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Antonio D. Figueiredo
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The effect of fire on the mechanical properties of fiber reinforced concrete View project
All content following this page was uploaded by Antonio D. Figueiredo on 12 February 2016.
Resumo
O concreto é um material cuja vida útil no estado fresco é bem restrita. Dessa forma, um concreto rejeitado
nem sempre tem a possibilidade de ser reaproveitado quando retorna à concreteira. Uma das alternativas
que possibilita o reaproveitamento do concreto que retorna à concreteira envolve o emprego de aditivos
estabilizadores de hidratação (AEH), cuja função é controlar a taxa de hidratação do cimento. Algumas
pesquisas já foram publicadas sobre o uso deste tipo de aditivo no reaproveitamento do concreto fresco e
houve o consenso de que sua utilização não provoca efeitos negativos às propriedades mecânicas do
concreto que inviabilizem sua utilização. Foi realizado um estudo experimental onde mais de vinte tipos
diferentes de cimento foram avaliados em ambientes com três níveis de temperatura. Aplicações piloto da
metodologia foram realizadas em algumas concreteiras. A partir dos resultados, produziu-se um modelo
utilizado com sucesso em concreteiras, o que permitiu o reaproveitamento de quase 80% do total de
resíduos gerados em cerca de 100 plantas espalhadas pelo Brasil através da utilização de AEH.
Palavra-Chave: Sustentabilidade, Gestão de Resíduos, Meio Ambiente, Estabilizador de Hidratação, Concreteira.
Abstract
Concrete is a material whose pot-life is very restricted. Thus a concrete rejected on the job site does not
always have the ability to be recycled when it returns to the batching plant. One of the alternatives that allow
the reuse of concrete that returns to batching plant involves the use of hydration stabilizing admixtures
(HEA), whose function is to control the rate of hydration of cement. Some previous researches have been
published on the use of this type of admixture in the reuse of the fresh concrete. There was a consensus that
HEA use does not because negative effects on the mechanical properties of concrete that impede its use. An
experimental study was conducted using more than twenty different types of cement in three levels of
ambient temperature. Pilot applications of the methodology were performed on some batching plants. From
the results, a model of HEA use was produced and applied successfully in about 100 concrete mixing plants
spread along Brazil where the HEA use allowed the reuse of almost 80% of total waste generated.
Keywords: Sustainability, Waste management, Environment, Hydration Stabilizer, Concrete Plant
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ANAIS DO 54º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2012 – 54CBC
1. Introdução
É importante o entendimento destes fatores para se desenvolver uma solução que utilize
os aditivos estabilizadores de hidratação no reaproveitamento do concreto.
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ANAIS DO 54º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2012 – 54CBC
Para tornar viável o uso do AEH no “dia a dia” de uma concreteira, não devem ocorrer
impactos não previstos no tempo de pego, o atraso de pega pode impactará o cliente e
poderá trazer prejuízos comerciais, por outro lado, o adiantamento da pega aumenta o
risco do concreto endurecer dentro do balão betoneira e isso poderá reduzir a
produtividade gerando prejuízos financeiros e logísticos na operação da concreteira.
Logicamente que há uma série de outros pontos que são relevantes no fornecimento de
concreto. No entanto, não há evidência que indique a possibilidade do AEH impactar
qualquer outra característica do concreto, com exceção do tempo de pega e a resistência
à compressão axial. Assim, neste trabalho apenas estes dois aspectos serão abordados.
O atraso na adição do AEH ao concreto em até 4 horas após o início de mistura não
compromete seu efeito. Desta forma, ao se adicionar o AEH posteriormente à mistura do
cimento com a água garante-se que haverá efeito estabilizante na mistura. (Benini, 2005)
O AEH tem poder dispersante atuando também como redutor de água, compensando em
alguns casos, as perdas de resistência apresentadas nas primeiras idades do concreto.
Para a definição de uma metodologia que use o AEH na concreteira, é importante avaliar
a perda de abatimento, pois este quase sempre implica no decréscimo da resistência
mecânica do concreto em obra, principalmente tendo em vista que apenas uma parcela
das construções tem sua entrega de concreto controlada adequadamente por profissional
responsável e capacitado para o recebimento do concreto.
