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11

Graça Ventura
Manuel Fiolhais
Carlos Fiolhais
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Carlos Portela
Rogério Nogueira

NOVO
Física e Química
Física Química A • Física
Físicaa
11.º ano

OFERTA

E DE SIMULADOR
DE EXAMES

MANUAL CERTIFICADO
SOCIEDADE PORTUGUESA
DE FÍSICA
APRESENTAÇÃO DO MANUAL
Abertura
de domínio

1 MECÂNICA

O
FASCINANTE
2.1 Sinais e ondas

Separador
MUNDO DAS 2.1 SINAIS E ONDAS de subdomínio
ONDAS E DO 2.1.1 Sinais e ondas. 2.1.3 O som como onda de pressão

ELETROMAGNETISMO
Ondas transversais e ondas AL 2.1 Características do som
longitudinais. Ondas mecânicas AL 2.2 Velocidade de propagação
e ondas eletromagnéticas do som
Fig. 1 Na ecografia usam-se ondas sonoras 2.1.2 Periodicidade temporal
(ultrassons) para ver um bebé no ventre
da mãe.
e periodicidade espacial de
uma onda. Ondas harmónicas
O estudo dos fenómenos ondulatórios é da maior importância pois vivemos
e ondas complexas
num mundo onde há ondas por todo o lado. Com os nossos sentidos, em parti-
cular a audição e a visão, conhecemos o mundo que nos rodeia pois os nossos
ouvidos e olhos recebem ondas sonoras e ondas eletromagnéticas (luz), res-
petivamente. É também com estas ondas que comunicamos, quer diretamente
quer recorrendo a várias tecnologias. É ainda com estas ondas que são efetua-
dos certos diagnósticos e tratamentos médicos.

As ondas sonoras e eletromagnéticas têm características comuns e outras


que são muito diferentes. Por exemplo, não são possíveis comunicações a longas
distâncias através de ondas sonoras. Assim, as comunicações a longas distân-
cias fazem-se recorrendo a ondas eletromagnéticas.

A produção de ondas eletromagnéticas só foi possível graças a avanços na


compreensão do eletromagnetismo. Esta área da física resultou da síntese,
efetuada por James Clerk Maxwell, na segunda metade do século XIX, das ideias
sobre eletricidade e magnetismo, desenvolvidas até então de forma isolada.
O eletromagnetismo está na base da produção de corrente elétrica nas centrais
Fig. 2 Turbinas numa central elétrica. elétricas. Por outro lado, Maxwell mostrou que a luz é uma onda eletromagnética,
podendo nós produzi-la de vários modos para responder às nossas necessidades.

A luz é, de facto, uma onda. Mas Albert Einstein notou, no início do século XX,
que certos fenómenos só podiam ser explicados se a luz fosse também uma partí-
cula, a que se deu o nome de fotão. A dupla natureza (onda ou partícula) da luz veio
a ser compreendida com o desenvolvimento da teoria quântica. Esta teoria abriu
caminho à microeletrónica, que conduziu a objetos como os telemóveis, que per-
mitem comunicar por ondas eletromagnéticas. Também a luz laser e a luz LED,
que hoje estão por todo o lado, só se explicam recorrendo à teoria quântica.

O estudo da luz veio revolucionar a organização económica e social no


mundo. Vários domínios da atividade humana beneficiaram da invenção de
novos instrumentos óticos, dos progressos nas comunicações (telegrafia sem
fios, televisão, fibras óticas, emissões via satélite), de novas técnicas em medi-
cina (imagiologia e terapia médica), etc. Servindo-nos da luz conseguimos
Fig. 3 As ondas eletromagnéticas permitem também um melhor conhecimento do Universo. Por isso, 2015 foi proclamado
comunicações à escala global.
Ano Internacional da Luz e das Tecnologias baseadas na Luz.

108 109

1. MECÂNICA

ATIVIDADE LABORATORIAL 1.2


1.2 Interações e seus efeitos

Atividades
Forças nos movimentos retilíneos acelerado
e uniforme
Trabalho laboratorial

Nesta atividade pretende-se estudar o movimento retilíneo de um carrinho, na


laboratoriais
situação descrita na questão pré-laboratorial 2, a partir do gráfico velocidade-
Vamos realizar uma atividade no laboratório que permita dar resposta à seguinte
questão:
-tempo do seu movimento.
O carrinho pode estar numa calha apoiada numa mesa. Para obter o referido
gráfico, pode usar-se um sistema de aquisição automática de dados, que inclua
um sensor de movimento, e que disponibilize em tempo real o gráfico veloci-
que incluem
exploração pré
dade-tempo (Fig. 42).
Um trenó, transportando
crianças, é empurrado numa
superfície horizontal gelada,
adquirindo movimento.

e pós-laboratorial.
Será necessário continuar a
empurrá-lo para o manter em Fig. 42 Movimento de
um carrinho e sistema
movimento nessa superfície? de aquisição automática
de dados para obter o
gráfico velocidade-tempo.

Use um fio suficientemente comprido, de modo que consiga estudar o movi-


Questões pré-laboratoriais mento do carrinho quando o fio está em tensão e após o corpo suspenso ter
colidido com o solo.
1. A descrição dos movimentos foi outrora diferente da c) Qual é a força responsável por pôr em movimento o
que é hoje. Qual seria a resposta à questão inicial desta conjunto carrinho + corpo suspenso?
atividade:
a) com base no ponto de vista de Aristóteles?
d) Escreva as expressões da Segunda Lei de Newton
para o movimento do carrinho e do corpo sus-
1. Obtenha o gráfico velocidade-
-tempo para o movimento do carrinho,
3. Verifique que existem duas
zonas distintas e aproximadamente
b) com base no ponto de vista de Galileu? Por que penso e, a partir delas, deduza uma expressão em todo o percurso sobre a calha, e lineares no gráfico. Selecionando os
razão diferem os dois pontos de vista? para a aceleração do conjunto carrinho + corpo esboce esse gráfico no seu caderno. dados experimentais para intervalos
suspenso. de tempo convenientes, obtenha, para
2. Para simular a situação da questão inicial pode-se usar
um carrinho, que se move sobre um plano horizontal,
puxado por um fio (inextensível e de massa despre-
e) Classifique, justificando, o movimento anterior.
f) Se o fio for suficientemente comprido, o corpo aca-
2. Selecione um intervalo de
tempo que inclua o instante em que
cada uma dessas zonas, a equação
da reta de regressão (use a opção de
estatística do sistema de aquisição de

Notas laterais que


zável) ligado a um corpo suspenso, como mostra a bará por colidir com o solo e o fio deixará de puxar o corpo suspenso colidiu com o solo. dados).
seguinte figura. o carrinho.
Questões pós-laboratoriais
i) Que forças passarão a atuar no carrinho e no
corpo?
ii) Qual será a resultante das forças sobre o carri- 1. Identifique os tipos de movimentos no gráfico veloci- 4. Pode considerar-se desprezável a força de atrito?

a) Qual será a diferença entre usar um carrinho ou um


bloco?
nho? E sobre o corpo?
iii) O que prevê que aconteça ao carrinho? Justifique.
iv) Esboce um gráfico velocidade-tempo para o
movimento do carrinho desde que o conjunto se
dade-tempo e faça-os corresponder a cada situação do
movimento do carrinho.

2. Confronte o gráfico obtido com o previsto nas questões


pré-laboratoriais.
Justifique.

5. Indique, justificando com base em alguma das Leis de


Newton, se a resultante das forças que atuam no carri-
nho é nula nalguma parte do movimento.
destacam as aprendizagens
b) Trace as forças que atuam sobre o carrinho e sobre
o corpo suspenso.
começa a mover até que o corpo fique no solo
após colidir com ele, aí permanecendo.
3. Qual é o valor experimental da aceleração do movi-
mento em cada uma dessas situações?
6. Um corpo poderá manter-se em movimento mesmo que
a resultante das forças sobre ele seja nula? Justifique.
essenciais definidas nas
Metas Curriculares.
64 65

2. ONDAS E ELETROMAGNETISMO

RESUMO
Resumo 1. MECÂNICA

QUESTÕES
+ Questões
• Onda eletromagnética: propagação de campos elétricos e magnéticos perpen-
diculares entre si e à direção de propagação da onda. A onda é produzida pela
oscilação de cargas elétricas e a frequência da onda é a frequência dessa osci-
lação. A noção de onda eletromagnética deve-se a Maxwell e a sua produção
dos conceitos Notas:
Na resposta a questões de escolha múltipla selecione a única opção
que permite obter uma afirmação verdadeira ou responder correta-
mente à questão colocada.
4. Um aluno deixou cair uma bola e registou o movimento
com um sensor. Obteve o gráfico seguinte, no qual tra-
çou uma reta de ajuste aos dados para um certo inter-
valo de tempo da queda, de modo a calcular o módulo
no final de cada subdomínio,
Considere os corpos redutíveis a partículas.

fundamentais incluindo questões laboratoriais


e deteção experimental a Hertz. O comprimento de onda, λ, a velocidade de da aceleração do movimento. Terá concluído que a
Nas questões que envolvam cálculos, estes devem ser apresentados.
propagação da onda, v, e a frequência, f, relacionam-se através de v = λ f. resistência do ar é desprezável? Justifique.
Considere g = 10 m s−2.
• Repartição da energia da onda: quando uma onda eletromagnética incide
numa superfície de separação entre dois meios, parte é refletida, parte é
1.3.1 Movimento retilíneo de queda livre
absorvida e parte pode ser transmitida, havendo conservação de energia. 0,0

de cada e questões globais. Resoluções


Velocidade / m s−1

• Planeta Terra: reflete cerca de 30% da radiação solar (albedo); a atmosfera é 1. Em qual das situações há um movimento de queda livre?
−1,0
opaca à radiação de elevada frequência (radiação ionizante) e a uma boa parte
(A) Uma folha de papel cai de um 5.o andar.
da radiação infravermelha, e transparente a quase toda a restante radiação, o
que permite a vida no planeta e possibilita as comunicações. (B) Um paraquedista chega ao solo em segurança. −2,0

(C) Um berlinde cai de uma mesa.

subdomínio. no final do manual.


• Reflexão da luz: o ângulo de incidência é igual ao ângulo de reflexão. A onda −3,0
refletida tem a mesma frequência, velocidade e comprimento de onda mas (D) Um parapente sobrevoa uma praia.
menor intensidade do que a onda incidente. 0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50
2. No gráfico seguinte, qual das representações, A, B ou Tempo / s
• Índice de refração num meio, n: n = c / v ; razão entre a velocidade de uma
C, pode traduzir o movimento de um grave? Justifique.
onda eletromagnética no vazio, c, e nesse meio, v.
• Refração da luz: desvio da onda quando muda de meio devido à diferença nas v / m s−1 1.3.2 Movimento retilíneo uniformemente
velocidades de propagação. A onda refratada tem a mesma frequência, mas 30 variado
diferente velocidade e comprimento de onda e menor intensidade do que a
B
onda incidente. Lei de Snell-Descartes: n1 sin α1 = n2 sin α 2 . 20 5. Considere as seguintes equações para movimentos
C
• Reflexão total da luz: ocorre quando a luz incide de um meio 1 para um meio uniformemente variados (unidades SI):
A
2 tal que n1 > n2 e quando o ângulo de incidência é superior ao ângulo limite 10 I. x(t) = −2 − 5 t + 5 t 2 II. x(t) = 2 + 5 t − 5 t 2
dado por sin α lim = n2 / n1 . III. v(t) = −5 + 5 t IV. v(t) = 5 + 5 t
• Difração da luz: espalhamento da onda quando encontra um obstáculo ou 0 2 4 6 t/s a) Identifique, em cada uma, as componentes escalares
fenda cuja dimensão é comparável ao comprimento de onda da onda. O com- da aceleração e da velocidade inicial, assim como a
primento de onda mantém-se, pois as ondas não mudam de meio. As ondas 3. Uma pessoa lança uma pequena bola de massa m, posição inicial, quando possível.
eletromagnéticas usadas nas telecomunicações (radiofrequências) têm as verticalmente e para cima, da varanda de um primeiro
b) Qual das equações pode representar o movimento de
mais baixas frequências do espetro eletromagnético, e incluem ondas de andar. No intervalo de tempo em que é arremessada,
um corpo lançado verticalmente para cima, tomando
rádio e parte da banda das micro-ondas. Quanto menor for o comprimento atua sobre ela uma força de intensidade média F.
o eixo dos xx como referencial e a apontar para cima?
de onda menos capacidade têm de difratar em objetos de dimensões comuns É desprezável a resistência do ar. Suponha como refe-
c) A cada equação associe um dos gráficos seguintes:
mas podem transportar mais informação, como se verifica com as micro-on- rencial o eixo dos yy dirigido de baixo para cima.
das relativamente às ondas de rádio. a) Classifique o movimento na subida, após o arre-
x A x B
• Efeito Doppler: alteração da frequência devida ao movimento relativo entre messo, e na descida.
recetor e fonte emissora. Se houver afastamento entre fonte e recetor, a fre- b) Trace os vetores velocidade e aceleração quando a 0
t
quência diminui; se houver aproximação, a frequência aumenta. Em astrofí- 0
bola passa pelo 2.o andar, na subida e na descida. t
sica, a alteração nos comprimentos de onda do espetro emitido por um corpo
c) A componente escalar da aceleração da bola,
celeste indica se ele se afasta (redshift) ou se aproxima (blueshift) da Terra. v v
quando passa no 2.o andar, na subida e na descida, é, C D
• Teoria do big bang: a luz detetada prova que o Universo está em expansão – respetivamente:
há o afastamento das galáxias distantes revelado pelo redshift e a presença 0
(A) F / m e −F / m (B) −F / m e g t
0
de uma radiação cósmica de fundo. Numa fase inicial da evolução do Universo t
(C) −g e g (D) −g e −g
formaram-se átomos (de hidrogénio e hélio) com emissão de radiação que
preenche hoje todo o Universo.
184 96
Questões
resolvidas

Sínteses Ilustrações
e destaques que fotográficas com
apresentam as elevada qualidade.
Remissões ideias fundamentais.

QUESTÕES

AL
ÍNDICE

1 MECÂNICA
1.1 Tempo, posição 1.2.6 Segunda Lei de Newton 54
1.2.7 Primeira Lei de Newton 58
e velocidade
1.1.1 Movimentos: posição, trajetória Resumo 60
e tempo 10 AL 1.1 Queda livre: força gravítica
1.1.2 Posição em coordenadas e aceleração gravítica 61
cartesianas. Movimentos retilíneos
e gráficos posição-tempo 13 AL 1.2 Forças nos movimentos retilíneos
acelerado e uniforme 64
1.1.3 Distância percorrida e deslocamento.
Rapidez média e velocidade média 18 + Questões 66
1.1.4 Velocidade e gráficos
posição-tempo 22
1.1.5 Gráficos velocidade-tempo 26
Resumo 29
1.3 Forças e movimentos
1.3.1 Movimento retilíneo
+ Questões 30 de queda livre 78
1.3.2 Movimento retilíneo
1.2 Interações e seus efeitos uniformemente variado 80
1.3.3 Movimento retilíneo de queda
1.2.1 As quatro interações fundamentais
com resistência do ar apreciável 82
na natureza 38
1.3.4 Movimento retilíneo uniforme 85
1.2.2 Interação gravítica
e Lei da Gravitação Universal 42 1.3.5 Movimento circular uniforme 86
1.2.3 Pares ação-reação Resumo 93
e Terceira Lei de Newton 44
1.2.4 Efeito das forças sobre AL 1.3 Movimento uniformemente
a velocidade 46 retardado: velocidade
e deslocamento 94
1.2.5 Aceleração média, aceleração
e gráficos velocidade-tempo 48 + Questões 96

4
2 ONDAS E
ELETROMAGNETISMO
2.1 Sinais e ondas 2.3 Ondas eletromagnéticas
2.1.1 Sinais e ondas. Ondas transversais 2.3.1 Produção e propagação
e ondas longitudinais. de ondas eletromagnéticas.
Ondas mecânicas e ondas Espetro eletromagnético 164
eletromagnéticas 110
2.3.2 Reflexão da luz 168
2.1.2 Periodicidade temporal
2.3.3 Refração da luz 170
e periodicidade espacial
de uma onda. Ondas harmónicas 2.3.4 Reflexão total da luz 173
e ondas complexas 113 2.3.5 Difração da luz 175
2.1.3 O som como onda de pressão 119 2.3.6 Efeito Doppler 179

Resumo 124 Resumo 184

AL 2.1 Características do som 125 AL 3.1 Ondas: absorção, reflexão,


refração e reflexão total 185
AL 2.2 Velocidade de propagação
do som 129 AL 3.2 Comprimento de onda
e difração 188
+ Questões 131
+ Questões 191

2.2 Eletromagnetismo
2.2.1 Carga elétrica e campo elétrico 138
2.2.2 Campo magnético 144
2.2.3 Indução eletromagnética 150 Teste final 199
Anexos 203
Resumo 157
Respostas 213
+ Questões 158 Metas Curriculares 235

5
1
MECÂNICA
O
FASCINANTE
MUNDO DA
MECÂNICA
A mecânica é a parte da física que estuda os movimentos
e as forças.

Fig. 1 Newton concluiu que as leis que governam os Foi no século XVII que as observações e os estudos, primeiro
movimentos na Terra e nos céus são as mesmas. de Galileu, e mais tarde de Newton, levaram a concluir que os
movimentos que ocorrem na natureza são bem descritos por
equações. Conta a lenda que Galileu, ao largar diferentes objetos
do alto da Torre de Pisa, concluiu que eles caíam praticamente ao
mesmo tempo. E, fazendo experiências num plano inclinado com
vários corpos, mostrou que a distância percorrida por eles era
diretamente proporcional ao quadrado dos tempos. Uma outra
lenda conta que Newton, sentado debaixo de uma macieira, che-
gou à conclusão de que a força que fazia cair uma maçã era do
mesmo tipo que a força que mantinha a Lua em órbita.

A descrição matemática dos movimentos permitiu gran-


des desenvolvimentos na sociedade. Por exemplo, é graças ao
conhecimento das equações do movimento que um aparelho
GPS fornece informações sobre uma viagem. Também as via-
gens espaciais, como os frequentes voos tripulados à Estação
Espacial Internacional (ISS – International Space Station) ou as
missões efetuadas por sondas espaciais (um exemplo é a sonda
Fig. 2 Passeio espacial de um astronauta da ISS para
efetuar uma reparação. New Horizons, que passou próximo de Plutão em 2015), são
planeadas a partir das equações do movimento.

A mecânica de Galileu e de Newton, chamada mecânica


clássica, não descreve todos os movimentos: quando se passa
do mundo à nossa escala ou à escala astronómica para o mundo
das moléculas, átomos e seus constituintes, ela deixa de ser
válida. Também não é válida quando as velocidades são muito
grandes, próximas da velocidade da luz. Foi no início do século
passado que se chegou a essas conclusões, levando ao apare-
cimento da mecânica quântica – devida a Planck, Einstein, Bohr
e outros – e da teoria da relatividade, formulada por Einstein.
Fig. 3 Físicos na 5.a Conferência Internacional de Solvay Essas teorias permitiram desenvolvimentos tecnológicos que
(Bruxelas, 1927), onde a recém-formulada mecânica mudaram a nossa vida: por exemplo, o GPS combina conheci-
quântica foi discutida. Dos 27 participantes, 19 possuíam
ou receberiam o Prémio Nobel, entre eles Einstein, mentos de mecânica clássica, mecânica quântica e teoria da
Bohr e Marie Curie.
relatividade.

8
1.1 TEMPO, POSIÇÃO
E VELOCIDADE
1.1.1 Movimentos: posição, trajetória 1.1.3 Distância percorrida
e tempo e deslocamento. Rapidez
1.1.2 Posição em coordenadas média e velocidade média
cartesianas. Movimentos 1.1.4 Velocidade e gráficos
retilíneos e gráficos posição-tempo
posição-tempo 1.1.5 Gráficos velocidade-tempo
1. MECÂNICA

1.1.1 Movimentos: posição,


trajetória e tempo

Os movimentos fazem parte do nosso quotidiano. O seu estudo é essencial


para, por exemplo, condutores e peões tomarem medidas de segurança rodoviá-
ria, ou para os atletas obterem bons desempenhos em competições desportivas.

O estudo dos movimentos sempre despertou o interesse da humanidade.


Na Antiguidade, com a observação dos astros, surgiram as primeiras ideias de
caráter científico sobre movimentos. Reflexões desse tipo foram feitas pelo filó-
sofo grego Aristóteles, mas a análise de movimentos com as grandezas hoje
Fig. 1 Robô espacial Philae, lançado para
usadas – posição, velocidade, aceleração, etc. – resultou de contribuições mais
estudar um cometa. modernas, em particular as de Galileu e Newton.

A evolução da ciência e da tecnologia permitiu construir máquinas capazes


de executar movimentos complexos: a robótica é um exemplo atual dessa
evolução. Hoje, conhecendo o movimento dos astros e de veículos espaciais,
conseguimos conceber missões espaciais que colocam robôs em planetas ou
cometas (Fig. 1). A partir da Terra controlamos o movimento de naves em órbita
ou de robôs à superfície de corpos celestes. Em medicina, a movimentação
muito precisa de robôs permite o seu uso em cirurgias (Fig. 2), em próteses
(Fig. 3) ou noutras aplicações.

A parte da mecânica que estuda os movimentos, sem ter em conta as forças


que os produzem ou alteram, chama-se cinemática, que significa «movimento».

Neste ano estudaremos apenas movimentos dos corpos que se podem


reduzir a uma partícula, isto é, não temos em conta a variação da sua energia
interna, assim como as suas eventuais rotações e deformações.
Fig. 2 Robô em movimento numa cirurgia.
Para estudar o movimento de um corpo, o ponto de partida é saber «quando»
e «onde» ele se encontra, ou seja, identificar a sua posição num dado instante.

A localização de um corpo é-nos familiar. Por exemplo, para localizar a


posição de um lugar à superfície da Terra usamos coordenadas geográficas:
a latitude e a longitude (Fig. 4).

Meridiano de Greenwich
Paralelos
Fig. 3 Prótese robótica que substitui um
membro inferior de um atleta paraolímpico. Lisboa
Longitude latitude de 38,7° N
Latitude longitude de 9,1° O
Fig. 4 A latitude e a longitude indicam
a posição de um lugar no globo terrestre. Equador
Lisboa está à latitude de 38,7° N
e à longitude de 9,1° O.

10
1.1 Tempo, posição e velocidade

Hoje podemos conhecer facilmente as coordenadas geográficas da nossa


posição: basta dispormos de um telemóvel com GPS (sigla de Global Positioning
System, Sistema de Posicionamento Global), que é um sistema de navegação
por satélite. Esse dispositivo dá-nos a conhecer, em tempo real, a nossa posição
durante um movimento à superfície da Terra.

Também é possível visualizar num mapa, ainda em tempo real, a posição de


aviões comerciais que sobrevoam um certo espaço aéreo, bastando procurar
na internet um sítio que contenha essa informação (Fig. 5). Pode-se, em muitos
casos, também visualizar a linha que une as posições sucessivas do avião, isto
é, a sua trajetória.

Num corpo que se reduz a uma partícula – o seu centro de massa –, quando Fig. 5 Visualização da posição de um avião
nos referirmos à sua trajetória pretendemos sempre dizer trajetória do seu comercial, em tempo real, através de uma
aplicação informática.
centro de massa.

A linha representada na Fig. 5 para o avião é praticamente uma linha reta,


pelo que falamos neste caso em trajetória retilínea. Este tipo de trajetória é raro Trajetória do centro de massa de um
nos movimentos que observamos no dia a dia, mas é uma boa aproximação se os corpo: linha que une as sucessivas
intervalos de tempo forem suficientemente curtos. posições do centro de massa desse corpo.
Pode ser retilínea ou curvilínea.
As trajetórias mais vulgares são as curvilíneas, que podem ter formas varia-
das, sendo a trajetória circular um caso particular. A Fig. 6 mostra uma fotografia
estroboscópica (sucessão de fotografias tiradas em intervalos de tempo iguais)
do salto em comprimento de um atleta. A linha traçada representa a trajetória
curvilínea descrita pelo centro de massa do atleta, linha que, neste caso, é uma
parábola.

Fig. 6 Fotografia estroboscópica do


salto em comprimento de um atleta
e linha (a verde) que representa
a trajetória parabólica do seu centro
de massa.

11
1. MECÂNICA

A Fig. 7 mostra exemplos de trajetórias retilíneas, descritas por nadadores


em competição (A), e de trajetórias curvilíneas, evidenciadas pelos rastos de
esquiadores (B) ou pelos gases libertados dos aviões (C).

A B C

Fig. 7 Trajetórias retilíneas (A)


e curvilíneas (B e C).
De acordo com o tipo de trajetória, retilínea ou curvilínea, assim se classifi-
cam os movimentos em retilíneos ou curvilíneos.
Movimentos (quanto ao tipo
de trajetória do centro de massa): Mas não basta localizar um corpo no espaço através da sua posição, é tam-
retilíneos ou curvilíneos. bém preciso conhecer o instante, t, em que ele ocupa essa posição. Muitas vezes
interessa-nos conhecer o intervalo de tempo, 6t, entre dois instantes, ou seja,
A B a diferença entre o instante final, tf , e o instante inicial, ti :

6t = tf − ti

A medição do tempo faz-se de forma direta com relógios, cuja precisão será
tanto maior quanto menor for o intervalo de tempo que conseguem medir. Por
exemplo, os cronómetros usados em competições de atletismo ou de natação
permitem medir centésimas ou mesmo milésimas de segundo, contrastando
com os usados no futebol, que não medem intervalos de tempo tão pequenos.
C
C
Ao longo das épocas, a medição do tempo fez-se usando aparelhos diversos:
desde os antigos relógios de sol (o mais simples, o gnómon, é uma vara verti-
cal que origina uma sombra), relógios de água (clepsidras) e relógios de areia
(ampulhetas) até aos relógios de pêndulo, relógios de quartzo (muito usados
como relógios de pulso) e, mais recentemente, os relógios atómicos (Fig. 8).

Os relógios de pêndulo, de quartzo e atómicos baseiam-se em oscilações


regulares que são contadas e convertidas numa certa unidade de tempo.

Fig. 8 Alguns instrumentos de medição Os relógios atómicos, desenvolvidos a partir de 1950, são os mais precisos
do tempo: ampulheta (A), relógio de todos: o seu erro é inferior a um segundo em cada 100 milhões de anos! São
de quartzo (B) e relógio atómico (C).
usados, por exemplo, em laboratórios e nos satélites dos sistemas de navegação
como o GPS. As entidades, nacionais e internacionais, que têm a seu cargo a
QUESTÕES p. 30 definição da hora legal, recorrem a eles.

12
1.1 Tempo, posição e velocidade

1.1.2 Posição em coordenadas


cartesianas. Movimentos
retilíneos e gráficos
posição-tempo

Para estudar corpos em movimento ou em repouso à super-


fície da Terra, em regiões pequenas quando comparadas com o
seu raio, ignoramos a forma quase esférica do nosso planeta, ou
seja, consideramos a sua superfície plana.
Fig. 9 Os carros transportados num ferryboat estão em repouso
Quando podemos afirmar que um corpo está em repouso ou em relação a ele, mas em movimento em relação à costa.
em movimento? Vejamos o exemplo da Fig. 9: os carros trans-
portados por um ferryboat que atravessa um rio têm uma posi-
ção fixa em relação ao barco. Diz-se que os carros estão em Repouso ou movimento:
repouso num referencial ligado ao barco. No entanto, a posição quando a posição é constante,
dos carros está constantemente a mudar em relação à costa, ou variável, respetivamente,
ou seja, eles estão em movimento em relação a um referencial num dado referencial.
ligado à costa.

A posição de um corpo depende, portanto, do referencial z


escolhido. Também o estado de repouso ou de movimento diz
sempre respeito a um certo referencial. O referencial mais
comum foi criado por René Descartes – matemático, físico e
filósofo francês que viveu na primeira metade do século XVII – 0
designando-se, por isso, referencial cartesiano (Fig. 10). Para y

localizar o centro de massa do corpo nesse referencial indicam-


x
-se as chamadas coordenadas cartesianas.
Fig. 10 René Descartes e um referencial cartesiano.
Num referencial cartesiano, a posição de um corpo no
espaço a três dimensões fica definida, em cada instante, por
três coordenadas: x, y, z. É o caso, por exemplo, do movimento
de uma borboleta (Fig. 11 – A). Mas, se o movimento se realizar Fig. 11 A posição de um corpo em movimento no espaço (A)
num plano, como acontece com uma bola de snooker (Fig. 11 – B), é dada por três coordenadas (x, y, z), mas para um movimento
num plano (B) basta indicar duas coordenadas (x, y).
bastam duas coordenadas.

A B
x

x y
13
1. MECÂNICA

No caso mais simples de um movimento retilíneo, basta um eixo para iden-


tificar a posição (diz-se um referencial unidimensional), coincidindo esse eixo
com a trajetória. Se escolhermos esse eixo como eixo dos xx, a posição será
dada apenas pela coordenada x. O movimento de um carrinho sobre uma calha
(Fig. 12) pode ser descrito com uma só coordenada.

A
Fig. 12 Movimento retilíneo de um carrinho:
basta um só eixo para descrever a sua
posição. O ponto A representa a posição
do centro de massa do carrinho,
cuja coordenada é xA. x
0 xA

Posição num movimento retilíneo: Neste referencial unidimensional, a origem e o sentido positivo do eixo serão
é dada por uma única coordenada; aqueles que nós convencionarmos. Por isso, a posição vai depender do referen-
depende do referencial escolhido, que cial escolhido.
deve ser sempre representado.

Questão resolvida 1

Considere as sucessivas posições do centro de massa do carrinho da


Fig. 12 no referencial a seguir representado:

P3 P1 P0 P2 P4

–4 –3 –2 –1 0 1 2 3 4 5 x/m

a) Qual é a posição x do carrinho quando este se encontra nos pontos P1,


P2, P3 e P4?

b) Se a origem do eixo fosse P1 e o sentido positivo da direita para a esquerda,


qual seria a posição x correspondente a P0, P2, P3 e P4?

a) x1 = −2 m; x2 = 3 m; x3 = −3,5 m; x4 = 5 m.
b) x0 = −2 m; x2 = −5 m; x3 = 1,5 m; x4 = −7 m.

Suponhamos que o carrinho da Fig. 12 descreve um movimento sobre a calha,


desde o ponto A até ao ponto F, passando pelos pontos B, C, D e E em intervalos
sucessivos de dois segundos. Um modo de representar os dados referentes à
posição e respetivos instantes é usar uma tabela (Tab. 1).

Pontos A B C D E F

Tab. 1 Representação numa tabela t/s 0 2 4 6 8 10


da posição, x, e respetivos instantes,
de um carrinho com movimento retilíneo. x/m 1 4 2 –1 –3 3

14
1.1 Tempo, posição e velocidade

Podemos também representar as posições de cada


ponto e o respetivo instante sobre um eixo, xx, coincidente
com a trajetória, o que permite visualizar um esquema do
percurso do carrinho (Fig. 13).

Além das representações anteriores, podemos tam- Função x(t ): indica como varia a posição
bém apresentar graficamente a posição do carrinho ao do corpo, x, ao longo do tempo, t.
É a chamada lei do movimento.
longo do tempo, ou seja, a função x(t), conhecida como
lei do movimento. O respetivo gráfico designa-se por
Gráfico posição-tempo: representação gráfica
gráfico posição-tempo: o tempo t, a variável independente,
da função x (t ), ou seja, indica como varia a
representa-se no eixo horizontal, ao passo que a posição x, posição, x, do corpo ao longo do tempo, t.
a variável dependente, se representa no eixo vertical. Não indica a trajetória do corpo.

Na Tab. 1 da página anterior, a descrição do movimento


faz-se apenas em alguns instantes. Um gráfico posição-
tempo como o da Fig. 14 permite uma descrição contínua,
ou seja, em todos os instantes desse mesmo movimento. E D O A C F B

–4 –3 –2 –1 0 1 2 3 4 5 x/m
Repare-se que, apesar de a representação gráfica ser t=0s t=2s
uma curva, a trajetória do carrinho é retilínea! Este gráfico
não representa, pois, a trajetória! O gráfico posição-tempo t=8s t=6s t=4s
indica o modo como varia a posição do corpo ao longo do
t = 10 s
tempo e não a sua trajetória.
Fig. 13 Representação das posições, e respetivos instantes,
num referencial a uma dimensão, assim como partes da trajetória,
de um carrinho com movimento retilíneo.
Que informações podemos retirar deste gráfico
posição-tempo?

• O carrinho parte da posição x = 1 m (t = 0 s).

• Nos primeiros dois segundos percorre 3 m, pois


parte da posição x = 1 m e chega à posição x = 4 m:
afasta-se da origem O do referencial, movendo-se
no sentido positivo. A função x(t) é crescente neste
intervalo de tempo.
x/m
• Entre os instantes t = 2 s e t = 8 s, a partícula passa
4
da posição x = 4 m para a posição x = −3 m: primeiro
3
aproxima-se da origem O do referencial, passa por
2
esta e depois afasta-se, movendo-se sempre no
1
sentido negativo. A função x(t) é decrescente neste
0
intervalo de tempo. 2 4 6 8 10 t/s
−1
• Entre os instantes t = 8 s e t = 10 s, a partícula passa −2
da posição x = −3 m para a posição x = 3 m: começa −3
por se aproximar da origem O do referencial, passa
por esta e depois afasta-se, movendo-se sempre
no sentido positivo. A função x(t) é crescente neste Fig. 14 Um possível gráfico posição-tempo para o movimento
descrito na Fig. 13.
intervalo de tempo.

15
1. MECÂNICA

As conclusões da leitura deste gráfico podem generalizar-se a outros gráfi-


cos posição-tempo, e resumem-se no quadro da Fig. 15.

A partícula não se move:


x(t) é constante
repouso

A partícula move-se
x(t) é crescente no sentido positivo
da trajetória

A partícula move-se
x(t) é decrescente no sentido negativo
da trajetória

x(t) tem valor nulo A partícula passa


num dado instante na origem do referencial

A partícula inverte
x(t) tem valor máximo
o sentido (passa do positivo
num dado instante
para o negativo)

A partícula inverte
x(t) tem valor mínimo
o sentido (passa do negativo
Fig. 15 Análise de um movimento a partir num dado instante
do gráfico posição-tempo. para o positivo)

Questão resolvida 2

O Santiago percorre em linha reta o corredor onde fica a sua


sala de aula. A contagem do tempo começa quando ele sai da
sala, dirigindo-se para a saída da escola. A meio do corredor x/m
encontra a Sara e para. Depois continua e chega ao fundo do 20
corredor, mas decide voltar atrás para ir ter novamente com 16
a Sara, acabando a contagem do tempo quando a encontra. 12
8
Podemos afirmar que o Santiago… 4
(A) esteve parado 20 s para cumprimentar a Sara. 0
10 20 30 40 50 t / s
−4
(B) passou duas vezes pela porta da sua sala de aula.
−8
(C) demorou 20 s da sua sala até ao fundo do corredor.
(D) encontrou a Sara pela segunda vez à porta da sua sala de aula.

Opção (B). O gráfico mostra que há dois instantes para os inverteu o sentido do movimento ao chegar ao fundo do
quais x = –4 m, ou seja, passa duas vezes pela porta da sala corredor, ou seja, no instante t = 30 s; como encontra a Sara na
de aula. O Santiago esteve parado entre t = 10 s e t = 20 s; posição x = −8 m, tal não acontece à porta da sala (x = −4 m).

16
1.1 Tempo, posição e velocidade

Atividade 1:
Como obter o gráfico posição-tempo de um movimento real?

1. Coloque-se a cerca de 0,5 m de um sensor de movimento, ligado a um sis-


tema de aquisição automática de dados, com uma cartolina na mão virada
para o sensor (ver instruções no Anexo 1).

Mova-se lentamente, e sempre no mesmo sentido, segundo uma trajetó-


ria retilínea, fazendo uma paragem. O sistema de aquisição automática de
dados apresentará um gráfico posição-tempo.
a) Que grandeza é registada no eixo horizontal? E no eixo vertical? E quais
são as respetivas unidades?
b) Indique a posição inicial, a posição final e a duração do movimento.
c) Identifique a origem e o sentido do eixo usado para descrever o movimento
retilíneo.
d) Identifique o intervalo de tempo em que houve repouso.
e) O gráfico mostra uma função crescente ou decrescente? Relacione essa
propriedade com o sentido do movimento.

2. Suponha que se posiciona a cerca de 0,5 m do sensor, que se move rapida-


mente, sempre no mesmo sentido, e que se imobiliza passado algum tempo.
Esboce o gráfico que espera obter para o movimento. Realize o movimento
e compare o gráfico obtido com o previsto.

3. Mova-se, ora aproximando-se ora afastando-se do sensor. Interprete o grá-


fico obtido, indicando: a posição inicial, a posição de máximo afastamento em
relação ao sensor e o respetivo instante, os intervalos de tempo em que se
moveu no sentido positivo e no sentido negativo.

4. Interprete o gráfico ao lado


x
e realize um movimento de
modo a obter esse gráfico.

t QUESTÕES p. 30

17
1. MECÂNICA

1.1.3 Distância percorrida e deslocamento.


Rapidez média e velocidade média

Distância percorrida, s : comprimento Numa viagem poderemos querer saber qual foi a distância percorrida ou o
da trajetória (nunca é negativa: s ≥ 0). espaço percorrido sobre a trajetória num dado intervalo de tempo, ou seja,
Num movimento, s aumenta; no repouso, o comprimento da trajetória. Esta grandeza é simbolizada por s (do inglês space,
s permanece constante.
espaço) e, como se trata de um comprimento, é uma grandeza escalar cujo valor
não pode ser negativo. Se o corpo estiver em movimento, a distância percorrida
irá aumentando; se estiver em repouso, ela manter-se-á constante.

Vejamos um exemplo. A Fig. 16 mostra as posições do centro de massa de um


carrinho com movimento retilíneo, que parte da origem, O, dirige-se para o ponto A,
segue para o ponto B, depois para O e, finalmente, chega a C.

C O A B
Fig. 16 Posições ocupadas por um carrinho
com movimento retilíneo. –40 –20 0 20 40 60 80 x / m

Para calcular a distância percorrida no trajeto de O para C basta adicionar as


medidas dos sucessivos segmentos de reta da trajetória:

s = OA + AB + BO + OC ou s = 50 + 20 + 70 + 20 ou s = 160 m

Também se pode adicionar a distância total percorrida no sentido positivo e a


distância total percorrida no sentido negativo:

s = OB + BC ou s = 70 + 90 ou s = 160 m

Em mecânica distingue-se a distância percorrida sobre a trajetória do


deslocamento, que indica a variação da posição do corpo.

Por exemplo, uma atleta dá uma volta completa a um estádio, pela sua pista
interna, cujo comprimento é 400 m (Fig. 17). Sai de uma dada posição e chega
Fig. 17 Uma atleta que dê uma volta a um à mesma posição. Nesse intervalo de tempo não houve variação da sua posi-
estádio, regressando ao ponto de partida, ção, pelo que o deslocamento da atleta foi nulo. No entanto, ela percorreu uma
percorre uma certa distância, mas
o seu deslocamento é nulo. distância de 400 m! Ou seja, o deslocamento pode ser nulo e haver distância
percorrida.

O deslocamento é uma grandeza vetorial: representa-se por um vetor com


Deslocamento, 6r : indica a variação origem na posição inicial e extremidade na posição final. É simbolizado por 6r .
da posição; vetor com origem na posição
Na Fig. 18 representa-se o vetor deslocamento para o movimento descrito na
inicial e extremidade na posição final.
Pode ser nulo (posição inicial e final iguais) Fig. 16: tem origem no ponto O e extremidade no ponto C. Repare-se que o deslo-
e haver distância percorrida. camento nada indica sobre o tipo de trajetória descrita!

Fig. 18 Vetor deslocamento para o


C 6r O
movimento retilíneo de um carrinho que
parte da posição O e chega à posição C.
–40 –20 0 20 40 60 80 x / m

18
1.1 Tempo, posição e velocidade

Que relação existe entre o módulo do vetor deslocamento e a distância


percorrida sobre a trajetória? Suponhamos a trajetória curvilínea da patinadora
da Fig. 19, que se move de um ponto A para um ponto B: a distância percorrida
sobre a trajetória (comprimento da curva a vermelho) é maior do que o módulo
do vetor deslocamento (dado por AB), ou seja, verifica-se que s > AB.

Na trajetória retilínea das Figs. 16 e 18, a distância percorrida é 160 m, mas o


módulo do deslocamento, OC, é 20 m, ou seja, s > OC. Nesta trajetória retilínea,
a distância percorrida é maior do que o módulo do deslocamento, uma vez que
houve inversão do sentido do movimento. Se o movimento retilíneo tivesse ocor-
rido apenas num único sentido, a distância percorrida teria sido igual ao módulo A 6r

do deslocamento. B
Nos movimentos retilíneos é mais simples não usar vetores, mas sim as suas
componentes escalares (ou componentes algébricas). Por exemplo, escolhendo Fig. 19 Numa trajetória curvilínea, o módulo
o eixo dos xx para referencial, usa-se para o vetor deslocamento, 6r , a sua pro- do deslocamento é sempre menor do que
a distância percorrida.
jeção escalar, 6x, que é dada pela diferença entre as coordenadas das posições
final e inicial.

Módulo do deslocamento: é sempre


Componente escalar do deslocamento num movimento retilíneo menor do que a distância percorrida
(sobre o eixo dos xx ) sobre a trajetória, exceto numa trajetória
retilínea sem inversão de sentido,
6x = xf − xi caso em que é igual.

xf – coordenada da posição final;


xi – coordenada da posição inicial.

Se aplicarmos a expressão anterior para o vetor deslocamento da Fig. 18


obteremos 6x = −20 − 0 = −20 m. O valor negativo indica que o vetor desloca-
mento, 6r , tem sentido oposto ao sentido positivo do eixo dos xx.

Podemos resumir as conclusões anteriores no quadro da Fig. 20: Fig. 20 Distância percorrida e deslocamento.

Distância percorrida sobre a Escalar cujo valor nunca é negativo: s ⭓ 0.


trajetória (ou espaço percorrido), s: • Depende do tipo de trajetória. Situação de movimento: s aumenta.
comprimento da trajetória. Situação de repouso: s é constante.

• Nada indica acerca da trajetória. Movimentos retilíneos:


• Movimento curvilíneo: o módulo • Se 6x > 0, então xf > xi:
do deslocamento é sempre menor o deslocamento 6r tem sentido positivo.
do que a distância percorrida.
0 6r x/m
• Movimento retilíneo:
Deslocamento, 6r :
a componente escalar do • Se 6x < 0, então xf < xi:
vetor com origem na posição inicial
deslocamento é: o deslocamento 6r tem sentido negativo.
e extremidade na posição final.
6x = xf − xi
|6x| = s: movimento retilíneo 0 6r x/m
sem inversão de sentido. • Se 6x = 0, então xf = xi:
|6x| < s: movimento retilíneo o deslocamento 6r é nulo (o corpo está em repouso
com inversão de sentido. ou o movimento começa e acaba na mesma posição).

19
1. MECÂNICA

Questão resolvida 3

Num parque de diversões, uma pessoa anda numa


a) A distância percorrida é:
cadeirinha de uma roda gigante que tem 40,0 m de
i) um quarto do perímetro da circunferência:
diâmetro.
2 /r
= 31,4 m
a) Que distância percorre: 4
i) num quarto de volta? ii) metade do perímetro da circunferência:
2 /r
ii) em meia volta? = 62,8 m
2
iii) em cinco voltas completas? iii) cinco vezes o perímetro da circunferência:

b) Qual é o módulo do seu deslocamento: 5 × 2 /r = 628 m

i) num quarto de volta? b) O módulo do deslocamento é:


ii) em meia volta? i) o comprimento do segmento [AB] da figura seguinte:

iii) em cinco voltas AB = 20,02 + 20,02 = 28,3 m


completas? ii) o comprimento do diâmetro:
AC = 40,0 m B

iii) zero, pois a posição inicial


coincide com a posição r
final. C A

Na nossa vida quotidiana, se quisermos avaliar se um movimento é mais ou menos


rápido (ou célere), dividimos a distância percorrida pelo respetivo intervalo de tempo.

Obtemos, então, a chamada rapidez média, ou celeridade média, do movimento.


Em linguagem comum, chama-se velocidade média ao quociente anterior, mas, em
física, a velocidade média é uma grandeza vetorial que indica o deslocamento do
corpo por unidade de tempo. Simboliza-se por v m .

Rapidez média Velocidade média

6r m
s m vm =
rapidez média = 6t s
6t s m s–1
m s–1 • Grandeza vetorial: indica se a variação de posição
(deslocamento) é mais ou menos rápida.
Grandeza escalar: indica se o movimento • Vetor com a direção e o sentido do deslocamento.
é mais ou menos rápido, ou seja, se o corpo • Num movimento retilíneo, a sua componente escalar é dada por:
percorre maior ou menor distância num
certo intervalo de tempo. 6x
vm =
6t

20
1.1 Tempo, posição e velocidade

Questão resolvida 4

Um corpo move-se com trajetória retilínea x/m


sendo a sua posição dada pela função: 33
x(t) = −2t2 + 12t + 15 (SI)
a) Ao lado está um esboço do gráfico posição-
3 t/s
-tempo para os primeiros 10 s de movimento.
i) Descreva o movimento num referencial
unidimensional, indicando:
– a posição inicial;
– o sentido do movimento, se há ou não
inversão de sentido e em que instante esta ocorre;
– se o corpo passa ou não na origem do referencial e em que instante;
– a posição ao fim de 10 s.
ii) Determine a rapidez média do movimento nos primeiros 4 s de movimento.
iii) Determine a componente escalar da velocidade média no intervalo [3, 10] s.
b) Responda às questões anteriores utilizando as potencialidades gráficas da
calculadora.

a) i) A posição inicial corresponde a t = 0 s: x(0) = 15 m.


O corpo move-se no sentido positivo (o valor de x aumenta), até ao instante
t = 3 s; neste instante, inverte o sentido e passa a mover-se no sentido nega-
tivo (o valor de x diminui).
O corpo passa na origem do referencial quando a posição é nula, ou seja,
x = 0; resolvendo a equação 0 = −2t 2 + 12t + 15, obtêm-se duas soluções,
mas a negativa não tem significado físico. A solução é, portanto, t = 7 s.
Ao fim de 10 s a posição do corpo é: x(10) = −65 m.
A representação do movimento num referencial unidimensional é dada pela
figura seguinte:
t=0s t=3s
–65 0 15 33 x/m
t = 10 s t=7s

ii) Ao fim de 4 s, a posição é x(4) = 31 m, tendo havido já inversão do sentido do


movimento.
É necessário determinar a distância percorrida no sentido positivo e no sentido
negativo.
Distância percorrida no sentido positivo: entre t = 0 s e t = 3 s, o corpo passa
de x = 15 m para x = 33 m; por isso, s = 33 − 15 = 18 m.
Distância percorrida no sentido negativo: entre t = 3 s e t = 4 s, o corpo passa
de x = 33 m para x = 31 m; por isso, s = 33 − 31 = 2 m.
s 20
A distância total percorrida é, portanto, 20 m; rapidez média = = = 5 m s–1.
6t 4
iii) É necessário determinar a componente escalar do deslocamento:
6x = x(10) − x(3) = −65 − 33 = −98 m.
6x –98
A componente escalar da velocidade média é: vm = = = –14 m s–1
6t 7
(o valor negativo indica que o vetor aponta no sentido negativo).
b) Ver procedimentos e resolução no Anexo 2. QUESTÕES p. 31

21
1. MECÂNICA

1.1.4 Velocidade e gráficos posição-tempo


A velocidade média e a rapidez média referem-se a um intervalo de tempo. Mas,
muitas vezes, é necessário saber a velocidade de um corpo num dado instante.

Em física, a velocidade indica a rapidez com que o corpo se move num dado
instante (o valor que lemos, por exemplo, num velocímetro (Fig. 21)) e a direção e
o sentido em que ele se move. É, pois, uma grandeza vetorial.

Velocidade, v

• Define-se num instante.


• Tem as mesmas unidades da rapidez média e da velocidade média:
Fig. 21 O velocímetro de um carro indica a unidade SI é o metro por segundo (m s−1).
o módulo da velocidade.
• Representa-se por um vetor:
– o sentido indica o sentido do movimento;
– em cada ponto, a direção é tangente à trajetória;
– o módulo da velocidade (símbolo v ) indica a rapidez com que o corpo
muda de posição:
• se o módulo é constante, o movimento diz-se uniforme;
• se o módulo é crescente, o movimento diz-se acelerado;
• se o módulo é decrescente, o movimento diz-se retardado.

Recorrendo às propriedades anteriores, apresenta-se na Fig.22 exemplos de


movimentos retilíneos e curvilíneos, indicando-se o vetor velocidade do centro
Fig. 22 Velocidade em movimentos
retilíneos e curvilíneos.
de massa de um corpo em diferentes pontos da trajetória.

Movimentos retilíneos Movimentos curvilíneos


A velocidade pode ser constante ou variável, A velocidade é sempre variável, pois a sua direção
mas a sua direção mantém-se. Exemplos: está sempre a variar. Exemplos:
v v Sentido do movimento
Velocidade com módulo v
Velocidade constante
constante:
(em direção, sentido e módulo): B A v
movimento curvilíneo A
movimento retilíneo uniforme.
uniforme.
Sentido do movimento B
v v Sentido do movimento
Velocidade com módulo v
Velocidade variável
crescente:
(o módulo é crescente): B A v
movimento curvilíneo A
movimento retilíneo acelerado.
acelerado.
Sentido do movimento B
v v Sentido do movimento
Velocidade com módulo v
Velocidade variável
decrescente:
(o módulo é decrescente): B A v
movimento curvilíneo A
movimento retilíneo retardado.
retardado.
Sentido do movimento B

22
1.1 Tempo, posição e velocidade

Além do módulo da velocidade, v – que é sempre um valor positivo –, Componente escalar da velocidade, vx :
também se usa a componente escalar da velocidade. Se o movimento for (movimento descrito no eixo dos xx )
descrito sobre o eixo dos xx, essa componente escalar será simbolizada por vx: • se vx > 0, a velocidade aponta no sentido
positivo;
o seu valor positivo ou negativo indicará que o vetor velocidade aponta no sentido
• se vx < 0, a velocidade aponta no sentido
positivo ou negativo do eixo, respetivamente. negativo.
Vejamos o exemplo da velocidade do centro de massa do carro da Fig. 23 que
passa inicialmente em A: nos pontos A e B, o sentido da velocidade indica que
o carro se desloca em sentido negativo, pelo que vx < 0 (mas o carro segue em
frente); no ponto C, a velocidade aponta ao contrário, ou seja, o carro move-se no
sentido positivo, pelo que vx > 0 (o carro está a fazer marcha-atrás).

v v v
Fig. 23 Nos pontos A e B da trajetória,
a componente escalar da velocidade
x é negativa, uma vez que a velocidade
C B A aponta no sentido negativo, ao contrário
vx > 0 vx < 0 vx < 0 do que se passa no ponto C.

Pode calcular-se a componente escalar da velocidade a partir de um gráfico


posição-tempo. Comecemos por analisar um gráfico deste tipo para o único movi-
mento em que a velocidade é constante: o movimento retilíneo uniforme (Fig. 24).

x/m
14

12
Δx
10
Δt
8 Δx

6
Δt
4 Fig. 24 Gráfico posição-tempo para
um movimento retilíneo uniforme:
2 a componente escalar da velocidade média
(dada pelo declive da reta) é sempre
a mesma e igual à componente escalar
da velocidade.
0 1 2 3 4 5 t/s

Neste movimento, quando calculamos a componente escalar da velocidade


média, para qualquer intervalo, obtemos sempre o mesmo valor. Por exemplo:
6x 10 – 6
• no intervalo de tempo [1, 3] s obtemos vm = = = 2 m s–1;
6t 3–1
6x 12 – 10
• no intervalo de tempo [3, 4] s obtemos vm = = = 2 m s–1.
6t 4–3
Repare-se que os quocientes anteriores são o declive da reta: este é igual à
componente escalar da velocidade média.

Para qualquer movimento retilíneo, a componente escalar da velocidade


média aproxima-se da componente escalar da velocidade quando o intervalo de Movimento retilíneo uniforme:
tempo se torna mais pequeno. No movimento retilíneo uniforme, como a velo- a velocidade é constante (em módulo,
cidade é sempre constante, a velocidade é igual à velocidade média. direção e sentido) e igual à velocidade
média (v = v m). Num gráfico
Se o movimento retilíneo não for uniforme, a componente escalar da veloci- posição-tempo, o declive da reta é igual
dade obter-se-á de um modo análogo ao do exemplo anterior. à componente escalar da velocidade.

23
1. MECÂNICA

y Suponhamos que lançamos verticalmente e para cima uma


v v bola de uma varanda e que descrevemos o movimento no eixo
dos yy (Fig. 25): a velocidade do centro de massa da bola dimi-
v v nui na subida, é nula no ponto mais alto e aumenta na descida.
Consideremos o respetivo gráfico posição-tempo da Fig. 26: tra-
çando a reta tangente à curva nos instantes tA, tB e tC, o declive
v v de cada reta corresponde à componente escalar da velocidade
no respetivo instante, simbolizada por vy, pois é usado o eixo
dos yy.
Fig. 25 Movimento de uma bola lançada verticalmente Analisando o declive das retas tangentes da Fig. 26, concluí-
para cima, na subida e na descida, descrito no eixo dos yy.
mos que:
• o declive da reta tangente é positivo no instante tA: vy > 0
e o corpo está a mover-se no sentido positivo;
• o declive da reta tangente é nulo no instante tB: vy = 0;
• o declive da reta tangente é negativo no instante tC: vy < 0
y vy = 0 e o corpo está a mover-se no sentido negativo;
vy > 0 vy < 0 • até ao instante tB, os declives das retas tangentes em
cada ponto são sempre positivos (vy > 0) mas cada vez
menores: o corpo move-se no sentido positivo com veloci-
dade cada vez menor;
• a partir do instante tB, os declives das retas tangentes em
cada ponto são sempre negativos (vy < 0) mas cada vez
maiores em valor absoluto: o corpo move-se no sentido
tA tB tC t
negativo com velocidade cada vez maior;
• no instante tB tem-se vy = 0: neste caso há inversão do
Fig. 26 O declive da reta tangente à curva em cada ponto
do gráfico posição-tempo indica a componente escalar da sentido do movimento.
velocidade num dado instante.
No quadro da Fig. 27 generalizamos estas conclusões.

Componente escalar da velocidade, vx


Num dado instante, é igual ao declive da reta tangente ao gráfico posição-tempo, x(t), nesse instante:
quanto maior for esse declive, em valor absoluto, maior será a velocidade.

Declive positivo Declive negativo Declive nulo

vx > 0: vx < 0: vx = 0 num vx = 0 num instante que é máximo vx = 0 num instante que não é um
movimento no movimento no intervalo (como na figura) ou mínimo da função: máximo ou mínimo da função:
sentido positivo. sentido negativo. de tempo: o movimento passa de retardado para o movimento passa de retardado para
repouso. acelerado com inversão de sentido. acelerado sem inversão de sentido.

Fig. 27 Componente escalar da velocidade e gráficos posição-tempo.

24
1.1 Tempo, posição e velocidade

Atividade 2: Em que diferem os gráficos posição-tempo de dois


movimentos retilíneos uniformes, sendo um mais rápido do que o outro?

Coloque-se a 0,5 m de um sensor de movimento ligado a encontra nos gráficos quanto ao valor do declive das
um sistema de aquisição automática de dados. retas obtidas? Relacione-as com a velocidade com que
a) Mova-se segundo uma trajetória retilínea e num só caminhou.
sentido, com velocidade aproximadamente constante. b) Repita o procedimento anterior movendo-se em sen-
Observe o gráfico posição-tempo. Repita o procedi- tido contrário. Caminhe com velocidade constante, ora
mento mas movendo-se mais rapidamente com velo- devagar, ora depressa. Interprete o gráfico posição-
cidade aproximadamente constante. Que diferença -tempo obtido.

Questão resolvida 5

O gráfico seguinte foi obtido com um sistema


a) [1,4; 1,7] s, porque a posição se mantém inalterada.
de aquisição automática de dados quando
um objeto se moveu em frente a um sensor. b) Para [0,5; 0,8] s tem-se, aproximadamente,
Considere os seguintes intervalos de tempo: 6x 1,45 – 0,85
vm = = = 2,0 m s–1.
[0,5; 0,8] s, [0,8; 1,1] s e [1,4; 1,7] s. 6t 0,8 – 0,5
Para [0,8; 1,1] s tem-se, aproximadamente,
x/m 6x 1,65 – 1,45
2,0
vm = = = 0,67 m s–1.
6t 1,1 – 0,8
A velocidade média é maior no intervalo de tempo [0,5; 0,8] s.
1,5
c) Traçando tangentes à curva do gráfico nos dois instantes,
1,0 verificamos que o declive é maior no instante t = 0,5 s;
por isso, a velocidade é maior nesse instante.
0,5
x/m
2,0

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 t / s


1,5

a) Em qual deles o corpo se encontra em 1,0


repouso? Justifique.
0,5
b) Em qual deles foi maior a velocidade
média? Justifique. 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 t / s

c) Em que instante, t = 0,5 s ou t = 0,7 s, é d) Traçando sucessivas tangentes no gráfico, verificamos que o
maior a velocidade do corpo? Justifique. declive destas é positivo mas vai diminuindo; logo, a componente
escalar da velocidade é positiva (o corpo move-se no sentido
d) Como varia a velocidade em todo o intervalo positivo), mas a velocidade diminui até ser nula (repouso).
de tempo em que se fez a aquisição de dados?

Questão resolvida 6

Um corpo move-se com trajetória retilínea sendo a sua posição dada pela
Ver procedimentos e resolução
função x(t) = −t2 + 5t + 4 (SI). Usando a calculadora gráfica, verifique em que
no Anexo 3.
instante, t = 2 s ou t = 6 s, é maior a velocidade do corpo.

QUESTÕES p. 32

25
1. MECÂNICA

1.1.5 Gráficos velocidade-tempo


É útil traçar um gráfico que traduza o modo como varia
a componente escalar da velocidade ao longo do tempo,
ou seja, a função vx (t). É o chamado gráfico velocidade-
-tempo. Que informação podemos retirar dele?
Função vx (t ): indica como varia
a componente escalar da velocidade, vx , Consideremos o movimento de um comboio de brincar
ao longo do tempo, t. numa parte retilínea de uma pista, sendo possível fazê-
-lo andar para a frente, para trás, mais depressa ou mais
Gráfico velocidade-tempo: devagar, ou até pará-lo. A Fig. 28 apresenta o gráfico posi-
representação gráfica da função vx(t ). ção-tempo para um movimento do centro de massa desse
comboio. Analisando o gráfico, vemos que há movimento
no sentido positivo até ao instante t3 e no sentido negativo
no resto do percurso, ou seja, há inversão de sentido em t3.

Como varia a componente escalar da velocidade, vx?


x • Até ao instante t1, a reta tangente ao gráfico é hori-
zontal, pelo que o seu declive é nulo: a velocidade é
nula e o comboio está em repouso.

• Entre t1 e t2, as sucessivas retas tangentes têm decli-


ves positivos e cada vez maiores: o comboio move-se
no sentido positivo, aumentando a velocidade.

• Entre t2 e t3, o declive das retas tangentes ainda é


positivo, mas cada vez menor: o comboio move-se no
t1 t2 t3 t4 t5 t6 t
sentido positivo, diminuindo a velocidade.
Fig. 28 Gráfico posição-tempo para o movimento de um comboio
elétrico de brincar.
• Em t3, o declive da reta tangente é nulo: a velocidade
é nula e há inversão do sentido do movimento.

• Entre t3 e t4, o declive das retas tangentes é negativo


e cada vez maior em valor absoluto: o comboio move-
se no sentido negativo, aumentando a velocidade.

• Entre t4 e t5, o declive das retas tangentes é negativo


e constante: o comboio move-se no sentido negativo
e a velocidade é constante.
vx
• Entre t5 e t6, o declive das retas tangentes é negativo
e cada vez menor em valor absoluto: o comboio des-
loca-se no sentido negativo, diminuindo a velocidade.
t1 t2 t3 t4 t5 t6 t
• A partir de t6, o declive da reta tangente é nulo: o
comboio está em repouso.

A Fig. 29 apresenta um gráfico velocidade-tempo para o


Fig. 29 Gráfico velocidade-tempo para o movimento da Fig. 28.
movimento descrito.

26
1.1 Tempo, posição e velocidade

Comparando os gráficos da Fig. 28 e da Fig. 29, podemos obter as informações


do quadro da Fig. 30, a partir do gráfico velocidade-tempo:

t3 t4 t5 t6
vx(t) > 0: vx(t) < 0:
movimento no sentido positivo movimento no sentido negativo
t1 t2 t3

vx(t) = 0 num instante: vx(t) = 0 num intervalo de tempo:


t3 t6
inversão de sentido repouso

O gráfico velocidade-tempo também permite calcular deslocamentos: a área Fig. 30 Componente escalar da velocidade
e gráficos velocidade-tempo.
compreendida entre a linha do gráfico e o eixo horizontal é igual ao módulo do
deslocamento do corpo.

Se o movimento se der no sentido positivo, a velocidade será positiva: atribui-


-se o sinal positivo à área que fica por cima do eixo horizontal, pois o desloca-
mento é positivo. Se o sentido for negativo, a velocidade será negativa: atribui-se
o sinal negativo à área que fica por baixo do eixo horizontal, pois o deslocamento
é negativo. Na Fig. 31 a área mais clara indica o deslocamento positivo, 6x1 > 0,
entre os instantes t1 e t3, e a área mais escura, com o sinal negativo, indica o
deslocamento negativo, 6x2 < 0, entre t3 e t6. A distância percorrida, s, em cada
um dos intervalos de tempo anteriores é igual ao módulo do respetivo desloca-
mento: entre 0 e t3 é s1 = 兩6x1兩 ; entre t3 e t6 é s2 = 兩6x2兩.
vx

Δ x1 > 0
t1 t2 t3 t4 t5 t6 t
Fig. 31 As áreas do gráfico, acima e abaixo
Δ x2 < 0 do eixo horizontal, com o sinal positivo
e negativo, respetivamente, indicam
deslocamentos.

Num gráfico velocidade-tempo podemos, pois, obter o deslocamento e a dis-


tância percorrida em qualquer intervalo de tempo a partir de áreas:

Gráfico velocidade-tempo

• Uma área acima do eixo horizontal indica um deslocamento positivo; uma


área abaixo do eixo horizontal indica um deslocamento negativo.
• O deslocamento total pode obter-se a partir da soma de deslocamentos
parcelares (as parcelas podem ser positivas ou negativas):

6x = 6x1 + 6x2 + …
• A distância percorrida, s, é igual:
– ao módulo do deslocamento se não houver inversão de sentido: s = |6x|;
– à soma dos módulos dos deslocamentos no sentido positivo e no sentido
negativo quando há inversão de sentido: s = 兩6xsentido positivo兩 + 兩6xsentido negativo兩.

27
1. MECÂNICA

Questão resolvida 7

O gráfico seguinte refere-se ao movimento dos corpos A e B, reduzidos cada um


deles a uma partícula, que se movem em pistas retilíneas paralelas.

vx / m s−1
2
A
1
B
0
2 4 t/s
−1

−2

a) Selecione, justificando, a afirmação correta.


(A) O corpo A moveu-se sempre no mesmo sentido.
(B) O corpo A teve um deslocamento nulo.
(C) Os corpos encontraram-se ao fim de 1,5 s.
(D) O corpo B andou o dobro de A.

b) Qual dos gráficos posição-tempo poderá representar os movimentos dos corpos


A e B? Justifique.

x
x x x A
A
B A
A 0 2 4 t/s
B 0 2 4 t/s B
0 2 4 t/s 0 2 4 t/s
B

I II III IV

a) A moveu-se no sentido positivo até t = 2 s e depois no sentido negativo,


por isso (A) é falsa.
Os deslocamentos de A no sentido positivo e no sentido negativo são
simétricos pois as áreas acima e abaixo do eixo horizontal são iguais, ou seja,
2 × 2 –2 × (4 – 2)
6x = 6x1 + 6x2 = + = 0 m; (B) é verdadeira.
2 2
Os corpos tiveram a mesma velocidade (e não a mesma posição) ao fim
de 1,5 s; (C) é falsa.
Para B: s = |6x| = 4 × 0,5 = 2 m ; para A: s = 兩6x1兩 + 兩6x2兩 = 2 + 2 = 4 m; (D) é falsa.
b) Como B tem velocidade constante e positiva, o declive no gráfico
posição-tempo tem de ser constante: é uma reta
com declive positivo (opções I ou II). Como A muda de sentido,
terá de ser a opção I, pois ocorre inversão de sentido para t = 2s.

QUESTÕES p. 34

28
1.1 Tempo, posição e velocidade

RESUMO
• Trajetória do centro de massa de um corpo: linha que une as sucessivas posi-
ções do centro de massa; pode ser retilínea ou curvilínea.

• Posição: dada pelas coordenadas num referencial cartesiano; no movimento


retilíneo basta uma coordenada. Depende do referencial. Unidade SI: metro (m).

• Gráfico posição-tempo: gráfico da posição em função do tempo (função x(t)


se o movimento for no eixo dos xx).
– x(t) crescente: movimento no sentido positivo;
– x(t) decrescente: movimento no sentido negativo;
– x(t) = constante: repouso;
– x(t) = 0 num instante: passagem pela origem do referencial;
– x(t) máximo ou mínimo: inversão do sentido do movimento.

• Distância percorrida, s: comprimento da trajetória; s ⭓ 0.

• Deslocamento, 6r : grandeza vetorial que mede a variação da posição. Num


movimento retilíneo sobre o eixo dos xx, a componente escalar é 6x = xf – xi.
s . Unidade SI: metro por segundo (m s−1).
• Rapidez média:
6t
• Velocidade média num movimento retilíneo sobre o eixo dos xx: a componente
escalar é vm = 6x . Unidade SI: metro por segundo (m s−1).
6t
• Velocidade, v: vetor com o sentido do movimento, direção tangente, em cada
ponto, à trajetória, e módulo, v, que traduz a rapidez do movimento num dado
instante. Varia sempre num movimento curvilíneo; só é constante no movi-
mento retilíneo uniforme. Componente escalar da velocidade: simboliza-se
por vx num movimento no eixo dos xx. Unidade SI: metro por segundo (m s−1).

• Módulo da velocidade, v: é constante num movimento uniforme; é crescente


num movimento acelerado; é decrescente num movimento retardado.

• Velocidade e gráfico posição-tempo: a componente escalar da velocidade


num instante, vx, é igual ao declive da reta tangente ao gráfico posição-tempo
x(t) nesse instante; o maior ou menor valor absoluto de vx indica uma maior
ou menor velocidade, respetivamente.
– vx > 0: declive positivo (movimento no sentido positivo);
– vx < 0: declive negativo (movimento no sentido negativo);
– vx = 0: declive nulo; inversão de sentido, ou passagem de movimento retar-
dado para acelerado, ou repouso (vx = 0 num intervalo de tempo).

