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Aula 00

Direito Constitucional p/ OAB 1ª Fase XXV Exame - Com videoaulas

Professores: Diego Cerqueira, Ricardo Vale

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Direito Constitucional
1ª Fase - XXV Exame da OAB
Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 00

DIREITO CONSTITUCIONAL P/
OAB - 1ª FASE
XXV EXAME DE ORDEM

Ol‡ amigos do EstratŽgia OAB!

ƒ com muito prazer que hoje daremos in’cio ao nosso ÒCurso de Direito
Constitucional p/ 1» fase do XXV Exame Ordem da OABÓ. Antes de mais
nada, gostar’amos de dar uma r‡pida ÒpalavrinhaÓ acerca do Exame da OAB,
que, sem dœvida, Ž um passo important’ssimo na carreira de voc•s!

A prova da OAB vem se tornando cada vez mais dif’cil com o passar do tempo.
Analisando-se todos os exames j‡ organizados pela FGV, a mŽdia hist—rica de
aprova•‹o Ž de +-20% dos inscritos. Ou seja, Ž uma mŽdia baixa...

H‡ uma sŽrie de raz›es que explica isso. No entanto, consideramos que os 3


(tr•s) principais problemas dos alunos s‹o os seguintes:

N‹o ter o h‡bito de leitura: As provas da FGV est‹o apresentando textos cada
vez maiores, exigindo do candidato o h‡bito pela leitura. No dia da prova objetiva,
voc• precisar‡ de muita informa•‹o. Se, durante a sua prepara•‹o, voc• n‹o tiver
lido bastante, dificilmente conseguir‡ identificar as ÒpegadinhasÓ da banca.
N‹o conhecer a banca examinadora: ƒ muito comum que o candidato estude
sem foco e perca muito tempo com assuntos pouco ou quase nunca cobrados pela
FGV no Exame de Ordem. Chega o dia da prova e cai tudo diferente do que voc•
tinha estudado...
N‹o resolver provas anteriores: As quest›es da FGV t•m um estilo bastante
peculiar. S‹o casos pr‡ticos, que exigem conhecimento te—rico e adequada
interpreta•‹o do futuro advogado.

A metodologia do EstratŽgia Concursos se direciona a combater exatamente


esses 3 (tr•s) grandes problemas. Nos cursos para a OAB, voc• ter‡ acesso a:

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Teoria Resumida (baseada em estatísticas): Os professores explicarão a teoria


apenas na medida do necessário para que você consiga resolver todas as provas
da OAB. Nem mais nem menos!

Resolução de TODAS as questões das provas da OAB aplicadas pela FGV: Você
terá a oportunidade de praticar bastante e estudar com segurança e confiança
de tudo que já foi objeto das provas anteriores.

Fórum de dúvidas, no qual você terá acesso direto ao professor.

Para que voc• tenha uma no•‹o de como o nosso curso ser‡ constru’do,
apresentamos a seguir o Raio-X da OAB em Direito Constitucional. Essa
an‡lise foi feita a partir de um exame detalhado de todos os exames da OAB
aplicados pela FGV. Assim, ap—s o XXIV Exame de Ordem, temos as seguintes
estat’sticas de cobran•a:

X Ð DIREITO CONSTITUCIONAL
ASSUNTOS Quest›es %

TEMA 1: TEORIA GERAL DA CONSTITUI‚ÌO 12 6,70%


TEMA 2: DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS 29 16,20%
TEMA 3: NACIONALIDADE 8 4,47%
TEMA 4: DIREITOS POLêTICOS 10 5,59%
TEMA 5: PARTIDOS POLêTICOS 2 1,12%
TEMA 6: ORGANIZA‚ÌO POLêTICO-ADMINISTRATIVA + 20 11,17%
INTERVEN‚ÌO FEDERAL
TEMA 7: ADMINISTRA‚ÌO PòBLICA 2 1,12%
TEMA 8: PRINCêPIO DA SEPARA‚ÌO DOS PODERES 1 0,56%
TEMA 9: PODER EXECUTIVO 10 5,59%
TEMA 10: PODER LEGISLATIVO + TRIBUNAIS DE CONTAS 13 7,26%
TEMA 11: PROCESSO LEGISLATIVO 14 7,82%
TEMA 12: PODER JUDICIçRIO 10 5,59%
TEMA 13: FUN‚ÍES ESSENCIAIS Ë JUSTI‚A 3 1,68%
TEMA 14: CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 32 17,88%
TEMA 15: ORDEM SOCIAL E OUTROS TEMAS 10 5,59%
TEMA 16: ORDEM ECONïMICA E FINANCEIRA 1 0,56%
TEMA 17: DEFESA DO ESTADO 2 1,12%
TOTAL 179 100,00%

Meus amigos, perceberam como a banca joga (rs)? Essa tabela ser‡ o nosso
guia de bolso. Mais do que isso: Ser‡ o verdadeiro Òcaminho das pedrasÓ
para quem quer arrebentar em Direito Constitucional.

Uma an‡lise cuidadosa das estat’sticas nos indica que, se voc• souber os temas
ÒControle de ConstitucionalidadeÓ, ÒDireitos e Deveres Individuais e
ColetivosÓ, ÒOrganiza•‹o Pol’tico-AdministrativaÓ, ÒPoder Executivo,

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Poder e Processo Legislativo, Poder Judici‡rio e Ordem SocialÓ ir‡


mandar muito bem na prova. S— aqui temos +- 75% do que j‡ foi objeto de
cobran•a! J

Aulas T—picos abordados Data


Aula 00 Teoria Geral da Constitui•‹o / Separa•‹o de 23/11/17
Poderes / Princ’pios fundamentais
Aula 01 Direitos e deveres individuais e coletivos 07/12/17
Aula 02 Nacionalidade / Direitos pol’ticos / Partidos Pol’ticos 14/12/17
Aula 03 Organiza•‹o Pol’tico-Administrativa 25/12/17
Aula 04 Administra•‹o Pœblica 30/12/17
Aula 05 Poder Executivo. 04/01/18
Aula 06 Poder Legislativo. 17/01/18
Aula 07 Processo Legislativo. 24/01/18
Aula 08 Poder Judici‡rio 31/01/18
Aula 09 Outros temas: Fun•›es Essenciais ˆ Justi•a / 15/02/18
Ordem Social / Ordem Econ™mica e Financeira /
Defesa do Estado
Aula 10 Controle de Constitucionalidade 20/02/18
Aula Extra Revis‹o 01 26/02/18
Aula Extra Revis‹o 02 01/03/18
Aula Extra Revis‹o 03 05/03/18

Prontos para come•armos nossa jornada?


Forte abra•o a todos e bons estudos!
Diego e Ricardo

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1. CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO

A Constitui•‹o Ž a Òlei fundamental e supremaÓ. ƒ ela que determina a


organiza•‹o e o funcionamento do Estado, bem como Ž ela que define os direitos
e garantias fundamentais. A Constitui•‹o serve como fundamento de validade
de todo o ordenamento jur’dico. ƒ o estatuto do Poder Pol’tico.

De acordo com o Prof. J.J Canotilho, a Constitui•‹o Ž um Òsistema abertoÓ


composto por normas de dois tipos: i) regras e; ii) princ’pios.

As regras s‹o mais concretas, servindo para definir determinadas condutas.


J‡, os princ’pios s‹o mais abstratos: n‹o definem condutas, mas sim
diretrizes para que se alcance a m‡xima concretiza•‹o da norma. As regras n‹o
admitem o cumprimento ou descumprimento parcial; elas seguem a l—gica do
Òtudo ou nadaÓ. Nesse sentido, quando duas regras entram em conflito, cabe ao
aplicador do direito determinar qual delas foi suprimida.

Por outro lado, os princ’pios podem ter sua aplica•‹o mitigada. No caso de
colis‹o, o conflito Ž apenas aparente, ou seja, um n‹o ser‡ exclu’do pelo
outro. Assim, apesar de a Constitui•‹o, por exemplo, garantir a livre
manifesta•‹o do pensamento (art. 5¼, IV), esse direito n‹o Ž absoluto. Encontra
limites na prote•‹o ˆ vida privada (art. 5¼, X). O intŽrprete, ent‹o, dever‡ se
valer da tŽcnica da harmoniza•‹o (pondera•‹o de valores).

Quando Canotilho diz que a Constitui•‹o Ž um Òsistema abertoÓ, significa que a


Constitui•‹o Ž din‰mica, adaptando-se ˆ realidade social de modo a concretizar
o Estado democr‡tico de direito e captar a evolu•‹o dos valores da sociedade,
sob pena de perder sua for•a normativa.

Se formos buscar na doutrina, iremos identificar que n‹o h‡ uma uniformidade


quando quanto ao conceito de Constitui•‹o, podendo este ser analisado a partir
de diversas concep•›es. Mas, para fins prova, precisaremos levar alguns pontos
importantes. Vejamos.

ü Sentido sociol—gico: Tem sua origem no sŽculo XIX, definido por


Ferdinand Lassalle. A Constitui•‹o Ž, em verdade, um fato social, e n‹o
uma norma jur’dica. A Constitui•‹o real e efetiva de um Estado consiste
na soma dos fatores reais de poder (guarde essa express‹o) que
vigoram na sociedade. ƒ o reflexo das rela•›es de poder que existem no
‰mbito do Estado e a soma das for•as econ™micas, sociais, pol’ticas e
religiosas que forma a Constitui•‹o real.

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Para Lassale, coexistem em um Estado duas Constitui•›es: uma real,


efetiva, correspondente ˆ soma dos fatores reais de poder que regem este
pa’s; e outra, escrita, que consistiria apenas numa Òfolha de papelÓ.

ü Sentido pol’tico: Para Carl Schmitt, a Constitui•‹o Ž uma decis‹o


pol’tica fundamental que visa estruturar e organizar os elementos
essenciais do Estado. O que interessa t‹o-somente Ž que a Constitui•‹o Ž
um produto da vontade do titular do Poder Constituinte. Da’ ser chamada
pela doutrina de Teoria Òvoluntarista ou decisionistaÓ.

Schmitt distingue Constitui•‹o de leis constitucionais. A primeira


disp›e sobre matŽrias de grande relev‰ncia jur’dica, como Ž o caso da
forma de Estado e de Governo, rela•‹o entre os poderes, reparti•‹o de
compet•ncia. As segundas, seriam normas que fazem parte formalmente
do texto, mas que tratam de assuntos de menor import‰ncia.

ü Sentido jur’dico: Para Hans Kelsen, a Constitui•‹o Ž entendida como


norma jur’dica pura, sem qualquer cunho sociol—gico, pol’tico ou
filos—fico. Ela Ž a norma superior e fundamental, que organiza e
estrutura o poder pol’tico, limita a atua•‹o estatal e estabelece direitos e
garantias individuais.

Kelsen concebeu o ordenamento jur’dico como um sistema de


escalonamento hier‡rquico das normas. Sob essa —tica, as normas
jur’dicas inferiores (normas fundadas) sempre retiram seu fundamento de
validade das normas jur’dicas superiores (normas fundantes). Assim, um
decreto retira seu fundamento de validade das leis ordin‡rias; por sua vez,
a validade das leis ordin‡rias se apoia na Constitui•‹o.

Nesse sentido, precisamos compreender a Constitui•‹o a partir de dois


sentidos: o l—gico-jur’dico e o jur’dico-positivo. No sentido l—gico-
jur’dico, a Constitui•‹o Ž a norma hipotŽtica fundamental (imaginada)
que serve como fundamento l—gico transcendental da validade da
Constitui•‹o em sentido jur’dico-positivo. Esta norma n‹o possui um
enunciado expl’cito, consistindo apenas numa ordem, dirigida a todos, de
obedi•ncia ˆ Constitui•‹o positiva.

J‡ no sentido jur’dico-positivo a Constitui•‹o Ž a norma positiva


suprema, que serve para regular a cria•‹o de todas as outras. ƒ
documento solene, cujo texto s— pode ser alterado mediante procedimento
especial. No Brasil, esta Constitui•‹o Ž, atualmente, a de 1988.

Mas Diego, e qual a posi•‹o do STF?

O Supremo n‹o tem apenas uma vis‹o de perceber a Constitui•‹o. A Corte adota
mœltiplas acep•›es, ora entendendo a Constitui•‹o como um fato social, ora

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como valor ou norma jur’dica. Todas elas s‹o importantes e possuem suas
contribui•›es e fragilidades.

2. ESTRUTURA DA CONSTITUIÇÃO

As Constitui•›es, de forma geral, dividem-se em tr•s partes: pre‰mbulo, parte


dogm‡tica e disposi•›es transit—rias.

O pre‰mbulo Ž a parte que antecede o texto constitucional. Serve para


apresentar e definir as inten•›es do Constituinte, proclamando os princ’pios e
rompendo com a ordem jur’dica anterior. ƒ elemento de integra•‹o.

Segundo o STF, o pre‰mbulo Ž fonte de interpreta•‹o1, mas n‹o Ž norma


constitucional; n‹o disp›e de for•a normativa ou car‡ter vinculante. N‹o
serve de par‰metro para a declara•‹o de inconstitucionalidade e n‹o estabelece
limites para o Poder Constituinte. Por isso, que suas disposi•›es n‹o s‹o de
reprodu•‹o obrigat—ria pelas Constitui•›es Estaduais.

A parte dogm‡tica Ž o texto constitucional propriamente dito, que prev• os


direitos e deveres criados pelo poder constituinte. Trata-se do corpo
permanente. Destaca-se que falamos em Òcorpo permanenteÓ porque, a
princ’pio, essas normas n‹o t•m car‡ter transit—rio, embora possam ser
modificadas pelo poder constituinte derivado, mediante emenda constitucional.

Por fim, a parte transit—ria visa integrar a ordem jur’dica antiga ˆ nova,
quando do advento de uma nova Constitui•‹o, garantindo a seguran•a jur’dica
e evitando o colapso entre um ordenamento jur’dico e outro. Suas normas s‹o
formalmente constitucionais, embora, no texto da CF/88, apresente
numera•‹o pr—pria (vejam ADCT). A parte transit—ria pode ser modificada por
reforma constitucional. AlŽm disso, tambŽm pode servir como paradigma para
o controle de constitucionalidade das leis.

3. ELEMENTOS DA CONSTITUIÇÃO

Embora as Constitui•›es formem um todo sistematizado, suas normas est‹o


agrupadas em t’tulos, cap’tulos e se•›es, com conteœdo, origem e finalidade
diferentes, possuindo um car‡ter polifacŽtico (Òmuitas facesÓ).


1
MORAES, Alexandre de. Constitui•‹o do Brasil Interpretada e Legisla•‹o Constitucional, 9» edi•‹o. S‹o Paulo Editora Atlas:
2010, pp. 53-55

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A doutrina agrupa as normas constitucionais conforme suas finalidades, no que


se denominam elementos da constitui•‹o. Para fins de revis‹o, seguiremos a
doutrina cl‡ssica do Prof. JosŽ Afonso da Silva, a saber:

•São normas que regulam a estrutura do Estado e do Poder. Exemplos: Título


Elementos orgânicos: III (Da Organização do Estado) e IV (Da Organização dos Poderes).

Elementos •São normas que compõem os direitos e garantias fundamentais, limitando a


atuação do poder estatal. Ex: Título II (Dos Direitos e Garantias
limitativos: Fundamentais), exceto Capítulo II (Dos Direitos Sociais).

Elementos •São as normas que traduzem o compromisso com o bem estar social.
Refletem a existência do Estado social, intervencionista, prestacionista. Ex:
socioideológicos: “Dos Direitos Sociais, Da Ordem Econômica e Financeira e Da Ordem Social”.

Elementos de •São normas destinadas a prover solução de conflitos constitucionais, bem


estabilização como a defesa da Constituição, do Estado e das instituições democráticas.
constitucional: Ex: art. 102, I, “a” e arts. 34 a 36.

Elementos formais •São as normas que estabelecem regras de aplicação da constituição. Ex:
de aplicabilidade: preâmbulo, disposições constitucionais transitórias e art. 5º, § 1º, CF.

4. CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES

Ao estudar as diversas Constitui•›es, a doutrina prop›e muitos critŽrios para


classific‡-las. Vamos apenas trabalhar os elementos fundamentais, uma passada
r‡pida neste tema; famoso ÒbizœÓJ, para fins de revis‹o.

1) Classifica•‹o quanto ˆ origem:


a) Outorgadas: s‹o aquelas impostas, que surgem sem participa•‹o
popular. Resultam de ato unilateral de vontade da classe ou pessoa
dominante. Ex: CF de 1824, 1937 e 1967 e a EC n¼ 01/1969.
b) Democr‡ticas: nascem com participa•‹o popular, por processo
democr‡tico, fruto do trabalho de uma Assembleia Nacional
Constituinte. Ex: CF de 1891, 1934, 1946 e 1988.
c) Cesaristas/bonapartistas: s‹o outorgadas, mas necessitam de
referendo popular, cabendo ao povo apenas a sua ratifica•‹o.
d) Dualista: Ž resultado de duas for•as antag™nicas: monarquia
enfraquecida X a burguesia em ascens‹o. Visam estabelecem limita•‹o
ao poder, formando as chamadas monarquias constitucionais.

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2) Classifica•‹o quanto ˆ forma:


a) Escritas/instrumentais: s‹o elaboradas por um —rg‹o
constituinte especialmente encarregado dessa tarefa por meio de
documentos solenes. Podem ser codificadas - œnico texto; ou legais -
pluritextuais ou inorg‰nicas. A CF/88 Ž escrita e codificada.
b) N‹o escritas/costumeiras/consuetudin‡rias: est‹o em variadas
fontes normativas (leis, costumes, jurisprud•ncia, acordos/conven•›es.
N‹o h‡ um —rg‹o encarregado de elaborar. Ex: Constitui•‹o inglesa.
3) Classifica•‹o quanto ao modo de elabora•‹o:
a) Dogm‡ticas/sistem‡ticas: s‹o escritas, tendo sido elaboradas por
um —rg‹o constitu’do para esta finalidade, segundo os dogmas e valores.
Subdividem-se em: ortodoxas: quando refletem uma s— ideologia ou
heterodoxas (eclŽticas): quando se originam de ideologias distintas. Ex:
CF/88 Ž dogm‡tica eclŽtica.
b) Hist—ricas/costumeiras: s‹o do tipo n‹o escritas. S‹o criadas
lentamente com as tradi•›es; s’ntese dos valores hist—ricos.Ex:
Constitui•‹o inglesa.
4) Classifica•‹o quanto ˆ estabilidade (alterabilidade):
a) Super-r’gida: h‡ um nœcleo intang’vel, as chamadas cl‡usulas
pŽtreas, sendo as demais normas alter‡veis por processo legislativo
diferenciado.
b) R’gida: modificada por procedimento mais dificultoso do que as
demais leis. ƒ sempre escrita, mas a rec’proca n‹o Ž verdadeira: nem
toda Constitui•‹o escrita Ž r’gida. A CF/88 Ž r’gida. Ex: CF/1891, 1934,
1937, 1946, 1967 e 1988.
c) Semirr’gida ou semiflex’vel: para algumas normas, o processo
legislativo de altera•‹o Ž mais dificultoso que o ordin‡rio; para outras
n‹o. Ex: Carta Imperial do Brasil (1824)
d) Flex’vel: pode ser modificada pelo procedimento legislativo ordin‡rio,
pelo mesmo processo das leis comuns.

ATEN‚ÌO! ƒ importante salientar que a maior ou


menor rigidez da Constitui•‹o n‹o lhe assegura
estabilidade. Sabe-se hoje que a estabilidade se
relaciona mais com o amadurecimento da sociedade
e das institui•›es estatais do que com o processo
legislativo de modifica•‹o do texto constitucional.