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ANAIS DO 54º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2012 – 54CBC
5. Método para implantação reaproveitamento com AEH
Somam-se aos fatores retro expostos os resultados dos ensaios realizados, nos testes
efetuados em laboratório:
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Em vista do retro exposto estabeleceu-se uma metodologia que permite avaliar através de
ensaios de tempo de pega em concreto, qual era a quantidade de aditivo necessário para
estabilizar uma carga de concreto que retornasse a concreteira de forma a reaproveitá-la.
O estudo foi realizado para todos os cimentos utilizados na concreteira abrangendo assim
a todas das plantas que estavam ativas e operando. No total foram avaliados mais que
vinte diferentes tipos de cimentos.
Em cada situação foram realizados ensaios com seis diferentes dosagens de aditivo
estabilizador de hidratação (0%; 0,20%; 0,35%; 0,6%; 0,8% e 1,0%). Esta dosagem de
aditivo se refere ao percentual sobre o peso de cimento do traço.
Como menos que 2% dos concretos devolvidos tinham tempo de vida útil superior a 4
horas, o estudo experimental foi restringido a esse limite. Assim sendo o AEH foram
sempre adicionadas 4 horas após o concreto em estudo haver sido preparado, de forma a
simular à pior situação passível de ocorrência em condições práticas.
Desta forma foi possível definir o valor teórico para a estabilizar o concreto nos períodos
de tempo de 6, 18 e 36 horas, e assim criar de um gráfico onde é possível obter o
percentual de aditivo sobre o peso de cimento que deve ser adicionado para estabilizar o
concreto para o período de tempo que se necessita. , conforme apresentado na Figura 2.
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Santa Helena CP II - E - 40
100 y = 83,571x + 4,7143
Tempo de estabilização (horas)
80 y = 73,429x + 0,619
60 y = 56,714x - 2,8571
40 15oC
20 25oC
35oC
0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2
Porcentual de aditivo sobre o peso de cimento (%)
Figura 2 - Gráfico utilizado na determinação dos teores de AEH para estabilização de concretos
Como a concreteira possui mais de 100 filiais, optou-se pela realização dos testes pilotos
em três fases. A primeira seria realizada em uma única filial, nesta fase coloco-se em
prática o reaproveitamento de sobras e lastro de concreto utilizando como base os
resultados obtidos nos ensaios de laboratório.
Quando o projeto de redução de resíduos foi apresentado à filial piloto, a aderência foi
total, o que facilitou a relação entre o pessoal da operação e a equipe do projeto.
O método adotado exigia que caminhão betoneira com sobra fosse verificado pelo
laboratorista, que efetuava a o ensaio de abatimento, moldava uma série de 6 corpos-de-
prova, media a temperatura e anotava os dados em formulário juntamente com algumas
outras informações: o horário de pesagem do concreto, o horário de retorno do caminhão,
motivo da devolução do concreto, acréscimo de água na obra e temperatura ambiente.
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ANAIS DO 54º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2012 – 54CBC
De posse das informações relatadas pelo laboratorista, o responsável pela definição o
responsável técnico da concreteira estabelecia se a sobra em questão poderia ou não ser
reaproveitada e em caso de reaproveitamento informava a quantidade de AEH que
deveria ser adicionada para estabilização do concreto.
Esse procedimento foi seguido por quatro meses antes de sofrer qualquer alteração, mas,
após análise dos resultados, constatou-se a necessidade de implementação de mudanças
para reduzir alguns riscos observados, entre elas pode-se citar:
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ANAIS DO 54º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2012 – 54CBC
Todo o carregamento de concreto estabilizado deveria ser ativado com uma adição
complementar de cimento, pelo menos na proporção 1:1 nos casos de concreto
para o mesmo dia e na proporção 1:2 nos casos de concreto para o dia seguinte ou
para o fim de semana. Essa decisão foi tomada devido aos problemas que
surgiram de ocorrência de atrasos de pega em alguns clientes.
Preferencialmente um concreto quando estabilizado deveria ser reaproveitado em
outro com menor especificação de desempenho mecânico. Apesar dos resultados
não demonstrarem perda de resistência no concreto estabilizado, a política da
empresa quanto à qualidade era bastante rígida e em reunião de acompanhamento
a diretoria da concreteira optou por postura conservadora para a preservação da
qualidade do concreto.