• Gráfico velocidade-tempo: gráfico de vx(t).


– vx > 0: movimento no sentido positivo;
– vx < 0: movimento no sentido negativo;
– vx = 0: inversão de sentido, ou passagem de movimento retardado para ace-
lerado, ou repouso (vx = 0 num intervalo de tempo).
Área acima ou abaixo do eixo horizontal: indica deslocamento positivo ou
negativo, respetivamente; 6x = 6x1 + 6x2 + …; s = 兩6xsentido positivo兩 + 兩6xsentido negativo兩.

29
1. MECÂNICA

QUESTÕES
Notas: 3. Selecione a informação x
Na resposta a questões de escolha múltipla selecione a única opção que pode ser obtida a
que permite obter uma afirmação verdadeira ou responder correta- partir do gráfico ao lado
mente à questão colocada.
para o movimento retilí-
Considere os corpos redutíveis a partículas.
neo de uma bola redutí-
Nas questões que envolvam cálculos, estes devem ser apresentados.
vel a uma partícula. t

(A) A bola rola sobre um chão horizontal e depois sobe


1.1.1 Movimentos: posição, trajetória e tempo uma rampa.
(B) A bola está parada no chão.
1. Em 1984, Carlos Lopes venceu a maratona nos
Jogos Olímpicos de Los Angeles, realizando a prova em (C) A bola está parada e depois move-se no sentido
2 h 09 min 21 s. Este recorde olímpico pertenceu-lhe negativo.
durante 24 anos, até o atleta queniano Kamau Wansiru (D) A bola está parada e depois move-se no sentido
realizar a prova em 2 h 06 min 32 s. Ainda em 1984, Carlos positivo.
Lopes realizou os 5000 m em Oslo em 13 min 16,38 s.
4. Descreva o movimento retilíneo de uma partícula refe-
a) Classifique em retilínea ou curvilínea as trajetórias
rente ao seguinte gráfico posição-tempo.
dos atletas.
b) Determine a diferença de tempo das provas dos dois
atletas na maratona, expressa em minutos.
Posição

c) Em qual das provas, maratona ou 5000 m, é utilizado


um relógio com maior precisão? Justifique.
d) Na maratona de Los Angeles, outro atleta correu
lado a lado com Carlos Lopes durante algum tempo. t1 t2 t3 t4 Tempo

Para esse intervalo de tempo, indique um referencial


em que Carlos Lopes tenha estado em movimento e 5. O gráfico seguinte descreve o movimento retilíneo de
outro em que tenha estado em repouso. Justifique. um carrinho, que é reduzido a uma partícula.

x
1.1.2 Posição em coordenadas cartesianas.
Movimentos retilíneos e gráficos
posição-tempo
0
t
2. A Ana vai de casa para a escola, que fica a 200 m de
distância, caminhando sempre sobre um passeio retilí-
neo. Quando se encontra em frente a uma pastelaria e
a 50 m da escola, apercebe-se de que se esqueceu de
Pode concluir-se que:
um manual e vai a casa buscá-lo. Indique as posições
da Ana sobre um eixo coincidente com a direção do (A) o carrinho nunca esteve em repouso.
passeio, quando ela está em casa, em frente à pastela- (B) na terceira vez que o carrinho passou na origem
ria e à porta da escola: do referencial, movia-se no sentido positivo.
a) se a origem do eixo for na pastelaria e o sentido posi- (C) o carrinho inverteu duas vezes o sentido do
tivo for da casa para a escola. movimento.
b) se a origem do eixo for na escola e o sentido positivo (D) na segunda vez que o carrinho passou na origem
for da escola para a pastelaria. do referencial, movia-se no sentido positivo.

30
1.1 Tempo, posição e velocidade

6. Os gráficos seguintes referem-se a movimentos retilí- 9. Numa prova de atletismo, a atleta Rosa Mota deu
neos de um carrinho. 25 voltas à pista mais interior do estádio, cujo com-
primento é 400 m, tendo demorado 32 min 33,51 s.
x/m x/m
20 20 Qual foi a sua velocidade média? E a sua rapidez
10 10 média?
0 0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 t/s 1 2 3 4 5 6 7 8 9 t/s
−20 −20 10. O movimento retilíneo de uma partícula é descrito pelo
A B gráfico seguinte.
x/m x/m
20 20
10 10 x/m

0 0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 t/s 1 2 3 4 5 6 7 8 9 t/s 40
−20 −20
C D 20

Indique o gráfico em que o carrinho: 0


2 4 6 8 t/s
a) iniciou o movimento no sentido negativo em t = 0 s.
−20
b) esteve mais tempo parado.
c) esteve sempre em movimento e no mesmo sentido.
a) Quanto tempo, e em que posição ou posições, esteve
d) passou mais cedo pela origem do referencial.
a partícula parada?
e) se encontrava numa posição menos distante da ori-
b) Em que sentido foi maior a distância percorrida? Jus-
gem do referencial no final dos registos.
tifique.
c) Determine, para este movimento:
1.1.3 Distância percorrida e deslocamento.
Rapidez média e velocidade média i) a componente escalar da velocidade média no
intervalo de tempo [1, 6] s.
7. O deslocamento de um corpo: ii) a rapidez média no intervalo de tempo [2, 8] s.
(A) pode ter módulo igual à distância percorrida.
11. Uma pessoa moveu-se em frente a um sensor de posi-
(B) tem módulo sempre inferior à distância percorrida. ção, tendo-se obtido o gráfico seguinte.
(C) nunca pode ser nulo quando há movimento.
(D) define-se num intervalo de tempo e é um vetor com x/m
origem na origem do referencial e com extremi- 1,20
dade na posição final. 1,10
1,00
8. A figura seguinte representa posições ocupadas por
0,90
uma locomotiva de um comboio enquanto está a fazer
0,80
manobras. A distância entre duas posições seguidas é
0,70
10 m. Numa manobra, a locomotiva fez o seguinte per-
curso: O, B, A, C. 0,60

O A B C 0,50

0,40
x/m 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 t / s

Determine a distância percorrida sobre a trajetória e a


componente escalar do deslocamento. Determine a rapidez média do movimento.

31
1. MECÂNICA

12. A posição de uma partícula com movimento retilíneo, ao b) A figura seguinte mostra o carro numa parte da traje-
longo do tempo, é descrita por x(t) = 3,0 t2 − 4,0 t − 5,0 (SI). tória retilínea. Em que sentido se move no referencial
Com a calculadora, faça um esboço da representação representado?
gráfica da função para 3,0 s de movimento e determine: v
a) a posição da partícula ao fim de 3,0 s de movimento.
b) o instante em que há inversão do sentido. x

c) o intervalo de tempo em que a partícula se move no


sentido negativo. 15. O gráfico seguinte refere-se ao movimento do centro
de massa de três carros, A, B e C, num certo intervalo
d) em que sentido do movimento é maior o valor abso-
de tempo, num troço retilíneo de uma autoestrada.
luto da componente escalar do deslocamento.
e) a rapidez média nos 3,0 s de movimento. x C
f) a componente escalar da velocidade média no inter-
valo de tempo [1,0; 3,0] s. B

13. A distância percorrida pelo centro de massa de um t


A
carro varia no tempo, de acordo com o seguinte gráfico.

a) Coloque por ordem crescente os valores marcados


Distância percorrida

nos velocímetros dos carros.


b) Que relação há entre a velocidade média e a velocidade
em qualquer instante, para cada carro? Justifique.

t1 t2 t3 t4 Tempo 16. Associe um gráfico posição-tempo a cada situação


descrita:
O gráfico permite concluir que, no intervalo de tempo:
A. Um carro move-se com velocidade constante no
(A) [0, t1], o carro descreveu uma trajetória curvilínea. sentido negativo.
(B) [t1, t2], o carro inverteu o sentido do movimento. B. Um carro acelera aumentando a sua velocidade.
(C) [t2, t3], o carro esteve parado. C. Um carro faz uma travagem.
(D) [t3, t4], o carro se afastou do ponto de partida. D. Um corredor passa pela meta, que se convencio-
nou ser a origem do referencial, com movimento
1.1.4 Velocidade e gráficos posição-tempo uniforme.

14. Considere as seguintes situações: I x II x


A. Um carro segue em linha reta e o velocímetro não
indica sempre o mesmo valor.
B. Um carro segue em linha reta e o velocímetro indica 0 0
t t
sempre o mesmo valor.
C. Um carro circula numa rotunda e o velocímetro
III x IV x
indica sempre o mesmo valor.
a) Diga, justificando, em que situação(ões):
i) o movimento é uniforme.
0 0
t t
ii) a velocidade é constante.

32
1.1 Tempo, posição e velocidade

17. A figura seguinte representa uma imagem estroboscó- 19. Considerando movimentos retilíneos, associe a cada grá-
pica do movimento do centro de massa de um barco, fico posição-tempo o respetivo gráfico velocidade-tempo.
entre os pontos A e B.
A B x vx
A I
0
x=0 x t

a) Caracterize, justificando, o movimento quanto ao


modo como varia o módulo da velocidade. 0
t
b) Qual dos seguintes gráficos pode descrever o refe-
rido movimento? x vx
B II
0
A x B x t

0
t
0 0
t t
x vx
C III
C x D x
0 0
t t

0 0
t t
x vx
18. Dos gráficos seguintes, relativos a movimentos retilí- D IV
neos, indique o(s) que pode(m) representar:
a) um movimento que se faz apenas num único sentido.
0 0
b) um movimento com inversão de sentido. t t

c) um movimento em que a velocidade seja constante.


20. O movimento de um carrinho em frente a um sensor
d) um movimento em que a velocidade inicialmente
permitiu a aquisição dos dados experimentais da tabela
diminua e depois aumente, mudando o sentido de
seguinte.
positivo para negativo.
e) um movimento em que a velocidade inicialmente t/s 0,000 0,151 0,353 0,601 0,725 0,757
diminua e depois aumente, mudando o sentido de 0,572 0,612 0,676 0,730 0,764 0,781
x/m
negativo para positivo.
Construa o gráfico de pontos da posição em função do
A x B x
tempo. Verifique que uma reta se ajusta ao conjunto de
pontos do gráfico. Determine a equação da reta de ajuste
e, a partir dela, o módulo da velocidade do carrinho.
0 0
t t
21. A lei do movimento retilíneo de um corpo, no intervalo
C x D x de tempo [0, 10] s, é x(t) = −2,0 t2 + 12,0 t + 15,0 (SI).
Faça o esboço do gráfico da função na calculadora e,
0 utilizando as suas potencialidades gráficas, determine
t
a componente escalar da velocidade e o sentido do
0
t movimento nos instantes t = 2,0 s e t = 9,0 s.

33
1. MECÂNICA

22. O gráfico seguinte refere-se ao movimento de queda 23. Dois ciclistas, A e B, movem-se numa pista, com trajetó-
de uma folha de papel e foi obtido com um sensor de rias retilíneas paralelas, sendo os movimentos dos res-
posição. petivos centros de massa descritos pelo gráfico seguinte.

x
y/m
A
B
1,40

1,20 0
t1 t2 t
1,00

0,80

0,60 Selecione a opção correta:


0,40 (A) No instante inicial a velocidade de A é maior do
que a velocidade de B e os ciclistas movem-se no
0,20
mesmo sentido.
(B) Os ciclistas encontram-se duas vezes e, nesses ins-
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20 1,40 1,60 1,80 t/s
tantes, a velocidade de A é sempre superior à de B.
(C) No intervalo de tempo [0, t2], a velocidade média de
a) Indique, justificando, o sentido do eixo vertical usado A é menor do que a velocidade média de B.
como referencial.
(D) Tanto o ciclista A como o ciclista B veem os velocí-
b) Considere o intervalo de tempo [0,85; 1,20] s. metros das respetivas bicicletas a marcar valores
i) Determine a componente escalar da velocidade cada vez maiores ao longo do tempo.
média.
ii) Indique, justificando, qual é a componente escalar
da velocidade. 1.1.5 Gráficos velocidade-tempo
c) Qual dos gráficos pode representar a distância per-
24. O gráfico seguinte refere-se ao movimento retilíneo de
corrida pela folha de papel em função do tempo?
um atleta, que é visto como uma partícula.

vx / m s−1

A B 8
percorrida

percorrida
Distância

Distância

0 0
Tempo Tempo
0 4 8 12 16 t/s

Selecione, justificando, a afirmação correta.


C D
percorrida

percorrida

(A) Está em repouso no intervalo [12, 16] s.


Distância

Distância

(B) Move-se no sentido negativo no intervalo [10, 12] s.


(C) Move-se com movimento uniforme durante 10 s.
0 0 (D) Percorre maior distância com movimento retar-
Tempo Tempo
dado do que com movimento acelerado.

34
1.1 Tempo, posição e velocidade

25. Observe o gráfico seguinte relativo ao movimento retilí- 27. Observe o gráfico seguinte relativo ao movimento
neo de um carrinho, que se reduz ao seu centro de massa. retilíneo de três carros, redutíveis ao respetivo centro
de massa, que estão em frente a um semáforo. A con-
vx / m s−1
tagem do tempo inicia-se quando a luz passa a verde.
4
vx
B
2
A
0
2 4 6 8 t/s
−2 C

a) Indique se o carrinho esteve parado, e em que inter- 0 t


valo de tempo. Indique também se inverteu o sentido
O gráfico permite concluir que:
do movimento, e em que instante.
(A) o carro B volta a encontrar o carro A após se terem
b) Em que instante o movimento do carrinho foi mais cruzado no semáforo.
rápido, em t = 1,5 s ou t = 6,5 s? Justifique.
(B) depois de saírem do semáforo, há um instante em que
c) Determine a componente escalar do deslocamento os velocímetros de A, B e C marcam o mesmo valor.
do carrinho no intervalo de tempo [2, 8] s. (C) quando A e B têm a mesma velocidade, o carro que
d) A distância percorrida foi maior no sentido positivo percorreu maior distância foi B.
ou no sentido negativo do movimento? Justifique. (D) quando B e C têm a mesma velocidade, o carro que
e) Determine a rapidez média do carrinho no intervalo percorreu menor distância foi B.
de tempo [0, 6] s.
28. O gráfico seguinte foi obtido por um sensor que regis-
26. A figura seguinte representa uma imagem estroboscó- tou a velocidade de um carrinho, com movimento retilí-
pica do movimento de um carro, redutível ao seu centro neo, ao longo do tempo.
de massa, numa trajetória retilínea entre os pontos A e
G da trajetória. 1,2
v v v v v v
Velocidade / m s−1

1,0

x A B C D E F 0,8
v 0,6

x 0,4
G
a) Caracterize o movimento, ao longo do percurso, 0,2

quanto ao modo como varia o módulo da velocidade.


0,0 0,5 1,0 1,5 2,0
b) Qual dos seguintes gráficos pode descrever o movi- Tempo / s
mento?
a) O movimento foi aproximadamente uniforme no inter-
vx vx valo de tempo:
I II
(A) [0,1; 1,1] s. (B) [0,6; 1,1] s.
0 0
t t (C) [1,2; 2,0] s. (D) [1,1; 1,2] s.
b) Suponha que a partir de t = 2,0 s o carrinho tem sem-
vx vx pre velocidade constante. Determine, aproximada-
III IV
mente, até que instante o carrinho se deve mover de
0 0
t t modo a percorrer uma distância igual à percorrida no
intervalo de tempo [0,7; 1,1] s.

35
1. MECÂNICA

29. O gráfico seguinte refere-se ao movimento retilíneo do a) Será possível os velocímetros dos carros indicarem o
centro de massa de dois rapazes, M e N, após um mesmo valor em algum instante do intervalo [0, t1]?
colega ter iniciado a contagem do tempo no seu cronó- Justifique.
metro. Em que instante percorreram distâncias iguais? b) Esboce um gráfico linear velocidade-tempo para os
dois carros. Compare, justificando, as áreas compreen-
vx / m s−1 didas entre as retas correspondentes a A e a B e o eixo
M
dos tempos até ao instante t1.
N
32. Os seguintes gráficos descrevem dois movimentos retilí-
neos, A e B, de um corpo redutível a uma partícula, sobre
0 2 t/s
o eixo dos xx, sendo t2 = 2t1 e t3 = 3t1.

x A
Questões globais

30. Uma partícula segue uma trajetória retilínea sendo a


0
lei do movimento x(t) = 1,0t 2 − 5,0t − 1,0 (SI). Use a cal-
t1 t2 t3 t
culadora gráfica para responder às questões seguintes.
a) Esboce o gráfico posição-tempo e descreva o movi-
mento nos primeiros 6,0 s, indicando as coordenadas
dos pontos relevantes do gráfico que permitem essa
vx B
descrição.
b) Determine a componente escalar da velocidade média
até a partícula inverter o sentido.
0
c) Determine a distância percorrida nos primeiros 6,0 s t1 t2 t3 t
de movimento.
d) Determine a componente escalar da velocidade da
partícula quando ela passa na origem do referencial
a) Indique em que movimento, A ou B, houve:
e indique em que sentido se desloca.
i) inversão do sentido do movimento.
e) Compare os módulos das velocidades nos instantes
ii) movimento sempre no mesmo sentido.
t = 1,0 s e t = 4,0 s.
iii) repouso num dado intervalo de tempo.
31. Dois carros, A e B, estão lado a lado num semáforo iv) movimento uniforme no sentido negativo.
quando este passa a verde e se inicia a contagem do
b) A distância percorrida é:
tempo. Os gráficos posição-tempo para os movimentos
(A) maior no intervalo de tempo [0, t1] do que no
dos respetivos centros de massa são os seguintes:
intervalo [t2, t3] no movimento A.
(B) igual no intervalo de tempo [0, t1] e no intervalo
x
A [t2, t3] no movimento B.

B (C) maior no intervalo de tempo [0, t1] do que no


intervalo [t2, t3] no movimento B.
(D) menor no intervalo de tempo [t1, t2] do que no
0 t1 t intervalo [t2, t3] no movimento B.

36
1.2 INTERAÇÕES
E SEUS EFEITOS
1.2.1 As quatro interações 1.2.5 Aceleração média, aceleração
fundamentais na natureza e gráficos velocidade-tempo
1.2.2 Interação gravítica 1.2.6 Segunda Lei de Newton
e Lei da Gravitação Universal 1.2.7 Primeira Lei de Newton
1.2.3 Pares ação-reação AL 1.1 Queda livre: força gravítica
e Terceira Lei de Newton e aceleração gravítica
1.2.4 Efeito das forças sobre AL 1.2 Forças nos movimentos
a velocidade retilíneos acelerado e uniforme
1. MECÂNICA

1.2.1 As quatro interações fundamentais


na natureza

São as interações entre os corpos, manifestadas por forças, que permitem


explicar a origem e as alterações dos movimentos. Chama-se dinâmica à parte
da mecânica que estuda a relação entre as forças que atuam num corpo e as
características do seu movimento. Foi Newton quem primeiro formulou as Leis
da Dinâmica, que constituem os pilares da mecânica clássica.

Uma ideia comum de força relaciona-se com os atos de empurrar, puxar,


deformar, o que envolve uma interação entre dois corpos: um exerce a força e o
outro sofre a ação dessa força. A interação pode exigir o contacto entre os cor-
pos, como no exemplo da Fig. 1, ou fazer-se à distância, como no caso das forças
Fig. 1 As forças exercidas pelos karatecas gravíticas, elétricas e magnéticas. Caracterizemos a grandeza força:
fazem-se por contacto.

Força, F

• Está associada a uma interação entre dois corpos, exercida por contacto ou
à distância: a força exercida sobre um corpo é devida à ação de outro corpo.
• É uma grandeza vetorial:
– ao seu módulo (símbolo F ) também se chama intensidade;
– o seu ponto de aplicação é o centro de massa do corpo se o corpo puder
ser reduzido a uma partícula.
• Mede-se com um dinamómetro.
• Exprime-se, no Sistema Internacional, em newton (símbolo N).

Fig. 2 A força gravítica é responsável pela


órbita dos satélites em torno da Terra. As forças gravíticas exercem-se à distância e o seu efeito faz-se sentir
mesmo para distâncias muito grandes: o seu alcance é infinito. São forças sem-
pre atrativas e explicam, por exemplo, a queda dos corpos na Terra, já analisada
A B pelo grego Aristóteles, ou as órbitas dos planetas e satélites (Fig. 2) estudadas
por Kepler e Newton.

As forças magnéticas entre ímanes (que têm, cada um deles, um polo norte
e um polo sul magnético) também atuam à distância. O seu efeito já era bem
conhecido dos antigos gregos: os primeiros ímanes, do minério magnetite,
foram encontrados na região da Magnésia (Turquia). Por isso aos ímanes chama-
mos magnetes e as suas forças dizem-se magnéticas. Estas forças são de atra-
ção (Fig. 3 – A) entre polos diferentes ou de repulsão (Fig. 3 – B) entre polos iguais.

Também no tempo dos antigos gregos foi encontrada uma resina fóssil, o
âmbar, que, depois de friccionada, atraía ou repelia corpos. As forças mani-
festadas exercem-se à distância e designam-se por forças elétricas. Mas só
no século XX se concluiu que elas têm origem nas cargas elétricas existentes
Fig. 3 Forças magnéticas de atração entre nos materiais: as cargas dos protões e dos eletrões (da palavra elektron, nome
um íman e clips (A) e forças magnéticas grego de âmbar). Estas forças são de atração entre cargas de sinais opostos ou
de repulsão entre ímanes (B).
de repulsão se forem do mesmo sinal.

38
1.2 Interações e seus efeitos

A Fig. 4 ilustra situações em que as forças elétricas se manifestam.

Forças elétricas Forças elétricas


de atração de repulsão
Quando a rapariga toca
Um balão, após ter sido
num condutor eletrizado,
friccionado, fica eletrizado
fica também eletrizada
(fica com carga elétrica
com carga do mesmo sinal
diferente de zero) e atrai
do condutor, o que explica
cabelos secos devido
a repulsão entre os seus
às forças elétricas.
A B cabelos.

Até ao século XIX, as forças elétrica e magnética eram consideradas em Fig. 4 Há forças elétricas de atração entre
o balão e o cabelo (A) e forças elétricas
separado. Mas nesse século foi formulada uma nova teoria – o eletromagne-
de repulsão entre os cabelos, o que os faz
tismo – que unificou estas forças, surgindo o conceito de força eletromagnética. afastarem-se e ficarem «em pé» (B).
Ela é responsável, por exemplo, pela atração entre os eletrões e o núcleo num
átomo, pelas repulsões entre eletrões e pelas ligações químicas.

Também as forças que dizemos exercerem-se por contacto, em corpos Força eletromagnética: é responsável
comuns, são forças eletromagnéticas: resultam de interações entre as partícu- por fenómenos elétricos e magnéticos
à escala macroscópica e microscópica.
las com carga elétrica de um e do outro corpo. Ao nível microscópico, os corpos
As forças exercidas por contacto têm
não estão completamente em contacto e essas forças atuam à distância. natureza eletromagnética.

Mas, se cargas do mesmo sinal originam forças de repulsão, como se man-


têm unidos os protões nos núcleos atómicos? Foi a pesquisa sobre os núcleos,
já no século XX, que deu a resposta: existem outras forças para além da eletro-
magnética mas que só atuam à escala do núcleo atómico. Estas forças são a
força nuclear forte e a força nuclear fraca.
Força nuclear forte e força
A força nuclear forte tem alcance muito curto: só atua nas partículas do nuclear fraca: só atuam à escala
núcleo, mantendo fortemente unidos protões e neutrões. É a interação com do núcleo atómico.
maior intensidade, daí o nome «forte». O seu efeito sobrepõe-se largamente ao
da repulsão elétrica entre protões, o que confere estabilidade ao núcleo.

A força nuclear fraca também só atua à escala do núcleo. É responsável,


por exemplo, pela transformação de um núcleo atómico noutro, em processos
ditos radioativos nos quais um neutrão se transforma em protão ou vice-versa.
Tem um alcance ligeiramente menor do que o da força nuclear forte, mas é
muito menos intensa do que esta e daí o nome «fraca».

Na Tab. 1 são apresentadas as quatro interações fundamentais na natureza


pela ordem em que surgiram na História da Física (numa escala em que se
convenciona «um» para a intensidade da força nuclear forte, a mais intensa). QUESTÕES p. 66

Força fundamental Alcance Intensidade relativa

Gravítica Infinito 10−40

Eletromagnética Infinito 10−2

Nuclear forte 10−15 m 1 Atuam apenas à escala do núcleo atómico. Tab. 1 Alcances e
Têm intensidade desprezável para distâncias intensidades das quatro
Nuclear fraca 10−16 m 10−5 superiores aos respetivos alcances. forças fundamentais.

39
1. MECÂNICA

Interações fundamentais na natureza

Força gravítica
• Atua sobre todas as partículas
existentes no Universo.
• É a mais fraca de todas as interações
mas é intensa quando a massa Fg
dos corpos celestes é grande
(como a de estrelas e planetas). Fg
Fg
• Tem alcance infinito.
• É sempre atrativa.
• Permite interpretar, por exemplo:
– a queda dos corpos à superfície
de um planeta;
– o fenómeno das marés na Terra;
– a existência de atmosfera num planeta;
– o movimento orbital dos planetas
e dos satélites (naturais e artificiais);
– a formação de planetas, estrelas
e galáxias.

Força eletromagnética
• Atua sobre partículas carregadas.
• Pode ser atrativa ou repulsiva.
• Tem alcance infinito.
• É mais forte do que a força gravítica.
• Manifesta-se às escalas macroscópica
e microscópica.
• Permite interpretar, por exemplo:
– fenómenos elétricos e magnéticos
do quotidiano;
– a levitação de certos comboios de alta
velocidade: comboios Maglev
(magnetic levitation );
– o funcionamento de aceleradores
de partículas, como os do CERN
(Organização Europeia para a Pesquisa
Nuclear); Moléculas de água Molécula Átomo
– as ligações químicas (dentro das
unidades estruturais e entre elas); Átomo Núcleo atómico
– a formação de átomos (atração entre
protões e eletrões);
– a emissão e a absorção de luz. Átomo Eletrões

40
1.2 Interações e seus efeitos

Força nuclear forte Força nuclear fraca


• É a mais forte das quatro interações. • É a interação com menor alcance.
• Atua à escala do núcleo atómico, sendo responsável pelas fortes • Atua à escala dos constituintes do núcleo
ligações protão-protão, neutrão-neutrão e protão-neutrão e, portanto, atómico, sendo mais fraca do que a força
pela existência dos núcleos. nuclear forte.
• A força forte entre protões e neutrões tem origem na interação entre • Está na origem dos processos radioativos beta:
os quarks que os constituem (cada protão e cada neutrão têm três um neutrão transforma-se num protão com
quarks de dois tipos: up e down). emissão de um eletrão e de um antineutrino
• Explica a libertação de energia nas estrelas, pois no seu interior (ou um protão transforma-se num neutrão com
há transformação de núcleos de hidrogénio em núcleos de hélio emissão de um positrão e de um neutrino).
(chamada reação de fusão nuclear).

Quark
up
Eletrão
Quark
down
Protão

Quark Neutrão Protão


down

Quark
Núcleo atómico up Antineutrino
Neutrão

Modelo Padrão da física de partículas Massa 2,3 MeV / c2 1,275 GeV / c2 173,07 GeV / c2 0
Carga 2/3 2/3 2/3 0

O sonho dos físicos, um sonho que Einstein perseguiu durante boa


Spin 1/2
u 1/2
c 1/2
t 1
g
Up Charm Top Gluão
parte da sua vida, é chegar a uma teoria unificadora das quatro
interações fundamentais. O Modelo Padrão é a teoria atual que 4,8 MeV / c2 95 MeV / c2 4,18 GeV / c2 0

ճ
Quarks

−1/3 −1/3 −1/3 0


unifica as forças forte, fraca e eletromagnética (mas não a
força gravítica). Esta teoria descreve:
1/2
d 1/2
s 1/2
b 1

Down Strange Bottom Fotão


• as partículas elementares constituintes da matéria, chamadas
fermiões (têm spin ½), que englobam: 0,511 MeV / c2 105,7 MeV / c2 1,777 GeV / c2 91,2 GeV / c2

– os quarks (há seis tipos com nomes divertidos, que geralmente


não se traduzem para português),
−1

1/2
e
−1

1/2
ۙ −1

1/2
ւ 0

1
Z
Eletrão Muão Tau Bosão Z

– e os leptões (há seis tipos, sendo o eletrão o mais conhecido);


< 2,2 eV / c2 < 0,17 MeV / c2 < 15,5 MeV / c2 80,4 GeV / c2

ռ ռۙ ռւ
Leptões

• as partículas responsáveis pelas forças fundamentais,


Bosões

0 0 0 ±1

chamadas bosões (têm spin 1): os gluões pela força forte, o fotão
1/2

Neutrino
e
1/2

Neutrino
1/2

Neutrino
1
W
pela força eletromagnética, e os bosões Z e W pela força fraca; eletrónico muónico do tau Bosão W

• o bosão de Higgs: a partícula que está na origem da massa 126 GeV / c2

das outras partículas. Foi descoberta em 2013 no CERN, 0

confirmando experimentalmente o Modelo Padrão.


0
H
Bosão
Esta descoberta representou um grande avanço para a física. de Higgs

41
1. MECÂNICA

1.2.2 Interação gravítica


e Lei da Gravitação Universal

Os estudos de Galileu e Kepler (Fig. 5) sobre os movimentos tiveram grande


influência nas ideias de Newton, levando-o a concluir que a força que a Terra
exerce sobre uma maçã ou sobre a Lua é do mesmo tipo – são ambas forças gra-
víticas. Essa influência foi reconhecida pelo próprio Newton que, homenageando
os cientistas que o antecederam, afirmou: «se pude ver mais longe foi porque
estava aos ombros de gigantes».

Segundo Newton, dois corpos quaisquer, de massas m1 e m2, cujos centros


de massa estão à distância r, são atraídos por forças de igual intensidade, Fg e
Fig. 5 As ideias do italiano Galileu
(à esquerda) e do alemão Kepler (à direita) F g' (Fig. 6), chamadas forças gravíticas ou forças gravitacionais, que estão asso-
influenciaram a obra de Newton. ciadas às massas dos corpos.

Fg Fg’
m1 m2
Fig. 6 As forças gravíticas exercem-se
r
entre dois corpos quaisquer e são atrativas.

Na sua principal obra (Fig. 7), Newton enunciou a Lei da Gravitação Universal,
cuja expressão matemática indica como a intensidade da força gravítica depende
da massa dos corpos em interação e da distância entre eles:

Lei da Gravitação Universal


kg kg
mm
Fig. 7 Newton enunciou a Lei da Fg = G 1 2 m2
Gravitação Universal na sua principal r
obra – Princípios Matemáticos de Filosofia N N m2 kg–2
Natural – em 1687.
Dois corpos atraem-se exercendo, um sobre o outro, forças de igual
intensidade. Cada uma dessas forças é:
Peso de um corpo: força gravítica que
um planeta exerce sobre um corpo à sua • diretamente proporcional ao produto das massas dos corpos, m 1 e m 2
superfície ou perto dela. (supondo constante a distância, r, entre eles);
• inversamente proporcional ao quadrado da distância entre os corpos, r 2
(supondo constantes as massas m 1 e m 2).
P A constante G chama-se constante da gravitação universal. O seu valor
é o mesmo em qualquer sítio do Universo:
G = 6,67 × 10–11 N m2 kg−2

A força gravítica entre corpos comuns é desprezável pois a constante da gravita-


ção é muito pequena (por isso não vemos os corpos a atraírem-se, aproximando-se
uns dos outros!). Porém, a intensidade da força gravítica é significativa quando a
massa de pelo menos um dos corpos em interação é muito grande. É o caso da
Fig. 8 O peso da maçã é a força gravítica força gravítica exercida pela Terra sobre um corpo à sua superfície ou perto dela
que a Terra exerce sobre ela. (Fig. 8), pois a massa da Terra é 5,97 × 1024 kg. Chamamos peso a essa força.

42
1.2 Interações e seus efeitos

Também são significativas as forças gravíticas entre planetas


e satélites, ou entre estrelas e planetas, ou entre estrelas nas
galáxias ou ainda entre galáxias (apesar das grandes distâncias
entre esses corpos), pois as suas massas são muito grandes.

A força gravítica de Newton apenas explica os fenómenos


astronómicos mais comuns. Foi a Teoria da Relatividade Geral,
uma teoria sobre gravitação formulada por Einstein há cerca de
cem anos, que complementou as ideias de Newton. Ela contri-
buiu para explicar o comportamento das estrelas de neutrões,
dos buracos negros por ela previstos (Fig. 9), e para a descrição
de fenómenos na fase inicial do big bang. Mas, para os fenóme-
nos mais comuns, como a queda das maçãs na Terra ou o movi- Fig. 9 Os fenómenos num buraco negro – estrela muito
densa que atrai tudo à sua volta, incluindo a luz – não são
mento dos planetas, a Lei da Gravitação de Newton continua a explicados pela Lei da Gravitação Universal de Newton.
ser válida e, portanto, é ela que se aplica. A imagem é uma simulação.

QUESTÕES p. 66

Questão resolvida 1

Newton estudou a queda de uma maçã, à superfície da ii) a maçã passasse a orbitar em torno da Terra, a uma
Terra, e o movimento da Lua em volta da Terra. A distância altitude igual a um raio terrestre?
Terra-Lua é cerca de 60 raios terrestres e o raio da Terra é
b) Suponha que a maçã tem a massa de 100 g. Compare
cerca de 6400 km.
as ordens de grandeza da força gravítica exercida pela
a) Considere a maçã à superfície da Terra. Como variaria Terra sobre a Lua e pela Terra sobre a maçã (quando
a força gravítica exercida pela Terra sobre ela se: esta está à sua superfície).
i) a maçã secasse e ficasse com metade da massa? (mTerra = 6,0 × 1024 kg; mLua = 7,3 × 1022 kg)

a) i) Pela Lei da Gravitação Universal, mantendo-se a b) Reduzindo todos os valores a unidades SI e aplicando
distância, a força gravítica é diretamente proporcional ao a Lei da Gravitação Universal vem:
produto das massas. Como a massa da Terra é a mesma Força gravítica exercida pela Terra sobre a maçã:
e a massa da maçã passa para metade, então a força m m
Fg = G Terra 2 maçã =
gravítica reduz-se para metade (neste caso r = RTerra): Terra/maçã RT

m2 6,0 × 1024 × 0,100


m1 = 6,67 × 10–11 × = 0,98 N;
(6,400 × 106)2
m1m2 2 m1m2 Fg
Fg = G 2
e F'g = G =G 2
= Força gravítica exercida pela Terra sobre a Lua:
R T R 2T 2R T
2
m m
Fg = G Terra Lua =
Terra/Lua (60RT)2
ii) Pela Lei da Gravitação, sendo as massas constantes, a
força gravítica é inversamente proporcional ao quadrado 6,0 × 1024 × 7,3 × 1022
= 6,67 × 10–11 × = 2,0 × 1020 N.
da distância. Como a distância aumenta para o dobro, (60 × 6,400 × 106)2
Fg 2,0 × 1020
uma vez que r = RTerra + h = RTerra + RTerra = 2 RTerra, Terra/Lua
Logo = = 2,0 × 1020
a força gravítica reduz-se para um quarto: Fg 0,98
Terra/maçã

A força que a Terra exerce sobre a Lua é cerca de


m1 m2 m1m2 m1m2 Fg
Fg = G 2
e F'g = G 2
=G 2
= . 1020 vezes maior do que a da força que a Terra exerce
R T
(2RT) 4R T
4
sobre a maçã, apesar de a Lua estar muito mais distante!

43
1. MECÂNICA

1.2.3 Pares ação-reação


e Terceira Lei de Newton
FP/R FR/P

Se uma força traduz uma interação entre dois corpos, terão as forças obriga-
toriamente de existir aos pares?

Vejamos a situação de um rapaz sobre um skate, que empurra uma parede,


adquirindo movimento em sentido oposto ao da força que exerce (Fig. 10).
Designemos essa força por F R/P (força exercida pelo rapaz, R, sobre a parede, P).
Mas se essa força atuou sobre a parede, o que fez mover o rapaz? Só pode ter
Fig. 10 O rapaz, que está sobre um skate, sido uma força exercida pela parede sobre ele, que designaremos por F P/R (força
exerce uma força sobre a parede, F R/P, exercida pela parede, P, sobre o rapaz, R). Newton formulou a Terceira Lei de
e a parede exerce sobre ele uma força, F P/R.
Newton, ou Lei da Ação-Reação, que afirma a existência deste par de forças:

Terceira Lei de Newton ou Lei da Ação-Reação

Se um corpo exerce uma força sobre outro, este exerce sobre o primeiro
uma força de igual intensidade e direção mas de sentido oposto.
O conjunto das duas forças designa-se por par ação-reação.

A Terceira Lei de Newton aplica-se a todas as interações, sejam elas por


FP/C FC/P contacto ou à distância.

A Fig. 11 mostra as forças de um par ação-reação que atuam no caso de uma


interação por contacto como na colisão de um carro com uma parede.
Fig. 11 O carro (C) exerce uma força
sobre a parede (P), F C/P , e a parede Na Fig. 12 mostram-se as forças de um par ação-reação numa interação à dis-
exerce sobre ele uma força, F P/C.
tância: a força gravítica exercida pela Terra sobre um corpo (peso do corpo, que o
faz cair para a Terra) e a força gravítica que esse corpo exerce sobre a Terra (cujo
ponto de aplicação está no seu centro de massa).

FT/c Outros exemplos de pares ação-reação em que as forças se exercem à dis-


tância surgem nas interações entre ímanes e entre objetos carregados eletrica-
Fc/T
mente (Fig. 13).
CM
Pares ação-reação
Interações magnéticas Interações elétricas

FB/A FA/B
Fig. 12 A Terra (T) exerce uma força A B A B
− +
gravítica sobre o corpo (c), F T/c ,
S N S N FB/A FA/B
e o corpo exerce uma força gravítica
sobre ela, F c/T .
FB/A FA/B
A B A B
− −

S N N S FB/A FA/B

FB/A FA/B
Fig. 13 Pares ação-reação quando há A B A B
interações entre ímanes e interações + +

entre corpos carregados eletricamente. N S S N FB/A FA/B

44
1.2 Interações e seus efeitos

A Terceira Lei de Newton permite caracterizar as forças do par ação-reação:

Forças do par ação-reação

• Resultam de uma mesma interação.


• Têm a mesma direção mas sentidos opostos.
• Têm a mesma intensidade, mesmo que as massas dos corpos em interação
sejam diferentes.
• Estão aplicadas em corpos diferentes e, por isso, os seus efeitos não se anulam.
• Pode chamar-se ação a uma força e reação à outra ou vice-versa.
QUESTÕES p. 67

Se um corpo, como uma maçã, estiver em repouso em cima de uma mesa, Força normal exercida por um plano
sobre ela atuam o peso, P, e a força normal exercida pelo tampo da mesa, N. de apoio sobre um corpo, N : não forma
um par ação-reação com o peso do
Apesar de, neste caso, as forças terem a mesma intensidade, não formam
corpo, P (as forças estão aplicadas no
um par ação-reação pois resultam de interações diferentes! A Fig. 14 descreve mesmo corpo e resultam de interações
essa situação, apresentando os pares ação-reação das interações que ocorrem diferentes).
(os corpos representam-se por pontos).
N
Interação maçã-Terra Interação maçã-mesa

Maçã Par ação-reação: Par ação-reação:


P N P
P : força exercida N: força exercida
Maçã
pela Terra na maçã pela mesa na maçã
Mesa
P’ P ': força exercida N’ N': força exercida
Terra pela maçã na Terra pela maçã na mesa

Fig. 14 Maçã sobre uma mesa e respetivas


interações.
Questão resolvida 2

Um bloco é suspenso de um fio que está preso a um suporte. O fio tem peso


desprezável. Represente as forças aplicadas no bloco e no fio e os pares ação-
-reação das interações presentes. Simbolize por T a força que é exercida pelo
fio ou que atua nele (chamada tensão).

Forças Forças
Interação Interação Interação
exercidas exercidas
bloco (B)-Terra (T) bloco (B)-fio (F) fio (F)-suporte (S)
no bloco no fio
Bloco Fio Suporte
P : força exercida T B/F: força exercida T F/S: força exercida pelo
pela Terra pelo bloco no fio (puxa TS/F TF/S fio no suporte (puxa o
TF/B P TB/F
no bloco o fio para baixo) suporte para baixo)

P P ': força exercida T F/B: força exercida T S/F: força exercida pelo
P’ pelo bloco TF/B pelo fio no bloco (puxa TB/F TS/F suporte no fio (puxa o
na Terra o bloco para cima) fio para cima)
Terra Bloco Fio

45
1. MECÂNICA

1.2.4 Efeitos das forças


sobre a velocidade
Que relação há entre as forças e os movimentos? Qual é o efeito das forças
que atuam sobre um corpo?

Para responder a estas perguntas podemos fazer certas experiências como


as da Fig. 15: com um íman exercemos uma força magnética de repulsão sobre
outro íman preso a um carrinho, em três situações diferentes, A, B e C, e obser-
Fig. 15 Efeito de uma força sobre um vamos o efeito dessa força sobre o carrinho.
carrinho parado ou em movimento.

v vi vf vf vi
F F F

A B C

O carrinho inicialmente está em repouso. O carrinho move-se inicialmente com uma certa velocidade.

A força, que tem a direção e o sentido A força, que tem a direção da velocidade
A força faz o carrinho deslocar-se
da velocidade, faz o carrinho deslocar-se mas sentido oposto, faz o carrinho
com movimento retilíneo na direção
com movimento retilíneo, aumentando deslocar-se com movimento retilíneo,
e sentido da força.
a sua velocidade. diminuindo a sua velocidade.

Repare-se que nos exemplos anteriores há três forças a atuar no carrinho


N a força magnética, F , o peso, P, e a força normal, N. O efeito da força
(Fig. 16):
F
normal anula o efeito do peso (o carrinho não sobe nem desce na vertical!), pelo
P
que resta o efeito da força F . A soma das forças exercidas sobre o carrinho, cha-
mada resultante das forças (ou força resultante) e simbolizada por F R, é igual
FR = F
neste caso à força F .

Fig. 16 Forças aplicadas no carrinho: a Nas situações da Fig. 15, em que há movimento inicial, a resultante das forças
resultante das forças é igual à força F . tem a direção da velocidade inicial e só produz alteração do seu módulo. E se
as direções da resultante das forças e da velocidade inicial forem diferentes?
Se aproximarmos um íman do carrinho em movimento, como na Fig. 17, o carrinho
Resultante das forças (ou força
passará a descrever uma trajetória curvilínea. Nesta situação há sempre altera-
resultante), F R: soma de todas
ção da direção da velocidade, podendo ou não haver variação do seu módulo.
as forças exercidas num sistema.

vi

vf

Fig. 17 Uma força que atua sobre um


carrinho numa direção diferente da sua
velocidade fá-lo descrever uma trajetória
curvilínea.

46
1.2 Interações e seus efeitos

Observemos a Fig. 18: a resultante das forças aplicadas num corpo, F R, não
y
tem a mesma direção da velocidade inicial do corpo, v . Neste caso decompõe-se
a força em duas componentes, uma na direção da velocidade e outra na direção
x
perpendicular. O efeito de cada componente é diferente:
v

Componente da resultante das forças com a direção da velocidade, F x: Fx


faz variar o módulo da velocidade

• se F x tiver o sentido da velocidade, o módulo da velocidade aumentará; Fy


• se F x tiver sentido oposto ao da velocidade, o módulo da velocidade diminuirá. FR

Componente da resultante das forças com a direção perpendicular FR = Fx + Fy

à velocidade, F y: Fig. 18 Decomposição de uma força


faz variar a direção da velocidade. na direção da velocidade e na direção
perpendicular.

Note-se que, se a resultante das forças tiver a direção da velocidade inicial,


como nos exemplos da Fig. 15, só existe a componente Fx, pelo que só varia o
módulo da velocidade. Mas, se a resultante das forças for sempre perpendicular
à velocidade, só existirá a componente Fy e a velocidade só variará em direção
(mas não em módulo). No caso mais geral, em que a resultante das forças não
é paralela nem perpendicular à velocidade, o seu efeito é alterar o módulo e a QUESTÕES p. 68
direção da velocidade.

Verifica-se, portanto, que um dos efeitos da resultante das forças que atuam Fig. 19 Efeito da resultante das forças
na velocidade de um corpo.
num corpo é variar a sua velocidade. Na Fig. 19 resumem-se as várias situações.

Efeito da resultante das forças, F R, na velocidade, v, de um corpo


F R e v têm a mesma direção F R e v têm direções diferentes
F R e v têm o mesmo sentido F R e v têm sentidos opostos F R e v são perpendiculares F R e v não são perpendiculares
O corpo move-se com O corpo move-se com
O corpo move-se com O corpo move-se com
movimento retilíneo, na direção movimento retilíneo, na direção
movimento curvilíneo, movimento curvilíneo,
e sentido da resultante das da resultante das forças
sem alterar o módulo alterando o módulo e a direção
forças, aumentando o módulo e sentido oposto, diminuindo
da velocidade. da velocidade.
da velocidade. o módulo da velocidade.
Exemplo: movimento da Lua
Exemplo: movimento de um Exemplo: movimento de um Exemplo: movimento de um
(ou de um satélite artificial) em
corpo lançado verticalmente corpo lançado verticalmente corpo lançado obliquamente
torno da Terra considerando
para baixo. para cima, durante a subida. para cima.
a órbita circular.
v
v v
v P
P v
v v
P Fg
P P
Fg P
v Fg
v P v v
v P
P v P

A velocidade varia em direção A velocidade varia em direção


A velocidade varia em módulo mas não em direção.
mas não em módulo. e em módulo.

47
1. MECÂNICA

1.2.5 Aceleração média, aceleração


e gráficos velocidade-tempo

Para quantificar a variação da velocidade de um corpo num certo intervalo


Aceleração média, am: define-se para de tempo define-se a grandeza aceleração média (símbolo a m). No movimento
um intervalo de tempo. retilíneo usa-se a sua componente escalar, am. Caracterizemos esta grandeza:

Aceleração média, a m

• Mede a variação da velocidade por unidade de tempo, sendo definida por:

6v m s–1 vf – vi
m s–2 am = ou am =
6t s tf – ti
v f e v i : velocidade final e inicial, respetivamente, no intervalo de tempo 6t.

• Tem a direção e o sentido do vetor 6v (pois 6t é um escalar positivo).

• Num movimento retilíneo, sobre o eixo dos xx, a sua componente escalar é:

6vx vx f – vx i
am = =
6t 6t
• se am > 0: a m aponta no sentido positivo do eixo

• se am < 0: a m aponta no sentido negativo do eixo

A unidade SI desta grandeza obtém-se dividindo a unidade SI da variação de


velocidade pela unidade SI de tempo: m s−1/s = m s−2.

Quando, por exemplo, o módulo da aceleração média é 5 m s−2, tal signi-


fica que o módulo da velocidade varia, em média, 5 m s−1 em cada segundo.
Quando se diz, em linguagem comum, que um automóvel «vai dos zero aos
cem» num certo tempo, está a dar-se indicação da sua aceleração média. Assim,
um automóvel que partindo do repouso atinja 100 km h−1, ou seja, 28 m s−1,
em 10 s, tem uma aceleração média de 2,8 m s−2. Em média, a sua velocidade
aumenta 2,8 m s−1 em cada segundo.

Vamos relacionar a aceleração média num dado intervalo de tempo com a


velocidade ao longo desse intervalo. Observemos a Fig. 20 que representa, em
referenciais diferentes, o movimento retilíneo acelerado do centro de massa de
um carro que passa de 36 km/h para 72 km/h em 5 s; traça-se o vetor 6v a partir
da soma de vetores, 6v = v f – v i = v f + (–v i), obtendo-se a direção e o sentido
de a m; calcula-se a sua componente escalar e tiram-se conclusões.

48
1.2 Interações e seus efeitos

Aceleração média e velocidade no movimento retilíneo acelerado

Movimento no sentido positivo Movimento no sentido negativo

vi vf vi vf
vxf = 72 km h–1 = 20 m s–1 vxf = –72 km h–1 = –20 m s–1
–1 –1
vxi = 36 km h = 10 m s vxi = –36 km h–1 = –10 m s–1
x x
vf vf

Δv −vi 20 – 10 Δv −vi –20 – (–10)


am = = 2 m s–2 am = = –2 m s–2
5 5
am am

Fig. 20 Velocidade e aceleração média num


movimento retilíneo acelerado.
No movimento retilíneo acelerado e num certo intervalo de tempo, para qual-
quer referencial:
• as componentes escalares da velocidade e da aceleração média ou são
todas positivas ou são todas negativas;
• os vetores velocidade e aceleração média têm a mesma direção e sentido.

Na Fig. 21 faz-se a mesma análise para o movimento retilíneo retardado do


centro de massa de um carro que passa de 72 km h–1 para 36 km h–1 em 5 s.

Aceleração média e velocidade no movimento retilíneo retardado

Movimento no sentido positivo Movimento no sentido negativo

vi vf vi vf

vxf = 36 km h–1 = 10 m s–1 vxf = –36 km h–1 = –10 m s–1


–1 –1
vxi = 72 km h = 20 m s vxi = –72 km h–1 = –20 m s–1
x x
vf vf

−vi −vi
10 – 20 –10 – (–20)
am = = –2 m s–2 am = = 2 m s–2
Δv 5 Δv
5
am am

Fig. 21 Velocidade e aceleração média num


movimento retilíneo retardado.
No movimento retilíneo retardado e num certo intervalo de tempo, para qual-
quer referencial:
• se as componentes escalares da velocidade forem positivas, a da acelera-
ção média será negativa e vice-versa;
• os vetores velocidade têm sentido oposto ao do vetor aceleração média,
mas todos têm a mesma direção.

49
1. MECÂNICA

A vi E se o movimento for curvilíneo?

B A Fig. 22 representa uma trajetória curvilínea, no sentido de A para B: a velo-


vf cidade varia em direção pois é tangente à trajetória em cada ponto. A represen-
tação geométrica dos vetores velocidade, v , nas posições A e B, e a do vetor
6v permite concluir que v e 6v têm direções diferentes. Portanto, o vetor a m e o
vetor v , em cada ponto entre A e B, têm direções diferentes.
vf
Δv Tal como se associa uma velocidade a um instante, também se define
am
aceleração num instante (símbolo a ). A aceleração média aproxima-se da
−vi aceleração quando o intervalo de tempo se torna muito pequeno. Por isso a
aceleração e a aceleração média têm as mesmas unidades.
Fig. 22 Velocidade e aceleração média num
movimento curvilíneo.
A aceleração está associada à variação instantânea da velocidade, ou seja,
indica como a velocidade está a variar em cada instante. Sempre que a veloci-
Aceleração, a : define-se num instante. dade varie – em direção, sentido ou módulo – há aceleração!
Está associada à variação instantânea
da velocidade. Tem as mesmas unidades
O quadro da Fig. 23 mostra diferenças no que respeita à aceleração entre
da aceleração média.
movimentos retilíneos e curvilíneos.

Aceleração, a, em movimentos retilíneos e curvilíneos


Movimentos retilíneos Movimentos curvilíneos
Podem ou não ter aceleração (o movimento retilíneo uniforme Há sempre aceleração, pois a direção de v varia por ser
tem aceleração nula pois v é constante). tangente à trajetória em cada ponto.
a (quando existe) e v têm sempre a mesma direção. a e v têm sempre direções diferentes.
Existe a não nula mesmo que o módulo de v não varie,
Só existe a se variar o módulo de v , pois a direção de v não varia.
pois a direção de v varia sempre.
Fig. 23 Aceleração em movimentos
retilíneos e curvilíneos. Nos movimentos retilíneos também podemos relacionar a direção e sentido
da velocidade e da aceleração, num dado instante, por analogia com o que fize-
mos com a velocidade e a aceleração média. No quadro da Fig. 24 apresenta-
-se essa relação, simbolizando-se por ax a componente escalar da aceleração
Fig. 24 Aceleração e velocidade
(admitindo que o movimento se faz sobre o eixo dos xx).
em movimentos retilíneos.

Aceleração, a, e velocidade, v, em movimentos retilíneos


Movimento retilíneo acelerado Movimento retilíneo retardado
a e v têm a mesma direção e sentido. a e v têm a mesma direção mas sentidos opostos.
Componentes escalares da velocidade e da aceleração: Componentes escalares da velocidade e da aceleração:
são ambas positivas ou ambas negativas. se uma é positiva a outra é negativa.
Movimento sobre o eixo dos xx: Movimento sobre o eixo dos xx:
vx > 0 e ax > 0 vx < 0 e ax < 0 v x > 0 e ax < 0 vx < 0 e ax > 0
Movimento acelerado Movimento acelerado Movimento retardado Movimento retardado
no sentido positivo (vx > 0) no sentido negativo (vx < 0) no sentido positivo (vx > 0) no sentido negativo (vx < 0)

x x x x
v v v v

a a a a

50
1.2 Interações e seus efeitos

Um caso particular de movimento retilíneo é aquele cuja aceleração é sempre a Movimento uniformemente variado:
mesma em qualquer instante e, por isso, coincidente com a aceleração média (em a aceleração em cada instante é constante
e, por isso, igual à aceleração média.
qualquer intervalo de tempo). Este movimento designa-se por movimento unifor-
Se o módulo da velocidade aumentar
memente variado: pode ser uniformemente acelerado se o módulo da velocidade é uniformemente acelerado; se diminuir
aumentar, ou uniformemente retardado se o módulo da velocidade diminuir. é uniformemente retardado.

Um exemplo de movimento uniformemente variado é o movimento vertical Grave: corpo sujeito apenas
de um corpo sujeito apenas à força gravítica: esse corpo designa-se por grave e à força gravítica.
diz-se em queda livre (quer esteja a descer ou a subir).
Queda livre: movimento de um
À aceleração de um grave chama-se aceleração gravítica (símbolo g ). corpo sujeito apenas à força gravítica
(movimento de um grave).
À superfície terrestre, é aproximadamente constante. À nossa latitude o seu
módulo é 9,8 m s−2 mas, muitas vezes, usa-se o valor aproximado 10 m s−2.
Aceleração gravítica, g : aceleração de
Nesta aproximação podemos afirmar que o módulo da velocidade de um grave
um corpo sujeito apenas à força gravítica.
aumenta 10 m s−1 em cada segundo quando cai, e diminui 10 m s−1 em cada Módulo de g à superfície da Terra:
segundo quando sobe após ter sido lançado verticalmente para cima (Fig. 25). g ≈ 10 m s−2.

Grave em queda livre, na descida: Grave em queda livre, na subida:


movimento uniformemente acelerado movimento uniformemente retardado

t =2s v = 10 m s−1
t =0s v = 10 m s−1

v = 20 m s−1 t =1s v = 20 m s−1


t =1s

g g

Fig. 25 Movimento de um grave:


t =2s v = 30 m s−1 t =0s v = 30 m s−1 é uniformemente acelerado na descida
e uniformemente retardado na subida.
Em cada segundo a sua velocidade varia,
em módulo, 10 m s−1.

Relembremos que a velocidade relaciona variações de posição com o tempo


e que a componente escalar da velocidade, num dado instante, é igual ao declive
da reta tangente ao gráfico posição-tempo nesse instante.

Ora, a aceleração relaciona variações de velocidade com o tempo. Então, por


analogia, podemos determinar a componente escalar da aceleração num dado
instante a partir de um gráfico velocidade-tempo:

Componente escalar da aceleração

Em cada instante é igual ao declive da reta tangente ao gráfico


velocidade-tempo, nesse instante. Quanto maior for o declive, em valor
absoluto, maior será a aceleração.

51
1. MECÂNICA

Analisemos os gráficos velocidade-tempo da Fig. 26, retirando informação


sobre a velocidade e a aceleração, de modo a identificar o tipo de movimento
retilíneo.

vx
• vx varia linearmente com o tempo;
o declive da reta, igual a ax, é sempre
ax > 0 o mesmo: ax > 0 e constante.
• O módulo da velocidade aumenta.
• vx > 0: sentido positivo.

Movimento uniformemente acelerado


no sentido positivo
0 t

vx ax > 0
• O declive das retas tangentes é positivo
ax > 0 e aumenta: ax > 0, mas ax não
é constante.
• O módulo da velocidade aumenta.
ax > 0 • vx > 0: sentido positivo.

Movimento acelerado no sentido positivo

0 t

vx
ax < 0 • O declive das retas tangentes é
negativo e aumenta em valor absoluto:
ax < 0 ax < 0, mas ax não é constante.
• O módulo da velocidade diminui.
• vx > 0: sentido positivo.
ax < 0
Movimento retardado no sentido positivo
Fig. 26 Gráficos velocidade-tempo,
componente escalar da aceleração e 0 t
características do movimento.

ax
Repare-se que, no movimento uniformemente variado, como a aceleração é
constante, o declive tem de ser constante, pelo que o gráfico velocidade-tempo
é uma reta (com declive positivo ou negativo).

A partir de um gráfico velocidade-tempo, vx(t), pode construir-se um gráfico


aceleração-tempo, ax(t). No caso de um movimento uniformemente variado,
0 t como a componente escalar da aceleração é constante (positiva ou negativa), o
Fig. 27 Gráfico aceleração-tempo para gráfico aceleração-tempo é uma reta horizontal. A Fig. 27 apresenta um gráfico
um movimento uniformemente variado. aceleração-tempo em que ax é positivo.

Na atividade laboratorial AL 1.1 propõe-se a determinação da aceleração


AL 1.1 p. 61 gravítica.

52
1.2 Interações e seus efeitos

Questão resolvida 3

Um objeto foi deixado cair do cimo de um edifício.


a) No referencial indicado, as componentes escalares da
Numa parte da trajetória foi registado o módulo da
velocidade, vy, são positivas pois o vetor v aponta para baixo,
sua velocidade, em intervalos de tempo de 0,50 s, no sentido do movimento. Determinemos a componente
obtendo-se o seguinte conjunto de valores: escalar da aceleração média, para os vários intervalos
4,5 m s−1, 8,5 m s−1, 12,4 m s−1 e 16,1 m s−1. Utilize de tempo:
como referencial um eixo yy vertical com sentido de 6v 8,5 – 4,5
am = y ; am = = 8,0 m s–2 ;
cima para baixo. 6t 0,5
12,4 – 8,5 16,1 – 12,4
a) O movimento foi uniformemente variado? Justifique. am = = 7,8 m s–2 ; am = = 7,4 m s–2
0,5 0,5
b) Qual das opções pode representar a velocidade e Os valores obtidos mostram que a aceleração média não
a aceleração, e as respetivas componentes esca- é constante, pelo que o movimento não é uniformemente
lares, no intervalo de tempo do registo dos dados? variado. Tal facto deve-se à força de resistência do ar
(veremos que não é constante).
A B C D
b) Opção C. O movimento é acelerado (o módulo da velocidade
aumenta) e o sentido é de cima para baixo, pelo que só
v a v a v a v a
podemos escolher C e D. Como o eixo dos yy está dirigido
vy > 0 vy < 0 vy > 0 vy < 0 de cima para baixo, as componentes da velocidade
e da aceleração são positivas, logo só pode ser a opção C.
ay > 0 ay < 0 ay > 0 ay < 0

Questão resolvida 4

O movimento retilíneo de um corpo está


a) [0, 2] s: movimento no sentido negativo (vx < 0); o módulo da velocidade
descrito no gráfico seguinte.
diminui e, como o declive é constante (aceleração constante)
e positivo (ax > 0), o movimento é uniformemente retardado.
[2, 3] s: a velocidade é nula: repouso.
vx / m s−1
[3, 4] s: movimento no sentido positivo (vx > 0); o módulo da velocidade
4
aumenta e, como o declive é constante (aceleração constante)
e positivo (ax > 0), o movimento é uniformemente acelerado.
[4, 6] s: movimento no sentido positivo (vx > 0); a velocidade
0 é constante: o movimento é uniforme.
2 4 6 8 t/s
[6, 7] s: movimento no sentido positivo (vx > 0); o módulo da velocidade
diminui e, como o declive é constante (aceleração constante)
−4 e negativo (ax < 0), o movimento é uniformemente retardado.
[7, 8] s: movimento no sentido negativo (vx < 0); o módulo da velocidade
aumenta e, como o declive é constante (aceleração constante)
a) Classifique o movimento, nas suas
e negativo (ax < 0), o movimento é uniformemente acelerado.
diferentes fases, justificando.
0 – (–4) ax / m s−2
b) [0, 2] s: am = = 2 m s–2;
b) Construa o gráfico aceleração-tempo. 2 4
[2, 3] s: am = 0 m s–2;
2
4–0
[3, 4] s: am = = 4 m s–2;
1 0
2 4 6 8 t/s
[4, 6] s: am = 0 m s–2;
–4 – 4
[6, 8] s: am = = –4 m s–2. −4
2

QUESTÕES p. 68

53
1. MECÂNICA

1.2.6 Segunda Lei de Newton


Vimos que um efeito da resultante das forças que atuam num corpo é a varia-
ção da sua velocidade, a qual está associada à aceleração. Por isso, a resultante
das forças terá de se relacionar com a aceleração. A atividade seguinte permite
tirar algumas conclusões sobre essa relação.

Atividade 1: Como se relaciona a resultante das forças


exercidas sobre um corpo com a sua aceleração?

Acelerómetro Sensor de força


Para dar resposta a esta questão, use
um carrinho sobre uma calha horizon-
tal e, sobre ele, um sensor de força e
um sensor de aceleração (chamado
acelerómetro) ligados a um sistema de x
aquisição de dados.
Siga os procedimentos indicados no
Anexo 4.

Repare-se que, no exemplo da Atividade anterior, quando se puxa o carrinho


com uma força horizontal, ela é praticamente igual à resultante das forças: na
direção vertical, o peso e a força normal anulam-se; na direção horizontal, o
atrito nas rodas é desprezável; assim, a força exercida coincide com a resultante:
FR = F.

A Fig. 28 mostra gráficos obtidos na Atividade anterior: as componentes esca-


lares da força e da aceleração ora são positivas ora são negativas porque a força
Fig. 28 Gráficos força-tempo,
aceleração-tempo e força-aceleração foi exercida ora num sentido ora no outro. Na figura registam-se também as
para o movimento de um carrinho. conclusões tiradas da forma dos gráficos.

Gráfico força-tempo Gráfico aceleração-tempo Gráfico força-aceleração

Força
Força Aceleração

Tempo Tempo
Aceleração

Gráfico linear, passando a reta pela


Gráficos com forma semelhante, diferindo apenas nos valores (e unidades) origem: indica que as grandezas são
no eixo vertical: tal sugere que as grandezas força e aceleração apenas diretamente proporcionais, sendo o
diferem numa constante. declive da reta igual à massa de
carrinho + sensores.

Estas propriedades generalizam-se a outros movimentos.

54
1.2 Interações e seus efeitos

Foi Newton quem primeiro relacionou a força e a aceleração por ela pro-
duzida, formulando uma Lei, conhecida por Segunda Lei de Newton ou Lei
Fundamental da Dinâmica:

Segunda Lei de Newton ou Lei Fundamental da Dinâmica

• A resultante das forças, F R, exercidas num sistema de massa constante, m,


e a aceleração, a , do sistema relacionam-se por:

N FR = m a m s–2
kg

• F R tem a direção e o sentido de a (pois m é um escalar positivo).


• Os módulos da resultante das forças, FR, e da aceleração, a, são
diretamente proporcionais, sendo m a constante de proporcionalidade:
o gráfico «resultante das forças – aceleração» é uma reta que passa pela
origem, com declive positivo e igual a m (maior m significa maior declive). FR

Esta Lei permite tirar conclusões importantes: Declive = m


• quanto maior for o módulo da resultante das forças aplicadas a um corpo,
maior será o módulo da sua aceleração (Fig. 29);
0 a
• um corpo terá movimento uniformemente variado se a resultante das for-
Fig. 29 Os módulos da resultante das forças
ças que atuarem sobre ele for constante, sendo a aceleração constante;
e da aceleração são diretamente
• a mesma resultante de forças aplicada a corpos de massas diferentes proporcionais, sendo a massa a constante de
proporcionalidade (igual ao declive da reta).
provocará menor aceleração no corpo que tiver maior massa (Fig. 30).

FR 1 2
3
a1
a2
FR a3
FR FR
m1 m2 m3

0 a1 a2 a3 a

m1 > m2 > m3
O exemplo da Fig. 30 mostra que o corpo de massa maior resiste mais à varia- Fig. 30 A mesma resultante de forças
aplicada a corpos de massas diferentes
ção de velocidade, pois adquire menor aceleração. Esta propriedade – resis- provoca menor aceleração no corpo
tência à variação de velocidade – chama-se inércia e é medida pela massa do de maior massa.
corpo: quanto maior for a massa de um corpo maior será a sua inércia. A massa
que aparece na expressão da Segunda Lei de Newton é também designada por
massa inercial.

Vamos aplicar a Segunda Lei de Newton à queda livre de um corpo perto da Inércia: resistência à variação
superfície da Terra. Como a resultante das forças é igual ao peso e a aceleração de velocidade; será tanto maior
quanto maior for a massa do corpo.
é a aceleração gravítica, obtemos:

FR = m a equivalente, neste caso, a P = m g

55
1. MECÂNICA

A expressão P = m g indica que o módulo do peso é diretamente proporcional


P
à massa, sendo g a constante de proporcionalidade, que é aproximadamente
constante à superfície da Terra. Por isso, quanto maior for a massa de um corpo,
maior será o seu peso (Fig. 31).
Declive = g
É possível calcular o valor de g num ponto qualquer da Terra ou em torno
dela. Suponhamos um corpo de massa m em queda livre, e à distância r do cen-
0 m
tro de massa da Terra (Fig. 32): a única força que atua sobre ele é a força gravítica.
Fig. 31 O módulo do peso é diretamente De acordo com a Segunda Lei de Newton, com FR = Fg,
proporcional à massa, sendo o módulo
da aceleração gravítica a constante de
proporcionalidade (igual ao declive da reta). Fg = m a

Usamos agora a Lei da Gravitação Universal. Sendo mT a massa da Terra e


g dado que a aceleração, a, é a aceleração gravítica, g, resulta:

mTm m m
G 2
= m a ‹ G 2T = a ‹ g = G 2T
r r r r

Se o corpo estiver à superfície da Terra, r será o raio da Terra.

Conclui-se que o módulo da aceleração gravítica, g, num dado ponto, só


depende da distância desse ponto ao centro de massa da Terra pois G e mT são
constantes: é inversamente proporcional ao quadrado da distância ao centro de
Fig. 32 O módulo da aceleração gravítica
num ponto depende da distância ao centro massa da Terra.
de massa da Terra.
Vamos aplicar a Segunda Lei de Newton ao movimento retilíneo de corpos
nos quais apenas atuam forças constantes. Vejamos um método de resolução:
Módulo da aceleração gravítica
num ponto, g : só depende da distância
• define-se um referencial xOy, fazendo coincidir um eixo com a direção
desse ponto ao centro de massa da Terra. do movimento (Fig. 33); como no movimento retilíneo a aceleração tem a
direção do movimento, só há aceleração nessa direção (na outra direção
a aceleração é nula);
v
y • se as forças não tiverem a direção dos eixos, decompõem-se segundo
essas direções, como mostra a Fig. 34 para a força F (uma das várias forças
que atuam no corpo), e determinam-se as suas componentes escalares;
0 x
• aplica-se a Segunda Lei de Newton usando equações escalares:
Fig. 33 Sistema de eixos em que um eixo
tem a direção do movimento.