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5) Classifica•‹o quanto ao conteœdo:


a) Material: conjunto de normas, escritas ou n‹o, que regulam os
aspectos essenciais da vida estatal; ainda que exista normas fora do texto
constitucional, estas far‹o parte da Constitui•‹o material. A an‡lise aqui
Ž em rela•‹o ao conteœdo. Ex: Carta do ImpŽrio de 1824.
b) Constitui•‹o formal/procedimental: normas que est‹o inseridas
formalmente no texto de uma Constitui•‹o r’gida,
independentemente de seu conteœdo; foi solenemente elaborada por
uma Assembleia Constituinte. Ex: CF/88
6) Classifica•‹o quanto ˆ extens‹o:
a) Anal’ticas/prolixas: de conteœdo extenso, tratando de matŽrias que
n‹o apenas a organiza•‹o b‡sica do Estado. Cont•m normas apenas
formalmente constitucionais. A CF/88 Ž anal’tica.
b) SintŽticas/concisas/sum‡rias: apresentam apenas os elementos
substancialmente constitucionais. Ex: CF norte-americana. O
detalhamento Ž nas leis infraconstitucionais. Constitui•›es negativas.
7) Quanto ˆ correspond•ncia com a realidade (ontol—gica):
a) Normativas: regulam efetivamente o processo pol’tico do Estado;
correspondem ˆ realidade pol’tica e social; t•m valor jur’dico. Ex: CF
brasileiras de 1891, 1934 e 1946.
b) Nominativas: buscam regular o processo pol’tico, mas n‹o
conseguem realizar este objetivo; s‹o prospectivas, pois visam, um dia,
a sua concretiza•‹o; mas n‹o possuem valor jur’dico: s‹o Constitui•›es
Òde fachadaÓ.
c) Sem‰nticas: n‹o t•m por objetivo regular a pol’tica estatal. Visam
apenas formalizar a situa•‹o existente do poder pol’tico. Ex:
Constitui•›es de 1937, 1967 e 1969.
*Destaca-se que essa classifica•‹o foi criada por Karl Loewenstein. Embora
existam controvŽrsias na doutrina, podemos classificar a CF/88 como
normativa.
8) Classifica•‹o quanto ˆ finalidade:
a) Constitui•‹o-garantia: seu principal objetivo Ž proteger as
liberdades pœblicas contra a arbitrariedade do Estado. S‹o tambŽm
chamadas de negativas; buscam limitar a a•‹o estatal; imp›em a
omiss‹o ou negativa de atua•‹o do Estado.
b) Constitui•‹o-dirigente: tra•a diretrizes/objetivo/metas que devem
nortear a a•‹o estatal, prevendo, para isso, as chamadas normas
program‡ticas. Segundo Canotilho, voltam-se ˆ garantia do existente,
aliada ˆ institui•‹o de um programa ou linha de dire•‹o para o futuro.

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Assim, as Constitui•›es-dirigentes, alŽm de assegurarem as


liberdades negativas (j‡ alcan•adas), passam a exigir uma atua•‹o
positiva do Estado em favor dos indiv’duos. Ex: CF/88

E a nossa CF/88 Ž de que tipo? Para fins de prova,


guardem com carinho que nossa Constitui•‹o possui as
seguintes caracter’sticas:
Democr‡tica, promulgada, escrita,
codificada, dogm‡tica, eclŽtica, r’gida,
formal, anal’tica, normativa* e dirigente.

5. HISTÓRICO DAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS

Meus amigos, este Ž um tema que atŽ ent‹o n‹o era cobrado em provas da OAB.
Mas, no XIX exame de ordem, a banca resolver trazer para o certame. Ent‹o,
vamos aqui fazer uma brev’ssima revis‹o.

A Constitui•‹o de 1824 Ž a chamada Carta Imperial. Foi a 1» Constitui•‹o


Brasileira. Trata-se de uma Constitui•‹o outorgada, que previa a exist•ncia
de um ÒPoder ModeradorÓ. Estabelecia apenas os direitos de 1» gera•‹o. Mas,
o voto era censit‡rio e a manifesta•‹o pol’tica dependia de manifesta•‹o
de riqueza. As mulheres, os mendigos e os analfabetos n‹o votavam.

A Constitui•‹o de 1891 foi 1» Constitui•‹o que adotou a forma republicana


e o Estado Federativo. Foi tambŽm a primeira Constitui•‹o promulgada.
Aqui, ainda h‡ a exist•ncia dos direitos de 1» gera•‹o apenas e a situa•‹o do
voto censit‡rio. Mas, tem-se os primeiros passos da hist—ria do controle de
Constitucionalidade (controle difuso) e o estabelecimento do 1¼ remŽdio
constitucional: Habeas Corpus.
Dica!
Na Constitui•‹o de 1934 temos um marco. 1» •Criação do voto
Constitui•‹o social do Brasil, trazendo os direitos secreto e direito à
sociais (2» gera•‹o). Foi uma Constitui•‹o democr‡tica, voto da mulheres.
promulgada. Surgimento dos primeiros instrumentos do •Introduz o Mandado
controle concentrado: a) Representa•‹o de de Segurança
Individual e a Ação
Inconstitucionalidade Interventiva Federal; b) papel do Popular no texto da
Senado e c) Princ’pio de reserva de plen‡rio. Constituição.

A Constitui•‹o de 1937 Ž a Constitui•‹o ÒPolacaÓ, inspirada num modelo


fascista da Carta ditatorial Polonesa/1935. Constitui•‹o autorit‡ria. Houve
retrocesso nos direitos e garantias fundamentais; perda dos direitos pol’ticos;

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e censura prŽvia, trazendo tambŽm a possibilidade de prescri•‹o de pena de


morte em alguns casos.

J‡ a Constitui•‹o de 1946 foi uma Constitui•‹o promulgada. Houve


evolu•‹o na defesa dos direitos fundamentais; surgimento do alistamento e
o voto obrigat—rio para ambos sexos; a livre manifesta•‹o do pensamento;
a fun•‹o social da propriedade e reconhecimento do direito de greve.

Na Constitui•‹o de 1967 temos uma Constitui•‹o outorgada, com


verdadeiro retrocesso na defesa dos direitos fundamentais, inclusive, com a
cria•‹o da a•‹o de suspens‹o de direitos individuais e pol’ticos. Em 1968, houve
o Ato Institucional AI-5, respons‡vel pela restri•‹o de direitos e um
alinhamento ao regime ditatorial.

A Constitui•‹o de 1969, na verdade, acabou sendo uma reescrita da anterior.


Veio, inclusive por Emenda Constitucional de 1969. Embora a forma seja a
mesma, no seu conteœdo a doutrina entende que houve um novo texto. Houve
concentra•‹o/centraliza•‹o do poder tanto horizontalmente (legislativo,
executivo e judici‡rio), quanto verticalmente (Uni‹o, Estados e Munic’pios), nas
m‹os do Presidente da Repœblica.

1. (FGV / XXI Exame de Ordem Ð 2016) A Constitui•‹o de determinado pa’s


veiculou os seguintes artigos:
Art. X. As normas desta Constitui•‹o poder‹o ser alteradas mediante
processo legislativo pr—prio, com a aprova•‹o da maioria qualificada de
tr•s quintos dos membros das respectivas Casas Legislativas, em dois
turnos de vota•‹o, exceto as normas constitucionais que n‹o versarem
sobre a estrutura do Estado ou sobre os direitos e garantias fundamentais,
que poder‹o ser alteradas por intermŽdio de lei infraconstitucional.
Art. Y. A presente Constitui•‹o, concebida diretamente pelo Exmo. Sr.
Presidente da Repœblica, dever‡ ser submetida ˆ consulta popular, por
meio de plebiscito, visando ˆ sua aprova•‹o definitiva.
Art. Z. A ordem econ™mica ser‡ fundada na livre iniciativa e na valoriza•‹o
do trabalho humano, devendo seguir os princ’pios reitores da democracia
liberal e da social democracia, bem como o respeito aos direitos
fundamentais de primeira dimens‹o (direitos civis e pol’ticos) e de segunda
dimens‹o (direitos sociais, econ™micos, culturais e trabalhistas).
Com base no fragmento acima, Ž certo afirmar que a classifica•‹o da
Constitui•‹o do referido pa’s seria
a) semirr’gida, promulgada, heterodoxa.

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b) flex’vel, outorgada, compromiss—ria.


c) r’gida, bonapartista e ortodoxa.
d) semiflex’vel, cesarista e compromiss—ria.

Coment‡rios:
Opa! Sempre comentei com os alunos que um dia a OAB iria cobrar o tema da
classifica•‹o das Constitui•›es. E ela veio! (rs). Quest‹o fresquinha do XXI Exame
de Ordem, meus amigos.
De acordo com o art. X, pode-se dizer que a Constitui•‹o Ž semirr’gida (ou
semiflex’vel). Isso porque parte dela depende, para ser alterada, de processo
legislativo mais dificultoso do que o das leis. Outra parte poder‡ ser alterada por
processo legislativo id•ntico ao das leis.
Pelo art. Y, pode-se identificar que a Constitui•‹o Ž cesarista. ƒ uma Constitui•‹o
outorgada, mas que depende de ulterior ratifica•‹o popular.
Por fim, o art. Z nos mostra que a Constitui•‹o Ž dirigente (compromiss—ria). ƒ
uma Constitui•‹o que, alŽm de garantir os direitos e garantias individuais,
estabelece diretrizes para a concretiza•‹o dos direitos econ™micos e sociais.
Gabarito letra D.

2. (FGV / XIX Exame de Ordem Ð 2016) O constitucionalismo brasileiro,


desde 1824, foi constru’do a partir de vertentes te—ricas que estabeleceram
continuidades e clivagens hist—ricas no que se refere ˆ ess•ncia e ˆ
interrela•‹o das fun•›es estatais, tanto no plano vertical como no
horizontal, bem como ˆ prote•‹o dos direitos fundamentais. A partir dessa
constata•‹o, assinale a afirmativa correta.
a) A Constitui•‹o de 1824 adotou, de maneira r’gida, a triparti•‹o das fun•›es
estatais, que seriam repartidas entre o Executivo, o Legislativo e o Judici‡rio.
b) A Constitui•‹o de 1891 disp™s sobre o federalismo de coopera•‹o e delineou um
Estado Social e Democr‡tico de Direito.
c) A Constitui•‹o de 1937 considerou o Supremo Tribunal Federal o guardi‹o da
Constitui•‹o, detendo a œltima palavra no controle concentrado de
constitucionalidade.
d) A Constitui•‹o de 1946 foi promulgada e reinaugurou o per’odo democr‡tico no
Brasil, tendo contemplado um rol de direitos e garantias individuais.

Coment‡rios:
Letra A: errada. A Constitui•‹o de 1824 previa tambŽm a exist•ncia do Poder
Moderador, que estaria nas m‹os do Imperador.

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Letra B: errada. A Constitui•‹o de 1934 Ž que inaugurou o Constitucionalismo


social no Brasil, inovando com os direitos 2» gera•‹o. Foi uma Constitui•‹o
democr‡tica, promulgada.
Letra C: errada. O controle concentrado de constitucionalidade surge, de fato,
somente com a EC n¼ 16/1965, que foi editada sob a Žgide da Constitui•‹o de
1946. AtŽ ent‹o, funcionava apenas o controle difuso de constitucionalidade e
alguns embri›es de instrumentais de controle concentrado.
Letra D: correta. Perfeito. Como vimos, a Constitui•‹o/1946 trouxe um novo
per’odo democr‡tico no Brasil, com uma evolu•‹o na defesa dos direitos
fundamentais e o encerramento da vig•ncia da Constitui•‹o/1937 (denominada
ÒPolacaÓ) durante o per’odo do Estado Novo (Getœlio Vargas).

3. (FGV/Prefeitura de Cuiab‡-MT - 2016) Edilberto, advogado


constitucionalista, idealizou um modelo constitucional com as seguintes
caracter’sticas: a primeira parte n‹o poderia sofrer qualquer tipo de
altera•‹o, devendo permanecer imut‡vel; a segunda parte poderia ser
alterada a partir de um processo legislativo qualificado, mais complexo que
aquele inerente ˆ legisla•‹o infraconstitucional; e a terceira parte poderia
ser alterada com observ‰ncia do mesmo processo legislativo afeto ˆ
legisla•‹o infraconstitucional. Ë luz da classifica•‹o predominante das
Constitui•›es, Ž correto afirmar que uma Constitui•‹o dessa natureza seria
classificada como:
(A) r’gida;
(B) flex’vel;
(C) semirr’gida;
(D) fortalecida;
(E) pl‡stica.

Coment‡rios:
Letra A: errada. A constitui•‹o r’gida Ž aquela que a modifica•‹o de todo o seu texto
deve ocorrer por procedimento mais dificultoso do que as demais leis.
Letra B: errada. A constitui•‹o flex’vel Ž a que pode ter o seu texto modificado pelo
procedimento legislativo ordin‡rio.
Letra C: correta. Opa! Este Ž o gabarito! Na constitui•‹o semirr’gida tambŽm
chamada de semiflex’vel parte de seu texto Ž modificado por um processo legislativo
mais dif’cil, enquanto outra parte Ž modificada por um processo semelhante ao das
leis comuns. (legisla•‹o infraconstitucional)
Letra D: errada. Tal denomina•‹o n‹o Ž adotada pela corrente doutrin‡ria para a
classifica•‹o das Constitui•›es Federais.
Letra E: errada. N‹o existe um consenso doutrin‡rio em rela•‹o a defini•‹o de
constitui•‹o pl‡stica, havendo doutrina que defende ser ela sin™nimo de flex’vel e
doutrina que entende ser ela suscet’vel de adapta•‹o a uma nova realidade social,

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por meio de integra•‹o normativa futura, realizada pelo legislador ordin‡rio. Ent‹o,
n‹o h‡ uma posi•‹o firme sobre o conceito de constitui•‹o pl‡stica.

4. (FGV/MPE-RJ - 2016) Pedro, estudante de direito, disse ao seu professor


que lera, em um livro, que a Constitui•‹o brasileira era classificada como
r’gida. O professor explicou-lhe que deve ser classificada como r’gida a
Constitui•‹o que:
(A) precise ser observada por todos os que vivam no territ—rio do respectivo Pa’s;
(B) seja escrita, distinguindo-se, portanto, das Constitui•›es que se formam a partir
do costume;
(C) vincule todas as estruturas estatais de poder aos seus comandos;
(D) s— possa ser reformada mediante um processo legislativo qualificado, mais
complexo que o comum;
(E) n‹o possa ser revogada por outra Constitui•‹o, ainda que haja uma revolu•‹o.

Coment‡rios:
Esta quest‹o foi bem tranquila pessoal! Vimos em aula que uma das
caracter’sticas da Constitui•‹o Federal de 1988 Ž que ela Ž classificada como
r’gida. Para ser modificada Ž necess‡rio o respeito a um procedimento mais
dificultoso do que para as demais leis. O gabarito Ž a letra D.

6. CONSTITUCIONALISMO E
NEOCONSTITUCIONALISMO

O constitucionalismo pode ser entendido como um movimento pol’tico-social


cujo objetivo Ž a limita•‹o do poder estatal. Por —bvio, o constitucionalismo
n‹o foi um movimento homog•neo em todos os Estados. Mas quando Ž que teve
origem o constitucionalismo?

a) O constitucionalismo antigo: Teve origem na antiguidade cl‡ssica, no


seio do povo hebreu, que se organizava politicamente por meio do regime
teocr‡tico. Os detentores do poder estavam limitados pela lei do Senhor.

Na Idade MŽdia, uma importante manifesta•‹o do constitucionalismo foi a


Magna Carta inglesa (1215), que representou uma limita•‹o ao poder
mon‡rquico, que, antes, podia tudo. A vontade do rei estaria limitada pela lei.

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Anos mais ˆ frente, na Idade Moderna, a doutrina identifica novas


manifesta•›es do constitucionalismo, como o Petition of Rights (1628), Habeas
Corpus Act (1679) e o Bill of Rights (1689). Tratam-se de documentos que
garantiram prote•‹o aos direitos fundamentais, visando limitar a inger•ncia
estatal e controlar o poder pol’tico.

b) O constitucionalismo moderno: Embora, num primeiro momento, as


ideias do constitucionalismo n‹o estivessem condicionadas ˆ exist•ncia de
Constitui•›es escritas, com o tempo essas se tornaram ferramentas essenciais
para o movimento.

Nesse sentido, s‹o marcos do constitucionalismo moderno a Constitui•‹o dos


Estados Unidos da AmŽrica (1787) e a Constitui•‹o da Fran•a (1791). J‡ havia,
anteriormente, alguns documentos escritos, como Ž o caso dos pactos (Magna
Carta, Bill of Rights, Petition of Rights), forais, cartas de franquia e contratos de
coloniza•‹o. Considera-se que esses documentos s‹o embri›es do
constitucionalismo moderno e das constitui•›es escritas.2

O constitucionalismo moderno nasce com um forte viŽs liberal, consagrando


valores maiores como a liberdade e a prote•‹o ˆ propriedade privada,
evidenciando o voluntarismo e a exig•ncia de que o Estado se abstenha de
intervir na esfera privada (absente’smo estatal). Com a ascens‹o do
constitucionalismo moderno, tambŽm surgem novas ideias e pr‡ticas, dentre as
quais citamos a separa•‹o de poderes, a prote•‹o e garantia dos direitos
individuais e a supremacia constitucional.

c) O Neoconstitucionalismo: O neoconstitucionalismo, tambŽm chamado de


constitucionalismo contempor‰neo, avan•ado ou de direitos, tem como marco
hist—rico o p—s 2» Guerra Mundial. Representa uma resposta ˆs atrocidades
cometidas pelos regimes totalit‡rios (nazismo e fascismo) e, justamente por
isso, tem como fundamento a dignidade da pessoa humana.

Esse novo pensamento se reflete no conteœdo das Constitui•›es. Se antes elas


se limitavam a estabelecer os fundamentos da organiza•‹o do Estado e do
Poder, agora passam a prever valores e op•›es pol’ticas gerais (redu•‹o
das desigualdades) e espec’ficas (obriga•‹o de provimento do Estado).

O Prof. Lu’s Roberto Barroso, de forma bem objetiva, nos explica que o
neoconstitucionalismo identifica um amplo conjunto de modifica•›es
ocorridas no Estado e no direito constitucional. 3

O marco hist—rico dessas mudan•as Ž a forma•‹o do Estado Constitucional


de Direito, cuja consolida•‹o se deu ao longo das œltimas dŽcadas do sŽculo

2
FERREIRA FILHO, Manoel Gon•alves. Curso de Direito Constitucional, 38» edi•‹o. S‹o Paulo. Ed. Saraiva: 2012, pp.30-31
3
BARROSO, Lu’s Roberto. Neoconstitucionalismo e Constitucionaliza•‹o do Direito: O triunfo tardio do Direito Constitucional
no Brasil. In: Revista da Associa•‹o dos Ju’zes Federais do Brasil. Ano 23, n. 82, 2005.

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XX. Este Estado come•a a se formar no p—s-Segunda Guerra Mundial, em face


do reconhecimento da for•a normativa da Constitui•‹o.

A legalidade, a partir da’, subordina-se ˆ Constitui•‹o, sendo a validade das


normas jur’dicas dependente de sua compatibilidade com as normas
constitucionais. H‡ uma mudan•a de paradigmas: o Estado Legislativo de
Direito d‡ lugar ao Estado Constitucional de Direito.

O marco filos—fico, por sua vez, Ž o p—s-positivismo, que reconhece a


centralidade dos direitos fundamentais e reaproxima•‹o do Direito da ƒtica e da
Justi•a. O princ’pio da dignidade da pessoa humana ganha relev‰ncia; busca-se
a concretiza•‹o dos direitos fundamentais e a garantia de condi•›es m’nimas de
exist•ncia aos indiv’duos (Òm’nimo existencialÓ). Os princ’pios passam a ser
encarados como verdadeiras normas jur’dicas.

No marco te—rico tem-se o conjunto de mudan•as que incluem a for•a


normativa da Constitui•‹o, visando garantir a concretiza•‹o dos valores
inseridos no texto constitucional; a expans‹o da jurisdi•‹o constitucional,
cabendo ao Poder Judici‡rio proteger os direitos fundamentais e o
desenvolvimento da nova dogm‡tica da interpreta•‹o constitucional.

Assim, o neoconstitucionalismo est‡ voltado a reconhecer a supremacia da


Constitui•‹o, cujo conteœdo passa a condicionar a validade de todo o Direito e
a estabelecer deveres de atua•‹o para os —rg‹os de dire•‹o pol’tica. A
Constitui•‹o, do ponto de vista formal, est‡ no topo do ordenamento jur’dico,
sendo paradigma interpretativo de todos os ramos do Direito.

5. (FGV / XVII Exame de Ordem Unificado Ð 2015) Dois advogados, com


grande experi•ncia profissional e com a justa preocupa•‹o de se manterem
atualizados, concluem que algumas ideias v•m influenciando mais
profundamente a percep•‹o dos operadores do direito a respeito da ordem
jur’dica. Um deles lembra que a Constitui•‹o brasileira vem funcionando
como verdadeiro ÒfiltroÓ, de forma a influenciar todas as normas do
ordenamento p‡trio com os seus valores. O segundo, concordando,
adiciona que o crescente reconhecimento da natureza normativo-jur’dica
dos princ’pios pelos tribunais, especialmente pelo Supremo Tribunal
Federal, tem aproximado as concep•›es de Direito e Justi•a (buscada no
di‡logo racional) e oferecido um papel de maior destaque aos magistrados.
As posi•›es apresentadas pelos advogados mant•m rela•‹o com uma
concep•‹o te—rico-jur’dica que, no brasil e em outros pa’ses, vem sendo
denominada de:
(A) Neoconstitucionalismo.

