EVARISTO MANUEL MIGUEL FACULDADE DE DIREITO-UAN 2018
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O PODER DISCIPLINAR DO EMPREGADOR
Por Evaristo Miguel -errare humanum est- O âmbito subjectivo da lei geral do trabalho vem expresso no artigo 1º da LGT ´´a lei geral do trabalho aplica-se a todos os trabalhadores…´´. Do exposto podemos muito facilmente concluir que o Direito do trabalho visa proteger os trabalhadores, ou seja, aqueles economicamente débeis os hipossuficientes. Ora, se o Direito do trabalho visa a protecção da parte mais fraca na relação jurídico-laboral, porque a atribuição do poder disciplinar a entidade empregadora? É a entidade empregadora livre para aplicar as sanções que bem entender? A priori, torna-se mister dar uma significação do que é disciplina, o termo disciplina provém do latim que significa obediência às regras, aos superiores e a regulamentos. Do ponto de vista do direito do trabalho, disciplina é o conjunto de regras necessárias no âmbito da execução de uma relação de trabalho dentro de um colectivo determinado gerado pelo respeito de todos que compõem este mesmo colectivo. Nesse sentido, a lei confere ao empregador o poder de assegurar a disciplina laboral e o poder disciplinar, ou seja, de um lado o empregador assegura que as regras que disciplinam a relação de trabalho sejam respeitadas, por outro lado, tem o poder de reagir contra possíveis actos de indisciplina culposamente cometidos pelo trabalhador.(artigos 36ºal.h) e al.i),artigo 46º LGT). Quanto as medidas disciplinares, tipos de sanções que o empregador deve aplicar aos actos de indisciplina do trabalhador, o empregador não é totalmente livre, pois a lei estabelece de forma taxativa (princípio da taxactividade) quatro tipos de medidas que são; Admoestação verbal, Admoestação registada, Redução temporária do salário e Despedimento disciplinar. Todavia, para aplicação das duas últimas medidas disciplinares( Redução temporária do salário e Despedimento disciplinar) a lei obriga que haja um procedimento disciplinar sob pena de ser nula a medida aplicada. Do referido procedimento deve constar uma audiência prévia do trabalhador que é feito mediante uma convocatória para a realização de uma entrevista. A convocatória deve conter todas as menções referidas no nº2 do artigo 48º, entrevista serve para o trabalhador apresentar as suas explicações e justificativas e para o empregador expor as razões da medida disciplinar que pretende aplicar (princípio do contraditório) Aquando da aplicação da medida disciplinar o empregador ou o seu representante deve levar em conta a culpa do trabalhador e a gravidade da infração cometida (princípio da graduação da medida disciplinar artigo 51º). Em suma, embora a lei confira a entidade patronal o poder disciplinar, ele não é exercido de forma arbitrária é limitada por controlo externo, feito por via administrativa, judicial e sindical. Do ponto de vista administrativo é limitado pela Inspecção Geral do Trabalho um serviço público afecto ao MAPTESS, por a via judicial é feita pelos tribunais a sala de Trabalho e, do ponto de vista sindical pelas associações sindicais constituídas a luz da lei nº21-c/99, de 28 de Agosto.