FRx = m ax
FR = m a ‰
y FRy = 0
F

(movimento segundo o eixo dos xx )


Fy

Nas equações anteriores usam-se as componentes escalares das forças:


têm sinal positivo ou negativo conforme os respetivos vetores apontem no sen-
x tido positivo ou negativo dos eixos.
Fx

Fig. 34 Decomposição de uma força Na Fig. 35 apresentam-se estes procedimentos para o movimentos de blocos,
em duas forças perpendiculares.
havendo atrito entre as superfícies em contacto.

56
1.2 Interações e seus efeitos

Força horizontal a puxar um bloco Forças aplicadas no centro Resultante


Segunda Lei de Newton: FR = m a
num plano horizontal de massa: das forças:

FRx = m a F – Fa = m a
N ‹ ‹
FRy = 0 N–P=0
y Fa F
FR
F F – Fa
a=
x ‹ m
P
N=P

Força oblíqua a puxar um bloco Decomposição da força F nas direções Pela definição de seno e cosseno:
num plano horizontal dos eixos dos xx e dos yy:
Fx = F cos e e Fy = F sin e
Fy F ս Segunda Lei de Newton: FR = m a
Fx FRx = m a Fx – Fa = m a
‹ ‹
Forças aplicadas no centro Resultante FRy = 0 N + Fy – P = 0
y de massa: das forças:
F N F cos e – Fa = m a
ս ‹ ‹
x
N + F sin e – P = 0
Fa Fy
FR F cos e – Fa
Fx a=
‹ m
P
N = P – F sin e

Fig. 35 Aplicação da Segunda Lei de


Repare-se na conclusão que se tira das equações escalares que exprimem Newton ao movimento de um bloco puxado
a Segunda Lei de Newton: a primeira dá a componente escalar da aceleração por duas forças diferentes.
a partir da resultante das forças (ou vice-versa); a segunda permite relacionar
módulos de forças (no primeiro caso tem-se N = P; no segundo tem-se N < P).
QUESTÕES p. 70
Questão resolvida 5

O carrinho da figura transporta um bloco e sobe uma rampa, com


ângulo de inclinação 12°, puxado por um cabo que exerce uma F
força, F, de 200 N. A massa do conjunto (considerado uma partícula)
é 50,0 kg. Despreze as forças de atrito. Calcule o módulo da acele-
12°
ração do conjunto e da força normal exercida pelo plano sobre ele.

Traça-se um sistema de eixos cujo eixo dos xx coincida com a direção y


do movimento. Decompõe-se o vetor peso nas duas direções do sistema Px
x 90 − ս
de eixos (ver figura) e determinam-se os módulos das componentes
Py
escalares: Px = P sin e e Py = P cos e. Marcam-se as forças e aplica-se ս
a Segunda Lei de Newton: FR = m a P

FRx = m a F – Px = m a F – P sin e = m a
‹ ‹ ‹ N
FRy = 0 N – Py = 0 N – P cos e = 0 F
Px

F – P sin e 200 – 500 sin 12˚ Py


a= a= = 1,9 m s–2 y
‹ m ‹ 50
N = P cos e N = 500 cos 12˚ = 4,9 × 102 N x
12°

57
1. MECÂNICA

1.2.7 Primeira Lei de Newton


Já abordámos a Terceira Lei de Newton e depois a Segunda Lei de Newton.
Falta a Primeira Lei, designada assim por ter antecedido historicamente as
outras duas. Esta Lei baseia-se nas observações de movimentos feitas por
Galileu (Fig. 36).

Até ao século XVII prevaleceu a ideia, defendida pelo grego Aristóteles


(século IV a.C.), de que um corpo só se mantinha em movimento se uma força
o empurrasse. Galileu, porém, mostrou que essa ideia estava incorreta.

Galileu realizava experiências reais mas também imaginárias. Imaginou uma


Fig. 36 Galileu Galilei,
considerado o «pai» da bola (redutível a uma partícula) que descia uma rampa e, de seguida, subia outra
física por ter introduzido a (ambas com superfícies muito lisas), atingindo a altura inicial porque não existia
experimentação, contribuiu
com as suas ideias para a atrito (Fig. 37). Se diminuísse a inclinação da segunda rampa, a bola percorreria
Primeira Lei de Newton. maior distância até atingir a altura inicial. Quanto mais a segunda rampa se apro-
ximasse do plano horizontal, maior seria a distância que a bola percorreria.
No limite, se a rampa se tornasse horizontal, então a bola nunca pararia e a
velocidade manter-se-ia constante.

Quando o plano passa a ser horizontal, e como não há atrito, a resultante


das forças na bola é nula. Foi precisamente o atrito que Aristóteles não teve em
conta e que o levou a uma conclusão diferente.

Assim, segundo Galileu, se nenhuma força atuar sobre um corpo e se ele


estiver em repouso, continuará em repouso, mas, se estiver em movimento,
permanecerá em movimento com a mesma velocidade. A expressão «nenhuma
Fig. 37 Experiência pensada
por Galileu: no plano horizontal força» significa que a resultante das forças é nula. As ideias de Galileu estão
a bola manterá a velocidade. contidas na Segunda Lei de Newton:

Se v = 0 (corpo em repouso):
continua em repouso.
Resultante das forças nula: aceleração nula:
FR = 0 a=0
Se v & 0 (corpo em movimento):
continua em movimento com a mesma velocidade.

Newton formulou a sua Primeira Lei, também designada por Lei da Inércia,
do seguinte modo:

Primeira Lei de Newton ou Lei da Inércia

Se a resultante das forças exercidas num corpo for nula o corpo manterá a
sua velocidade:
• se estiver em repouso permanecerá em repouso;
• se estiver em movimento permanecerá em movimento com velocidade
constante, isto é, em movimento retilíneo uniforme.

58
1.2 Interações e seus efeitos

A designação «Lei da Inércia» tem a ver com o conceito de inércia: um corpo Inércia: tendência que um corpo tem
tenderá a manter a sua velocidade (resiste à mudança de velocidade) se a resul- em manter a sua velocidade se for nula a
resultante das forças que atua sobre ele.
tante das forças sobre ele for nula. É o caso, por exemplo, do movimento numa
superfície horizontal gelada (Fig. 38): o atrito é desprezável, a resultante das for-
ças é praticamente nula e a velocidade mantém-se aproximadamente.

Vejamos algumas situações explicadas por esta Lei.

A Lei explica por que razão são indistinguíveis situações de repouso e de


movimento retilíneo uniforme. Por exemplo, se viajarmos de avião e este tiver,
num certo intervalo de tempo, movimento retilíneo uniforme, temos a sensação
de estar parados: não nos sentimos empurrados para a frente, ou para trás, ou
para os lados. Numa situação destas podemos tomar uma refeição como se esti- Fig. 38 Como a resultante das forças
é praticamente nula, a velocidade tende
véssemos em casa, sem correr o risco de os pratos ou copos serem projetados
a manter-se.
(Fig. 39 – A). Tal significa que os corpos não são sensíveis à velocidade, por muito
grande que ela seja, mas apenas à sua variação, ou seja, à aceleração!

A Lei explica também a necessidade do uso de cintos de segurança: quando


se acionam bruscamente os travões de um veículo, uma força, oposta à velo-
cidade, é exercida sobre ele; mas a resultante das forças nos seus ocupantes
é praticamente nula, pelo que eles tendem a continuar com a velocidade que
tinham no instante da travagem. Ou seja, o veículo imobiliza-se mas os ocupan-
tes não! Uma situação semelhante acontece quando um cavalo trava de repente
como mostra a Fig. 39 – B.

A mesma Lei explica ainda o despiste de um carro que circula numa estrada
coberta de gelo (Fig. 39 – C): numa curva, é a força de atrito que faz variar a velo-
cidade do carro; como o atrito na superfície gelada é pequeno, a resultante das
forças no carro é praticamente nula e, por isso, este tende a seguir em linha reta
com a velocidade com que entrou na curva.
Fig. 39 Algumas situações explicadas
pela Primeira Lei de Newton.

A B C

Se o movimento do avião for retilíneo O despiste de um carro numa


A travagem brusca do cavalo
uniforme tudo se passará como estrada gelada deve-se à quase
leva à queda do cavaleiro.
se ele estivesse em repouso no solo. ausência de atrito.

QUESTÕES p. 73
Na atividade laboratorial AL 1.2 faz-se o estudo de um movimento quando a
resultante das forças é nula e quando não é nula. AL 1.2 p. 64

59
1. MECÂNICA

RESUMO
• Interações fundamentais na natureza por ordem decrescente de inten-
sidade relativa: nuclear forte, eletromagnética, nuclear fraca, gravítica. As
interações eletromagnética e a gravítica têm alcance infinito. A interação
forte tem alcance ligeiramente maior do que a interação fraca (ambas atuam
apenas ao nível nuclear).
• Lei da Gravitação Universal: dois corpos atraem-se, exercendo um sobre o
mm
outro forças gravíticas de igual direção e intensidade Fg = G 1 2 2 e sentidos
r
opostos. Estas forças têm a ver com a massa dos corpos. Peso: força graví-
tica exercida pelo planeta sobre os corpos à sua superfície ou perto dela.
• Terceira Lei de Newton ou Lei da Ação-Reação: Se um corpo exerce uma
força sobre outro, esse exerce sobre o primeiro uma força de igual inten-
sidade e direção mas sentido oposto. As duas forças designam-se por par
ação-reação. Como estão aplicadas em corpos diferentes, os seus efeitos não
se anulam.
• Efeito da resultante das forças, F R, sobre a velocidade de um corpo, v: se
tiverem a mesma direção, a resultante das forças apenas alterará o módulo
da velocidade (aumentando-a se tiverem o mesmo sentido, diminuindo-a se os
sentidos forem opostos) e a trajetória será retilínea; se tiverem direções dife-
rentes a trajetória será curvilínea e a velocidade variará e, se forem sempre
perpendiculares, variará a direção da velocidade mantendo-se o seu módulo.
6v
• Aceleração média, a m: a m = ; define-se num intervalo de tempo; é uma
6t
variação de velocidade por unidade de tempo; unidade SI: m s−2.
• Aceleração, a: define-se num instante; está associada à variação instantâ-
nea da velocidade. Se for constante é igual à aceleração média, o movimento
será retilíneo e diz-se uniformemente variado (uniformemente acelerado se
a velocidade aumentar e uniformemente retardado se a velocidade diminuir).
Unidade SI: m s−2.
• Aceleração, a, e velocidade, v: num movimento retilíneo têm a mesma dire-
ção (mesmo sentido se o movimento for acelerado ou sentidos opostos se
for retardado); num movimento curvilíneo têm direções diferentes. Todos os
movimentos curvilíneos têm aceleração não nula porque a velocidade varia.
• Componente escalar da aceleração: num dado instante é igual ao declive
da reta tangente ao gráfico velocidade-tempo nesse instante.
• Segunda Lei de Newton: F R = m a; F R e a têm sempre a mesma direção e
sentido porque m é um escalar positivo; m mede a inércia do corpo (resistên-
cia à variação de velocidade); os módulos FR e a são diretamente proporcio-
nais, sendo m a constante de proporcionalidade.
• Queda livre: movimento de um corpo (chamado «grave») sujeito apenas à
força gravítica; a sua aceleração, g, designa-se por aceleração gravítica.
• Primeira Lei de Newton: se a resultante das forças sobre um corpo for nula
o corpo permanecerá em repouso se estiver em repouso ou ficará em movi-
mento retilíneo uniforme se estiver em movimento.

60
1.2 Interações e seus efeitos

ATIVIDADE LABORATORIAL 1.1

Queda livre: força gravítica e aceleração


gravítica
Vamos realizar uma atividade no laboratório que permita dar resposta à seguinte
questão:

Um grupo de amigos salta para


uma piscina. Terão a mesma
aceleração no movimento
de queda?

Questões pré-laboratoriais

1. Considere um corpo em queda livre.


a) Que significa a expressão «queda livre»?
b) Que nome se dá à sua aceleração?
c) A Terra estará em queda livre à volta do Sol? Justifique. Célula 1

d) Um paraquedista estará em queda livre? Justifique.

2. Uma maçã, redutível a uma partícula, cai de uma árvore. Considere que o
seu movimento é de queda livre.
a) Trace a(s) força(s) que atua(m) sobre ela, assim como a velocidade e
aceleração, no movimento de queda.
b) Classifique, justificando, o movimento.
c) Se várias maçãs com diferentes massas (como os amigos que saltam
para a piscina) caíssem, as suas acelerações seriam iguais ou diferen-
tes? Justifique. Célula 2
3. Como poderá determinar experimentalmente, com uma célula fotoelétrica
ligada a um cronómetro digital, a velocidade de um corpo num dado ins-
tante do seu movimento de queda? Fundamente esse procedimento. Cronómetro
digital
4. Como poderá determinar experimentalmente a aceleração de um corpo,
no seu movimento de queda, partindo do conceito de aceleração média Fig. 40 Montagem para determinar
e usando a montagem da Fig. 40 ? a aceleração média no movimento
de queda de uma esfera.

61
1. MECÂNICA

ATIVIDADE LABORATORIAL 1.1 (cont.)

Trabalho laboratorial

Nesta atividade pretende-se medir a aceleração no movimento de queda de


objetos com diferentes massas, utilizando o seguinte material:
• duas células fotoelétricas com ligação a um cronómetro digital;
• duas esferas de massas diferentes, um suporte e uma craveira.

O cronómetro digital tem dois modos de funcionamento. Num deles (A) usa-se
apenas uma célula fotoelétrica ligada ao cronómetro: este é ativado quando o
feixe luminoso emitido é bloqueado pela passagem de um objeto e desativado
quando esse feixe é desbloqueado. No outro modo (B) pode medir-se o tempo
que um objeto leva a deslocar-se entre duas posições: são usadas duas células
fotoelétricas, ambas ligadas ao cronómetro, colocadas nessas duas posições. O
cronómetro é ativado quando o feixe luminoso é bloqueado na primeira célula
pela passagem do objeto e desativado quando o feixe é bloqueado na segunda
Fig. 41 A esfera deve cortar o feixe
luminoso da célula fotoelétrica pelo
célula pela passagem do objeto. As esferas devem passar pelas células fotoelé-
seu diâmetro. tricas cortando o feixe pelo seu diâmetro (Fig. 41).

Faça a montagem da Fig. 40. As células 1 e 2 devem estar alinhadas (use uma
régua ou um fio de prumo) de modo que uma esfera, deixada cair imediatamente
acima da célula 1, passe pela célula 2 sem colidir com ela.

1. Meça o diâmetro das esferas


com uma craveira. Registe o resul-
3. Registe a incerteza de leitura do
cronómetro e o valor lido nele. Repita
tado das medidas tendo em conta este procedimento mais duas vezes.
a incerteza absoluta de leitura do
instrumento.

2. Ligue apenas a célula 2 ao cro-


nómetro, selecionando o modo cor-
4. Tendo as duas células ligadas,
e selecionando o modo correto no
reto (A ou B). Deixe cair uma esfera cronómetro digital (A ou B), volte a
imediatamente acima da célula 1, de deixar cair a esfera imediatamente
modo que a sua velocidade, quando acima da célula 1: o cronómetro mede
passa por esta célula, seja pratica- o tempo de queda entre as duas célu-
mente nula. O cronómetro registará las. Repita o procedimento mais duas
o tempo de passagem da esfera pela vezes. Registe os dados obtidos.
célula 2.
Qual é a vantagem de a esfera ter velo-
cidade nula ao passar pela célula 1?

62
1.2 Interações e seus efeitos

5. Repita todos os procedimen-


tos anteriores mas agora com a outra
6. Construa uma tabela com todos
os dados experimentais obtidos.
esfera.

Questões pós-laboratoriais

1. Complete a tabela de dados determinando, para cada esfera:


a) o tempo mais provável da passagem da esfera pela célula 2 e a velo-
cidade nessa posição;
b) o tempo de queda mais provável entre as duas células e a aceleração
média do movimento.

2. Identifique as medições diretas e as medições indiretas.

3. Identifique erros experimentais que possam ter ocorrido.

4. Compare os resultados obtidos para as duas esferas, tendo em conta


possíveis erros experimentais. Que conclui?

5. Determine o erro percentual associado à medição da aceleração média


de cada esfera, supondo o valor tabelado de 9,8 m s−2. Em qual das
esferas foi mais exato o valor obtido?

6. Outro grupo de alunos obteve os dados da tabela seguinte.

Diâmetro 6t de passagem 6tqueda entre


da esfera na célula 2 as duas células v / m s−1 a / m s−2
(± 0,5) / mm (± 0,1) / ms (± 0,1) / ms

8,4 223,7

19,27 8,9 225,2

8,5 220,5

a) Apresente a medida do tempo de queda entre as células na unidade


SI e em função do desvio percentual.
b) Complete a tabela. Compare, quanto à exatidão, o valor encontrado
por este grupo para a aceleração média e o valor obtido por si.

7. Dê resposta à questão inicial.

63
1. MECÂNICA

ATIVIDADE LABORATORIAL 1.2

Forças nos movimentos retilíneos acelerado


e uniforme
Vamos realizar uma atividade no laboratório que permita dar resposta à seguinte
questão:

Um trenó, transportando
crianças, é empurrado numa
superfície horizontal gelada,
adquirindo movimento.
Será necessário continuar a
empurrá-lo para o manter em
movimento nessa superfície?

Questões pré-laboratoriais

1. A descrição dos movimentos foi outrora diferente da c) Qual é a força responsável por pôr em movimento o
que é hoje. Qual seria a resposta à questão inicial desta conjunto carrinho + corpo suspenso?
atividade: d) Escreva as expressões da Segunda Lei de Newton
a) com base no ponto de vista de Aristóteles? para o movimento do carrinho e do corpo sus-
b) com base no ponto de vista de Galileu? Por que penso e, a partir delas, deduza uma expressão
razão diferem os dois pontos de vista? para a aceleração do conjunto carrinho + corpo
suspenso.
2. Para simular a situação da questão inicial pode-se usar
um carrinho, que se move sobre um plano horizontal, e) Classifique, justificando, o movimento anterior.
puxado por um fio (inextensível e de massa despre- f) Se o fio for suficientemente comprido, o corpo aca-
zável) ligado a um corpo suspenso, como mostra a bará por colidir com o solo e o fio deixará de puxar
seguinte figura. o carrinho.
i) Que forças passarão a atuar no carrinho e no
corpo?
ii) Qual será a resultante das forças sobre o carri-
nho? E sobre o corpo?
iii) O que prevê que aconteça ao carrinho? Justifique.
a) Qual será a diferença entre usar um carrinho ou um iv) Esboce um gráfico velocidade-tempo para o
bloco? movimento do carrinho desde que o conjunto se
b) Trace as forças que atuam sobre o carrinho e sobre começa a mover até que o corpo fique no solo
o corpo suspenso. após colidir com ele, aí permanecendo.

64
1.2 Interações e seus efeitos

Trabalho laboratorial

Nesta atividade pretende-se estudar o movimento retilíneo de um carrinho, na


situação descrita na questão pré-laboratorial 2, a partir do gráfico velocidade-
-tempo do seu movimento.
O carrinho pode estar numa calha apoiada numa mesa. Para obter o referido
gráfico, pode usar-se um sistema de aquisição automática de dados, que inclua
um sensor de movimento, e que disponibilize em tempo real o gráfico veloci-
dade-tempo (Fig. 42).

Fig. 42 Movimento de
um carrinho e sistema
de aquisição automática
de dados para obter o
gráfico velocidade-tempo.

Use um fio suficientemente comprido, de modo que consiga estudar o movi-


mento do carrinho quando o fio está em tensão e após o corpo suspenso ter
colidido com o solo.

1. Obtenha o gráfico velocidade-


-tempo para o movimento do carrinho,
3. Verifique que existem duas
zonas distintas e aproximadamente
em todo o percurso sobre a calha, e lineares no gráfico. Selecionando os
esboce esse gráfico no seu caderno. dados experimentais para intervalos
de tempo convenientes, obtenha, para

2. Selecione um intervalo de
tempo que inclua o instante em que
cada uma dessas zonas, a equação
da reta de regressão (use a opção de
estatística do sistema de aquisição de
o corpo suspenso colidiu com o solo. dados).

Questões pós-laboratoriais

1. Identifique os tipos de movimentos no gráfico veloci- 4. Pode considerar-se desprezável a força de atrito?
dade-tempo e faça-os corresponder a cada situação do Justifique.
movimento do carrinho.
5. Indique, justificando com base em alguma das Leis de
2. Confronte o gráfico obtido com o previsto nas questões Newton, se a resultante das forças que atuam no carri-
pré-laboratoriais. nho é nula nalguma parte do movimento.

3. Qual é o valor experimental da aceleração do movi- 6. Um corpo poderá manter-se em movimento mesmo que
mento em cada uma dessas situações? a resultante das forças sobre ele seja nula? Justifique.

65
1. MECÂNICA

QUESTÕES
Notas: 4. Que interação fundamental é a menos forte mas que
Na resposta a questões de escolha múltipla selecione a única opção tem alcance infinito?
que permite obter uma afirmação verdadeira ou responder correta-
mente à questão colocada. 5. Assinale a opção que completa a frase seguinte.
Considere os corpos redutíveis a partículas.
Comparando a intensidade relativa das interações fun-
Nas questões que envolvam cálculos, estes devem ser apresentados.
Considere g = 10 m s−2.
damentais e o respetivo alcance conclui-se que a força
nuclear fraca é … intensa do que a força eletromagné-
tica, sendo o seu alcance …
1.2.1 As quatro interações fundamentais (A) mais … maior. (B) menos … menor.
na natureza (C) menos … maior. (D) mais … menor.
1. Selecione a afirmação correta:
6. Como explica que o núcleo atómico se mantenha
(A) Um corpo exerce uma força sobre ele próprio. coeso, apesar de conter protões que se repelem?
(B) As interações elétricas e magnéticas não estão
relacionadas.
(C) Se num corpo atuam forças gravíticas não podem
1.2.2 Interação gravítica
atuar forças eletromagnéticas.
e Lei da Gravitação Universal
(D) Numa interação entre corpos, cada um deles exerce
uma força e o outro sofre a ação dessa força. 7. Qual é a intensidade da força gravítica que a Terra exerce
sobre o Sol, distanciados de 1 ua? (1 ua = 1 unidade astro-
2. Identifique a interação fundamental nas descrições
nómica = distância média Terra-Sol = 150 milhões de
seguintes:
quilómetros; mSol = 1,99 × 1030 kg; mTerra = 5,97 × 1024 kg)
A. Forças associadas à massa dos corpos.
B. Forças entre corpos carregados eletricamente. 8. Um astronauta de 80 kg estava na Estação Espacial
C. Forças responsáveis pela queda dos corpos. Internacional (ISS), quando a massa da ISS era 400 t.
Compare as intensidades das forças gravíticas exerci-
D. Forças de repulsão entre protões.
das pela Terra sobre o astronauta e sobre a ISS.
E. Forças com relevância em fenómenos astronómicos
como o movimento orbital do Sol na nossa Galáxia. 9. Se um objeto for levado da Terra para um veículo espa-
F. Forças responsáveis pela coesão do núcleo atómico. cial em órbita a uma altitude igual a cinco raios ter-
G. Forças responsáveis pelo movimento dos planetas restres, a intensidade da força gravítica exercida pela
em torno do Sol. Terra sobre ele passará a ser:

H. Forças intervenientes na transformação de um pro- (A) 5 vezes menor. (B) 6 vezes menor.
tão num neutrão. (C) 25 vezes menor. (D) 36 vezes menor.
I. Forças responsáveis pelas ligações químicas nas
10. Um corpo de 2 kg foi posto em órbita a uma certa alti-
unidades estruturais dos materiais.
tude da Terra. A intensidade da força gravítica que a
J. Forças exercidas entre o solo e uma pessoa que Terra passou a exercer sobre ele é 5 N. O raio desta
sobre ele caminha. órbita é:

3. Que interações fundamentais explicam: (A) um quarto do raio da Terra.

a) os fenómenos macroscópicos? (B) metade do raio da Terra.

b) apenas os fenómenos às escalas do núcleo atómico (C) o dobro do raio da Terra.


e do átomo? (D) o quádruplo do raio da Terra.

66
1.2 Interações e seus efeitos

11. Neptuno está a 30 ua de distância do Sol, a sua massa b) ainda está na mão de quem a lança, mas num ins-
é cerca de 18 vezes maior do que a massa da Terra e o tante em que a mão já está a lançá-la.
seu raio é cerca de quatro vezes maior do que o raio da c) está a subir.
Terra. Compare as intensidades:
d) está a descer.
a) das forças gravíticas exercidas pelo Sol sobre cada
e) colide com a mão que a lançou quando desce.
um desses planetas.
b) das forças gravíticas exercidas sobre um mesmo 15. É fácil caminhar sobre o gelo? Porquê? Indique, justi-
corpo à superfície de cada um desses planetas. ficando, que força faz iniciar a marcha de uma pessoa.

16. Nas situações seguintes, represente as forças que


atuam sobre cada desportista, considerados partícu-
1.2.3 Pares ação-reação e Terceira las, assim como os respetivos pares ação-reação. Em I,
Lei de Newton II e III as pessoas estão em repouso.

12. Um camião e um carro chocam frontalmente. Considere I II


as situações I, II e III:
I. Quando colidem, o carro e o camião movem-se com
velocidades de módulos iguais.
II. Quando colidem, o carro está a mover-se mais rapi- III IV
damente do que o camião.
III. O camião para após colidir com o carro.
Qual das afirmações seguintes traduz o que acontece
em cada uma das situações descritas I, II e III?
(A) A força que o camião exerce sobre o carro é maior
do que a força que o carro exerce sobre o camião, 17. Considere as situações das figuras. Em I, III e IV existe
pois este tem maior massa do que o carro. atrito, o movimento é para a esquerda e as forças exer-
(B) Só o camião exerce força sobre o carro porque tem cidas pelas pessoas são horizontais. Em II a força exer-
uma massa muito maior. cida pela pessoa faz um ângulo de 30° com a horizontal,
sendo dirigida para baixo, e o atrito é desprezável. Todos
(C) As forças que o camião e o carro exercem um sobre
os corpos são redutíveis a partículas. Represente as for-
o outro são simétricas.
ças que atuam em cada caixote em I, III e IV, e no sistema
(D) As forças que o camião e o carro exercem um sobre
carrinho + caixote em II, e indique os corpos em que
o outro são iguais.
estão aplicadas as forças do respetivo par ação-reação.
13. O que há de errado na seguinte afirmação? I II
«Uma pessoa puxa um caixote com uma dada força.
Como este puxa a pessoa com uma força igual e oposta,
a pessoa e o caixote nunca se moverão.»

14. Uma bola é lançada verticalmente para cima, sendo III IV


desprezável a resistência do ar durante o movimento. X Y A
Represente a(s) força(s) que atua(m) sobre a bola e o(s)
B
respetivo(s) par(es) ação-reação quando a bola:
a) está na mão de quem a lança, ainda em repouso.

67
1. MECÂNICA

18. Observe a figura: um corpo, redutível a uma partí- III. A resultante das forças e a velocidade são
cula, move-se inicialmente numa rampa, depois perpendiculares.
numa superfície horizontal, acabando por cair no IV. A resultante das forças e a velocidade não têm a
solo. As superfícies em contacto são rugosas e a mesma direção, não sendo perpendiculares.
resistência do ar é desprezável. Represente as for-
ças que atuam no corpo nos percursos A, B e C e 21. Um carrinho move-se com velocidade constante
indique onde estão aplicadas as forças dos respeti- quando sobre ele passam a atuar forças com resul-
vos pares ação-reação. tante não nula.
Assinale a opção que completa a frase seguinte.
A O carrinho mover-se-á com trajetória … se a resultante
B
das forças for … à velocidade do carrinho, … obrigatoria-
mente o módulo da velocidade.
C
(A) retilínea … perpendicular … mantendo-se
(B) retilínea … paralela … aumentando
(C) curvilínea … perpendicular … mantendo-se

1.2.4 Efeito das forças (D) curvilínea … paralela … diminuindo

sobre a velocidade

19. Se um carrinho se move com velocidade constante,


descreve uma trajetória: 1.2.5 Aceleração média, aceleração
(A) retilínea sem inversão de sentido. e gráficos velocidade-tempo
(B) retilínea com inversão de sentido.
22. A aceleração média de um carrinho é nula quando ele
(C) circular.
descreve:
(D) curvilínea.
(A) um quarto de trajetória circular.

20. Num carro em movimento passa a exercer-se uma (B) um movimento retilíneo acelerado.
resultante de forças não nula. A cada uma das situa- (C) um movimento retilíneo retardado.
ções A, B, C e D faça corresponder uma das opções I, (D) um movimento retilíneo uniforme.
II, III e IV.
A. O velocímetro indica valores cada vez mais eleva- 23. Observe a figura seguinte: no instante inicial a velo-
dos e a direção do movimento não se altera. címetro do carro marca 72 km h−1 e o módulo da sua
velocidade varia de 3 m s−1 no primeiro segundo de
B. O velocímetro indica sempre o mesmo valor e a
travagem.
direção do movimento altera-se.
C. O velocímetro indica valores cada vez menores e a
v v v
direção do movimento não se altera.
D. Os valores indicados pelo velocímetro alteram-se,
x
assim como a direção do movimento. t=2s t=1s t=0s
I. A resultante das forças e a velocidade têm a mesma
direção mas sentidos opostos. a) Supondo que a aceleração é constante nos 2 s de
II. A resultante das forças e a velocidade têm a mesma movimento, classifique o movimento e indique o
direção e sentido. valor marcado no velocímetro ao fim de 2 s.

68
1.2 Interações e seus efeitos

b) Qual das opções completa a frase seguinte? 26. Considere os seguintes gráficos velocidade-tempo.
As componentes escalares da velocidade são …,
apontando o vetor aceleração para a …. vx vx vx

(A) positivas … direita.


0 0 0
(B) negativas … direita. t t t

(C) positivas … esquerda. I II III

(D) negativas … esquerda.


vx vx vx
24. Um motociclo descreve uma trajetória retilínea par-
0 0 0
tindo do repouso. Durante 20,0 s sofre acréscimos t t t
constantes de velocidade de 0,50 m s−1 em cada
segundo. Mantém depois a velocidade durante 10,0 s. IV V VI
Trava nos 5,0 s seguintes, com aceleração constante,
acabando por parar. Considere como positivo o sentido a) Associe cada um deles ao movimento de um carrinho,
do movimento do motociclo. redutível a uma partícula, nas situações seguintes:
a) Determine o módulo da velocidade do carro ao fim de A. Move-se sempre no sentido negativo com acele-
20,0 s e a componente escalar da aceleração média ração constante.
na travagem.
B. Move-se com aceleração cada vez menor até que
b) Trace o gráfico velocidade-tempo para todo o esta se anula.
movimento.
C. Move-se inicialmente no sentido positivo e
depois inverte o sentido, sempre com a mesma
25. Observe o gráfico velocidade-tempo referente ao movi-
aceleração.
mento retilíneo de um corpo.
D. Move-se com inversão de sentido e a componente
escalar da aceleração é positiva.
vx / m s−1 E. Move-se sempre com aceleração nula.
20 F. Move-se inicialmente com aceleração variável e
depois com aceleração constante e sempre no
0
4 8 12 t / s mesmo sentido.
−20 b) Um grave é lançado verticalmente para cima. Admita
como referencial o eixo vertical dirigido para cima.
i) Qual dos gráficos pode representar o movimento?
a) Determine a aceleração média do movimento nos
ii) Qual é o significado físico do declive da reta tan-
últimos 4 s de movimento.
gente ao gráfico em cada instante?
b) Dos intervalos de tempo [0, 2] s, [2, 4] s, [4, 8] s e
[8, 12] s, indique um em que a aceleração: 27. Assinale a opção correta:
i) não seja sempre igual à aceleração média; (A) Num movimento retilíneo a aceleração é nula.
ii) tenha componente escalar negativa; (B) Nos movimentos curvilíneos há aceleração.
iii) seja sempre igual à aceleração média e tenha o (C) A aceleração e a velocidade têm sempre a mesma
sentido da velocidade. direção para qualquer trajetória.
c) Classifique, justificando, o movimento nos vários (D) Num movimento uniforme nunca pode haver
intervalos de tempo, indicando o respetivo sentido. aceleração.

69
1. MECÂNICA

28. Um grave cai à superfície da Terra e outro à superfí-


1.2.6 Segunda Lei de Newton
cie da Lua. A aceleração gravítica à superfície da Lua
é cerca de 1/6 da aceleração gravítica à superfície da 30. O seguinte gráfico velocidade-tempo refere-se ao
Terra. Se o referencial escolhido for um eixo yy, dirigido movimento retilíneo de um objeto.
de cima para baixo, qual dos gráficos poderá represen-
tar a queda?

vx / m s−1
vy vy 2
Lua
Terra
0
2 4 6 8 t/s
Terra Lua −2

0 t 0 t −4
A B

Indique o(s) intervalo(s) de tempo em que:


vy vy
a) a resultante das forças é nula.
0 t 0 t
b) a intensidade da resultante das forças é igual.
Lua Terra
c) o movimento é uniformemente retardado e a resul-
Terra Lua tante das forças tem sentido negativo.
C D d) a resultante das forças atua no sentido oposto à
velocidade e o objeto desloca-se no sentido negativo.
29. O gráfico refere-se ao movimento de três atletas, A, B e) os vetores velocidade e resultante das forças têm
e C, desde que é dado o tiro de partida até um deles o mesmo sentido e o movimento dá-se no sentido
chegar à meta. positivo.

31. Um carro de 1,0 t viajava a 72 km h−1 e acelerou até


vx atingir 90 km h−1. Nesse intervalo de tempo a inten-
A sidade da resultante das forças que nele atuaram,
suposta constante, foi 20% do módulo do seu peso.
B
Quanto tempo levou a acelerar?
C
32. Um hoquista sobre o gelo, A, de 80 kg, colidiu segundo
uma direção horizontal com outro hoquista, B, de 60 kg,
0 t
que estava parado. Durante a colisão, cuja duração
foi 50 ms, B adquiriu uma aceleração média de módulo
2,0 m s−2. Suponha as forças constantes e o atrito
a) Podemos concluir que A ganhou a corrida. Justifique. desprezável.

b) As acelerações de A e B foram muito diferentes? a) Identifique as forças que atuaram sobre B e as respe-
Justifique. Por que razão foi A e não B a ganhar a tivas intensidades.
corrida? b) Caracterize a força que B exerceu sobre A.
c) E por que razão o atleta C perdeu a corrida? c) Qual foi o módulo da velocidade de B após a colisão?

70
1.2 Interações e seus efeitos

33. Uma borracha cai de uma mesa com aceleração igual à 35. Observe o gráfico seguinte relativo ao movimento de
aceleração gravítica. É correto afirmar: uma bola, de 200 g, redutível a uma partícula, que é
(A) A aceleração depende da massa da borracha. lançada verticalmente para cima à superfície da Terra.
A resistência do ar é desprezável. A massa da Terra é
(B) A borracha está em queda livre, atuando sobre ela
5,97 × 1024 kg.
a força gravítica e a resistência do ar.
(C) A aceleração é praticamente constante à super-
fície terrestre e independente da massa da vy / m s−1
borracha.
5
(D) O movimento não é uniformemente acelerado.

34. O gráfico seguinte representa a componente escalar da 0 t1 t/s


resultante das forças que atuam em dois carrinhos, Y e
Z, ao longo do tempo. Os carrinhos partem do repouso
no mesmo instante.

a) O referencial usado é o eixo vertical yy. Identifique,


justificando, o seu sentido.
FRx / N
b) A que posição corresponde o instante t1 do grá-
300 fico? Calcule o valor desse instante e da posição
Z correspondente.
200 c) Qual é a intensidade da força exercida pela bola sobre
Y
a Terra? E que aceleração lhe imprime? Comente o
100
resultado obtido.

36. Qual das opções completa a seguinte afirmação?


0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 t / s O módulo da aceleração gravítica de um satélite, cujo
raio da órbita é duas vezes o raio da Terra, … da massa
do satélite e é … do valor à superfície da Terra.
(A) depende … metade
a) Qual das opções completa a seguinte frase?
(B) depende … um quarto
O movimento dos carros é inicialmente … e depois …
(C) não depende … metade
(A) uniformemente acelerado … uniforme.
(D) não depende … um quarto
(B) acelerado … uniforme.
(C) acelerado … uniformemente acelerado. 37. A aceleração gravítica, à altitude da órbita de um saté-
(D) uniformemente acelerado … acelerado lite, é 10 vezes menor do que à superfície da Terra.
b) Se os carrinhos tiverem igual massa, qual será a O raio da órbita do satélite, em relação ao raio da Terra,
razão entre os módulos das acelerações de Z e Y RT, é:
para t = 9 s? (A) 10 RT
c) Se os carrinhos tiverem igual massa, terão a mesma (B) 10 RT
aceleração nalgum instante? Justifique.
(C) RT / 10
d) Se Y tiver massa dupla de Z, terão a mesma acelera-
ção em algum instante? Justifique. (D) 10 RT

71
1. MECÂNICA

38. Um bloco, de massa m, é puxado por um cabo sobre a) Durante quanto tempo atuou a força?
uma superfície muito lisa (o atrito é desprezável), b) A força deixou de atuar no bloco e este demorou
em três situações diferentes, como mostra a figura 8,3 s a parar. Prove que a intensidade da força de
seguinte, com forças de igual intensidade F. atrito passou a ser 12% da intensidade do peso.
c) Trace os gráficos velocidade-tempo, aceleração-
tempo e resultante das forças-tempo.
A
41. Uma pessoa de 60 kg está num elevador sobre uma
balança-dinamómetro. Determine quanto marcará a
ն balança nas situações seguintes.
B a) O elevador desce, no arranque, com aceleração de
módulo 4,0 m s−2.
b) O elevador desce com velocidade constante.
ն
C c) O elevador desce, na travagem, com aceleração de
módulo 4,0 m s−2.
d) O cabo do elevador parte-se.

a) Em que situação a força normal exercida pela super- 42. Um bloco, redutível a uma partícula, desce uma rampa
fície de apoio sobre o bloco é maior? Justifique. de inclinação _.
b) Relacione, justificando, as acelerações adquiridas pelo a) Se o atrito for desprezável, o módulo da aceleração e
bloco nas três situações. a intensidade da resultante das forças serão dadas,
respetivamente, por:
39. Um corpo de 5,0 kg, redutível a uma partícula, parte
(A) g sin _ e m g sin _
do repouso e é arrastado ao longo de uma superfície
horizontal rugosa por uma força horizontal de intensi- (B) g cos _ e m g sin _
dade 40 N. Ao fim de 3,0 s, o módulo da sua velocidade (C) g cos _ e m g cos _
passou a ser 3,0 m s−1. (D) g sin _ e m g cos _
a) Represente as forças que atuam no corpo e calcule b) Se o movimento for retilíneo e uniforme, a intensi-
a intensidade da força de atrito, suposta constante. dade da força de atrito será:
b) Se o corpo fosse arrastado sobre outra superfície (A) g sin _ (B) m g
horizontal por uma força de igual intensidade mas
(C) m g cos _ (D) m g sin _
fazendo um ângulo de 20° com a horizontal, e atin-
gisse a mesma velocidade no mesmo intervalo de
tempo, qual seria a intensidade da força de atrito, 43. Um bloco de madeira de 3,0 kg, redutível a uma partí-
suposta constante? cula, é lançado da base de uma rampa, de inclinação
30°, com velocidade de módulo 10 m s−1. Suponha uma
força de atrito constante de 3,0 N.
40. Um caixote de 10 kg é arrastado sobre uma superfície
horizontal por uma força de 30 N que faz um ângulo a) Para o movimento de subida:
de 30° com a direção do movimento. A força de atrito (A) Há uma força a atuar sobre o bloco, paralela à
entre as superfícies é constante e a sua intensidade é rampa e apontando para cima, que o faz subir.
10% da intensidade do peso do caixote. O módulo da (B) A componente do peso paralela à rampa faz
velocidade passa de 2,0 m s−1 para 10,0 m s−1. subir o bloco.

72
1.2 Interações e seus efeitos

(C) A força de atrito, assim como a componente do b) Na situação de repouso, verifica-se que:
peso paralela à rampa, têm sentido oposto ao da (A) m g sin _ = F sin _
velocidade do bloco.
(B) m g sin _ = F cos _
(D) A resultante das forças que atuam sobre o bloco
(C) m g cos _ = F sin _
tem a direção e o sentido do movimento.
(D) m g cos _ = F cos _
b) Qual é a intensidade da resultante das forças?
c) Quanto tempo demora o bloco a atingir a altura
máxima sobre a rampa?
1.2.7 Primeira Lei de Newton
44. Um rapaz empurra um bloco de massa m, sobre uma
rampa, usando uma força horizontal, mas o bloco não 45. A resultante de forças sobre um carro é nula quando ele:
sai do repouso. Suponha desprezável o atrito entre o
(A) passa do repouso para movimento.
bloco e o plano.
(B) se move sempre na mesma direção com o velocí-
metro a marcar valores cada vez menores.
(C) se move numa rotunda com o velocímetro a mar-
car sempre o mesmo valor.
(D) se move numa estrada retilínea com o velocímetro
sempre a marcar o mesmo valor.
ն
46. Uma pessoa está sentada e diz estar «com uma grande
inércia». Esta ideia traduz a Lei da Inércia?
a) Selecione o diagrama das forças aplicadas no cen-
47. Aristóteles acreditava que, para manter um objeto em
tro de massa do bloco, sendo F a força exercida pelo
movimento, era necessário aplicar-lhe continuamente
rapaz.
uma força. De facto, um livro que está numa mesa, só
A B
se mantém em movimento se for empurrado. Como se
explica esta situação segundo o ponto de vista Galileu?

N N 48. Segundo Aristóteles, quanto maior fosse a força aplicada


num corpo, maior seria a sua velocidade. Indique uma
F
situação que ponha em causa esta ideia e interprete-a.
F
49. É correto afirmar-se:
P
P (A) Se as forças que atuam num objeto estão equilibra-
das, ele está necessariamente em repouso.
C D (B) Quanto maior for a massa de um corpo, mais fácil
será alterar a sua velocidade.
(C) Quanto maior for a massa de um corpo, maior será
N N
o seu peso e menor será a sua inércia.
F
(D) Quanto maior for a massa de um corpo, mais dificil-
F mente ele passará do movimento para o repouso.

P P
50. Por que se usam encostos de cabeça num carro?

73
1. MECÂNICA

51. Dois alunos, aproximadamente com a mesma massa, a) Indique as incertezas absolutas de leitura do cronó-
fazem uma corrida. Um transporta uma mochila pesada. metro e da craveira.
a) Quando se dá o apito da partida, qual terá maior difi- b) Indique a medida do diâmetro da esfera na unidade SI.
culdade em iniciar o movimento? Justifique.
c) Indique a medida do tempo de queda entre as duas
b) Quando estão em movimento ouvem um sinal de células em função da incerteza absoluta e na uni-
apito para pararem. Qual terá maior dificuldade a dade SI.
parar? Justifique.
d) Apresente a medida do tempo de passagem pela
célula 2 em função da incerteza relativa em percen-
52. Compare, justificando, o peso e a inércia de um corpo
tagem (desvio percentual) e na unidade SI.
na Terra e na Lua.
e) Calcule, fundamentando, os valores das medições
53. Coloca-se um cartão sobre um copo e uma moeda indiretas feitas para cumprir o objetivo do trabalho.
sobre o cartão. Ao empurrar-se bruscamente o cartão,
f) Um grupo A obteve para a aceleração 10 m s−2. Um
a moeda cai no copo. Explique este facto.
grupo B obteve 11 m s−2 usando uma esfera de massa
diferente.
i) Calcule o erro percentual associado a cada medi-
ção e indique, justificando, qual medida é mais
exata.
ii) Indique um erro experimental que possa ter
influenciado a exatidão dos resultados.
iii) A massa das esferas influenciará os resultados?
Justifique.

Atividades laboratoriais 55. A montagem da Fig. 42 (pág. 65) foi usada para veri-
ficar se será possível o carrinho mover-se quando a
54. Para obter experimentalmente a aceleração de uma resultante das forças for nula.
esfera em queda usou-se a montagem da Fig. 40 Um sensor de movimento foi ligado a um programa de
(pág. 61). Mediu-se o diâmetro da esfera com uma cra- aquisição automática de dados, obtendo-se o gráfico
veira digital. A esfera foi deixada cair junto à célula 1, velocidade-tempo para o movimento do carrinho:
em três ensaios nas mesmas condições, registando-se
o intervalo de tempo, 6t, de passagem da esfera pela
célula 2. Mediu-se também o tempo de queda da esfera
entre as duas células, 6tqueda, em três ensaios nas mes-
mas condições anteriores. Os intervalos de tempo
foram obtidos com um aparelho digital. A tabela apre-
senta os dados experimentais:
Velocidade

Diâmetro da 6tqueda entre as 6t de passagem


esfera / mm duas células / ms na célula 2 / ms
221,6 8,2

20,29 224,2 8,7

219,8 8,5 Tempo

74
1.2 Interações e seus efeitos

a) Indique: b) Desenhe os vetores velocidade, aceleração e resul-


i) os tipos de movimento exibidos no gráfico; tante das forças no instante t = 2,5 s.
justifique. c) Determine a distância percorrida e o deslocamento
ii) como se conseguiram obter experimentalmente nos últimos 2 s de movimento.
esses tipos de movimento. d) Determine o trabalho da resultante das forças no
iii) as forças que atuaram no carrinho em cada tipo último segundo de movimento.
de movimento e sua resultante.
57. Duas pessoas, A e B, puxam uma corda inextensível, de
b) Com os dados da tabela, determine o valor experimen-
massa desprezável, com forças horizontais de sentidos
tal da aceleração na primeira parte do movimento.
contrários e A ganha o jogo. Suponha a corda e as pes-
soas redutíveis a partículas. Trace as forças exercidas
t/s v / m s−1
na corda, em A e em B. Prove que as forças exercidas
0,100 0,0867
por A e por B na corda têm a mesma intensidade, e
0,200 0,1614 identifique a força que faz com que A ganhe o jogo.
0,300 0,2681

0,400 0,3208

0,500 0,4495

0,600 0,5239
A B

c) Pode-se concluir experimentalmente que há movi-


58. Um bloco A, de 3,0 kg, é lançado do cimo de uma rampa
mento mesmo quando a resultante das forças é
rugosa, com velocidade de módulo 2,0 m s−1, atingindo
nula? Justifique, indicando a Lei que fundamenta o
a sua base, distante 6,0 m da posição inicial, com velo-
resultado anterior.
cidade de módulo 7,0 m s−1. Suponha a força de atrito
constante neste trajeto. Quando chega à base encontra
Questões globais uma superfície horizontal onde o atrito é desprezável
e colide com um pedaço de gelo, B, de 20 g e a −4 °C,
56. Um corpo, de 2,0 kg, tem um movimento retilíneo des- transferindo para ele 60% da sua energia mecânica.
crito pelo gráfico seguinte:

A
vx / m s−1

20,0

10,0 B
30°
0
1,0 2,0 3,0 4,0 t/s
−10,0

a) Determine a intensidade da resultante das forças


a) Indique um intervalo de tempo em que: que atuam no bloco A quando este desce a rampa.
i) a resultante das forças não é constante. b) Qual é a resultante das forças que atuam em A no
ii) o movimento não é uniformemente variado mas plano horizontal? E o tipo de movimento?
tem aceleração. c) Determine a temperatura final do pedaço de gelo, B,
iii) a resultante das forças é constante e tem intensi- supondo que a energia se distribui uniformemente
dade máxima. por todo ele. (cgelo = 2,1 × 103 J kg−1 °C−1)

75
1. MECÂNICA

59. Um carrinho de 311,07 g é puxado por uma força cons- 61. Observe a figura: um esquiador de 60 kg passa na posi-
tante num plano horizontal, num certo intervalo de ção A com uma certa velocidade e chega à posição C
tempo, deixando depois de atuar. A força faz um ângulo com velocidade de módulo 14 m s−1. O atrito é despre-
de 20° com a direção do movimento. Este é descrito zável entre A e C. Entre B e C há uma rampa. A partir
pelo seguinte gráfico velocidade-tempo. de C há uma zona horizontal de travagem onde a inten-
sidade da força de atrito é 20% da intensidade do peso
v / m s−1 do esquiador. Despreze a resistência do ar e considere
0,700 o esquiador redutível a uma partícula.
0,650
0,600 B
0,550
0,500 C
4,0 m 10°
0,450
1,5 m
0,400
0,350 A
0,300
0,250 Determine:
0,200
a) o trabalho do peso do esquiador entre as posições
0,150
0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 t/s A e C.
b) o módulo da velocidade do esquiador na posição A.
a) Que velocidade tinha o carrinho quando a força c) a intensidade da resultante das forças que atuam
atuou? sobre o esquiador entre B e C.
b) Justifique por que razão se pode afirmar que as for- d) o trabalho da resultante das forças que atuam sobre
ças dissipativas foram desprezáveis. o esquiador entre B e C.
c) Que distância percorreu o carrinho após a força ter e) o tempo que decorre entre as posições B e C.
deixado de atuar?
f) a distância percorrida a partir de C até parar.
d) Determine o trabalho realizado pela resultante das
forças no intervalo de tempo em que atuou a força.
e) Determine a intensidade da força que atuou sobre o
carrinho.

60. Observe a figura seguinte. Uma bola de 3,0 kg, redutível


a uma partícula, parte do repouso em A e desce uma
rampa até B, sendo o atrito desprezável entre estas
posições. Entre B e C a intensidade da força de atrito
é constante e igual a 10% da intensidade do peso da
bola. A bola para em C. Determine o tempo que demora
a realizar o trajeto entre B e C.

2,0 m

B C

76
1.3 Forças e movimentos

1.3 FORÇAS E
MOVIMENTOS
1.3.1 Movimento retilíneo de queda livre
1.3.2 Movimento retilíneo uniformemente variado
1.3.3 Movimento retilíneo de queda com resistência do ar apreciável
1.3.4 Movimento retilíneo uniforme
1.3.5 Movimento circular uniforme
AL 1.3 Movimento uniformemente retardado:
velocidade e deslocamento

77
1. MECÂNICA

1.3.1 Movimento retilíneo de queda livre


Como vimos, sabendo a velocidade inicial de um corpo e a resultante das
forças que nele atuam podemos prever se a sua trajetória é retilínea ou curvilí-
nea e, com a Segunda Lei de Newton, determinar a sua aceleração. Vamos ver
agora quais são as expressões matemáticas que fornecem a posição e a veloci-
dade de um corpo, num instante qualquer, em movimentos simples.

Queda livre de um corpo junto à Comecemos com um movimento bastante comum: o movimento retilíneo
superfície da Terra: de queda livre junto à superfície da Terra, que ocorre quando a resistência do
– só atua o peso (a resistência do ar é ar é desprezável. A resultante das forças é o peso do corpo, P, e a correspon-
desprezável);
dente aceleração é a aceleração gravítica, g. Como esta é praticamente cons-
– a aceleração é constante e igual a g
(módulo g = 10 m s–2); tante, o movimento é uniformemente variado: uniformemente acelerado se o
– o movimento é uniformemente variado. corpo desce e uniformemente retardado se o corpo sobe.

Como a aceleração gravítica é constante, o gráfico velocidade-tempo tem de


ser uma linha reta para que o declive das retas tangentes, em cada instante, seja
constante e igual à componente escalar da aceleração gravítica.

Na Fig. 1 apresentam-se gráficos velocidade-tempo para um corpo que cai;


designa-se por v0y a componente escalar da velocidade inicial, que pode ser posi-
tiva ou negativa conforme a escolha do sentido do eixo dos yy.

Corpo deixado cair Corpo lançado verticalmente


(v0y = 0) para baixo (v0y ≠ 0)

vy vy

v Declive = g Declive = g
y v0y

v t t
g
vy
vy
y v0y t
v t
Fig. 1 Gráficos velocidade-tempo para Declive = −g
um corpo em queda livre, quando cai
Declive = −g
verticalmente, para as orientações
descendente e ascendente do eixo dos yy.

A Fig. 2 mostra os gráficos se o corpo for lançado verticalmente para cima.


Corpo lançado verticalmente
para cima (v0y ≠ 0)
vy

v v t
y Declive = g
v0y
v v
g
vy
Fig. 2 Gráficos velocidade-tempo y v0y
para um corpo em queda livre, quando v v Declive = −g
é lançado verticalmente para cima, para
as orientações descendente e ascendente t
do eixo dos yy.

78
1.3 Forças e movimentos

A forma retilínea dos gráficos anteriores significa que se escreve a compo-


nente escalar da velocidade, vy, em função do tempo, t, como a equação de uma
reta. Esta é a chamada equação das velocidades:

eixo dos yy no
vy = v0y + ay t com ay = g sentido descendente ( y)
eixo dos yy no
y = b + mx ay = –g sentido ascendente ( y)

Esta equação é equivalente à definição de aceleração média, uma vez que a


aceleração é constante. De facto, como 6vy = vy − v0y e 6t = t − 0, fica:

6vy
ay =
6t
Atividade 1: Como varia a velocidade de um corpo em
queda livre vertical? Como calcular a aceleração?

Para responder a estas questões, analise o movimento de queda livre de


uma bola usando um sensor de movimento ligado a um sistema de aquisição Fig. 3 Análise do movimento de queda
automática de dados (Fig. 3). Siga os procedimentos indicados no Anexo 5. livre de uma bola recorrendo a um sistema
de aquisição automática de dados.

QUESTÕES p. 96
Questão resolvida 1

Uma bola de 100 g, redutível a uma partícula, é lançada verticalmente para vy / m s−1
cima, desde a janela de um prédio, acabando por cair na rua. O movimento
é descrito pelo gráfico ao lado, com a área colorida a corresponder a 5,0 m.
A resistência do ar é desprezável.
0
a) Qual é o sentido do eixo dos yy usado para obter o gráfico? Justifique. 1,00 2,00 2,55 t/s

b) Que trabalho realizou a resultante das forças durante a subida?


c) Determine as componentes escalares da velocidade no início do movimento e
quando a bola volta a passar pela janela, e a altura a que está a janela da rua.

a) Inicialmente a componente escalar da velocidade passar pela janela a velocidade tem o mesmo módulo pois,
é positiva e o corpo está a subir (a velocidade aponta como a energia potencial é a mesma e há conservação da
para cima), pelo que o eixo dos yy apontará para cima energia mecânica (não há forças dissipativas), a energia
(por isso, a = −g = −10 m s−2). cinética terá também de ser a mesma; mas o vetor
b) A área indica a componente escalar do deslocamento velocidade aponta para baixo, pelo que vy(2,00) = – 10 m s–1.
até atingir a altura máxima (quando a velocidade é nula), A área do gráfico em [1,00; 2,55] s dá a componente
que é igual a 5,0 m. escalar do deslocamento na descida; para o determinar
A resultante das forças é o peso, pelo que é necessário conhecer vy(2,55):
vy = 10 – 10 × 2,55 ‹ vy = –15,5 m s–1; por isso
WF = WP = –m g h = –0,100 × 10 × 5,0 = –5,0 J.
R
–15,5 × (2,55 – 1,00)
c) Usando vy = v0y + ay t no instante 1,00 s, tem-se: 6y = = –12,0 m. Como a bola sobe
2
0 = v0y – 10 × 1,00 ‹ v0y = 10 m s–1; quando a bola volta a 5,0 m e desce 12,0 m, a altura da janela é 7,0 m.

79
1. MECÂNICA

1.3.2 Movimento retilíneo


uniformemente variado
Há muitos outros movimentos retilíneos uniformemente variados além do de queda
livre, por exemplo em planos horizontais e inclinados: basta que a força resultante
aplicada ao corpo seja constante para que a aceleração também o seja. A equação das
velocidades deduzida para a queda livre é válida para todos os movimentos uniforme-
mente variados, escrevendo-se na forma simplificada:

Equação das velocidades

v (t ) = v0 + a t

em que v, v0 e a são componentes escalares na direção do movimento, podendo ter valores


positivos ou negativos. Sendo a equação das velocidades do primeiro grau em t, demons-
tra-se que a equação das posições, ou lei do movimento, é do segundo grau em t:

Equação das posições ou Lei do movimento

1
x (t ) = x0 + v0 t + a t2
2
Equações do movimento: (movimento no eixo dos xx )
são estabelecidas a partir:
– da aceleração, a, que depende
em que x, x0, v0 e a são componentes escalares, podendo ter valores positivos ou negativos.
da resultante das forças
(Segunda Lei de Newton); As duas equações anteriores são chamadas equações do movimento. Ficam
– das condições iniciais completamente definidas dando a aceleração, a, e as chamadas condições iniciais: a
• posição inicial, x0
posição inicial, x0, e a velocidade inicial, v0.
• velocidade inicial, v0.
As equações indicam que o gráfico x(t) é uma parábola e que o gráfico v(t) é uma reta,
cujas formas dependem de x0, v0 e a. O sinal positivo ou negativo de a determina o declive,
Fig. 4 Movimento retilíneo positivo ou negativo, da reta no gráfico v(t) e a concavidade da parábola (voltada para
uniformemente variado. cima ou para baixo) no gráfico x(t). A Fig. 4 resume as características deste movimento.

Movimento retilíneo uniformemente variado: resultante das forças e aceleração constantes

Uniformemente acelerado: velocidade e resultante Uniformemente retardado: velocidade e resultante


Equações
das forças com igual direção e sentido. das forças com igual direção mas sentidos opostos.
Velocidade:
v A v B
v(t) = v0 + a t a > 0 (declive positivo) a > 0 (declive positivo)
e v > 0: A e v < 0: A
B a < 0 (declive negativo) A a < 0 (declive negativo)
Gráfico v(t): reta com t t
e v < 0: B e v > 0: B
declive não nulo a>0 a<0 a>0 a<0

Posição
(sobre o eixo dos xx): x A a > 0 (concavidade x A a > 0 (concavidade
1 voltada para cima): A voltada para cima): A
x(t) = x0 + v0 t + a t2 B a < 0 (concavidade t a < 0 (concavidade
2 B
voltada para baixo): B voltada para baixo): B
t
Gráfico x(t): parábola a>0 a<0 a>0 a<0

80
1.3 Forças e movimentos

Num movimento retilíneo de queda livre é costume usar o eixo dos yy como
referencial. No quadro da Fig. 5 mostra-se a atribuição de sinais positivos ou nega-
tivos às componentes escalares y0, v0 e a (constantes), para as orientações ascen-
dente e descendente do eixo dos yy, quando um corpo é lançado de uma altura h
do solo.

Movimento retilíneo de queda livre


1
y(t) = y0 + v0 t + a t 2 e v(t) = v0 + a t
2
Lançamento para baixo Lançamento para cima

y y0 = h y0 = 0 y
v0 > 0 v0 < 0
0 0
v0 < 0 v0 > 0 y0 = h y0 = 0
h a = −g a=g a = −g a=g

y y Fig. 5 Queda livre: condições iniciais em


0 0 diferentes referenciais.

Nas equações de movimento para a queda livre não aparecem a massa do


corpo nem quaisquer grandezas relacionadas com a sua forma. A aceleração
Tempo de queda: é independente da
gravítica é independente destas variáveis (Fig. 6), pelo que corpos com diferente
massa dos corpos numa queda livre com
massa e forma, mas com as mesmas condições iniciais (mesmos y0 e v0), têm o as mesmas condições iniciais (os corpos
mesmo tempo de queda. demoram o mesmo tempo a cair).

Questão resolvida 2

Um bloco foi lançado numa superfície horizontal rugosa, com uma veloci-
dade de módulo 9,00 m s−1, sendo a intensidade da força de atrito 30,0% da
intensidade do peso. A partir das equações do movimento, determine quanto
tempo o bloco demorou a parar e a distância que ele percorreu.

Considere-se o eixo dos xx com origem na posição de lançamento


e com o sentido da velocidade de lançamento.
Cálculo da aceleração: como o peso e a força normal se anulam,
a resultante das forças é a força de atrito,
pelo que Fa = m a ‹ –0,300 m g = m a ‹ a = –3,00 m s–2. Fig. 6 Astronautas da ESA (Agência
As condições iniciais são x0 = 0 m e v0 = 9,00 m s−1, e, por isso, Espacial Europeia) em treino numa
queda livre de um avião: a aceleração
as equações do movimento são x(t) = 9,00t – 1,50 t2 e v(t) = 9,00 – 3,00 t. dos astronautas é a mesma,
Quando o bloco se imobiliza, v = 0 = 9 – 3,00 t ‹ t = 3,00 s independentemente da sua massa.
e x(3,00) = 9,00 × 3,00 – 1,50 × 3,002 = 13,5 m. Parou ao fim de 3,00 s,
tendo percorrido 13,5 m.

QUESTÕES p. 96

Na atividade laboratorial AL 1.3 estuda-se um movimento uniformemente AL 1.3 p. 94


variado.

81
1. MECÂNICA

1.3.3 Movimento retilíneo de queda


com resistência do ar apreciável
Numa queda livre, como vimos, dois corpos de massas e formas diferentes
como, por exemplo, um berlinde e uma folha de papel, deixados cair da mesma
altura, chegam ao solo ao mesmo tempo (Fig. 7 – A). Mas, se fizermos a experiên-
cia, verificaremos que a esfera chega primeiro (Fig. 7 – B).

Fig. 7 Queda de uma folha de papel A B


e de um berlinde com resistência do ar
desprezável (A) e queda com resistência
do ar não desprezável (B).

Rar

P
v

Fig. 8 Forças que atuam na queda


de um corpo quando a resistência
do ar não é desprezável.

Os movimentos da Fig. 7 – A poderiam observar-se na Lua, pois esta não tem


atmosfera e, por isso, não há resistência ao movimento. Na Terra podem obser-
var-se no interior de câmaras de onde se retira o ar.

Como explicar os movimentos da Fig. 7 – B? O berlinde é pequeno e com-


pacto, pelo que a força que o ar exerce sobre ele, oposta ao seu movimento e
designada por resistência do ar (símbolo Rar), tem uma intensidade pequena
comparada com a do peso. É, por isso, desprezável. O mesmo não acontece com
a folha de papel, de peso bastante menor do que o do berlinde: quando cai, a área
transversal ao movimento (a área que «corta» o ar) é maior do que no berlinde,
o que aumenta a resistência do ar. Como esta força se opõe ao movimento (Fig. 8),
a folha demora mais tempo a chegar ao solo do que o berlinde, atingindo-o com
menor velocidade.

O exemplo da Fig. 7 – B mostra que a forma e o tamanho do objeto influenciam a


intensidade da resistência do ar. Mas a resistência do ar pode ser apreciável mesmo
em corpos de pequenas dimensões: basta que atinjam grandes velocidades, pois a
Fig. 9 A chuva, apesar de cair de uma grande resistência do ar aumenta com a velocidade. Esta propriedade explica, por exem-
altura, não chega ao solo com velocidade
elevada devido à resistência do ar. plo, a velocidade relativamente baixa das gotas de chuva quando chegam ao solo
(Fig. 9), apesar de caírem de grandes alturas: à medida que descem, a velocidade
aumenta devido ao peso, mas, ao mesmo tempo, a resistência do ar também
Resistência do ar, R ar: aumenta, o que leva a que, a certa altura, a velocidade deixe de aumentar.
– opõe-se ao movimento; A resistência do ar depende, entre outros fatores, da forma e tamanho do
– depende da forma e tamanho do corpo;
corpo, e aumenta com a velocidade. Se a velocidade variar, a resistência do ar
– aumenta com a velocidade do corpo;
– é uma força variável quando a também varia, o mesmo acontecendo com a resultante das forças e com a acele-
velocidade varia. ração: o movimento será variado (e não uniformemente variado).

82
1.3 Forças e movimentos

É devido à resistência do ar que um paraquedista chega ao solo em segurança.


No quadro da Fig. 10 descrevem-se quatro fases do seu movimento, segundo a
vertical, identificando-se o efeito da resistência do ar.

Descrição do movimento do paraquedista

Antes da abertura Rar


No início da queda a velocidade aumenta,
do paraquedas assim como a resistência do ar. FR v
A intensidade da resistência do ar é inferior P
à do peso e, por isso, a resultante das forças
tem o sentido do movimento. P > Rar
A resultante das forças vai diminuindo porque
Movimento retilíneo acelerado:
vai aumentando a resistência do ar.
– velocidade aumenta
A aceleração vai diminuindo.
– aceleração diminui

Rar
Devido ao aumento da resistência do ar, as intensidades P = Rar
v
do peso e da resistência do ar acabam por se igualar. P FR = 0
A resultante das forças e a aceleração tornam-se
nulas e a velocidade fica constante.
Esta velocidade chama-se 1.a velocidade terminal
(é cerca de 200 km h−1). Movimento retilíneo uniforme:
– velocidade constante
– aceleração nula

Depois da abertura Após se atingir a primeira velocidade terminal


do paraquedas o paraquedas é aberto. Devido à sua forma, há um
aumento brusco da resistência do ar, cuja intensidade Rar
FR
fica maior do que a do peso.
v
A resultante das forças passa a ter sentido oposto P
ao movimento, o que faz diminuir a velocidade.
Por isso a resistência do ar começa a diminuir e o P < Rar
mesmo acontece com a resultante
das forças e a aceleração. Movimento retilíneo retardado:
O intervalo de tempo desta fase do movimento é muito – velocidade diminui
mais pequeno do que a duração total do movimento. – aceleração diminui

Por causa da diminuição da resistência do ar, Rar


as intensidades do peso e da resistência P = Rar
v
do ar acabam por se igualar. P FR = 0
A resultante das forças e a aceleração tornam-se
nulas novamente e a velocidade fica constante.
Esta velocidade chama-se 2.a velocidade terminal Movimento retilíneo uniforme:
(é cerca de 20 km h−1 ou menos). – velocidade constante
– aceleração nula

Fig. 10 Movimento de um paraquedista.

Note-se que a aceleração, quando existe, é variável (o movimento não é unifor-


memente variado) e que só no instante inicial (t = 0) é igual à aceleração gravítica.

83
1. MECÂNICA

O quadro da Fig. 11 mostra os gráficos velocidade-tempo e posição-tempo


para o movimento do paraquedista e a respetiva descrição física. Escolhe-se o
eixo dos yy dirigido para baixo e com origem na posição inicial do paraquedista.
Os intervalos de tempo não estão representados à escala (o intervalo [t2 , t3 ]
é muito pequeno). A partir do instante t4 supõe-se que o paraquedista fica parado
no solo.