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(B) Positivismo-normativista.
(C) Neopositivismo.
(D) Jusnaturalismo.

Coment‡rios:
No enunciado da quest‹o, percebemos que os advogados levantaram algumas
ideias interessantes:
a) a Constitui•‹o funciona como ÒfiltroÓ, influenciando todas as normas do
ordenamento p‡trio. A Constitui•‹o Ž o centro do sistema jur’dico,
condicionando a validade de todo o Direito.
b) reconhecimento pelos tribunais da natureza normativo-jur’dica dos
princ’pios. Essa Ž uma caracter’stica do p—s-positivismo, que passa a
considerar os princ’pios verdadeiras normas jur’dicas.
c) aproxima•‹o entre as concep•›es de Direito e Justi•a.
d) papel de maior destaque aos magistrados.
Todas essas caracter’sticas se referem, conforme estudamos, ao
neoconstitucionalismo. O gabarito Ž a letra A.

7. JUSNATURALISMO, POSITIVISMO E PÓS-


POSITIVISMO

O jusnaturalismo, o positivismo e o p—s-positivismo s‹o correntes doutrin‡rias


com distintas concep•›es acerca do Direito. A corrente jusnaturalista defende
que o direito Ž uno (v‡lido em todo e qualquer lugar), imut‡vel (n‹o se altera
com o tempo) e independente da vontade humana (a lei Ž fruto da raz‹o).
Para os jusnaturalistas, h‡ um direito anterior ao direito positivo (escrito), que
Ž resultado da pr—pria natureza (raz‹o) humana: trata-se do direito natural.

O jusnaturalismo apresenta diferentes escolas, com diferentes concep•›es. As


principais s‹o a Escola Tomista e a Escola do Direito Natural e das Gentes. A
primeira delas tem como fundamento a doutrina de S‹o Tom‡s de Aquino,
segundo o qual existe um direito eterno, que vem de Deus, sendo este revelado
parcialmente pela Igreja e parcialmente pela raz‹o.

J‡ para a segunda, a Escola do Direito Natural e das Gentes, o fundamento do


Direito Natural se encontra na raz‹o humana e na sua caracter’stica de ser
social. Seu principal representante Ž Hugo Gr—cio.

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Para o positivismo jur’dico, o direito se resume ˆquele criado pelo Estado na


forma de leis, independentemente de seu conteœdo, sendo a
Constitui•‹o seu fundamento de validade. Esta, por sua vez, tem como
fundamento de validade a norma hipotŽtica fundamental, que pode ser reduzida
na frase Òa Constitui•‹o deve ser obedecidaÓ (sentido l—gico-jur’dico de Kelsen).

Na —tica positivista, n‹o h‡ v’nculo entre direito e moral ou entre direito e


Žtica. Esse distanciamento entre direito e moral legitimou as atrocidades e
barb‡ries da 2» Guerra Mundial; ao Òamparo da leiÓ (fruto da vontade popular),
perpetraram-se graves viola•›es aos direitos humanos.

O p—s-positivismo, por sua vez, Ž uma forma aperfei•oada de positivismo, em


que se entende que o Direito n‹o se encontra isolado da moral, devendo
esta ser considerada tanto quando de sua cria•‹o como quando de sua aplica•‹o.

Assim, princ’pios como a dignidade humana ou a igualdade influenciariam na


cria•‹o e na aplica•‹o das leis. (Ex: Constitui•‹o Alem‹ de 1949 - Lei
Fundamental de Bohn e a Constitui•‹o Italiana de 1947).

8. INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO

Interpretar a Constitui•‹o significa compreender, investigar o significado do seu


texto. A Hermen•utica Constitucional serve para solucionar, no caso concreto,
conflitos entre bens jur’dicos protegidos pela Carta Magna, bem como para dar
efic‡cia e aplicabilidade ˆs normas constitucionais. Para fins de prova, basta
relembrarmos os mŽtodos ou elementos cl‡ssicos da escola de Savigny.

Literal/gramatical: Histórico: Sistemático: Teleológico:


•O elemento literal, •Aqui se avalia o •Enxerga a Constituição •Aqui, busca-se a
como o nome diz, momento de elaboração com um grande sistema finalidade da norma; é
busca analisar o texto da norma (ideologia em que as normas o estudo dos
da norma em sua então vigente). devem ser propósitos, dos
literalidade. Indica que Entretanto, há doutrina interpretadas em objetivos; da essência.
a norma significa o que que faz ponderação conjunto, visando dar
nela estiver escrito. quanto a esse método, maior qualidade
afirmando que se deve interpretativa.
realizar uma
interpretação histórica
evolutiva; o momento da
ratio legis (fundamento
racional que mantém a
CF).

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Importante destacar Ž que atŽ 1945, reinava a concep•‹o de positivismo


jur’dico, em que se tinha a ideia do ordenamento como um complexo de regras,
assim entendida como normas jur’dicas objetivas, descritivas e concretas.
Aqui, a doutrina aponta que os princ’pios n‹o possu’am normatividade
defendida; eram apenas aplicados eventualmente em casos dif’ceis.

Entretanto, com o fim da 2» Guerra mundial, entendeu-se que a lei n‹o poderia
ser analisada apenas de forma literal. Os princ’pios, na vis‹o de Dworkin,
passam a ter normatividade pr—pria; carregados de conteœdo axiol—gico;
verdadeiras normas abertas e abstratas.

6. (FGV/MPE-RJ - 2016) Ednaldo, estudante de direito, observou que os


direitos fundamentais ˆ honra e ˆ liberdade de express‹o estavam
constantemente em conflito, tendo sŽrias dœvidas de como proceder para
superar esse estado de coisas. Pedro, emŽrito professor de direito
constitucional, observou que a solu•‹o passava pela classifica•‹o desses
direitos fundamentais como princ’pios constitucionais. Em aten•‹o ˆ
observa•‹o de Pedro, Ž correto afirmar que, na situa•‹o referida por
Ednaldo, o conflito:
(A) ser‡ resolvido a partir da pondera•‹o dos princ’pios envolvidos, conforme as
circunst‰ncias do caso concreto;
(B) n‹o pode ser resolvido, pois tanto o direito ˆ honra como ˆ liberdade de
express‹o devem ser protegidos;
(C) ser‡ resolvido conferindo-se, sempre, maior import‰ncia ao princ’pio
democr‡tico, presente na liberdade de express‹o;
(D) n‹o pode ser resolvido pelo Poder Judici‡rio, pois somente o Legislativo pode
disciplinar o conteœdo dos princ’pios;
(E) ser‡ resolvido conferindo-se, sempre, maior import‰ncia ao princ’pio da
privacidade, presente no direito ˆ honra.

Coment‡rios:
Conforme explica Canotilho, a Constitui•‹o Federal Ž composta de normas regras
e normas princ’pios. A quest‹o trata do conflito entre as normas princ’pios e este
Ž resolvido pela pondera•‹o entre eles. Assim, nenhum dos princ’pios ser‡
exclu’do totalmente, mas um ir‡ se sobrepor o outro, prevalecendo em um caso
concreto. ƒ o princ’pio da concord‰ncia pr‡tica ou da harmoniza•‹o. O gabarito
Ž a letra A.

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9. HIERARQUIA DAS NORMAS

Para compreender bem o Direito Constitucional Ž fundamental o estudo da


hierarquia das normas, atravŽs do que a doutrina denomina Òpir‰mide de
KelsenÓ. Essa pir‰mide foi baseada na ideia de que as normas jur’dicas
inferiores (normas fundadas) retiram seu fundamento de validade das
normas jur’dicas superiores (normas fundantes).

A pir‰mide de Kelsen tem a Constitui•‹o como seu vŽrtice (topo), por ser
esta o fundamento de validade de todas as demais normas do sistema.
Assim, nenhuma norma do ordenamento jur’dico pode se opor ˆ Constitui•‹o:
ela Ž superior a todas as demais normas jur’dicas, as quais s‹o, por isso mesmo,
denominadas infraconstitucionais. Vejamos

Constituição, Emendas Constitucionais e Tratados


Internacionais sobre Direitos Humanos aprovados
pelo rito das Emendas Constitucionais

Outros Tratados Internacionais sobre Direitos


Humanos

Leis Complementares, Ordinárias e Delegadas,


Medidas Provisórias, Decretos Legislativos,
Resoluções Legislativas, Tratados Internacionais
em geral e Decretos Autônomos

Normas Infralegais

H‡ normas constitucionais origin‡rias e normas constitucionais


derivadas. As origin‡rias s‹o produto do Poder Constituinte Origin‡rio (o poder
que elabora uma nova Constitui•‹o); elas integram o texto desde que ele foi
promulgado, em 1988. J‡ as normas constitucionais derivadas s‹o aquelas que
resultam da manifesta•‹o do Poder Constituinte Derivado (o poder que altera a
Constitui•‹o); s‹o as chamadas emendas constitucionais.

ƒ relevante destacar, nesse ponto, alguns entendimentos doutrin‡rios e


jurisprudenciais bastante cobrados em prova:

N‹o existe hierarquia entre normas constitucionais


origin‡rias. N‹o importa qual Ž o conteœdo da norma. Todas

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as normas constitucionais origin‡rias t•m o mesmo status


hier‡rquico. Nessa —tica, as normas definidoras de direitos e
garantias fundamentais t•m a mesma hierarquia do ADCT.
N‹o existe hierarquia entre normas constitucionais
origin‡rias e normas constitucionais derivadas. Todas elas se
situam no mesmo patamar.
As normas constitucionais origin‡rias n‹o podem ser
declaradas inconstitucionais. Segundo o STF, elas gozam de
presun•‹o absoluta de Constitucionalidade. N‹o podem ser
objeto de controle de constitucionalidade. J‡ as emendas (normas
constitucionais derivadas) poder‹o, sim, ser objeto de controle.
Aqui h‡ apenas uma presun•‹o apenas relativa.

O alem‹o Otto Bachof desenvolveu relevante obra


doutrin‡ria denominada ÒNormas constitucionais
inconstitucionaisÓ, na qual defende a possibilidade de
que existam normas constitucionais origin‡rias eivadas
de inconstitucionalidade. Para o jurista, o texto
constitucional possui dois tipos de normas: as cl‡usulas
pŽtreas (conteœdo n‹o pode ser abolido pelo Poder
Constituinte Derivado) e as normas constitucionais
origin‡rias. As cl‡usulas pŽtreas seriam superiores ˆs
demais normas constitucionais origin‡rias e serviriam de
par‰metro para o controle de constitucionalidade destas.
*No entanto, bastante cuidado: no Brasil, a tese de
Bachof n‹o Ž admitida. As cl‡usulas pŽtreas se
encontram no mesmo patamar hier‡rquico das demais
normas constitucionais origin‡rias.

Com a promulga•‹o da EC n¼. 45/2004, abriu-se uma nova e importante


possibilidade no ordenamento jur’dico brasileiro. Os tratados e conven•›es
internacionais de direitos humanos aprovados em cada Casa do Congresso
Nacional (C‰mara e Senado), em dois turnos, por tr•s quintos dos votos dos
respectivos membros, passaram a ser equivalentes ˆs emendas
constitucionais. Situam-se, portanto, no topo da pir‰mide de Kelsen, tendo
ÒstatusÓ de emenda constitucional.

Diz-se que os tratados de direitos humanos, ao serem aprovados por esse rito
especial, ingressam no chamado Òbloco de constitucionalidadeÓ. O primeiro
tratado de direitos humanos a receber este status foi a ÒConven•‹o Internacional
sobre os Direitos das Pessoas com Defici•ncia e seu Protocolo FacultativoÓ.

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Os demais tratados internacionais sobre direitos humanos, aprovados pelo rito


ordin‡rio, t•m, segundo o STF, ÒstatusÓ supralegalÓ. Significa que se situam
logo abaixo da Constitui•‹o e acima das demais normas.

No entanto, as normas imediatamente abaixo da Constitui•‹o


(infraconstitucionais) e dos tratados internacionais sobre direitos humanos s‹o
as leis (complementares, ordin‡rias e delegadas), as medidas provis—rias, os
decretos legislativos, as resolu•›es legislativas, os tratados internacionais em
geral incorporados ao ordenamento jur’dico e os decretos aut™nomos.

Mas, elas n‹o possuem hierarquia entre si, segundo doutrina majorit‡ria.
S‹o normas s‹o prim‡rias, sendo capazes de gerar direitos e criar obriga•›es,
desde que n‹o contrariem a Constitui•‹o. Assim, temos:

a) Ao contr‡rio do que muitos podem ser levados a acreditar, as leis


federais, estaduais, distritais e municipais possuem o mesmo
grau hier‡rquico. Eventual conflito elas, n‹o ser‡ resolvido por um
critŽrio hier‡rquico; a solu•‹o depender‡ da reparti•‹o
constitucional de compet•ncias. Qual ente federativo Ž competente
para tratar do tema objeto da lei? Assim, Ž plenamente poss’vel que, num
caso concreto, uma lei municipal prevale•a diante de uma lei federal.
b) Existe hierarquia entre a Constitui•‹o Federal, as Constitui•›es
Estaduais e as Leis Org‰nicas dos Munic’pios? SIM. A Constitui•‹o
Federal est‡ num patamar superior ao das Constitui•›es Estaduais
que, por sua vez, s‹o hierarquicamente superiores ˆs Leis Org‰nicas.
b) As leis complementares, apesar de serem aprovadas por um
procedimento mais dificultoso, t•m o mesmo n’vel hier‡rquico das
leis ordin‡rias. O que as diferencia Ž o conteœdo. Como exemplo,
citamos o fato de que a CF/88 exige que normas gerais sobre direito
tribut‡rio sejam estabelecidas por lei complementar.
c) As leis complementares podem tratar de tema reservado ˆs leis
ordin‡rias. Esse entendimento deriva da —tica do Òquem pode mais,
pode menosÓ. Ora, se a CF/88 exige lei ordin‡ria (cuja aprova•‹o Ž mais
simples!) para tratar de determinado assunto, n‹o h‡ —bice a que uma
lei complementar regule o tema. No entanto, caso isso ocorra, a lei
complementar ser‡ considerada materialmente ordin‡ria; essa lei
complementar poder‡, ent‹o, ser revogada ou modificada por simples lei
ordin‡ria. Diz-se que, nesse caso, a lei complementar ir‡ subsumir-se ao
regime constitucional da lei ordin‡ria. 4
d) As leis ordin‡rias n‹o podem tratar de tema reservado ˆs leis
complementares. Caso isso ocorra, estaremos diante de um caso de
inconstitucionalidade formal (nomodin‰mica).

4
AI 467822 RS, p. 04-10-2011.

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e) Os regimentos dos tribunais do Poder Judici‡rio s‹o considerados


normas prim‡rias, equiparados hierarquicamente ˆs leis
ordin‡rias. Na mesma situa•‹o, encontram-se as resolu•›es do CNMP
(Conselho Nacional do MinistŽrio pœblico) e do CNJ (Conselho Nacional de
Justi•a).
f) Os regimentos das Casas Legislativas (Senado e C‰mara dos
Deputados), por constitu’rem resolu•›es legislativas, tambŽm s‹o
considerados normas prim‡rias, equiparados ˆs leis ordin‡rias.

Finalmente, abaixo das leis encontram-se as normas infralegais. Elas s‹o


normas secund‡rias, n‹o tendo poder de gerar direitos, nem, tampouco, de
impor obriga•›es. N‹o podem contrariar as normas prim‡rias, sob pena de
invalidade. ƒ o caso dos decretos regulamentares, portarias, instru•›es
normativas, dentre outras.

*Tenham bastante cuidado para n‹o confundir os decretos aut™nomos (normas


prim‡rias, equiparadas ˆs leis) com os decretos regulamentares (normas
secund‡rias, infralegais).

7. (FGV / XXI Exame de Ordem Ð 2016) Carlos pleiteia determinado direito,


que fora regulado de forma mais genŽrica no corpo principal da CRFB/88
e de forma mais espec’fica no Ato das Disposi•›es Constitucionais
Transit—rias Ð o ADCT. O problema Ž que o corpo principal da Constitui•‹o
da Repœblica e o ADCT estabelecem solu•›es jur’dicas diversas, sendo que
ambas as normas poderiam incidir na situa•‹o concreta. Carlos, diante do
problema, consulta um(a) advogado(a) para saber se a solu•‹o do seu
caso deve ser regida pela norma genŽrica oferecida pelo corpo principal da
Constitui•‹o da Repœblica ou pela norma espec’fica oferecida pelo ADCT.
Com base na CRFB/88, assinale a op•‹o que apresenta a proposta correta
dada pelo(a) advogado(a).
a) Como o corpo principal da CRFB/88 possui hierarquia superior a todas as demais
normas do sistema jur’dico, deve ser aplic‡vel, afastada a aplica•‹o das normas do
ADCT.
b) Como o ADCT possui o mesmo status jur’dico das demais normas do corpo
principal da CRFB/88, a norma espec’fica do ADCT deve ser aplicada no caso
concreto.
c) Como o ADCT possui hierarquia legal, n‹o pode afastar a solu•‹o normativa
presente na CRFB/88.
d) Como o ADCT possui car‡ter tempor‡rio, n‹o Ž poss’vel que venha a reger
qualquer caso concreto, posto que sua efic‡cia est‡ exaurida.

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Coment‡rios:
Mais uma quest‹o do XXI Exame de Ordem. A OAB adora o tema da hierarquia
das normas constitucionais. Fiquem ligados!
Acabamos de estudar que n‹o existe hierarquia entre normas constitucionais
origin‡rias. N‹o importa qual Ž o conteœdo da norma. Todas as normas
constitucionais origin‡rias t•m o mesmo status hier‡rquico. Por isso
comentamos que, por exemplo, as normas definidoras de direitos e garantias
fundamentais t•m a mesma hierarquia do ADCT.
Letra A: errada. N‹o h‡ hierarquia entre as normas do corpo principal da CRFB/88
e as normas do ADCT.
Letra B: correta. As normas do ADCT e as normas do ADCT possuem o mesmo
n’vel hier‡rquico. Assim, eventual conflito ser‡ solucionado pela aplica•‹o
do princ’pio da especialidade, devendo ser aplicada a norma do ADCT ao caso
concreto.
Letra C: errada. O ADCT possui hierarquia constitucional.
Letra D: errada. Nem todas as normas do ADCT j‡ tiveram sua efic‡cia exaurida.
Assim, Ž poss’vel a incid•ncia da norma do ADCT no caso concreto.

8. (IV Exame de Ordem Unificado Ð 2011) Em 2010, o Congresso Nacional


aprovou por Decreto Legislativo a Conven•‹o Internacional sobre os
Direitos das Pessoas com Defici•ncia. Essa conven•‹o j‡ foi aprovada na
forma do artigo 5¼, ¤ 3¼, da Constitui•‹o, sendo sua hierarquia normativa
de:
(A) lei federal ordin‡ria.
(B) emenda constitucional.
(C) lei complementar.
(D) status supralegal.

Coment‡rios:
Quest‹o Òtiro curtoÓ! A Conven•‹o Internacional sobre os Direitos das Pessoas
com Defici•ncia foi o primeiro tratado internacional de direitos humanos aprovado
pelo rito equivalente ao de uma emenda constitucional. Logo, sua hierarquia
normativa Ž a de emenda constitucional. O gabarito Ž a letra B.

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10. PODER CONSTITUINTE

Poder Constituinte Ž aquele que cria a Constitui•‹o, enquanto os poderes


constitu’dos s‹o aqueles estabelecidos por ela, ou seja, s‹o aqueles que
resultam de sua cria•‹o. Pergunta importante que se deve fazer Ž a seguinte:
quem Ž o titular do Poder Constituinte?

Para Emmanuel Siey•s, a titularidade do Poder Constituinte Ž da na•‹o. Todavia,


numa leitura moderna dessa teoria, h‡ que se concluir que a titularidade do
Poder Constituinte Ž do povo, pois s— este pode determinar a cria•‹o ou
modifica•‹o de uma Constitui•‹o. O poder constituinte pode ser de dois tipos:
origin‡rio ou derivado.

