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PODER JUDICIÁRIO FEDERAL

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 4ª REGIÃO

ACÓRDÃO
00996-2005-511-04-00-9 RO Fl.1

EMENTA: COISA JULGADA. ACORDO JUDICIAL.


INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. A pretensão relativa
à indenização por danos morais e materiais advindos de
acidente do trabalho não se encontra incluída na quitação
plena e geral do contrato de trabalho objeto de acordo entre
as partes. Neste, foram quitadas todas as parcelas
decorrentes da relação de emprego havida. Todavia, a
indenização por danos morais e materiais pretendida
possui natureza civil, conexa (apenas conexa) à relação de
emprego, e decorre de ato ilícito praticado pelo
empregador, não se confundindo com as parcelas
“contratuais” englobadas pelo acordo, que se referem à
prestação de serviços.

VISTOS e relatados estes autos de RECURSO ORDINÁRIO


interposto de sentença proferida pela MM. Juíza Mirian Zancan, da 1ª Vara do
Trabalho de Bento Gonçalves, sendo recorrente MARIA MARLENE DE
CASTRO KUFFEL e recorridas CONDOMÍNIO EDIFÍCIO SAINT GERMAIN e
LIBERTY PAULISTA SEGUROS S.A..
Inconformada com a decisão proferida pelo Juízo a quo que, de
ofício, acolheu a coisa julgada, extinguindo o feito sem resolução de mérito,
nos termos do artigo 267, V, do CPC, recorre a reclamante. Afirma que no
acordo judicial celebrado nos autos do processo n. 01044.511/01-0 não foram
englobados os pedidos constantes neste processo (indenização em razão dos
danos sofridos pelo acidente de trabalho) requerendo, por conseguinte, o
afastamento da decisão de origem.
Com contra-razões da primeira reclamada, sobem os autos.
É o relatório.

ISTO POSTO:
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PRELIMINARMENTE

Não merecem conhecimento os documentos que acompanharam


as contra-razões da primeira reclamada (fls. 365/366), pois não se referem a
fatos posteriores à sentença e não há prova de justo impedimento para sua
oportuna juntada.
Assim, com base na Súmula 8 do TST, não se conhece de tais
documentos.

MÉRITO

A sentença acolheu a coisa julgada e extinguiu o feito, sem


resolução de mérito, nos termos do artigo 267, V, do CPC. O Juízo de origem
mencionou nas razões de decidir que, no acordo homologado nos autos do
processo n. 01044.511/01-0, a reclamante deu quitação não só da inicial mas
de todo contrato de trabalho. Referiu, ainda, que, em razão da quitação do
contrato de trabalho, nenhuma ação mais poderia ser proposta entre as partes
tendo como causa de pedir direito decorrente do contrato de trabalho entre elas
firmado. Por fim, destacou a incidência do artigo 831, parágrafo único, da CLT,
segundo o qual o acordo firmado e devidamente homologado equipara-se à
sentença transitada em julgado.
Contra tal decisão, insurge-se a reclamante. Argumenta que
inexiste coisa julgada em relação ao direito material postulado na presente
demanda, pois não houve qualquer pedido indenizatório, no processo n.
01044.511/01-0, referente aos danos causados pelo acidente de trabalho.
Merece prosperar o apelo.
Conforme disposto nos parágrafos 1º, 2º e 3º do artigo 301 do
CPC, verifica-se a coisa julgada quando se reproduz ação anteriormente
ajuizada, já decidida por sentença, da qual não caiba recurso, sendo que uma
ação é idêntica à outra quando ambas têm as mesmas partes, a mesma causa
de pedir e o mesmo pedido.
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De acordo com a certidão da fl. 264, o reclamante ajuizou