Gráfico velocidade-tempo
1.a velocidade
terminal Antes da abertura do paraquedas: [0, t2]
vy
[0, t1]: movimento retilíneo acelerado;
a velocidade aumenta; a aceleração diminui (o declive das retas tangentes
está a diminuir); vy > 0 e ay > 0.
[t1, t2]: movimento retilíneo uniforme;
2.a velocidade
terminal a velocidade é constante: 1.a velocidade terminal; a aceleração é nula.

Depois da abertura do paraquedas: [t2, t4]


[t2, t3]: movimento retilíneo retardado;
0 t1 t2 t3 t4 t
a velocidade diminui; a aceleração diminui (o declive das retas tangentes
está a diminuir); vy > 0 e ay < 0.
[t3, t4]: movimento retilíneo uniforme;
a velocidade é constante: 2.a velocidade terminal; a aceleração é nula.

Gráfico posição-tempo
Abertura do Antes da abertura do paraquedas: [0, t2]
y paraquedas [0, t1]: curva com concavidade para cima (não é uma parábola pois
o movimento não é uniformemente variado).
[t1, t2]: reta, cujo declive dá a componente escalar da 1.a velocidade
terminal.

Depois da abertura do paraquedas: [t2, t4]


[t2, t3]: curva com concavidade para baixo (não é uma parábola).
[t3, t4]: reta, cujo declive dá a componente escalar da 2.a velocidade
0 t1 t2 t3 t4 t
terminal.

Fig. 11 Gráficos velocidade-tempo


e posição-tempo para o movimento
de um paraquedista.
Atividade 2:
Como determinar a velocidade terminal de um balão?

Na queda de um balão de soprar, a resistência do ar não é desprezável em


comparação com o seu peso devido à sua forma e tamanho. Por isso, o balão
rapidamente atinge a velocidade terminal.
Deixe cair um balão, verticalmente, de uma altura de 2 m, por baixo de um
sensor de movimento ligado a um sistema de aquisição automática de dados
(como na Atividade 1).
Construa o gráfico posição-tempo. Identifique o instante a partir do qual o
movimento passou a ser uniforme, ou seja, o instante em que foi atingida a
velocidade terminal. Selecione o intervalo de tempo de movimento uniforme
e, a partir da reta de ajuste aos dados experimentais, obtenha a componente
escalar da velocidade terminal.
QUESTÕES p. 98

84
1.3 Forças e movimentos

1.3.4 Movimento retilíneo uniforme


No movimento do paraquedista ou noutro em que se atinja uma velocidade
terminal – como no caso das gotas de chuva ou do balão – o movimento passa a
ser retilíneo e uniforme.

Neste movimento a velocidade é constante, pelo que o gráfico velocidade-


tempo é uma reta horizontal. O gráfico posição-tempo tem de ser uma reta com
declive constante, uma vez que o declive é a componente escalar da velocidade.

As equações do movimento retilíneo uniforme podem obter-se a partir das


equações do movimento retilíneo uniformemente variado tendo em conta que a
aceleração é nula:

v (t ) = v0 + a t se a = 0 A v (t ) = v0
1 2
x (t ) = x 0 + v0 t +
2
a t se a = 0 A x (t ) = x0 + v0 t ou x (t ) = x0 + vt
Note-se que x, x0, v e v0 são componentes escalares e, portanto, podem ter
valores positivos ou negativos. O quadro da Fig. 12 resume as características do
movimento retilíneo uniforme e as formas dos gráficos v(t) e x(t).

Movimento retilíneo uniforme: resultante das forças e aceleração nulas.

v v
Velocidade:
v(t) = v0 = constante
t
Gráfico v(t):
reta horizontal t
v>0 v<0

x x
Posição
(sobre o eixo dos xx):
x(t) = x0 + v t
t
Gráfico x(t): reta com
t
declive não nulo
v > 0: declive positivo v < 0: declive negativo Fig. 12 Movimento retilíneo uniforme.

QUESTÕES p. 100
Questão resolvida 3

Uma gota de chuva de 0,14 g cai verticalmente. O módulo da resistência


Quando se atinge a velocidade
do ar que atua sobre ela depende da velocidade e é dado, em newtons, por
terminal P = Rar ‹ 0,140 × 10–3 × 10 =
Rar = 2,12 × 10–3 v 2, quando a velocidade é dada em metros por segundo. = 2,12 × 10–3 v2 ‹ v = 0,81 m s–1.
Escreva a equação das posições para o movimento a partir do instante em O movimento é retilíneo e uniforme,
que a gota atinge a velocidade terminal. Suponha o eixo dos yy dirigido para pelo que y(t) = y0 + v t; como y0 = 0,
baixo e com origem na posição em que se atinge a velocidade terminal. resulta y(t) = 0,81 t (SI).

85
1. MECÂNICA

1.3.5 Movimento circular uniforme


Já estudamos dois tipos de movimentos retilíneos. Vamos agora estudar um
movimento curvilíneo: o movimento circular uniforme. Como o próprio nome
indica, a trajetória da partícula é circular e o módulo da velocidade é constante.

O movimento circular uniforme é, por exemplo, o movimento de um qualquer


ponto das pás de uma ventoinha, de uma cadeirinha de uma roda gigante, de um
cavalinho de um carrocel, etc. (Fig. 13). O movimento de um satélite numa órbita
circular é também uniforme.

Como vimos, num movimento curvilíneo o módulo da velocidade só permane-


cerá constante se a resultante das forças for perpendicular à velocidade. No movi-
mento circular uniforme a resultante das forças é sempre perpendicular à velo-
cidade e aponta para o centro da trajetória. Por isso se chama força centrípeta.

De acordo com a Segunda Lei de Newton, a aceleração tem a direção e o


sentido da resultante das forças. Logo, também ela é perpendicular à velocidade
e aponta para o centro da trajetória, designando-se por aceleração centrípeta
(símbolo a c). Mostraremos adiante que os módulos da resultante das forças e da
aceleração são constantes no movimento circular uniforme.

O quadro da Fig. 14 indica características deste movimento e mostra os veto-


res velocidade, aceleração e resultante das forças para o movimento do centro
de massa de um carro que descreve uma curva circular com o velocímetro a
marcar sempre o mesmo valor (isto é, a velocidade tem módulo constante).

Movimento circular uniforme


Trajetória circular e velocidade variável mas com módulo constante.

v v

v v
FR ac

FR ac

Grandezas Direção Sentido Módulo


Fig. 13 Exemplos de movimentos
circulares uniformes. Tangente à trajetória
Velocidade O do movimento Constante
em cada ponto
Aceleração Aponta para o centro
Força centrípeta: resultante das forças Radial (perpendicular
(aceleração da trajetória (por isso Constante
no movimento circular uniforme. à velocidade)
centrípeta) se diz centrípeta)
Resultante Aponta para o centro
Radial (perpendicular
Fig. 14 Velocidade, aceleração e resultante das forças da trajetória (por isso Constante
das forças num movimento circular uniforme. à velocidade)
(força centrípeta) se diz centrípeta)

86
1.3 Forças e movimentos

Vamos caracterizar as grandezas que descrevem este movimento.

Consideremos, por exemplo, o movimento do centro de massa de uma cadei-


rinha de um carrocel (Fig. 15). O tempo que demora a efetuar uma rotação com-
pleta chama-se período do movimento (símbolo T) e exprime-se em segundos
no SI. Esta grandeza caracteriza o movimento circular uniforme. Como o movi-
mento se repete ao fim de um período, diz-se que o movimento circular uniforme
é um movimento periódico.

Ao número de rotações efetuadas pelo centro de massa de cada cadeirinha


por unidade de tempo chama-se frequência do movimento (símbolo f), grandeza
que se exprime em hertz (símbolo Hz) no SI. A frequência é o inverso do período:

1
Hz f=
T s Fig. 15 Período é o tempo que cada
cadeirinha demora a dar uma volta
completa.
Uma unidade de frequência muito utilizada é a «rotação por minuto», cujo
símbolo é rpm. Um antigo disco de vinil de 33 rpm efetuava 33 rotações num
Período, T : tempo de uma rotação
minuto. Num CD áudio a frequência da rotação depende do sítio que está a ser
completa.
lido: é 500 rpm quando lido na parte mais interior e 200 rpm quando lido na sua
parte mais exterior. Também nos carros aparece a indicação «rpm» ou «r/min» Frequência, f : número de rotações por
no conta-rotações (Fig. 16), instrumento que indica a frequência de rotação da unidade de tempo.
cambota (parte do motor cujo movimento é transmitido às rodas).

Consideremos agora o centro de massa de uma cadeirinha da Fig. 15, que se


move de uma posição A para a posição B, descrevendo um ângulo e num inter-
valo de tempo 6t (Fig. 17).

Define-se o módulo da grandeza velocidade angular (símbolo t) como o


ângulo, em radianos, descrito por unidade de tempo. Esta grandeza exprime-se
normalmente em função do período, ou da frequência, do movimento, como se
mostra a seguir.
Fig. 16 A frequência nos conta-rotações
dos carros exprime-se em rpm.

Módulo da velocidade angular, ␻


B
Ângulo descrito (em radianos) por unidade de tempo; unidade SI: rad s–1.
e rad
rad s–1 ␻= ս
A
6t s
r
Para uma rotação completa, e = 2 ␲ e 6t = T, e então:
2 ␲
␻=
T
Ou, como o período é o inverso da frequência:
Fig. 17 Movimento circular uniforme
␻= 2 ␲ f de um corpo que se move da posição A
para a posição B.

87
1. MECÂNICA

Velocidade angular no movimento Daqui se conclui que, no movimento circular uniforme, a velocidade angular
circular uniforme: depende do período; depende do período e permanece constante ao longo do tempo: o corpo des-
o seu módulo é constante ao longo
creve ângulos iguais em intervalos de tempo iguais. Num movimento uniforme
do tempo.
o módulo da velocidade, v, é igual à rapidez média. Podemos calcular a rapidez
média para um corpo que descreve uma rotação completa de raio r, isto é, per-
corre uma distância igual ao perímetro da circunferência durante um período:

s 2/r
rapidez média = =
6t T
2/
Velocidade de um corpo com movimento Como t = e a rapidez média é igual ao módulo da velocidade, a expres-
circular uniforme: depende da velocidade T
2/
angular e do raio da trajetória; o seu são anterior escreve-se v = r, ou seja:
T
módulo é constante ao longo do tempo.
v=␻r
O módulo da aceleração no movimento circular uniforme (aceleração cen-
trípeta) é dado por:
v2
ac =
r
Como, ao longo do tempo, a velocidade e o raio da trajetória circular são
constantes, o módulo da aceleração centrípeta é também constante.

Aceleração centrípeta de um corpo com Podemos relacionar o módulo da aceleração centrípeta com a velocidade
movimento circular uniforme: depende da angular substituindo a expressão v = t r na expressão anterior:
velocidade angular e do raio da trajetória;
o seu módulo é constante ao longo v2 (t r)2 t 2 r2
do tempo.
ac = = = = t 2 r, ou seja:
r r r

ac = ␻2 r
Resultante das forças sobre um corpo O módulo da resultante das forças (força centrípeta) obtém-se a partir da
com movimento circular uniforme: Segunda Lei de Newton. No quadro da Fig. 18 representam-se graficamente os
depende da massa, da velocidade angular
módulos da velocidade, aceleração e resultante das forças em função do tempo.
e do raio da trajetória; o seu módulo
é constante ao longo do tempo.

Movimento circular uniforme

Módulo da aceleração Módulo da resultante das


Módulo da velocidade
centrípeta forças (força centrípeta)

v2 v2
v=tr ac = FR = m
r r

v ac FR

Fig. 18 Movimento circular uniforme


e gráficos dos módulos da velocidade,
da aceleração e da resultante das forças
em função do tempo. t t t

88
1.3 Forças e movimentos

As expressões anteriores permitem comparar movimentos de corpos com


movimento circular uniforme de igual período.

Vejamos o exemplo dos cavalinhos A e B do carrocel da Fig. 19: demoram


o mesmo tempo a completar uma rotação, pelo que têm o mesmo período e a
mesma velocidade angular. Mas, como v = t r, B tem maior velocidade do que
A por a sua trajetória ter maior raio (como B percorre uma circunferência com
maior perímetro do que A no mesmo intervalo de tempo, tem de se mover mais
depressa!).

O mesmo se passa no movimento de rotação da Terra (Fig. 20), que é circular


e uniforme: um corpo A em Lisboa e um corpo B no equador demoram o mesmo
B
tempo a completar uma rotação em torno do eixo da Terra: 24 h (período do A
movimento); têm, por isso, a mesma velocidade angular. Mas B tem maior velo-
cidade do que A por o seu raio de rotação ser maior.

Nos dois exemplos anteriores, como a velocidade angular é constante,


a expressão v = t r mostra que o módulo da velocidade é diretamente propor-
cional ao raio da trajetória.

É difícil comparar as acelerações de A e B, nos exemplos da Fig. 19 e da Fig. 20,


v2 Fig. 19 Os «cavalinhos» A e B têm
a partir da expressão ac = , pois tanto os raios como os módulos das velocida- a mesma velocidade angular, mas B
r tem maior velocidade e maior aceleração
des são diferentes. Mas, partindo de ac = t2 r, como A e B têm a mesma velo- do que A porque a sua trajetória tem
cidade angular, o módulo da aceleração é diretamente proporcional ao raio da maior raio.
trajetória. Assim, B tem maior aceleração do que A.

rA A
Questão resolvida 4

Não sentimos o movimento de rotação da Terra. Justifique essa sensação rB


B
determinando os módulos da velocidade e da aceleração de uma pessoa no
equador (RT = 6,4 × 103 km).

O período de rotação da Terra é 24 h. Num local do equador, o raio da trajetória


é igual ao raio da Terra; reduzindo todos os valores a unidades SI, vem:
2/ 2/ Fig. 20 Os corpos A e B têm a mesma
v=tr= r‹v= × 6,4 × 106 = 4,7 × 102 m s–1 = 1,7 × 103 km h–1 velocidade angular, mas B tem maior
T 24 × 3600
velocidade e maior aceleração do que A
v2 4652
e a aceleração centrípeta é ac = = = 0,034 m s–2. porque a sua trajetória tem maior raio.
r 6,4 × 106
Apesar de a velocidade ser muito grande, a aceleração é muito pequena.
Ora, o corpo humano não é sensível à velocidade mas sim à sua variação,
ou seja, à aceleração. Como esta é muito menor do que a aceleração gravítica
pode, em muitos casos, ser desprezada.

O movimento de alguns satélites pode, em certas circunstâncias, ser visto como


um movimento circular uniforme. Vamos ver algumas das suas características.

89
1. MECÂNICA

Satélites: corpos que orbitam um planeta

Experiência pensada por Newton: como pôr um objeto em órbita

Newton idealizou um canhão a disparar horizontalmente uma bala do cimo


de uma montanha muito alta. Considera-se desprezável a resistência do ar.
Se a velocidade fosse pequena, a bala cairia no solo ali perto; se fosse maior,
atingiria o solo mais adiante; aumentando ainda mais a velocidade, cairia
ainda mais longe. Haveria então uma velocidade da bala que lhe permitiria
voltar ao ponto de partida, ou seja, para a qual a bala entraria em órbita.
A bala fica em órbita graças à força gravítica e a uma velocidade inicial
adequada. Os dois fatores, em conjunto, tornam possível a trajetória fechada. v
No início do sistema solar, há cerca de 4,5 mil milhões de anos, a Lua (resto
de um astro primitivo que terá colidido com a Terra) ficou com a velocidade
adequada para permanecer em órbita da Terra, situação que se mantém
hoje. Se a Lua ficasse com velocidade nula num qualquer ponto da sua
trajetória, cairia mesmo sobre a Terra!

O primeiro satélite Lançamento de satélites artificiais


artificial
São lançados através de foguetões e outros
dispositivos de lançamento, a partir de plata-
O primeiro satélite a ser formas localizadas na região equatorial, como
lançado para o espaço foi Cabo Canaveral
o Cabo CanaveralnanaFlorida
Florida(EUA).
(USA).
NoÉequador,
que, no
o Sputnik 1, em 1957, pela aequador, a velocidade
velocidade de da
de um ponto umsuperfície
ponto da da
superfí-
Terra
então União Soviética, éciemáxima.
da Terra é máxima.
no tempo da Guerra Fria.
Era uma esfera metálica
de 58 cm de diâmetro
e tinha um período de
98 minutos. Ficou célebre
o sinal «bip-bip» que ele
emitia. Foi um «bip-bip»
que mudou o mundo!

Energia que alimenta os satélites


artificiais

É a energia da luz solar captada por painéis solares.

Pode ver-se um satélite artificial no céu

Logo após o pôr-do-sol podem ver-se a olho nu satélites


de baixa altitude. Na Terra já é noite, mas os satélites
ainda estão a receber luz solar, refletindo-a para a
Terra. O satélite parece uma estrela a mover-se no céu.
É o caso da Estação Espacial Internacional (ISS).

90
1.3 Forças e movimentos

Baixa altitude: até 1000 km, onde estão os satélites que observam e fotografam a superfície terrestre.
Altitude a que A ISS (onde se realizam experiências sobre condições de vida no espaço) orbita em baixa altitude.
orbitam os satélites
Média altitude: até cerca de 30 000 quilómetros. É nesta faixa que estão os satélites dos sistemas
artificiais:
de navegação como o GPS.
depende do tipo
de utilização. Altitude elevada: órbita geoestacionária, a cerca de 36 000 km, onde estão os satélites das telecomuni-
cações e alguns satélites meteorológicos. Alguns satélites orbitam a altitudes ainda maiores.

Tipos de satélites artificiais

Satélites de observação
Fotografam a superfície do pla-
neta (vegetação, grandes mas-
sas de água), fazendo o mapea-
mento ambiental e geográfico.
Recolhem informações sobre
fontes de poluição. Podem auxi-
liar a proteção civil em situa-
ções de catástrofe (incêndios,
cheias, furacões).

Satélites meteorológicos Satélites astronómicos Satélites de navegação


Monitorizam o tempo atmosférico, Equipados com telescópios (por exem- Formam um sistema que cobre quase
fornecendo informações em tempo plo, o Hubble), permitem efetuar boas todos os pontos da superfície da Terra.
real que ajudam a tornar as previsões observações astronómicas pois a luz Um recetor que analisa os sinais emi-
meteorológicas cada vez mais precisas. que recebem não passa pela atmosfera. tidos por esses satélites permite-nos
Telescópios espaciais, que captam luz conhecer a nossa localização. É o caso
visível e luz não visível, têm permitido do GPS, norte-americano, do GLONASS,
grandes avanços no nosso conheci- russo, do GALILEO, europeu, e do BeiDou,
mento da evolução do Universo. chinês.

Satélites de comunicações Satélites militares


São usados em transmissão de sinais rádio e televisão, e nas São usados para fins militares e deles pouco se sabe.
comunicações em geral.

91
1. MECÂNICA

Para um satélite descrever um movimento circular uniforme tem de ter


uma velocidade adequada. Determinemos o módulo dessa velocidade.
Consideremos um satélite de massa m e raio de órbita r: a única força que
nele atua é a força gravítica (Fig. 21) e a aceleração é a aceleração centrípeta.
Combinando a Segunda Lei de Newton com a Lei da Gravitação Universal, tem-se:
mTm v2
r = RT + h F R = m a ‹ F g = m ac ‹ G = m , ou seja,
2
r r
Fg
v v= G mT
Fig. 21 Satélite em órbita circular a uma
r
altitude h. em que mT é a massa da Terra e r = RT + h, sendo RT o raio da Terra e h a altitude
do satélite. Esta velocidade é chamada velocidade orbital. Como mT e G têm
valores fixos, a expressão mostra que, para os satélites da Terra, o módulo da
velocidade não depende da massa do satélite, diminuindo quando aumenta o
raio da trajetória. Embora a velocidade orbital não dependa da massa do satélite,
esta é relevante: quanto maior for a massa do satélite, mais energia será neces-
sária para o transportar da Terra até à órbita. É por isso que a ISS foi construída
no espaço, juntando diferentes partes enviadas em várias missões.
Movimento de um satélite: quanto De um modo semelhante poderemos deduzir uma expressão para o período
maior for o raio da órbita, menor será a
de rotação do movimento de um satélite em função do raio da sua órbita:
velocidade e maior será o período.
mTm v2 m
FR = m a ‹ Fg = m ac ‹ G = m ‹ G T = v2 ‹
Satélite geoestacionário: tem o período r 2
r r
de rotação da Terra, ou seja, 24 h. mT m m
‹G
r
= (t r)2 ‹ G
r
T T
= t2 r2 ‹ G 3 =
r
2
T
/ 2
, ou seja, 冢 冣
T=2/ r3
G mT
Esta expressão mostra que o período de rotação do satélite é independente
da sua massa e será tanto maior quanto maior for o raio da órbita.
Um satélite com um período igual ao da rotação da Terra a orbitar no plano
do equador terrestre chama-se satélite geoestacionário. Como tem um movi-
mento síncrono com o da Terra, permanece sobre um local fixo do globo (Fig. 22),
sendo usado em comunicações e observações permanentes de regiões da Terra.

Questão resolvida 5

Determine a altitude de um satélite geoestacionário.


(mT = 5,97 × 1024 kg; RT = 6,37 × 106 m)

O período do movimento é 24 h. Usando a Segunda Lei de Newton e a Lei da


Gravitação Universal temos:
mm v2 m m
FR = m a ‹ Fg = m ac ‹ G T2 = m ‹ G T = v2 ‹ G T = (t r)2 ‹
r r r r
2

冢 2T/ 冣 ‹ r =
mT mT G mT T 2
‹G = t2 r 2 ‹ G = 3 = 4,22 × 107 m.
r r 3 4/2
Fig. 22 Satélite geoestacionário: Como r = RT + h, tem-se h = 3,6 × 107 m = 36 000 km.
permanece sempre sobre a vertical de um
mesmo lugar do equador da Terra.

QUESTÕES p. 101

92
1.3 Forças e movimentos

RESUMO
• Corpo em queda livre junto à superfície terrestre: só atua o peso; o movimento
é uniformemente variado com aceleração g (aproximadamente constante).

• Movimento retilíneo uniformemente variado: resultante das forças e ace-


leração constantes.
1
– Equação das posições: x(t) = x0 + v0 t + a t 2; gráfico x(t): parábola (a > 0:
2
concavidade voltada para cima; a < 0: concavidade voltada para baixo).
– Equação das velocidades: v(t) = v0 + a t; gráfico v(t): reta com declive não
nulo (a > 0: declive positivo; a < 0: declive negativo).

• Tempo de queda numa queda livre: com as mesmas condições iniciais (mesmo
x0 e v0) é igual para todos os corpos, qualquer que seja a sua massa e forma.

• Resistência do ar, R ar: força que se opõe ao movimento de um corpo no ar;


depende da forma e tamanho do corpo; aumenta com a velocidade do corpo;
é uma força que varia com a velocidade.

• Movimento de um paraquedista: antes do paraquedas abrir começa por ser


acelerado, com a aceleração a diminuir até atingir a 1.a velocidade terminal,
passando depois a ser uniforme; depois do paraquedas abrir começa por ser
retardado, com a aceleração a diminuir até atingir a 2.a velocidade terminal,
passando depois a ser uniforme.

• Movimento retilíneo uniforme: resultante das forças e aceleração nulas;


velocidade constante.
– Equação das posições: x(t) = x0 + v t; gráfico x(t): reta com declive não nulo
(v > 0: declive positivo; v < 0: declive negativo).
– Equação das velocidades: v(t) = v0; gráfico v(t): reta horizontal.

• Movimento circular uniforme: trajetória circular; velocidade variável mas


com módulo constante. A resultante das forças (força centrípeta), perpendi-
cular à velocidade em cada ponto, tem direção radial e aponta para o centro,
assim como a aceleração (aceleração centrípeta). É um movimento periódico.
Grandezas características:
– Período, T: tempo de uma rotação completa; unidade SI: segundo (s).
– Frequência, f: número de rotações por unidade de tempo; unidade SI:
1
hertz (Hz); relação com o período: f = .
T
– Módulo da velocidade angular, t: ângulo descrito (em radianos) por unidade
de tempo; unidade SI: radiano por segundo (rad s−1). Relação com o período:
2/
t= (constante no tempo).
T
– Módulo da velocidade, v: v = t r (constante no tempo).
v2
– Módulo da aceleração (centrípeta): ac = ou ac = t 2 r (constante no tempo).
r
O movimento de um satélite numa órbita circular é uniforme; os satélites
geoestacionários têm um período de 24 h.

93
1. MECÂNICA

ATIVIDADE LABORATORIAL 1.3

Movimento uniformemente retardado:


velocidade e deslocamento
Vamos realizar uma atividade no laboratório que permita responder à seguinte
questão:

Como medir a intensidade


da resultante das forças
de atrito numa travagem?

Questões pré-laboratoriais

Observe a figura seguinte: 5. Designemos por v0 o módulo da velocidade inicial


do bloco na superfície horizontal e por 6x o módulo
A do seu deslocamento nessa superfície (distância
B C de travagem). Considerando o referencial da figura,
escreva as equações das posições e das velocida-
des e mostre, a partir do sistema formado por essas
x
Δx equações, que v 20 = 2a 6x, sendo a o módulo da acele-
v0 v= 0
ração do movimento.

Um bloco, de massa m, largado do cimo de uma rampa 6. Qual dos seguintes gráficos representa a relação
da posição A, desliza sobre a rampa e atinge uma super- v 20 = 2a 6x? Como poderá calcular o módulo da acele-
fície horizontal rugosa, na posição B, acabando por parar ração a partir desse gráfico?
na posição C. Suponha que a resultante das forças de I II
v20 v0
atrito é constante durante a travagem.

1. Como poderá, experimentalmente, variar a veloci-


dade com que o bloco chega à posição B? 0 Δx 0 Δx

2. Como poderá, experimentalmente, medir a veloci- III IV


v0 v20
dade com que o bloco chega à posição B?

3. Que forças atuam sobre o bloco entre B e C? Qual é


a sua resultante? 0 Δx 0 Δx

4. Indique, justificando, o tipo de movimento do bloco 7. Para além da aceleração, que outra medição é neces-
entre B e C. Compare os sentidos da velocidade e da sária para medir indiretamente a intensidade da resul-
aceleração num ponto dessa trajetória. tante das forças de atrito na travagem? Justifique.

94
1.3 Forças e movimentos

Trabalho laboratorial

Pretende-se medir a intensidade da resultante das forças de atrito


que atuam sobre um bloco numa travagem num plano horizontal.
Efetue a montagem da Fig. 23, usando o material seguinte:
• célula fotoelétrica com ligação a um cronómetro
digital e suporte universal;
• dois planos, um horizontal e um inclinado;
• balança e fita métrica;
• bloco com tira opaca
estreita na parte
superior.
AB
CD
EF

1. Meça a massa do bloco e a largura


da tira opaca.
Δx

2. Largue o bloco de uma posição A


da rampa. Registe o tempo de passagem
Fig. 23 Montagem para determinar a
intensidade da resultante das forças
de atrito numa situação de travagem.

da tira opaca pela célula, marcado no


cronómetro. Meça a distância no plano
horizontal, desde a posição da célula até
à posição em que o bloco para, ou seja,
3. Elabore uma tabela para registar
os dados e repita o procedimento do
a distância de travagem (6x, na figura). ponto 2 mais cinco vezes, abandonando
Repita o procedimento mais duas vezes o bloco de pontos diferentes da rampa
de modo a obter uma média do tempo (B, C, D, E e F, por exemplo afastados
de passagem pela célula (que permite entre si cerca de 5 cm), de modo a que o
determinar a velocidade nessa posição) e bloco chegue à superfície horizontal com
uma média da distância de travagem. velocidades diferentes.

Questões pós-laboratoriais

1. Complete a tabela de dados determinando, para cada dessa reta e, a partir dela, calcule o módulo da acele-
posição em que o bloco foi abandonado, A, B,…: ração do movimento.
a) o tempo mais provável de passagem da tira pela 3. Determine a intensidade da resultante das forças de
célula e a velocidade nessa posição; atrito na travagem.
b) a distância de travagem mais provável. 4. Identifique possíveis erros experimentais.

2. Construa um gráfico do quadrado da velocidade inicial 5. Compare o resultado obtido com os de outros grupos,
na superfície horizontal em função da distância de tra- identificando as causas das diferenças, designadamente
vagem. Verifique que a melhor linha de ajuste aos pon- os fatores que afetam a distância de travagem.
tos experimentais é uma reta. Determine a equação

95
1. MECÂNICA

QUESTÕES
Notas: 4. Um aluno deixou cair uma bola e registou o movimento
Na resposta a questões de escolha múltipla selecione a única opção com um sensor. Obteve o gráfico seguinte, no qual tra-
que permite obter uma afirmação verdadeira ou responder correta- çou uma reta de ajuste aos dados para um certo inter-
mente à questão colocada.
valo de tempo da queda, de modo a calcular o módulo
Considere os corpos redutíveis a partículas.
da aceleração do movimento. Terá concluído que a
Nas questões que envolvam cálculos, estes devem ser apresentados.
Considere g = 10 m s−2.
resistência do ar é desprezável? Justifique.

1.3.1 Movimento retilíneo de queda livre


0,0

Velocidade / m s−1
1. Em qual das situações há um movimento de queda livre?
−1,0
(A) Uma folha de papel cai de um 5.o andar.
(B) Um paraquedista chega ao solo em segurança. −2,0

(C) Um berlinde cai de uma mesa.


−3,0
(D) Um parapente sobrevoa uma praia.
0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50
2. No gráfico seguinte, qual das representações, A, B ou Tempo / s
C, pode traduzir o movimento de um grave? Justifique.

v / m s−1 1.3.2 Movimento retilíneo uniformemente


30 variado
B
20 5. Considere as seguintes equações para movimentos
C
uniformemente variados (unidades SI):
A
10 I. x(t) = −2 − 5 t + 5 t 2 II. x(t) = 2 + 5 t − 5 t 2
III. v(t) = −5 + 5 t IV. v(t) = 5 + 5 t
0 2 4 6 t/s a) Identifique, em cada uma, as componentes escalares
da aceleração e da velocidade inicial, assim como a
3. Uma pessoa lança uma pequena bola de massa m, posição inicial, quando possível.
verticalmente e para cima, da varanda de um primeiro
b) Qual das equações pode representar o movimento de
andar. No intervalo de tempo em que é arremessada,
um corpo lançado verticalmente para cima, tomando
atua sobre ela uma força de intensidade média F.
o eixo dos xx como referencial e a apontar para cima?
É desprezável a resistência do ar. Suponha como refe-
c) A cada equação associe um dos gráficos seguintes:
rencial o eixo dos yy dirigido de baixo para cima.
a) Classifique o movimento na subida, após o arre-
x A x B
messo, e na descida.
b) Trace os vetores velocidade e aceleração quando a 0
t
0
bola passa pelo 2.o andar, na subida e na descida. t

c) A componente escalar da aceleração da bola,


quando passa no 2.o andar, na subida e na descida, é, v C v D
respetivamente:
(A) F / m e −F / m (B) −F / m e g 0 0
t t
(C) −g e g (D) −g e −g

96
1.3 Forças e movimentos

6. O astronauta David Scott, comandante da missão f) A partir da equação das posições, determine a posi-
Apolo 15, realizou na Lua uma experiência para com- ção do carrinho ao fim de 4,2 s.
provar uma ideia de Galileu: deixou cair um martelo g) Faça um esboço do gráfico x(t), identificando as coor-
da sua mão direita e uma pena de falcão da sua mão denadas referentes à posição inicial, ao instante da
esquerda, da mesma altura. inversão de sentido e à posição final.
a) O que terá observado David Scott?
b) Galileu previu que, na queda livre, o tempo de queda: 8. Uma borracha foi abandonada de uma janela demo-
rando 1,5 s a chegar ao solo. A resistência do ar é des-
(A) depende da forma e da massa do objeto.
prezável. Responda às questões seguintes utilizando
(B) depende da forma do objeto mas é independente
equações do movimento. Use como referencial um eixo
da sua massa.
vertical com origem na janela e sentido de cima para
(C) é independente da forma do objeto mas depen- baixo.
dente da sua massa.
a) Determine a componente escalar da velocidade
(D) é independente da forma e da massa do objeto. da borracha ao chegar ao solo e a altura de que foi
c) Durante a queda, o martelo e a pena estão sujeitos a abandonada.
forças gravíticas: b) Esboce os gráficos das funções x(t) e v(t).
(A) diferentes, caindo com acelerações iguais.
(B) diferentes, caindo com acelerações diferentes. 9. Um grave é lançado verticalmente para cima, com
velocidade de módulo 15 m s−1, de uma janela que está
(C) iguais, caindo com acelerações diferentes.
a 10 m de altura do solo. A massa do grave é 0,10 kg.
(D) iguais, caindo com acelerações iguais.
Considere para referencial o eixo dos yy, com origem
no solo e apontando de baixo para cima. Determine:
7. Observe o seguinte gráfico referente ao movimento
retilíneo de um carrinho, de massa 100 g, sobre o eixo a) o tempo que demorou a atingir a altura máxima.
dos xx. O movimento iniciou-se na posição x = –5 m. b) o tempo total que permaneceu no ar.
c) a componente escalar da velocidade com que che-
v / m s−1
gou ao solo.
d) a componente escalar da velocidade com que passou
3,0
a 5,0 m do solo.

0,0 e) a energia mecânica do objeto quando voltou a passar


1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 t / s na posição inicial, tomando como referência o solo
para a energia potencial gravítica.

10. Um grave é lançado verticalmente para baixo, com


uma velocidade de 10 m s−1, de uma varanda situada a
a) Classifique, justificando, o movimento. 5,0 m de altura do solo. Considere como referencial o
b) Indique o intervalo de tempo em que a resultante das eixo dos yy com origem no solo e apontando para cima.
forças teve sentido oposto ao da velocidade. A massa do corpo é 100 g. Determine:

c) Indique o maior intervalo de tempo em que o deslo- a) o tempo de voo do corpo.


camento foi nulo. b) a componente escalar da velocidade ao chegar ao
d) Determine a intensidade da resultante das forças. solo.

e) Determine a componente escalar da velocidade ao c) a energia cinética do corpo quando está a 3,0 m de
fim de 4,2 s. altura do solo.

97
1. MECÂNICA

11. Uma bola A é deixada cair da janela de um prédio, a a) Esboce o gráfico velocidade-tempo para todo o movi-
10 m de altura da rua. No mesmo instante é lançada mento, supondo que a travagem se faz com movi-
da rua, verticalmente para cima, uma bola B com uma mento uniformemente retardado.
velocidade inicial de módulo 8,0 m s−1. As bolas são b) Determine o tempo de travagem:
redutíveis a partículas e despreza-se a resistência do
i) a partir do gráfico anterior.
ar. Em que instante estarão à mesma altura da rua?
ii) a partir das equações x(t) e v(t) do movimento uni-
12. Um carrinho de 4,0 kg move-se sobre uma mesa polida, formemente retardado.
com velocidade de módulo 5,0 m s−1, quando é sujeito
16. Uma bola de 200 g, redutível a uma partícula, desce
a uma força de 20 N, na mesma direção e sentido do
uma rampa gelada (de atrito desprezável), com a incli-
movimento, durante 3,0 s. Considere para referencial
nação de 50°. Quando está à altura de 5,0 m o módulo
um eixo xx com a direção e sentido da velocidade inicial.
da velocidade da bola é 6,0 m s−1.
Obtenha, a partir das funções x(t) e v(t), a distância per-
corrida e a componente escalar da velocidade ao fim
daquele intervalo de tempo. Suponha que o atrito entre
as superfícies é desprezável.

13. Resolva a questão anterior supondo que a força: 5,0 m


a) faz um ângulo de 30° com a velocidade;
b) tem a direção do movimento mas sentido oposto.

a) v b) v
F F a) Qual é o módulo da velocidade da bola quando atinge
30°
a base da rampa?
b) Que trabalho realizou a resultante das forças desde
a posição referida até à base da rampa?
14. Um bloco de 3,0 kg foi lançado horizontalmente sobre
c) Quanto tempo demorou a bola a atingir a base da
um chão rugoso, com velocidade de módulo 10 m s−1.
rampa?
A intensidade da força de atrito é 10% da intensidade
do peso. Considere um referencial com a direção e o
sentido do movimento.
a) Determine a distância percorrida pelo bloco até 1.3.3 Movimento retilíneo de queda com
parar, utilizando equações de movimento. resistência do ar apreciável
b) Determine a distância percorrida pelo bloco até
parar, usando considerações energéticas. 17. Uma folha de papel cai da varanda de um prédio e, ao
c) Que tempo decorreu até a velocidade do bloco ficar fim de um certo tempo, a sua velocidade fica constante.
reduzida a metade? E que distância percorreu o Podemos afirmar que:
bloco nesse intervalo de tempo? (A) Até a velocidade ficar constante, o movimento foi
retilíneo uniformemente acelerado.
15. Um carro, redutível a uma partícula, está a mover-se a
(B) A resultante das forças é igual ao peso.
60 km h−1 quando se encontra a 32,0 m de uma passa-
deira. Ao ver que um peão a vai atravessar, o condutor (C) A resistência do ar mantém-se constante na descida.
demora 0,400 s a avaliar a situação e depois trava, aca- (D) A resistência do ar mantém-se constante quando a
bando por parar imediatamente antes da passadeira. velocidade é constante.

98
1.3 Forças e movimentos

18. Três esferas, I, II e III, do mesmo raio mas de mas- iv) a resistência do ar é constante.
sas diferentes, caem de um helicóptero parado no ar. v) a velocidade tem sentido oposto ao da aceleração.
A figura apresenta o gráfico velocidade-tempo.
vi) a intensidade da resistência do ar está a aumentar.
v I vii) a resultante das forças tem o sentido da velocidade.
II viii) a intensidade do peso é inferior à intensidade da
resistência do ar.
III
b) Em que instante se dá a abertura do paraquedas?

0
c) Haverá conservação da energia mecânica durante o
t
movimento? Justifique.
a) Qual delas atingiu primeiro a velocidade terminal? d) Na Lua, qual seria a velocidade com que um paraque-
b) Qual delas será mais leve? dista atingiria o solo se caísse de 1500 m de altura?
c) Qual dos gráficos melhor representaria a queda das Considere gLua = 0,17 g.
esferas se elas estivessem na Lua?
20. Colocou-se um balão de 3,8 g cheio de ar sob um sen-
A I B I, II ou III sor de movimento ligado a um sistema de aquisição
v II v
de dados. Largou-se o balão, que caiu verticalmente
III
segundo uma trajetória retilínea, coincidente com o
eixo Oy de um referencial unidimensional. Obteve-se o
0 0
t t seguinte gráfico velocidade-tempo:

C III D
v II v 2,0
I, II ou III
I
vy / m s−1

1,5

0 0 1,0
t t
0,5
19. O paraquedismo só é possível porque a resistência
do ar se opõe ao movimento de queda dos corpos. Na 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 t / s
Lua, por exemplo, os paraquedas seriam inúteis pois
a) Qual foi o módulo da velocidade terminal?
não existe atmosfera. O gráfico seguinte representa o
b) Classifique, justificando, o movimento no intervalo de
módulo da velocidade de um paraquedista, segundo a
tempo [0,5; 1,0] s.
direção vertical, em função do tempo.
c) Qual dos esquemas pode indicar as forças que atuam
v no balão no intervalo de tempo [1,3; 1,7] s?
A B C D

Rar Rar Rar Rar = 0

0 t1 t2 t3 t4 t Fg Fg Fg Fg

a) Indique o(s) intervalo(s) de tempo em que: d) Para o intervalo de tempo [1,3; 1,7] s, determine:
i) a força resultante é nula. i) o trabalho da força resultante.
ii) o módulo da aceleração diminui. ii) a variação de energia potencial gravítica do sis-
iii) se observa a primeira velocidade terminal. tema balão + Terra.

99
1. MECÂNICA

21. Deixaram-se cair um berlinde e uma folha de papel. O a) O gráfico permite afirmar que:
gráfico seguinte refere-se aos seus movimentos. (A) A e B passam lado a lado apenas uma vez.
a) Associe cada objeto às letras A e B, justificando. (B) A e B têm igual velocidade no instante t = 9 s.
b) A partir de que instante B atingiu a velocidade termi- (C) A e B movem-se inicialmente no mesmo sentido.
nal? Justifique.
(D) em t = 9 s, A move-se mais rapidamente do que B.
b) Calcule a posição de B em t = 3 s.
a / m s−2
A
10 24. Dois carros A e B movem-se entre duas localidades
8 situadas a 800 m de distância, em sentidos contrários,
e em trajetórias praticamente retilíneas. Como havia
6
pouco trânsito, conseguiram manter velocidades cons-
4 tantes: A moveu-se a 72 km h−1 e B a 54 km h−1. Esboce
2 o gráfico posição-tempo para os carros. Onde e quando
B se encontraram?
0 5 10 15 20 25 30 35 40 t/s

A B
1.3.4 Movimento retilíneo uniforme
25. Na figura seguinte (que não está à escala), estão repre-
22. Um aluno vai de casa para a escola, por um passeio sentados dois conjuntos ciclista + bicicleta, CI e CII, que
retilíneo, com velocidade constante de módulo 2,0 m s−1. se movem ao longo de uma estrada retilínea e horizon-
Passa por uma pastelaria que fica entre a casa e a tal, coincidente com o eixo Ox de um referencial unidi-
escola, a 200 m desta última. A distância entre a escola mensional. Considere que cada um dos conjuntos pode
e a casa é 500 m. Tome como referencial o eixo dos xx, ser representado pelo seu centro de massa.
a apontar da escola para a casa, com origem na escola.
CI CII
Indique a função x(t) e determine, a partir dela, o tempo
que o aluno demorou a chegar à pastelaria e à escola.

23. Dois corpos A e B, redutíveis a partículas, descrevem x


O
trajetórias retilíneas paralelas. Os seus movimentos,
descritos no mesmo referencial, são caracterizados no No instante t = 0 s o conjunto CII inicia o seu movimento
gráfico seguinte. e o conjunto CI passa na origem do referencial. A par-
tir desse instante CI e CII movem-se de acordo com as
seguintes equações:
x/m
xI = 7,0 t (SI) e xII = 800 − 0,030 t 2 (SI)
a) Apresente, num mesmo sistema de eixos, os esbo-
ços dos gráficos x(t) desde o instante t = 0 s até, pelo
7
menos, ao instante em que os conjuntos se cruzam.
B Determine o instante e a posição em que se cruzam.
Utilize as potencialidades gráficas da calculadora.
b) Qual é o trabalho da resultante das forças que atuam
0 9 t/s
−2
em CI desde t = 0 s até ao instante em que os conjun-
A
tos se cruzam? Justifique.

100
1.3 Forças e movimentos

c) Em que instante os velocímetros das duas bicicletas


1.3.5 Movimento circular uniforme
marcam o mesmo valor?
d) Qual das opções representa, num dado instante, a 27. Um ciclista corre numa pista circular de raio 50 m com
velocidade e a aceleração de CII? o velocímetro da bicicleta a marcar sempre 72 km h−1.
a) Podemos afirmar que:
v v
(A) a sua velocidade é constante.
A a B a
(B) a sua aceleração é nula.
(C) demora sempre o mesmo tempo a descrever
uma volta completa à pista.
v v
(D) a resultante das forças que atuam sobre ele é
C a D a
constante.
b) Qual dos esquemas seguintes pode representar a
aceleração, a velocidade e a resultante das forças
que atuam sobre o ciclista num ponto da trajetória?
26. Um pequeno objeto de papel, de 5,0 g, abandonado
de uma certa altura, cai verticalmente até ao solo,
segundo uma trajetória retilínea, coincidente com o A B a
a P P
eixo Oy de um referencial unidimensional. Obteve-se o
F v
gráfico seguinte com um sistema automático de aqui- v F
sição de dados.

y/m
1,40

1,20 C D
P a P
a
1,00 F v
v F
0,80

0,60

0,40
c) Qual é o módulo da aceleração do ciclista? E o seu
0,20
período?

0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20 1,40 1,60 1,80 t/s 28. O pulsar do Caranguejo, uma estrela de neutrões, tem
25 km de diâmetro e roda em torno de si própria cerca
Para o intervalo de tempo [0,70; 1,20] s: de 30 vezes num segundo. Qual é a aceleração de um
a) classifique o movimento, justificando. ponto no seu equador?
b) determine a componente escalar da velocidade.
29. Se considerarmos o movimento da Terra em torno do
c) indique o módulo da velocidade terminal.
Sol aproximadamente circular e uniforme, e sabendo
d) escreva a equação das posições, considerando como que a distância entre os seus centros de massa é 1 ua
início dos tempos o instante t = 0,7 s. (150 milhões de quilómetros), qual é o módulo da velo-
e) calcule a energia mecânica dissipada. cidade da Terra na sua órbita?

101
1. MECÂNICA

30. A extremidade do ponteiro dos segundos de um relógio 33. Verifique, partindo da Segunda Lei de Newton e da Lei
move-se com uma velocidade de módulo constante e da Gravitação Universal, que um satélite a 3,6 × 104 km
igual a 6,0 cm s−1. de altitude demora um dia a dar uma volta à Terra.
a) Qual é o raio correspondente ao movimento desse (mT = 5,97 × 1024 kg; G = 6,67 × 10−11 N m2 kg−2;
ponteiro? RT = 6,4 × 103 km)

b) Considere a extremidade do ponteiro (ponto A) e um 34. Um satélite geostacionário de 5,0 × 103 kg encontra-se
ponto situado a meio do raio de rotação (ponto B). num ponto situado na vertical do equador. Calcule:
Complete a frase seguinte com uma das opções abaixo:
a) o módulo da a velocidade angular do satélite.
Relativamente ao ponto A, o ponto B tem … da velo-
b) o raio da órbita do satélite.
cidade e … da aceleração.
c) o módulo da força gravítica que atua no satélite,
(A) o dobro… o dobro
devido à interação com a Terra.
(B) metade … metade
(mT = 5,97 × 1024 kg; G = 6,67 × 10−11 N m2 kg−2)
(C) metade … o dobro
(D) o dobro … metade 35. Um satélite da Terra descreve uma órbita circular com
velocidade de módulo constante.
31. A Lua descreve uma órbita aproximadamente circular a) Qual dos esquemas traduz os gráficos que descre-
em torno da Terra, com movimento uniforme, demo- vem o movimento do satélite?
rando cerca de 27 dias. A distância entre os centros de
massa da Terra e da Lua é 3,8 × 105 km. A B
a) Que força conserva a Lua na sua órbita? v v
b) Por que razão a Lua não cai para a Terra?
c) Determine os módulos da sua velocidade angular e 0 t 0 t
da sua aceleração. F F

32. Cada um dos satélites do sistema GPS descreve órbi-


tas aproximadamente circulares, com um período de 0 t 0 t

12 h, e desloca-se a uma velocidade de módulo cons-


tante e igual a 3,87 × 103 m s−1 (RT = 6,4 × 106 m).
C D
a) Indique, justificando, se os satélites são geoestacio-
nários. v v

b) O módulo da velocidade angular, em rad s−1, pode ser


calculada por: 0 t 0 t
12 × 3600 F F
(A) 2 / ×12 × 3600 (B)
2/

2/ 2/ 0 0
(C) (D) t t
12 12 × 3600
b) A velocidade do satélite depende:
c) A que altitude se encontram os satélites?
(A) da massa do satélite e do raio da órbita.
d) Qual é a variação da energia cinética de um satélite
quando percorre um quarto de circunferência? (B) apenas da massa do satélite.

e) Qual é o trabalho da resultante das forças que atuam (C) da massa da Terra e da massa do satélite.
sobre cada satélite numa rotação completa? (D) da massa da Terra e do raio da órbita.

102
1.3 Forças e movimentos

c) Indique a opção que completa de forma sequencial e


corretamente a frase seguinte:
Atividades laboratoriais
Se a distância de um satélite ao centro da Terra … , a
37. Um grupo de alunos determinou, no laboratório, a
intensidade da força que a Terra exerceria sobre ele …
intensidade da resultante das forças de atrito na tra-
(A) se reduzisse a metade ... quadruplicaria.
vagem de um bloco num plano horizontal, usando a
(B) duplicasse ... quadruplicaria. montagem da Fig. 23 (p. 95). A tira ligada ao bloco
(C) duplicasse ... duplicaria. tinha 1,00 cm de largura e uma balança digital indi-
(D) se reduzisse a metade ... duplicaria. cou 146,71 g para a massa do bloco. Foi construída a
seguinte tabela de dados experimentais:
d) Um satélite move-se com velocidade de módulo v.
Se a distância do satélite ao centro da Terra se
Posição inicial 6t / ms 6x / cm
reduzisse a metade, o módulo da velocidade na do bloco na (passagem do bloco (distância de
órbita seria: rampa na célula fotoelétrica) travagem)

v v 8,4 19,0
(A) (B)
2 2 A 8,7 18,5
8,5 18,5
(C) 2v (D) 2v
9,6 16,0
36. O primeiro satélite português foi o PoSAT-1, de 50 kg. B 9,2 15,5
Era uma caixa metálica de pequenas dimensões e 9,5 16,0
movia-se a uma altitude de 807 km, descrevendo uma 10,4 12,0
órbita aproximadamente circular com um período de
C 10,5 11,5
101 minutos. Hoje encontra-se desgovernado e aca-
10,7 11,5
bará por se desintegrar na atmosfera. (RT = 6400 km)
12,6 7,7
a) Indique uma utilidade dos satélites a baixa altitude.
D 12,9 7,6
b) Quantas voltas dava o satélite em torno da Terra
num dia? 13,1 7,5

c) O módulo da velocidade do satélite, em m s−1, era: 17,9 3,8


E 18,2 3,8
2 /× 807
(A) 18,3 3,9
101 × 60

2 /× (807 + 6400) × 103 a) Indique o resultado da medida da massa na unidade SI.
(B)
101 × 60
b) Indique o resultado da medida do tempo, em função
2 /× (807 + 6400) do desvio percentual, para as medições referentes à
(C) posição inicial E do bloco sobre a rampa.
101 × 60
c) Complete a tabela calculando os valores mais prová-
2 /× 101 × 60 veis das medições diretas e o módulo da velocidade
(D)
(807 + 6400) × 103
do bloco ao atingir o plano horizontal.
d) Verifique que a intensidade da força gravítica que d) Construa um gráfico do quadrado da velocidade ini-
atuava no satélite, na órbita considerada, é cerca de cial na superfície horizontal em função da distância
4/5 da intensidade da força gravítica que atuaria no de travagem. A partir dele determine, justificando, o
mesmo satélite se este se encontrasse à superfície módulo da aceleração na travagem e a intensidade
da Terra. da resultante das forças de atrito.

103
1. MECÂNICA

Questões globais c) O trabalho realizado pela força gravítica que atua no


carrinho é:
38. Lançou-se um grave verticalmente para cima, com (A) maior entre os pontos A e B do que entre os pon-
velocidade de módulo 10 m s−1, de uma janela a 15 m tos B e C.
do solo. Que distância tinha percorrido ao fim de 1,5 s? (B) menor entre os pontos A e B do que entre os pon-
tos B e C.
39. Na figura seguinte (que não se encontra à escala) está
(C) positivo entre os pontos A e C e negativo entre os
representado um carrinho que percorre o troço final de
pontos C e D.
uma montanha-russa. O carrinho, de massa 600 kg,
passa pelo ponto A com uma velocidade de módulo (D) positivo entre os pontos A e C e nulo entre os
10 m s−1. pontos C e D.
d) Em idênticas condições, para que a distância de tra-
vagem entre C e D passe a metade, qual será a razão
A entre a nova e a anterior velocidade em C (v'C / vC)?
1 1
(A) 2 (B) (C) (D) 2
2 2
B
18 m 40. Observe a figura seguinte: um carrinho telecomandado
9m de 300 g percorre uma pista com uma velocidade de
Solo C D módulo constante de 4,0 m s−1. Nas partes circulares
13 m da calha, que têm igual raio, demora 0,10 s a descrever
um ângulo de 45°. Cada parte retilínea da pista mede
60 cm.
Considere o solo como nível de referência da energia v
potencial gravítica e considere que o carrinho é redutí-
vel a uma partícula. Entre os pontos A e C, a soma dos
v
trabalhos realizados pelas forças não conservativas
que atuam no carrinho é desprezável. 45°
a) A partir do ponto C o carrinho trava, acabando por R R
se imobilizar no ponto D. Calcule a intensidade da
v A
resultante das forças que atuam nesse percurso e o
tempo que demorou a parar.
b) A energia cinética do carrinho será o quádruplo da
sua energia cinética em A num ponto em que: a) Determine o módulo da velocidade angular na traje-
(A) a velocidade do carrinho seja o dobro da sua tória circular.
velocidade em A. b) Determine a intensidade da resultante das forças
(B) a energia potencial gravítica do sistema carrinho + que atuam no carrinho nas trajetórias circulares.
+ Terra seja metade da sua energia potencial c) Que tempo demorou o carrinho numa volta com-
gravítica em A. pleta? E qual foi a sua rapidez média?
(C) a velocidade do carrinho seja o quádruplo da sua d) Qual foi a velocidade média do carrinho numa volta
velocidade em A. completa?
(D) a energia potencial gravítica do sistema carrinho + e) Trace um esboço do gráfico do módulo da acelera-
+ Terra seja um quarto da sua energia potencial ção em função do tempo, para uma volta completa,
gravítica em A. supondo que em t = 0 s o carrinho está na posição A.

104
1.3 Forças e movimentos

41. O telescópio Kepler tem como missão encontrar plane- c) Se, na situação B, o corpo fosse abandonado de uma
tas habitáveis fora do sistema solar. Em julho de 2015 altura h/2, o tempo de queda seria dado por:
detetou um desses planetas, a que foi dado o nome de
2h g
Kepler-452b: tem cinco vezes a massa da Terra e um (A) (B)
g 2h
raio que é maior do que o da Terra em cerca de 60%.
A distância do planeta à sua estrela é 157,5 milhões g h
(C) (D)
de quilómetros (semelhante à distância entre o Sol e a h g
Terra) e o seu período de translação é 385 dias. d) Se, na situação B, o corpo fosse uma folha de papel
(G = 6,67 × 10−11 N m2 kg−2) e tivesse chegado ao solo com metade da velocidade
a) Compare as intensidades das forças gravíticas que que teria numa queda livre, que percentagem de
atuariam sobre um mesmo corpo à superfície do energia mecânica teria sido dissipada?
Kepler-452b e à superfície da Terra. e) Se, na situação A, o corpo demorar 1,0 s a chegar à
b) Supondo que o movimento de translação deste exo- base da rampa, qual dos gráficos não pode traduzir
planeta é aproximadamente circular e uniforme, cal- o seu movimento no referencial indicado na figura?
cule a massa da estrela em torno da qual o planeta
orbita. A B
x/m x/m

42. Um corpo, redutível a uma partícula, foi abandonado 2,5 2,5


em duas situações: em A desceu por uma rampa; em
B foi deixado cair da mesma altura. Despreze todas as
0,0 1,0 t / s 0,0 1,0 t2 / s2
forças dissipativas.
C D
v / m s−1 x/m
y
5,0 2,5

A B
x
0,0 1,0 t / s 0,0 1,0 t / s

f) Qual é o significado físico do declive da reta no grá-


h fico B?

Solo 30°
43. Uma pequena bola, considerada uma partícula, foi
abandonada numa rampa em diferentes posições. Foi
medida a distância que ela percorreu, d, até chegar à
a) Compare, justificando, as duas situações quanto:
base da rampa, e o respetivo tempo, t. Os valores foram
i) ao módulo da velocidade com que o corpo chega registados na tabela seguinte. Construa um gráfico da
ao solo. distância em função do quadrado do tempo e determine
ii) ao módulo da aceleração do corpo. a partir dele, justificando, a aceleração do movimento.
iii) ao trabalho realizado pelo peso do corpo.
d/m 0,80 1,00 1,20 1,40 1,60
b) Se, na situação B, o tempo de queda for 0,50 s, qual
t/s 2,14 2,40 2,63 2,84 3,03
será a altura h?

105
2. ONDAS E ELETROMAGNETISMO

2ONDAS E
ELETROMAGNETISMO
106
2.1 Sinais e ondas

107
O
FASCINANTE
MUNDO DAS
ONDAS E DO
Fig. 1 Na ecografia usam-se ondas sonoras
(ultrassons) para ver um bebé no ventre
da mãe.
ELETROMAGNETISMO
O estudo dos fenómenos ondulatórios é da maior importância pois vivemos
num mundo onde há ondas por todo o lado. Com os nossos sentidos, em parti-
cular a audição e a visão, conhecemos o mundo que nos rodeia pois os nossos
ouvidos e olhos recebem ondas sonoras e ondas eletromagnéticas (luz), res-
petivamente. É também com estas ondas que comunicamos, quer diretamente
quer recorrendo a várias tecnologias. É ainda com estas ondas que são efetua-
dos certos diagnósticos e tratamentos médicos.

As ondas sonoras e eletromagnéticas têm características comuns e outras


que são muito diferentes. Por exemplo, não são possíveis comunicações a longas
distâncias através de ondas sonoras. Assim, as comunicações a longas distân-
cias fazem-se recorrendo a ondas eletromagnéticas.

A produção de ondas eletromagnéticas só foi possível graças a avanços na


compreensão do eletromagnetismo. Esta área da física resultou da síntese,
efetuada por James Clerk Maxwell, na segunda metade do século XIX, das ideias
sobre eletricidade e magnetismo, desenvolvidas até então de forma isolada.
O eletromagnetismo está na base da produção de corrente elétrica nas centrais
Fig. 2 Turbinas numa central elétrica. elétricas. Por outro lado, Maxwell mostrou que a luz é uma onda eletromagnética,
podendo nós produzi-la de vários modos para responder às nossas necessidades.

A luz é, de facto, uma onda. Mas Albert Einstein notou, no início do século XX,
que certos fenómenos só podiam ser explicados se a luz fosse também uma partí-
cula, a que se deu o nome de fotão. A dupla natureza (onda ou partícula) da luz veio
a ser compreendida com o desenvolvimento da teoria quântica. Esta teoria abriu
caminho à microeletrónica, que conduziu a objetos como os telemóveis, que per-
mitem comunicar por ondas eletromagnéticas. Também a luz laser e a luz LED,
que hoje estão por todo o lado, só se explicam recorrendo à teoria quântica.

O estudo da luz veio revolucionar a organização económica e social no


mundo. Vários domínios da atividade humana beneficiaram da invenção de
novos instrumentos óticos, dos progressos nas comunicações (telegrafia sem
fios, televisão, fibras óticas, emissões via satélite), de novas técnicas em medi-
cina (imagiologia e terapia médica), etc. Servindo-nos da luz conseguimos
Fig. 3 As ondas eletromagnéticas permitem também um melhor conhecimento do Universo. Por isso, 2015 foi proclamado
comunicações à escala global.
Ano Internacional da Luz e das Tecnologias baseadas na Luz.

108
2.1 Sinais e ondas

2.1 SINAIS E ONDAS


2.1.1 Sinais e ondas. 2.1.3 O som como onda de pressão
Ondas transversais e ondas AL 2.1 Características do som
longitudinais. Ondas mecânicas AL 2.2 Velocidade de propagação
e ondas eletromagnéticas do som
2.1.2 Periodicidade temporal
e periodicidade espacial de
uma onda. Ondas harmónicas
e ondas complexas

109
2. ONDAS E ELETROMAGNETISMO

2.1.1 Sinais e ondas. Ondas transversais e


ondas longitudinais. Ondas mecânicas
e ondas eletromagnéticas

Sinal: perturbação que produz alteração As ondas estão por todo o lado: há ondas na água, ondas sísmicas, ondas
de uma propriedade física. sonoras, ondas eletromagnéticas, etc. São as ondas que nos permitem ver, ouvir
ou comunicar, usando ou não dispositivos tecnológicos. As ondas permitem
ainda detetar e curar doenças ou conhecer a origem e a constituição do Universo.
Mas o que é uma onda e como se produz?

Para gerar uma onda num meio é necessário criar uma perturbação num
ponto (ou numa zona), ou seja, alterar uma propriedade física do meio nesse
ponto. Quando isso ocorre, dizemos que foi criado um sinal.

Por exemplo, quando cai uma gota de água sobre a superfície calma de um
lago, como na Fig. 1:
• no ponto onde cai a gota, há uma perturbação que se traduz na oscilação
da água nesse local em torno de uma posição de equilíbrio (o nível da
água);
• a energia associada à oscilação da água é logo transferida à vizinhança,
Fig. 1 A queda de uma gota de água na em todas as direções da superfície, que começa também a oscilar.
superfície de água em repouso produz uma
perturbação. A propagação da perturbação • à propagação da perturbação chamamos onda. Ela é evidenciada pelas
origina uma onda.
formas circulares na água; globalmente, não houve transporte de água
do ponto inicial para os restantes, mas sim do sinal. A onda progride com
uma certa velocidade, que depende do meio.

Um outro exemplo é o de um mergulhador que comunica com outro através


de uma corda, segundo um código combinado (Fig. 2):
• produz um sinal ao oscilar a ponta da corda na sua mão;
• a energia associada a essas oscilações é transferida ao longo da corda,
cujas diferentes partes começam também a oscilar, em torno de uma
posição de equilíbrio, embora com atrasos;
• a oscilação vai-se propagando, com uma certa velocidade, até à ponta
ligada ao outro nadador, gerando-se assim uma onda. É transferida ener-
gia ao longo da corda, mas esta não se move como um todo, ou seja, não
há transporte de matéria.

Fig. 2 Um sinal criado numa ponta da corda Nos dois exemplos anteriores, a perturbação provoca oscilações ou vibra-
propaga-se ao longo dela, produzindo
uma onda. ções num ponto de um meio. Esta perturbação é o sinal. A propagação do sinal
origina a onda. Existe transferência de energia mas não transporte de matéria.
Onda: propagação de um sinal.
Há transferências de energia mas não Podemos fazer oscilar bruscamente a ponta de uma corda uma só vez, para
há transporte de matéria. cima e para baixo (Fig. 3). Produzimos assim um sinal de curta duração, chamado
pulso, que se propaga com uma certa velocidade, como uma onda solitária.
Pulso: sinal de curta duração.

110
2.1 Sinais e ondas

O módulo da velocidade de propagação Velocidade de propagação da onda:


da onda, v, é dado pelo quociente entre uma velocidade com que o sinal avança no meio.
distância qualquer a que a onda se propaga, s,
e o tempo da propagação, 6t: Direção de propagação

Módulo da velocidade

Direção de oscilação
de propagação de uma onda

s
v=
6t

Podemos também produzir um sinal de


longa duração na ponta da corda com uma
sequência ritmada de pulsos, fazendo oscilar s = v Δt
continuamente a sua extremidade livre para
cima e para baixo. À medida que a onda se Fig. 3 Um pulso propaga-se ao longo da corda com uma certa velocidade
(na realidade, a perturbação gerada na corda não mantém a sua forma).
propaga, cada porção da corda move-se para
cima e para baixo, novamente para cima e para
baixo, e assim sucessivamente (Fig. 4). Neste
caso, produzimos uma onda persistente. Direção de propagação

O módulo da velocidade de propagação obtém-


Direção de oscilação

-se tal como na onda em que há um só pulso.

As ondas que vamos estudar serão todas


persistentes.

Nos exemplos das Figs. 3 e 4 a direção da


oscilação das partículas da corda é perpendi- s = v Δt
cular à direção de propagação do sinal. Estas
ondas dizem-se transversais. Mas a direção Fig. 4 Uma sequência de pulsos gera uma onda persistente, que se propaga
ao longo da corda com uma certa velocidade.
de oscilação pode coincidir com a direção de
propagação, como acontece com ondas pro-
duzidas numa mola esticada (Fig. 5): estas Onda persistente: produzida por um
ondas dizem-se longitudinais. sinal de longa duração.

Direção de propagação = Direção de oscilação

Fig. 5 Pulso a propagar-se numa mola


esticada: a onda é longitudinal.

111
2. ONDAS E ELETROMAGNETISMO

No caso das ondas sísmicas coexistem esses dois tipos de ondas (Fig. 6):
as ondas primárias são longitudinais (ondas P, as primeiras a chegar por terem
maior velocidade); as ondas secundárias são transversais (ondas S, que se pro-
pagam apenas em sólidos).

Direção de oscilação = Direção de propagação

Ondas P

Direção de propagação
Direção de oscilação

Fig. 6 Ondas sísmicas primárias, que são


longitudinais, e ondas sísmicas secundárias,
que são transversais.

Ondas S

Numa mola podemos produzir ondas transversais ou ondas longitudinais (Fig. 7).

Há ondas mistas, isto é, simultaneamente transversais e longitudinais, pois


têm duas direções de oscilação. É o caso das ondas sonoras em sólidos, de certo
tipo de ondas sísmicas e das ondas na superfície da água (neste último caso a
oscilação vertical é a mais evidente).

Nos exemplos anteriores, as ondas são produzidas por oscilações em meios


Fig. 7 Numa mola podemos produzir materiais: são ondas mecânicas. Mas as ondas eletromagnéticas não necessi-
ondas transversais (em cima) ou ondas tam de um meio material para se propagarem e são produzidas por oscilações
longitudinais (em baixo).
de cargas elétricas (que estudaremos adiante).

Podemos, então, classificar as ondas quanto ao seu modo de propagação e


QUESTÕES p. 131 quanto à sua natureza, como no quadro da Fig. 8.

Classificação das ondas

Quanto ao modo de propagação Quanto à sua natureza

Ondas transversais Ondas longitudinais Ondas mecânicas Ondas eletromagnéticas


Necessitam de um meio material Não necessitam de um meio material
A direção de propagação A direção de propagação para se propagarem. para se propagarem; propagam-se
é perpendicular à direção coincide com a direção Resultam de sinais mecânicos: em meios materiais e no vazio.
de oscilação. de oscilação. oscilações que alteram a posição, Resultam de sinais eletromagnéticos:
densidade, pressão, etc. oscilações de cargas elétricas.
Exemplos: ondas Exemplos: ondas sonoras
Exemplos: ondas na água, ondas
eletromagnéticas (luz), em fluidos, ondas numa Exemplos:
sísmicas, ondas numa corda, ondas
ondas numa corda, ondas mola esticada, ondas luz (visível e não visível).
numa mola, ondas sonoras.
sísmicas S. sísmicas P.
Fig. 8 Classificação das ondas quanto ao modo
de propagação e quanto à sua natureza.

112
2.1 Sinais e ondas

2.1.2 Periodicidade temporal


e periodicidade espacial de uma onda.
Ondas harmónicas e ondas complexas

Consideremos a onda numa corda, como na Fig. 4: se a mão repetir periodica- Onda periódica: propagação do mesmo
mente a oscilação na extremidade da corda, para cima e para baixo, cria-se uma sinal produzido em intervalos de tempo
iguais, ou seja, de um sinal periódico.
sequência de pulsos iguais em intervalos de tempo iguais. Produz-se um sinal
Tem características que se repetem
periódico cuja propagação origina uma onda periódica. Como o nome indica, no espaço e no tempo.
esta onda tem características que se repetem no tempo mas também no espaço,
como veremos.