Poder constituinte origin‡rio (de primeiro grau ou genu’no) Ž o poder de


criar uma nova Constitui•‹o. Apresenta seis caracter’sticas que o distinguem
do derivado: Ž pol’tico, inicial, incondicionado, permanente, ilimitado
juridicamente e aut™nomo.

Pol’tico: Ž um poder de fato (e n‹o de direito). Ele Ž extrajur’dico,


anterior ao direito. ƒ ele que cria o ordenamento jur’dico de um Estado.
Inicial: Ž o que d‡ in’cio a uma nova ordem jur’dica, rompendo
com a anterior. A manifesta•‹o tem o efeito de criar um novo Estado.
Incondicionado: n‹o se sujeita a qualquer forma ou
procedimento predeterminado em sua manifesta•‹o.
Permanente: se manifesta a qualquer tempo. Ele n‹o se esgota
com a elabora•‹o de uma nova Constitui•‹o, mas permanece em
Òestado de lat•nciaÓ, aguardando um novo chamado para manifestar-se,
aguardando um novo Òmomento constituinteÓ.
Ilimitado juridicamente: n‹o se submete a limites
determinados pelo direito anterior. Pode mudar completamente a
estrutura do Estado ou os direitos dos cidad‹os, por exemplo, sem ter
sua validade contestada com base no ordenamento jur’dico anterior.

Embora a doutrina majorit‡ria reconhe•a que o Poder


Constituinte Origin‡rio Ž ilimitado juridicamente, o Prof.
Canotilho afirma que ele dever‡ obedecer a Òpadr›es e
modelos de conduta espirituais, culturais, Žticos e sociais
radicados na consci•ncia jur’dica geral da comunidadeÓ. 5


5
CANOTILHO, JosŽ Joaquim Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constitui•‹o, 7» edi•‹o. Coimbra: Almedina, 2003.

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f) Aut™nomo: tem liberdade para definir o conteœdo da nova


Constitui•‹o. Destaque-se que muitos autores tratam essa
caracter’stica como sin™nimo de ilimitado.

O Poder Constituinte Derivado (poder constituinte de segundo grau) Ž o


poder de modificar a Constitui•‹o Federal bem como de elaborar as
Constitui•›es Estaduais. ƒ fruto do poder constituinte origin‡rio, estando
previsto na pr—pria Constitui•‹o. Tem como caracter’sticas ser jur’dico, derivado,
limitado (ou subordinado) e condicionado.

a) Jur’dico: Ž regulado pela Constitui•‹o, estando, portanto, previsto no


ordenamento jur’dico vigente.
b) Derivado: Ž fruto do poder constituinte origin‡rio.
c) Limitado ou subordinado: Ž limitado pela Constitui•‹o, n‹o podendo
desrespeit‡-la, sob pena de inconstitucionalidade.
d) Condicionado: a forma de seu exerc’cio Ž determinada pela
Constitui•‹o. Assim, a aprova•‹o de emendas constitucionais, por
exemplo, deve obedecer ao procedimento estabelecido no art. 60, CF.

O Poder Constituinte Derivado subdivide-se em dois: i) Poder Constituinte


Reformador e; ii) Poder Constituinte Decorrente.

O primeiro consiste no poder de modificar a Constitui•‹o. J‡ o segundo Ž o poder


que a CF/88 confere aos Estados de se auto-organizarem, por meio da
elabora•‹o de suas pr—prias Constitui•›es. Ambos devem respeitar as limita•›es
e condi•›es impostas pela Constitui•‹o Federal.

O Poder Constituinte Origin‡rio previu 2 (dois) procedimentos de modifica•‹o


formal da Constitui•‹o: i) emenda constitucional e; ii) revis‹o
constitucional.

Ambos est‹o previstos diretamente na Constitui•‹o Federal, constituem


manifesta•‹o do Poder Constituinte Derivado, mas devem obedi•ncia ˆs regras
impostas pelo Poder Constituinte Origin‡rio. A doutrina majorit‡ria considera
que a reforma constitucional Ž g•nero, do qual s‹o espŽcies a emenda e a
revis‹o constitucional6.

Existe ainda um processo informal de modifica•‹o da Constitui•‹o, o qual Ž


chamado pela doutrina de muta•‹o constitucional. A muta•‹o constitucional
Ž obra do Poder Constituinte Difuso. O Supremo Tribunal, nesse sentido,
reconhece no Brasil a possibilidade de muta•‹o constitucional. Guarde com
carinho!!! J


6
SILVA, JosŽ Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo, 35a edi•‹o. Ed. Malheiros, S‹o Paulo, 2012, pp. 62

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10.1. Emenda Constitucional

Atualmente, a œnica possibilidade de altera•‹o formal da Constitui•‹o Ž


mediante Emenda constitucional. A proposta de emenda constitucional Ž
discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos,
considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, tr•s quintos dos votos dos
respectivos membros.

As emendas constitucionais podem ser elaboradas a qualquer tempo; assim, o


Poder Constituinte Derivado poder‡ se manifestar a qualquer momento,
alterando a Constitui•‹o. Basta que sejam observados os limites constitucionais
ao poder de reforma.

A aprova•‹o das emendas constitucionais Ž feita em sess‹o bicameral, ou


seja, cada uma das Casas do Congresso Nacional atuar‡ separadamente na
discuss‹o e vota•‹o dessa espŽcie normativa. Como consequ•ncia, as emendas
constitucionais s‹o promulgadas pelas Mesas da C‰mara dos Deputados e
do Senado Federal.

Pelo principio da simetria, o procedimento de emenda constitucional, previsto


no art. 60, CF/88, Ž de reprodu•‹o obrigat—ria nas Constitui•›es Estaduais.
Segundo o STF, o procedimento de modifica•‹o das Constitui•›es estaduais deve
ter exatamente a mesma rigidez do procedimento exigido para altera•‹o da
Carta Magna.7

EMENDA
CONSTITUCIONAL

PROCEDIMENTO PROCEDIMENTO
OBSERVåNCIA
çRDUO, MAIS PERMANENTE,
OBRIGATîRIA
DIFICULTOSO QUE PODENDO SER
PELOS ESTADOS-
O DE ELABORA‚ÌO REALIZADO A
MEMBROS
DAS LEIS QUALQUER TEMPO

10.2. Limita•›es Constitucionais ao Poder de Reforma

As limita•›es constitucionais ao poder de reforma s‹o de 4 (quatro) tipos


diferentes: i) limita•›es materiais; ii) limita•›es formais; iii) limita•›es
circunstanciais; e iv) limita•›es temporais.


7
ADI-MC 1.722, rel. Min. Marco Aurélio, 10.12. 1997.

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a) Limita•›es materiais

S‹o aquelas que restringem o poder de reforma quanto ao conteœdo, ˆ


matŽria. Decorrem da inten•‹o do Poder Constituinte Origin‡rio de estabelecer
um nœcleo essencial que n‹o poder‡ ser suprimido por meio de emenda
constitucional. A doutrina divide em dois grupos: i) expl’citas e; ii) impl’citas.

As limita•›es expl’citas est‹o expressamente previstas no texto


constitucional. A CF/88 estabelece, em seu art. 60, ¤ 4¼, que certas matŽrias
n‹o poder‹o ser objeto de emendas constitucionais tendentes a aboli-
las. S‹o as chamadas cl‡usulas pŽtreas. Trata-se de nœcleo intang’vel, que
est‡ protegido contra investidas do poder de reforma. Nesse sentido, n‹o ser‡
objeto de delibera•‹o a proposta de emenda tendente a abolir:

CLçUSULAS PƒTREAS

VOTO DIRETO,
FORMA DIREITOS E
SECRETO, SEPARA‚ÌO
FEDERATIVA GARANTIAS
UNIVERSAL E DOS PODERES
DE ESTADO INDIVIDUAIS
PERIîDICO

ƒ relevante destacar que as matŽrias que constituem cl‡usulas pŽtreas podem


ser objeto de emenda constitucional; o que elas n‹o podem Ž ser objeto de
emendas tendentes a aboli-las. Para o Supremo Tribunal, o que n‹o se autoriza,
portanto, de forma alguma, Ž que o nœcleo essencial das cl‡usulas pŽtreas seja
esvaziado. Òas limita•›es materiais (...) n‹o significam a intangibilidade literal
da respectiva disciplina na Constitui•‹o origin‡ria, mas apenas a prote•‹o do
nœcleo essencial dos princ’pios e institutos.Ó8

Nesse sentido, uma emenda constitucional que estabele•a o voto facultativo n‹o
estar‡ violando cl‡usula pŽtrea e ser‡ plenamente v‡lida. Da mesma forma,
tambŽm ser‡ v‡lida emenda que amplie direitos e garantias individuais. Ainda
podemos afirmar como sendo plenamente constitucional emenda que transfira
compet•ncia de um ente federativo para outro, desde que resguardado certo
grau de autonomia de cada um deles.9


8
MS 23.047-MC, Rel. Min. Sepœlveda Pertence. DJ 14.11.2003.
9
MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional. 6» edi•‹o. Editora Saraiva, 2011, pp.
143.

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Uma emenda constitucional poder‡ criar uma cl‡usula


pŽtrea?
N‹o. Emenda constitucional n‹o pode criar cl‡usula
pŽtrea; apenas o Poder Constituinte Origin‡rio tem esse
poder. Destaque-se, inclusive, que o novo direito ou
garantia individual (criado pela emenda constitucional)
n‹o pode ser considerado uma cl‡usula pŽtrea.

Deve-se ter especial cuidado aos Òdireitos e garantias individuaisÓ, tambŽm


considerados cl‡usulas pŽtreas. Eles n‹o est‹o arrolados apenas no art. 5¼, da
CF/88; h‡ diversos outros direitos e garantias individuais espalhados
pelo texto constitucional, os quais tambŽm devem ser considerados cl‡usula
pŽtrea, a exemplo do princ’pio da anterioridade tribut‡ria (art. 150, III, b) e o
princ’pio da anterioridade eleitoral (art. 16).

H‡, ainda, as limita•›es impl’citas. S‹o limites t‡citos, que asseguram a


efetividade das cl‡usulas pŽtreas expressas.10 Nas palavras de Michel Temer,
Òdizem respeito ˆ forma de cria•‹o de norma constitucional bem como as que
impedem a pura e simples supress‹o dos dispositivos atinentes ˆ intocabilidade
dos temas j‡ elencados (art. 60, ¤ 4o, CF)Ó.11 A doutrina aponta as seguintes
limita•›es impl’citas ao poder de reforma:

Titularidade do Poder Constituinte Origin‡rio;


Titularidade do Poder Constituinte Derivado;
Procedimentos de reforma constitucional.

A titularidade do Poder Constituinte Origin‡rio Ž do povo: cabe a ele


decidir a conveni•ncia e a oportunidade de se elaborar uma nova Constitui•‹o.
Por esse motivo, Ž inconstitucional qualquer emenda ˆ Constitui•‹o que retire
tal atribui•‹o do povo, outorgando-a a qualquer —rg‹o constitu’do.

No que se refere ˆ titularidade do poder constituinte derivado, pelas


mesmas raz›es expressas acima, Ž inconstitucional qualquer emenda ˆ
Constitui•‹o que transfira a compet•ncia de reformar a Constitui•‹o, atribu’da
ao Congresso Nacional (representante do povo), a outro —rg‹o do Estado (ao
Presidente da Repœblica, por exemplo).

Por fim, o procedimento de revis‹o constitucional (ADCT, art. 3¼), bem como o
de emenda constitucional (CF, art. 60), s‹o limita•›es materiais impl’citas.
Seria flagrantemente inconstitucional, por exemplo, emenda ˆ Constitui•‹o
que estabelecesse novo qu—rum para a aprova•‹o de emendas constitucionais.


10
CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito Constitucional, 1993.
11
TEMER, M. Elementos de direito constitucional, 19a ed., p. 145.

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Da mesma forma, n‹o seria v‡lida emenda constitucional que criasse novas
cl‡usulas pŽtreas.

No Brasil, n‹o se admite, portanto, a Òdupla revis‹oÓ. Esse artif’cio,


defendido por parte da doutrina, consistiria em alterar, mediante emenda
constitucional, o art. 60, ¤ 4¼, com o intuito de suprimir ou restringir uma das
cl‡usulas pŽtreas; em seguida, num segundo momento, outra emenda
constitucional poderia abolir normas antes gravadas pela cl‡usula pŽtrea.

b) Limita•›es formais

As limita•›es formais ao processo de reforma ˆ Constitui•‹o se devem ˆ


rigidez constitucional. Como voc• se lembra, a CF/88 Ž do tipo r’gida e, como
tal, exige um processo especial para modifica•‹o do seu texto, mais dif’cil do
que aquele de elabora•‹o das leis. Essas limita•›es formais est‹o previstas no
art. 60, I ao III, e ¤¤ 2¼, 3¼ e 5¼. Vejamos o quadro a seguir:
LIMITA‚ÍES FORMAIS AO PROCESSO

INICIATIVA RESTRITA Ð ART. 60, INCISOS, CF

VOTA‚ÌO E DISCUSSÌO EM DOIS TURNOS EM CADA


CASA LEGISLATIVA E DELIBERA‚ÌO QUALIFICADA
DE REFORMA

PARA APROVA‚ÌO DO PROJETO DE EMENDA


CONSTITUCIONAL

PROMULGA‚ÌO PELAS MESAS DA CåMARA DOS


DEPUTADOS E DO SENADO FEDERAL, COM O
RESPECTIVO NòMERO DE ORDEM

VEDA‚ÌO Ë REAPRESENTA‚ÌO, NA MESMA SESSÌO


LEGISLATIVA, DE PROPOSTA DE EMENDA NELA
REJEITADA OU TIDA POR PREJUDICADA
(IRREPETIBILIDADE)

A primeira limita•‹o formal ˆ reforma da Constitui•‹o se refere ˆ iniciativa.


Os incisos I a III do art. 60 estabelecem os legitimados no processo legislativo
de reforma da Constitui•‹o.

1/3 (um ter•o), no m’nimo, dos membros da C‰mara dos Deputados


ou do Senado Federal;
Presidente da Repœblica;
mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da
federa•‹o, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa
de seus membros.

A segunda limita•‹o formal ˆ reforma da Constitui•‹o diz respeito ˆ


discuss‹o, vota•‹o e aprova•‹o da proposta de emenda constitucional. De
acordo com o art. 60, ¤ 2¼ da CF/88, a proposta de emenda constitucional ser‡
discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos,

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considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, tr•s quintos dos votos dos


respectivos membros.

A terceira limita•‹o formal ao poder de reforma diz respeito ˆ promulga•‹o.


O art. 60, ¤ 3¼, determina que a emenda ˆ Constitui•‹o ser‡ promulgada pelas
Mesas da C‰mara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo
nœmero de ordem. Vale destacar que:

Diferentemente do que ocorre no projeto de lei, a proposta de


emenda ˆ Constitui•‹o n‹o se submete a san•‹o ou veto do
Chefe do Poder Executivo;
Ao contr‡rio do que ocorre no processo legislativo das leis, o
Presidente da Repœblica n‹o disp›e de compet•ncia para
promulga•‹o de uma emenda ˆ Constitui•‹o;
A numera•‹o das emendas ˆ Constitui•‹o segue ordem
pr—pria, distinta daquela das leis (EC n¼ 1; EC n¼ 2; EC n¼ 3.......).

A quarta limita•‹o formal ao poder de reforma est‡ prevista no art. 60, ¤ 5¼,
CF/88. Trata-se do princ’pio da irrepetibilidade, segundo o qual Òa matŽria
constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada n‹o pode
ser objeto de nova proposta na mesma sess‹o legislativaÓ. Assim, uma proposta
de emenda rejeitada ou havida por prejudicada somente poder‡ ser objeto de
nova proposta na pr—xima sess‹o legislativa.

Cuidado! H‡ diferen•a em rela•‹o ao processo legislativo


das leis. A matŽria constante de projeto de lei
rejeitado poder‡ constituir objeto de novo projeto, na
mesma sess‹o legislativa, desde que mediante
proposta da maioria absoluta dos membros de
qualquer das Casas do Congresso Nacional (CF, art. 67).

Ent‹o, meus amigos, guardem com muito carinho! A


irrepetibilidade de proposta de emenda
constitucional rejeitada ou havida por prejudicada
Ž absoluta; j‡ a irrepetibilidade de projeto de lei
rejeitado Ž relativa.

c) Limita•›es circunstanciais

Essas limita•›es impedem a reforma da Constitui•‹o em situa•‹o de


instabilidade pol’tica do Estado. Diante de certas situa•›es excepcionais e de
anormalidade institucional, a Constitui•‹o n‹o poder‡ ser reformada. O
objetivo Ž garantir a independ•ncia do Poder Constituinte Derivado.

A Carta da Repœblica instituiu tr•s circunst‰ncias excepcionais que impedem a


modifica•‹o do seu texto: estado de s’tio, estado de defesa e interven•‹o

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federal (CF, art. 60, ¤ 1o). Destaca-se que, nesses per’odos, as propostas de
emenda ˆ Constitui•‹o poder‹o ser apresentadas, discutidas e votadas. O que
n‹o se permite Ž a promulga•‹o de emendas constitucionais.

d) Limita•›es temporais

Segundo a doutrina majorit‡ria, a CF/88 n‹o possui limita•›es temporais ao


poder de reforma. Estas consistiriam no estabelecimento de um lapso temporal
dentro do qual a Constitui•‹o seria imodific‡vel. Ex: A Constitui•‹o do ImpŽrio
de 1824 estabeleceu um limite temporal ao poder de reforma: seu texto somente
poderia ser modificado ap—s 4 anos de sua vig•ncia.

9. (FGV / XXII Exame de Ordem Ð 2017) Parlamentar brasileiro, em viagem


oficial, visita o Tribunal Constitucional Federal da Alemanha, recebendo
numerosas informa•›es acerca do seu funcionamento e de sua ‡rea de
atua•‹o. Uma, todavia, chamou especialmente sua aten•‹o: a referida
Corte Constitucional reconhecia a possibilidade de altera•‹o da
Constitui•‹o material Ð ou seja, de suas normas Ð sem qualquer mudan•a
no texto formal. Surpreendido com essa possibilidade, procura sua
assessoria jur’dica a fim de saber se o Supremo Tribunal Federal fazia uso
de tŽcnica semelhante no ‰mbito da ordem jur’dica brasileira. A partir da
hip—tese apresentada, assinale a op•‹o que apresenta a informa•‹o dada
pela assessoria jur’dica.

a) N‹o. O Supremo Tribunal Federal somente pode reconhecer nova norma no


sistema jur’dico constitucional a partir de emenda ˆ constitui•‹o produzida pelo
poder constituinte derivado reformador.

b) Sim. O Supremo Tribunal Federal, reconhecendo o fen™meno da muta•‹o


constitucional, pode atribuir ao texto inalterado uma nova interpreta•‹o, que
expressa, assim, uma nova norma.

c) N‹o. O surgimento de novas normas constitucionais somente pode ser admitido


por intermŽdio das vias formais de altera•‹o, todas expressamente previstas no
pr—prio texto da Constitui•‹o.

d) Sim. O sistema jur’dico-constitucional brasileiro, seguindo linhas interpretativas


contempor‰neas, admite, como regra, a interpreta•‹o da Constitui•‹o
independentemente de limites sem‰nticos concedidos pelo texto.

Coment‡rios:

O STF reconhece, no Brasil, a possibilidade de muta•‹o constitucional, assim


chamado o processo informal de mudan•a da Constitui•‹o. Pela muta•‹o

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constitucional, o texto da Constitui•‹o permanece intacto, mas Ž alterada a


interpreta•‹o que se faz desse texto. Gabarito Letra B.

10. (FGV / X Exame de Ordem Unificado Ð 2013) A Constitui•‹o brasileira


n‹o pode ser emendada
(A) na implanta•‹o do estado de emerg•ncia e durante a interven•‹o da Uni‹o nos
Estados.
(B) na vig•ncia do estado de s’tio e na implanta•‹o do estado de emerg•ncia.
(C) quando em estado de s’tio e durante a interven•‹o da Uni‹o nos Munic’pios.
(D) na vig•ncia de estado de defesa, de estado de s’tio e de interven•‹o federal.

Coment‡rios:
Como acabamos de ver, segundo o art. 60, ¤ 1¼, CF/88, a Constitui•‹o n‹o poder‡
ser emendada na vig•ncia de estado de defesa, de estado de s’tio e de interven•‹o
federal. O gabarito Ž a letra D.