reclamatória trabalhista contra a primeira reclamada, a qual tramitou sob o n.
01044.511/01-0. Segundo se vê da cópia da petição inicial da referida ação (fls.
69/71), foram objeto de pedido as seguintes parcelas: reintegração ao serviço
em razão de estabilidade acidentária ou indenização correspondente ao
período de doze meses de remuneração (item a); diferenças do adicional de
insalubridade e reflexos (itens b e c); horas extras e reflexos (itens d e e);
domingos e feriados em dobro (item f); caso não seja procedida a reintegração:
férias, décimo terceiro salário, guias do seguro-desemprego (ou indenização
equivalente) e FGTS sobre os pedidos, com posterior liberação com acréscimo
de 40% (itens g até j); aplicação do artigo 467 da CLT.
Nos autos da referida ação, as partes realizaram acordo. Na
oportunidade, a primeira reclamada pagou à autora a importância líquida de
R$4.040,00, dando esta quitação plena e geral da inicial e do contrato de
trabalho (nos termos da certidão da fl. 264).
Em que pese os termos da referida transação, entende-se que a
pretensão relativa à indenização por danos morais e materiais advindos de
acidente do trabalho não se encontra incluída na quitação plena e geral do
contrato de trabalho passada pela reclamante. A indenização por danos morais
e materiais pretendida possui natureza civil, conexa (apenas conexa) à relação
de emprego, e decorre de ato ilícito praticado pelo empregador, não se
confundindo com as parcelas “contratuais” englobadas pelo referido acordo,
que se referem à prestação de serviços.
Ao contrário do referido nas contra-razões da reclamada, não há
pedido, no processo n. 01044.511/01-0, de indenização pelo acidente do
trabalho alegado, mas apenas de indenização correspondente à remuneração
do período de estabilidade decorrente do acidente do trabalho (fl. 70/71). Não
se pode ter por objetos idênticos os pedidos desta ação e os do processo
01044.511/01-0.
Assim, entende-se que os pedidos constantes na presente
demanda não estão inseridos na quitação outorgada pela reclamante nos autos
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do processo n. 01044.511/01-0.
Na jurisprudência atual desta 4ª Turma, está consolidado o
entendimento de que não se configura a coisa julgada nas ações cujo pedido
seja de indenização por acidente de trabalho/dano moral, mesmo que a parte
tenha dado quitação em Juízo do contrato de trabalho, exceto nas hipóteses
em que (a) tendo sido também objeto da ação, a quitação também tenha sido
dada quanto à petição inicial ou aos pedidos; ou (b) quando, ainda que não
tenha sido objeto da ação, a indenização tenha sido quitada, de forma
expressa, no acordo, o que não ocorreu no caso dos presentes autos.
Colaciona-se o seguinte julgado acerca dos limites da coisa
julgada em situações similares:

ACORDO TRABALHISTA COM QUITAÇÃO TOTAL DO


CONTRATO – EFEITOS – PRETENSÃO INDENIZATÓRIA
POR DANO MORAL – ATO ILÍCITO DO EMPREGADOR.
1. O direito a reparação civil que o empregado tenha em
face de ato do empregador, não obstante o efeito atrativo
de competência decorrente do art. 114 da CF, não pode
ser confundido com "crédito decorrente da relação de
trabalho". O crédito, nessa hipótese, decorre de ato ilícito
do empregador, causador do suposto dano moral, tendo
por substrato, apenas, a relação de emprego, o que é
bastante para firmar a competência da Justiça do Trabalho.
2. A transação interpreta-se restritivamente (art. 843 do
Código Civil). Assim, quitação total dos direitos referentes
ao contrato de trabalho não se estende, sem referência
expressa, a crédito que, por natureza, não é contratual.
(TRT 4a Região, 4ª Turma, 00228-2005-028-04-00-6-RO,
Relator Ricardo Tavares Gehling, DJ 06.10.2006).

Este também é o entendimento de outros tribunais:


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EMENTA: COISA JULGADA – ACORDO COM QUITAÇÃO


PELO EXTINTO CONTRATO DE TRABALHO –
INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL E MATERIAL –
Restando demonstrada nos autos a celebração de acordo
judicial entre as mesmas partes, em ação reclamatória
ajuizada anteriormente, versando tão-somente acerca de
parcelas trabalhistas vinculadas à prestação laboral, não se
pode entender que a transação firmada com "quitação pelo
pedido e extinto contrato de trabalho" constitua óbice ao
ajuizamento posterior de ação reclamatória, nesta mesma
Especializada, pretendendo obter indenização por dano
moral e material decorrente de doença equiparada a
acidente de trabalho. Aos termos do acordo se impõe
interpretação restritiva (CC, art. 843), o que não alcança
direitos decorrentes da relação de trabalho, mas com
natureza de reparação por dano civil por ato ilícito do
empregador. Preliminar de coisa julgada que se rejeita.
(TRT 3a Região, 01260-2005-081-03-00-3-RO, Relator
Anemar Pereira Amaral, Publicado em 19.07.2006).

Na espécie, não se verifica a identidade de pedidos necessária


para a configuração da coisa julgada, pois não houve qualquer pretensão
relativa a danos morais e patrimoniais decorrentes do acidente do trabalho
alegado.
Constatada a inexistência de coisa julgada, não subsiste a
litigância de má-fé atribuída a autora em razão dela, devendo ser afastada a
imputação de litigância de má-fé.
Diante do exposto, dá-se provimento ao recurso para cassar a
decisão que acolheu a coisa julgada e considerou a reclamante litigante de má-
fé, e determinar o retorno dos autos à origem para prosseguimento e
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julgamento do feito, como de direito.

Ante o exposto,
ACORDAM os Juízes da 4ª Turma do Tribunal Regional do
Trabalho da 4ª Região:
preliminarmente, por unanimidade, NÃO CONHECER DOS
DOCUMENTOS juntados com as contra-razões da primeira
reclamada.
No mérito, por unanimidade, DAR PROVIMENTO AO
RECURSO DA RECLAMANTE para cassar a decisão que
acolheu a coisa julgada e considerou a reclamante litigante
de má-fé, e determinar o retorno dos autos à origem para
prosseguimento e julgamento do feito, como de direito.
Intimem-se.
Porto Alegre, 26 de julho de 2007 (quinta-feira).

FABIANO DE CASTILHOS BERTOLUCCI - RELATOR

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