A onda da Fig. 4 é exemplo de uma onda periódica, que resulta de um sinal produ- Fonte emissora da onda: onde se
zido pela mão, que é a fonte emissora da onda. A mão, ao oscilar, transfere energia cria a perturbação, ou seja, o sinal cuja
propagação origina a onda.
para a corda, cuja ponta passa a ter igual oscilação. A seguir, as outras partes da
corda entram também em oscilação mas com atrasos em relação às primeiras.
Período: tempo de uma oscilação
O tempo de uma oscilação completa da mão, ou seja, da fonte emissora, é completa.
chamado período de oscilação, T. O máximo afastamento da mão relativamente
à posição de equilíbrio é a amplitude de oscilação (símbolo A). Amplitude: valor máximo da grandeza y.

A Fig. 9 mostra um gráfico posição-tempo que representa o movimento osci-


latório da mão (fonte emissora), tomando-se a posição de equilíbrio para origem
do eixo vertical y.

y
A

A T
0
T t
A
Fig. 9 Gráfico do sinal periódico,
que origina a onda da corda da Fig. 4.
−A
Exibe a periodicidade temporal da onda.
T

Um gráfico y(t), como o da Fig. 9, descreve o sinal que originou a onda e evi-
dencia a periodicidade temporal da onda: repetição em intervalos de tempo Periodicidade temporal de uma onda:
iguais a um período. as características das oscilações
repetem-se em intervalos de tempo
A fonte emissora pode oscilar mais ou menos rapidamente, o que define a iguais (período da onda). É evidenciada
sua frequência, f: número de oscilações por unidade de tempo. em gráficos y (t ).

A frequência da fonte é também a frequência de oscilação das partes do meio Frequência: número de oscilações
em que se propaga a onda, por isso é chamada frequência da onda. É uma carac- por unidade de tempo.
terística que depende apenas da fonte emissora e é igual ao inverso do período:

Frequência da onda (frequência da fonte emissora)

1
Hz f=
T s

113
2. ONDAS E ELETROMAGNETISMO

Os gráficos de sinais periódicos, y(t), podem ter formas variadas (Fig. 10).

y y

t t

Fig. 10 Gráficos de sinais periódicos.


T T

Há sinais não periódicos que originam ondas não periódicas. O sinal da Fig. 11,
que mostra um eletrocardiograma, é um sinal não periódico (embora, neste caso,
não dê origem a uma onda).

Fig. 11 Sinal não periódico:


eletrocardiograma de um doente do coração.

Nas representações gráficas y(t) para uma onda, y é a grandeza que corres-
ponde à propriedade física alterada num ponto do meio (perturbação). Por isso,
y não tem de ser uma posição, como nas ondas numa corda ou na água. Pode
Ondas harmónicas ou sinusoidais:
produzidas por sinais harmónicos, representar, por exemplo, uma pressão, como no caso das ondas sonoras, que
caracterizados por uma função do tipo estudaremos adiante.
y (t ) = A sin (tt ).
A onda periódica produzida por um sinal como o da Fig. 9 é descrita matema-
ticamente por uma função seno ou cosseno. Estes sinais dizem-se harmónicos
Fig. 12 Função y(t) e representação ou sinusoidais (Fig. 12) e as ondas assim produzidas dizem-se ondas harmónicas
gráfica para um sinal harmónico. ou sinusoidais.

Sinais harmónicos

São descritos por funções sinusoidais, por exemplo Representação gráfica:


y(t) = A sin (␻ t)
y
• indica como varia
• y: grandeza que varia, em cada ponto do meio; uma grandeza física,
exemplos: posição, densidade, pressão, tensão A
y (perturbação), num
elétrica, corrente elétrica, etc.; ponto, ao longo do
A T
• A: amplitude de oscilação (módulo do valor tempo;
máximo de y); 0 • representa a
T t
• t: frequência angular, expressa em rad s−1, A
oscilação num ponto;
relacionada com a frequência por t = 2 / f não representa a
2/ −A propagação da onda
e com o período por t = ;
T T no espaço!
• o ângulo t t exprime-se em rad.

114
2.1 Sinais e ondas

E como é a representação da onda no espaço?

Analisemos de novo a propagação numa corda de uma onda


gerada por um sinal harmónico. Fotografando a corda em interva-
t = T/4
los de tempo iguais a um quarto de período, obtêm-se sucessivos
perfis (Fig. 13).
• Inicialmente a corda está esticada. t = T/2

• Após o tempo de uma oscilação (vibração) completa da


fonte emissora (um período), a onda propaga-se até uma
t = 3T/4
certa distância, chamada comprimento de onda – símbolo
h(lê-se «lambda») – cuja unidade SI é o metro.
• Num período, T, a onda avança um comprimento de onda, h. t=T

• Em dois períodos, 2T, a onda avança dois comprimentos de


onda, 2h, e assim sucessivamente.
ր t = 5T/4
• Ou seja: há uma repetição ou periodicidade no espaço,
caracterizada pelo comprimento de onda. O comprimento
de onda é a distância entre dois pontos consecutivos no t = 3T/2
mesmo estado de vibração.
• Os pontos da corda que estão na posição máxima chamam-se
t = 7T/4
cristas; os pontos que estão na posição mínima chamam-se
vales.
• Todos os pontos da corda oscilam com a frequência da fonte t = 2T
emissora.
• Se não houver perdas de energia, todos os pontos da corda
oscilarão com a amplitude de oscilação da fonte emissora. ր ր

Fig. 13 Perfis de uma corda em sucessivos


A periodicidade da onda revela-se tanto no tempo como no intervalos de tempo iguais a um quarto
espaço: a fonte emissora e cada ponto da corda têm oscila- de período.

ções que se repetem no tempo, correspondendo cada ciclo a


um período; por seu lado, o perfil da onda também se repete no
espaço em distâncias que são múltiplas de um comprimento de Comprimento de onda: distância a que
onda (Fig. 14). O comprimento de onda é a distância a que a onda se propaga uma onda num período.
se propaga num período.

Periodicidade temporal Periodicidade espacial

y y Crista
T ր

A A
t x
ր
v
Vale
Numa corda, y(t) descreve o movimento Numa corda, y(x) representa as
Fig. 14 Periodicidade temporal e
de uma partícula da corda ao longo posições das partículas da corda periodicidade espacial de uma onda
do tempo. no mesmo instante. harmónica.

115
2. ONDAS E ELETROMAGNETISMO

Periodicidade espacial de uma onda: a repetição O gráfico y(x) da Fig. 15 indica o valor da grandeza y em função da
no espaço é caracterizada pelo comprimento distância x à fonte emissora e representa a onda no espaço num certo
de onda. É evidenciada em gráficos y (x ).
instante. Neste gráfico, a distância entre dois pontos consecutivos no
mesmo estado de vibração, como x1 e x2, é um comprimento de onda,
grandeza que traduz a periodicidade espacial de uma onda.
y
ր Podemos também visualizar a periodicidade espacial numa onda
A
longitudinal. A Fig. 16 mostra uma mola onde foi produzida uma onda
longitudinal a partir de um sinal harmónico: criam-se zonas de maior
A ր
densidade de espiras – zonas de compressão – e zonas com menor
0 densidade de espiras – zonas de rarefação –, que vão alternando ao
x1 x2 x
ր longo do tempo. No gráfico y(x), y representa a densidade de espiras,
A
ou seja, o número de espiras por unidade de comprimento. O zero da
função y(x) corresponde à densidade uniforme na mola não pertur-
−A bada. A distância entre duas zonas de compressão ou de rarefação
ր consecutivas é um comprimento de onda.
Fig. 15 Representação de uma onda,
em função da distância à fonte emissora, x,
que evidencia a periodicidade espacial Rarefação Compressão
da onda.

ր
Densidade

Fig. 16 Onda longitudinal numa mola e sua


representação num gráfico y(x), sendo y
a variação da densidade das espiras.
O zero da função y(x) corresponde x
à densidade uniforme de espiras
da mola não perturbada.

O comprimento de onda, a frequência e a velocidade de propagação


estão relacionados. Partindo do módulo da velocidade de propagação,
s
v= , e da definição de comprimento de onda (se 6t = T então s = h),
6t
vem:
s h
v= = = hf
6t T

Módulo da velocidade de propagação


de uma onda

m s–1 v=␭f Hz
m
• Depende das características do meio e pode depender da
frequência.
• Se for constante num determinado meio, o comprimento de onda
e a frequência serão inversamente proporcionais.
• A velocidade máxima de propagação de um sinal é a velocidade
da luz no vazio: 3,00 × 108 m s−1.

116
2.1 Sinais e ondas

O estudo das ondas sinusoidais é importante pois, a partir delas,


podem-se analisar ondas periódicas mais complexas.

As ondas complexas são produzidas por sinais complexos, isto é, Sinais complexos: não são descritos por
sinais que não são harmónicos mas que podem ser descritos matema- uma só função harmónica, mas sim por
uma sobreposição de funções harmónicas.
ticamente por uma sobreposição de sinais harmónicos. É o que acon-
tece, por exemplo, com os sons emitidos pelos instrumentos musicais:
um sinal complexo periódico pode ser sempre decomposto em sinais
harmónicos, como mostra a Fig. 17.

+ t
Fig. 17 Um sinal complexo pode ser descrito como
a sobreposição de sinais sinusoidais.

t + t

Sinal complexo
+ t
etc.

Sobreposição de sinais sinusoidais

A energia transportada por uma onda tem muito interesse. Basta


lembrar que é a energia da radiação solar que permite a vida na Terra
e é a energia transportada pelas ondas que permite as comunicações.
Por vezes, até pode ter efeitos devastadores: é o que acontece num
tsunami (Fig. 18), a enorme onda de mar que se pode gerar num terra-
moto ou numa erupção submarina.

A energia transportada por uma onda depende da energia da fonte


emissora. Se a fonte gerar um sinal harmónico, a energia do sinal
harmónico será tanto maior quanto maior for a amplitude ou a fre- Fig. 18 Tsunami (palavra de origem japonesa): onda do
mar com uma energia enorme.
quência da fonte emissora.

A intensidade da onda é a energia transportada por unidade de Energia de um sinal harmónico:


tempo e por unidade de área perpendicular à direção de propagação. aumenta com a amplitude e com
Em geral, devido à absorção de energia pelo meio, a intensidade da a frequência do sinal.
onda vai diminuindo à medida que se propaga.

Há um outro efeito que leva à diminuição da intensidade das ondas,


como as da Fig. 19, que se propagam numa tina de ondas que existe em
alguns laboratórios escolares. O movimento do agitador produz uma
onda circular na água. À medida que aumenta a distância à fonte emis-
sora, a altura das cristas vai diminuindo o que significa que a intensidade
da onda é cada vez menor. Esta diminuição deve-se principalmente ao
facto de a energia se estar a distribuir por áreas cada vez maiores.

É por isso que, quanto há um sismo, quanto mais longe se estiver


do lugar onde se produziu o sinal (o local da superfície da Terra mais
próximo da perturbação chama-se epicentro), menor será o efeito das Fig. 19 Tina de ondas: um agitador produz ondas
harmónicas na água.
ondas sísmicas uma vez que a sua amplitude, em geral, será menor.

117
2. ONDAS E ELETROMAGNETISMO

Fig. 20 Grandezas características O quadro da Fig. 20 caracteriza as grandezas associadas a uma onda.
de uma onda.

Tempo de uma oscilação completa; intervalo Só depende da fonte emissora.


Período, T
de tempo entre dois pulsos consecutivos. Não depende do meio de propagação.
É uma característica da onda.
1
Frequência: f = Número de oscilações por unidade de tempo. Traduz a periodicidade temporal de uma onda periódica.
T
Módulo do valor máximo da propriedade Depende da amplitude do sinal emitido pela fonte
Amplitude, A
física, y, que é alterada. e do meio de propagação.

Distância a que a onda se propaga ao fim


Depende do meio de propagação e da fonte.
Comprimento de onda, h de um período; distância entre dois pontos
Traduz a periodicidade espacial de uma onda periódica.
consecutivos no mesmo estado de vibração.
Depende do meio de propagação e pode depender
Módulo da velocidade da frequência.
Rapidez com que a onda se propaga.
de propagação: v = h f Em muitas situações pode ser considerada constante
no mesmo meio.
Energia de um sinal
Energia transferida pela fonte emissora. Depende da amplitude e da frequência da fonte.
harmónico, E

Questão resolvida 1

Observe os gráficos de sinais ao lado. y

a) Qual deles representa um sinal sinusoidal? E um sinal não periódico? A

b) Nos gráficos C e D a escala dos tempos é a mesma. Qual é a frequência t

do sinal em C? Qual é o valor de t1, em D?


y
c) Numa tina de ondas, um agitador produz um sinal do tipo D, com uma B
amplitude de 2 cm. Num dado ponto da água passam dez cristas por
segundo e a distância entre duas cristas sucessivas é 6,0 cm. Suponha
t
que não há perdas de energia e que a velocidade de propagação é y
constante. C
i) Escreva uma expressão para o sinal produzido pelo agitador. 1 2 3 4 t / ms

ii) Se a frequência do agitador duplicar, como variará o comprimento de


y
onda da onda gerada na água?
D
t1 t

a) D. A. segundo, vem f = 10 Hz. Como o sinal é sinusoidal,


b) O tempo de um ciclo completo, um período, ou seja, da forma y(t) = A sin (t t); tem-se
é 2 ms = 2 × 10−3 s, então f = 1 / T = 500 Hz. A = 2 × 10–2 m e t = 2 / f = 2 / × 10 = 63 rad s–1,
Como a escala dos tempos é a mesma, T = 2 × 10−3 s, pelo que y(t) = 2 × 10–2 sin (63t) (SI).
ao fim do tempo t1 há um ciclo completo e um quarto
de ciclo, pelo que t1 = T + T / 4 = 5T / 4 ‹ ii) A velocidade é constante e, como v = h f, a frequência
‹t1 = 5 × 2 × 10–3 / 4 = 2,5 × 10–3 s. e o comprimento de onda são inversamente
c) i) A frequência do agitador é igual à frequência da proporcionais; se a frequência duplicar, o comprimento
onda e, como num ponto passam dez cristas por de onda passará para metade, ou seja, 3,0 cm.

QUESTÕES p. 132

118
2.1 Sinais e ondas

2.1.3 O som como onda de pressão


Os sons que emitimos e ouvimos resultam da produção e propagação de
ondas sonoras. A parte da física que estuda o som chama-se acústica.

Uma onda sonora é uma onda mecânica: é produzida pela oscilação (vibra-
ção) de uma porção de um meio material elástico, que é um meio cujas partes
oscilam quando sofrem uma deformação.

Tal oscilação resulta de uma perturbação numa zona localizada do meio e


pode ocorrer de formas diferentes, como sucede nos instrumentos musicais,
onde sinais sonoros originam ondas sonoras. Por exemplo, nos instrumentos de
corda, o sinal sonoro resulta da oscilação de cordas, nos instrumentos de sopro
resulta da vibração de colunas de ar dentro do instrumento, e nos instrumentos
de percussão resulta da vibração de partes metálicas, de madeira ou de pele do
instrumento (Fig. 21).

Também a nossa voz resulta de sinais produzidos pela vibração das cordas
vocais e do ar que respiramos. Tal vibração, devida à ação de músculos coman-
dados pelo cérebro, gera ondas sonoras.

O ser humano só é sensível a ondas sonoras de frequências entre cerca de 20


e 20 000 Hz (a sensibilidade às frequências altas diminui com a idade). Certos
Fig. 21 Nos instrumentos musicais
animais são sensíveis a um intervalo maior de frequências, como é o caso dos ele- produzem-se sinais – vibração de cordas, de
fantes, cães, golfinhos, etc. Ao conjunto das ondas sonoras audíveis e não audíveis ar em tubos ou de partes de metal, madeira
ou de pele – que se propagam no ar.
pelo homem (infrassons e ultrassons) chama-se espetro sonoro (Fig. 22).

Infrassons Campo audivo humano Ultrassons


0 20 20 000 40 000 160 000 f / Hz Fig. 22 Espetro sonoro. Para além do
audível, o elefante é sensível aos infrassons
e o cão, os golfinhos e os morcegos ouvem
ultrassons.
Elefante

Homem
Onda sonora em fluidos: é longitudinal.
Cão

Golfinho

Morcego

A propagação de uma onda sonora num fluido (um gás ou um líquido) é


semelhante à propagação de uma onda longitudinal numa mola (Fig. 16), pois a
onda sonora é longitudinal.

Vejamos como se propaga um sinal sonoro produzido por um diapasão (Fig. 23),
instrumento que vibra com uma frequência característica e que é, por isso, usado
para afinar instrumentos musicais. Quando se bate com um pequeno martelo nas
hastes do diapasão (diz-se «percutir» o diapasão), estas vibram produzindo um sinal Fig. 23 Diapasão com caixa de ressonância:
sinusoidal, cuja propagação origina uma onda sonora a que chamamos som puro. produz um som puro.

119
2. ONDAS E ELETROMAGNETISMO

Diapasão: produz um sinal sonoro As camadas de ar em redor das hastes do diapasão passam a vibrar em
sinusoidal que origina um som puro torno de uma posição de equilíbrio (mas não se deslocam como um todo!). Esse
(onda sonora sinusoidal).
movimento é comunicado às camadas de ar vizinhas e assim sucessivamente,
devido à elasticidade do meio.

A Fig. 24 representa o espaço à volta do diapasão num dado instante: há


zonas onde o ar fica menos denso – zonas de rarefação, isto é, zonas em que
a pressão do ar é menor do que a pressão normal – e zonas onde o ar fica mais
denso – zonas de compressão, isto é, zonas em que a pressão do ar é maior do
que a pressão normal.

Maior pressão
Zona de compressão:
maior densidade do ar

Fig. 24 Propagação do som no ar: as zonas


claras correspondem a zonas de rarefação
e as zonas escuras a zonas de compressão.

Menor pressão
P Zona de rarefação:
menor densidade do ar

P Num qualquer ponto P à volta do diapasão a pressão passa a ter, alternada-


mente, valores inferiores e superiores à pressão normal, que é a pressão atmos-
férica. No ponto P, à medida que o tempo passa, a uma zona de rarefação sucede
uma zona de compressão, a esta sucede uma de rarefação, e assim sucessiva-
P
mente (Fig. 25).

No exemplo da Fig. 24 a amplitude de vibração diminui quando a onda se pro-


Fig. 25 Num dado ponto do espaço há,
paga, pois a energia vai sendo distribuída por uma área cada vez maior.
alternadamente, rarefação e compressão
do ar.
Mas, num tubo pequeno (como os que existem em alguns instrumentos
musicais de sopro) com um êmbolo oscilante numa extremidade produz-se uma
onda sonora com amplitude praticamente constante. A pressão num ponto qual-
Vibração quer do tubo varia periodicamente no tempo devido à alternância entre zonas de
compressão e de rarefação (Fig. 26).

Se o sinal produzido pelo êmbolo for sinusoidal, a dependência temporal da


pressão num ponto qualquer do tubo será como no sinal sinusoidal. É habitual
Fig. 26 Onda sonora gerada num tubo por
tomar-se como referência a pressão atmosférica normal. Neste caso, a função
ação de um êmbolo que oscila de acordo p(t), que descreve essa dependência temporal, representa a oscilação da pres-
com um sinal harmónico.
são em relação à pressão de referência.

120
2.1 Sinais e ondas

p
Sinal sonoro sinusoidal (ou harmónico)

p (t ) = p0 sin (␻t )
T
• p : pressão num ponto, em relação a uma pressão de referência
(no ar, é a pressão atmosférica); a unidade SI é o pascal (Pa); p0
• p0: amplitude (no ar, é vários milhares de vezes inferior à pressão
T t
atmosférica); p0
• t : frequência angular.
A função p (t ) evidencia a periodicidade temporal da onda sonora num
dado ponto do meio.
Não representa a propagação da onda no espaço!
T

Diz-se, então, que o som é uma onda de pressão porque a sua propagação
origina variações de pressão no espaço.

Também podemos representar a propagação da onda no espaço. A Fig. 27


permite tirar algumas conclusões.

Representação da onda sonora no espaço


Direção de propagação =
Direção de vibração das camadas de ar
• A distância entre duas zonas consecutivas de compressão, ou de
rarefação, é igual ao comprimento de onda.
DT2.1_17_11F
DT
DT2.
2.1_17
17_11F
1F
• A onda sonora é longitudinal: a direção de propagação coincide
com a direção de vibração.
Rarefação Compressão
p
ր • A função p(x) indica a pressão, p, em relação à pressão
atmosférica, em função da distância, x, à fonte emissora,
num dado instante. Evidencia a periodicidade espacial da onda.
x Os valores máximos e mínimos correspondem, respetivamente,
às zonas de máxima compressão e às zonas de máxima rarefação.

A velocidade com que o som se propaga depende do meio de propagação e, Fig. 27 Representação da onda no espaço.

no mesmo meio, depende da temperatura: quanto mais facilmente se realizar a


transferência de energia no meio, mais rapidamente a onda se propaga. A Tab. 1
mostra alguns valores para a velocidade do som (no caso do ar, os valores são
para a pressão atmosférica normal). O som não se propaga no vazio, pois neste
não há matéria que possa oscilar.

Meio material Temperatura / °C Velocidade / m s−1


Granito 6000
Aço 5790
20
Água do mar 1522
Água 1482
15 340 Tab. 1 Velocidade do som em diversos
Ar meios materiais, para as temperaturas
30 349 indicadas.

121
2. ONDAS E ELETROMAGNETISMO

As ondas sonoras podem ser sinusoidais e, nesse caso, os sons dizem-se


puros. É este o caso do som produzido por um diapasão.

Dizemos que os sons podem ser fortes ou fracos, agudos ou graves. Estes
atributos estão relacionados com as características do sinal sonoro. Quanto
maior for a amplitude de pressão do sinal sonoro, maior será a intensidade do
som (som mais forte). Por outro lado, os sons serão altos (agudos) se tiverem
frequência alta, ou baixos (graves) se tiverem frequência baixa.

A Fig. 28 mostra um sinal sonoro com variações de período (e, portanto,


de frequência) e de amplitude de pressão, indicando-se os atributos dos sons
produzidos.

Fig. 28 Sinal sonoro sinusoidal com


variações no período (frequência) p
e na amplitude da pressão, e atributos
do som produzido.

Som forte Som fraco Som forte Som fraco


e grave e grave e agudo e agudo

Fig. 29 Visualização num osciloscópio


de um sinal elétrico com as mesmas Os sons usuais são complexos, ou seja, são descritos por ondas complexas,
características do sinal sonoro captado
pelo microfone. não sinusoidais. Para os analisar podemos transformar o sinal sonoro num sinal
elétrico com as mesmas características, o que é feito num microfone. Ligando-o
a um osciloscópio (ou um computador com programa adequado), visualizamos
Microfone: converte um sinal sonoro
no ecrã um sinal elétrico com as características do sinal sonoro (Fig. 29). Também
num sinal elétrico com as mesmas
características: mesma frequência é possível o contrário, ou seja, converter um sinal elétrico num sinal sonoro, com
e amplitude proporcional à intensidade as mesmas características, o que é feito num altifalante.
do som; o altifalante faz o contrário.
Tanto os animais como os instrumentos musicais produzem normalmente
sons complexos diferentes (Fig. 30), o que lhes confere timbres diferentes. É a
análise dos sinais sonoros complexos que permite a identificação por reconhe-
cimento de voz.

Diapasão (som puro)


t

Flauta Clarinete
t t
Fig. 30 Sinais sonoros Sons
correspondentes a um som complexos
puro e a sons complexos Violino Voz (ah)
para a mesma nota musical. t t

122
2.1 Sinais e ondas

Na Fig. 31 relacionam-se os atributos dos sons com as características das


ondas sonoras.
Fig. 31 Atributos dos sons e características
das ondas sonoras.

Atributos do som Características da onda

Forte ou intenso Grande


Intensidade Amplitude
de pressão
Fraco ou pouco intenso Pequena

Alto ou agudo Alta


Altura Frequência
Baixo ou grave Baixa

Som puro
Timbre Forma da onda
Som complexo

Na atividade laboratorial AL 2.1 estudar-se-ão características do som e na AL 2.1 p. 125


atividade laboratorial AL 2.2 determinar-se-á a velocidade do som.
AL 2.2 p. 129

Questão resolvida 2

Um diapasão vibra dentro de água, gerando uma onda que se pro-


paga a 1400 m s−1. O sinal produzido está representado na figura.

1,70 3,40 t / ms

Qual das afirmações é correta?


(A) A direção de vibração das camadas de água é perpendicular à
direção de propagação da onda.
(B) A frequência do diapasão é 220 Hz.
(C) O diapasão executa 800 oscilações completas em 2 s.
(D) A distância mínima entre dois pontos da água, numa direção de
propagação da onda, estando um numa zona de compressão e
outro numa zona de rarefação, é 1,59 m.

Opção (D). A distância entre uma zona de compressão e uma zona


A onda sonora num líquido é longitudinal, por isso (A) é de rarefação consecutivas (distância mínima) é metade
incorreta. O gráfico refere-se ao sinal do diapasão e mostra do comprimento de onda. Como v = h f obtém-se
que um período e meio vale 3,40 ms; por isso 1400 h
h= = 3,17 m, logo = 1,59 m.
1,5T = 3,40 ‹ T = 2,267 ms = 2,267 × 10–3 s. 441 2
1
Logo f = = 441 Hz (B é falsa); há 441 × 2 = 882
2,267 × 10–3
oscilações completas em 2 s (C é falsa). QUESTÕES p. 134

123
2. ONDAS E ELETROMAGNETISMO

RESUMO
• Sinal: perturbação que ocorre localmente e altera uma propriedade física.

• Onda: propagação de um sinal; há transferências de energia mas não de matéria.

• Propagação das ondas: as ondas dizem-se transversais se a direção de


propagação for perpendicular à direção de vibração, ou longitudinais se a
direção de propagação coincidir com a direção de vibração.

• Natureza das ondas: mecânicas se necessitam de um meio material para se


propagarem; eletromagnéticas se se propagam também no vazio.

• Sinal periódico: perturbação cujas características se repetem num intervalo de


tempo característico (período, T) e cuja propagação origina uma onda periódica.

• Sinal harmónico ou sinusoidal: sinal descrito por uma função sinusoidal do


tipo y(t) = A sin (t t); y: propriedade que sofre perturbação; A: amplitude de osci-
lação; t : frequência angular (t = 2 / f = 2 / / T). Origina uma onda harmónica.

• Periodicidade temporal de uma onda: repetição de características da onda


no tempo (período da onda, T). É evidenciada em gráficos y(t).

• Periodicidade espacial de uma onda: repetição de características da onda


no espaço (comprimento de onda, h). É evidenciada em gráficos y(x).

• Sinais complexos: são descritos por uma sobreposição de funções harmónicas.

• Energia de um sinal harmónico: aumenta com a amplitude e a frequência


do sinal.

• Grandezas associadas a uma onda:


– Período, T: tempo de uma oscilação completa; só depende da fonte emissora.
– Frequência, f: número de oscilações por unidade de tempo; só depende da
fonte emissora; é o inverso do período.
– Amplitude, A: módulo do valor máximo da grandeza y (perturbação);
depende da fonte emissora e do meio de propagação.
– Comprimento de onda, h: distância percorrida pela onda durante um
período; depende da fonte emissora e do meio de propagação.
– Velocidade de propagação: o módulo mede a rapidez com que a onda se
s
propaga: v = . Depende do meio de propagação e pode depender da
6t
frequência: v = h f .

• Ondas sonoras em fluidos: ondas mecânicas longitudinais.

• Sinal sonoro sinusoidal: descrito por p(t) = p0 sin (t t); p: pressão relativa-
mente a um valor de referência (no ar é a pressão atmosférica); p0: amplitude.

• Atributos de um som: intensidade, relacionada com a amplitude de pressão


da onda; altura, relacionada com a frequência da onda; timbre, relacionado com
a forma da onda (som puro: sinal harmónico; som complexo: sinal complexo).

• Microfone: um sinal sonoro é convertido num sinal elétrico com as mesmas


características; no altifalante o sinal elétrico é convertido em som.

124
2.1 Sinais e ondas

ATIVIDADE LABORATORIAL 2.1

Características do som
Vamos realizar uma atividade no laboratório que permita responder à seguinte
questão:

Qual é a base das tecnologias


de reconhecimento de voz usadas,
por exemplo, em telemóveis
ou tablets?

Questões pré-laboratoriais

Num osciloscópio visualizam-se sinais elétricos. Recorrendo às escalas do


ecrã de um osciloscópio podemos medir a amplitude e o período de um sinal.
A amplitude do sinal é dada pelo valor máximo de diferença de potencial
elétrico, Umax, que se lê na escala vertical. Esta escala é variável e pode ser
regulada no comutador com a indicação VOLTS/DIV: este indica o valor
da maior divisão da escala vertical. Por exemplo, se o comutador indicar
10 mV e a amplitude corresponder a 3 divisões mais 2/5 da divisão (Fig. 32),
ou seja, a 3,4 divisões, teremos:
Umax = número de divisões na escala vertical × tensão/divisão Fig. 32 Sinal elétrico visualizado
num osciloscópio.
Umax = 3,4 × 10 mV = 34 mV
O período do sinal mede-se na escala horizontal, regulada no comutador
com a indicação BASE DE TEMPO (ou TIME/DIV, ou SEC/DIV): este indica o
valor da maior divisão da escala horizontal (este tempo pode ser expresso
em s, ms ou μs). O tempo mede-se da seguinte forma:
t = número de divisões na escala horizontal × tempo/divisão
Por exemplo, se a dois ciclos completos do sinal corresponderem 5 divisões
na escala horizontal (Fig. 32) e a base de tempo for 2 ms/DIV, o tempo será:
t = 5 × 2 ms = 10 ms
Como este é o tempo de dois ciclos completos, então T = 10 ms/2 = 5 ms
e a frequência será f = 1/T = 200 Hz.
Observe os dois sinais elétricos da Fig. 33: a BASE DE TEMPO está sele-
cionada para 0,5 ms/DIV e os comutadores VOLTS/DIV marcam 2 mV/DIV.
a) O que têm em comum os sinais representados? Justifique.
b) Indique o período, a frequência e a amplitude do sinal de maior amplitude. Fig. 33 Dois sinais elétricos visualizados
num osciloscópio.

125
2. ONDAS E ELETROMAGNETISMO

ATIVIDADE LABORATORIAL 2.1 (cont.)

Trabalho laboratorial

Nesta atividade estudam-se sinais elétricos que se visualizam num osciloscópio. Alguns
foram produzidos por sinais sonoros e permitem investigar características como o
período, a frequência, o comprimento de onda, a intensidade e o timbre dos sons.
Utilize o seguinte material:
• osciloscópio de dois canais (ou computador, tablet ou smartphone com software
de edição de som ou outro sistema de aquisição de dados);
• gerador de sinais;
• dois microfones;
• altifalante;
• cabos de ligação;
• diapasão e martelo;
• régua.

Tal como nas televisões antigas, nos osciloscópios analógicos mais comuns há um
feixe de eletrões emitido por um filamento aquecido dentro de um tubo (sem ar).
Esse feixe é acelerado e embate num ecrã fluorescente, produzindo aí uma cintila-
ção. Nos osciloscópios digitais o tratamento dos sinais é semelhante ao que fazem
os computadores. Os osciloscópios analógicos e digitais têm algumas funções iguais.
Para obter uma imagem nítida e estável num osciloscópio, é necessário explorar
alguns botões de controlo e comutadores existentes no seu painel (Fig. 34) que des-
crevemos a seguir.

Fig. 34 Exemplo de um painel


de osciloscópio.

• Liga-se o osciloscópio. Se o comutador BASE DE TEMPO estiver desligado


(por estar ativa a função NORM em vez de AT ou AUTO (automático) ou o modo
XY) aparece apenas um ponto brilhante no ecrã. Após estar ativo o varrimento,
para ajustar a velocidade com que esse ponto luminoso se desloca no ecrã acer-
ta-se a escala na BASE DE TEMPO até obter um traço contínuo. No centro deste
comutador há um botão que deve estar na posição CAL (calibrado).

126
2.1 Sinais e ondas

• A estabilização do sinal é feita no comutador TRIGGER (disparador),


que deve estar em AUTO.
• Para definir a linha de referência de 0 V coloca-se o comutador
AC-GND-DC na posição GND e, ajustando com o controlo da posi-
ção vertical, faz-se coincidir o traço com uma linha horizontal da
escala, centrando-o no ecrã. Coloca-se depois o comutador na
posição AC.
• Com o comutador VOLT/DIV pode-se atenuar ou amplificar o sinal.
No centro deste comutador há um botão que deve estar na posição
CAL (calibrado). O osciloscópio tem dois canais (permite a visuali-
zação simultânea de dois sinais elétricos), havendo um comutador
VOLT/DIV para cada um.
• Para obter uma imagem nítida usam-se os comutadores de foca-
gem (FOCUS) e de intensidade (INTENS); note-se que uma imagem
muito cintilante pode queimar o ecrã!

numa tabela o valor da menor divi-


1. Medição de períodos
e frequências.
são da escala horizontal e todas
as medidas que efetuar.
Um gerador de sinais é um apa- a) Para três frequências, de um
relho que produz sinais elétricos som mais grave, outro agudo
com formas e frequências varia- e um intermédio, varie a
das. Ligue um gerador de sinais amplitude do sinal no gerador.
ao canal 1 do osciloscópio (Fig. 35). Relacione as intensidades dos
Selecione no gerador um sinal sons escutados com as ampli-
sinusoidal com determinada fre- tudes dos sinais visualizados
quência (por exemplo, 1 kHz) e no osciloscópio. Meça os perío-
Fig. 35 O osciloscópio mostra sinais elétricos
registe-a. Regule a amplitude do dos, calcule as frequências e produzidos num gerador de sinais.
sinal no gerador para cerca de compare-as com as seleciona-
metade do valor máximo que ele das no gerador.
pode fornecer. b) Para um sinal de 1 kHz, regule a
Regule a base de tempo de modo intensidade no gerador de modo
a obter um ou dois ciclos no ecrã, que o som seja ouvido em toda
o que facilitará a leitura da medida a sala (se usar auscultadores,
do período. Registe o valor da regule a intensidade de modo
maior divisão da escala horizontal. a conseguir ouvir o som). Sem
Registe o período do sinal. alterar esta intensidade e a par-
tir de 1 kHz, selecione frequên-

2. Audição e limites
de audição.
cias cada vez menores e, em
seguida, frequências cada vez
maiores. Registe a frequência Altifalante
Ligue um altifalante (ou ausculta- mínima e a frequência máxima
dor) à saída do gerador de sinais que consegue ouvir, que são os
(com um «T»), de modo a ouvir seus limiares de audição. Faça o Fig. 36 O altifalante produz um sinal sonoro com as
sons com as frequências selecio- mesmo registo para outro aluno mesmas características do sinal elétrico produzido no
gerador.
nadas no gerador (Fig. 36). Registe e para uma pessoa mais velha.

127
2. ONDAS E ELETROMAGNETISMO

ATIVIDADE LABORATORIAL 2.1 (cont.)

3. Tipos de sinais.
Desligue o gerador de sinais do
4. Medição direta do compri-
mento de onda.
osciloscópio e ligue um microfone Desligue o gerador de sinais do
ao canal 1 do osciloscópio (Fig. 37). osciloscópio e ligue um microfone
a) Produza um sinal sonoro com um ao canal 1 do osciloscópio (Fig. 38).
diapasão, em frente ao micro- Volte a usar o gerador de sinais
fone. Visualize as características ligado apenas ao altifalante. Ligue
Diapasão do sinal elétrico correspondente. um segundo microfone ao oscilos-
Microfone
Varie a intensidade do som per- cópio no canal 2.
Fig. 37 A onda sonora produzida pelo diapasão cutindo o diapasão com mais ou Produza um sinal no gerador, por
é captada pelo microfone. menos força e veja como variam exemplo de 1 kHz. Coloque os micro-
as amplitudes do sinal elétrico. fones lado a lado, junto a uma régua,
Registe a frequência indicada no em frente ao altifalante e à mesma dis-
diapasão. Determine o período tância dele, como na Fig. 38. Observe
do sinal elétrico e calcule a sua que os dois sinais no osciloscópio
frequência. ficam sobrepostos (se isso não acon-
b) Emita sons direcionados para o tecer, ajuste as posições dos microfo-
microfone, por exemplo letras, nes até que haja sobreposição).
Microfone 1
palavras, assobios, e visualize Fixe um dos microfones e, em
os respetivos sinais elétricos. seguida, afaste o outro ao longo da
Compare os sinais produzidos régua, até que os sinais voltem a ficar
Régua por diferentes alunos que emi- sobrepostos. Meça a distância per-
Altifalante
Microfone 2 tem sons semelhantes. corrida pelo microfone ao longo da
régua. Esta é a distância a que a onda
Fig. 38 Medição direta de um comprimento de onda. sonora se propagou num período; por
isso é igual ao comprimento de onda
da onda sonora.
Questões pós-laboratoriais

1. Apresente o resultado da medição do período que diapasão. Determine a sua frequência e calcule o res-
obteve no ponto 1 do trabalho laboratorial. petivo erro percentual, tomando como referência a fre-
quência inscrita no diapasão.
2. Como variou a intensidade do som emitido pelo altifa-
lante quando aumentou a amplitude do sinal no gera- 6. Dos sinais observados no osciloscópio, quais corres-
dor? Como justifica essa relação? ponderam a sons puros? E a sons complexos?

3. Apresente a tabela de dados experimentais relativa aos 7. Apresente o resultado da medição do comprimento de
sinais elétricos visualizados no osciloscópio e produzi- onda do som que se propagou do altifalante até ao micro-
dos pelo gerador de sinais (ponto 2 do trabalho labo- fone. Qual seria o módulo da velocidade de propagação
ratorial). A partir do valor experimental da frequência do som no ar, calculado com base neste procedimento?
de cada sinal, avalie a respetiva exatidão tomando
8. Os sinais elétricos correspondentes à voz dos vários
como referência o valor marcado no gerador de sinais.
alunos foram iguais? Indique um atributo do som que
4. Quais foram os limiares de audição relativamente aos os distingue, permitindo identificar os sons emitidos.
sons escutados pelas várias pessoas? Que conclui
9. A tecnologia de reconhecimento de voz pode não fun-
com base nesses valores?
cionar se a pessoa estiver num ambiente ruidoso. Por
5. Apresente o resultado da medição do período do que será? Que outras limitações tem esta tecnologia?

128
2.1 Sinais e ondas

ATIVIDADE LABORATORIAL 2.2

Velocidade de propagação do som


Vamos realizar uma atividade laboratorial que permite responder à seguinte
questão:

Como determinar a velocidade


de propagação do som no ar?

Questões pré-laboratoriais

1. A primeira medição da velocidade de propagação do temperatura. A expressão v = 330,4 + 0,59 T , em que


som no ar foi feita nos arredores de Paris por Pierre T é a temperatura em graus Celsius, permite obter o
Gassendi, em 1635. Com um canhão produzia-se valor da velocidade do som no ar em m s−1 com uma
uma explosão, que emitia luz (um clarão) e som; um boa aproximação para temperaturas perto da tempe-
observador a grande distância, mas em linha de vista ratura ambiente. Meça a temperatura do ar e obte-
com o canhão, media o tempo decorrido entre o cla- nha, a partir da expressão anterior, o valor da veloci-
rão e o barulho. Como a distância entre o observador dade do som no ar a essa temperatura.
e o canhão era conhecida, obtinha-se a velocidade
3. Os aviões supersónicos atingem uma velocidade
do som dividindo essa distância pelo tempo medido.
superior à do som no ar. Chama-se «número de
Desta experiência resultou um valor de 478 m s−1.
Mach» à razão entre a velocidade de um veículo e a
a) Identifique uma pequena incorreção inerente ao velocidade de propagação do som no ar (cujo valor de
método usado por Gassendi para medir a veloci- referência é 343,4 m s−1). A maior velocidade atingida
dade do som. na atmosfera terrestre foi Mach 10, por um avião da
b) Compare as ordens de grandeza da velocidade NASA. O termo «Mach» homenageia o físico e filósofo
da luz no ar (aproximadamente igual ao valor no austríaco Ernst Mach. Exprima, com quatro algaris-
vácuo, 3 × 108 m s−1) e a velocidade do som obtida mos significativos, o valor:
por Gassendi. a) da maior velocidade atingida na atmosfera terres-
2. A velocidade de propagação do som depende não tre, em km h−1.
só do meio de propagação mas também da sua b) da velocidade da luz no vácuo, em Mach.

129
2. ONDAS E ELETROMAGNETISMO

ATIVIDADE LABORATORIAL 2.2 (cont.)

Trabalho laboratorial

Pretende-se determinar a velocidade de uma onda sonora a partir da medição da


distância de propagação e do respetivo intervalo de tempo. Utilize um dos seguintes
procedimentos.

Procedimento I:
Material: osciloscópio, microfone com amplificador, mangueira de 15 m, cabos de liga-
ção, tampa metálica, termómetro.

Ligar um microfone ao canal 1 do osciloscópio. Enrolar a mangueira e colocar o microfone


junto às suas extremidades (Fig. 39). Com o osciloscópio na função NORM (normal) o sinal
desaparecerá do ecrã e só se observará um sinal se a tensão ultrapassar um determinado
valor, que é definido usando o botão de nível (LEVEL). Use 0,5 ms na BASE DE TEMPO.

1. Produza um sinal sonoro intenso


de curta duração deixando cair a tampa
microfone. Observe que outro sinal apa-
rece no osciloscópio com algum tempo
junto ao microfone. O sinal aparece no de atraso em relação ao primeiro. Que
Fig. 39 Um sinal sonoro produzido ecrã quando o som é produzido e desa- tempo é esse? Meça-o e repita o procedi-
junto a uma extremidade da mento mais duas vezes.
mangueira é captado na outra parece de novo (esta situação depende
extremidade. do que foi definido no controlo LEVEL). O
sinal sonoro propaga-se pela mangueira,
sendo captado na outra extremidade pelo 2. Meça a temperatura do ar.

Procedimento II:
Material: osciloscópio, gerador de sinais, altifalante, microfone, cabos de ligação, régua,
termómetro.

1. Efetue a montagem da Fig. 40 e


produza um sinal sinusoidal no gerador
um desfasamento entre os sinais. Meça
o intervalo de tempo do desfasamento e
de sinais. Por que razão são visualizados indique o seu significado. Volte a afastar o
Microfone microfone e faça novas medições. Repita
dois sinais no osciloscópio?
Altifalante o procedimento seis vezes, registando os
Régua

Fig. 40 Um sinal produzido num 2. Encoste o microfone ao altifalante.


valores numa tabela.

gerador propaga-se do altifalante até


ao microfone.
Afaste depois o microfone do altifalante
e meça a distância entre eles. Observe 3. Meça a temperatura do ar.

Questões pós-laboratoriais

1. Determine a velocidade de propagação do som no ar: a partir de uma reta de regressão, determine o valor da
no procedimento I, faça uma média dos intervalos de velocidade.
tempo obtidos e calcule o valor dessa velocidade; no
2. Determine o erro percentual do resultado obtido e ava-
procedimento II, construa o gráfico distância-tempo e,
lie a sua exatidão.

130
2.1 Sinais e ondas

QUESTÕES
Notas: 4. Uma onda transporta energia na direção horizontal e
Na resposta a questões de escolha múltipla selecione a única opção da direita para a esquerda. As partículas do meio osci-
que permite obter uma afirmação verdadeira ou responder correta- lam em torno das posições de equilíbrio, em média, da
mente à questão colocada.
direita para a esquerda e da esquerda para a direita.
Nas questões que envolvam cálculos, estes devem ser apresentados.
Esta onda é … e …, sendo o sentido de propagação da …
(A) eletromagnética … transversal … direita para a
esquerda.
2.1.1 Sinais e ondas. Ondas transversais (B) eletromagnética …transversal … esquerda para a
e ondas longitudinais. Ondas mecânicas direita.
e ondas eletromagnéticas (C) mecânica …longitudinal … da esquerda para a direita.
(D) mecânica …longitudinal … da direita para a esquerda.
1. Selecione a afirmação verdadeira:
(A) Um sinal é uma alteração de uma propriedade 5. Quando ocorre uma trovoada, vê-se o relâmpago e só
física num certo ponto de um meio, alteração essa depois se ouve o trovão.
que se propaga instantaneamente. a) Que ondas se propagam no ar neste fenómeno? Em
(B) Numa onda persistente produz-se um só pulso. qual delas há vibração do ar?
(C) Só pode haver onda quando existe um meio mate- b) Justifique o facto de se ver primeiro a luz e só depois
rial que permita a propagação de um sinal. se ouvir o som.
(D) As ondas transportam energia mas não matéria. c) Sabendo que a velocidade de propagação do som no
ar é 340 m s−1, e que se ouviu o som 4,2 s após se ver
2. Indique a opção que permite preencher sequencial- o clarão, estime a distância ao local onde ocorreu o
mente os espaços seguintes. relâmpago.
Um sinal eletromagnético … de um meio material para
6. A figura representa uma onda (um único pulso) numa
se propagar e produz ondas ….
corda em dois instantes diferentes.
(A) necessita ... transversais.
(B) não necessita ... transversais.
A B
(C) não necessita ... longitudinais.
t=0s
(D) necessita ... longitudinais. 0
x

3. Considere os seguintes tipos de ondas:


t = 1,0 s
A. Ondas numa mola. 0
10 cm 10 cm 10 cm x
B. Raios X.
C. Ondas sonoras em fluidos. a) Em que sentido se propaga o pulso?
D. Infravermelhos. b) Em que direção se estão a mover os pontos A e B da
E. Ondas sísmicas. corda?
Indique as ondas que: c) A propagação do pulso produz uma onda:
a) necessitam de um meio material para se propagarem. (A) mecânica e transversal.
b) são eletromagnéticas e transversais. (B) mecânica e longitudinal.
c) são mecânicas e são sempre longitudinais. (C) eletromagnética e transversal.
d) são mecânicas e podem ser longitudinais ou (D) eletromagnética e longitudinal.
transversais. d) A que distância se propaga o pulso ao fim de 10 s?

131
2. ONDAS E ELETROMAGNETISMO

9. Pode obter-se uma representação de uma onda usando


2.1.2 Periodicidade temporal e periodicidade
o dispositivo da figura seguinte: um funil oscila, segundo
espacial de uma onda.
uma função sinusoidal, para um lado e para o outro, dei-
Ondas harmónicas e ondas complexas
xando cair areia sobre uma passadeira rolante que se
move com velocidade constante de módulo 6,0 m s−1.
7. Observe os sinais A, B e C da figura. Cada divisão da
escala horizontal vale 1 ms.

A
t

B
t

20 cm

C
t

10 cm

a) Selecione a opção correta:


(A) Apenas o sinal A é periódico. Escreva a função sinusoidal que descreve o movimento
(B) Os sinais B e C são periódicos e complexos. descrito pela ponta do funil.
(C) Os gráficos como os de cima permitem a medi-
ção direta da frequência do sinal.
10. A ponta de uma corda é colocada a oscilar entre duas
(D) Os gráficos representados mostram a forma da posições afastadas 6,0 cm. A frequência da onda sinu-
onda no espaço. soidal produzida é 8,0 Hz. A distância entre dois pontos
b) Determine o período dos sinais A e C e o número de consecutivos no mesmo estado de vibração é 10 cm.
ciclos por unidade de tempo do sinal B. a) Escreva, em unidades SI, a função que descreve o
sinal que produz a onda.
8. Uma ponta de uma corda é posta a oscilar, sendo o res-
b) Calcule a velocidade de propagação da onda.
petivo sinal descrito pela função
y(t) = 8,0 × 10−2 sin (24/ t) (SI).
a) Selecione a opção correta: 11. Um agitador de uma tina de ondas oscila com uma
(A) A ponta da corda oscila com uma frequência de amplitude de 5,0 cm, emitindo 10 pulsos sinusoidais
12 Hz. por segundo. Ao fim de dois períodos a onda propagou-
-se a 40 cm.
(B) A amplitude de oscilação da ponta da corda é
8,0 m. Indique a afirmação verdadeira:

(C) A frequência angular do movimento é 24/ rad. (A) O agitador realiza uma oscilação completa em 10 s.

(D) Os pontos da corda oscilam com frequências (B) O comprimento de onda da onda gerada na água é
diferentes. 40 cm.

b) Se a frequência de vibração da ponta da corda passar (C) A separação na horizontal entre as coordenadas de
para o dobro, como mudará a frequência de vibração uma crista e um vale consecutivos é 10 cm.
dos outros pontos da corda? (D) A velocidade de propagação da onda é 1,0 m s−1.

132
2.1 Sinais e ondas

12. Uma onda longitudinal propaga-se numa mola. Uma DT2.1_35_11F


régua, graduada em metros, é colocada paralelamente
à mola. O gráfico mostra a posição, y, de um ponto A da
A B
mola em função do tempo.

a) Calcule a velocidade de propagação das ondas na


água.
0,0 0,5 1,0 1,5
y / cm
b) Se a frequência do gerador triplicasse, e supondo
10 a velocidade constante, como mudaria a distância
entre duas zonas escuras consecutivas?
0
0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,4 t / s
−10
15. Observe a figura: numa corda presa a um oscilador P
gera-se uma onda. A onda propaga-se na corda a uma
velocidade de módulo igual a 3,0 m s−1.
a) Determine a frequência e o comprimento de onda da
onda gerada na mola.
B
b) Se a frequência de oscilação da onda passasse para P
A
metade, qual seria a distância entre duas zonas de
compressão consecutivas da mola?

13. A figura mostra o perfil de uma corda num dado ins-


O movimento de P é descrito pelo seguinte gráfico:
tante. A onda demorou 1,2 s a propagar-se do ponto A
ao ponto B, sendo 4,0 m s−1 o módulo da velocidade da y / cm
onda. 9

0
B 20 40 60 t / ms
−3
A
−6

−9

a) Determine o comprimento de onda da onda. a) Quantas oscilações completas realiza cada ponto da
b) Qual é a frequência de oscilação do ponto A? E do corda num minuto?
ponto B? b) A que distância se propaga a onda ao fim de 30 s?
c) Escreva, em unidades SI, a função que descreve o
14. A figura representa ondas produzidas numa tina de
movimento de P.
ondas, estando o gerador de ondas ajustado para uma
frequência de 6,0 Hz. As zonas escuras representam d) Determine a distância entre as abcissas dos pontos
cristas e as zonas claras representam vales. A distân- A e B.
cia entre os pontos A e B é 20,8 cm. e) Como se pode aumentar a energia do oscilador P?

133
2. ONDAS E ELETROMAGNETISMO

c) Se o som fosse produzido por um diapasão de 256 Hz,


2.1.3 O som como onda de pressão
supondo a mesma velocidade de propagação da
onda, esse som seria:
16. Um diapasão produz um som, sendo 340 m s−1 o
módulo da velocidade de propagação do sinal sonoro (A) mais alto, tendo a onda sonora maior compri-
no ar. O gráfico representa o sinal sonoro, sendo uma mento de onda.
divisão da escala horizontal igual a 1 ms. (B) mais alto, tendo a onda sonora menor compri-
mento de onda.
p
(C) mais baixo, tendo a onda sonora maior compri-
mento de onda.
(D) mais baixo, tendo a onda sonora menor compri-
t / ms mento de onda.

18. Dois sons produzidos no ar são analisados num osci-


loscópio, visualizando-se dois sinais elétricos A e B.
A velocidade de propagação dos sons é a mesma.
a) Que tipo de periodicidade da onda sonora está evi-
denciada no gráfico?
b) Qual é o tempo de uma oscilação completa das B
camadas de ar que rodeiam os ramos do diapasão?
c) Qual é a frequência do diapasão? A
d) A que distância se propaga o som ao fim de um
período de oscilação das hastes do diapasão?
e) Quanto maior for a intensidade da força com que se a) Identifique, justificando, que dispositivo deve ser
bate num dos ramos do diapasão: ligado ao osciloscópio para analisar os sons.
(A) mais alto será o som emitido pelo diapasão. b) Assinale a opção que permite completar a frase.
(B) mais forte será o som emitido pelo diapasão. O sinal A tem … amplitude e … frequência do que o
(C) mais grave será o som emitido pelo diapasão. sinal B.
(D) mais fraco será o som emitido pelo diapasão. (A) maior … maior (B) maior … menor
(C) menor … maior (D) menor … menor
17. Um diapasão produz um som puro de 440 Hz que se pro-
c) Qual dos sinais representa o som mais alto?
paga num tubo, sendo 340 m s−1 o módulo da sua velo-
cidade. Num certo instante, dois pontos do tubo, P e Q, d) A frequência do sinal B é:
estão em zonas consecutivas de máxima compressão. (A) 4 vezes superior à frequência do sinal A.
a) Qual é a distância entre os pontos P e Q? (B) 1,6 vezes inferior à frequência do sinal A.
b) Assinale a opção que permite completar a frase. (C) 1,6 vezes superior à frequência do sinal A.
Se decorrer um intervalo de tempo igual a meio (D) 4 vezes inferior à frequência do sinal A.
período, P ficará numa zona de máxima … e Q numa e) Relativamente à onda sonora A, a onda sonora B tem
zona de máxima … um comprimento de onda:
(A) rarefação … rarefação. (A) 4 vezes superior.
(B) rarefação … compressão. (B) 1,6 vezes inferior.
(C) compressão … compressão. (C) 1,6 vezes superior.
(D) compressão … rarefação. (D) 4 vezes inferior.

134
2.1 Sinais e ondas

19. Os gráficos seguintes representam sinais elétricos c) Escreva a expressão para o sinal elétrico, em uni-
recolhidos num osciloscópio correspondentes a três dades SI, que traduz a diferença de potencial, U,
sons A, B e C que se propagam no ar. em função do tempo, t, descrito pela função
U(t) = Umax sin (t t).
C d) Ligou-se um altifalante ao gerador de sinais, obtendo-
-se um sinal sonoro. Captou-se a onda sonora com
B dois microfones ligados ao osciloscópio e colocados
inicialmente à mesma distância do altifalante. O osci-
loscópio mostrou os sinais recebidos dos microfo-
0
nes e observou-se que os seus máximos coincidiam.
A Afastou-se em seguida um microfone do altifalante
até os sinais ficarem como mostra a figura seguinte.
A distância entre a posição inicial e final do microfone
que se moveu foi 17,10 cm.
a) Identifique o som complexo e o som puro mais grave.
b) Compare, justificando, os comprimentos de onda das
ondas sonoras correspondentes a sons puros.
c) Suponha que o sinal sonoro A se propagava no ar e o
sinal sonoro B se propagava num líquido onde a velo-
cidade era três vezes maior do que no ar. Estabeleça
uma relação entre os comprimentos de onda da onda
1 ms
A e da onda B.
i) Justifique por que razão um sinal tem maior
amplitude do que o outro, indicando qual é o sinal
captado pelo microfone que se moveu.
Atividades laboratoriais
ii) Indique, justificando, a relação entre as frequên-
cias dos sons escutados no altifalante e as fre-
20. A figura representa um sinal elétrico visualizado num quências dos sinais vistos no osciloscópio.
osciloscópio e produzido num gerador de sinais. A base
iii) Mostre que o sinal sonoro demorou 0,5 ms a per-
de tempo foi regulada para 0,2 ms/div e o comutador
correr a distância entre a posição inicial e a posi-
da escala vertical para 5 mV/div.
ção final do microfone móvel.
iv) Indique, justificando, o valor do comprimento de
onda.

21. Para determinar a velocidade de propagação do som no


ar, produziu-se um sinal sonoro intenso de curta duração
que foi captado por dois microfones, separados de 2,00 m,
1 div ligados a um sistema de aquisição de dados. Este sis-
1 div tema registou o intervalo de tempo que o som demorou
a ir de um microfone até ao outro. O procedimento foi
a) Apresente o resultado da medida do período na uni- repetido, nas mesmas condições, obtendo-se os seguin-
dade SI. tes valores: 5,71 ms, 5,79 ms e 5,66 ms. Determine o
b) Determine o valor da frequência do sinal e o respetivo valor experimental da velocidade do som no ar. Avalie a
erro percentual, tomando como referência o valor de sua exatidão sabendo que o valor tabelado, à tempera-
1300 Hz marcado no gerador de sinais. tura a que foi realizada a experiência, é 343 m s−1.

135
2. ONDAS E ELETROMAGNETISMO

Questões globais b) Relacione a distância mínima entre duas zonas de


máxima compressão no ar quando os sinais sonoros
22. Uma onda propaga-se numa corda. A figura mostra o A e B se propagam.
perfil da onda no espaço em dois instantes diferentes. c) O sinal A, de 800 Hz, foi visualizado num osciloscó-
pio, obtendo-se a imagem seguinte.
y / cm
t = 0,00 s t = 0,05 s
10
0
1,0 2,0 3,0 4,0 x/m

a) Determine o módulo da velocidade de propagação da


onda na corda.
b) Escreva a função y(t) que descreve a posição da
extremidade da corda para x = 0.
1 div
c) A corda não é homogénea, tornando-se mais fina em
posições mais afastadas da origem. Quando a onda i) A base de tempo estava regulada para:
se propaga para esse lado da corda verifica-se que
(A) 0,10 ms/div. (B) 0,20 ms/div.
há variação:
(C) 0,25 ms/div. (D) 0,40 ms/div.
(A) da velocidade e do comprimento de onda.
ii) O valor tabelado da velocidade de propagação
(B) da velocidade e da frequência.
do som no ar, nas condições da experiência, é
(C) do comprimento de onda e da frequência. 343 m s−1. Determine o comprimento de onda
(D) só da velocidade. do som que originou o sinal A.

23. Um gerador de sinais cria um sinal elétrico e, quando 24. Uma fonte sonora emite dois sinais sonoros a que
a ele se liga um altifalante, produz-se um sinal sonoro. correspondem duas ondas sonoras M e N. O gráfico
O gráfico seguinte mostra como varia com o tempo a seguinte representa, para um dado instante, a pressão
pressão num certo ponto do espaço, para dois sinais do ar (em relação à pressão de referência) à medida
sonoros diferentes, A e B. que a distância x à fonte sonora aumenta.

A
p
p
B M

0,0
1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 x/m

a) Selecione a opção verdadeira: N


(A) O sinal A origina um som mais grave e mais
intenso do que o sinal B.
(B) O sinal A origina maiores variações de pressão do a) Sendo o módulo da velocidade de propagação do
que o sinal B. som 340 m s−1 verifique se os dois sons podem ser
(C) A frequência do sinal B é o dobro da frequência audíveis pelo ser humano.
do sinal A. b) Estabeleça uma relação entre as frequências e os
(D) A pressão é mínima numa zona de compressão. comprimentos de onda das ondas sonoras M e N.

136
2.2 Eletromagnetismo

2.2 ELETROMAGNETISMO
2.2.1 Carga elétrica e campo elétrico
2.2.2 Campo magnético
2.2.3 Indução eletromagnética

137
2. ONDAS E ELETROMAGNETISMO

2.2.1 Carga elétrica


e campo elétrico

Estudámos algumas características das ondas sonoras observando sinais


elétricos. Nestes sinais, assim como na produção e utilização da corrente elé-
trica, estão envolvidos campos elétricos e campos magnéticos.

O que são estes campos? Qual é a sua origem? Qual é o seu efeito? O eletro-
magnetismo, que vamos abordar, é a parte da física que estuda os fenómenos
elétricos e magnéticos, dando respostas a estas e a outras questões.

Fig. 1 Robert Millikan determinou


experimentalmente a carga do
Um campo elétrico tem origem em cargas elétricas. A carga elétrica é uma
eletrão em 1909.
propriedade fundamental das partículas que constituem a matéria. A carga do
eletrão é −1,602 × 10−19 C, sendo C o símbolo de coulomb, a unidade SI de carga
elétrica. Por convenção, o eletrão tem carga negativa.

A descoberta do eletrão pelo inglês Joseph Thomson ocorreu em 1897, mas


a determinação da sua carga só veio a acontecer em 1909 em experiências rea-
lizadas pelo norte-americano Robert Millikan (Fig. 1).

Fig. 2 Ao friccionar um objeto de plástico


num pano de lã ocorre transferência de A carga do protão, que é simétrica da carga do eletrão, representa-se
eletrões da superfície da lã para a superfície pela letra e: e = 1,602 × 10−19 C. Assim, a carga do eletrão representa-se por −e
do plástico.
(ou por −1, tomando e como unidade), ao passo que a carga do protão se repre-
senta por +e (ou +1). Chama-se carga elementar a e, pois é a carga livre mais
pequena até hoje detetada. Como vimos na página 41, os quarks têm carga fra-
cionária da carga elementar, mas estas partículas nunca foram detetadas fora
dos protões ou dos neutrões a que pertencem.

Num corpo eletricamente neutro o número de protões é igual ao número


de eletrões, ou seja, o corpo tem cargas elétricas de diferentes sinais, sendo
A nula a sua carga total. Contudo, se houver transferência de eletrões desse corpo
para um outro também neutro, os dois corpos ficam eletrizados: o que
ganha eletrões fica com excesso de cargas negativas – diz-se eletrizado nega-
tivamente – e o que perde eletrões fica com excesso de cargas positivas – diz-se
eletrizado positivamente.

Um modo simples de eletrizar certos corpos consiste em friccioná-los.


Por exemplo, esfregando um objeto de plástico num pano de lã, ocorrem trans-
B ferências de eletrões da lã para o plástico (Fig. 2): o plástico fica com excesso de
eletrões, ou seja, eletrizado negativamente, e a lã fica com excesso de protões,
Fig. 3 Um objeto plástico eletrizado exerce
forças elétricas de atração sobre pedaços ou seja, eletrizada positivamente. Um corpo eletrizado pode exercer forças elé-
de papel (A) ou sobre um fio de água (B).
tricas sobre outros corpos (Fig. 3).

138
2.2 Eletromagnetismo

A carga elétrica de um corpo, uma grandeza simbolizada por Q (ou q), resulta
das cargas de todas as partículas que o formam. Portanto, não pode ter um valor
qualquer: o seu módulo é sempre um múltiplo do módulo da carga elementar,
isto é, |Q| = n e, sendo n um número inteiro.

Quando se transferem eletrões de um corpo para outro, um deles perde-os


e o outro ganha-os, mas a soma algébrica de todas as cargas dos dois corpos
é a mesma. Dizemos que a carga elétrica se conserva, e esta é a ideia contida
no Princípio da Conservação da Carga Elétrica. Este princípio é aplicado, por
exemplo, quando se acertam equações químicas.

O Princípio da Conservação da Carga Elétrica afirma, portanto, que a carga


Fig. 4 A aniquilação de um positrão com um
total de um sistema isolado se mantém. Isso não impede que cargas elétricas se eletrão é usada na Tomografia por Emissão
criem ou se destruam num tal sistema. Assim, se for criada uma carga positiva, de Positrões (PET), uma técnica moderna
de imagiologia médica.
terá de surgir uma carga negativa, simétrica da primeira. Por exemplo, um fotão
(partícula de luz que é neutra) de elevada energia pode, em certas condições, dar
origem a um par de partículas com cargas elétricas simétricas: uma é o eletrão
e a outra é a sua antipartícula, chamada positrão (partícula idêntica ao eletrão
mas com carga simétrica). O inverso também pode acontecer: um eletrão e um
positrão aniquilam-se produzindo um par de fotões. Este processo está na base
de um exame clínico conhecido por PET (Fig. 4).

Podemos resumir assim as principais ideias sobre a carga elétrica:

Carga elétrica, Q (ou q )


• A unidade SI é o coulomb (C).
• Corpo eletricamente neutro: possui igual número de protões e de eletrões.
• Corpo eletrizado: positivamente (Q > 0) se tiver mais protões do que
eletrões; negativamente (Q < 0) se tiver mais eletrões do que protões.
• Carga elétrica de um corpo: o seu módulo é um múltiplo da carga
elementar, ou seja, |Q | = n e , sendo e = 1,602 × 10−19 C.
• Princípio da Conservação da Carga Elétrica: a carga elétrica (soma de
todas as cargas) de um sistema isolado é constante.

Um corpo eletrizado (ou carregado) interage com os corpos à sua volta, o que
se manifesta pela presença de forças elétricas sobre esses outros corpos. Para F
q
descrevermos estas interações recorremos à noção de campo elétrico.

Imaginemos um corpo carregado, de dimensões reduzidas, a que chamamos


partícula eletrizada ou «carga pontual». Essa partícula de carga Q está num Q
certo ponto do espaço e queremos saber o que se passa quando colocamos,
num outro ponto, uma outra partícula de carga q. Se tiver o mesmo sinal da Fig. 5 Uma carga elétrica Q cria um campo
elétrico, o que se reconhece pela força
primeira, esta exercerá sobre a segunda uma força repulsiva, como mostra a elétrica que exerce sobre outras cargas
à sua volta.
Fig. 5. Esta força é, portanto, exercida à distância.

139
2. ONDAS E ELETROMAGNETISMO

As interações elétricas compreendem-se melhor recorrendo à ideia de


campo: imaginamos que a partícula de carga Q cria no espaço à sua volta um
campo elétrico, e que a partícula com carga q «sente» esse campo no ponto
onde se encontra, ficando sujeita a uma força. Diz-se que a carga Q cria o campo
elétrico – é a fonte do campo – e que a carga q sofre a ação desse campo, ou
seja, fica sujeita a uma força elétrica.

Campo elétrico, E : define-se em A expressão campo elétrico designa a grandeza vetorial, simbolizada por E,
cada ponto do espaço que esteja sob a que é definida em cada ponto do espaço que esteja sob a influência de cargas
influência de cargas elétricas. A unidade
elétricas. A unidade SI de campo elétrico é o volt por metro (V/m) ou newton por
SI é o volt por metro (V/m) ou newton por
coulomb (N/C). coulomb (N/C).

O campo elétrico num qualquer ponto criado por uma partícula de carga Q
(positiva ou negativa) depende dessa carga e da distância a ela, como se apre-
senta na Fig. 6 (o tamanho dos vetores é proporcional à intensidade do campo).

Campo elétrico, E , produzido num ponto do espaço


por uma carga pontual Q

A B

E E

Q>0 Q<0

E E E E

Direção de E : radial (a da linha que une o ponto à carga).


Sentido de E : aponta para a carga se Q < 0 e no sentido contrário se Q > 0.
Intensidade (módulo) de E :
Fig. 6 Vetores campo elétrico numa região • Aumenta quando aumenta o módulo da carga que cria o campo.
à volta de uma carga pontual positiva (A) • Diminui quando aumenta a distância do ponto à carga.
e de uma carga pontual negativa (B).

Uma forma de representar um campo elétrico recorre às chamadas linhas


de campo elétrico, mostradas na Fig. 7 para os campos elétricos da Fig. 6. Estas
linhas são imaginárias mas dão-nos a noção da intensidade e da orientação do
campo.

Q>0 Q<0

Fig. 7 Linhas de campo elétrico criado por


uma carga pontual positiva e por uma carga
pontual negativa.

140
2.2 Eletromagnetismo

Se houver mais do que uma carga pontual a criar um campo elétrico, este Cargas simétricas
será a sobreposição dos campos produzidos por cada uma das cargas, podendo
as linhas de campo tomar formas diversas, como mostra a Fig. 8.