11. (FGV / VII Exame de Ordem Unificado Ð 2012) As Emendas


Constitucionais possuem um peculiar sistema de iniciativa. Assim, revela-
se correto afirmar que poder‡ surgir projeto dessa espŽcie normativa por
proposta de:
(A) mais de dois ter•os das Assembleias Legislativas das unidades da Federa•‹o,
sendo que, em cada uma delas, deve ocorrer a unanimidade de votos.
(B) mais de um ter•o das Assembleias Legislativas das unidades da Federa•‹o,
sendo que, em cada uma delas, deve ocorrer a maioria simples de votos.
(C) mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federa•‹o, sendo
que, em cada uma delas, deve ocorrer a maioria relativa de votos.
(D) mais de um ter•o das Assembleias Legislativas das unidades da Federa•‹o,
sendo que, em cada uma delas, deve ocorrer a unanimidade de votos.

Coment‡rios:
Mais uma quest‹o trazendo a literalidade do texto Constitucional. Os legitimados
a apresentar proposta de emenda constitucional s‹o: (i) 1/3 (um ter•o), no
m’nimo, dos membros da C‰mara dos Deputados ou do Senado Federal; (ii)
Presidente da Repœblica e (iii) mais da metade das Assembleias Legislativas das
unidades da federa•‹o, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa
de seus membros. O gabarito Ž a letra C.

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12. (FGV/MRE - 2016) Considerando os referenciais de estabilidade e


perman•ncia da ordem constitucional, bem como os limites ao exerc’cio do
poder de reforma, Ž correto afirmar, em rela•‹o ˆs emendas ˆ Constitui•‹o
da Repœblica Federativa do Brasil, que:
(A) a Constitui•‹o somente pode ser emendada por iniciativa de dois quintos dos
membros do Congresso Nacional;
(B) n‹o Ž poss’vel a aprova•‹o de emendas ˆ ordem constitucional na vig•ncia de
estado de defesa;
(C) as emendas somente podem ser promulgadas ap—s terem sido aprovadas em
tr•s turnos de vota•‹o;
(D) cabe ao Congresso Nacional manter ou rejeitar o veto aposto pelo Presidente
da Repœblica ˆs propostas de emenda;
(E) n‹o s‹o estabelecidos limites materiais ˆ reforma da Constitui•‹o.

Coment‡rios:
Letra A: errada. Nos moldes do I do art. 60 da CF/88, Òa Constitui•‹o poder‡ ser
emendada mediante proposta de um ter•o, no m’nimo, dos membros da C‰mara
dos Deputados ou do Senado FederalÓ;
Letra B: correta. ¤1¡ do Art. 60 da CF/88 - ÒA Constitui•‹o n‹o poder‡ ser
emendada na vig•ncia de interven•‹o federal, de estado de defesa ou de estado
de s’tioÓ.
Letra C: errada. ¤2¡ do art. 60 da CF/88 - ÒA proposta ser‡ discutida e votada em
cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se
obtiver, em ambos, tr•s quintos dos votos dos respectivos membrosÓ.
Letra D: errada. A proposta de emenda constitucional n‹o Ž sujeita a veto
Presidencial.
Letra E: errada. Os limites materiais ˆ reforma da Constitui•‹o Federal existem e
constam expressamente no art. 60 ¤4¡ da CF/88

13. (FGV / XVII Exame de Ordem Unificado Ð 2015) Pedro, reconhecido


advogado na ‡rea do direito pœblico, Ž contratado para produzir um parecer
sobre situa•‹o que envolve o pacto federativo entre estados brasileiros. Ao
estudar mais detidamente a quest‹o, conclui que, para atingir seu objetivo,
Ž necess‡rio analisar o alcance das chamadas cl‡usulas pŽtreas. Com base
na ordem constitucional brasileira vigente, assinale, dentre as op•›es
abaixo, a œnica que expressa uma premissa correta sobre o tema e que
pode ser usada pelo referido advogado no desenvolvimento de seu parecer.
(A) as cl‡usulas pŽtreas podem ser invocadas para sustentar a exist•ncia de
normas constitucionais superiores em face de normas constitucionais inferiores, o
que possibilita a exist•ncia de normas constitucionais inconstitucionais.

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(B) norma introduzida por emenda ˆ constitui•‹o se integra plenamente ao texto


constitucional, n‹o podendo, portanto, ser submetida a controle de
constitucionalidade, ainda que sob alega•‹o de viola•‹o ˆ cl‡usula pŽtrea.
(C) mudan•as propostas por constituinte derivado reformador est‹o sujeitas ao
controle de constitucionalidade, sendo que as normas ali propostas n‹o podem
afrontar cl‡usulas pŽtreas estabelecidas na constitui•‹o da repœblica.
(D) os direitos e as garantias individuais considerados como cl‡usulas pŽtreas est‹o
localizados exclusivamente nos dispositivos do art. 5¼, de modo que Ž
inconstitucional atribuir essa qualidade (cl‡usula pŽtrea) a normas fundadas em
outros dispositivos constitucionais.

Coment‡rios:
Letra A: errada. Lembra do alem‹o Otto Bachoff? Pois Ž (rs)...ele que
argumentava a exist•ncia de normas constitucionais inconstitucionais. No Brasil,
n‹o se aplica a teoria de Otto Bachoff, pois o entendimento Ž o de que n‹o h‡
hierarquia entre normas constitucionais. Nesse sentido, uma norma constitucional
origin‡ria n‹o pode ser considerada inconstitucional.
Letra B: errada. As emendas podem, sim, ser submetidas a controle de
constitucionalidade. O que n‹o poder‹o ser objeto de delibera•‹o s‹o propostas
de emenda constitucional tendentes a abolir cl‡usula pŽtrea.
Letra C: correta. De fato, as emendas constitucionais est‹o sujeitas ao controle
de constitucionalidade, n‹o podendo afrontar cl‡usula pŽtrea.
Letra D: errada. H‡ direitos e garantias individuais espalhados pelo texto
constitucional, ou seja, eles n‹o est‹o apenas no art. 5¼. Por exemplo, o STF j‡
decidiu que o princ’pio da anterioridade tribut‡ria (art. 150, III, b) e o princ’pio
da anterioridade eleitoral (art. 16) s‹o garantias individuais e, portanto, est‹o
gravados por cl‡usula pŽtrea.

11. APLICABILIDADE DAS NORMAS


CONSTITUCIONAIS

O estudo da aplicabilidade das normas constitucionais Ž essencial ˆ correta


interpreta•‹o da Constitui•‹o Federal, pois ela nos permitir‡ entender
exatamente o alcance e a realizabilidade dos dispositivos da Constitui•‹o.

Todas as normas constitucionais apresentam juridicidade. Todas elas s‹o


imperativas e cogentes ou, em outras palavras, todas as normas constitucionais
surtem efeitos jur’dicos: (diferen•a Ž o grau de efic‡cia).

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A classifica•‹o das normas quanto ˆ sua aplicabilidade mais aceita no Brasil foi
a proposta pelo Prof. JosŽ Afonso da Silva. A partir da aplicabilidade das normas,
o autor classifica as normas constitucionais em tr•s grupos: i) normas de efic‡cia
plena; ii) normas de efic‡cia contida e; iii) normas de efic‡cia limitada.

a) Normas de efic‡cia plena

S‹o aquelas que, desde a entrada em vigor da Constitui•‹o, produzem, ou t•m


possibilidade de produzir, todos os efeitos que o legislador constituinte
quis regular. ƒ o caso do art. 2¼ da CF/88, que diz: Òs‹o Poderes da Uni‹o,
independentes e harm™nicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judici‡rioÓ.

As normas de efic‡cia plena possuem as seguintes caracter’sticas:

s‹o autoaplic‡veis, Ž dizer, elas independem de lei posterior


regulamentadora que lhes complete o alcance e o sentido. A lei
regulamentadora atŽ pode existir, mas a norma de efic‡cia plena j‡
produz todos os seus efeitos de imediato, independentemente de
qualquer tipo de regulamenta•‹o.
s‹o n‹o-restring’veis, ou seja, caso exista uma lei tratando de uma
norma de efic‡cia plena, esta n‹o poder‡ limitar sua aplica•‹o.
possuem aplicabilidade direta (n‹o dependem de norma
regulamentadora para produzir seus efeitos), imediata (est‹o aptas
a produzir todos os seus efeitos desde o momento em que Ž
promulgada a Constitui•‹o) e integral (n‹o podem sofrer limita•›es
ou restri•›es).

b) Normas constitucionais de efic‡cia contida ou prospectiva

S‹o normas que est‹o aptas a produzir todos os seus efeitos desde o
momento da promulga•‹o da Constitui•‹o, mas que podem ser restringidas
por parte do Poder Pœblico. A atua•‹o do legislador, neste caso, Ž
discricion‡ria: ele n‹o precisa editar a lei, mas poder‡ faz•-lo.

Um exemplo cl‡ssico de norma de efic‡cia contida Ž o art.5¼, inciso III, da CF/88,


segundo o qual ÒŽ livre o exerc’cio de qualquer trabalho, of’cio ou profiss‹o,
atendidas as qualifica•›es profissionais que a lei estabelecerÓ.

Em raz‹o desse dispositivo, Ž assegurada a liberdade profissional: desde a


promulga•‹o da Constitui•‹o, todos j‡ podem exercer qualquer trabalho, of’cio
ou profiss‹o. No entanto, a lei poder‡ estabelecer restri•›es ao exerc’cio de
algumas profiss›es. Ex: a exig•ncia de aprova•‹o no exame da OAB como prŽ-
requisito para o exerc’cio da advocacia.

As normas de efic‡cia contida possuem as seguintes caracter’sticas:

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s‹o autoaplic‡veis, ou seja, est‹o aptas a produzir todos os


seus efeitos, independentemente de lei regulamentadora. N‹o
precisam de lei regulamentadora que lhes complete o alcance ou sentido.
Vale destacar que, antes da lei regulamentadora ser publicada, o direito
previsto em uma norma de efic‡cia contida pode ser exercitado de
maneira ampla (plena); s— depois da regulamenta•‹o Ž que haver‡
restri•›es ao exerc’cio do direito.
s‹o restring’veis, isto Ž, est‹o sujeitas a limita•›es ou
restri•›es, que podem ser impostas por:
uma lei: o direito de greve, na iniciativa privada, Ž norma de efic‡cia
contida prevista no art. 9¼, da CF/88. Desde a promulga•‹o da CF/88, o
direito de greve j‡ pode exercido pelos trabalhadores do regime celetista;
no entanto, a lei poder‡ restringi-lo, definindo os Òservi•os ou atividades
essenciaisÓ e dispondo sobre Òo atendimento das necessidades inadi‡veis
da comunidadeÓ. (¤ 1¼, art. 9¼, CF)
outra norma constitucional: o art. 139, da CF/88 prev• a possibilidade
de que sejam impostas restri•›es a certos direitos e garantias
fundamentais durante o estado de s’tio.
conceitos Žtico-jur’dicos indeterminados: o art. 5¼, inciso XXV, da
CF/88 estabelece que, no caso de Òiminente perigo pœblicoÓ, o Estado
poder‡ requisitar propriedade particular. Esse Ž um conceito Žtico-
jur’dico que poder‡, ent‹o, limitar o direito de propriedade.
possuem aplicabilidade direta (n‹o dependem de norma
regulamentadora para produzir seus efeitos), imediata (est‹o aptas a
produzir todos os seus efeitos desde o momento em que Ž promulgada a
Constitui•‹o) e possivelmente n‹o-integral (est‹o sujeitas a
limita•›es ou restri•›es).

c) Normas constitucionais de efic‡cia limitada

S‹o aquelas que dependem de regulamenta•‹o futura para produzirem


todos os seus efeitos. Um exemplo de norma de efic‡cia limitada Ž o art. 37,
inciso VII, da CF/88, que trata do direito de greve dos servidores pœblicos (Òo
direito de greve ser‡ exercido nos termos e nos limites definidos em lei
espec’ficaÓ).

Ao ler o dispositivo supracitado, Ž poss’vel perceber que a CF/88 outorga aos


servidores pœblicos o direito de greve; no entanto, para que este possa ser
exercido, faz-se necess‡ria a edi•‹o de lei ordin‡ria que o regulamente. Assim,
enquanto n‹o editada essa norma, o direito n‹o pode ser usufru’do. Nesse
sentido, tem-se as seguintes caracter’sticas:

s‹o n‹o-autoaplic‡veis, ou seja, dependem de complementa•‹o


legislativa para que possam produzir os seus efeitos.

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possuem aplicabilidade indireta (dependem de norma


regulamentadora para produzir seus efeitos) mediata (a promulga•‹o
do texto constitucional n‹o Ž suficiente para que possam produzir
todos os seus efeitos) e reduzida (possuem um grau de efic‡cia
restrito quando da promulga•‹o da Constitui•‹o).
ü As normas de efic‡cia contida est‹o aptas a produzir
todos os seus efeitos desde o momento em que a
Constitui•‹o Ž promulgada. A lei posterior, caso
editada, ir‡ restringir a sua aplica•‹o.
ü As normas de efic‡cia limitada n‹o est‹o aptas a
produzirem todos os seus efeitos com a promulga•‹o
da Constitui•‹o; elas dependem, para isso, de uma lei
posterior, que ir‡ ampliar o seu alcance.

JosŽ Afonso da Silva subdivide as normas de efic‡cia limitada em dois grupos:

a) normas declarat—rias de princ’pios institutivos ou


organizativos: s‹o aquelas que dependem de lei para estruturar e
organizar as atribui•›es de institui•›es, pessoas e —rg‹os previstos na
Constitui•‹o. ƒ o caso, por exemplo, do art. 88, da CF/88.

As normas definidoras de princ’pios institutivos ou organizativos podem


ser impositivas, quando imp›em ao legislador uma obriga•‹o de
elaborar a lei regulamentadora (art. 88, da CF/88); ou facultativas,
quando estabelecem mera faculdade ao legislador (art. 125, § 3º, CF/88).

b) normas declarat—rias de princ’pios program‡ticos: s‹o aquelas


que estabelecem programas, objetivos, metas a serem desenvolvidos
pelo legislador infraconstitucional. (Ex: art. 196, CF). Cabe destacar que
a presen•a de normas program‡ticas na Constitui•‹o Federal Ž que nos
permite classifica-la como uma Constitui•‹o-dirigente.

N‹o menos importante, vale destacar que que as normas de efic‡cia limitada,
embora tenham aplicabilidade reduzida e n‹o produzam todos os seus efeitos
desde a promulga•‹o da Constitui•‹o, possuem efic‡cia jur’dica. Guarde
bem isso: a efic‡cia Ž limitada, porŽm existente! Diz-se que as normas de
efic‡cia limitada possuem efic‡cia m’nima.

E quais s‹o os efeitos jur’dicos produzidos pelas normas de efic‡cia limitada?


Temos dois tipos de efeitos: i) efeito negativo; e ii) efeito vinculativo.

O efeito negativo consiste na revoga•‹o de disposi•›es anteriores em


sentido contr‡rio e na proibi•‹o de leis posteriores que se oponham a seus
comandos. Sobre esse œltimo ponto, vale destacar que as normas de efic‡cia
limitada servem de par‰metro para o controle de constitucionalidade.

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O efeito vinculativo, por sua vez, se manifesta na obriga•‹o de que o


legislador ordin‡rio edite leis regulamentadoras, sob pena de haver
omiss‹o inconstitucional, que pode ser combatida por meio de mandado de
injun•‹o ou A•‹o Direta de Inconstitucionalidade por Omiss‹o.

•São autoaplicáveis - independe de lei posterior


para alcance e conteúdo.
PLENA •São não-restringíveis e possuem aplicabilidade
direta, imediata e integral

•São autoaplicáveis, mas restringíveis, isto é,


estão sujeitas a limitações ou restrições
CONTIDA •Aplicabilidade direta ,imediata e possivelmente
não-integral

•são não-autoaplicáveis, necessitam de


regulamentação para produzirem todos os
LIMITADA efeitos.
•Aplicabilidade indireta, mediata e reduzida

14. Edinaldo, estudante de Direito, realizou intensas reflex›es a respeito


da efic‡cia e da aplicabilidade do Art. 14, ¤ 4¼, da Constitui•‹o da
Repœblica, segundo o qual Òos inalist‡veis e os analfabetos s‹o
ineleg’veisÓ. A respeito da norma obtida a partir desse comando, ˆ luz da
sistem‡tica constitucional, assinale a afirmativa correta.
A) Ela veicula programa a ser implementado pelos cidad‹os, sem interfer•ncia
estatal, visando ˆ realiza•‹o de fins sociais e pol’ticos.
B) Ela tem efic‡cia plena e aplicabilidade direta, imediata e integral, pois, desde que
a CRFB/88 entrou em vigor, j‡ est‡ apta a produzir todos os seus efeitos.
C) Ela apresenta contornos program‡ticos, dependendo sempre de regulamenta•‹o
infraconstitucional para alcan•ar plenamente sua efic‡cia.
D) Ela tem aplicabilidade indireta e imediata, n‹o integral, produzindo efeitos
restritos e limitados em normas infraconstitucionais quando da promulga•‹o da
Constitui•‹o da Repœblica.

Coment‡rios:
Olha s—. Quest‹o fresquinha do XXIV Exame de Ordem. A quest‹o cobrou
basicamente o tema das inelegibilidades. (art. 14, ¤ 4¼ ao 8», CRFB/88). Trata-
se de norma de efic‡cia plena, que independe de legisla•‹o infraconstitucional.
Possui aplicabilidade direta, imediata e integral. Gabarito letra B.

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15. (FGV / XVI Exame de Ordem Unificado Ð 2015) O diretor de RH de uma


multinacional da ‡rea de telecomunica•›es, em reuni‹o corporativa,
afirmou que o mundo globalizado vem produzindo grandes inova•›es,
exigindo o reconhecimento de novas profiss›es desconhecidas atŽ ent‹o.
Feitas essas considera•›es, solicitou que alterasse o quadro de cargos e
fun•›es da empresa, incluindo as seguintes profiss›es: gestor de
marketing digital e desenvolvedor de aplicativos m—veis. O presidente da
sociedade empres‡ria, pedido formulado, alegou que o exerc’cio de
qualquer atividade laborativa pressup›e a sua devida regulamenta•‹o em
lei, o que ainda n‹o havia ocorrido em rela•‹o ˆs referidas profiss›es. Com
base na teoria da efic‡cia das normas constitucionais Ž correto afirmar que
o presidente da sociedade empres‡ria:
(A) argumentou em harmonia com a ordem constitucional, pois o dispositivo da
Constitui•‹o Federal que afirma ser livre o exerc’cio de qualquer trabalho, of’cio ou
profiss‹o, atendidas as qualifica•›es profissionais que a lei estabelecer, possui
efic‡cia limitada, exigindo regulamenta•‹o legal para que possa produzir efeitos.
(B) apresentou argumentos contr‡rios ˆ ordem constitucional, pois o dispositivo da
Constitui•‹o Federal que afirma ser livre o exerc’cio de qualquer trabalho, of’cio ou
profiss‹o, atendidas as qualifica•›es profissionais que a lei estabelecer, possui
efic‡cia contida, de modo que, inexistindo lei que regulamente o exerc’cio da
atividade profissional, Ž livre o seu exerc’cio.
(C) apresentou argumentos contr‡rios ˆ ordem constitucional, pois o dispositivo da
Constitui•‹o Federal que afirma ser livre o exerc’cio de qualquer trabalho, of’cio ou
profiss‹o, atendidas as qualifica•›es profissionais que a lei estabelecer, possui
efic‡cia plena, j‡ que a liberdade do exerc’cio profissional n‹o pode ser restringida,
mas apenas ampliada.
(D) argumentou em harmonia com a ordem constitucional, pois o dispositivo da
Constitui•‹o Federal que afirma ser livre o exerc’cio de qualquer trabalho, of’cio ou
profiss‹o, atendidas as qualifica•›es profissionais que a lei estabelecer, n‹o possui
nenhuma efic‡cia, devendo ser objeto de mandado de injun•‹o para a sua devida
regulamenta•‹o.

Coment‡rios:
Meus amigos, para resolver essa quest‹o, precisar’amos conhecer o art. 5¼, inciso
III, da CF/88, que trata da liberdade profissional, segundo o qual ÒŽ livre o
exerc’cio de qualquer trabalho, of’cio ou profiss‹o, atendidas as qualifica•›es
profissionais que a lei estabelecer. E aqui n‹o tem mistŽrio. Acabamos de ver que
se trata de uma norma de efic‡cia contida.
Ora, se o art. 5¼, III, CF/88, Ž norma de efic‡cia contida, significa que o exerc’cio
da profiss‹o independe de regulamenta•‹o. A liberdade profissional pode ser
livremente exercida, podendo a lei restringir o exerc’cio desse direito.
Assim, n‹o h‡ necessidade de regulamenta•‹o em lei para que sejam inclu’das,
no quadro de cargos e fun•›es da empresa, as profiss›es de gestor de marketing

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digital e desenvolvedor de aplicativos m—veis. Logo, os argumentos apresentados


pelo presidente da sociedade empres‡ria n‹o est‹o em harmonia com a ordem
constitucional. O gabarito Ž a letra B.