Nos casos em que o novo carregamento possua uma maior quantidade de cimento
do que aquele que consta do concreto a ser reaproveitado, foi definido que haveria
um acréscimo de cimento suplementar ao traço de 10% sobre a massa total de
cimento, isso também em virtude da política de qualidade da empresa.
Limitar o volume de reaproveitamento de concreto dentro do caminhão para a
metade da capacidade do balão. Isso foi feito para permitir uma melhor
homogenização do AEH dentro do balão. Desta forma quando um caminhão com
mais que quatro metros cúbicos de concreto fossem devolvido, far-se-ia necessário
à divisão da carga em 2 volumes.
A adição do AEH deve ocorrer apenas quando o abatimento do concreto estiver
superior a 10 cm Isso também foi feito para permitir a melhor homogenização do
aditivo dentro do balão. Assim, adicionava-se água a concretos que retornavam
com abatimentos menores que esse limite. Naturalmente que essa água era
descontada posteriormente na pesagem para complementação da carga.
O volume mínimo de AEH para reaproveitamento de carga a ser utilizado é de 3
litros, essa medida foi tomada devido ao grande numero de concretos que
endureciam no balão quando o volume devolvido era pequeno.
Concreto estabilizado não deveria ser reaproveitado em traços para piso acabado
ou em concreto colorido, isso para evitar reclamações de clientes.
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Após a implantação destas alterações no procedimento de reaproveitamento de sobras do
concreto, houve o acompanhamento por mais três meses antes de se iniciar a replicação
do piloto para as demais filiais da empresa.
Para a primeira leva de replicação do projeto piloto foram escolhidas seis filiais de
diversos portes, situadas nas regiões sul, sudeste centro-oeste e nordeste do país.
A dificuldade surgiu quando se notou que havia filiais que não possuíam balança
rodoviária que permitisse realizar a pesagem das betoneiras para se determinar o volume
de concreto que havia sobrado no balão.
A correta verificação da quantidade de resíduo que retorna é muito importante Isso visa
reduzir os riscos de se adicionar AEH em demasia ou em déficit e, desta forma, prejudicar
o desempenho do concreto estabilizado. Em vista disso foram estudados vários modos de
se realizar essa aferição da quantidade de resíduos com o intuito de determinar qual o
modelo a ser utilizado em cada uma das filiais da empresa.
Após alguns testes optou-se pela determinação do volume através de análise visual,
apesar desta análise não ser de grande precisão. No entanto, em testes realizados na
concreteira, observou-se que os erros de medição poderiam ser minimizados se a analise
fosse efetuada por 2 pessoas em conjunto, conforme pode ser visto na Figura 3.
Analise Visual
100%
80%
60%
% Erro
40%
20%
0%
Amostras
Motorista Mot.+Ajud.
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Um ponto que é preciso destacar é que para a correta verificação do volume de resíduos
que sobra no caminhão betoneira através do método visual, é necessário que se possua
um local com iluminação adequada.
De forma a instituir uma competição saudável entre as filiais estabeleceu-se uma forma
de divulgação dos resultados do projeto em cima de um ranking onde as filiais, regionais e
áreas de negócio eram classificadas em função do volume reaproveitado de concreto.
Outros ganhos econômicos associados foram verificados como, por exemplo, o custo de
retira e disposição de resíduos que diminuiu em 74%, ou o custo de água adquirida de
terceiros foi reduzido em quase 65% e o custo de diesel por volume transportado foi
reduzido em 8% Este último aspecto ocorreu devido a menor perda de tempo na lavagem
de caminhões betoneira.
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uso regular em concreto. A maior dificuldade junto à operação se deu no cálculo da
quantidade de produto a ser adicionada a cuba do caminhão. Essa questão foi sanada
criando-se um programa que foi acoplado ao sistema automatizado de pesagem utilizado
pela empresa para gerenciar a produção concreto e despacho de caminhões.
A forma de divulgação do projeto junto ao público interno é muito importante, pois são os
motoristas, operadores de concreteira e encarregados de filial que operacionalizam o uso
do AEH para reaproveitamento dos resíduos no dia a dia. Se eles não estiverem aderidos
ao projeto, fatalmente o programa estará fadado ao fracasso.
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9. Referências