O vetor campo elétrico, E, é tangente às linhas de campo. A densidade das +Q


E
linhas relaciona-se com a intensidade do campo: maior densidade de linhas,
tal como acontece junto às cargas, significa maior intensidade do campo nessa
E −Q
zona. No espaço onde não existem cargas, as linhas de campo nunca se podem
cruzar: se isso acontecesse seria possível definir, num mesmo ponto, dois veto-
res E distintos. Mas, em cada ponto do espaço, o campo é único.

Com a ajuda das figuras anteriores, podemos relacionar as linhas de campo


Cargas iguais positivas
elétrico e o campo elétrico que elas representam:

+Q
Linhas de campo elétrico produzido por uma ou mais cargas
• Linhas imaginárias que partem de cargas positivas e apontam para E
E
as cargas negativas.
• Nunca se cruzam.
+Q
• O vetor campo elétrico, E , em cada ponto do espaço, é tangente à linha
de campo que passa por esse ponto e tem o sentido dessa linha.
• A intensidade do campo elétrico, E , será tanto maior quanto maior for
a densidade das linhas de campo.
Cargas iguais negativas

As linhas de campo, que representam o campo, podem ser visualizadas atra- E −Q


vés de uma experiência.

Por exemplo, colocando certas sementes (de linhaça, por exemplo) em óleo,
no qual se mergulharam elétrodos com formas convenientes, e estabelecendo
entre eles uma diferença de potencial elétrico elevada, as sementes dispõem-se −Q
segundo as linhas de campo elétrico criado no óleo (Fig. 9). E

Fig. 8 Linhas de campo elétrico criado por


Cargas elétricas simétricas Cargas elétricas iguais duas cargas simétricas ou por cargas iguais.

Fig. 9 As sementes colocadas em óleo


onde existe um campo elétrico intenso
dispõem-se segundo as linhas de campo.

Um tipo de campo elétrico muito usado é o campo elétrico uniforme: o vetor


E é igual em intensidade, direção e sentido em todos os pontos de uma dada
região. Por isso as linhas de campo são retas paralelas igualmente espaçadas.

141
2. ONDAS E ELETROMAGNETISMO

A Fig. 10 representa um campo elétrico uniforme produzido na região entre


duas placas metálicas paralelas, uma com carga positiva (+Q) e outra com carga
simétrica (−Q), sendo a separação entre elas muito inferior à dimensão das placas.
A figura mostra ainda a disposição de sementes em óleo ao longo das linhas de
campo, na zona onde se aplicou um campo elétrico aproximadamente uniforme.

Campo elétrico uniforme

Campo elétrico uniforme


+ + + + + + + +
+Q

E E
E

−Q E
− − − − − − − −

• É constante numa certa região do espaço: tem a mesma


intensidade, direção e sentido em todos os pontos
dessa região.
• É representado por linhas de campo retilíneas, paralelas,
com o mesmo sentido e igualmente espaçadas.

Fig. 10 Campo elétrico uniforme.


Para saber se um campo elétrico é muito ou pouco intenso num certo ponto
do espaço basta medir a força elétrica que atua numa carga elétrica aí colocada:
o campo E será tanto mais intenso quanto maior for a força elétrica sobre ela.

Quando uma partícula com carga q é colocada num ponto onde existe um
campo elétrico, E, fica sujeita a uma força elétrica, F , cujas características
dependem do campo elétrico. Exemplifiquemos para o caso de uma carga q que
foi colocada num campo elétrico uniforme (Fig. 11).

q >0
+
F
q <0 E
E −
F

Se q > 0: Se q < 0:
a força exercida sobre a partícula a força exercida sobre a partícula
tem a direção e o sentido tem a direção do campo elétrico
do campo elétrico. mas sentido oposto.
Fig. 11 Força elétrica que atua numa carga
colocada numa região onde existe um Para a mesma carga q, a intensidade da força será tanto maior quanto maior for o
campo elétrico. campo elétrico no ponto onde se encontra essa carga q.

142
2.2 Eletromagnetismo

Os campos elétricos uniformes estão na base, por exemplo, da tecnologia


usada nas impressoras, fotocopiadoras (Fig. 12), osciloscópios, aparelhos de des-
poluição em fábricas, ecrãs táteis, condensadores (dispositivos que armazenam
carga elétrica), etc.

A intensidade de um campo elétrico pode ser importante. Por exemplo, um


material mau condutor elétrico pode tornar-se bom condutor quando fica sujeito
a um campo elétrico intenso. É o caso do ar quando ocorrem trovoadas: por ele-
trização das nuvens há produção de campos elétricos muito intensos capazes Fig. 12 A tecnologia das impressoras
de tornar o ar um bom condutor originando, por isso, faíscas, ou seja, correntes e fotocopiadoras baseia-se na utilização
de campos elétricos e no efeito das
elétricas muito intensas que atravessam o ar (Fig. 13). forças elétricas.

Questão resolvida 1

A figura seguinte representa as linhas de um campo elétrico.

Fig. 13 Um campo elétrico intenso pode


tornar o ar um bom condutor elétrico,
originando uma faísca (corrente elétrica).

a) Trace o vetor campo elétrico nos pontos X e Y tendo em atenção a sua


intensidade.
b) Quando se coloca um eletrão em X, em repouso, ele passa a ter movi-
mento retilíneo:
(A) uniforme.
(B) uniformemente acelerado.
(C) uniformemente retardado.
(D) com aceleração não constante.

a) As linhas são mais densas em Y do que em X, por isso o campo elétrico é


maior em Y.

X E

Y
E

b) Opção (D). Como o campo elétrico é diferente de ponto para ponto,


o mesmo ocorre para a força elétrica que atua sobre o eletrão. A força
resultante não será constante, assim como a aceleração, de acordo com
a Segunda Lei de Newton.

QUESTÕES p. 158

143
2. ONDAS E ELETROMAGNETISMO

2.2.2 Campo magnético

Tal como os fenómenos elétricos, também os fenómenos magnéticos sem-


pre fascinaram o homem desde a antiguidade. A ação dos ímanes (ou magnetes)
foi muito bem aproveitada, designadamente na orientação por meio da bússola.

Hoje os ímanes têm muitas aplicações, desde as mais simples (fixação, brin-
quedos, decoração, etc.) até às mais complicadas utilizadas nos mais variados
dispositivos tecnológicos: motores, transformadores, fornos micro-ondas, com-
Fig. 14 Ímanes usados no laboratório com putadores, telefones e telemóveis, aparelhos de som e imagem, altifalantes,
formas e tamanhos variados.
microfones, sensores, medidores de energia elétrica, etc. Em qualquer casa
existem muitas dezenas de ímanes. Pode até dizer-se que há uma relação direta
entre o desenvolvimento de um país e a utilização de ímanes.
S N Os ímanes podem ser de vários materiais e podem ter formas e tamanhos
diversos (Fig. 14), mas têm sempre um polo norte e um polo sul. Os polos do
S N S N mesmo nome repelem-se e os polos de nomes diferentes atraem-se, tal como
sucede com as cargas elétricas. No entanto, e ao contrário das cargas elétricas,
nunca se encontrou um polo magnético isolado. Quando se divide um íman em
S N S N S N S N
dois, cada uma das partes fica sempre com um polo norte e um polo sul (Fig. 15).

Antigamente os ímanes eram feitos de aço (ferro e carbono) mas atualmente


usam-se novos materiais (como os lantanídeos) capazes de exercer forças
Fig. 15 Partindo um íman obtêm-se dois
ímanes. Não é possível isolar um só polo magnéticas bastante mais intensas. Um íman de neodímio (Fig. 16), mesmo de
magnético. pequeno tamanho, pode segurar um objeto de 10 kg (cuidado: um íman muito
perto de um disco rígido de um computador pode danificá-lo!).

Tal como as cargas elétricas criam um campo elétrico, também os ímanes


criam à sua volta um campo magnético. Se espalharmos limalha de ferro à volta
de ímanes, vemos que ela é atraída para eles (Fig. 17), dispondo-se essa limalha de
uma certa maneira: o campo magnético produzido pelo íman manifesta-se pelas
forças magnéticas exercidas sobre materiais como o cobalto ou o ferro de que a
limalha é feita. As forças magnéticas são mais intensas junto dos polos dos íma-
nes, pelo que é aí que se concentra mais limalha. As propriedades magnéticas dos
materiais têm origem na sua estrutura eletrónica. Contudo, só em alguns mate-
Fig. 16 Os ímanes de neodímio criam riais, chamados ferromagnéticos, é que surge um campo magnético macroscópico.
campos magnéticos intensos.

Fig. 17 Os campos magnéticos à volta


dos ímanes manifestam-se pelas forças
magnéticas exercidas sobre a limalha
de ferro.

144
2.2 Eletromagnetismo

Tal como no caso do campo elétrico, caracterizamos o campo magnético por


uma grandeza vetorial, o campo magnético, simbolizada por B. Esta grandeza
define-se em cada ponto do espaço que está sob a influência de um ou mais íma-
nes. A unidade SI é o tesla (símbolo T) em homenagem a Nikola Tesla (Fig. 18).

Um campo magnético pode ser percecionado visualizando as suas linhas de


campo. Exemplifiquemos com o campo magnético produzido por um íman em
forma de barra através do seu efeito sobre limalha de ferro (Fig. 19). A disposição
da limalha permite visualizar as linhas de campo. Fig. 18 Pormenor de uma nota bancária
que homenageia o engenheiro sérvio
Nikola Tesla, famoso pelas suas
À volta do íman a limalha de ferro espetaculares experiências com campos
eletromagnéticos.
alinha-se segundo a direção do campo
magnético, como pequenas agulhas
magnéticas.
A esta distribuição da limalha à volta do
íman chama-se espetro magnético.

Pequenas agulhas
de bússolas à volta do íman
orientam-se segundo linhas – as linhas
de campo magnético – que apontam
o seu polo norte (ponta vermelha) para
o polo sul do íman, o que indica
o sentido do campo magnético B .

As linhas de campo magnético


B
orientam-se do polo norte para o polo
B sul fora do íman, e do polo sul para
o polo norte dentro do íman, formando
linhas fechadas.
Em cada ponto, o vetor B é tangente
B
à linha de campo que aí passa e tem
o sentido dessa linha, sendo mais
B intenso onde for maior a concentração Fig. 19 Campo magnético criado por um
das linhas. íman em barra e linhas de campo.

As propriedades referidas aplicam-se a campos magnéticos criados por


ímanes. Por exemplo, se observarmos espetros magnéticos originados por dois
ímanes em barra, veremos a limalha de ferro orientar-se de um polo norte para
um polo sul, e verificaremos que há uma zona de repulsão entre polos com o
mesmo nome (Fig. 20).

A B

Fig. 20 Espetro magnético criado por polos


opostos (A) e polos iguais (B) de dois ímanes.

145
2. ONDAS E ELETROMAGNETISMO

Se o íman tiver a forma de «U» (Fig. 21), e se os seus ramos forem paralelos
e compridos relativamente à distância que os separa, as linhas de campo entre
os ramos serão aproximadamente paralelas e equidistantes, indicando que o
campo magnético é aproximadamente uniforme nessa região.
N S
A B
B

Fig. 21 Campo magnético uniforme num


íman em «U» (A) e respetivo espetro
magnético (B). A Terra possui um campo magnético pouco intenso da ordem das dezenas de
microteslas. A forma do campo magnético terrestre assemelha-se à do campo
que seria produzido por um hipotético íman em forma de barra (mas que não
existe, é apenas um modelo!) colocado no interior da Terra (Fig. 22, à esquerda).

Eixo de rotação
Norte Polo norte
magnético geográfico S
Fig. 22 Linhas de campo magnético N
terrestre supondo o modelo simples de Norte
um íman em forma de barra (à esquerda) magnético
e bússola que se orienta segundo o campo
magnético terrestre (à direita). Equador

As bússolas podem ser usadas para orientação pois a agulha magnética


alinha-se com a direção do campo magnético terrestre (ou melhor, com a direção
da componente do campo no plano da bússola). A direção do eixo norte-sul
magnético faz um ângulo de cerca de 10° com a direção do eixo norte-sul geo-
gráfico, ou seja, com o eixo de rotação da Terra. Por tradição, chama-se norte
magnético ao ponto da superfície da Terra, próximo do polo norte, onde o eixo da
barra magnética hipotética interseta a superfície da Terra. O polo norte da agulha
Fig. 23 Imagem de satélite de da bússola aponta aproximadamente para esse ponto (Fig. 22, à direita).
uma bela aurora austral.
O campo magnético terrestre protege-nos das partículas carregadas de alta
energia, provenientes sobretudo do Sol, que são desviadas para as regiões pola-
res. Algumas, ao chegarem à atmosfera, excitam átomos e moléculas dos gases
constituintes do ar. Na desexcitação há emissão de luz característica do espetro
de emissão dos gases envolvidos, originando as auroras boreais no hemisfério
norte e austrais no hemisfério sul (Fig. 23).

Um campo magnético é, como vimos, criado por magnetes mas pode tam-
bém ser criado por correntes elétricas. Esta foi a importante conclusão a que
chegou o dinamarquês Hans Christian Oersted (Fig. 24), na primeira metade do
Fig. 24 Hans Christian
Oersted verificou que uma
século XIX. Começou por observar que a agulha de uma bússola oscilava quando
corrente elétrica produz um havia uma trovoada. Mais tarde, verificou que a corrente elétrica num circuito
campo magnético.
fazia mover a agulha de uma bússola colocada nas proximidades.

146
2.2 Eletromagnetismo

Esse comportamento da bússola só se entenderia se estivesse presente um


campo magnético. Por isso, Oersted concluiu que uma corrente elétrica produzi-
ria um campo magnético (Fig. 25).

Oersted estabeleceu, assim, e pela primeira vez, uma ligação direta entre
magnetismo e eletricidade. Foi o primeiro passo na unificação da eletricidade
com o magnetismo, que viria a ter consequências enormes tanto no desenvolvi-
mento científico como no desenvolvimento social.

A forma das linhas de campo magnético depende das características dos


ímanes, ou dos fios condutores onde passa corrente elétrica, que o produz. Mas
todos os campos magnéticos podem ser caracterizados pelas linhas de campo
a eles associadas.

Linhas de campo magnético


• Linhas imaginárias fechadas que nunca se cruzam.
• O vetor campo magnético, B , em cada ponto do espaço, é tangente à linha
Fig. 25 As agulhas das bússolas
de campo que passa por esse ponto e tem o sentido dessa linha. orientam-se segundo as linhas de campo
• A intensidade do campo magnético, B , será tanto maior quanto maior for a magnético nas proximidades de um
densidade das linhas de campo. condutor percorrido por uma corrente
elétrica.

Sabemos hoje que o campo magnético terrestre tem origem em correntes


elétricas que circulam no interior da Terra. As linhas de campo magnético devi-
das a essas correntes são parecidas com as que seriam produzidas por um hipo-
tético íman como o que se representa na Fig. 22.

Mas vejamos como é o campo magnético criado por um simples fio retilí-


neo longo percorrido por uma corrente elétrica. Se colocarmos limalha de ferro
numa folha de papel perpendicular ao fio (Fig. 26), furada por este, a limalha
dispõe-se em circunferências concêntricas, exibindo linhas de campo circulares.

Fig. 26 Espetro magnético produzido


por um fio retilíneo longo percorrido por
uma corrente elétrica.

Se dispusermos agulhas magnéticas sobre o papel, o polo norte da agulha


indicará o sentido do campo.

147
2. ONDAS E ELETROMAGNETISMO

Esse sentido pode ser encontrado aplicando a chamada «regra da mão direita»:
com o polegar da mão direita a apontar no sentido da corrente que percorre o fio,
os outros dedos encurvados apontam no sentido das linhas de campo (Fig. 27).
Se invertermos o sentido da corrente elétrica no fio, o sentido do campo magné-
tico passará a ser o oposto (o polegar da mão direita aponta agora para baixo).

Campo magnético criado por um fio retilíneo longo percorrido


por uma corrente elétrica

I
I
Fig. 27 Campo magnético criado por
um longo fio retilíneo percorrido por uma
corrente elétrica. Os dedos encurvados da B
mão indicam para onde aponta o campo B
magnético que é tangente às linhas de
campo circulares.

• As linhas de campo são circunferências em planos perpendiculares ao fio e


centradas neste.
• O sentido das linhas de campo é dado pela regra da mão direita.
• O campo magnético B tem a mesma intensidade em pontos situados à
mesma distância do fio (sobre a mesma linha de campo).
• O campo magnético B num ponto será tanto mais intenso quanto maior for
a corrente elétrica e quanto menor for a distância do ponto ao fio.

Se o fio percorrido por corrente tiver a forma de anel, a que chamamos espira


circular, o espetro magnético e as linhas de campo serão como mostra a Fig. 28:
as linhas de campo passam pelo interior da espira; sobre o eixo da espira o campo
magnético tem a direção do eixo. Também aqui se pode aplicar uma «regra da mão
direita»: agora o polegar da mão direita aponta no sentido do campo quando os
outros dedos estão encurvados no sentido da corrente que percorre a espira.

Campo magnético criado por uma espira circular percorrida


por uma corrente elétrica

B
B

Fig. 28 Campo magnético criado por uma


espira circular percorrida por uma corrente B
elétrica.

148
2.2 Eletromagnetismo

Um fio condutor enrolado com a forma de um cilindro chama-se bobina


(Fig. 29). Uma bobina longa chama-se solenoide.

A Fig. 30 mostra o espetro magnético de uma bobina e as respetivas linhas


de campo, que são parecidas às produzidas por um íman em barra, podendo-se
também definir um polo norte e um polo sul. O polegar da mão direita apontará no
sentido do campo quando os outros dedos se encurvarem no sentido da corrente.
No interior de uma bobina longa o campo magnético é praticamente uni-
forme, o que o torna bastante útil em certos dispositivos. Fig. 29 Bobinas.

Campo magnético criado por uma bobina percorrida


por uma corrente elétrica

B
S N

B
Fig. 30 Espetro magnético e linhas
de campo numa bobina percorrida por
uma corrente elétrica.

Os campos magnéticos têm aplicações fantásticas. Por exemplo, na levita-


ção magnética de comboios (os comboios Maglev, do inglês magnetic levitation)
são aplicados campos muito intensos, produzidos por bobinas, que originam
forças magnéticas repulsivas capazes de equilibrar o peso de um comboio. Este
perde o contacto com o chão, podendo atingir altas velocidades. Mas o grande
investimento inicial tem limitado a sua utilização em larga escala. Os elevadores
do futuro deverão também usar uma tecnologia semelhante.
Também na área da saúde o magnetismo é importante. Por exemplo, a resso-
nância magnética (RM) é uma técnica de diagnóstico que utiliza campos magné- Fig. 31 Imagem obtida por ressonância
magnética: sobressaem os tecidos moles.
ticos intensos, permitindo obter imagens do interior do corpo (Fig. 31).

Questão resolvida 2

A figura mostra um íman em barra e agulhas mag-


D a) P1 é o polo norte porque atrai
néticas colocadas nos pontos A, B, C e D (a extre-
P1 P2 o polo sul da bússola.
midade vermelha da agulha é o polo norte). A C
b) Opção (D). O campo magnético
a) Indique, justificando, qual dos polos do íman, B é mais intenso junto das pontas,
P1 ou P2, é o polo norte. ou seja, em A e C. A direção do
campo é a do alinhamento das
b) Indique a opção que completa sequencialmente a frase seguinte:
agulhas magnéticas. O campo
O campo magnético é mais intenso em … do que em …, sendo … as dire-
tem, portanto, a mesma
ções do campo magnético nesses pontos.
direção em todos os pontos.
(A) A … D … perpendiculares (B) D … A … paralelas c) É o sentido em que aponta o polo
(C) C … D … perpendiculares (D) A … B … paralelas norte da agulha, ou seja, da direita
para a esquerda.
c) Qual é o sentido do campo magnético no ponto C?

QUESTÕES p. 159

149
2. ONDAS E ELETROMAGNETISMO

2.2.3 Indução eletromagnética


Oersted observou que as correntes elétricas criavam campos magnéticos.
Perante este resultado, outro grande cientista do século XIX, o inglês Michael
Faraday (Fig. 32), colocou a hipótese inversa: poderiam os campos magnéticos gerar
correntes elétricas em circuitos? Em 1831, cerca de dez anos após a descoberta
de Oersted, Faraday confirmou experimentalmente a sua hipótese. Foi essa desco-
berta que abriu caminho à produção em larga escala de eletricidade, como veremos.

Para compreender os resultados experimentais de Faraday é necessário defi-


nir uma nova grandeza física, chamada fluxo do campo magnético, relacionada
Fig. 32 Michael Faraday,
com o número de linhas de campo magnético que atravessam uma superfície.
físico inglês cujo trabalho
experimental sobre
eletromagnetismo conduziu
Consideremos uma linha fechada que delimita uma superfície plana, de
a grandes avanços científicos área A, numa região do espaço onde existe um campo magnético uniforme, B.
e tecnológicos.
Designemos por n o vetor unitário perpendicular à superfície e por _ o ângulo
entre os vetores n e B. O fluxo do campo magnético, simbolizado por \ e cuja
unidade SI é o weber (símbolo Wb), tem as seguintes propriedades:

Fluxo do campo magnético, ⌽

⌽ = B A cos ␣
Wb T m2
B – intensidade do campo magnético; B

A – área da superfície; ձ
A
_ – ângulo entre o campo magnético B e um vetor n
perpendicular à superfície, n .
O módulo do fluxo magnético \ aumentará: se aumentar
a intensidade do campo, B ; se aumentar a área, A ;
se aumentar cos _, ou seja, se diminuir o ângulo _
(considerando ângulos agudos).

Na Fig. 33 calculamos o fluxo magnético em três casos.

B
B B
60o
A
n n
n

Superfície paralela às linhas de campo:


Superfície perpendicular às linhas _ = 90° O vetor unitário perpendicular ao plano
de campo: _ = 0° \= B A cos 90° = 0 da espira faz 60° com as linhas de campo:
\= B A cos 0° = B A O fluxo magnético é nulo: _ = 60°
O fluxo magnético é máximo. não há linhas de campo a atravessar BA
\= B A cos 60° =
a superfície. 2

Fig. 33 Cálculo do fluxo do campo magnético


e situações de fluxo máximo e nulo.

150
2.2 Eletromagnetismo

Vamos supor que a área A na Fig. 33 é delimitada por uma espira de um mate-
rial bom condutor, por exemplo cobre. As linhas de campo atravessam essa
área, sendo o fluxo tanto maior quanto maior for o número de linhas de campo
«enlaçadas» pela espira. Se sobrepusermos duas espiras, o fluxo do campo
magnético através das áreas delimitadas por elas passará para o dobro. Assim,
sem variar o campo magnético ou a área de cada espira e sua orientação, o fluxo
do campo magnético poderá ser aumentado juntando espiras.

Num enrolamento de fio condutor, ou seja, numa bobina (justaposição de Bobina: é constituída por muitas
várias espiras), consegue-se esse aumento. De facto, numa bobina, o fluxo espiras, o que faz aumentar o fluxo
obtém-se multiplicando o número N de espiras pelo fluxo numa só espira: do campo magnético.

⌽bobina = N ⌽espira

É com base no conceito de fluxo do campo magnético que interpretamos


alguns resultados obtidos por Faraday de produção de correntes elétricas em
espiras colocadas numa região onde existe um campo magnético.

Nas Figs. 34 e 35 ilustra-se o procedimento de Faraday. Tem-se um circuito


fechado constituído por uma bobina e por um galvanómetro (amperímetro muito
sensível que mede uma corrente qualquer que seja o sentido desta). Esse cir-
cuito não contém nenhum gerador de tensão (pilha ou bateria).

Na Fig. 34 descreve-se o modo como se pode investigar a ação de ímanes


perto do circuito, concluindo-se que pode ser produzida uma corrente elétrica.

Íman em repouso em relação à bobina Íman aproxima-se ou afasta-se da bobina Bobina aproxima-se ou afasta-se do íman

O ponteiro do galvanómetro move-se ora num sentido ora noutro,


O galvanómetro não regista passagem de
conforme há aproximação ou afastamento, indicando passagem de corrente.
corrente elétrica.
O sentido da corrente depende do sentido do movimento.

Fig. 34 A aproximação ou o afastamento


de um íman relativamente a um circuito
Na Fig. 35 indicam-se procedimentos para estudar a ação de um circuito per-
fechado (bobina) cria uma corrente elétrica
corrido por uma corrente elétrica sobre um outro circuito fechado, sem gerador, sem que haja um gerador de tensão.
concluindo-se que pode haver uma corrente elétrica no circuito sem que haja
gerador.

151
2. ONDAS E ELETROMAGNETISMO

Circuito com gerador em repouso Circuito com gerador a mover-se Bobina a mover-se em relação
em relação à bobina em relação à bobina ao circuito com gerador

O ponteiro do galvanómetro move-se ora num sentido ora noutro,


O galvanómetro não regista passagem
conforme há aproximação ou afastamento, indicando passagem de corrente.
de corrente elétrica.
O sentido da corrente depende do sentido do movimento

Fig. 35 O movimento relativo entre um


circuito que produz campo magnético e Os exemplos anteriores mostram que só poderá surgir uma corrente elétrica
outro circuito fechado faz aparecer neste
último uma corrente elétrica, apesar deste
quando houver movimento relativo entre o sistema que produz o campo mag-
não ter um gerador. nético (íman ou circuito percorrido por corrente elétrica) e a bobina. Quando há
esse movimento, o campo magnético varia na região onde se encontra a bobina.

Mas não basta um campo magnético variável para se produzir uma corrente elé-
trica. Vejamos os exemplos da Fig. 36, nos quais um íman se move em relação a uma
espira circular, tendo o plano dessa espira orientações diferentes. Só surgirá uma
corrente elétrica na espira se houver fluxo do campo magnético, isto é, se linhas do
campo magnético forem enlaçadas pela espira e o fluxo do campo for variável.

I I=0

Fig. 36 Quando o íman se move, só Linhas de campo magnético Linhas de campo magnético paralelas
aparecerá uma corrente elétrica se houver perpendiculares ao plano da espira: ao plano da espira:
fluxo do campo magnético e este for há variação do fluxo do campo magnético não há fluxo do campo magnético
variável.
e há corrente elétrica na espira. e não há corrente elétrica na espira.

Podemos então afirmar que só aparecerá uma corrente elétrica na espira se


existir um fluxo do campo magnético e se esse fluxo variar ao longo do tempo.
De facto, nas situações de repouso relativo das Figs. 34 e 35, apesar de existir
fluxo, não existe corrente elétrica no circuito do galvanómetro.

Foi essa a conclusão de Faraday: só surgirá corrente elétrica num circuito


– chamada corrente induzida (símbolo Ii ) – se houver um fluxo variável do
campo magnético através da superfície delimitada pelo circuito. Este fenómeno
designa-se por indução eletromagnética.

152
2.2 Eletromagnetismo

Há outras maneiras de variar o fluxo do campo magnético através de um


circuito fechado, como mostra a Fig. 37.

A B
I Ii

Circuito 1 Circuito 2 Ii

Variação do campo magnético Variação da orientação do plano das espiras


Uma fonte de tensão alternada produz uma corrente em relação à direção do campo magnético
alternada, I, que origina um campo magnético Uma bobina está numa região onde há um campo magnético.
variável (circuito 1). À medida que a bobina roda o ângulo entre o plano das espiras e as
Por isso o fluxo do campo magnético através da espira do linhas de campo varia. Por isso o fluxo do campo magnético também
circuito 2 é variável, o que origina uma corrente induzida Ii. varia, originando uma corrente induzida Ii no circuito da bobina.

Fig. 37 Modos de variar o fluxo do campo


Quando ocorre, afinal, o fenómeno da indução eletromagnética? magnético: variando o campo magnético
(A) ou a orientação do plano da espira em
relação às linhas de campo magnético (B).

Indução eletromagnética
Criação de uma corrente elétrica induzida, I i, num circuito fechado que
delimita uma superfície através da qual há um fluxo variável de campo
magnético.
Se a área dessa superfície se mantiver constante, o fluxo de campo
magnético, \ = B A cos _, variará no tempo se mudar:
• o campo magnético. Exemplos: movimento relativo entre a fonte de campo
magnético e o circuito onde se induz a corrente; circuito percorrido por
corrente elétrica variável perto do circuito onde se induz a corrente; etc.
• a orientação do plano da(s) espira(s) onde se induz a corrente em relação
às linhas de um campo magnético que não varia no tempo.
Exemplo: bobina em rotação num campo magnético uniforme.

Fontes de campo magnético


Por que razão há correntes elétricas induzidas? Como é que elas surgem?
e de campo elétrico
A indução eletromagnética consiste na criação de um campo elétrico no Campo Ímanes e correntes
circuito onde se induz a corrente. No caso de condutores sólidos, esse campo magnético elétricas
origina forças elétricas nos eletrões que os obrigam a um movimento orientado: Cargas elétricas e
Campo campos magnéticos
o sentido do movimento é contrário ao sentido do campo elétrico pois os eletrões
elétrico cujo fluxo magnético
têm carga elétrica negativa. Esse movimento orientado é a corrente elétrica. é variável
Oersted e Faraday mostraram, assim, que campos magnéticos e campos Tab. 1 Fontes de campo magnético
e de campo elétrico.
elétricos são inseparáveis, podendo um ser a fonte do outro (Tab. 1).

153
2. ONDAS E ELETROMAGNETISMO

A Quando se cria uma corrente induzida estabelece-se uma diferença de


potencial elétrico no circuito a que se dá o nome de força eletromotriz indu-
zida (símbolo ¡i ou Ei). A sua unidade SI é o volt (símbolo V).

A potência disponibilizada ao circuito é dada por P = ¡i Ii ; ou seja, tudo se


passa como se o circuito tivesse um gerador.

E como obter uma elevada força eletromotriz induzida? A Fig. 38 mostra que
a corrente induzida aumenta quando o movimento do íman em relação à bobina
é mais rápido, o que significa uma variação mais rápida do fluxo do campo mag-
nético. Este resultado é traduzido pela Lei de Faraday.
B

Lei de Faraday
A força eletromotriz induzida média, ¡i, será tanto maior quanto maior for
a variação do fluxo do campo magnético por unidade de tempo; o seu módulo
é dado por:
|6⌽| Wb
|␧i| =
V 6t s

Fig. 38 A corrente elétrica induzida é Questão resolvida 3


mais intensa em B do que em A porque
o movimento do íman é mais rápido,
pelo que a variação do fluxo do campo Observe a figura seguinte, que representa
magnético é mais rápida.
a sequência das posições de uma espira de
lados 2,0 cm e 4,0 cm que roda numa região
onde existe um campo magnético uniforme
de 2,0 × 10−2 T, sendo a variação do fluxo
magnético uniforme. B
A espira, que faz parte de um circuito fechado I
com uma resistência de 0,010 1, demora
5,0 ms a passar da posição I, onde faz um
ângulo de 30° com as linhas de campo mag-
nético, para a posição II. Determine os valo-
res médios da força eletromotriz induzida,
B
da corrente induzida na espira e da potência
disponibilizada ao circuito. II

Na posição I o campo faz um ângulo de 60° com a perpendicular ao plano da


espira; portanto,
\I = B A cos 60° = 2,0 × 10–2 × 4,0 × 10–2 × 2,0 × 10–2 × 0,5 = 8,0 × 10–6 Wb
e \II = B A cos 90° = 0.
|6\| |0 – 8,0 × 10–6|
Pela Lei de Faraday: |¡i| = ‹ |¡i| = = 1,6 × 10–3 V.
6t 5,0 × 10–3
1,6 × 10–3
Como U = R I ou, neste caso, ¡i = R Ii vem Ii = = 1,6 × 10–1 A.
0,010
A potência será P = ¡i Ii ‹ P = 1,6 × 10–3 × 1,6 × 10–1 = 2,6 × 10–4 W.

154
2.2 Eletromagnetismo

A indução eletromagnética encontra aplicações nos microfones e altifalan-


tes, nos detetores de metais, nas lanternas sem pilhas, nas placas de indução
(Fig. 39), nos motores elétricos, nos dínamos de bicicletas, etc. Destacamos uma
aplicação que mudou o mundo: a produção industrial de energia elétrica. As cen-
trais elétricas, quaisquer que sejam as fontes de energia utilizadas, têm duas
partes essenciais: as turbinas e o gerador, cujo funcionamento se baseia no fenó-
meno da indução eletromagnética.

As turbinas, ligadas ao gerador, provocam o movimento necessário para


haver indução eletromagnética. São formadas por pás (ou hélices, ou lâminas,
etc.) que rodam graças à ação de um fluido: água nas centrais hidroelétricas,
ar nas centrais eólicas, vapor de água nas centrais térmicas e nucleares, etc.
O gerador é constituído por bobinas rodeadas de ímanes (na realidade, eletroí-
manes), os quais criam um campo magnético intenso. O movimento relativo
entre os ímanes e as bobinas origina nestas um fluxo variável de campo magné-
tico, o que induz uma corrente elétrica variável.

O funcionamento dos geradores das centrais baseia-se num fluxo de campo


magnético que varia periodicamente (como o da Fig. 37 – B), originando uma força Fig. 39 Dispositivos cujo funcionamento se
eletromotriz descrita por uma função sinusoidal (Fig. 40). É por isso que a tensão baseia na indução eletromagnética.

e a corrente são alternadas. A produção de corrente alternada em larga escala


e o seu transporte são mais fáceis e mais económicas do que seriam os da
corrente contínua. A frequência do sinal da Fig. 40 é 50 Hz em Portugal assim İi
como na maior parte dos países europeus. Noutras regiões, como na maioria dos
países da América, a frequência é 60 Hz. A importação e exportação de eletrici-
dade ficam simplificadas entre países que usem a mesma norma.

No transporte da corrente elétrica, das centrais até aos locais de consumo, t


são usados transformadores que primeiro elevam e depois reduzem a diferença
de potencial elétrico (Fig. 41). Por que se usam transformadores?
Fig. 40 Força eletromotriz produzida por
um gerador de corrente alternada.
Na linha de transporte parte da energia é dissipada por efeito Joule. Essa
potência dissipada é dada por P = R I 2 , com R a resistência da linha e I a cor-
rente que nela circula. Para minimizar essa dissipação diminui-se a corrente.
Como a potência fornecida à linha é constante e igual a P = U I, para diminuir a
corrente aumenta-se a diferença de potencial elétrico (tensão), U. As linhas de
transporte chamam-se, por isso, linhas de alta tensão.

Linhas de transmissão

Linhas de distribuição

Turbina Gerador Transformador Transformador

Fig. 41 Produção e transporte de corrente elétrica.

155
2. ONDAS E ELETROMAGNETISMO

Após o transporte de energia, a tensão é reduzida em sucessivas subesta-


ções e postos de transformação, até ser entregue nos locais de consumo. A ten-
são fornecida às casas é 230 V. Esta é uma norma seguida em muitos países
europeus. Noutras regiões do mundo a tensão da rede elétrica doméstica tem
valores na faixa 110 V – 130 V.

Os construtores de aparelhos elétricos têm de atender, no que diz respeito


à tensão e à frequência, às normas das regiões onde vão ser usados. Já os car-
regadores de telemóveis, tablets e computadores portáteis, muito usados por
viajantes, vêm normalmente preparados para funcionar em qualquer local do
mundo (na maioria dos carregadores estão indicados os valores de input: tensão
de 100 V a 240 V e frequência de 50 Hz a 60 Hz).

Transformador: eleva ou reduz a Os transformadores (Fig. 42) são dispositivos capazes de aumentar ou reduzir
diferença de potencial elétrico (tensão), U. a diferença de potencial elétrico (tensão). O seu funcionamento baseia-se na indu-
ção eletromagnética.

Um transformador é constituído por:


Primário Secundário • Núcleo de ferro – onde se enrolam fios condutores (bobinas) e se produz um
campo magnético (é laminado para reduzir a energia dissipada por efeito
Joule); o núcleo faz aumentar o campo magnético;
Np • Primário – bobina percorrida por corrente elétrica alternada que produz um
Ns campo magnético variável;
• Secundário – bobina onde surge uma corrente induzida alternada, devido à
Up variação do fluxo do campo magnético criado no primário.
Us Quanto maior for o número de espiras da bobina, maior será a diferença
de potencial nos seus terminais. A relação entre a tensão no primário e no
secundário é dada pela seguinte expressão:

Fig. 42 Transformador e seu Up Us


funcionamento. =
Np Ns
Up – diferença de potencial elétrico nos terminais do primário (tensão de entrada);
Us – diferença de potencial elétrico nos terminais do secundário (tensão de saída);
Np – número de espiras do primário;
Ns – número de espiras do secundário.

No transformador da Fig. 42 a tensão de saída é maior do que a tensão de


entrada. No dia a dia usamos transformadores, como o que existe nos carre-
gadores de telemóvel, que fazem baixar a tensão de 230 V para valores muito
menores. A tensão no circuito de carga num telemóvel, que usa uma porta USB,
QUESTÕES p. 160 tem um valor de 5 V que foi regulamentado internacionalmente.

Atividade 1: Como funcionam dispositivos com base na indução eletromagnética?

As placas de indução dos fogões só aquecem panelas de têm uma manivela para produzir rotações). O seu funcio-
certos materiais. Por outro lado, certas lanternas sem namento baseia-se na indução eletromagnética. Procure
pilhas precisam de ser agitadas para darem luz (por vezes informação e explique o funcionamento destes dispositivos.

156
2.2 Eletromagnetismo

RESUMO
• Princípio da Conservação da Carga Elétrica: a carga elétrica total
(soma das cargas) num sistema isolado é constante. Unidade SI de carga:
coulomb (C).

• Campo elétrico, E: define-se num ponto do espaço sob a influência de cargas


elétricas ou de campos magnéticos cujo fluxo seja variável. A unidade SI é o
volt por metro (V/m).

• Força elétrica: força que atua numa carga colocada numa região onde exista
campo elétrico. Será tanto mais intensa quanto maior for o campo; tem a
direção do campo; o seu sentido é o do campo se a carga for positiva e o
oposto se a carga for negativa.

• Campo magnético, B: define-se num ponto do espaço sob a influência de


ímanes ou de circuitos com correntes elétricas. A unidade SI é o tesla (T).

• Linhas de campo (magnético ou elétrico): linhas imaginárias que nunca se


cruzam e caracterizam o campo.
– O vetor campo num ponto é tangente à linha de campo que passa nesse
ponto e tem o sentido dessa linha.
– O campo será tanto mais intenso quanto maior for a densidade das linhas
de campo.
– Linhas de campo magnético: são fechadas e apontam do polo norte para o
polo sul. Linhas de campo elétrico: apontam das cargas positivas para as
negativas.
– Campo uniforme: as linhas de campo são retas paralelas. Campo elétrico
criado por duas placas planas e paralelas com cargas simétricas: é uni-
forme. Campo magnético no interior de uma bobina e entre as hastes para-
lelas e longas de um íman em «U»: é uniforme.

• Fluxo do campo magnético, ⌽: ⌽ = BA cos _ para uma espira. Será máximo


se o plano da espira for perpendicular às linhas de campo e nulo se forem
paralelos. Unidade SI: weber (Wb). Numa bobina: ⌽bobina = N⌽espira .

• Indução eletromagnética: existe uma corrente elétrica induzida, Ii, num


circuito fechado sujeito a uma variação de fluxo de um campo magnético atra-
vés da área delimitada pelo circuito. Surge uma força eletromotriz induzida,
¡ i, que é a diferença de potencial elétrico que alimenta o circuito. A potência
disponibilizada ao circuito é P = ¡ i Ii .

• Lei de Faraday: a força eletromotriz induzida média será tanto maior quanto
maior for a variação de fluxo do campo magnético por unidade de tempo:
|6⌽|
|¡ i| = . Unidade SI: volt (V).
6t
• Transformador: eleva ou baixa uma diferença de potencial. A relação entre
a tensão nos terminais do primário e do secundário e o respetivo número de
U U
espiras é dada por P = S .
NP NS

157
2. ONDAS E ELETROMAGNETISMO

QUESTÕES
Notas: 5. Considere, no plano
Na resposta a questões de escolha múltipla selecione a única opção xOy, linhas de um B
que permite obter uma afirmação verdadeira ou responder correta- campo elétrico, em que
mente à questão colocada.
numa delas se situam y
Nas questões que envolvam cálculos, estes devem ser apresentados. A
os pontos A e B. 0 x

a) Selecione a alternativa correta.


(A) Se o módulo do campo em A for 5 × 10−2 V m−1,
2.2.1 Carga elétrica e campo elétrico em B terá também o módulo de 5 × 10−2 V m−1.
(B) Em A o campo tem direção e sentido do eixo dos
1. Selecione a afirmação verdadeira:
xx e em B tem direção e sentido do eixo dos yy.
(A) Um objeto com carga positiva só tem protões.
(C) Se o módulo do campo em A for 3 × 10−2 V m−1,
(B) Corpos eletrizados não podem atrair corpos neutros. em B poderá ter o módulo de 5 × 10−2 V m−1.
(C) Um corpo pode trocar protões com outro corpo. (D) Em A e em B o campo tem direção perpendicular
(D) Para um corpo ganhar eletrões outro corpo terá de ao plano xOy.
perder eletrões. b) Compare a direção e o sentido da força elétrica que
atua sobre um eletrão colocado em B com a direção
2. Indique as unidades SI do campo elétrico e da carga elé-
e o sentido do campo elétrico.
trica e explique como se manifesta o campo elétrico?

3. Selecione a afirmação que completa a frase seguinte: 6. Selecione a opção correta:

Num campo elétrico criado por uma carga pontual … (A) Num campo elétrico uniforme, as linhas de campo
as linhas de campo têm direção radial, apontam para são paralelas mas não igualmente espaçadas.
a carga e o campo é menos intenso em pontos mais … (B) A força elétrica que atua sobre uma carga colocada
da carga. num campo elétrico é independente do campo.
(A) negativa … próximos (B) negativa … distantes (C) As linhas de campo elétrico partem de uma carga
(C) positiva … próximos (D) positiva … distantes positiva e regressam a essa carga.
(D) A força elétrica exercida sobre um protão colocado
4. A figura representa, num plano, as linhas do campo num ponto de um campo elétrico tem o sentido da
elétrico criado por duas cargas elétricas Q1 e Q2. linha de campo que passa por esse ponto.

7. A figura representa, no plano xOy, as linhas do campo


elétrico criado pelas cargas elétricas Q1, Q2, Q3 e Q4.

Q1 Q2

Q1 Q2 Q3 1 Q4
P
5 2
3
4
a) Identifique o sinal das cargas e indique, justificando,
qual é a carga com maior módulo. a) Identifique, justificando, o sinal de cada carga.
b) A razão entre a carga Q1 e a carga do protão poderá b) Qual dos vetores 1, 2, 3, 4 ou 5 poderá representar o
ser 245,4? Justifique. vetor campo elétrico no ponto P? Justifique.

158
2.2 Eletromagnetismo

8. Duas placas metálicas, carregadas com cargas simé- (C) Num íman em forma de barra, as linhas de campo
tricas, são dispostas verticalmente. Um eletrão é colo- apontam do polo sul para o polo norte fora do íman.
cado num ponto P entre as placas. (D) Um íman em ferradura cria um campo magnético
a) Qual dos esquemas pode representar a força elé- uniforme em toda a região à sua volta.
trica que atua sobre ele e a linha de campo que
passa por P? 11. O íman da figura cria o campo
magnético cujas linhas estão repre- A
A B
sentadas.
P P a) Identifique os polos A e B.
F F b) Qual dos gráficos seguintes pode
− + − + traduzir a intensidade do campo B
C D magnético em função da distân-
cia, d, ao polo norte do íman?
P P
F F A B
B B
+ − + −
b) Um eletrão é lançado do ponto P com uma veloci-
dade inicial de sentido oposto ao da força elétrica. 0 0
d d
Indique, justificando, que tipo de movimento adquire
inicialmente e o respetivo sentido. Suponha despre-
C D
zável a força gravítica que atua sobre ele. B B

2.2.2 Campo magnético


0 0
d d
9. Colocando bússolas em posições diferentes, um aluno
descobre o campo criado por um íman colocado sobre 12. Indique, justificando, quem estabeleceu pela primeira
uma mesa. Assinale a opção da configuração que irá vez uma ligação entre magnetismo e corrente elétrica.
obter.
13. Observe as linhas de campo magnético representadas
A B
na figura em três situações distintas.
S N S N

I II III
B D
C D A C
E F

S N
S N

a) O campo magnético:
10. Selecione a opção correta:
(A) tem em E sentido oposto ao que tem em F.
(A) Uma agulha magnética colocada num campo mag-
nético alinha-se com a direção do campo e o seu (B) é mais intenso em B do que em A.
polo norte aponta no sentido do campo. (C) é mais intenso em F do que em E.
(B) As linhas de campo magnético não são fechadas. (D) é tão intenso em D como em C.

159
2. ONDAS E ELETROMAGNETISMO

b) Para a representação III, qual das opções representa a) for perpendicular às linhas de campo.
corretamente o vetor campo magnético? b) tiver a direção das linhas de campo.
A B B c) fizer 20° com as linhas de campo.
P P
17. A espira representada na figura seguinte, cuja área
B
é 8,0 cm2, roda numa região do espaço onde há um
campo magnético uniforme.
A B

C D
B P P
B
B B
C D

c) Que representação, I, II ou III, pode corresponder a


um campo magnético produzido por um fio longo
B B
retilíneo percorrido por corrente elétrica? Qual é a
orientação do fio e o sentido da sua corrente? a) Indique a opção que completa a seguinte frase:
O módulo do fluxo do campo magnético é … na posi-
14. Estabeleça a correspondência entre as duas colunas.
ção … , sendo a unidade SI de fluxo magnético o …
Campo magnético
Linhas de campo (A) máximo … A … tesla. (B) máximo …. D … tesla.
criado por…
I. fio retilíneo longo A. Semelhantes às criadas (C) mínimo … A … weber. (D) mínimo … D … weber.
percorrido por corrente por um íman em barra b) Na posição C o plano da espira faz 15° com o campo
II. espira circular percorrida B. Circulares sobre planos magnético e o fluxo do campo é 6,0 × 10−6 na uni-
por corrente paralelos
dade SI.
III. bobina percorrida C. Curvas não circulares sobre
por corrente planos não paralelos i) Qual é a intensidade do campo magnético?
ii) Para quanto aumentaria o fluxo se fosse utilizada
2.2.3 Indução eletromagnética uma bobina com 100 espiras iguais à anterior?
c) Em A a espira está perpendicular ao campo. De A
15. Qual dos procedimentos pode aumentar o fluxo do para B o fluxo do campo magnético através da espira
campo magnético através de uma espira circular? diminuiu para metade. Que ângulo faz o plano da
(A) Diminuir a área da espira. espira com o campo magnético em B?
(B) Colocar a espira de tal modo que ela «enlace» mais 18. Uma corrente induzida num circuito plano aparece:
linhas de campo. (A) sempre que há variação temporal do campo mag-
(C) Colocar a espira paralelamente às linhas de campo. nético junto ao circuito.
(D) Criar um campo magnético menos intenso. (B) colocando um íman fixo cujas linhas de campo
penetram o circuito.
16. Uma espira quadrada de 10 cm de lado foi colocada
numa região onde existe um campo magnético uni- (C) colocando perpendicularmente ao circuito um
forme de intensidade 2,0 × 10−2 T. Determine o fluxo do outro percorrido por corrente elétrica alternada.
campo magnético através da superfície da espira, se o (D) colocando paralelamente ao circuito um outro per-
plano da espira: corrido por corrente elétrica alternada.

160
2.2 Eletromagnetismo

19. Na figura representam-se três circuitos, cada um cons- 22. O gráfico mostra a variação temporal do fluxo do campo
tituído por uma bobina, um galvanómetro e um íman. magnético em intervalos de tempo iguais.
As setas indicam o movimento do íman e/ou da bobina.
҃
Na situação III a bobina e o íman deslocam-se simulta-
neamente, no mesmo sentido e com a mesma veloci-
dade. Indique, justificando, em que situação não é indu-
zida uma corrente elétrica.
0 t1 t2 t3 t4 t
I II III
a) Qual é o significado físico do declive da reta no inter-
valo de tempo [t2, t3]?
b) Indique em que intervalo de tempo:
i) é maior a força eletromotriz induzida, em módulo.
20. Num microfone de indução a vibração da membrana ii) é nula a força eletromotriz induzida.
provoca a oscilação de uma bobina imersa num campo 23. Uma espira está colocada numa
magnético. Quanto mais rapidamente se movimentar a região onde há um campo mag-
bobina, maior será: nético uniforme vertical.
(A) o fluxo magnético através da bobina e menor será a Em que situação(ões) haverá
força eletromotriz induzida na bobina. uma força eletromotriz indu-
(B) a taxa de variação temporal do fluxo magnético zida na espira?
através da bobina e maior será a força eletromotriz (A) A espira está parada.
induzida na bobina. (B) A espira roda em torno de um eixo vertical.
(C) a taxa de variação temporal do fluxo magnético (C) A espira roda em torno de um eixo coincidente com
através da bobina e menor será a força eletromo- um diâmetro qualquer.
triz induzida na bobina. (D) O campo magnético varia a sua intensidade, man-
(D) o fluxo magnético através da bobina e maior será a tendo a direção e sentido constantes.
força eletromotriz induzida na bobina. 24. Um transformador:
21. Considere um íman paralelo (A) baixa ou eleva uma diferença de potencial elétrico.
ao eixo dos zz e uma espira z
(B) transforma corrente alternada em contínua.
de fio de cobre colocada (C) transforma corrente contínua em alternada.
no plano xOy. Selecione a (D) aumenta a potência da rede elétrica.
opção que completa a frase 0
y
25. Faraday mostrou que o simples movimento de um
seguinte.
x íman perto de uma bobina ligada a um galvanómetro
A corrente elétrica na espira originava uma corrente elétrica.
é nula quando o íman:
a) A partir dessa experiência conclui-se que:
(A) e a espira se deslocam verticalmente para cima (A) um campo elétrico origina sempre um campo
com velocidades diferentes. magnético.
(B) e a espira se deslocam verticalmente para cima, (B) uma barra magnetizada em movimento pode ori-
com a mesma velocidade. ginar uma corrente elétrica.
(C) está em repouso e a espira se desloca horizontal- (C) um campo magnético origina sempre uma cor-
mente para a direita. rente elétrica.
(D) está em repouso e a espira se desloca vertical- (D) uma corrente elétrica pode originar um campo
mente para cima. magnético.

161
2. ONDAS E ELETROMAGNETISMO

b) Quando o íman estiver parado em relação à bobina, 28. Um transformador possui 50 espiras no primário e 150
a agulha do galvanómetro estará no zero, porque, espiras no secundário.
nesse intervalo de tempo: a) Qual será a tensão de entrada se a de saída for 15 V?
(A) a variação do fluxo magnético através da bobina
b) Se no primário a corrente for contínua o transforma-
é nula.
dor não vai funcionar. Porquê?
(B) a força eletromotriz induzida nos terminais da
bobina é elevada.
(C) o campo magnético criado pela barra magneti-
Questões globais
zada é uniforme.
29. Um carrinho de plástico, sobre o qual se colocou uma
(D) o fluxo magnético através da bobina é nulo.
espira metálica retangular, E, moveu-se, com velocidade
c) O módulo da força eletromotriz induzida nos termi- constante, entre as posições P e Q, atravessando uma
nais da bobina será tanto maior quanto: zona do espaço, delimitada a tracejado, onde foi criado
(A) menor for o número de espiras da bobina e menor um campo magnético uniforme, B, de direção perpendi-
for a área de cada espira. cular ao plano da espira e a apontar para lá deste. Fora
(B) menor for a área de cada espira da bobina e mais dessa zona, o campo magnético é desprezável.
rápido for o movimento da barra magnetizada.
E
(C) maior for o número de espiras da bobina e mais B
rápido for o movimento da barra magnetizada.
(D) maior for o número de espiras da bobina e menor P Q
for a área de cada espira.
Qual dos gráficos pode representar o fluxo magnético
26. Uma espira retangular de 20 cm por 30 cm e resistên- através da espira, em função do tempo, t, à medida que
cia 0,30 1 está ligada a um galvanómetro. O circuito o carrinho se move entre as posições P e Q?
fica imerso num campo magnético variável, como mos-
A B
tra o gráfico, sendo o fluxo máximo através da espira. ҃ ҃
Determine as correntes induzidas na espira.

B ( × 10−2) / T 0 0
t t
6,0
C D
҃ ҃
4,0

2,0 0 t 0 t

30. Por que se eleva a tensão elétrica para transportar ener-


0 0,50 t/s gia elétrica entre os locais de produção e de consumo?

31. O primário de um transformador tem 1000 espiras.


27. Que relação há entre o número de espiras do primário e O secundário tem 150 espiras e uma resistência de
do secundário de um transformador que, ligado a uma 3,0 1. Se a tensão no primário for 220 V, qual será a
tomada de 230 V, fornece 5 V? potência transferida para o secundário?

162
2.3 Ondas eletromagnéticas

2.3 ONDAS
ELETROMAGNÉTICAS
2.3.1 Produção e propagação 2.3.5 Difração da luz
de ondas eletromagnéticas. 2.3.6 Efeito Doppler
Espetro eletromagnético AL 3.1 Ondas: absorção, reflexão,
2.3.2 Reflexão da luz refração e reflexão total
2.3.3 Refração da luz AL 3.2 Comprimento de onda
2.3.4 Reflexão total da luz e difração

163
2. ONDAS E ELETROMAGNETISMO

2.3.1 Produção e propagação


de ondas eletromagnéticas.
Espetro eletromagnético

Quando falamos e ouvimos, estamos a comunicar por ondas sonoras. Mas a


intensidade destas ondas diminui com a distância à fonte e o meio de propaga-
ção (normalmente o ar) absorve alguma da energia da onda. Por isso, o som não
permite a comunicação a distâncias superiores a algumas centenas de metros.
Há, porém, uma solução: as ondas eletromagnéticas permitem a comunicação a
longas distâncias, ultrapassando mesmo os limites do nosso planeta.

A noção de ondas eletromagnéticas foi um marco na História da Física. Foi o


culminar de uma compreensão progressiva dos fenómenos elétricos e magnéti-
Fig. 1 James Clerk Maxwell,
o físico escocês que em 1865 cos, um processo no qual as experiências de Faraday ocuparam um lugar desta-
estabeleceu as equações cado. A teoria do eletromagnetismo foi estabelecida por James Clerk Maxwell
do eletromagnetismo.
(Fig. 1) na segunda metade do século XIX, que sintetizou em quatro equações
– as famosas equações de Maxwell (Fig. 2) – a descrição de todos os fenómenos
eletromagnéticos.

Com base nas suas equações, Maxwell concluiu que o campo elétrico e
o campo magnético se propagavam como ondas, sendo a velocidade de pro-
pagação dessas ondas 300 000 km/s. Ora, esse era precisamente o valor já
conhecido da velocidade de propagação da luz. Como isso não podia ser uma
coincidência, Maxwell concluiu que a luz era uma onda de campo eletromag-
Fig. 2 Equações de Maxwell numa t-shirt. nético. A luz, visível ou não visível, que já se sabia ter uma natureza ondulató-
ria, passou a partir daí a ser vista como uma onda eletromagnética.

Para se produzir uma onda é necessária uma perturbação e, no caso de uma


onda eletromagnética, essa perturbação pode resultar da oscilação de cargas
elétricas (Fig. 3). Vejamos, então, como se produz uma onda desse tipo:

Ondas
eletromagnéticas
Onda eletromagnética (luz)
• Uma carga elétrica oscilante produz campos elétricos e magnéticos variáveis.
Fig. 3 Cargas elétricas em oscilação • Esses campos elétricos e magnéticos propagam-se no espaço como uma onda.
produzem ondas eletromagnéticas.
• As direções de oscilação dos campos elétrico e magnético, que são
perpendiculares entre si, são também perpendiculares à direção de
propagação da onda; é por isso que a onda se diz transversal.
• A frequência da onda eletromagnética é igual à frequência de oscilação
da carga elétrica.
x
E Direção de propagação

y
B
z

164
2.3 Ondas eletromagnéticas

A teoria de Maxwell viria a ser confirmada na década de 1880 pelo alemão


Heinrich Hertz (Fig. 4). Hertz usou equipamento equivalente a um gerador de alta
tensão, uma bobina, e duas antenas: a antena emissora (Fig. 5), onde cargas
elétricas eram forçadas a oscilar com uma certa frequência, emitia ondas
eletromagnéticas com essa frequência; a outra antena captava a onda, o que
dava origem à oscilação de cargas elétricas com a frequência da onda. Deste
modo, Hertz produziu artificialmente, e pela primeira vez, ondas eletromagné-
ticas com grande comprimento de onda (maior do que o de qualquer luz visível)
que permitiam a comunicação entre a antena emissora e a recetora. Fig. 4 O físico alemão
Heinrich Hertz provou
As experiências de Hertz fascinaram o italiano Guglielmo Marconi (Fig. 6). experimentalmente a teoria
de Maxwell, produzindo ondas
Depois de sucessivas experiências bem-sucedidas de produção e receção de eletromagnéticas.
ondas eletromagnéticas entre locais cada vez mais distantes, Marconi conse-
guiu, em 1901, uma experiência de comunicação entre a Europa e a América por
meio de ondas eletromagnéticas. Estava inaugurada uma nova era na história da
humanidade: a era da comunicação a longas distâncias.

O conjunto de todas as ondas eletromagnéticas, ou seja, de luz visível e de luz


não visível, constitui o espetro eletromagnético (Fig. 7). A frequência de uma onda
eletromagnética, f, que depende apenas da frequência de oscilação da fonte que
produz o sinal, relaciona-se com o comprimento de onda, h, e a velocidade de
propagação da onda, v, por meio de:
Fig. 5 Equipamento utilizado por Hertz
v=␭f para produzir ondas eletromagnéticas.

No vazio, a velocidade de propagação das ondas eletromagnéticas, qual-


quer que seja a sua frequência, é 3,00 × 108 m s−1 e, no ar, o valor é aproximada-
mente o mesmo. A Fig. 7 indica as frequências das várias ondas eletromagnéticas
e, para o visível, os respetivos comprimentos de onda no vazio: como a velocidade
da luz no vácuo é constante, essas grandezas são inversamente proporcionais.

Como as ondas eletromagnéticas – ou luz – podem ser usadas para transpor-


tar informação, a velocidade máxima com que essa informação pode ser trans-
mitida é a velocidade de propagação da luz no vazio.
Fig. 6 Marconi, físico e
inventor italiano, conseguiu
a primeira comunicação
intercontinental com ondas
eletromagnéticas.
Raios ճ Raios X Ultravioleta Infravermelho Micro-ondas Televisão Rádio

Velocidade de propagação das


ondas eletromagnéticas no vazio:
f / Hz 1020 1018 1016 1014 1012 1010 108 106
3,00 × 108 m s−1 (valor apenas ligeiramente
menor no ar). Esta é a velocidade máxima
com que se pode transmitir informação.
Visível

ր / nm
Fig. 7 Espetro eletromagnético.
400 500 600 700

165
2. ONDAS E ELETROMAGNETISMO

O Sol emite luz em praticamente todas as frequências do espetro eletromag-


nético. Porém, só luz com certas frequências atinge o solo terrestre. Como se
explica esse facto?

As ondas eletromagnéticas transportam energia. Quando as ondas intera-


gem com a matéria, essa energia pode ser absorvida. Tal absorção pode ocorrer
de várias formas.

Luz branca: sobreposição de luz de Vejamos o exemplo de luz branca (sobreposição de luz de todas as frequên-
todas as frequências na banda do visível; cias do visível) que incide num vitral vermelho. Parte da luz incidente é refletida
é, por isso, uma luz policromática.
na primeira face do vidro não passando através dele; mas outra parte da luz atra-
vessa-o, ou seja, é transmitida. Ora, do outro lado do vidro só surge luz vermelha
(Fig. 8). Conclui-se que o vidro, para além de ter refletido luz na primeira face,
absorveu uma parte da luz. O vidro atuou, portanto, como um filtro. Diz-se que o
vidro foi transparente à luz vermelha (porque a transmitiu), mas foi opaco à luz
visível de outras frequências, pois absorveu-a.

Vidro vermelho

Fig. 8 Um filtro vermelho só deixa passar


Luz vermelha
luz vermelha: parte da luz incidente
é refletida, outra parte é absorvida,
e a restante é transmitida. Luz branca

De um modo geral, quando a luz incide na superfície de separação de dois


meios, parte é refletida nessa superfície, permanecendo no primeiro meio;
Repartição da luz: depende da
outra parte é absorvida pelo segundo meio; e uma terceira parte é transmitida
frequência da onda, da sua inclinação
relativamente à superfície de separação ao longo do segundo meio. Esta repartição da luz (Fig. 9) segue o Princípio da
dos meios e da constituição dos meios. Conservação da Energia:

Luz incidente
Repartição da energia de uma onda eletromagnética
Luz refletida
E incidente = E refletida + E absorvida + E transmitida
Luz absorvida
Material transparente a uma certa onda eletromagnética: transmite essa
onda (deixa-se atravessar por ela). Se isso não acontecer diz-se opaco a
Luz transmitida essa onda.

Fig. 9 Repartição da luz incidente de


uma onda eletromagnética na superfície O modo como a energia da onda incidente se reparte depende, entre outros
de separação de dois meios.
fatores, da frequência da onda, da inclinação relativamente à superfície de sepa-
ração dos meios e da constituição desses meios.

Em geral, um material é atravessado por luz com certas frequências e não é


atravessado por luz com outras frequências. As paredes das casas constituem
um bom exemplo: são opacas à luz visível (ninguém vê através das paredes!) mas
são transparentes às micro-ondas (é por isso que conseguimos comunicar por
telemóvel dentro de casa). Os vidros são um outro exemplo: muitos deixam passar
luz visível mas são opacos a parte das radiações ultravioletas e infravermelhas.

166
2.3 Ondas eletromagnéticas

Estes fenómenos – absorção, reflexão e transmissão de luz – explicam por


que razão nem toda a luz solar chega à superfície terrestre (Fig. 10).

Da luz solar que incide no topo da atmosfera da Terra, cerca de 30% é refle-
tida pela atmosfera (incluindo nuvens) e pela superfície terrestre. A esta percen-
tagem da luz refletida chama-se albedo do planeta. Dos 70% restantes, 19% é
absorvida pela atmosfera e apenas 51% chega à superfície terrestre.

A luz incidente com frequência mais alta – radiação gama, raios X e raios
ultravioletas de maior frequência – é absorvida pela atmosfera. A atmosfera é Fig. 10 Nem toda a luz emitida pelo Sol
opaca a esse tipo de luz, que é radiação ionizante. Os fotões desta radiação têm e que atinge o cimo da atmosfera da Terra
chega à superfície terrestre.
energia suficiente para remover eletrões de moléculas e átomos, ionizando-os.
Essa ionização pode provocar alterações nas células, prejudicando a vida.
A absorção da radiação ionizante pela atmosfera é, pois, crucial para a existência Albedo de um planeta: percentagem
de luz solar refletida por um planeta.
de vida na Terra. A atmosfera é ainda opaca à luz de certas frequências na zona
O albedo da Terra é 30%.
dos infravermelhos e das micro-ondas.

A atmosfera é transparente à luz visível, à luz ultravioleta de baixa frequên- Atmosfera: é opaca à radiação
ionizante, o que permite vida na Terra.
cia, à luz infravermelha de certas frequências e às ondas usadas em teleco-
É transparente às ondas de rádio e a
municações: ondas de rádio e algumas micro-ondas. A Fig. 11 mostra a luz micro-ondas de certas frequências,
absorvida pela atmosfera, e a que chega à superfície terrestre. Podemos, pois, o que possibilita comunicações,
falar de «janelas atmosféricas». designadamente por satélite.

Radiação ionizante Radiação ionizante: como as suas


frequências são mais elevadas do que as
Raios ճ Raios X UV Visível IV Micro-ondas Ondas rádio
da luz visível, os seus fotões têm energia
elevada, provocando ionizações.

Fig. 11 «Janelas atmosféricas»: luz de


Janela
atmosférica certas frequências atravessa a atmosfera
Janela atmosférica até chegar à superfície terrestre.

Os telescópios instalados na superfície terrestre são concebidos para detetar


luz visível, micro-ondas ou ondas de rádio, enquanto os telescópios espaciais,
que estão em órbita terrestre, podem operar com qualquer tipo de radiação
(incluindo raios X, gama e infravermelhos).

A Terra, cuja temperatura média é cerca de 15 °C, emite luz infravermelha


para o espaço. Este valor da temperatura só é possível graças ao efeito de estufa.
Contudo, se este for excessivo, a temperatura média da Terra pode aumentar
com consequências catastróficas para os seres vivos. Em dezembro de 2015
quase todos os países do mundo firmaram um acordo que prevê que, até ao final
do século XXI, a temperatura média não aumente mais do que 1,5 °C em relação
à temperatura na era pré-industrial. QUESTÕES p. 191

167
2. ONDAS E ELETROMAGNETISMO

2.3.2 Reflexão da luz


Quando uma onda, qualquer que seja a sua natureza, mecânica ou eletro-
magnética, incide na superfície de separação de dois meios, parte dela é devol-
vida para o mesmo meio. Este fenómeno é designado por reflexão.

Vamos estudar a reflexão de uma onda eletromagnética, ou seja, da luz.


Apesar de este ser um fenómeno ondulatório, podemos analisá-lo sem recorrer
ao conceito de onda, mas apenas à noção de raio luminoso, que representa a
direção e o sentido de propagação da onda eletromagnética (Fig. 12). Um fino
feixe laser dá bem a ideia de raio luminoso.
Fig. 12 Num raio de luz estão representados
a direção e o sentido de propagação de uma O fenómeno da reflexão, da luz ou de outra onda, é descrito pelas Leis da
onda eletromagnética.
Reflexão da luz:

Leis da Reflexão da luz


1. O raio incidente (i), a normal à superfície no ponto de incidência (n) e o raio
refletido (r) estão no mesmo plano.
2. O ângulo de incidência (_ ) e o ângulo de reflexão (`) são iguais.

i r

Raio Raio
incidente refletido

ձ ղ

Fig. 13 Verificação das Leis da Reflexão _ – ângulo de incidência (formado pelo raio incidente e pela normal no
da luz. ponto de incidência);
` – ângulo de reflexão (formado pelo raio refletido e pela normal no
ponto de incidência).

Estas leis podem ser verificadas experimentalmente recorrendo a finos fei-


xes de luz que incidem num espelho plano (Fig. 13).

A Fig. 14 mostra três feixes de luz monocromática (de uma só cor, isto é, de
uma só frequência) que incidem num espelho curvo côncavo: os percursos dos
raios refletidos obedecem às Leis da Reflexão. Se a luz incidir perpendicular-
mente, como a luz azul, o ângulo de incidência e o ângulo de reflexão serão iguais
a 0°, pelo que a luz será refletida invertendo apenas o sentido da propagação.