16. (FGV / DPE-MT Ð 2015) Considerando a classifica•‹o das normas


constitucionais, assinale a op•‹o que indica a norma de efic‡cia contida.
(A) ƒ livre o exerc’cio de qualquer profiss‹o, atendidas as qualifica•›es que a lei
venha a estabelecer.
(B) O Estado deve garantir o desenvolvimento nacional.
(C) O Presidente da Repœblica n‹o est‡ sujeito ˆ pris‹o antes da senten•a penal
condenat—ria.
(D) As atribui•›es do Conselho de Defesa das Minorias ser‹o definidas em lei.
(E) ƒ dever da sociedade proteger os idosos, na forma definida em lei.

Coment‡rios:
Letra A: correta. Para que voc•s percebam como as quest›es se repetem (rs)
ou seguem uma mesma linha de racioc’nio. Mais uma vez, tem-se aqui uma norma
de efic‡cia contida. A lei poder‡ restringir o exerc’cio profissional, estabelecendo
qualifica•›es para certas profiss›es.
Letra B: errada. Essa Ž uma norma de efic‡cia limitada, de car‡ter program‡tico.
Letra C: errada. ƒ uma norma de efic‡cia plena.
Letra D: errada. ƒ uma norma de efic‡cia limitada. H‡ necessidade de edi•‹o de
lei para definir as atribui•›es do Conselho.
Letra E: errada. TambŽm Ž uma norma de efic‡cia limitada. A lei regulamentadora
Ž que ir‡ definir como ser‡ a prote•‹o dada aos idosos.

17. (FGV/TJ-PI - 2015) O art. 5¼, LXI, da Constitui•‹o da Repœblica


Federativa do Brasil, disp›e que ÒninguŽm ser‡ preso sen‹o em flagrante
delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judici‡ria
competente, salvo nos casos de transgress‹o militar ou crime
propriamente militar, definidos em lei". Ë luz dos referenciais de
aplicabilidade e efic‡cia, Ž correto afirmar que, a partir desse enunciado
lingu’stico, se obtŽm uma norma constitucional:
(A) program‡tica;
(B) de efic‡cia plena e aplicabilidade imediata;
(C) de efic‡cia contida e aplicabilidade imediata;
(D) preceptiva;

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(E) de efic‡cia limitada e aplicabilidade imediata.

Coment‡rios:
Letra A: errada. As normas program‡ticas s‹o aquelas que tra•am diretrizes,
metas para a a•‹o estatal;
Letra B: errada. A norma de efic‡cia plena Ž aquela que para produzir todos os
seus efeitos n‹o necessita de norma regulamentadora posterior. AlŽm disto, ela Ž
n‹o restring’vel, pois norma infraconstitucional n‹o pode restringir a aplicabilidade
de tal norma constitucional;
Letra C: correta. A norma de efic‡cia contida Ž aquela que apesar de produzir
todos os seus efeitos pode ser restringida por lei infraconstitucional posterior.
Assim, o LXI do art. 5¡ da CF/88 determina que ÒninguŽm ser‡ preso sen‹o em
flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judici‡ria
competenteÓ, mas que uma lei pode restringir esta norma nos casos de
transgress‹o militar ou crime propriamente militar.
Letra D: errada. Normas preceptivas s‹o aquelas normas concretas e completas,
suscet’veis de aplica•‹o imediata. Elas determinam uma conduta a ser seguida;
Letra E: errada. A norma de efic‡cia limitada Ž aquela que precisa de uma lei para
o exerc’cio total do direito previsto nela.

12. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

Os princ’pios fundamentais est‹o dispostos na CF/88 no T’tulo I, o qual Ž


composto por quatro artigos. Cada um desses dispositivos apresenta um tipo de
princ’pio fundamental. O art. 1¼ trata dos fundamentos da Repœblica; o art. 2¼,
do princ’pio da separa•‹o de Poderes; o art. 3¼, dos objetivos fundamentais; e
o art. 4¼, dos princ’pios da RFB nas rela•›es internacionais.

Se uma quest‹o disser que um determinado


fundamento da RFB (Ex: soberania) Ž um princ’pio
fundamental, estar‡ correta. Da mesma forma, se
uma quest‹o disser que um objetivo fundamental da
RFB (Ex: Òconstruir uma sociedade livre, justa e
solid‡riaÓ), Ž um princ’pio fundamental, ela tambŽm
estar‡ correta. Ou, ainda, se a quest‹o afirmar que
um princ’pio das rela•›es internacionais (por
exemplo, Òigualdade entre os EstadosÓ), Ž um
princ’pio fundamental, tambŽm. A explica•‹o para

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isso Ž o fato de que os art. 1¼ - art. 4¼ evidenciam,


todos eles, espŽcies de princ’pios fundamentais.

12.1 Fundamentos da Repœblica Federativa do Brasil

Os fundamentos da Repœblica Federativa do Brasil est‹o previstos no art. 1¼,


da Constitui•‹o Federal de 1988. S‹o os pilares, a base do ordenamento jur’dico
brasileiro. Sen‹o vejamos:

Art. 1¼ A Repœblica Federativa do Brasil, formada pela uni‹o


indissolœvel dos Estados e Munic’pios e do Distrito Federal,
constitui-se em Estado Democr‡tico de Direito e tem como
fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo pol’tico.
Par‡grafo œnico. Todo o poder emana do povo, que o exerce por
meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos
desta Constitui•‹o.

A soberania Ž um atributo essencial ao Estado, garantindo que sua vontade


n‹o se subordine a qualquer outro poder, seja no plano interno ou no plano
internacional. ƒ considerada um poder supremo e independente.

Assim, no ‰mbito interno, as normas e decis›es elaboradas pelo Estado


prevalecem sobre as emanadas de grupos sociais intermedi‡rios como fam’lia,
escola e igreja, por exemplo. Por sua vez, na —rbita internacional, o Estado
somente se submete a regras em rela•‹o ˆs quais manifestar livremente o seu
consentimento. A soberania guarda correla•‹o direta com o princ’pio da
igualdade entre os Estados, que Ž um dos princ’pios adotados pela Repœblica
Federativa do Brasil em suas rela•›es internacionais (art. 4¼, V, CF/88).

A cidadania, por sua vez, Ž simultaneamente um objeto e um direito


fundamental das pessoas; representa um verdadeiro status do ser humano: o
de ser cidad‹o e, com isso, ter assegurado o seu direito de participa•‹o na
vida pol’tica do Estado. 12 Nesse sentido, est‡ intimamente ligada ao conceito
de democracia, pois sup›e que o cidad‹o se sinta respons‡vel pela constru•‹o
de seu Estado, pelo bom funcionamento das institui•›es.

A dignidade da pessoa humana Ž outro fundamento da Repœblica Federativa


do Brasil e consiste, na vis‹o do STF, Òsignificativo vetor interpretativo,
verdadeiro valor-fonte que conforma e inspira todo o ordenamento

12
MORAES, Alexandre de. Constitui•‹o do Brasil Interpretada e Legisla•‹o Constitucional, 9» edi•‹o. S‹o Paulo Editora Atlas: 2010, pp. 61.

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constitucionalÓ 13. ƒ a base de todos os direitos fundamentais e o princ’pio que


coloca o ser humano como a preocupa•‹o central para o Estado brasileiro.

Possui elevada densidade normativa e pode ser usado, independentemente de


regulamenta•‹o, como fundamento de decis‹o judicial. AlŽm de possuir efic‡cia
negativa (invalidando qualquer norma com ele conflitante), vincula o Poder
Pœblico, impelindo-o a adotar pol’ticas para sua total implementa•‹o.

Em raz‹o de sua import‰ncia, o Supremo Tribunal j‡ o utilizou como fundamento


de diversas decis›es importantes. Olha s—:

O STF considerou leg’tima a uni‹o


homoafetiva como entidade familiar, em
==0==

raz‹o do princ’pio da dignidade da pessoa


humana, da liberdade, seguran•a jur’dica e do
direito ˆ busca pela felicidade14
O STF considera que n‹o ofende o direito ˆ vida
e a dignidade da pessoa humana a pesquisa
com cŽlulas-tronco embrion‡rias obtidas de
embri›es humanos produzidos por
fertiliza•‹o Òin vitroÓ e n‹o utilizados neste
procedimento.15
O STF entende que n‹o Ž poss’vel, por violar o
princ’pio da dignidade da pessoa humana, a
submiss‹o compuls—ria do pai ao exame de
DNA na a•‹o de investiga•‹o de paternidade.16

Voltando ˆ an‡lise dos fundamentos da Repœblica Federativa do Brasil, a


eleva•‹o dos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa a essa condi•‹o
refor•a que o nosso Estado Ž capitalista, e, simultaneamente, demonstra que o
trabalho tem um valor social. ƒ o trabalho, afinal, ferramenta essencial para
garantir, a subsist•ncia das pessoas, o desenvolvimento e crescimento
econ™mico do Pa’s. Nesse sentido, o art. 170 da CF/88.

Por œltimo, o Estado brasileiro tambŽm tem como fundamento o pluralismo


pol’tico. Esse princ’pio visa garantir a inclus‹o dos diferentes grupos sociais no
processo pol’tico nacional, outorgando aos cidad‹os liberdade de convic•‹o
filos—fica e pol’tica. Como seu corol‡rio, tem-se a liberdade de cria•‹o e
funcionamento dos partidos pol’ticos.


13
STF, HC 85.237, Rel. Min. Celso de Mello, j. 17.03.05, DJ de 29.04.05.
14
RE 477554 MG, DJe-164 DIVULG 25-08-2011 PUBLIC 26-08-2011 EMENT VOL-02574-02 PP-00287.
15
STF, ADI 3510/DF Ð Rel. Min Ayres Britto, DJe 27.05.2010
16
STF, Pleno, HC 71.373/RS, rel. Min. Francisco Rezek, Di‡rio da Justi•a, Se•‹o I, 22.11.1996.

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O Supremo Tribunal entende que a cr’tica jornal’stica Ž um direito cujo suporte


legitimador Ž o pluralismo pol’tico; o exerc’cio desse direito deve, assim, ser
preservado contra ensaios autorit‡rios de repress‹o penal. 17

12.2. Forma de Estado / Forma de Governo / Regime Pol’tico

Dentre as decis›es pol’ticas estabelecidas pelo Constituinte Origin‡rio, est‹o a


defini•‹o da forma de Estado e a forma de governo. (art. 1¼, caput).

a) Forma de estado diz respeito ˆ maneira pela qual o poder est‡


territorialmente repartido; Ž a reparti•‹o territorial do Poder que ir‡
definir a forma de Estado. Um Estado poder‡ ser unit‡rio (quando o
poder est‡ territorialmente centralizado) ou federal (quando o poder
est‡ territorialmente descentralizado).

O Brasil Ž um Estado federal, ou seja, adota a federa•‹o como forma de


Estado. H‡ diversos entes federativos (Uni‹o, Estados, Distrito Federal e
Munic’pios), todos eles aut™nomos, dotados de governo pr—prio e de
capacidade pol’tica. S‹o pessoas jur’dicas de direito pœblico que mant•m entre
si um v’nculo indissolœvel.

Em raz‹o disso, um estado ou munic’pio brasileiro n‹o pode se separar do Brasil;


diz-se que, em uma federa•‹o n‹o h‡ o direito de secess‹o. ƒ esse o princ’pio
da indissolubilidade do v’nculo federativo, o qual Ž refor•ado pelo fato de
que a federa•‹o Ž cl‡usula pŽtrea da CF/88 (art. 60¤ 4¼, I, CF).

O Estado federal, segundo a doutrina, apresenta duas caracter’sticas:


autonomia e participa•‹o. A autonomia traduz-se na possibilidade de os
Estados e Munic’pios terem sua pr—pria estrutura governamental e
compet•ncias, distintas daquelas da Uni‹o. A participa•‹o, por sua vez, consiste
em dar aos Estados a possibilidade de interferir na forma•‹o das leis.

Cabe destacar que autonomia difere de soberania. No Brasil, apenas a


Repœblica Federativa do Brasil (RFB) Ž considerada soberana, inclusive
para fins de direito internacional; s— ela possui personalidade
internacional. Isso porque na Federa•‹o os entes reunidos, apesar de n‹o
perderem suas personalidades jur’dicas, abrem m‹o de algumas prerrogativas,
em benef’cio do todo (Estado Federal). Dessas, a principal Ž a soberania.

A Uni‹o Ž quem representa a RFB no plano internacional (art. 21, inciso I), mas
possui apenas autonomia, jamais soberania. Os outros entes federativos atŽ
podem atuar no plano internacional, mas apenas na medida em que a RFB os


17
STF Ð Pet 3486/DF, Rel. Ministro Celso de Mello. DJe. 22.08.2005.

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autoriza. Ex: Contrata•‹o de emprŽstimo junto ao Banco Mundial pelo Estado de


S‹o Paulo, para fins de constru•‹o de uma rodovia.

No Brasil, a Uni‹o, os Estados-membros e os Munic’pios, todos s‹o igualmente


aut™nomos e possuem o mesmo ÒstatusÓ hier‡rquico, recebendo assim
tratamento jur’dico ison™mico.

Outra caracter’stica de nosso federalismo Ž que ele Ž cooperativo. A reparti•‹o


de compet•ncias entre os entes da federa•‹o se d‡ de forma que todos eles
contribuam para que o Estado alcance seus objetivos. Algumas compet•ncias
s‹o comuns a todos, havendo, ainda, a colabora•‹o tŽcnica e financeira entre
eles para a presta•‹o de alguns servi•os pœblicos, bem como reparti•‹o das
receitas tribut‡rias.

b) Forma de Governo Ž o modo como se d‡ a institui•‹o do poder na


sociedade e a rela•‹o entre governantes e governados. Quanto ˆ forma
de governo, um Estado poder‡ ser uma monarquia ou uma repœblica.

No Brasil, a forma de governo adotada (art. 1¼, caput), foi a repœblica. E,


aqui, temos como caracter’sticas: car‡ter eletivo, representativo e
transit—rio dos detentores do poder e responsabilidade dos governantes.

Os governantes, na Repœblica, s‹o eleitos pelo povo, o que vincula essa forma
de governo ˆ democracia. AlŽm disso, na Repœblica, o governo Ž limitado,
surgindo a ideia de responsabilidade da Administra•‹o Pœblica. Finalmente, o
car‡ter transit—rio dos detentores do poder pol’tico Ž inerente ao governo
republicano, j‡ que nos termos do art. 60, ¤4¼ da CF/88, teremos Òvoto direto,
secreto, universal e peri—dicoÓ.

Outra importante caracter’stica da Repœblica Ž que ela Ž fundada na igualdade


formal das pessoas.

c) O regime pol’tico adotado pelo Brasil Ž a democracia, o que fica


claro quando o art. 1¼, caput, da CF/88 disp›e que a Repœblica Federativa
do Brasil se constitui em Estado democr‡tico de direito.

O Estado de Direito Ž aquele no qual existe uma limita•‹o dos poderes estatais;
ele representa uma supera•‹o do antigo modelo absolutista, no qual o
governante tinha poderes ilimitados. O surgimento do Estado de direito se deve
aos movimentos constitucionalistas modernos.

Hoje, vive-se o momento do Estado Constitucional, que Ž, ao mesmo tempo,


um Estado de Direito e um Estado democr‡tico. Cabe destacar que a express‹o
ÒEstado Democr‡tico de DireitoÓ n‹o implica uma mera reuni‹o dos princ’pios
do Estado de Direito e do Estado Democr‡tico, uma vez que os supera, trazendo
em si um conceito novo, mais abrangente.

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Trata-se da garantia de uma sociedade pluralista, em que todas as pessoas se


submetem ˆs leis e ao Direito, visando a garantir os direitos fundamentais e
assegurando a todos uma igualdade material. Nos dizeres de Dirley da Cunha
Jr, Òo Estado Democr‡tico de Direito, portanto, Ž o Estado Constitucional
submetido ˆ Constitui•‹o e aos valores humanos nela consagrados.Ó 18

O princ’pio democr‡tico Ž refor•ado pelo par‡grafo œnico do art.1¼ da


Constitui•‹o Federal. Ò todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamenteÓ nos termos da Constitui•‹o.Ó

No Brasil, existe uma democracia semidireta ou participativa, em que o


povo, alŽm de participar das decis›es pol’ticas por meio de seus representantes
eleitos, tambŽm possui instrumentos de participa•‹o direta. (plebiscito;
referendo; iniciativa popular leis e a•‹o popular).

Cuidado! O plebiscito Ž convocado antes da cria•‹o


da norma (ato legislativo ou administrativo) para que
os cidad‹os, por meio do voto, aprovem ou n‹o a
quest‹o que lhes foi submetida. J‡ o referendo Ž
convocado ap—s a edi•‹o da norma, devendo esta ser
ratificada pelos cidad‹os para ter validade.

12.3 Harmonia e Independ•ncia entre os Poderes

A separa•‹o de poderes Ž um princ’pio cujo objetivo Ž evitar arbitrariedades


e o desrespeito aos direitos fundamentais19; ele se baseia na premissa de que
quando o poder pol’tico est‡ concentrado nas m‹os de uma s— pessoa, h‡ uma
tend•ncia ao abuso do poder. Sob essa perspectiva, a separa•‹o de poderes Ž
verdadeira tŽcnica de limita•‹o do poder estatal.

As origens da separa•‹o de poderes remontam a Arist—teles, com a obra ÒA


Pol’ticaÓ. Posteriormente, o tema tambŽm foi trabalhado por Jo‹o Locke e,
finalmente, por Montesquieu, em sua cŽlebre obra ÒO esp’rito das leisÓ.

Modernamente, a separa•‹o de poderes n‹o Ž vista como algo r’gido. Com


efeito, o poder pol’tico Ž uno, indivis’vel; assim, o que pode ser objeto de
separa•‹o s‹o as fun•›es estatais (e n‹o o poder pol’tico). Assim, apesar de a
Constitui•‹o falar em tr•s Poderes, na verdade ela est‡ se referindo a fun•›es
distintas de um mesmo Poder: a legislativa, a executiva e a judici‡ria.

A Constitui•‹o Federal de 1988 adotou, assim, uma separa•‹o de Poderes


flex’vel. Isso significa que eles n‹o exercem exclusivamente suas fun•›es


18
CUNHA JòNIOR, Dirley. Curso de Direito Constitucional, 6» edi•‹o, p. 543.
19
MORAES, Alexandre de. Constitui•‹o do Brasil Interpretada e Legisla•‹o Constitucional, 9» edi•‹o. S‹o Paulo Editora Atlas:
2010, pp. 72.

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t’picas, mas tambŽm outras, denominadas at’picas. Ex: Exerc’cio da fun•‹o


administrativa (t’pica do Executivo) pelo Judici‡rio e pelo Legislativo, quando
disp›em sobre sua organiza•‹o interna e sobre seus servidores, nomeando-os
ou exonerando-os. Ou, ent‹o quando o Poder Executivo exerce fun•‹o legislativa
ao editar medidas provis—rias ou leis delegadas.

A Constitui•‹o Federal de 1988, em seu art. 2¼, trata da separa•‹o de poderes,


dispondo que Òs‹o poderes da Uni‹o, independentes e harm™nicos entre
si, o Legislativo, o Executivo e o Judici‡rio.Ó

Chama-nos a aten•‹o o fato de que a Constitui•‹o explicita que os tr•s Poderes


s‹o Òindependentes e harm™nicosÓ. Independ•ncia Ž a aus•ncia de
subordina•‹o, de hierarquia entre os Poderes; cada um deles Ž livre para se
organizar e n‹o pode intervir fora dos limites constitucionais. Harmonia, por
sua vez, significa colabora•‹o, coopera•‹o; visa garantir que os Poderes
expressem uniformemente a vontade da Uni‹o.

A independ•ncia entre os Poderes n‹o Ž absoluta. Ela Ž limitada pelo


sistema de freios e contrapesos. Esse sistema prev• a interfer•ncia
leg’tima de um Poder sobre o outro, nos limites estabelecidos
constitucionalmente. ƒ o que acontece, por exemplo, quando o Congresso
Nacional (Poder Legislativo) fiscaliza os atos do Poder Executivo (art. 49, X,
CF/88). Ou, ent‹o, quando o Poder Judici‡rio controla a constitucionalidade de
leis elaboradas pelo Poder Legislativo.

