-
citrus por 28 anos, representando a beu a revista Citricultor no IEA. Con- sul do rio, desde 1957, já havia surgido
Secretaria de Agricultura e Abasteci- fira alguns trechos da entrevista. o cancro cítrico. O primeiro foco foi
mento (SAA) do Estado de São Paulo. em Presidente Prudente [no oeste de
“Mesmo quando eu era suplente, sem Como era a citricultura paulista São Paulo], e a doença começou a se
direito a voto, participava com análises em 1977? alastrar rapidamente por meio de mu-
e sugestões. Participei desde as primei- Era uma citricultura em plena ex- das que eram vendidas por ambulantes
ras reuniões, na [Rua] Libero Badaró pansão. Depois da Suconasa, em 1963, na região. Então, os focos de cancro
[no Centro da cidade de São Paulo]”, comprada pela Cutrale em 1965, é cítrico tinham de ser erradicados com
relata. A sede do Fundecitrus foi para formada a Citrosuco. Algumas outras a maior brevidade, como constava no
Araraquara em 1985. pequenas fábricas, de grupos privados, Código Federal de Defesa Sanitária
Com os levantamentos realizados também se instalaram nessa época. Vegetal. Essa foi a primeira fase de
desde 1974 sobre o controle do cancro Houve um interesse muito grande no combate ao cancro cítrico, chamada
cítrico em diversos países e o docu- plantio de laranja, que estava espalhada de emergencial. A partir daí, na Esalq,
mento que oficializava a constituição em toda a zona citrícola de exportação, começaram as pesquisas para controle
do Fundecitrus nas mãos, Amaro rece- na margem direita do rio Tietê. Mas, ao da doença, lideradas por Artur Ferreira
14 REVISTA CITRICULTOR
FERNANDO MIRA
rael. Ficou muitíssimo claro que havia
a necessidade da contribuição de am-
bas as partes, tanto da indústria quanto
dos citricultores.
Como foi o apoio ao citricultor? A partir de 1977 a iniciativa priva- Quais, na sua avaliação, são os
Já havia sido criado um cordão de da se soma ao controle. grandes acertos do Fundecitrus?
isolamento, com barreiras na passagem Isso. De 1957 a 1977, tivemos Se não fosse o apoio do Fundecitrus,
dos rios do Peixe, Tietê e Paranapa- quatro fases: a inicial, chamada de a citricultura paulista não teria che-
nema. Não podia passar, era tudo fis- emergencial; o momento de escassez gado onde chegou. Mas eu vou dizer
calizado. A fruta não podia mais sair. de recursos; a criação da CANECC uma coisa que registrei nos 28 anos
A Secretaria elaborou um trabalho de [Campanha Nacional de Erradicação em que fui conselheiro. O sucesso do
incentivo à fruticultura na região in- de Cancro Cítrico], com o aporte de re- Fundecitrus só foi possível porque a
terditada, um trabalho magnífico de cursos federais; até o ponto em que os arrecadação financeira das parcelas dos
autoria de Inglês de Souza, Orlando recursos eram insuficientes para conter produtores ficou, desde o início, por
Regitano e Heitor Montenegro, três das a doença. Nós [governos de São Paulo conta de cada indústria, que, juntamen-
maiores autoridades em fruticultura em e Federal] já vínhamos conversando te com sua participação, repassava ao
São Paulo. Como o Código Federal de em anos anteriores, em 1974 e 1975, e Fundecitrus os valores ajustados pelo
Defesa Sanitária Vegetal não permitia começamos a analisar o que era feito Conselho. E também porque na mesa
a indenização de culturas perenes, para no mundo, na Flórida [Estados Uni- do Conselho nunca se discutiu o preço
oferecer uma alternativa aos produto- dos], Espanha, África do Sul, que na da laranja, jamais houve negociação. O
res, a Secretaria dava oportunidades época era um dos melhores [produto- objetivo de defender a citricultura sem-
por meio da doação de mudas e con- res], Argentina, Itália, Marrocos e Is- pre foi preservado.
REVISTA CITRICULTOR 15