Comparemos a onda refletida com a onda incidente. A frequência é a mesma:


só depende da frequência da fonte emissora. Como não se verifica mudança de
Fig. 14 Reflexão de luz monocromática num meio, também a velocidade de propagação é a mesma. Por isso, o comprimento
espelho curvo côncavo. de onda da luz refletida é igual ao da luz incidente.

168
2.3 Ondas eletromagnéticas

Mas, mesmo que a onda não seja transmitida para o segundo meio, de um Onda refletida: tem a mesma frequência,
modo geral verifica-se absorção de energia na superfície de incidência. Portanto, velocidade e comprimento de onda da
onda incidente, embora seja menos
a energia da onda refletida é menor do que a energia da onda incidente, sendo a
intensa.
intensidade da luz refletida menor do que a da luz incidente (Fig. 15).

Tempo

Fig. 15 A intensidade da onda refletida


é menor do que a intensidade da onda
incidente.

0
30 30
60 60

90 90

A fração de luz refletida relativamente à incidente depende da frequência da


luz incidente, do ângulo de incidência e do material onde incide.

A reflexão da luz ocorre na natureza em muitas situações e tem várias aplica-


ções: formação de imagens em espelhos e caleidoscópios, fornos solares, peris-
cópios, certos telescópios, radares, leitura de códigos de barras, etc. (Fig. 16).
Por exemplo, num código de barras usa-se o facto de a luz ser mais refletida
pelas superfícies claras do que pelas superfícies escuras.

O radar (de RAdio Detection And Ranging) serve para localizar objetos dis-
tantes: uma antena emite ondas, normalmente ondas de rádio ou micro-ondas,
que são refletidas por um certo obstáculo, sendo depois detetadas. Sabendo a
velocidade de propagação da onda e o tempo entre a sua emissão e receção,
obtém-se a distância do objeto ao emissor/recetor, isto é, ao radar. Este dispo-
sitivo é usado nas navegações aérea e marítima, para fins militares ou civis, ou
em satélites.

O sonar (de SOund Navigation And Ranging) assenta num princípio seme-
lhante – reflexão de ondas sonoras, em geral ultrassons –, sendo normalmente
usado para localizar objetos próximos. Por exemplo, é usado para saber a pro-
fundidade das águas nos rios e nos mares, para detetar cardumes e em sensores Fig. 16 Aplicações da reflexão da luz:
úteis no estacionamento de carros. O mesmo princípio é aplicado em medicina, forno solar gigante (em Odeillo, Pirenéus),
periscópio de um submarino, radar.
nalguns estetoscópios e nos equipamentos de ecografia.

QUESTÕES p. 191
Questão resolvida 1

Numa superfície plana incide luz. Se um raio de luz


Seja _ o ângulo de incidência, que é igual ao ângulo de
incidente fizer um ângulo de 46° com o raio refletido,
reflexão. Logo 2_ = 46°, pelo que _ = 23°. Então o ângulo
qual será o menor ângulo entre o raio incidente e a
do raio incidente com a superfície será 90° − 23° = 67°.
superfície onde ele incide?

169
2. ONDAS E ELETROMAGNETISMO

2.3.3 Refração da luz


Quando a luz incide na superfície de separação de dois meios, para além de
ser refletida também pode ser transmitida. É o que acontece quando a luz visível
passa do ar para a água ou para o vidro, meios transparentes à luz visível.

Quando a luz passa de um meio para outro, a sua velocidade altera-se pois
depende das características do meio. Essa variação da velocidade provoca, em geral,
um desvio da direção da luz. Vejamos uma analogia: se um carro passar de uma
estrada asfaltada para uma zona de areia (Fig. 17), a sua trajetória mudará de direção,
uma vez que as rodas na areia avançarão mais devagar do que as rodas no asfalto.

Também a luz sofre um desvio quando muda de meio pois a sua velocidade
Fig. 17 Mudança de direção de um carro
quando encontra um outro meio. de propagação é alterada. É este desvio que explica, por exemplo, a «quebra» de
uma palhinha mergulhada em água (Fig. 18). Ao desvio da direção de propagação
da luz quando esta muda de meio chama-se refração da luz.

Refração de uma onda eletromagnética


Desvio da direção de propagação da onda ao passar de um meio para outro,
em consequência da diferente velocidade de propagação nos dois meios.
Quanto maior for essa diferença de velocidades, maior será o desvio.

Em geral, a refração da luz ocorre em simultâneo com a reflexão e com a


absorção. Por exemplo, se a luz incidir na face de um bloco paralelepipédico de
Fig. 18 A «quebra» aparente da palhinha
é devida ao desvio da luz quando passa da vidro, chamado «lâmina de faces paralelas» (Fig. 19), ela reflete-se e refrata-se
água para o vidro.
na fronteira ar-vidro; transmite-se depois no vidro até encontrar a fronteira vidro-
-ar; aí volta a refletir-se e a refratar-se, passando para o ar novamente com um
desvio. Ou seja, há duas reflexões e duas refrações.

O maior ou menor desvio da onda eletromagnética quando passa de um meio


para outro meio diferente depende do índice de refração (símbolo n) de cada
meio. O que é esse índice?

Índice de refração de um meio para uma onda eletromagnética, n


Razão entre a velocidade de propagação da onda eletromagnética no vazio, c,
e a velocidade de propagação da onda nesse meio, v :
Fig. 19 Nesta lâmina de faces paralelas c
são notórias duas reflexões e duas n=
refrações da luz. v
• Não tem unidades (grandeza adimensional): é uma razão entre velocidades.
• É maior do que 1 em materiais comuns (vidro, água, plástico), pois c é a
velocidade máxima de propagação; no ar é aproximadamente igual a 1 pois
var  c .
• Como c é constante, o produto n v é constante: n e v são inversamente
proporcionais (quanto maior for o índice de refração menor será a
velocidade de propagação da onda).

170
2.3 Ondas eletromagnéticas

A Tab. 1 mostra o índice de refração no vidro para luz visível com diferentes Luz n (vidro)
frequências: embora o meio seja o mesmo, os índices de refração são diferen-
Vermelha 1,513
tes pois as frequências da luz são diferentes. O índice de refração aumenta do
Laranja 1,514
vermelho para o violeta, significando que a velocidade de propagação diminui

Aumenta desvio
Aumenta n
Amarela 1,517

Diminui v
do vermelho para o violeta; quanto menor for a velocidade de propagação no
meio, maior será o desvio da luz quando passa do ar para o vidro ou do vidro Verde 1,519
para o ar. Azul 1,526
Anil 1,528
A diferença entre os índices de refração, na água e no vidro, da luz visível com
Violeta 1,532
diferentes frequências explica a formação do arco-íris ou a decomposição da
luz branca por um prisma de vidro (Fig. 20) já estudada por Newton. A luz branca, Tab. 1 Índice de refração no vidro para
luz visível com várias frequências.
que inclui luz de todas as frequências da banda visível, sofre uma refração na As indicações à direita pressupõem que
fronteira ar-vidro: é separada em ondas de várias frequências pois estas sofrem a luz vem do ar para o vidro.

desvios diferentes. Essas ondas voltam a sofrer refração na fronteira vidro-ar,


sofrendo aí novos desvios. A luz violeta é a mais desviada.

Comparemos uma onda refratada com a respetiva onda incidente. Como os


fenómenos de reflexão e absorção ocorrem simultaneamente com o da refra-
ção, a intensidade da onda refratada é inferior à intensidade da onda incidente.
A percentagem de luz refratada depende da frequência da onda, do ângulo de
incidência e dos materiais constituintes dos meios.

Fig. 20 A refração da luz branca origina


A frequência da onda refratada é igual à da incidente (a frequência só depende
um arco-íris.
da fonte emissora). Ao passar de um meio (1) para outro (2) a velocidade de pro-
pagação da onda muda e também o comprimento de onda:
Onda refratada: é menos intensa do que
a onda incidente; tem a frequência da
v1 = h 1 f
v=hf A v2 = h 2 f
e como v1 & v2, então h 1 & h 2 onda incidente mas diferentes velocidade
e comprimento de onda.

Podemos estabelecer uma relação entre os índices de refração de uma onda


nos meios 1 e 2 e os respetivos comprimentos de onda.
Ar
c n1
Como n = ‹ c = n v, vem
v
n1 v1 = n2 v2 v1
ջ1
E, uma vez que v = h f, vem n1 v1 = n2 v2 ‹ n1 h 1 f = n2 h 2 f, ou seja,

n1 h 1 = n2 h 2 A se n1 < n2 A h 1 > h 2

Concluímos, assim, que o comprimento de onda e o índice de refração são ջ2 n2 > n1


inversamente proporcionais. Por isso, quando a luz passa do ar, cujo índice de
v2 < v1
refração é cerca de 1, para a água, onde o índice de refração é superior a 1, a
velocidade de propagação e o comprimento de onda diminuem (Fig. 21). Esta con- ջ2 < ջ1
clusão também se poderia tirar da expressão
Água
v
v=hf‹f= Fig. 21 Quando a luz passa do ar para
h
a água a velocidade de propagação e o
pois, como a frequência se mantém, v e h são diretamente proporcionais. comprimento de onda diminuem.

171
2. ONDAS E ELETROMAGNETISMO

Tal como acontece na reflexão, o fenómeno da refração pode ser descrito


usando raios luminosos. Os desvios da direção de propagação da onda – indicada
pelos raios luminosos – são determinados a partir das Leis da Refração, formu-
ladas no século XVII pelo holandês Snell e pelo francês Descartes:

Leis da Refração (Leis de Snell-Descartes)


1. O raio incidente (i) na superfície de separação de dois meios, a normal à superfície
Raio n no ponto de incidência (n) e o raio refratado (R) estão no mesmo plano.
incidente
i 2. Os índices de refração n1 e n2, o ângulo de incidência, _ 1, e o ângulo de
ձ1 refração, _ 2, relacionam-se por
Meio 1
n1
n1 sin ␣ 1 = n2 sin ␣2
Meio 2 n2 > n1 O ângulo de incidência é formado pelo raio incidente e pela normal no ponto
n2
R
de incidência; o ângulo de refração é formado pelo raio refratado
e pela normal no ponto de incidência.
ձ2
Raio Se _ 1 = 0° (incidência perpendicular), _ 2 = 0°: não há desvio da luz.
refratado

A expressão da Lei da Refração mostra que o índice de refração de um meio


e o seno do ângulo correspondente a esse meio são inversamente proporcionais:
ao meio que tiver maior índice de refração corresponderá o menor valor do seno,
ou seja, o ângulo menor. Podemos, então, extrair as seguintes conclusões (Fig. 22):

i R 60o
60o
Ar nar < nvidro
Ar

Fig. 22 A luz desvia-se, aproximando-se da Vidro nvidro > nar Vidro


normal quando passa para um meio com
maior índice de refração, ou afastando-se i
da normal quando passa para um meio com 34,5o R 34,5o
menor índice de refração.

A luz passa de um meio de menor índice A luz passa de um meio de maior índice
de refração para um meio de maior índice de refração para um meio de menor
de refração: desvia-se, aproximando-se índice de refração: desvia-se,
da normal. afastando-se da normal.
_refração < _incidência _refração > _incidência

QUESTÕES p. 192

Questão resolvida 2

Ar
Observe a figura ao lado. Indique o ângulo de reflexão e calcule o índice de refração do líquido
(nar  1). Apresente os resultados com três algarismos significativos. 0
30 30
60 60

O ângulo de reflexão, igual ao ângulo de incidência, é 40,0°. O ângulo de refração é 25,0°. 90 90


Pela Lei da Refração, n1 sin _ 1 = n2 sin _ 2, ou seja, nar sin 40,0° = nlíquido sin 25,0° ‹
60 60
sin 40,0° 30 30
‹ nlíquido = = 1,52. 0
sin 25,0° Líquido

172
2.3 Ondas eletromagnéticas

2.3.4 Reflexão total da luz


Nem sempre a luz sofre refração ao incidir na superfície de separação de dois
meios transparentes. Comparemos o trajeto da luz da Fig. 23 que incide na face
de uma lente de vidro em diferentes situações: em A ocorre sempre refração
mas, em B, quando a luz encontra, pela primeira vez, a fronteira vidro-ar, quer na
lente quer no prisma de vidro, não há refração.

Fig. 23 Em (A) há sempre refração.


A B Em (B), na primeira vez que a luz encontra
a fronteira vidro-ar, na lente e no prisma,
não há refração.

Quando a luz passa de um meio com maior índice de refração (como o vidro)
para um meio com menor índice de refração (como o ar), deixa de ocorrer
refração a partir de um certo ângulo de incidência: a luz já não passa para o
segundo meio, refletindo-se totalmente (Fig. 24). Nesse caso só há reflexão, pelo
que o fenómeno se designa por reflexão total. Só ocorre se a luz encontrar um
segundo meio com menor índice de refração.
Fig. 24 Quando a luz encontra um segundo
O ângulo máximo de refração é 90°. Nesse caso, o correspondente ângulo
meio com menor índice de refração, a partir
de incidência é chamado ângulo limite, _ lim, ou ângulo crítico. Para ângulos de de um certo ângulo de incidência já não há
refração mas reflexão total.
incidência superiores deixa de haver refração e a reflexão é total (Fig. 25).

R Ar
Ar R
Ar
Água i r Água i r
Água
i r
ձlim ձ
ձ

Se _ = _ lim
Se _ < _ lim a luz passa para o segundo meio a rasar Se _ > _ lim
ocorre refração. a superfície de separação: o ângulo de não ocorre refração mas reflexão total.
refração é 90°.

Fig. 25 A reflexão total ocorre para ângulos


Calculemos, a partir da Lei de Snell-Descartes, o ângulo limite em função de incidência superiores ao ângulo limite.

dos índices de refração dos dois meios:


n
n1 sin _ 1 = n2 sin _ 2 ‹ n1 sin _ lim = n2 sin 90°, ou seja, sin _ lim = 2
n1

173
2. ONDAS E ELETROMAGNETISMO

A B Para ocorrer reflexão total da luz são, portanto, necessárias duas condições:

Reflexão total da luz


(Ocorre quando):

• A luz incide na superfície de separação meio 1-meio 2 e o índice de refração


do meio 1 é superior ao do meio 2: n 1 > n 2.
• O ângulo de incidência é superior ao ângulo limite, _ > _ lim, sendo o ângulo
n
limite obtido pela expressão sin _ lim = 2 .
Fig. 26 Fibra ótica de decoração (A) e fibra n1
ótica feita com gelatina que guia uma luz
laser (B).

Uma aplicação da reflexão total é a fibra ótica. A luz incide numa ponta da
fibra e propaga-se ao longo desta, sofrendo sucessivas reflexões no interior,
aparecendo na outra ponta quase sem atenuação (Fig. 26). Uma fibra ótica tem
três partes (Fig. 27):

Núcleo cilíndrico (vidro, plástico ou outro isolante),


cujo diâmetro pode ser como o de um cabelo,
onde a luz se propaga sofrendo múltiplas reflexões.
É feito de um material de elevada transparência,
baixa capacidade de absorção e elevado
índice de refração.

Fig. 27 Constituição de uma fibra ótica.


Casca: material que envolve o
núcleo. Tem índice de refração
nnúcleo > ncasca menor do que o núcleo, de modo
Revestimento a ocorrer reflexão total, o que
de proteção. mantém a luz no interior do núcleo.
Luz branca Ar
As fibras óticas são flexíveis mas os ângulos de incidência na fronteira
Água núcleo-casca nunca são inferiores ao ângulo crítico, pelo que só há reflexão total.
As fibras óticas têm numerosas aplicações: decoração, iluminação, sensores,
aparelhos médicos, etc. Destacamos a sua aplicação em comunicações: são uti-
lizadas em redes de computadores, nas redes de telefone, televisão e internet,
etc. A maior parte dos atuais cabos submarinos são de fibras óticas.
Fig. 28 Reflexão total no interior de uma A reflexão total também ocorre em fenómenos naturais como na formação
gota de água na formação de um arco-íris.
de um arco-íris (Fig. 28) e nas miragens em desertos.
AL 3.1 p.185 Na AL 3.1 estudaremos propriedades das ondas.

Questão resolvida 3

O núcleo de uma fibra ótica tem um índice de refra-


Determinemos o ângulo limite: nnúcleo sin _ lim = ncasca sin 90° ‹
ção de 1,60 e a sua casca tem um índice de refração n 1,45
de 1,45. Quais são os ângulos de incidência no núcleo ‹sin _ lim = casca = = 0,9063 A _ lim = 65,0°.
nnúcleo 1,60
para os quais há reflexão total? Por isso haverá reflexão total para todos os ângulos de
incidência superiores a 65,0°.
QUESTÕES p. 193

174
2.3 Ondas eletromagnéticas

2.3.5 Difração da luz


Conseguimos ouvir uma pessoa a falar mesmo quando ela está atrás de uma
parede e nós não a conseguimos ver.

Ilustremos esse fenómeno com o exemplo de um músico que toca numa rua
(Fig. 30). As ondas sonoras estão representadas a vermelho. A luz visível, refle-
tida pelo músico, está representada a azul. Os dois tipos de ondas, sonora e
eletromagnética, propagam-se em todas as direções. A sonora (a de maior com-
primento de onda, h1) contorna as paredes no cruzamento, chegando às pessoas
A e B. O mesmo não acontece com a onda de menor comprimento de onda (h2).
Ou seja, estas pessoas não veem o músico mas ouvem-no. Já a pessoa C não só
o ouve como o vê. O som contorna as esquinas mas a luz não.
Fig. 30 Só a onda de maior comprimento
A de onda contorna os edifícios (os
comprimentos de onda não estão à escala).

ջ2

C A

ջ1

O fenómeno que ocorre quando uma onda encontra uma fenda, ou um obs-
táculo, e se espalha designa-se por difração. Pode ocorrer com qualquer tipo de
onda (Fig. 31). Em que condições ocorre?

Difração de uma onda


Uma onda sofre desvios ao encontrar obstáculos ou fendas, encurvando-se
em torno deles. Esse fenómeno só é notório se a dimensão do obstáculo B
ou da fenda, d, for comparável ao comprimento de onda, h:
d ¾h
Para uma fenda:

Quando aumenta a dimensão da fenda significativamente a difração da onda


é menos acentuada (mas observa-se junto à fenda). Fig. 31 Ondas em água: em (A) ocorre
difração de ondas; em (B), uma vez
que a abertura é muito maior do que o
Na difração, o comprimento de onda não muda após o obstáculo ou a fenda comprimento de onda, a difração só se nota
junto às bordas dos obstáculos.
pois o meio de propagação é o mesmo.

175
2. ONDAS E ELETROMAGNETISMO

As ondas sonoras audíveis têm comprimentos de onda que variam entre


alguns centímetros (som agudo) e uma dezena de metros (som grave). Como
estes valores são comparáveis às dimensões de obstáculos ou orifícios à nossa
volta, as ondas sonoras difratam contornando objetos comuns. Já a luz visível
tem comprimentos de onda que variam entre 400 nm (violeta) e 700 nm (ver-
melho), valores muito inferiores às dimensões de obstáculos ou fendas. Por isso,
não vemos a luz visível a contornar obstáculos.

Mas, se luz visível de uma certa frequência, como de um laser, passar por
uma fenda de dimensão comparável ao seu comprimento de onda, espalha-
-se ao passar pela fenda, ou seja, difrata-se (Fig. 32). É como se, na zona da
fenda, existissem fontes pontuais, todas elas a emitir ondas de luz. Estas ondas
sobrepõem-se, interferindo umas com as outras, anulando-se (interferência
destrutiva), ou ampliando-se (interferência construtiva). Surge um «padrão de
interferência» com zonas claras, com luz, alternando com zonas escuras, sem
luz, sendo a zona central a que recebe luz com maior intensidade.

Fig. 32 Difração de luz monocromática


numa fenda: obtém-se um padrão com
zonas claras (com luz) e escuras (sem luz),
sendo a zona central a que recebe luz
mais intensa.

+ = Interferência
construtiva

+ = Interferência
destrutiva

Para uma dada fenda, o espalhamento é mais significativo quando aumenta


o comprimento de onda, passando a onda a propagar-se em mais direções. Este
efeito é aproveitado para decompor luz policromática, como a luz branca, nas suas
componentes monocromáticas, tal como na refração num prisma de vidro. O efeito
Fig. 33 Redes de difração: podem ter
milhares de ranhuras por milímetro. é mais acentuado se, em vez de se utilizar uma só fenda, se usarem muitas fendas,
as chamadas redes de difração (Fig. 33). Uma rede de difração tem múltiplas fen-
das (ranhuras) paralelas, equidistantes e com a mesma largura. Quando luz poli-
cromática incide numa rede de difração, cada uma das componentes difrata-se de
modo diferente, pois sofre desvios diferentes, obtendo-se a decomposição da luz
nas suas várias frequências (espetro). As redes de difração são usadas em espe-
troscópios para obter espetros de espécies químicas, sobretudo na zona do visível.

Um CD (ou DVD) pode servir de rede de difração pois tem uma fina camada
plástica com ranhuras distanciadas 1,2 +m (0,5 μm num DVD). O CD tem tam-
bém uma película refletora, o que permite observar a difração e a reflexão em
Fig. 34 Um CD pode servir de rede simultâneo. Quando se remove essa película, ficamos com uma rede de difração
de difração.
com 600 ranhuras por milímetro (Fig. 34).

176
2.3 Ondas eletromagnéticas

Habitualmente, as ondas eletromagnéticas utilizadas em comunicações, que


se propagam na atmosfera ou no espaço exterior, usam as frequências mais
baixas do espetro eletromagnético, ou seja, as de maiores comprimentos de
onda. Essa radiação é não ionizante e pode atravessar muitos materiais.

A faixa de frequências usada em telecomunicações situa-se entre os 3 kHz e


os 300 GHz. Estas frequências são designadas por radiofrequências e incluem
as ondas de rádio e parte das micro-ondas, variando os comprimentos de onda,
no ar, entre a centena de quilómetros e o milímetro.

As frequências escolhidas dependem do tipo de comunicação: emissões de


rádio e TV, comunicações móveis, incluindo os telemóveis e rádios da polícia,
GPS e transmissão de voz, imagem ou dados via satélite, etc. (Fig. 35).

Infra- Luz Ultra- Raios


Rádio Micro-ondas -vermelho visível -violeta Raios X gama

103 Hz 106 Hz 109 Hz 1012 Hz 1015 Hz 1018 Hz f / Hz


(kHz) (MHz) (GHz) (THz) (PHz) (EHz)

Não-ionizante Ionizante

Radiofrequências

Telemóvel Telemóvel
2G 4G

Radionavegação Walkie Emissão de Wi-fi Radar


talkie rádio FM

100 kHz 1 MHz 10 MHz 100 MHz 1 GHz 10 GHz 100 GHz f / Hz

Emissão de Banda do Televisor Telemóvel TV satélite


onda curta cidadão 3G

Fig. 35 Radiofrequências e sua utilização


em comunicações: os satélites, incluindo
os do GPS, utilizam micro-ondas de maior
frequência.
Os telemóveis usam ondas de maior frequência, como as micro-ondas, que
podem transportar mais informação. O volume de dados que podem ser trans-
mitidos permite mesmo o acesso à internet pelo telemóvel.

A luz infravermelha difrata-se mal nos objetos do nosso quotidiano. Os


comandos de TV ou da box utilizam luz infravermelha, pelo que só funcionam se
estiverem praticamente em linha de vista com o aparelho (ou então fazendo com
que a luz emitida seja refletida no teto ou numa parede da sala).

As redes locais sem fios, como as redes wi-fi, utilizam frequências da ordem
de 2,4 GHz. Como a potência do emissor é relativamente pequena, o alcance é
limitado a algumas dezenas de metros. O bluetooth, muito usado para empare-
lhar dispositivos, funciona na mesma gama de frequências.

177
2. ONDAS E ELETROMAGNETISMO

Por vezes a comunicação entre dois pontos em linha de vista faz-se usando,
para além de micro-ondas de frequência elevada, infravermelhos ou mesmo luz
visível. Mas luz deste tipo é mais habitualmente utilizada nas fibras óticas, e
ainda em cabos de cobre (como os usados em redes de televisão, internet e
telefone). Nas fibras e nos cabos não se coloca o problema da difração, pelo que
Onda refratada as frequências usadas podem ser elevadas, permitindo uma alta taxa de trans-
Ionosfera
missão de dados.

A comunicação sem fios não usa radiação ionizante: além de ser perigosa,
Onda refletida
exigiria que o emissor e o recetor estivessem sempre em linha de vista. Por isso,
faz-se, em geral, por ondas de rádio e micro-ondas de baixa frequência.
Emissor Recetor
Tendo em conta os fenómenos de reflexão, refração, absorção e difração na
Fig. 36 Fenómenos ondulatórios da luz de atmosfera, que podem ser mais ou menos acentuados (Fig. 36), há vantagens e
radiofrequências.
desvantagens em usar radiofrequências de menor ou maior frequência (Fig. 37).

Radiofrequências com menor frequência: Radiofrequências com maior frequência:


ondas de rádio (até cerca de 3 GHz) micro-ondas (entre 3 GHz e 300 GHz)

• Têm maiores comprimentos de onda, pelo que difratam • Têm menores comprimentos de onda, não sofrendo
facilmente, contornando obstáculos e chegando às antenas praticamente difração, ou seja, seguem em linha reta.
recetoras mesmo que estas não estejam em linha de vista. Por isso as antenas emissora e recetora têm de estar
• São pouco absorvidas no ar mas podem ser refletidas colocadas à vista uma da outra, o que requer maior número
na atmosfera, sendo depois reenviadas para a Terra. de antenas retransmissoras.
Por isso podem propagar-se a grandes distâncias, • São pouco absorvidas ou refletidas na atmosfera, pelo que
usando poucas antenas retransmissoras. são usadas na comunicação via satélite.
• Transportam maior quantidade de dados.
Satélite

Recetor

Recetor
Emissor
Estação transmissora Estação recetora
na Terra na Terra

Fig. 37 Comunicações por radiofrequências.

Atividade 1:
Pode a luz laser difratar num cabelo?

A luz de um apontador laser de bolso tem uma frequência de 4,62 × 1014 Hz.
1. Determine o seu comprimento de onda (vluz = 3,00 × 108 m s−1).
2. Coloque um fio de cabelo, cujo diâmetro varia, em geral, de 60 +m a
120 +m, sobre a luz laser e aponte essa luz para uma parede branca.
O que observa?
3. Compare as dimensões do cabelo e do comprimento de onda e retire
conclusões.
QUESTÕES p. 194

AL 3.2 p. 188 Na atividade laboratorial AL 3.2 estudar-se-á o fenómeno da difração.

178
2.3 Ondas eletromagnéticas

2.3.6 Efeito Doppler


A frequência de uma onda é a da fonte emissora. Contudo, a frequência per-
cecionada ou medida por um observador em movimento relativamente à fonte
emissora pode ser diferente.

Já todos ouvimos a sirene de uma ambulância em movimento: quando ela


se aproxima o som torna-se mais agudo (maior frequência); quando se afasta,
o som fica mais grave (menor frequência). A onda é emitida com uma certa fre-
quência mas é captada com outra frequência. A que se deve esta alteração da
frequência do som? Deve-se precisamente ao movimento relativo (aproximação
ou afastamento) do emissor e do recetor.

Analisemos o exemplo das ondas sonoras emitidas pela ambulância, em


movimento, supondo que essa emissão se faz numa só frequência (Fig. 38).
Como o emissor se move, as ondas estão a ser emitidas em pontos diferentes
da trajetória. Como o movimento se dá no sentido de B, esses pontos vão ficando
cada vez mais próximos de B e o comprimento de onda medido por B é menor do
que seria se a ambulância estivesse parada. Por isso B ouve um som de maior
frequência (mais agudo) relativamente ao que ouviria se o veículo estivesse
parado. Para o observador A acontece o contrário: aumenta o comprimento de
onda, diminui a frequência e o som torna-se mais grave.

ջ ջ
A B

Fig. 38 Os sons percecionados têm


diferentes frequências devido ao movimento
O observador A perceciona um som O observador B perceciona um som relativo entre fonte emissora e observador.
mais grave (menor frequência) v mais agudo (maior frequência)

Portanto, se a fonte sonora se aproximar do recetor, o som é mais agudo; se


se afastar, o som é mais grave. O mesmo ocorre se o recetor se mover: ao apro-
ximar-se da fonte, o som é mais agudo; ao afastar-se, é mais grave.

Este fenómeno, que foi descrito para as ondas sonoras mas que se aplica a
qualquer onda, é conhecido por efeito Doppler, em homenagem ao físico aus-
tríaco Christian Doppler, que o estudou em 1842.

Efeito Doppler
Alteração da frequência percecionada, ou medida, por um recetor devido ao
movimento relativo entre esse recetor e uma fonte emissora.
Afastamento entre fonte e recetor: diminui a frequência.
Aproximação entre fonte e recetor: aumenta a frequência.

179
2. ONDAS E ELETROMAGNETISMO

O efeito Doppler é explorado em várias aplicações.

Em medicina é usado conjuntamente com a ecografia, que recorre à refle-


xão de ultrassons. Se a reflexão se der num corpo em movimento, a frequência
do ultrassom refletido será diferente da frequência do ultrassom incidente: se
o corpo se estiver a afastar, a frequência diminui, se se estiver a aproximar, a
frequência aumenta. O ecodoppler é um exame clínico que combina a ecografia
com o efeito Doppler: a diferença entre as frequências da onda emitida e refletida
permite medir a velocidade do sangue nas veias e artérias. Nestes ecodopplers,
ou num ecodoppler cardíaco (Fig. 39), o médico pode detetar anomalias na circu-
Fig. 39 Ecodoppler cardíaco: combina a
reflexão de ultrassons e o efeito Doppler.
lação através de um código de cores.

Também os chamados «radares» da polícia de trânsito funcionam graças ao


efeito Doppler, que usa luz de radiofrequências (Fig. 40). O radar emite luz de
uma dada frequência, que incide num veículo que a reflete. Se o veículo estiver
parado, a luz refletida e recolhida pelo radar têm a frequência da luz emitida. Se
houver movimento relativo entre os dois, a frequência da luz refletida aumenta
se o veículo se aproximar e diminui se ele se afastar. A diferença de frequências
permite obter a velocidade do veículo em relação ao radar. O mesmo método é
aplicado a outros objetos em movimento, como aviões, navios, etc.

O efeito Doppler permite medir a velocidade, em relação à Terra, de objetos


Fig. 40 Radar para controlo de velocidade: celestes em movimento que emitem luz, através da análise dos seus espetros.
usa a reflexão de luz de radiofrequências Se o corpo se afastar, o espetro sofre um desvio para frequências menores, ou
e o efeito Doppler.
seja, para o vermelho (redshift); se ele se aproximar, o desvio dá-se no sentido
das frequências maiores, ou seja, para o azul (blueshift). A Fig. 41 ilustra o fenó-
meno: a variação de comprimento de onda observada no espetro, relativamente
ao espetro padrão, permite medir a velocidade relativa entre fonte e emissor.

Fig. 41 Alteração de um espetro devido ao


O corpo celeste está parado
movimento relativo entre fonte e emissor.
em relação à Terra:
os comprimentos de onda da luz
são detetados sem alteração.
O corpo celeste está a
afastar-se da Terra:
os comprimentos de onda da luz
são maiores do que se não houvesse
movimento (redshift).
O corpo celeste está a
aproximar-se da Terra:
os comprimentos de onda da luz
são menores do que se não houvesse
movimento (blueshift).

No caso do redshift, a alteração da posição das linhas espetrais é no sentido


dos maiores comprimentos de onda (Fig. 42): por exemplo, a cor amarela pode
passar a laranja ou a vermelho, dependendo da velocidade relativa fonte-recetor.
ր
É como se tirássemos uma fotocópia e não enquadrássemos bem o original na
Fig. 42 Desvio para o vermelho das
linhas espetrais: a amarelo, as originais; janela da fotocopiadora: a cópia seria igual ao original mas deslocada em relação
a vermelho, as alteradas por efeito Doppler.
às margens do papel.

180
2.3 Ondas eletromagnéticas

É um efeito equivalente ao Doppler que nos permite saber que o Universo


está em expansão. A luz proveniente das galáxias mais distantes revela um
redshift: o comprimento de onda da luz é superior ao que seria medido se não
houvesse essa expansão. Foi o astrofísico norte-americano Edwin Hubble que,
em 1929, mostrou que as galáxias distantes estão, quase sem exceção, a afas-
tar-se de nós. Em rigor, não há aqui efeito Doppler tal como o que estudámos:
o redshift de que se fala em astrofísica é devido à dilatação do próprio espaço
e não ao movimento das galáxias (Fig. 43), por isso se diz que é equivalente ao
efeito Doppler. A observação desse desvio espetral é uma das maiores provas de
que o Universo está em expansão desde um instante primordial, como é descrito Fig. 43 Tal como num balão em enchimento
pela teoria do big bang. a distância entre pontos marcados na sua
superfície vai aumentando, também
Segundo esta teoria, na fase inicial do Universo a matéria era muito densa e a a distância entre galáxias aumenta devido
à expansão do Universo.
temperatura muito elevada. A agitação térmica era tão grande que nem sequer
se formavam átomos, pois estes ionizavam-se rapidamente. Mas, à medida que
a expansão se deu, o Universo foi arrefecendo e os eletrões juntaram-se a pro-
tões formando átomos de hidrogénio e, em menor quantidade, átomos de hélio.
Este processo levou à emissão de fotões em todo o lado e em todas as direções.
É essa radiação, que passou a ocupar um espaço cada vez maior à medida que
o Universo expandiu, que nos chega ainda hoje na forma da chamada radiação
cósmica de fundo. Trata-se de radiação praticamente isotrópica (tem a mesma
intensidade em todas as direções, isto é, não provém de fontes localizadas) e a
sua existência é mais uma prova categórica de que o Universo está em expansão
(Fig. 44). À medida que o Universo se expande, o comprimento de onda da radia-
ção cósmica de fundo vai aumentando.

Duas grandes provas da teoria do big bang


• Afastamento das galáxias, detetado pelo desvio para o vermelho (redshift )
dos seus espetros de emissão (equivalente ao efeito Doppler).
• Existência da radiação cósmica de fundo, que preencheu o Universo quando
se formaram os primeiros átomos (principalmente hidrogénio e hélio) no
Universo primitivo.

A luz, cuja história é fascinante, está presente em todas as áreas da ciência e


tecnologia e da sociedade com inúmeras aplicações.

Fig. 44 Visão artística da evolução


do Universo.

QUESTÕES p. 195

10−43 s 10−32 s 3 min 300 000 anos 109 anos 15 × 109 anos Hoje
1027 °C 1013 °C 10 000 °C −200 °C −270 °C −270 °C
181
2. ONDAS E ELETROMAGNETISMO

História breve da luz

Para Newton a luz era formada por partículas.


Haveria partículas correspondentes às diferentes
cores do arco-íris que se desviariam de maneira
diferente dentro de um prisma. No entanto,
esta teoria era contrariada por uma outra, segundo
a qual a luz se propagava por ondas.

Partículas e ondas são bem diferentes: uma partícula


está num sítio e uma onda está em todo o lado.
O fenómeno da difração, conhecido já no tempo
de Newton, indicava que a ideia de onda fazia
mais sentido.
Mas foi o resultado da experiência de Young, no início
do século XIX, de espalhamento da luz por duas fendas
e interferência da luz proveniente delas, que tornou
a situação ainda mais clara: a luz devia ter uma
natureza ondulatória.
Maxwell justificou teoricamente que a luz era
uma onda eletromagnética e Hertz produziu
artificialmente e detetou algumas dessas ondas.

Estava o século XX quase a começar quando Planck,


ao estudar a emissão de luz por um forno, foi obrigado
a concluir que a luz é emitida e absorvida em pequenas
quantidades («quanta»). Foi o início da teoria quântica,
e−
e− e− que haveria de mudar a sociedade no novo século.
Em 1905 Einstein explicava o efeito fotoelétrico,
e− e−
− que consiste na remoção de eletrões de um metal
e− e
com luz suficientemente energética. A explicação
só era possível admitindo que havia partículas de luz
(os fotões). De certo modo, Newton tinha razão!

A luz pode então ser partícula e pode ser onda:


tem uma natureza dupla. Propaga-se como uma onda,
mas pode ser recolhida como uma partícula. A ideia
de natureza dupla, que nasceu com a luz, viria a ser
generalizada. O francês De Broglie mostrou que às
partículas, como o eletrão, está também associado
um certo comprimento de onda, ou seja, também
o eletrão tem natureza ondulatória.
As ideias de Einstein sobre a luz, e de De Broglie sobre
a matéria, estão na base da teoria quântica, uma teoria
que permitiu compreender os fenómenos às escalas
atómica e subatómica, incluindo os fenómenos
relativos à interação da radiação com a matéria.

182
2.3 Ondas eletromagnéticas

Aplicações da luz

Comunicações
Vivemos numa sociedade global graças às comunicações rápidas,
que podem ser sem fios por ondas de rádio e micro-ondas ou por
fios (cabos de cobre, fibras óticas, etc.). Sem essas tecnologias
não haveria Internet.
As redes locais sem fios, como o wi-fi, são parte do nosso dia a dia.
A rede global GPS também já entrou no nosso quotidiano.

Lasers
Os lasers assentam numa ideia de Einstein em 1917: era possível
estimular a emissão de luz por átomos, de modo a surgir uma luz
intensa com um comprimento de onda bem definido. A ideia só foi
concretizada para luz visível em 1960.
Hoje os lasers são usados na medicina, nos CD, nas impressoras,
nas caixas de supermercado, em espetáculos, etc.

Holografia
A holografia possibilitou a criação da imagem tridimensional de um
objeto, usando luz laser, a partir dos padrões de interferência dessa
luz depois de refletida no objeto. A holografia permite aumentar
a segurança de notas bancárias e de cartões de crédito. Está também
a tornar-se um poderoso meio auxiliar da publicidade.

Medicina
Para além do laser, muitas outras tecnologias recorrem à luz em
medicina: as fibras óticas servem para ver o interior do corpo
(endoscopias, broncoscopias, etc.). Obtêm-se imagens a três dimensões
do interior do corpo através da TC (tomografia computorizada)
que usa raios X. Os raios gama tanto são usados em diagnóstico
(emissão em pequenas doses) como em tratamento
(absorção, em doses maiores, para destruição de tumores).

Astronomia
Os telescópios podem ser de luz visível ou de luz não visível
(infravermelhos, micro-ondas, ondas de rádio, raios X, raios gama, etc.).
O telescópio espacial Hubble funciona com luz visível e infravermelha.
O VLT (Very Large Telescope, Chile) funcionará principalmente com
infravermelhos. É a luz que nos permite conhecer melhor o Universo.
A galáxia na imagem é a Cosmos Redshift 7 (CR7) recentemente
descoberta. O nome é uma alusão direta a Cristiano Ronaldo.

Iluminação
As lâmpadas de LED estão, por todo o lado, a substituir as antigas
lâmpadas. Podem até funcionar sem recurso à rede elétrica,
ligadas a painéis fotovoltaicos. Os avanços tecnológicos na área
da luz permitem criar efeitos fantásticos na realização de filmes,
de programas de televisão e espetáculos ao vivo.

183
2. ONDAS E ELETROMAGNETISMO

RESUMO
• Onda eletromagnética: propagação de campos elétricos e magnéticos perpen-
diculares entre si e à direção de propagação da onda. A onda é produzida pela
oscilação de cargas elétricas e a frequência da onda é a frequência dessa osci-
lação. A noção de onda eletromagnética deve-se a Maxwell e a sua produção
e deteção experimental a Hertz. O comprimento de onda, h, a velocidade de
propagação da onda, v, e a frequência, f, relacionam-se através de v = h f.
• Repartição da energia da onda: quando uma onda eletromagnética incide
numa superfície de separação entre dois meios, parte é refletida, parte é
absorvida e parte pode ser transmitida, havendo conservação de energia.
• Planeta Terra: reflete cerca de 30% da radiação solar (albedo); a atmosfera é
opaca à radiação de elevada frequência (radiação ionizante) e a uma boa parte
da radiação infravermelha, e transparente a quase toda a restante radiação, o
que permite a vida no planeta e possibilita as comunicações.
• Reflexão da luz: o ângulo de incidência é igual ao ângulo de reflexão. A onda
refletida tem a mesma frequência, velocidade e comprimento de onda mas
menor intensidade do que a onda incidente.
• Índice de refração num meio, n: n = c / v ; razão entre a velocidade de uma
onda eletromagnética no vazio, c, e nesse meio, v.
• Refração da luz: desvio da onda quando muda de meio devido à diferença nas
velocidades de propagação. A onda refratada tem a mesma frequência, mas
diferente velocidade e comprimento de onda e menor intensidade do que a
onda incidente. Lei de Snell-Descartes: n1 sin _1 = n2 sin _ 2 .
• Reflexão total da luz: ocorre quando a luz incide de um meio 1 para um meio
2 tal que n1 > n2 e quando o ângulo de incidência é superior ao ângulo limite
dado por sin _ lim = n2 / n1 .
• Difração da luz: espalhamento da onda quando encontra um obstáculo ou
fenda cuja dimensão é comparável ao comprimento de onda da onda. O com-
primento de onda mantém-se, pois as ondas não mudam de meio. As ondas
eletromagnéticas usadas nas telecomunicações (radiofrequências) têm as
mais baixas frequências do espetro eletromagnético, e incluem ondas de
rádio e parte da banda das micro-ondas. Quanto menor for o comprimento
de onda menos capacidade têm de difratar em objetos de dimensões comuns
mas podem transportar mais informação, como se verifica com as micro-on-
das relativamente às ondas de rádio.
• Efeito Doppler: alteração da frequência devida ao movimento relativo entre
recetor e fonte emissora. Se houver afastamento entre fonte e recetor, a fre-
quência diminui; se houver aproximação, a frequência aumenta. Em astrofí-
sica, a alteração nos comprimentos de onda do espetro emitido por um corpo
celeste indica se ele se afasta (redshift) ou se aproxima (blueshift) da Terra.
• Teoria do big bang: a luz detetada prova que o Universo está em expansão –
há o afastamento das galáxias distantes revelado pelo redshift e a presença
de uma radiação cósmica de fundo. Numa fase inicial da evolução do Universo
formaram-se átomos (de hidrogénio e hélio) com emissão de radiação que
preenche hoje todo o Universo.
184
2.3 Ondas eletromagnéticas

ATIVIDADE LABORATORIAL 3.1

Ondas: absorção, reflexão, refração


e reflexão total
Vamos realizar uma atividade laboratorial que permita responder às seguintes
questões:

Que materiais refletem


melhor a luz?
E que materiais refratam
mais a luz?
Como determinar as grandezas
que caracterizam esses fenómenos?

Questões pré-laboratoriais A

1. A Fig. 45 – A mostra uma montagem para estudar a reflexão da luz numa


superfície opaca refletora como um espelho. Indique os valores aproxi-
mados dos ângulos de incidência e de reflexão.

2. A Fig. 45 – B mostra uma montagem para estudar a refração da luz


quando um feixe incide numa placa de acrílico com forma semicircular.

a) Indique os valores aproximados dos ângulos de incidência e de refra-


ção na superfície de separação ar-acrílico. B

b) Define-se o índice de refração do meio 2 em relação ao meio 1,


n
simbolizado por n21, pelo quociente n21 = 2 . Tendo em conta os
n1
ângulos de incidência e de refração da Fig. 45 – B e a Lei de Snell-
-Descartes, determine o índice de refração do acrílico em relação
ao ar.

c) Por que razão o feixe de luz não sofre desvio ao incidir na superfície
de separação acrílico-ar? Fig. 45 Montagens para o estudo da
reflexão e da refração da luz.

185
2. ONDAS E ELETROMAGNETISMO

ATIVIDADE LABORATORIAL 3.1 (cont.)

Questões pré-laboratoriais (cont.)

3. A Fig. 46 mostra uma montagem para o estudo da reflexão total da


luz quando esta incide pela primeira vez na superfície de separação
acrílico-ar.
a) Por que razão o feixe de luz não sofre desvio ao incidir na superfície
de separação ar-acrílico e na segunda vez em que incide na super-
fície acrílico-ar?
b) Quais são os ângulos de incidência e de reflexão correspondentes à
reflexão total da luz?
Fig. 46 Montagem para o estudo da reflexão
total da luz. c) Sabendo que nar = 1,00, e tendo em conta o valor encontrado em
2. b), verifique que o ângulo de incidência observado na Fig. 46 para a
reflexão total é superior ao ângulo crítico.

Trabalho laboratorial

Nesta atividade vai ser analisada a capacidade de alguns materiais refletirem e


! ATENÇÃO:
transmitirem a luz, determinando-se um índice de refração. Serão também vistas
A luz de um laser pode provocar lesões
graves na retina que podem conduzir à
as condições para que haja reflexão total.
cegueira. O laser deve apenas apontar Material: ponteiro laser, transferidor (ou escala equivalente em papel), placa de
para os objetos indicados!
acrílico com forma semicircular, alvos de diversos materiais (metal, madeira, papel,
acrílico, vidro, etc.), tina de vidro ou de acrílico, água, pedaço de mangueira fina e
incolor, com cerca de 30 cm, cheia de água e tapada nas extremidades (por exemplo
com película aderente e fita-cola), pedaço de fibra ótica.

1. Reflexão da luz. 2. Refração da luz.


a) Com uma montagem semelhante a) Faça incidir a luz do laser sucessi-
à da Fig. 45 – A faça incidir a luz de vamente na placa de acrílico, na tina
um laser num alvo metálico com de vidro sem água e na tina de vidro
diferentes ângulos de incidência. com água. Compare a capacidade
Registe numa tabela esses ângulos dos diversos materiais de transmi-
assim como os respetivos ângulos tirem a luz do laser, registando em
de reflexão e compare-os. que material é maior a intensidade
b)Mude o material do alvo e avalie a da luz refratada.
capacidade refletora dos vários b) Faça incidir a luz do laser na face
materiais, registando para quais plana da placa de acrílico, no cen-
deles a luz do laser refletida tem tro do semicírculo, tal como mos-
maior intensidade. tra a Fig. 45 – B, de modo a observar
a refração da luz na superfície de
separação ar-acrílico. Meça seis
ângulos de incidência e os respetivos
ângulos de refração, e registe-os.

186
2.3 Ondas eletromagnéticas

3. Reflexão total da luz.


a) Com a montagem representada na b) Incida a luz do laser na extremi-
Fig. 46 varie o ângulo de incidên- dade e para o interior da mangueira
cia de modo que deixe de ocorrer de modo que a luz possa ter refle-
refração na superfície plana de xões totais sucessivas no seu inte-
separação acrílico-ar e passe a rior e vá encurvando a mangueira.
haver reflexão total. Repita o pro- Repita o procedimento para uma
cedimento três vezes, registando os fibra ótica. Registe as diferenças.
respetivos ângulos de incidência.

Questões pós-laboratoriais

1. Indique, justificando, se os ângulos de incidência e de reflexão medidos


foram os esperados.

2. Indique o material que usou com maior poder refletor.

3. Qual dos materiais usados transmitiu melhor a luz do laser? E qual a


absorveu mais?

4. Complete a tabela referente aos ângulos de incidência e de refração na


peça de acrílico, indicando os respetivos senos.
Construa o gráfico do seno do ângulo de refração em função do seno do
ângulo de incidência, determine a equação da reta de ajuste e, a partir
dela, calcule o índice de refração do acrílico em relação ao ar.

5. Determine, a partir dos ângulos em que deixa de ocorrer refração na


fronteira acrílico-ar, o valor mais provável para o ângulo crítico. Indique,
justificando, se o erro previsível nesta determinação é por excesso ou
por defeito.
Compare este resultado com o valor do ângulo crítico calculado a
partir do índice de refração do acrílico em relação ao ar determinado
em 4..

6. Conseguiu obter reflexão total praticamente sem atenuação na man-


gueira com água? Consulte valores para os índices de refração da luz
na água e no plástico e justifique o que observou.
Compare com o que observou na fibra ótica e indique as propriedades
desta que permitem que a luz seja guiada no seu interior com pouca
atenuação.

187
2. ONDAS E ELETROMAGNETISMO

ATIVIDADE LABORATORIAL 3.2

Comprimento de onda e difração


Vamos realizar uma atividade laboratorial que permita responder à seguinte
questão:

Como se poderá medir a distância


entre dois átomos vizinhos num
cristal?

Questões pré-laboratoriais

Quando um feixe de luz monocromática incide perpen- • n um número inteiro que indica a ordem do máximo:
dicularmente numa rede de difração, esse feixe é difra- n = 0 (ordem 0) para os pontos luminosos na direção
tado, podendo observar-se um padrão de pontos lumi- perpendicular à rede, n = 1 (ordem 1) para os pontos
nosos num alvo onde se projeta a luz difratada. O padrão luminosos mais próximos do ponto luminoso central
caracteriza-se por apresentar máximos e mínimos de (máximo de primeira ordem), etc.;
intensidade luminosa, em posições bem definidas, como • d o espaçamento entre as fendas da rede de difração
mostra a figura seguinte. (calculado a partir do número de linhas por milíme-
tro, característica de cada rede);
• e o ângulo entre a direção perpendicular à rede e
a direção correspondente a um máximo de ordem
maior; na figura seguinte representa-se o ângulo e
para um dos máximos de primeira ordem (n = 1).

Usando uma rede de difração, a posição dos pontos Rede de Ordem 3 (n = 3)


difração
luminosos no alvo pode ser determinada a partir da Ordem 2 (n = 2)
Ordem 1 (n = 1)
expressão Luz monocromática ո
Ordem 0 (n = 0)
n h = d sin e
Ordem 1 (n = 1)
sendo: Ordem 2 (n = 2)
• h o comprimento de onda da luz; Ordem 3 (n = 3)

188
2.3 Ondas eletromagnéticas

Questões pré-laboratoriais (cont.)

1. Se apontarmos um ponteiro laser para um alvo observaremos um ponto


luminoso. O que espera ver no alvo se, entre o ponteiro laser e o alvo, houver
uma fenda, com uma largura próxima do comprimento de onda da luz? Que
nome tem esse fenómeno?

2. Uma luz monocromática incide perpendicularmente numa rede de difração com


1 +m de espaçamento entre fendas. O ângulo de difração de primeira ordem
medido foi 32,1°. Calcule o comprimento de onda da luz que incidiu na rede.

3. A Fig. 47 mostra uma montagem laboratorial para obter os pontos luminosos


num alvo provenientes de uma luz monocromática que difratou numa rede
de difração, assim como um esquema. O comprimento de onda inscrito no
ponteiro laser é uma informação do fabricante.
a) Se utilizarmos uma rede de difração de 300 linhas por milímetro, qual será
o espaçamento entre duas fendas consecutivas da rede de difração?
b) Mostre que a expressão que permite calcular o comprimento de onda da
luz do laser, h, em função do espaçamento entre as fendas da rede de
difração, d, para um máximo de primeira ordem, é (a e L estão indicados
no esquema da Fig. 47):
a
h=d
a2 + L2
c) Com a rede de difração anterior, o alvo foi colocado a 12,0 cm da rede de
difração, obtendo-se para a distância do máximo de primeira ordem ao
máximo central o valor de 2,4 cm. Calcule o comprimento de onda da luz,
assim como o respetivo erro percentual, tendo como referência o valor
indicado no ponteiro laser.
d) A rede de difração anterior foi substituída por uma outra com 600 linhas
por milímetro. Para esta rede, e mantendo-se a distância anterior da rede
de difração ao alvo, determine a distância entre o máximo central e um
máximo de primeira ordem, tendo em conta o comprimento de onda indi-
cado pelo fabricante.
e) A partir dos resultados anteriores, e para a mesma luz, preveja o que ocor- Fig. 47 Montagem para obtenção
do comprimento de onda de uma
reria ao espaçamento entre pontos luminosos se fosse usada uma rede de luz monocromática a partir da sua
difração só com 100 linhas por milímetro. difração e respetivo esquema de uma
vista de cima.

Alvo
Rede de
difração
Ponteiro
laser a
ո
650 nm b

189
2. ONDAS E ELETROMAGNETISMO

ATIVIDADE LABORATORIAL 3.2 (cont.)


Trabalho laboratorial

! ATENÇÃO: Pretende-se analisar o fenómeno de difração de uma luz que incide numa fenda simples (de
abertura variável), ou num sistema de muitas fendas, e determinar o comprimento de onda de
A luz de um laser pode
provocar lesões graves uma luz monocromática.
na retina que podem con- Material: ponteiro laser, alvo, placas com uma fenda (abertura variável) e com número variável
duzir à cegueira. O laser
de fendas, redes de difração, suportes, fita métrica ou régua, leds de alto brilho (azul e branco).
deve apenas apontar para
os objetos indicados!
Calcule a distância entre duas fendas
1. Observação de padrões de difração.
a) Coloque num suporte um ponteiro laser
consecutivas.
b) Coloque a rede de difração no suporte e
apontado perpendicularmente a um alvo ligue o laser. Afaste ou aproxime a rede
(Fig. 47). Dirija a luz para o alvo e, em seguida, de difração do alvo e compare, qualitati-
faça-a passar por uma fenda de abertura vamente, a luminosidade dos pontos ou
variável (ou fendas com diferentes largu- linhas observadas.
ras). Comece pela abertura maior e feche-a c) Fixe a distância L da rede de difração ao
progressivamente. Registe o que observa. alvo e registe-a. Registe também a distân-
Anteparo de b) Intercale sucessivamente placas com um cia, 2a, entre os máximos (linhas ilumina-
chumbo número cada vez maior de fendas. Registe das) de ordem 1.
o que observa. d) Repita o procedimento com outra rede de
c) Coloque um cabelo sobre o laser. Registe difração e registe as medições.
o que observa no alvo com e sem cabelo e) Repita o procedimento usando a luz de um
Raios X
interposto no feixe de luz. LED azul e registe as medições.
Sólido
cristalino
2. Determinação do comprimento de
onda de uma luz monocromática.
3. Observação do padrão de difração de
uma luz policromática.
Fig. 48 A difração de
raios X revela a estrutura a) Utilize uma rede de difração e registe o Substitua o LED azul por um LED branco e
atómica dos cristais. registe as diferenças no padrão de difração.
número de linhas por milímetro.

Questões pós-laboratoriais

1. O que observou quando a luz passou na fenda, ou 5. Determine o comprimento de onda da luz do LED
quando interpôs o cabelo entre o feixe e o alvo, azul.
esteve de acordo com o esperado. Porquê? 6. Que diferenças encontrou entre os padrões de difra-
2. Que variações ocorreram na forma da zona ilu- ção do LED azul e do LED branco? O que conclui?
minada à medida que foi fechando a fenda única? 7. Justifique o uso de redes de difração na identifi-
E quando foi usando cada vez mais fendas? cação de elementos químicos em espetroscopia
3. Por que se mediu a distância entre dois máximos atómica.
de ordem 1 e não a distância entre um máximo de 8. Um cristal, que é uma rede de átomos, pode funcio-
ordem 1 e o máximo central? nar como rede de difração. É a difração de raios X
4. Determine o comprimento de onda da luz laser e (Fig. 48) que nos permite conhecer os átomos que
o erro percentual (tome como referência a indicação formam um sólido cristalino. Procure informação
do fabricante), usando a primeira e a segunda rede que permita responder à questão inicial.
de difração. Em que caso houve maior exatidão?

190
2.3 Ondas eletromagnéticas

QUESTÕES
Notas: 4. Indique quais as radiações a que a atmosfera é opaca,
Na resposta a questões de escolha múltipla selecione a única opção a quais é transparente e qual é a importância da atmos-
que permite obter uma afirmação verdadeira ou responder correta- fera para a vida na Terra.
mente à questão colocada.
Nas questões que envolvam cálculos, estes devem ser apresentados. 5. Selecione a opção correta:
(A) Luz da mesma frequência a incidir no mesmo mate-
2.3.1 Produção e propagação rial pode ser refletida em diferentes percentagens.
de ondas eletromagnéticas. (B) A percentagem de absorção da luz que incide num
Espetro eletromagnético dado material depende apenas da constituição deste.

1. Qual das opções completa a frase seguinte? (C) Se um meio for transparente à luz visível, será
transparente à luz de todas as frequências do
As ondas eletromagnéticas … na natureza e as de
espetro eletromagnético.
grande comprimento de onda foram produzidas artifi-
cialmente pela primeira vez por … (D) Toda a luz que incide na separação de dois meios é
devolvida para o primeiro meio (reflexão).
(A) existem … Marconi.
(B) existem … Hertz.
2.3.2 Reflexão da luz
(C) não existem … Faraday.
(D) não existem … Maxwell. 6. Um feixe de luz laser propaga-se no ar e incide sobre
uma superfície plana espelhada fazendo um ângulo de
2. Uma onda eletromagnética:
65° com essa superfície.
(A) é a propagação de um campo elétrico e de um
a) O ângulo entre o feixe incidente e o feixe refletido é:
campo magnético variáveis, que têm a mesma
(A) 50° (B) 25° (C) 65° (D) 130°
direção, a qual é perpendicular à direção de propa-
gação da onda. b) A luz refletida tem, relativamente à luz incidente:

(B) é a propagação de um campo elétrico e de um (A) menor frequência e menor comprimento de onda.
campo magnético variáveis, perpendiculares entre (B) igual frequência e menor intensidade.
si e à direção de propagação da onda. (C) igual frequência e menor comprimento de onda.
(C) resulta da oscilação de cargas elétricas cuja frequên- (D) menor frequência e menor intensidade.
cia de oscilação é diferente da frequência da onda.
(D) é a propagação de um campo elétrico e de um 7. Um laser emite luz cujo comprimento de onda é 650 nm.
campo magnético constantes, perpendiculares Propaga-se no ar, onde a velocidade de propagação é
entre si e à direção de propagação da onda. quase idêntica à do vazio, quando incide numa superfí-
cie E1 plana e polida como mostra a figura.
3. Quando a radiação eletromagnética produzida no Sol
atinge a Terra: 45o E1

(A) a radiação de certas frequências é absorvida pela


atmosfera, constituindo o albedo do planeta.
(B) a radiação de certas frequências é refletida e a res- 120o
tante é absorvida pela atmosfera. E2
(C) toda a radiação incidente é transmitida para a super-
fície terrestre, qualquer que seja a sua frequência. a) Determine o ângulo que a luz refletida na superfície
(D) a percentagem da radiação incidente que é refle- E2 faz com essa superfície.
tida constitui o albedo do planeta. b) Determine a frequência da luz refletida em E2.

191
2. ONDAS E ELETROMAGNETISMO

12. Observe a figura seguinte: uma luz monocromática


2.3.3 Refração da luz
propaga-se no ar e incide numa face de um paralele-
pípedo de vidro flint, propagando-se depois no interior
8. Qual é o índice de refração de um meio para luz mono-
do vidro. Os ângulos de incidência e de refração são,
cromática se a sua velocidade nesse meio for:
respetivamente, 24,0° e 16,0°. Considere nar = 1,00.
a) 2,76 × 108 m/s?
2
b) da velocidade da luz no vácuo?
3

9. Qual das opções completa a frase seguinte?


O índice de refração de um meio … da frequência
da luz e é … proporcional à velocidade da luz nesse
meio. a) Determine a velocidade de propagação da luz no
interior do vidro flint.
(A) depende … inversamente
b) Qual dos esquemas representa o trajeto da luz ao pro-
(B) é independente … inversamente
pagar-se do interior do vidro flint novamente para o ar?
(C) é independente … diretamente
A B
(D) depende … diretamente

10. Os índices de refração da luz vermelha e da luz violeta


no vidro são, respetivamente, 1,513 e 1,532.
a) Indique, justificando, qual delas:
C D
i) se propaga com maior velocidade no vidro.
ii) sofre maior desvio ao passar do ar para o vidro.
b) No ar, o comprimento de onda da luz violeta é
420 nm. Qual será o seu comprimento de onda no
vidro? Considere nar = 1,00. 13. Relativamente à luz incidente, a luz refratada tem:

11. Observe a figura seguinte: uma luz monocromática (A) menor frequência e diferente velocidade de
incide na superfície de separação de dois meios I e II. propagação.
(B) igual comprimento de onda e diferente velocidade
I II de propagação.
(C) menor intensidade e diferente comprimento de onda.
(D) menor intensidade e igual comprimento de onda.

14. Uma luz monocromática passa de um meio I para um


meio II onde o índice de refração duplica. No meio II a
velocidade:
Qual das opções completa a frase seguinte? (A) e o comprimento de onda passam para o dobro.
O índice de refração do meio I é … ao índice de refração (B) e o comprimento de onda passam para metade.
do meio II, sendo a velocidade de propagação da luz … (C) passa para metade mas o comprimento de onda
no meio I. passa para o dobro.
(A) superior … maior (B) inferior … menor (D) passa para o dobro mas o comprimento de onda
(C) inferior … maior (D) superior … menor passa para metade.

192
2.3 Ondas eletromagnéticas

15. Observe a figura seguinte: uma luz monocromática (C) A velocidade de propagação em A é menor do
passa do meio I para o meio II. que em B.
(D) A frequência da luz em A é maior do que em B.

b) Se sin _ 1 = 2 sin _ 2 , a razão entre os índices de


refração de A e de B e a razão entre os comprimentos
I
30o de onda em A e em B são, respetivamente:
55o II (A) 2 e 2 /2 (B) 2 /2 e 2

(C) 2 / 2 e 2 (D) 2 e 2/ 2

Considere que o ângulo de incidência é sempre o


mesmo nas alíneas seguintes.
2.3.4 Reflexão total da luz
a) Identifique os ângulos de reflexão e de refração e 17. Uma luz monocromática propaga-se num meio A e
determine o índice de refração do meio II supondo sofre reflexão total ao atingir a superfície de separação
que o meio I é o ar (nI = 1,00). com um meio B. Podemos afirmar que:
b) Se os índices de refração dos meios se relacionarem (A) O índice de refração de A é maior do que o índice de
pela expressão nII = 3nI , determine: refração de B, sendo a velocidade de propagação
i) o ângulo da luz refratada com a superfície de da luz maior em A do que em B.
separação. (B) O índice de refração de A é menor do que o índice
ii) a razão entre os comprimentos de onda da luz nos de refração de B, sendo a velocidade de propaga-
meios I e II. ção da luz maior em A do que em B.
c) Se a luz se propagasse no meio II com 80% da veloci- (C) O índice de refração de A é maior do que o índice de
dade de propagação que tinha no meio I, qual seria o refração de B, sendo o ângulo de incidência menor
ângulo de refração? ou igual ao ângulo limite.
d) Se, ao propagar-se no meio II, o comprimento de onda (D) O índice de refração de A é maior do que o índice de
da luz passar para ¾ do valor no meio I, qual será a refração de B, sendo o ângulo de incidência maior
redução percentual da velocidade de propagação? do que o ângulo limite.

16. Observe a figura: um feixe de luz monocromática incide 18. Observe a seguinte tabela de índices de refração de
na superfície de separação dos meios A e B. uma luz monocromática em vários meios:

Gelo Água Vidro Diamante


ձ1 ձ3
1,31 1,33 1,50 2,40
A

B a) A reflexão total pode ocorrer quando a luz encontra a


superfície de separação:
ձ2 (A) gelo-vidro. (B) diamante-vidro.
(C) gelo-água. (D) vidro-diamante.
a) Pode afirmar-se que: b) Se a luz incidir na superfície de separação vidro-ar,
(A) O comprimento de onda em A é maior que em B. para que ângulos de incidência a luz será totalmente
(B) O índice de refração de A é maior do que o de B. devolvida para o vidro? Considere nar = 1,00.

193
2. ONDAS E ELETROMAGNETISMO

19. Foi realizada a experiência ilustrada na figura seguinte. 22. Considere o esquema de uma fibra ótica:
Indique, justificando, se poderá ocorrer o fenómeno
ilustrado quando o ângulo de incidência da luz na
superfície água-ar for 40°.
50o
Considere nar = 1,00 e nágua = 1,33. nnúcleo = 1,50

nar = 1,00
Ar
Laser Água ncasca = 1,30

Espelho plano
a) Verifique se o ângulo de incidência da luz na extremi-
dade da fibra provoca reflexão total no seu interior.
20. Observe a figura: uma luz monocromática incide na
b) Qual é o máximo ângulo de incidência na extremi-
superfície de separação vidro-ar e refrata-se. Para
dade da fibra para que ocorra reflexão total dentro
que ângulos de incidência a luz deixa de se refratar na
da fibra?
superfície vidro-ar? Considere nar = 1,00.

2.3.5 Difração da luz


60o
23. A difração é um fenómeno ondulatório que ocorre:
Ar
(A) quando uma onda se propaga mudando de meio.
Vidro
(B) sem alteração do comprimento de onda se não
houver mudança de meio.
(C) só para ondas sonoras e ondas de luz.
30o
(D) só para ondas longitudinais.

21. Observe a figura: um feixe de luz laser incide perpendi- 24. Para o mesmo tipo de ondas e para a mesma fenda, a
cularmente na face AB de um prisma de vidro imerso difração é mais relevante quando:
numa solução. O ângulo crítico para a reflexão total é
(A) a frequência da onda é elevada.
60°. Considere nvidro = 1,513.
(B) a amplitude da onda é elevada.
a) Calcule o índice de refração da solução.
(C) a amplitude da onda é semelhante à dimensão da
b) Indique, justificando, qual das trajetórias pode repre-
fenda.
sentar o que ocorre quando o feixe de luz incide na
(D) o comprimento de onda da onda é semelhante à
face AC.
dimensão da fenda.
A
V
25. Tanto as ondas de rádio como as micro-ondas difratam
o
45 IV
num dado obstáculo. Nesse mesmo obstáculo a difra-
ção será notória:
(A) para sons produzidos no dia a dia.
III
(B) para infravermelhos emitidos por um comando de
B C TV.
(C) para ultravioletas recebidos do Sol.
I II (D) para luz vermelha emitida por um ponteiro laser.

194
2.3 Ondas eletromagnéticas

26. Uma estação de rádio emite ondas eletromagnéticas


2.3.6 Efeito Doppler
na faixa de 1 MHz. Considere a velocidade de propaga-
ção das ondas no ar igual à do vazio. Verifique, justifi-
32. Uma pessoa ouve o som emitido pela sirene de uma
cando, que essas ondas facilmente contornam obstá-
ambulância que se move com velocidade constante.
culos como casas, carros, árvores, etc.
Suponha que o som emitido é puro.