12.4. Objetivos Fundamentais da Repœblica Federativa do Brasil

Os objetivos fundamentais s‹o as finalidades que devem ser perseguidas pelo


Estado brasileiro. Que tal analisarmos o art. 3¼ da Carta Magna?

Art. 3¼ Constituem objetivos fundamentais da


Repœblica Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solid‡ria;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginaliza•‹o e reduzir as
desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de
origem, ra•a, sexo, cor, idade e quaisquer outras
formas de discrimina•‹o.

Mas, professores, como se lembrar do rol de objetivos da Repœblica Federativa


do Brasil, uma vez que o art. 3¼ da CF/88 costuma ser cobrado em sua
literalidade? Leia-o e releia-o atŽ decor‡-lo! Para ajud‡-lo na memoriza•‹o
do mesmo, pe•o que preste aten•‹o nos verbos, sempre no infinitivo: construir,
garantir, erradicar e promover.

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Outra dica Ž que esses verbos formam a sigla


ÒConga Erra ProÓ, que serve de memoriza•‹o.
Pense em um rapaz, de apelido CONGA, que tem
como OBJETIVO n‹o ERRAr na PROva:

Chamo aten•‹o de voc•s para o inciso IV. A promo•‹o do bem de todos, sem
preconceitos, al•ada pela Carta Magna ˆ condi•‹o de objetivo fundamental da
Repœblica Federativa do Brasil, consagra a igualdade material como um dos
objetivos da Repœblica Federativa do Brasil. Como exemplo, tem-se a reserva
de vagas nas Universidades Federais, a serem ocupadas por alunos de escolas
pœblicas (cotas raciais). Trata-se, na vis‹o do Supremo Tribunal das chamadas
a•›es afirmativas do Estado20:

12.5. Princ’pios das Rela•›es Internacionais

Estamos chegando ao fim, mas antes de encerramos nosso primeiro encontro,


precisamos ainda analisar os princ’pios que regem a Repœblica Federativa do
Brasil em suas rela•›es internacionais (art. 4¼, CF).

Art. 4¼ A Repœblica Federativa do Brasil rege-se nas suas rela•›es


internacionais pelos seguintes princ’pios:
I - independ•ncia nacional;
II - preval•ncia dos direitos humanos;
III - autodetermina•‹o dos povos;
IV - n‹o-interven•‹o;
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
VII - solu•‹o pac’fica dos conflitos;
VIII - repœdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - coopera•‹o entre os povos para o progresso da humanidade;
X - concess‹o de asilo pol’tico.
Par‡grafo œnico. A Repœblica Federativa do Brasil buscar‡ a
integra•‹o econ™mica, pol’tica, social e cultural dos povos da
AmŽrica Latina, visando ˆ forma•‹o de uma comunidade latino-
americana de na•›es.

Por fim, o par‡grafo œnico do art. 4¼ da Constitui•‹o traz um objetivo a ser


buscado pelo Brasil em suas rela•›es internacionais: a integra•‹o econ™mica,
pol’tica, social e cultural dos povos da AmŽrica Latina, visando ˆ
forma•‹o de uma comunidade latino-americana de na•›es. Tenha
cuidado, pois o examinador pode trocar AmŽrica Latina por AmŽrica do Sul, para
confundi-lo (a).


20
REsp 1132476/PR, Rel. Ministro Humberto Martins, 2» Turma, julgado em 13/10/2009, DJe 21/10/2009

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18. (FGV / XVII Exame de Ordem Unificado Ð 2015) A discuss‹o a respeito


das fun•›es executiva, legislativa e judici‡ria parece se acirrar em torno
dos limites do seu exerc’cio pelos tr•s tradicionais poderes. Nesse sentido,
sobre a estrutura adotada pela constitui•‹o brasileira de 1988, assinale a
afirmativa correta.
(A) o exerc’cio da fun•‹o legislativa Ž uma atribui•‹o concedida
exclusivamente ao poder legislativo, como decorr•ncia natural de ser considerado
o poder que mais claramente representa o regime democr‡tico.
(B) o exerc’cio da fun•‹o jurisdicional Ž atribui•‹o privativa do Poder Judici‡rio,
embora se possa dizer que o poder executivo, no uso do seu poder disciplinar,
tambŽm fa•a uso da fun•‹o jurisdicional.
(C) o exerc’cio de fun•›es administrativas, judici‡rias e legislativas deve respeitar
a mais estrita divis‹o de fun•›es, n‹o existindo possibilidade de que um poder
venha a exercer, atipicamente, fun•›es afetas a outro poder.
(D) a produ•‹o de efeitos pelas normas elaboradas pelos poderes legislativo e
executivo pode ser limitada pela atua•‹o do poder judici‡rio, no ‰mbito de sua
atua•‹o t’pica de controlar a constitucionalidade ou a legalidade das normas do
sistema.

Coment‡rios:
Letra A: errada. O Poder Executivo e o Poder Judici‡rio tambŽm exercem fun•‹o
legislativa, ou seja, essa n‹o Ž uma fun•‹o exclusiva do Poder Legislativo. O Poder
Executivo exerce fun•‹o legislativa ao editar medidas provis—rias ou leis
delegadas. Por sua vez, o Poder Judici‡rio exerce tal fun•‹o ao editar regimentos
de tribunais.
Letra B: errada. A fun•‹o jurisdicional Ž, de fato, atribui•‹o privativa do Poder
Judici‡rio. Quando o Poder Executivo exerce seu poder disciplinar, ele est‡
fazendo uso da fun•‹o administrativa.
Letra C: errada. No Brasil, o sistema de separa•‹o de poderes Ž flex’vel. Isso
significa que os Poderes n‹o exercem exclusivamente suas fun•›es t’picas, mas
tambŽm outras, denominadas at’picas.
Letra D: correta. O Poder Judici‡rio, no exerc’cio de sua fun•‹o jurisdicional,
pode controlar a constitucionalidade e a legalidade das normas. ƒ nesse sentido
que Ž poss’vel afirmar que a atua•‹o do Poder Judici‡rio pode limitar a produ•‹o
de efeitos pelas normas elaboradas pelos Poderes Legislativo e Executivo.

19. (FGV / DPDF Ð 2014) Sobre os Princ’pios Fundamentais da Repœblica


Federativa do Brasil, ˆ luz do texto constitucional de 1988, Ž INCORRETO
afirmar que:
(A) a Repœblica Federativa do Brasil tem como fundamentos: a soberania, a
cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre

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iniciativa e o pluralismo politico.


(B) a Repœblica Federativa do Brasil tem como objetivos fundamentais: construir
uma sociedade livre, justa e solid‡ria; garantir o desenvolvimento nacional,
erradicar a pobreza e a marginaliza•‹o e reduzir as desigualdades sociais e
regionais; promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, ra•a, sexo, cor,
idade e quaisquer outras formas de discrimina•‹o.
(C) todo o poder emana do povo, que o exerce unicamente por meio de
representantes eleitos.
(D) entre outros, s‹o princ’pios adotados pela Repœblica Federativa do Brasil nas
suas rela•›es internacionais, os seguintes: a independ•ncia nacional, a preval•ncia
dos direitos humanos e o repœdio ao terrorismo e ao racismo.
(E) a autodetermina•‹o dos povos, a n‹o interven•‹o e a defesa da paz s‹o
princ’pios regedores das rela•›es internacionais da Repœblica Federativa do Brasil.

Coment‡rios:
Letra A: correta. S‹o fundamentos da Repœblica Federativa do Brasil: i) soberania;
ii) cidadania; iii) dignidade da pessoa humana; iv) valores sociais do trabalho e
da livre iniciativa e; v) pluralismo pol’tico.
Letra B: correta. De fato, s‹o esses os objetivos fundamentais da RFB, os quais
est‹o previstos no art. 3¼, CF/88.
Letra C: errada. Segundo o art. 1¼, par‡grafo œnico, Òtodo o poder emana do
povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos
desta Constitui•‹oÓ. Assim, n‹o se pode dizer que o povo exerce o poder somente
por meio de seus representantes; como o Brasil Ž uma democracia semidireta,
tambŽm h‡ formas de exerc’cio do poder diretamente pelo povo. O gabarito Ž a
letra C.
Letra D: correta. A independ•ncia nacional, a preval•ncia dos direitos humanos e
o repœdio ao terrorismo e ao racismo s‹o princ’pios das rela•›es internacionais da
RFB.
Letra E: correta. Esses princ’pios, previstos no art. 4¼, CF/88, regem as rela•›es
internacionais da RFB.

20. (FGV/TJ-AM Ð 2013) A Constitui•‹o de 1988 rompeu com a ordem


jur’dica anterior, instituindo novos compromissos com a sociedade
brasileira. Sobre a ÒConstitui•‹o Cidad‹Ó, assinale a afirmativa correta.
(A) O pluralismo pol’tico, apesar de desej‡vel, n‹o Ž princ’pio fundamental da
Constitui•‹o democr‡tica, uma vez que n‹o h‡ como exigir dos cidad‹os que
constituam diversos partidos pol’ticos.
(B) O modelo de separa•‹o de poderes adotado no pa’s significa o monop—lio da
fun•‹o judicante para o Poder Judici‡rio, assim como o da fun•‹o legislativa para o
Poder Legislativo.

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(C) A Constitui•‹o de 1988 fundou um Estado social em que se adota o valor social
do trabalho como princ’pio fundante, n‹o tendo a livre-iniciativa recebido igual
tratamento.
(D) A erradica•‹o da pobreza Ž um dos objetivos fundamentais da Repœblica
Federativa do Brasil.
(E) A forma federativa de Estado veda a redu•‹o das desigualdades regionais como
um dos objetivos do pa’s, uma vez que todos os Estados devem ser tratados com
igualdade de direitos.

Coment‡rios:
Letra A: errada. O pluralismo pol’tico Ž, sim, um princ’pio fundamental. Ele est‡
previsto no art. 1¼, que relaciona os fundamentos da Repœblica Federativa do
Brasil.
Letra B: errada. No Brasil, a separa•‹o de poderes n‹o Ž r’gida. Cada um dos
Poderes exerce fun•›es t’picas e fun•›es at’picas. O Poder Legislativo, por
exemplo, tem a responsabilidade por julgar o Presidente nos crimes de
responsabilidade. O Poder Executivo, por sua vez, pode legislar, ao editar uma
medida provis—ria.
Letra C: errada. Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa s‹o
fundamentos da Repœblica Federativa do Brasil.
Letra D: correta. De fato, a erradica•‹o da pobreza e da marginaliza•‹o Ž um
objetivo fundamental da Repœblica Federativa do Brasil.
Letra E: errada. A redu•‹o das desigualdades regionais Ž um objetivo fundamental
da Repœblica Federativa do Brasil.

21. (FGV/SSP-AM - 2015) A Constitui•‹o da Repœblica Federativa do Brasil,


promulgada em 5 de outubro de 1988 e que sofreu diversas modifica•›es,
tem a caracter’stica de:
(A) estabelecer a uni‹o indissolœvel dos Estados, dos Munic’pios e do Distrito
Federal, que possuem as compet•ncias legislativas nela referidas;
(B) reger todos os entes que integram a Federa•‹o, quais sejam, a Uni‹o, os
Estados, o Distrito Federal, os Territ—rios e os Munic’pios;
(C) ser formada por um texto œnico, n‹o existindo disposi•‹o constitucional que n‹o
esteja compreendida pelos artigos origin‡rios ou pelos que foram acrescidos ao seu
corpo permanente;
(D) ter a sua efic‡cia condicionada ˆ edi•‹o de padr›es normativos
infraconstitucionais que delimitem o seu alcance e definam os seus destinat‡rios;
(E) ter a sua efic‡cia condicionada ˆ ratifica•‹o do seu texto pelas Assembleias
Legislativas dos Estados-membros, de modo a preservar a autonomia pol’tica
desses entes federados.

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Coment‡rios:
Letra A: correta. A CF/88 estabelece isto justamente no seu art. 1¡ (A Repœblica
Federativa do Brasil, formada pela uni‹o indissolœvel dos Estados e Munic’pios e
do Distrito FederalÉ).
Letra B: errada. O territ—rio federal integra a Uni‹o, mas n‹o Ž dotado de
autonomia. Ele n‹o Ž um estado e muito menos um munic’pio, na verdade Ž
chamado de autarquia territorial, j‡ que decorre de uma descentraliza•‹o
administrativa. N‹o se trata de ente federativo, como traz a afirmativa, j‡ que
conforme se compreende da leitura do art. 18 caput e ¤2¡ da CF/88.
Letra C: correta. Atualmente, com a EC 45/04 (que incluiu o ¤ 3¼ no art. 5¼ da
CF/88), a doutrina tem entendido que come•amos a migrar para um modelo de
Constitui•‹o escrita, porŽm legal (ou n‹o codificada). Desta forma, os tratados
internacionais de direitos humanos aprovados nos moldes do ¤3¡ do art. 5¡ da
CF/88 s‹o normas de natureza constitucional que est‹o fora da CF/88.
Letra D: errada. Aqui a banca for•ou um pouco a barra, pois a CF/88 possui
normas de efic‡cia plena, limitada e contida. De forma que n‹o s‹o todas as
normas constitucionais que dependem de uma norma infraconstitucional para ter
total efic‡cia;
Letra E: errada. N‹o h‡ dispositivo algum que determine o descrito na alternativa.

22. (FGV/TJ-PI - 2015) A Constitui•‹o de 1988, ao enunciar os seus


princ’pios fundamentais, fez men•‹o, em seu art. 1¼, ˆ ÒRepœblica
Federativa do Brasil" e ao ÒEstado Democr‡tico de Direito". Considerando
a ess•ncia dessas express›es, Ž correto afirmar que a forma de Estado
adotada Ž a:
(A) composta;
(B) republicana;
(C) unit‡ria;
(D) presidencial;
(E) representativa.

Coment‡rios:

Letra A: correta. Opa! De cara o gabarito. A doutrina afirma que os Estados


podem assumir duas formas: a forma simples (ou unit‡ria) ou a forma composta.
O Estado Composto n‹o possui um œnico poder central, mas v‡rios centros de
poder que atuam de forma aut™noma, entre si. Existem na forma composta de
Estado v‡rios polos de poder, cada um deles atuando no ‰mbito de suas
atribui•›es. Dentre as formas compostas de Estado destacam-se as
Federa•›es. (que Ž caso do Brasil)

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Letra B: errada. Alternativa trouxe uma forma de governo e n‹o uma forma de
estado.
Letra C: errada. A forma de estado unit‡rio Ž quando o poder est‡ territorialmente
centralizado, n‹o sendo esta adotada pelo Brasil, nos moldes da CF/88.
Letra D: errada. Presidencialismo Ž sistema de governo.
Letra E: errada. O termo ÒrepresentativaÓ se refere a um tipo de regime
democr‡tico. A democracia Ž representativa quando o povo elege representantes
para governar o pa’s em seu nome.

Meus amigos, por hoje Ž s—, ficamos por aqui e espero que tenham gostado. J

Na pr—xima aula entraremos de cabe•a no tema dos direitos fundamentais.

Forte abra•o a todos e atŽ a pr—xima.

Profs. Diego e Ricardo

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CADERNO DE PROVA contemplado um rol de direitos e garantias
individuais.
1. (FGV / XXI Exame de Ordem Ð 2016) A
Constitui•‹o de determinado pa’s veiculou os 3. (FGV/Prefeitura de Cuiab‡-MT - 2016)
seguintes artigos: Edilberto, advogado constitucionalista,
idealizou um modelo constitucional com as
Art. X. As normas desta Constitui•‹o poder‹o
seguintes caracter’sticas: a primeira parte n‹o
ser alteradas mediante processo legislativo
poderia sofrer qualquer tipo de altera•‹o,
pr—prio, com a aprova•‹o da maioria
devendo permanecer imut‡vel; a segunda
qualificada de tr•s quintos dos membros das
parte poderia ser alterada a partir de um
respectivas Casas Legislativas, em dois turnos
processo legislativo qualificado, mais
de vota•‹o, exceto as normas constitucionais
complexo que aquele inerente ˆ legisla•‹o
que n‹o versarem sobre a estrutura do Estado
infraconstitucional; e a terceira parte poderia
ou sobre os direitos e garantias fundamentais,
ser alterada com observ‰ncia do mesmo
que poder‹o ser alteradas por intermŽdio de lei
processo legislativo afeto ˆ legisla•‹o
infraconstitucional.
infraconstitucional. Ë luz da classifica•‹o
Art. Y. A presente Constitui•‹o, concebida predominante das Constitui•›es, Ž correto
diretamente pelo Exmo. Sr. Presidente da afirmar que uma Constitui•‹o dessa natureza
Repœblica, dever‡ ser submetida ˆ consulta seria classificada como:
popular, por meio de plebiscito, visando ˆ sua
aprova•‹o definitiva. (A) r’gida;

Art. Z. A ordem econ™mica ser‡ fundada na (B) flex’vel;


livre iniciativa e na valoriza•‹o do trabalho (C) semirr’gida;
humano, devendo seguir os princ’pios reitores
da democracia liberal e da social democracia, (D) fortalecida;
bem como o respeito aos direitos fundamentais (E) pl‡stica.
de primeira dimens‹o (direitos civis e
pol’ticos) e de segunda dimens‹o (direitos 4. (FGV/MPE-RJ - 2016) Pedro, estudante de
sociais, econ™micos, culturais e trabalhistas). direito, disse ao seu professor que lera, em um
livro, que a Constitui•‹o brasileira era
Com base no fragmento acima, Ž certo afirmar
classificada como r’gida. O professor explicou-
que a classifica•‹o da Constitui•‹o do referido
lhe que deve ser classificada como r’gida a
pa’s seria
Constitui•‹o que:
a) semirr’gida, promulgada, heterodoxa.
(A) precise ser observada por todos os que vivam no
b) flex’vel, outorgada, compromiss—ria. territ—rio do respectivo Pa’s;
c) r’gida, bonapartista e ortodoxa. (B) seja escrita, distinguindo-se, portanto, das
Constitui•›es que se formam a partir do costume;
d) semiflex’vel, cesarista e compromiss—ria.
(C) vincule todas as estruturas estatais de poder aos
2(FGV / XIX Exame de Ordem Ð 2016) O seus comandos;
constitucionalismo brasileiro, desde 1824, foi
constru’do a partir de vertentes te—ricas que (D) s— possa ser reformada mediante um processo
estabeleceram continuidades e clivagens legislativo qualificado, mais complexo que o comum;
hist—ricas no que se refere ˆ ess•ncia e ˆ
(E) n‹o possa ser revogada por outra Constitui•‹o,
interrela•‹o das fun•›es estatais, tanto no
ainda que haja uma revolu•‹o.
plano vertical como no horizontal, bem como ˆ
prote•‹o dos direitos fundamentais. A partir 5. (FGV / XVII Exame de Ordem Unificado Ð
dessa constata•‹o, assinale a afirmativa 2015) Dois advogados, com grande
correta. experi•ncia profissional e com a justa
preocupa•‹o de se manterem atualizados,
a) A Constitui•‹o de 1824 adotou, de maneira r’gida,
concluem que algumas ideias v•m
a triparti•‹o das fun•›es estatais, que seriam
influenciando mais profundamente a
repartidas entre o Executivo, o Legislativo e o
percep•‹o dos operadores do direito a respeito
Judici‡rio.
da ordem jur’dica. Um deles lembra que a
b) A Constitui•‹o de 1891 disp™s sobre o federalismo Constitui•‹o brasileira vem funcionando como
de coopera•‹o e delineou um Estado Social e verdadeiro ÒfiltroÓ, de forma a influenciar
Democr‡tico de Direito. todas as normas do ordenamento p‡trio com os
seus valores. O segundo, concordando,
c) A Constitui•‹o de 1937 considerou o Supremo adiciona que o crescente reconhecimento da
Tribunal Federal o guardi‹o da Constitui•‹o, detendo natureza normativo-jur’dica dos princ’pios
a œltima palavra no controle concentrado de pelos tribunais, especialmente pelo Supremo
constitucionalidade. Tribunal Federal, tem aproximado as
d) A Constitui•‹o de 1946 foi promulgada e concep•›es de Direito e Justi•a (buscada no
reinaugurou o per’odo democr‡tico no Brasil, tendo di‡logo racional) e oferecido um papel de

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maior destaque aos magistrados. As posi•›es sistema jur’dico, deve ser aplic‡vel, afastada a
apresentadas pelos advogados mant•m aplica•‹o das normas do ADCT.
rela•‹o com uma concep•‹o te—rico-jur’dica
b) Como o ADCT possui o mesmo status jur’dico das
que, no brasil e em outros pa’ses, vem sendo
demais normas do corpo principal da CRFB/88, a
denominada de:
norma espec’fica do ADCT deve ser aplicada no caso
(A) Neoconstitucionalismo. concreto.
(B) Positivismo-normativista. c) Como o ADCT possui hierarquia legal, n‹o pode
afastar a solu•‹o normativa presente na CRFB/88.
(C) Neopositivismo.
d) Como o ADCT possui car‡ter tempor‡rio, n‹o Ž
(D) Jusnaturalismo.
poss’vel que venha a reger qualquer caso concreto,
6. (FGV/MPE-RJ - 2016) Ednaldo, estudante de posto que sua efic‡cia est‡ exaurida.
direito, observou que os direitos fundamentais
ˆ honra e ˆ liberdade de express‹o estavam
constantemente em conflito, tendo sŽrias 8. (IV Exame de Ordem Unificado Ð 2011) Em
dœvidas de como proceder para superar esse 2010, o Congresso Nacional aprovou por
estado de coisas. Pedro, emŽrito professor de Decreto Legislativo a Conven•‹o Internacional
direito constitucional, observou que a solu•‹o sobre os Direitos das Pessoas com Defici•ncia.
passava pela classifica•‹o desses direitos Essa conven•‹o j‡ foi aprovada na forma do
fundamentais como princ’pios constitucionais. artigo 5¼, ¤ 3¼, da Constitui•‹o, sendo sua
Em aten•‹o ˆ observa•‹o de Pedro, Ž correto hierarquia normativa de:
afirmar que, na situa•‹o referida por Ednaldo,
(A) lei federal ordin‡ria.
o conflito:
(B) emenda constitucional.
(A) ser‡ resolvido a partir da pondera•‹o dos
princ’pios envolvidos, conforme as circunst‰ncias do (C) lei complementar.
caso concreto;
(D) status supralegal.
(B) n‹o pode ser resolvido, pois tanto o direito ˆ
honra como ˆ liberdade de express‹o devem ser 9. (FGV / XXII Exame de Ordem Ð 2017)
protegidos; Parlamentar brasileiro, em viagem oficial,
visita o Tribunal Constitucional Federal da
(C) ser‡ resolvido conferindo-se, sempre, maior Alemanha, recebendo numerosas informa•›es
import‰ncia ao princ’pio democr‡tico, presente na acerca do seu funcionamento e de sua ‡rea de
liberdade de express‹o; atua•‹o. Uma, todavia, chamou especialmente
sua aten•‹o: a referida Corte Constitucional
(D) n‹o pode ser resolvido pelo Poder Judici‡rio, pois
reconhecia a possibilidade de altera•‹o da
somente o Legislativo pode disciplinar o conteœdo
Constitui•‹o material Ð ou seja, de suas
dos princ’pios;
normas Ð sem qualquer mudan•a no texto
(E) ser‡ resolvido conferindo-se, sempre, maior formal. Surpreendido com essa possibilidade,
import‰ncia ao princ’pio da privacidade, presente no procura sua assessoria jur’dica a fim de saber
direito ˆ honra. se o Supremo Tribunal Federal fazia uso de
tŽcnica semelhante no ‰mbito da ordem
7. (FGV / XXI Exame de Ordem Ð 2016) Carlos
jur’dica brasileira. A partir da hip—tese
pleiteia determinado direito, que fora
apresentada, assinale a op•‹o que apresenta a
regulado de forma mais genŽrica no corpo
informa•‹o dada pela assessoria jur’dica.
principal da CRFB/88 e de forma mais
a) N‹o. O Supremo Tribunal Federal somente pode
espec’fica no Ato das Disposi•›es
reconhecer nova norma no sistema jur’dico
Constitucionais Transit—rias Ð o ADCT. O
constitucional a partir de emenda ˆ constitui•‹o
problema Ž que o corpo principal da
produzida pelo poder constituinte derivado
Constitui•‹o da Repœblica e o ADCT
reformador.
estabelecem solu•›es jur’dicas diversas,
b) Sim. O Supremo Tribunal Federal, reconhecendo
sendo que ambas as normas poderiam incidir
o fen™meno da muta•‹o constitucional, pode atribuir
na situa•‹o concreta. Carlos, diante do
ao texto inalterado uma nova interpreta•‹o, que
problema, consulta um(a) advogado(a) para
expressa, assim, uma nova norma.
saber se a solu•‹o do seu caso deve ser regida
c) N‹o. O surgimento de novas normas
pela norma genŽrica oferecida pelo corpo
constitucionais somente pode ser admitido por
principal da Constitui•‹o da Repœblica ou pela
intermŽdio das vias formais de altera•‹o, todas
norma espec’fica oferecida pelo ADCT. Com
expressamente previstas no pr—prio texto da
base na CRFB/88, assinale a op•‹o que
Constitui•‹o.
apresenta a proposta correta dada pelo(a)
d) Sim. O sistema jur’dico-constitucional brasileiro,
advogado(a).
seguindo linhas interpretativas contempor‰neas,
a) Como o corpo principal da CRFB/88 possui admite, como regra, a interpreta•‹o da Constitui•‹o
hierarquia superior a todas as demais normas do independentemente de limites sem‰nticos
concedidos pelo texto.

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10.(FGV / X Exame de Ordem Unificado Ð pŽtreas. Com base na ordem constitucional
2013) A Constitui•‹o brasileira n‹o pode ser brasileira vigente, assinale, dentre as op•›es
emendada abaixo, a œnica que expressa uma premissa
correta sobre o tema e que pode ser usada pelo
(A) na implanta•‹o do estado de emerg•ncia e
referido advogado no desenvolvimento de seu
durante a interven•‹o da Uni‹o nos Estados.
parecer.
(B) na vig•ncia do estado de s’tio e na implanta•‹o
(A) as cl‡usulas pŽtreas podem ser invocadas para
do estado de emerg•ncia.
sustentar a exist•ncia de normas constitucionais
(C) quando em estado de s’tio e durante a superiores em face de normas constitucionais
interven•‹o da Uni‹o nos Munic’pios. inferiores, o que possibilita a exist•ncia de normas
constitucionais inconstitucionais.
(D) na vig•ncia de estado de defesa, de estado de
s’tio e de interven•‹o federal. (B) norma introduzida por emenda ˆ constitui•‹o se
integra plenamente ao texto constitucional, n‹o
11. (FGV / VII Exame de Ordem Unificado Ð podendo, portanto, ser submetida a controle de
2012) As Emendas Constitucionais possuem constitucionalidade, ainda que sob alega•‹o de
um peculiar sistema de iniciativa. Assim, viola•‹o ˆ cl‡usula pŽtrea.
revela-se correto afirmar que poder‡ surgir
projeto dessa espŽcie normativa por proposta (C) mudan•as propostas por constituinte derivado
de: reformador est‹o sujeitas ao controle de
constitucionalidade, sendo que as normas ali
(A) mais de dois ter•os das Assembleias Legislativas propostas n‹o podem afrontar cl‡usulas pŽtreas
das unidades da Federa•‹o, sendo que, em cada estabelecidas na constitui•‹o da repœblica.
uma delas, deve ocorrer a unanimidade de votos.
(D) os direitos e as garantias individuais
(B) mais de um ter•o das Assembleias Legislativas considerados como cl‡usulas pŽtreas est‹o
das unidades da Federa•‹o, sendo que, em cada localizados exclusivamente nos dispositivos do art.
uma delas, deve ocorrer a maioria simples de votos. 5¼, de modo que Ž inconstitucional atribuir essa
(C) mais da metade das Assembleias Legislativas qualidade (cl‡usula pŽtrea) a normas fundadas em
das unidades da Federa•‹o, sendo que, em cada outros dispositivos constitucionais.
uma delas, deve ocorrer a maioria relativa de votos. 14. Edinaldo, estudante de Direito, realizou
(D) mais de um ter•o das Assembleias Legislativas intensas reflex›es a respeito da efic‡cia e da
das unidades da Federa•‹o, sendo que, em cada aplicabilidade do Art. 14, ¤ 4¼, da Constitui•‹o
uma delas, deve ocorrer a unanimidade de votos. da Repœblica, segundo o qual Òos inalist‡veis e
os analfabetos s‹o ineleg’veisÓ. A respeito da
12. (FGV/MRE - 2016) Considerando os norma obtida a partir desse comando, ˆ luz da
referenciais de estabilidade e perman•ncia da sistem‡tica constitucional, assinale a
ordem constitucional, bem como os limites ao afirmativa correta.
exerc’cio do poder de reforma, Ž correto
afirmar, em rela•‹o ˆs emendas ˆ Constitui•‹o A) Ela veicula programa a ser implementado pelos
da Repœblica Federativa do Brasil, que: cidad‹os, sem interfer•ncia estatal, visando ˆ
realiza•‹o de fins sociais e pol’ticos.
(A) a Constitui•‹o somente pode ser emendada por
iniciativa de dois quintos dos membros do Congresso B) Ela tem efic‡cia plena e aplicabilidade direta,
Nacional; imediata e integral, pois, desde que a CRFB/88
entrou em vigor, j‡ est‡ apta a produzir todos os
(B) n‹o Ž poss’vel a aprova•‹o de emendas ˆ ordem seus efeitos.
constitucional na vig•ncia de estado de defesa;
C) Ela apresenta contornos program‡ticos,
(C) as emendas somente podem ser promulgadas dependendo sempre de regulamenta•‹o
ap—s terem sido aprovadas em tr•s turnos de infraconstitucional para alcan•ar plenamente sua
vota•‹o; efic‡cia.
(D) cabe ao Congresso Nacional manter ou rejeitar D) Ela tem aplicabilidade indireta e imediata, n‹o
o veto aposto pelo Presidente da Repœblica ˆs integral, produzindo efeitos restritos e limitados em
propostas de emenda; normas infraconstitucionais quando da promulga•‹o
da Constitui•‹o da Repœblica.
(E) n‹o s‹o estabelecidos limites materiais ˆ
reforma da Constitui•‹o. 15. (FGV / XVI Exame de Ordem Unificado Ð
2015) O diretor de RH de uma multinacional da
13. (FGV / XVII Exame de Ordem Unificado Ð
‡rea de telecomunica•›es, em reuni‹o
2015) Pedro, reconhecido advogado na ‡rea do
corporativa, afirmou que o mundo globalizado
direito pœblico, Ž contratado para produzir um
vem produzindo grandes inova•›es, exigindo o
parecer sobre situa•‹o que envolve o pacto
reconhecimento de novas profiss›es
federativo entre estados brasileiros. Ao
desconhecidas atŽ ent‹o. Feitas essas
estudar mais detidamente a quest‹o, conclui
considera•›es, solicitou que alterasse o
que, para atingir seu objetivo, Ž necess‡rio
quadro de cargos e fun•›es da empresa,
analisar o alcance das chamadas cl‡usulas

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incluindo as seguintes profiss›es: gestor de disp›e que ÒninguŽm ser‡ preso sen‹o em
marketing digital e desenvolvedor de flagrante delito ou por ordem escrita e
aplicativos m—veis. O presidente da sociedade fundamentada de autoridade judici‡ria
empres‡ria, pedido formulado, alegou que o competente, salvo nos casos de transgress‹o
exerc’cio de qualquer atividade laborativa militar ou crime propriamente militar,
pressup›e a sua devida regulamenta•‹o em lei, definidos em lei". Ë luz dos referenciais de
o que ainda n‹o havia ocorrido em rela•‹o ˆs aplicabilidade e efic‡cia, Ž correto afirmar que,
referidas profiss›es. Com base na teoria da a partir desse enunciado lingu’stico, se obtŽm
efic‡cia das normas constitucionais Ž correto uma norma constitucional:
afirmar que o presidente da sociedade
(A) program‡tica;
empres‡ria:
(B) de efic‡cia plena e aplicabilidade imediata;
(A) argumentou em harmonia com a ordem
constitucional, pois o dispositivo da Constitui•‹o (C) de efic‡cia contida e aplicabilidade imediata;
Federal que afirma ser livre o exerc’cio de qualquer
trabalho, of’cio ou profiss‹o, atendidas as (D) preceptiva;
qualifica•›es profissionais que a lei estabelecer, (E) de efic‡cia limitada e aplicabilidade imediata.
possui efic‡cia limitada, exigindo regulamenta•‹o
legal para que possa produzir efeitos. 18. (FGV / XVII Exame de Ordem Unificado Ð
2015) A discuss‹o a respeito das fun•›es
(B) apresentou argumentos contr‡rios ˆ ordem executiva, legislativa e judici‡ria parece se
constitucional, pois o dispositivo da Constitui•‹o acirrar em torno dos limites do seu exerc’cio
Federal que afirma ser livre o exerc’cio de qualquer pelos tr•s tradicionais poderes. Nesse sentido,
trabalho, of’cio ou profiss‹o, atendidas as sobre a estrutura adotada pela constitui•‹o
qualifica•›es profissionais que a lei estabelecer, brasileira de 1988, assinale a afirmativa
possui efic‡cia contida, de modo que, inexistindo lei correta.
que regulamente o exerc’cio da atividade
profissional, Ž livre o seu exerc’cio. (A) o exerc’cio da fun•‹o legislativa Ž uma
atribui•‹o concedida exclusivamente ao poder
(C) apresentou argumentos contr‡rios ˆ ordem legislativo, como decorr•ncia natural de ser
constitucional, pois o dispositivo da Constitui•‹o considerado o poder que mais claramente
Federal que afirma ser livre o exerc’cio de qualquer representa o regime democr‡tico.
trabalho, of’cio ou profiss‹o, atendidas as
qualifica•›es profissionais que a lei estabelecer, (B) o exerc’cio da fun•‹o jurisdicional Ž atribui•‹o
possui efic‡cia plena, j‡ que a liberdade do exerc’cio privativa do Poder Judici‡rio, embora se possa dizer
profissional n‹o pode ser restringida, mas apenas que o poder executivo, no uso do seu poder
ampliada. disciplinar, tambŽm fa•a uso da fun•‹o jurisdicional.

(D) argumentou em harmonia com a ordem (C) o exerc’cio de fun•›es administrativas,


constitucional, pois o dispositivo da Constitui•‹o judici‡rias e legislativas deve respeitar a mais
Federal que afirma ser livre o exerc’cio de qualquer estrita divis‹o de fun•›es, n‹o existindo
trabalho, of’cio ou profiss‹o, atendidas as possibilidade de que um poder venha a exercer,
qualifica•›es profissionais que a lei estabelecer, n‹o atipicamente, fun•›es afetas a outro poder.
possui nenhuma efic‡cia, devendo ser objeto de
(D) a produ•‹o de efeitos pelas normas elaboradas
mandado de injun•‹o para a sua devida
pelos poderes legislativo e executivo pode ser
regulamenta•‹o.
limitada pela atua•‹o do poder judici‡rio, no ‰mbito
16. (FGV / DPE-MT Ð 2015) Considerando a de sua atua•‹o t’pica de controlar a
classifica•‹o das normas constitucionais, constitucionalidade ou a legalidade das normas do
assinale a op•‹o que indica a norma de efic‡cia sistema.
contida.
19. (FGV / DPDF Ð 2014) Sobre os Princ’pios
(A) ƒ livre o exerc’cio de qualquer profiss‹o, Fundamentais da Repœblica Federativa do
atendidas as qualifica•›es que a lei venha a Brasil, ˆ luz do texto constitucional de 1988, Ž
estabelecer. INCORRETO afirmar que:

(B) O Estado deve garantir o desenvolvimento (A) a Repœblica Federativa do Brasil tem como
nacional. fundamentos: a soberania, a cidadania, a dignidade
da pessoa humana, os valores sociais do trabalho e
(C) O Presidente da Repœblica n‹o est‡ sujeito ˆ da livre iniciativa e o pluralismo politico.
pris‹o antes da senten•a penal condenat—ria.
(B) a Repœblica Federativa do Brasil tem como
(D) As atribui•›es do Conselho de Defesa das objetivos fundamentais: construir uma sociedade
Minorias ser‹o definidas em lei. livre, justa e solid‡ria; garantir o desenvolvimento
(E) ƒ dever da sociedade proteger os idosos, na nacional, erradicar a pobreza e a marginaliza•‹o e
forma definida em lei. reduzir as desigualdades sociais e regionais;
promover o bem de todos, sem preconceitos de
17. (FGV/TJ-PI - 2015) O art. 5¼, LXI, da origem, ra•a, sexo, cor, idade e quaisquer outras
Constitui•‹o da Repœblica Federativa do Brasil,

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formas de discrimina•‹o. Estados-membros, de modo a preservar a
autonomia pol’tica desses entes federados.
(C) todo o poder emana do povo, que o exerce
unicamente por meio de representantes eleitos. 22. (FGV/TJ-PI - 2015) A Constitui•‹o de 1988,
ao enunciar os seus princ’pios fundamentais,
(D) entre outros, s‹o princ’pios adotados pela
fez men•‹o, em seu art. 1¼, ˆ ÒRepœblica
Repœblica Federativa do Brasil nas suas rela•›es
Federativa do Brasil" e ao ÒEstado Democr‡tico
internacionais, os seguintes: a independ•ncia
de Direito". Considerando a ess•ncia dessas
nacional, a preval•ncia dos direitos humanos e o
express›es, Ž correto afirmar que a forma de
repœdio ao terrorismo e ao racismo.
Estado adotada Ž a:
(E) a autodetermina•‹o dos povos, a n‹o
(A) composta;
interven•‹o e a defesa da paz s‹o princ’pios
regedores das rela•›es internacionais da Repœblica (B) republicana;
Federativa do Brasil.
(C) unit‡ria;
20. (FGV/TJ-AM Ð 2013) A Constitui•‹o de
(D) presidencial;
1988 rompeu com a ordem jur’dica anterior,
instituindo novos compromissos com a (E) representativa.
sociedade brasileira. Sobre a ÒConstitui•‹o
Cidad‹Ó, assinale a afirmativa correta.
(A) O pluralismo pol’tico, apesar de desej‡vel, n‹o Ž
princ’pio fundamental da Constitui•‹o democr‡tica,
uma vez que n‹o h‡ como exigir dos cidad‹os que
constituam diversos partidos pol’ticos.
(B) O modelo de separa•‹o de poderes adotado no 1. Letra D
pa’s significa o monop—lio da fun•‹o judicante para
o Poder Judici‡rio, assim como o da fun•‹o 2. Letra D
legislativa para o Poder Legislativo. 3. Letra C
(C) A Constitui•‹o de 1988 fundou um Estado social 4. Letra D
em que se adota o valor social do trabalho como
princ’pio fundante, n‹o tendo a livre-iniciativa 5. Letra A
recebido igual tratamento. 6. Letra A
(D) A erradica•‹o da pobreza Ž um dos objetivos 7. Letra B
fundamentais da Repœblica Federativa do Brasil.
8. Letra B
(E) A forma federativa de Estado veda a redu•‹o das
9. Letra B
desigualdades regionais como um dos objetivos do
pa’s, uma vez que todos os Estados devem ser 10. Letra D
tratados com igualdade de direitos.
11. Letra C
21. (FGV/SSP-AM - 2015) A Constitui•‹o da 12. Letra B
Repœblica Federativa do Brasil, promulgada em
5 de outubro de 1988 e que sofreu diversas 13. Letra C
modifica•›es, tem a caracter’stica de: 14. Letra B
(A) estabelecer a uni‹o indissolœvel dos Estados, dos 15. Letra B
Munic’pios e do Distrito Federal, que possuem as
compet•ncias legislativas nela referidas; 16. Letra A
17. Letra C
(B) reger todos os entes que integram a Federa•‹o,
quais sejam, a Uni‹o, os Estados, o Distrito Federal, 18. Letra D
os Territ—rios e os Munic’pios;
19. Letra C
(C) ser formada por um texto œnico, n‹o existindo
20. Letra D
disposi•‹o constitucional que n‹o esteja
compreendida pelos artigos origin‡rios ou pelos que 21. Letra A
foram acrescidos ao seu corpo permanente; 22. Letra A
(D) ter a sua efic‡cia condicionada ˆ edi•‹o de
padr›es normativos infraconstitucionais que
delimitem o seu alcance e definam os seus
destinat‡rios;

(E) ter a sua efic‡cia condicionada ˆ ratifica•‹o do


seu texto pelas Assembleias Legislativas dos

Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 59 de 59

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