27. Num gerador de sinais seleciona-se uma frequência a) A pessoa está parada num passeio. A ambulância
de 3000 Hz e, ligando-o a um altifalante, produz-se inicialmente aproxima-se e depois afasta-se dela.
um som. O conjunto é colocado numa caixa fechada e Relacione a frequência do som ouvido pela pessoa na
isolada acusticamente. Pretende-se fazer uma fenda aproximação e no afastamento da ambulância com a
nas paredes da caixa de modo que as ondas sonoras frequência do som emitido pela sua sirene.
se difratem e o som seja ouvido no exterior. Faça uma b) Se a pessoa viajasse num carro, atrás da ambulân-
estimativa para a dimensão da fenda que permita ouvir cia, e com a velocidade da ambulância, que relação
bem o som fora da caixa. O módulo da velocidade de haveria entre os comprimentos de onda das ondas
propagação da onda sonora no ar é 343 m s−1. sonoras emitida pela sirene e detetada pela pessoa?
Justifique.
28. As emissões por rádio usam bandas de baixas frequên-
cias. Quais são as vantagens e inconvenientes no trans- 33. Os radares são usados para medir a velocidade de
porte de informação, atendendo aos fenómenos ondu- objetos em movimento com base na diferença das fre-
latórios a que estão sujeitas? quências emitida e recolhida pelo aparelho. Indique os
dois fenómenos ondulatórios em que se baseia.
29. Um forno de micro-ondas tem um dispositivo, o mag-
netrão, que produz radiação micro-ondas com a fre- 34. Observe a figura: três carros A, B e C movem-se com
quência de 2,45 GHz. A grade frontal do forno tem ori- o velocímetro a marcar o mesmo valor num pequeno
fícios. Quando o forno está em funcionamento, uma luz troço retilíneo de uma estrada.
no seu interior é visível fora do forno. Considere a velo- v v v
cidade de propagação das ondas no ar igual à do vazio.
A B C
a) Que fenómeno ótico é responsável por vermos a luz
O carro A emite um som contínuo, puro e de frequência
da lâmpada interna e o forno iluminado no interior?
f. Sendo fB e fC respetivamente a frequência percecio-
b) Verifique se há difração significativa da radiação de nada pelos condutores de B e de C, tem-se:
micro-ondas através dos orifícios da grade frontal. (A) f = fC < fB (B) f < fC < fB
(C) f > fC > fB (D) f = fC > fB
30. Porque são tão utilizadas micro-ondas nas comunica-
ções por satélite? 35. Os espetros de absorção representados na figura dizem
respeito ao mesmo elemento químico encontrado no Sol
31. Para instalar uma estação de rádio são concedi- e numa galáxia distante. Identifique, justificando, o espe-
das pela autoridade das comunicações as seguintes tro referente ao elemento químico na galáxia.
bandas de frequências: 530-600 kHz e 88-108 MHz.
Calcule os respetivos limites para os comprimentos
A
de onda e indique, justificando, as vantagens e as
desvantagens do uso de cada faixa de frequências.
Considere a velocidade de propagação das ondas no B
ar igual à do vazio.

195
2. ONDAS E ELETROMAGNETISMO

36. As estrelas e galáxias mais próximas da Terra podem a) Determine a velocidade da luz amarela no acrílico.
aproximar-se ou afastar-se dela. O espetro A representa b) Determine o ângulo de incidência na superfície de
um espetro de absorção obtido em laboratório. Qual dos separação ar-acrílico.
espetros, B ou C, relativos ao mesmo tipo de absorção,
c) Fez-se incidir o feixe de luz segundo vários ângulos
mostra que uma estrela se está a aproximar da Terra?
na superfície de separação ar-acrílico. As suas medi-
das, assim como as dos respetivos ângulos de refle-
A xão e de refração, apresentam-se na tabela seguinte:

Ângulo de 20,0° 30,0° 40,0° 50,0° 60,0°


incidência
B
Ângulo de 19,9° 30,2° 40,1° 49,9° 60,0°
reflexão
Ângulo de 13,6° 20,1° 26,1° 31,6° 36,4°
C refração

i) Foram verificadas as Leis da Reflexão? Justifique.


37. A que é devida a radiação cósmica de fundo, segundo a ii) Usando um gráfico, calcule o índice de refração
teoria do big bang? do acrílico em relação ao ar e o respetivo desvio
percentual.
38. A teoria do big bang é uma teoria cosmológica:
d) A partir de que ângulo de incidência da luz na segunda
(A) que indica que todas as galáxias se estão a afastar
face do cubo ela é devolvida para o acrílico?
da Terra.
(B) que indica que o Universo esteve em expansão ape- 40. Observou-se o padrão de difração da luz de um laser
nas nos seus primórdios. cuja indicação do fabricante era 589 nm. Para o efeito
(C) segundo a qual o Universo está em expansão como usou-se uma rede de difração com 20,0 mm de largura
mostra o desvio para o vermelho observado no e 6000 ranhuras. Considere a expressão n h = d sin e.
espetro da luz proveniente das galáxias distantes. a) Caracterize o fenómeno da difração.
(D) que tem como única prova a existência de uma b) Por que razão não se observa difração da luz referida
radiação cósmica de fundo que nos chega de todas numa fresta de uma janela com 1 mm de largura?
as direções. c) Calcule o espaçamento entre ranhuras vizinhas e
apresente o resultado em +m.
d) Preveja o ângulo e para o qual ocorrerá o máximo de
Atividades laboratoriais
intensidade de ordem zero e de ordem 1 no alvo.
39. Observe a figura seguinte: estudou-se a refração de um e) Para um máximo de segunda ordem o ângulo e
feixe de luz amarela num cubo de 5,00 cm de aresta, medido foi 21,9°. Que comprimento de onda foi
cujo material é acrílico e onde o índice de refração é obtido? Determine o respetivo erro em percentagem
1,460. Considere nar = 1,000 e a velocidade da luz no ar tendo como referência o dado do fabricante.
igual à do vácuo.
41. Um laser de comprimento de onda 532 nm emite luz
verde. Fez-se incidir a sua luz perpendicularmente
Ar Acrílico
sobre uma rede de difração com 300 ranhuras por milí-
2,00 cm
metro. Esta foi colocada a 10,0 cm de um alvo onde
se observou um padrão de difração. Mediu-se a distân-
Luz cia do máximo de primeira ordem ao máximo central
obtendo-se 1,9 cm. Considere a expressão n h = d sin e.

196
2.3 Ondas eletromagnéticas

a) Após a luz passar pelas fendas da rede de difração: Ar


(A) espalhou-e à volta das fendas por ter um com- Vidro
primento de onda muito superior à dimensão das
fendas.
40o
(B) manteve a frequência, mas alterou o seu compri-
mento de onda.
(C) manteve a frequência,mas diminuiu a velocidade de
a) Determine:
propagação por se ter espalhado à volta das fendas.
i) o ângulo de reflexão.
(D) espalhou-e à volta das fendas, originando zonas
ii) o ângulo de refração.
de luz de máxima e mínima intensidade.
iii) a velocidade de propagação da luz no vidro.
b) Calcule o comprimento de onda da luz do laser e ava-
lie a exatidão do resultado. iv) o comprimento de onda da luz no vidro.
b) Selecione a opção correta:
42. Usando redes de difração com número de ranhuras por
(A) A percentagem de luz transmitida para o vidro e
milímetro cada vez maior, como varia o espaçamento
nele refletida depende apenas da composição do
entre ranhuras consecutivas? A partir da expressão
vidro.
n h = d sin e, mostre que a distância entre o máximo
(B) Quanto menor for a percentagem de luz refle-
central e um máximo de primeira ordem aumenta à
tida e absorvida menor será a intensidade da luz
medida que aumenta o número de ranhuras por milí-
refratada no vidro.
metro da rede de difração, mantendo-se constante a
distância entre o alvo e a rede de difração. (C) O índice de refração é inversamente proporcional
ao comprimento de onda da luz monocromática.
(D) O índice de refração é diretamente proporcional
Questões globais ao comprimento de onda da luz monocromática.
c) É possível a luz monocromática sofrer reflexão total
43. O gráfico seguinte representa o índice de refração da
na superfície ar-vidro? Justifique.
luz, n, num vidro do tipo BK7, em função do compri-
mento de onda, h, da luz no ar. 44. Considere os seguintes meios e os respetivos índices
de refração para um feixe de luz monocromática:
n Água Vidro Acrílico
Meio
1,535
n 1,33 1,52 1,46
1,530
1,525
A figura mostra o trajeto do feixe de luz quando é trans-
1,520
mitido pelos três materiais.
1,515
1,510
1,505 Material 1
0 200 × 10−9 600 × 10−9 1000 × 10−9 ր / m

Material 2
Uma luz monocromática, cujo comprimento de onda
é 560 nm, no ar, incide sobre a superfície de um
prisma de vidro BK7 como mostra a figura. Considere Material 3
nar = 1,000.

197
2. ONDAS E ELETROMAGNETISMO

a) Os materiais 1, 2 e 3 são, respetivamente: a) O ângulo de refração será:


(A) acrílico, vidro, água. (A) maior do que o ângulo de incidência, sendo 35° o
(B) vidro, água, acrílico. ângulo de reflexão.

(C) água, acrílico, vidro. (B) menor do que o ângulo de incidência, sendo 35° o
ângulo de reflexão.
(D) vidro, acrílico, água.
(C) maior do que o ângulo de incidência, sendo 55° o
b) Coloque, justificando, os materiais por ordem
ângulo de reflexão.
crescente de velocidade de propagação da luz
monocromática. (D) menor do que o ângulo de incidência, sendo 55° o
ângulo de reflexão.
c) Verifique se ocorre reflexão total quando o feixe de
luz incide na superfície de separação vidro-água b) Comparando o módulo da velocidade de propagação
segundo um ângulo de 50°. dessa radiação nos meios I e II, assim como os com-
primentos de onda, obtém-se:
45. Um prisma de vidro é mergulhado numa tina con- 5 5
(A) vI = v e h I = h II
tendo glicerina. Um feixe de luz monocromática incide 4 II 4
numa das faces do prisma. Os índices de refração do 5 4
(B) vI = v e h I = h II
vidro e da glicerina são, para essa luz, 1,50 e 1,90, 4 II 5
respetivamente. 4 5
(C) vI = v e h I = h II
a) Qual das opções representa um trajeto possível do 5 II 4
feixe de luz no interior do prisma? 4 4
(D) vI = v e h I = h II
5 II 5
A B
47. Um laser de CO2, usado em dermatologia, emite luz
com 10,60 +m de comprimento de onda no ar. Outro
laser, de hélio-néon, usado em oftalmologia, emite
luz com 633 nm de comprimento de onda no ar mas,
quando incide no humor aquoso do globo ocular e se
C D transmite neste, passa a ter o comprimento de onda
de 474 nm. Considere a velocidade de propagação das
ondas no ar igual à do vazio.
a) Relacione as frequências da luz dos dois lasers.
b) Calcule o índice de refração do humor aquoso do
b) Qual é a razão entre os comprimentos de onda da luz globo ocular para a luz do laser de hélio-néon e a
no vidro e na glicerina? velocidade de propagação da luz nesse meio.
c) Qual é o ângulo de incidência a partir do qual ocorre c) Num cristal os átomos dispõem-se numa estrutura
reflexão total da luz que incide no prisma? em rede, constituindo cada um deles um obstáculo à
propagação da luz. Essa estrutura é, portanto, com-
46. Um feixe de luz monocromática incide na superfície parável a uma rede de difração. Sendo cerca de 1 nm
de separação meio I-meio II fazendo um ângulo de 35° a distância entre átomos vizinhos, indique, justifi-
com essa superfície. O índice de refração do meio I é cando, se a luz dos lasers referidos é adequada para
5/4 do índice de refração do meio II. analisar a estrutura de um cristal.

198
TESTE FINAL
Física – 10.o e 11.o Anos

GRUPO I

Um coletor solar é instalado no telhado de uma casa para aquecimento de águas.

1. A figura ao lado mostra as partes essenciais de um coletor solar plano. A


radiação solar incide numa cobertura transparente que deixa entrar luz, a Cobertura transparente
qual vai aquecer a placa coletora, geralmente negra. Como a cobertura é Placa coletora
pouco transparente à luz infravermelha emitida pela placa, cria um efeito Tubo de
aquecimento
de estufa que contribui para o aquecimento da placa. Os tubos metálicos
Material isolante
por onde circula a água estão soldados à placa coletora, para que recebam
energia dela e aqueçam, aquecendo também a água.
As transferências de energia por calor num coletor solar dão-se por proces-
sos físicos diferentes: condução, convecção e radiação.
a) Identifique as partes do sistema coletor + água onde predomina cada um
dos referidos processos.
b) Por que razão a placa coletora é geralmente negra?
c) Selecione a opção correta:
(A) Só os corpos de cor negra, como a placa coletora, é que emitem predo-
minantemente radiação infravermelha à temperatura ambiente.
(B) No processo de convecção há porções de fluido que oscilam, embora
não se movam ao longo do fluido.
(C) A cobertura transparente do coletor solar é praticamente opaca à
radiação infravermelha.
(D) Os ultravioletas são a radiação de menor frequência que incide na
cobertura transparente.

2. Um coletor solar é instalado numa habitação onde a irradiância solar média


é 240 W m−2. Pretende-se aquecer 150 kg de água, em 7,00 h diárias de sol,
de modo que a sua temperatura aumente 35,0 °C (sem retirar água do depó-
sito), com um rendimento de 45%.
a) Para minimizar a energia transferida para o exterior, o coletor é forrado
lateralmente e na sua base por material isolante. Entre a cortiça e a lã
de rocha, escolheu-se a lã de rocha como melhor isolante. Identifique a
grandeza física associada a esta característica do material e indique, justi-
ficando, em qual dos materiais será maior o valor dessa grandeza.
b) Determine a área de coletores que deve ser instalada na habitação.
(cágua líquida = 4,18 × 103 J kg−1 °C−1)
c) O rendimento do painel nunca poderia ser 100%, o que é descrito pela:
(A) Lei da Conservação da Energia Mecânica.
(B) Lei da Conservação da Energia.
(C) Primeira Lei da Termodinâmica.
(D) Segunda Lei da Termodinâmica.

199
3. Considere luz amarela e luz violeta incidentes na cobertura transparente do
coletor, que é de vidro. Os índices de refração no vidro são, respetivamente,
1,517 para a luz amarela e 1,532 para a luz violeta (nar = 1,00).
a) Selecione a opção que completa a frase:
Quando estas ondas eletromagnéticas passam do ar para o vidro, a luz que
mais se desvia é a …. porque é a que tem … velocidade de propagação no vidro.
(A) violeta … maior (B) violeta … menor
(C) amarela … maior (D) amarela … menor
b) O comprimento de onda da luz violeta no ar é 400 nm. Determine o seu
comprimento de onda no vidro.
c) Indique em que condições pode ocorrer reflexão total da luz amarela
quando ela incide na superfície de separação vidro-ar.
d) A luz amarela e a luz violeta, ao propagarem-se no vidro, são ondas:
(A) transversais, sendo a propagação de oscilações das posições das
partículas do vidro.
(B) longitudinais, sendo a propagação de oscilações das posições das par-
tículas do vidro.
(C) transversais, sendo a propagação de oscilações de um campo elétrico
e de um campo magnético variáveis em direções perpendiculares.
(D) longitudinais, sendo a propagação de oscilações de um campo elétrico
e de um campo magnético variáveis em direções perpendiculares.

4. Embora a irradiância solar média no local onde é instalado o coletor solar


seja 240 W m−2, a irradiância solar média que atinge o topo da atmosfera é
(1367 ± 2) W m−2. Este valor, designado por constante solar, é medido por
satélites de órbita alta.
a) Por que razão não se mede a constante solar à superfície da Terra?
b) Apresente o resultado da medida da constante solar em função da incer-
teza relativa percentual.
c) Um satélite geoestacionário é um satélite de órbita alta. Determine a sua
altitude.
(mT = 5,97 × 1024 kg; RT = 6,37 × 106 m; G = 6,67 × 10−11 N m2 kg−2)

5. No processo de montagem do coletor solar, no cimo do telhado de uma habi-


tação e a uma altura de 5,0 m, um trabalhador lança verticalmente para
baixo um parafuso com uma velocidade de módulo 8,0 m s−1. O parafuso cai
sobre uma chapa metálica que está no solo. Suponha desprezável a resis-
tência do ar e considere o movimento do centro de massa do parafuso.
a) Indique a opção que completa a frase seguinte:
Ouve-se o barulho da colisão do parafuso com a chapa metálica. A onda
sonora produzida no ar é uma onda … e resulta da propagação de um sinal …
(A) transversal … complexo. (B) transversal … sinusoidal.
(C) longitudinal … sinusoidal. (D) longitudinal … complexo.

200
b) Considere um referencial unidimensional vertical com origem no solo e A B
sentido ascendente. Use as potencialidades da calculadora gráfica para Ec Ec
resolver as questões seguintes.
i) Esboce o gráfico posição-tempo para o movimento do parafuso e deter-
mine o tempo que demora a chegar ao solo.
0 t 0 t
ii) Indique, justificando, se o resultado anterior seria diferente se o para-
C D
fuso tivesse o dobro da massa.
Ec Ec
iii) Qual dos gráficos ao lado poderá representar a energia cinética do
parafuso em função do tempo, desde que é lançado até cair no solo?
c) Para içar o reservatório da água, de massa m, para o telhado da habitação,
usou-se uma máquina que elevou o reservatório a uma altura h do solo 0 t 0 t
com movimento retilíneo e uniforme. Neste trajeto:
(A) o trabalho realizado pelo peso foi negativo e simétrico do trabalho rea-
lizado pela força exercida pela máquina sobre o reservatório.
(B) o trabalho da resultante das forças exercidas sobre o reservatório foi
positivo.
(C) o trabalho realizado pelo peso do reservatório foi m g h.
(D) houve conservação da energia mecânica do sistema reservatório + Terra.

6. Na montagem do coletor solar usaram-se máquinas elétricas que se liga-


ram a tomadas da habitação, as quais fornecem uma diferença de potencial
elétrico de 230 V. Essa diferença de potencial tem origem na produção de
correntes elétricas geradas em centrais elétricas.
a) Uma das máquinas tinha indicada uma potência de 1800 W e um rendi-
mento de 80% e funcionava com corrente alternada. Determine a energia
útil fornecida pela máquina quando funciona durante 10 min, em kW h, e a
corrente (chamada eficaz, por ser alternada) que passa no seu circuito.
b) No transporte da corrente elétrica da central elétrica até à zona da habi-
tação são usadas linhas de transporte, chamadas linhas de alta tensão,
pois a diferença de potencial elétrico é elevada na central para se fazer o
transporte da corrente elétrica. Que dispositivos são usados para o efeito B
e qual é a razão desse procedimento?
c) Nas centrais elétricas há alternadores que originam corrente elétrica.
Um esquema simplificado de um alternador representa-se na figura ao lado:
i) Que tipo de campo magnético está representado na figura?
ii) Indique a orientação relativa do plano da espira e das linhas de campo de
modo que o fluxo do campo magnético através da espira seja máximo.
iii) Como se designa o fenómeno em que se baseia a produção de corrente
elétrica no alternador?
iv) É possível escolher-se a frequência com que a espira do alternador
roda: 40 Hz ou 30 Hz. Indique, justificando, qual deve ser escolhida de
modo a ter uma corrente elétrica mais intensa na lâmpada do circuito.

201
GRUPO II

Um grupo de alunos analisou as características do movimento de uma pequena


bola, que é deixada cair, usando um sistema de aquisição de dados (ver figura ao
lado). Supõe-se desprezável a resistência do ar.

1. Num primeiro ensaio, e a partir do gráfico posição-tempo, construíram a


seguinte tabela relativa às alturas sucessivas de queda, hq, e de ressalto, hr:

hq / cm 220 148 108 80 72

hr / cm 148 108 80 72 28

a) Foi usada uma régua cuja menor divisão da escala é o milímetro. Indique a
medida da primeira altura de queda na unidade SI tendo em conta a incer-
teza de leitura.
b) Construa o gráfico de pontos da altura de ressalto em função da altura
de queda e, a partir da reta de ajuste, determine a altura de ressalto se a
altura de queda fosse 200 cm.
c) Determine a percentagem de energia cinética perdida quando a bola colide
pela primeira vez com o solo.

2. Num outro ensaio, os alunos obtiveram o gráfico velocidade-tempo da figura


4
3
ao lado.
v / m s−1

2 a) Indique, justificando, qual é a orientação, ascendente ou descendente, do


1
0 eixo dos yy usado para analisar o movimento.
−1 1 2 3
b) Assinale a opção correta:
−2 t/s
−3 (A) A bola atinge o solo no instante 0,5 s.
−4
(B) No intervalo de tempo [0,4; 0,5] s a bola está em contacto com o solo.
(C) A velocidade atingida pela bola é sempre a mesma ao atingir o solo.
(D) A componente escalar da velocidade da bola, quando abandona o solo
pela primeira vez, é 2,5 m s−1.
c) Determine a percentagem de energia cinética perdida quando a bola colide
pela primeira vez com o solo.
d) Determine a componente escalar da aceleração gravítica, tendo em conta
a primeira queda da bola, e o erro percentual da medida, tomando 9,8 m s−2
como valor de referência.

202
ANEXOS

ANEXO 1 Atividade 1: Como obter o gráfico


posição-tempo de um movimento real? (p. 17)

Nesta atividade pode usar-se um computador ou uma calculadora gráfica


ligados a uma «interface» com sensor de movimento. O sensor mede a distância
a um objeto em sucessivos instantes. Essa distância vai coincidir com a abcissa,
x, da posição, que, neste caso, é sempre positiva.

O sensor emite ultrassons que, ao incidirem no objeto em movimento, são refle-


tidos e reenviados novamente pelo sensor. Por isso o uso de uma cartolina ligado
ao objeto (que, neste caso, é o aluno) permitirá uma melhor reflexão das ondas
sonoras. O próprio programa de aquisição de dados regista o tempo de ida e volta
das ondas e, a partir deste dado e da velocidade de propagação das ondas, calcula
a distância a que está o objeto. Recomenda-se que o objeto se mova entre cerca
de 0,5 m e 4 m do sensor para que haja uma boa receção das ondas refletidas.

ANEXO 2 Questão resolvida 3 (p. 21)


A – Procedimento com utilização da TEXAS TI-84 Plus C Silver Edition
Construção do gráfico da função e determinação de pontos característicos:
• Na tecla MODE selecione FUNCTION; saia dessa janela fazendo 2ND Quit.
• Pressione a tecla Y= e introduza a função x(t) = −2t2 + 12t + 15 (SI).
A variável Y representará a posição, x, e a variável X representará o tempo,
t. Por isso, todos os valores que apareçam no ecrã indicados pelo símbolo
X correspondem a instantes t, e todos os valores indicados pelo símbolo
Y correspondem a posições x. Esta informação é fundamental para se
traçar o gráfico na calculadora e interpretá-lo.
• Com a tecla GRAPH obtém-se o gráfico. Mas este pode não ter uma Traçar o gráfico na calculadora:
escala adequada e, para a definir, usa-se a tecla WINDOW. Como se pre- – introduzir a função: Y=
– selecionar uma escala:
tende estudar o movimento nos primeiros 10 s, escolhe-se, por exemplo,
WINDOW e ZOOM
Xmin = −1 e Xmáx = 11. Com a tecla ZOOM seleciona-se a opção 0:ZoomFit, – visualizar gráfico, função e
que configura automaticamente a escala dos Y para o intervalo de valo- valores: GRAPH e TRACE
res escolhido para X. Pressiona-se depois a tecla GRAPH e obtém-se o
gráfico. De modo a melhor visualizar o máximo da função, seleciona-se
na tecla WINDOW um valor maior para Ymáx. Para além do gráfico, com
a tecla TRACE visualiza-se também a função e os valores das variáveis
dependente e independente (Fig. A.1).
• Posição inicial: obtém-se quando a variável independente (tempo) é 0. Determinar um valor da função:
Para determinar o valor da função nesse instante seleciona-se 2ND – 2ND CALC
CALC e escolhe-se 1:value seguido de ENTER; introduz-se o valor de X – 1:value
(neste caso, 0), seguido de ENTER. No ecrã aparece Y = 15. Então, no ins-
tante inicial t = 0 a posição é x = 15 m (Fig. A.1).

203
Fig. A.1 Sequência de
procedimentos para obter o valor
da posição num dado instante.

• Inversão de sentido: corresponde, neste caso, ao máximo da função.


Determinar um máximo da função: Para o determinar usa-se a opção 2ND CALC e escolhe-se 4:maximum
– 2ND CALC seguido de ENTER. Com o cursor seleciona-se um valor à esquerda do
– 4:maximum máximo, seguido de ENTER, depois um valor à direita do máximo, seguido de
ENTER. Fazendo novamente ENTER obtém-se o valor do máximo (Fig. A.2).
Neste caso verifica-se que a posição é máxima no instante t = 2,63 s = 3 s
e ocorre na posição x = 32,7 m = 33 m.
Se a inversão de sentido correspondesse a um mínimo, o procedimento
seria semelhante sendo selecionada a opção 3:minimum.

Fig. A.2 Sequência de


procedimentos para obter o
instante em que ocorre inversão
de sentido (máximo da função).

204
• Passagem na origem do referencial: esta ocorre quando a posição é
nula, o que corresponde a um zero da função. Para o calcular pressiona-se
2ND CALC e escolhe-se 2:zero seguido de ENTER. Com o cursor sele- Determinar zeros da função:
ciona-se um valor à esquerda do zero, seguido de ENTER, depois um valor – 2ND CALC
à direita do zero, seguido de ENTER. Fazendo novamente ENTER obtém- – 2:zero
-se o valor do zero (Fig. A.3): o objeto passa na origem no instante t = 7 s.

Fig. A.3 Sequência de


procedimentos para obter o
instante em que o objeto passa
na origem do referencial (zero da
função).

B – Procedimento com utilização da TEXAS TI-Nspire


Prima c e abra um novo documento com a aplicação Gráficos. Prima t
(modelos matemáticos), selecione o modelo de função por ramos e digite 1.
Edite a função e respetivo domínio, que neste caso será o intervalo de tempo entre
0 e 10 s (obtenha os sinais de desigualdade premindo / e =) e pressione ·.
Pressione b e selecione sucessivamente 4:Janela/Zoom, 9:Zoom/Dados e
depois afine uma escala que permita uma boa vizualização do gráfico. Surge no
gráfico a expressão da função. Coloque o cursor sobre essa expressão ou qualquer
outro objeto no ecrã, e prima / e b, e aceda ao seu menu de contexto, onde
entre outros comandos pode ocultar (ou apagar) a referida expressão (Fig. A.4).

Pode seguir diferentes caminhos para obter o valor da função (posição) ao


longo do tempo, o seu máximo (inversão do sentido do movimento) e o zero
(passagem na origem do referencial). Neste caso vamos optar pelo processo
mais simples.

205
Fig. A.4 Sequência de
procedimentos para obter
um gráfico.

Prima b e selecione sucessivamente 8:Geometria, 1:Pontos e Retas e


2:Pontos sobre um objeto. Coloque o cursor sobre a função e prima · duas
vezes e obterá o ponto e respetivas coordenadas. De seguida prima d para
sair do comando 2:Pontos sobre um objeto (enquanto o ícone deste comando
estiver no canto superior esquerdo do ecrã, não podemos realizar outra tarefa).
Pode agora agarrar o ponto (premindo x ou / e x) e arrastá-lo ao longo da
função e, sempre que passar num dos pontos de interesse (máximo ou zero),
este é assinalado.

Se quiser obter o valor da posição para um dado instante, coloque o cursor


sobre o valor da abcissa (variável tempo) e prima · duas vezes. Digite o valor
que pretende e o ponto deslocar-se-á para a respetiva posição. Pode repetir para
a variável posição e obter o instante de tempo (Fig. A.5).

Fig. A.5 Sequência de


procedimentos para obter o valor
da posição num dado instante.

Obterá assim: no instante inicial (t = 0 s) a posição é x = 15 m; inverte o sen-


tido do movimento aos t = 3 s, quando está na posição x = 33 m; passa na origem
do referencial (x = 0 m) aos t = 7,06 s.

Nota: Para abrir o editor de funções, prima / e G, ou pressione e, ou, com o


cursor sobre a função, clicar duas vezes com o botão central x.

206
C – Procedimento com utilização da CASIO FX-CG20
Construção do gráfico: pressiona-se MENU, seleciona-se Gráfico e confirma-
se com EXE. Escreve-se a função x(t) = −2t 2 + 12t + 15, confirmando com EXE.
Para ajustar o gráfico à escala utiliza-se o V-WINDOW: pressiona-se SHIFT F3.
Surge um ecrã onde se introduzem os valores entre os quais se pretende estudar
o movimento do carrinho (Xmin = 0 e Xmax = 10), confirmando com EXE. Para regres-
sar à janela anterior, pressiona-se EXIT. Desenhamos o gráfico (F6) e verificamos
que a janela não é a ideal. Usamos o zoom automático para que a calculadora
desenhe automaticamente a melhor janela de visualização para aquele intervalo.
Escolhe-se F2 (ZOOM) seguido de F5 (AUTO). Surge uma nova janela. Pode fazer-
-se pequenos ajustes posteriores, por exemplo no máximo de y. Na janela de
visualização (SHIFT F3) escolhe-se um valor superior ao escolhido pela calcu-
ladora. Pressiona-se F6 (DRAW) e o gráfico é traçado. Pressionando F1 (TRACE)
visualizamos o gráfico, a função e os valores das coordenadas (Fig. A.6).

Fig. A.6 Sequência de procedimentos


para obter um gráfico.

207
Posição inicial: pressiona-se F5 (G-SOV), depois F5 (Y-INTSECT) e EXE. Com o
trace activo (F1 – Trace) também é possivel introduzir o valor do tempo (valor de x)
e ao pressionar EXE a calculadora devolve o valor da posição (valor de y) (Fig. A.7).

Fig. A.7 Sequência de


procedimentos para obter o valor
da posição num dado instante.

Inversão de sentido: máximos e mínimos da função. Regressa-se à janela


do gráfico, pressionando EXIT, F6. Para determinar o máximo, pressiona-se
F5 (G-SOLV) seguido de F2 (Max). Se pretender que as coordenadas fiquem
visíveis e marcadas no gráfico pressione EXE (Fig. A.8).

Fig. A.8 Sequência de


procedimentos para obter
o instante em que há inversão
de sentido (máximo ou mínimo
da função). Passagem pela origem do referencial: zeros da função; pressiona-se F5,
selecionando a opção F1 (ROOT). A calculadora considera como intervalo para
encontrar os zeros os limites de xx da janela de visualização (Fig. A.9).

Fig. A.9 Sequência de


procedimentos para obter o
instante em que o objeto passa
na origem do referencial
(zero da função).

208
ANEXO 3 Questão resolvida 5 (p. 25)
A – Procedimento com utilização da TEXAS TI-84 Plus C Silver Edition
Constrói-se o gráfico na calculadora usando uma escala que contenha os ins-
tantes t = 2 s ou t = 6 s (Fig. A.10). O módulo da velocidade é dado pelo módulo do
declive da reta tangente ao gráfico no instante pedido. Para determinar essa reta
tangente pressiona-se a tecla 2ND DRAW e seleciona-se 5:Tangent seguido de
ENTER. Tecla-se o valor do instante (X = 2) e obtém-se a reta tangente e a res-
petiva equação: Y = 1X + 8, o que indica que o módulo da velocidade é 1 m s−1. Determinar componentes
escalares da velocidade
Para apagar esta reta tangente pressiona-se a tecla 2ND DRAW e seleciona- (declive da reta tangente):
-se 1:ClrDraw. Repetindo o procedimento para o instante 6 s (X = 6) obtém-se a – 2ND DRAW
reta tangente e a respetiva equação: Y = −7X + 40, o que indica que o módulo da – 5:Tangent
velocidade é 7 m s−1. Por isso a velocidade é maior no instante t = 6 s.

Fig. A.10 Sequência de


procedimentos para obter o
módulo da velocidade num dado
instante (igual ao módulo do
declive da reta tangente nesse
instante).

B – Procedimento com utilização da TEXAS TI-Nspire


Abra um novo documento com a aplicação Gráficos. Repita o procedimento
da Questão resolvida 3 da página 21, e edite a função e o respetivo domínio, que
neste caso poderá ser o intervalo de tempo entre 0 e 7 segundos. Defina uma
escala que permita uma boa vizualização do gráfico. Repita novamente o pro-
cedimento do problema anterior, e coloque um ponto sobre o gráfico da função.
Obtenha a reta tangente ao gráfico nesse ponto, premindo b e selecionando
sucessivamente 8:Geometria, 1:Pontos e Retas e 7:Tangente. Coloque o cursor
sobre o ponto, prima · duas vezes e obterá a reta tangente e a respetiva equa-
ção. Tal como anteriormente, pode agarrar no ponto e movê-lo ao longo da curva
ou digitar valores específicos para a variável independente (tempo) (Fig. A.11).

Fig. A.11 Sequência de


procedimentos para obter
o módulo da velocidade num
dado instante.

209
O módulo da velocidade do móvel em cada ponto é igual ao módulo do declive
da reta tangente nesse ponto, pelo que obterá: no instante t = 2 s, o módulo da
velocidade é 1 m s−1; no instante t = 6 s, o módulo da velocidade é 7 m s−1.

C – Procedimento com utilização da CASIO FX-CG20


Constrói-se o gráfico da função x(t) = −t2 + 5t + 4 (SI). Para visualizar a reta
tangente num ponto pressiona-se F4 e seleciona-se F2 (Tangent). Introduz-se o
instante, neste caso 2 visto queremos que t = 2. Pressiona-se EXE e obtém-se
a reta tangente, o valor de x, y e derivada no ponto (valor igual à componente
escalar da velocidade). Para visualizar a equação da reta, pressiona-se EXE. O pro-
cedimento é igual para o ponto t = 6. Para apagar a reta tangente pressiona-se F4
seguido de F1. Para que se possa visualizar a reta tangente e o valor da derivada
no ponto, a opção DERIVATIVE deve estar ON (Fig. A.12). Esta configuração faz-se
no SET UP da máquina (SHIFT MENU).

Fig. A.12 Sequência de


procedimentos para obter o
módulo da velocidade num dado
instante.

ANEXO 4 Atividade 1: Como se relaciona a resultante


das forças exercidas sobre um corpo com a
sua aceleração? (p. 54)

Use um carrinho, um sensor de aceleração (acelerómetro) e um sensor de


força. O carrinho deve estar numa superfície plana horizontal, ficando o sensor
de força e o acelerómetro acoplados sobre ele, o que permite medir, em simultâ-
neo, a força aplicada sobre o carrinho e a aceleração que ele adquire.

1. Se puxar o carrinho, e supondo desprezáveis os atritos, qual é a resultante


das forças? Que efeito terá sobre a aceleração do carrinho adicionar-lhe uma
sobrecarga, exercendo a mesma força?

210
2. Meça a massa do conjunto que se vai mover – carrinho + sensor de força +
+ acelerómetro – e registe o valor da medida. Fixe o sensor de força sobre
o carrinho (por exemplo, com fita-cola) de modo a poder exercer uma força
sobre o eixo do sensor que deve estar alinhado com a direção do movimento.
Disponha a seta do acelerómetro na direção do movimento. Os valores regis-
tados pelo sensor de força e acelerómetro podem ser visualizados no com-
putador ou calculadora gráfica com a respetiva interface (por exemplo, a
interface CBL2 e o programa DATAMATE ou EASYDATA das calculadoras
TEXAS TI-83 e TI-84, ou o Lab Cradle e o programa Vernier Data Quest da
TI-Nspire da TEXAS, ou o interface EA-200 e o programa ECON2 da calcu-
ladora da CASIO).

3. Mova o carrinho puxando-o suavemente, tocando apenas no eixo do sensor.


Visualize o gráfico aceleração-tempo no programa de aquisição de dados
e esboce-o no seu caderno. Em seguida, visualize o gráfico força-tempo e
esboce-o. Que semelhança encontra entre eles?

4. Visualize agora o gráfico força-aceleração e esboce-o. Verifique que a linha que


melhor se ajusta aos dados experimentais é uma reta. Selecione a parte esta-
tística do programa e determine a reta de ajuste aos pontos experimentais.
Compare o declive da reta com a massa do conjunto que mediu. Que conclui?

ANEXO 5 Atividade 1: Como varia a velocidade de um


corpo em queda livre vertical? Como calcular
a aceleração? (p. 79)

Use um sensor de posição ligado a um programa de aquisição de dados de modo


a obter os gráficos relativos ao movimento de queda e de ressalto de uma bola.

1. Coloque uma bola de basquete por baixo do sensor de posição a cerca de 0,5 m
deste, acione o programa de aquisição de dados e deixe-a cair verticalmente.
A bola deve mover-se por baixo do sensor, de modo a observarem-se, pelo
menos, os dois primeiros ressaltos num gráfico posição-tempo. Caso isso
não aconteça, repita o procedimento.

2. Interprete o gráfico posição-tempo obtido relacionando-o com os movimen-


tos de descida e de subida da bola.

3. Selecione no programa de aquisição de dados a visualização do gráfico


velocidade-tempo.
a) Identifique as partes referentes aos movimentos de descida e de subida.
b) A partir da forma do gráfico, o que conclui sobre o tipo de movimento de
descida e de subida?
c) Selecione no gráfico uma parte referente a uma descida. Verifique que
uma reta se ajusta ao conjunto de dados experimentais e determine o seu
declive. Qual é o significado físico do valor encontrado?
d) Repita o procedimento anterior para uma parte do gráfico correspondente a
uma subida. Compare o declive desta reta com o da reta anterior. Que conclui?

211
ANEXO 6 Grandezas e unidades SI. Múltiplos e submúltiplos das unidades SI
Grandezas físicas de base e respetiva unidade SI
Grandeza de base Unidade SI
Nome Símbolo Nome Símbolo
Comprimento Ɛ, L metro m
Massa m quilograma kg
Tempo t segundo s
Corrente elétrica I ampere A
Temperatura termodinâmica T kelvin K
Quantidade de substância, quantidade de matéria ou quantidade química n mole mol
Intensidade luminosa Iv candela cd

Grandezas físicas derivadas e respetiva unidade SI


Grandeza derivada Unidade SI
Nome Símbolo Nome Símbolo
Volume V metro cúbico m3
Comprimento de onda ӳ metro m
Frequência f, ӽ hertz Hz
Velocidade v metro por segundo m s–1
Aceleração a metro por segundo quadrado m s–2
Massa volúmica ӹ quilograma por metro cúbico kg m–3
Força F newton N
Pressão p pascal Pa
Trabalho W joule J
Energia E joule J
Potência P watt W
Calor Q joule J
Capacidade térmica mássica c joule por quilograma kelvin J kg–1 K–1
Diferença de potencial elétrico U volt V
Carga elétrica Q, q coulomb C
Resistência elétrica R ohm Ω
Condutividade térmica k watt por metro kelvin W m–1 K–1

Múltiplos e submúltiplos das unidades SI


Múltiplos Submúltiplos
Nome de prefixo Símbolo de prefixo Fator multiplicador Nome de prefixo Símbolo de prefixo Fator multiplicador
24
yotta Y 10 deci d 10–1
21
zetta Z 10 centi c 10–2
exa E 1018 mili m 10–3
15
peta P 10 micro μ 10–6
tera T 1012 nano n 10–9
giga G 109 pico p 10–12
6
mega M 10 fento f 10–15
quilo k 103 ato a 10–18
2
hecto h 10 zepto z 10–21
deca da 101 yocto y 10–24

212
RESPOSTAS
1. Mecânica c) (D). Em A e C também esteve parado; a) x(3) = 10 m.
em B mudou de sentido. b) t = 0,67 s, correspondente ao mínimo
1.1 Tempo, posição d) (D). Passou no instante t = 5 s da função x(t).
(em A passou em t = 6 s, em B em t = 7 s c) [0,00; 0,67] s.
e velocidade e em C partiu da origem e passou de novo d) Sentido negativo:
1.1.1 Movimentos: posição, trajetória na origem em t = 8 s). 兩6x兩 = 兩–6,33 – (–5)兩 = 1,3 m;
e) (C). Terminou na posição x = −10 m, sentido positivo:
e tempo ou seja, a 10 m da origem. 兩6x兩 = 兩10 – (–6,33)兩 = 16,3 m;
1. a) Curvilíneas. é maior no sentido positivo.
b) 6t = 2 min 49 s = 2,82 min. 1.1.3 Distância percorrida e) A distância percorrida no sentido
c) Na prova de 5000 m, pois o tempo e deslocamento. Rapidez média negativo e depois no sentido positivo
é dado por um cronómetro que mede e velocidade média é 1,3 + 16,3 = 17,6 m, e a rapidez
centésimos de segundo; o menor tempo s 17,6
dado pelo cronómetro que mede o tempo 7. (A). média é = = 5,9 m s−1.
6t 3
da prova da maratona é um segundo. 8. Distância percorrida:
d) Em movimento: referencial ligado às — — — f) 6x = x(3) − x(1) = 10 − (−6) = 16 m;
s = OB + BA + AC = 20 + 10 + 20 = 50 m.
ruas de Los Angeles; em repouso: referencial O deslocamento foi 6x = xf − xi = −30 − 0 = 6x 16
ligado ao outro atleta (em relação a ele, vm = = = 8 m s−1.
= −30 m. 6t 2
a sua posição é constante). 9. As posições inicial e final coincidem, pelo 13. (C), porque a distância percorrida não
que o deslocamento é nulo, por isso vm = 0. aumentou. (A) é falsa, pois o gráfico apenas
1.1.2 Posição em coordenadas Foi percorrida a distância s = 25 × 400 = indica como varia a distância com o tempo,
cartesianas. Movimentos = 10 000 m em 6t = 32 × 60 + 33,51 = não dá indicação da forma da trajetória.
retilíneos e gráficos = 1953,51 s. A rapidez média foi Na opção (B) o carro pode até ter invertido
posição-tempo 10 000 o sentido do movimento, mas essa
= 5,12 m s−1 = 18,4 km h−1.
1953,51 informação não se pode extrair do gráfico,
2. a)
10. a) No total esteve 3 s parada: 1 s entre que apenas indica que, no intervalo de
casa pastelaria escola tempo considerado, o carro esteve sempre
os instantes t = 1 s e t = 2 s, na posição
x = 20 m; e 2 s, entre os instantes t = 4 s em movimento. Na opção (D) o carro pode
–150 0 50 x / m
e t = 6 s, na posição x = −20 m. ter-se afastado ou aproximado da origem,
xcasa = −150 m; xpastelaria = 0 m; xescola = 50 m. b) Sentido negativo. Foram percorridos pois, para a distância percorrida, não
60 m no sentido negativo e 20 m importa o sentido do movimento.
b)
casa pastelaria escola no sentido positivo.
6x –20 – 20 1.1.4 Velocidade e gráficos
c) i) vm = = = −8 m s−1.
x / m 200 50 0 6t 5 posição-tempo
s 40 + 20
xcasa = 200 m; xpastelaria = 50 m; xescola = 0 m. ii) rapidez média = = = 10 m s−1. 14. Os velocímetros marcam o módulo
6t 6 da velocidade.
3. (D). A linha horizontal no gráfico indica (entre 2 s e 4 s percorreu 40 m, entre 6 s a) i) Situações B e C, pois o módulo
que o corpo está em repouso (posição e 8 s percorreu 20 m, e entre 4 s e 6 s da velocidade é constante.
constante). A outra parte indica que se esteve parada). ii) Situação B: para que a velocidade
move no sentido positivo, pois x aumenta. permaneça constante é necessário
11. O movimento iniciou-se na posição
4. O corpo parte da origem do referencial x = 0,50 m, e o ponto de afastamento que a trajetória seja retilínea e o seu
e afasta-se desta no sentido positivo, máximo ocorre em x = 1,16 m (movimento módulo não varie.
até ao instante t2. Entre os instantes t2 e t3 no sentido positivo). A posição final é em b) Sentido negativo.
o corpo está em repouso. Para t > t3 o corpo x = 0,46 m (movimento no sentido 15. a) O valor marcado no velocímetro
continua a deslocar-se no sentido positivo, negativo). A distância percorrida no sentido (módulo da velocidade, v) é dado pelo
ou seja, continua a afastar-se da origem. positivo e depois no sentido negativo foi módulo do declive das retas representadas:
5. (D), pois da segunda vez em que x = 0 s = (1,16 − 0,50) + (1,16 − 0,46) = 1,36 m, quanto maior for o módulo do declive
a função x(t) é crescente. (A) é falsa, porque no tempo de 10,4 s. A rapidez média de cada reta, maior será o módulo, v,
o corpo fica em repouso (parte horizontal s 1,36 da velocidade. Assim, vB < vA < vC.
foi = = 0,13 m s−1.
do gráfico). (B) é falsa, pois na terceira vez 6t 10,4 b) São iguais em cada caso: a componente
que o gráfico interseta o eixo horizontal 12. Esboço do gráfico: escalar da velocidade é dada pelo declive
x é decrescente. (C) é falsa, pois inverteu x/m da reta tangente ao gráfico em cada
o sentido três vezes (dois máximos e um 12 instante; essa tangente coincide com
mínimo na função). 10
8 a própria reta, por isso o declive das
6. a) (D). A função x(t) é decrescente 6 retas tangentes é sempre o mesmo.
4
no instante inicial. 2 Qualquer um dos três casos considerados
0 corresponde a movimento retilíneo
b) (A). O corpo esteve parado 4 s −2 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 t/s

(em C esteve parado 2 s e em B e D −4 e uniforme, por isso a velocidade média


−6
não esteve parado). −8 é igual à velocidade em qualquer instante.

213
16. A – II. A função x(t) é decrescente (C) – I. O movimento retilíneo uniforme: i) Tomando os dois pontos (t; y) do gráfico
e dada por uma reta (o declive da reta componente escalar da velocidade indicados na figura, ou seja, os pontos
tangente é sempre o mesmo, por isso constante e negativa. (0,85; 0,82) e (1,20; 0,34), obtém-se
a velocidade é constante). (D) – III. A componente escalar da 6y 0,34 – 0,82
B – I. O declive da reta tangente ao gráfico, velocidade inicialmente negativa, vm = = = −1,37 m s−1.
6t 1,20 – 0,85
em cada ponto, é cada vez maior à medida depois anula-se e, em seguida,
que o tempo passa, evidenciando fica positiva e cada vez maior. ii) Como o movimento é retilíneo
o aumento da velocidade. e uniforme no intervalo de tempo
20. O gráfico de pontos mostra que
C – IV. O declive da reta tangente ao considerado, a velocidade é igual
a dependência de x com t é
gráfico é cada vez menor à medida à velocidade média, logo a componente
aproximadamente linear.
que o tempo passa, evidenciando escalar da velocidade é vy = −1,37 m s−1.
a diminuição da velocidade. x/m c) (B). Há uma fase inicial em que o corpo
D – III. O gráfico é uma reta (o declive 0,9 está parado, depois a distância percorrida
0,8 cresce com o tempo e, quando chega
é constante e, por isso, a velocidade 0,7
também) que cruza o eixo horizontal, 0,6 ao solo e para, a distância percorrida
x(t) = 0. 0,5 y = 0,268 x + 0,573 permanece constante.
0,4
17. a) A imagem estroboscópica é feita 0,3 23. (A). As duas tangentes às curvas,
em intervalos de tempo iguais. No início, 0,2 no instante inicial, têm ambas declives
0,1 positivos (os ciclistas movem-se no sentido
a velocidade começa por aumentar
(a distância entre posições sucessivas 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 t / s positivo), mas o de A é maior do que o de B
aumenta); depois, permanece constante (logo, no instante inicial, vA > vB).
A equação da reta de ajuste está indicada (B) é falsa, pois, a partir do declive
(a distância entre posições sucessivas
no gráfico. Em função das variáveis das retas tangentes, verifica-se que
mantém-se); e depois diminui (a distância
x e t, essa equação escreve-se na segunda vez em que A e B se encontram
entre posições sucessivas diminui).
x(t) = 0,268 t + 0,573. A componente a velocidade de A é menor do que a de B.
b) (C). Nunca há inversão de sentido
escalar da velocidade do carrinho é (C) é falsa, porque nesse intervalo de
– logo (A) e (B) ficam excluídos;
o declive da reta, por isso vx = 0,268 m s−1. tempo o deslocamento é maior para A.
o barco nunca está parado – logo (D) fica
excluído. A leitura do gráfico (C) permite 21. (D) é falsa, isso só acontece a B;
concluir que há uma primeira fase a velocidade de A vai diminuindo (declive
x/m da reta tangente cada vez menor).
em que o corpo se afasta da origem
40
com velocidades cada vez maiores;
depois, a velocidade passa a ter valor 20 1.1.5 Gráficos velocidade-tempo
constante (troço retilíneo do gráfico); 0
e depois o barco continua a afastar-se, 2 4 6 8 10 t / s 24. Existe sempre movimento (vx ≠ 0)
mas com velocidades cada vez −20 e este dá-se no sentido positivo (vx > 0),
menores. −40 pelo que (A) e (B) são falsas.
18. a) B: a função x(t) é sempre crescente, Caracterizemos o movimento e verifiquemos
−60
logo o movimento é no sentido positivo; que (C) é falsa e (D) verdadeira:
C: a função é sempre decrescente, logo −80 [0, 2] s: movimento acelerado
o movimento é no sentido negativo. (o módulo da velocidade aumenta):
Determinando os declives das retas 2×8
b) A: a curva passa de crescente tangentes, obtemos: vx(2) = 4,0 m s−1 e o s = |6x| = =8m
para decrescente (tem um máximo); 2
sentido é positivo (vx > 0); vx(9) = −24 m s−1 [2, 10] s: movimento uniforme
D: a curva passa de decrescente e o sentido é negativo (vx < 0).
para crescente (tem um mínimo). (o módulo da velocidade mantém-se):
c) C: o declive da reta tangente em cada 22. a) Direção vertical e sentido positivo s = |6x| = 8 × (10 – 2) = 64 m
instante é sempre constante. a apontar para cima. A origem do [10, 12] s: movimento retardado
d) A: na primeira parte, x aumenta referencial está 1,2 m abaixo do nível (o módulo da velocidade diminui):
(sentido positivo) à medida que o declive a que o papel é largado. À medida que 8+4
o papel cai, o valor de y vai diminuindo s = |6x| = × 2 = 12 m
da reta tangente à curva vai diminuindo 2
(a velocidade diminui); depois, o módulo até atingir a altura zero (nível do chão, [12, 16] s: movimento uniforme
do declive da reta tangente é cada vez tomado como origem). (o módulo da velocidade mantém-se):
maior (a velocidade aumenta) e x diminui b) No intervalo de tempo considerado, s = |6x| = 4 × (16 – 12) = 16 m
(sentido negativo). o gráfico y(t) é aproximadamente (C) é falsa, pois o movimento é uniforme
e) D: na primeira parte, x decresce retilíneo, e o movimento é retilíneo nos intervalos [2, 10] s e [12, 16] s.
(sentido negativo) à medida que o declive e uniforme. A afirmação correta é a (D), uma vez que
da tangente à curva vai diminuindo y/m
o atleta percorre 12 m com movimento
(a velocidade diminui); depois, o declive 1,40 retardado e 8 m com movimento acelerado.
aumenta (velocidade aumenta) e x 1,20
Há movimento uniforme durante 12 s,
aumenta (sentido positivo). por isso (C) é falsa. (D) é verdadeira,
1,00
19. (A) – II. A componente escalar pois 12 m > 8 m.
0,80
da velocidade é inicialmente positiva, 25. a) O carrinho parou a partir t = 8 s.
0,60
depois anula-se e, em seguida, fica Teve velocidade nula no instante t = 3 s:
0,40 inverteu o sentido do movimento (passou
negativa e cada vez maior em módulo.
(B) – IV. A componente escalar da 0,20 de positivo para negativo).
velocidade é sempre positiva e cada b) vx(1,5) = 2 m s−1 e |vx(6,5)| < 2 m s−1;
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20 1,40 1,60 1,80 t / s o movimento é mais rápido no instante 1,5 s.
vez maior.

214
c) No instante t = 3 s há inversão de (B) é falsa, porque o instante em que a Questões globais
sentido positivo para negativo. A componente velocidade A e de B são iguais é diferente
30. a)
escalar do deslocamento é calculada do instante em que B e C têm a mesma
a partir das áreas entre os instantes velocidade.
t = 2 s e t = 8 s indicadas na figura. (C) é falsa, uma vez que o carro que x/m
percorreu maior distância foi o A, 6
5
vx / m s−1 pois a área por baixo da curva A é maior 4
do que a área por baixo da curva B. 2
4 2,5 5,2
28. a) (C). Apesar de algumas oscilações, 0
2 −1 1 2 3 4 5 6 t/s
resultantes de incertezas nas medidas, −2
0 no intervalo de tempo entre 1,2 s e 2,0 s −4
2 4 6 8 t/s a velocidade permanece praticamente −6
−2 −7,25
constante. −8
As áreas a tracejado anulam-se, pois uma é b) A distância percorrida em [0,7; 1,1] s
positiva e a outra negativa. O deslocamento é dada pela área do trapézio da figura No instante inicial o corpo está em
é, então, dado pela soma das áreas que é, aproximadamente, x = −1,0 m e começa a mover-se no sentido
(1,2 – 0,7) × (1,1 – 0,7) negativo, diminuindo a sua velocidade
–2 × 2 6x = 0,7 × (1,1 − 0,7) + =
restantes: 6x = −2 × 2 + = −6 m. 2 (o valor absoluto do declive da tangente
2
= 0,38 m. ao gráfico vai diminuindo) até ao instante
d) Deslocamento positivo (até t = 3 s):
t = 2,5 s; neste instante, a velocidade
2×1 2×1
6x1 = 2 × 2 + + = 6 m, anula-se e há inversão de sentido
2 2 1,2
Velocidade / m s−1

na posição x = −7,25 m. A partir desse


logo s1 = 6 m; deslocamento negativo: 1,0
instante, o movimento dá-se no sentido
–2 × 1 –2 × 2 0,8
positivo com velocidade cada vez maior.
6x2 = + (−2 × 2) + = −7 m,
2 2 0,6 0,38 m 0,38 m
A partícula passa pela origem do
logo s2 = 7 m. Percorre maior distância no 0,4 referencial em t = 5,2 s e atinge a posição
sentido negativo. 0,2 x = 5 m ao fim de 6 s de movimento.
e) Distância percorrida no sentido
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 6x –7,25 – (–1)
positivo: s1 = 6 m; distância percorrida Tempo / s b) vm = = = −2,5 m s−1.
no sentido negativo até aos 6 s: 6t 2,5
–2 × 1 c) s = |−7,25 −(−1)| + |5 − (−7,25)| = 18,5 m.
6x = + (−2 × 2) = −5 m, logo s2 = 5 m. A uma velocidade constante de 1,15 m s−1,
2 d) O declive da tangente para t = 5,2 s
que é a velocidade no instante 2 s, aquela
A distância percorrida foi s = 6 + 5 = 11 m. é 5,4 m s−1, por isso a componente escalar
mesma distância é percorrida num
s 11 da velocidade é 5,4 m s−1 e a partícula
intervalo de tempo 6t tal que 1,15 6t = 0,38,
A rapidez média foi = = 1,8 m s−1. desloca-se no sentido positivo.
6t 6 ou seja, 6t = 0,33 s. O carrinho deve, então,
e) vx(1) = −3,0 m s−1 e vx(4) = 3,0 m s−1,
26. a) O sentido do movimento é dado mover-se até ao instante 2,33 s.
por isso os módulos das velocidades
pelo sentido dos vetores velocidade. 29. As distâncias percorridas serão iguais nesses instantes são iguais.
O movimento é inicialmente acelerado quando as áreas abaixo das linhas no
no sentido negativo, depois uniforme no 31. a) Sim, quando a tangente à curva B
gráfico forem iguais. Na figura seguinte,
sentido negativo, e retardado no sentido for paralela à reta A.
a área a claro terá de ser igual à área
negativo em seguida; como o vetor b) A velocidade de A é constante (o declive
a escuro. Ora isso acontecerá quando
velocidade passa a ter sentido positivo, da reta tangente é sempre o mesmo).
as áreas dos triângulos, simbolizadas
no ponto G, então é porque antes houve A velocidade de B vai diminuindo (o declive
por A, forem iguais. Nessa altura, as duas
inversão de sentido. Ou seja, o carro da reta tangente ao gráfico vai diminuindo),
áreas coloridas nos dois gráficos
acelera, mantém a velocidade, passa tendendo para zero. As componentes
(distâncias percorridas) são iguais.
a travar até a velocidade se anular escalares das velocidades são positivas
Por razões geométricas, isso acontecerá
(sempre no sentido negativo) e começa porque os carros se movem no sentido
no instante 4 s.
a fazer marcha-atrás, aumentando positivo.
novamente a velocidade (no sentido
positivo). vx / m s−1 vx
b) I, pois primeiro a componente escalar
da velocidade, inicialmente negativa, B
aumenta, depois permanece constante, A
a seguir diminui até se anular; depois há A
inversão de sentido do movimento, pois
0 2 t/s
a componente escalar da velocidade
passa a ser positiva.
27. (D). Até ao instante em que as 0 t1 t
velocidades se igualam, a área por baixo vx / m s−1
da curva B é menor do que a área por Como os corpos partem da origem
baixo da curva C. A e se encontram de novo no instante t1
(A) é falsa, pois os carros voltam a ter a percorrem distâncias iguais até esse
mesma velocidade e, até esse instante, instante, pelo que as áreas por baixo dos
o carro A percorreu uma maior distância gráficos A (traços horizontais) e B (traços
(área por baixo da curva do gráfico). 0 2 t/s verticais) são obrigatoriamente iguais.

215
32. a) i) B (a componente escalar da 9. (D). A força à superfície da Terra 14.
velocidade é positiva até t3 e depois m m
é negativa). ii) A (o corpo desloca-se é F1 = G Terra , com RT o raio da Terra.
R 2T
no sentido negativo ou está parado).
A uma altitude de cinco raios terrestres, a N N N
iii) A (entre os instantes t1 e t2).
iv) A (a partir do instante t3). distância ao centro da Terra é 6RT. A força
b) Verdadeira: (C). sobre o mesmo corpo de massa m é agora P P P P P
m m m m 1
F2 = G Terra 2 = G Terra 2 = F.
(6R T) 36R T 36 1 a) b) c) d) e)
10. (C). A força gravítica à superfície é o
1.2 Interações e seus efeitos peso do corpo, ou seja, P = m g = 20 N; Em a) a força normal e o peso, que se
1.2.1 As quatro interações em órbita a força é 4 vezes menor, pois anulam porque há repouso; em b)
é 5 N. Os corpos em interação são e e) a intensidade da força normal
fundamentais na natureza
os mesmos nas duas situações, é maior do que a intensidade do peso:
1. (D). mudando apenas a distância entre em b) porque tem de haver uma resultante
2. A. Gravítica; B. Eletromagnética; eles e, como a intensidade da força a apontar para cima para o corpo adquirir
C. Gravítica; D. Eletromagnética; é inversamente proporcional ao velocidade e subir, e em c) porque
E. Gravítica; F. Nuclear forte; G. Gravítica; quadrado da distância uma vez que a resultante que aponta para cima
H. Nuclear fraca; I. Eletromagnética; m m faz diminuir a velocidade que o corpo
F = G Terra , se a força diminui 4 vezes, trazia da queda; em c) e d) só atua
J. Eletromagnética. r2
o peso (o corpo não está apoiado
3. a) Força gravítica e força então a distância aumenta para o dobro.
sobre nenhuma superfície).
eletromagnética; b) Forças nuclear forte, 11. a) A força do Sol sobre a Terra é dada Os pares ação reação indicam-se a seguir,
nuclear fraca e eletromagnética. m m para o peso e para a força normal:
4. Força gravítica. por FS/T = G Sol 2 Terra , em que r = 1 ua
r
5. (B) – ver Tab. 1 (pág. 39). é a distância do Sol à Terra. A força do Sol
6. A coesão nuclear é devida à força m m P (aplicada na bola)
nuclear forte que é atrativa. Comparada sobre Neptuno é FS/N = G Sol 2Neptuno ,
com esta força atrativa, a força repulsiva r'
devida à carga elétrica positiva dos protões onde a distância do Sol a Neptuno
é muito pequena (a força nuclear forte é r' = 30 ua = 30 r e mNeptuno = 18mTerra. P’ (aplicada no centro da Terra)
só existe entre protões ou neutrões de mSol18mTerra
um mesmo núcleo e nunca entre partículas Portanto, FS/N = G =
(30r)2
de núcleos de átomos diferentes, pois o
seu alcance é muito pequeno, praticamente 18 m m N (aplicada na bola)
= G Sol 2 Terra = 0,02 FS/T , ou ainda
apenas o tamanho de um núcleo). 900 r
FS/T = 50 FS/N.
1.2.2 Interação gravítica N’ (aplicada na mão)
b) Designando por m a massa do corpo e por
e Lei da Gravitação Universal P e P' as forças gravíticas exercidas sobre
7. Como G = 6,67 × 10−11 N m2 kg−2 ele à superfície dos planetas, podemos
e 1 ua = 150 × 106 × 103 m, a força m m m m
escrever: P = G Terra e P' = G Neptuno . 15. Quando se inicia a caminhada,
da Terra sobre o Sol (ou vice-versa) é R 2T R 2N um pé exerce uma força sobre o solo
m m Ora, mNeptuno = 18mTerra e RN = 4 RT, pelo que
F = G Sol 2 Terra = para trás; de acordo com a Terceira Lei
r 18mTerram 18 m m 9 de Newton, o solo exerce uma força
P' = G = G Terra = P. simétrica sobre o pé, para a frente.
1,99 × 1030 × 5,97 × 1024 (4R T) 2
16 R 2T 8
= 6,67 × 10−11 × = Ou seja, além da força normal que
(150 × 109)2
impede o pé de penetrar o solo, o solo
6,67 × 1,99 × 5,97 × 1043 1.2.3 Pares ação-reação
= = 3,52 × 1022 N. exerce uma força horizontal no pé,
1,502 × 1022 e Terceira Lei de Newton para a frente, que é uma força de atrito,
8. A intensidade da força exercida pela 12. (C). A força que o camião exerce sobre e é esta força que leva ao início
o carro e a força que o carro exerce sobre do movimento. A intensidade desta força
m m
Terra na ISS é FISS = G Terra2 ISS , sendo r o camião formam um par ação-reação. só será significativa se as superfícies em
r As duas forças do par, de acordo com contacto tiverem rugosidade suficiente.
a distância do centro da Terra à estação a Terceira Lei de Newton, são iguais em No caso do gelo, como a superfície é muito
espacial. A intensidade da força intensidade e direção mas têm sentidos lisa, a força de atrito nunca pode ser muito
exercida pela Terra no astronauta opostos, independentemente do estado grande, sendo, por isso, difícil caminhar
m m de movimento ou de repouso dos corpos sobre ela.
é Fast = G Terra2 ast . A razão entre as em interação. Por isso só a resposta (C)
r
está correta.
intensidades das duas forças é
FISS mISS 400 × 103 13. As forças de um par ação-reação
= = = 5 × 103; a força atuam sempre em corpos diferentes,
Fast mast 80 produzindo cada uma delas apenas efeito N
exercida sobre a ISS é 5000 vezes maior no corpo em que atua. Por isso os seus Fa
do que a força exercida sobre o astronauta. efeitos não se anulam.

216
16. Em qualquer das situações atua 1.2.4 Efeito das forças sobre
sempre o peso do corpo, P . Quando o corpo a velocidade
está apoiado numa superfície, atua também N N
a força normal, N , vertical e dirigida para 19. (A). Se o corpo mantém a sua
F Fa
cima (situações I e II), que equilibra o peso F velocidade (em módulo, direção
(as duas forças têm a mesma intensidade) e sentido), a trajetória tem de ser retilínea
porque o corpo está em repouso. Na situação P P sem inversão de sentido (movimento
IV a força normal é perpendicular ao plano retilíneo uniforme). No caso (B) a
inclinado. Na situação III, para além do I II velocidade varia em módulo e sentido
peso, há a resultante das forças exercidas (após a inversão) e nos casos (C) e (D)
N varia em direção.
por cada corda, chamada tensão, T ,
que é vertical e aponta para cima. FY Fa FX 20. A – II; B – III; C – I; D – IV. Para o
A força que, conjuntamente como o peso movimento ser retilíneo, a resultante das
forma o par ação-reação, está aplicada forças tem de ter a direção da trajetória:
P
no centro da Terra: se tiver o sentido da velocidade o carro
acelera e se tiver sentido oposto o carro
III
trava. Se tal não acontecer, o movimento
(aplicada Na situação IV há dois caixotes. O caixote A será curvilíneo. Se a força e a velocidade
P na pessoa) exerce sobre B uma força, F A/B , e B exerce forem perpendiculares, o módulo
sobre A uma força simétrica daquela, F B/A . da velocidade não se altera.
(aplicada A força que A exerce em B e a que B exerce 21. (C) – ver justificação na resposta
P’ na Terra) em A constituem um par ação-reação. Os à questão 20.
caixotes deslocam-se para a esquerda e as
I, II, III e IV forças de atrito são em sentido contrário. 1.2.5 Aceleração média, aceleração
e gráficos velocidade-tempo
NB NA
Nas situações I, II e IV a força que forma 22. (D). Num movimento retilíneo
com N o par ação-reação está na FA/B FaB F FaA FB/A e uniforme a velocidade não varia pelo que
superfície de apoio. Em III, considerando a aceleração média será nula. Em (A), (B)
o atleta como uma partícula, imaginamos PB PA e (C) há variação da velocidade, por isso
uma corda equivalente às duas, e a força a aceleração média é diferente de zero.
que forma com T o par ação reação 23. A velocidade inicial é
IVB IVA
está aplicada nessa corda: v = 72 km h−1 = 20 m s−1.
Em I e II: o par do peso está aplicado no a) Movimento retilíneo uniformemente
centro da Terra; o da força normal está retardado pois a aceleração é constante
no chão, tal como o da força de atrito na e a velocidade está a diminuir. Se o módulo
(aplicada (aplicada
N T na pessoa) situação I, e o da força F está na pessoa. da velocidade diminui 3 m s−1 num segundo,
na pessoa)
Em III: o par do peso está aplicado no o que significa que o módulo da aceleração
centro da Terra; o da força normal está é 3 m s−2, então em 2 s o módulo da
(aplicada (aplicada velocidade diminuirá 6 m s−1, por isso
N’ T’ na corda) no chão, tal como o da força de atrito,
na trave) ao fim de 2 s a velocidade será
o da força está F X na pessoa X e o da
força F Y está na pessoa Y. 20 – 6 = 14 m s−1 = 50 km h−1.
I e II III
Em IV: o par de cada peso está no centro b) (B), pois a velocidade aponta para a
da Terra. O de cada uma das forças esquerda (componente escalar negativa) e,
normais e das forças de atrito está no chão. dado que o carro trava, a aceleração deve
(aplicada O da força F A/B está em A e o da força apontar em sentido contrário à velocidade,
N na pessoa) ou seja, para a direita.
F B/A está em B (F B/A e F A/B constituem
24. a) O módulo da aceleração nos
(aplicada um par ação-reação).
N’ no solo)
primeiros 20 s é constante e igual
18. Em A e B atuam o peso, a força normal e a 0,50 m s−2, logo é igual à componente
a força de atrito; em C apenas atua o peso: escalar da aceleração média:
IV 6v v –0
A B C am = x ‹ 0,50 = x ‹ vx = 10 m s–1;
6t 20
N N esta é a componente escalar da velocidade
17. Em I, as forças sobre o caixote são
Fa ao fim de 20,0 s, que se mantém constante
o peso, a força normal, a força exercida Fa durante 10,0 s. Na travagem o motociclo
pela pessoa e a força de atrito exercida
passa de 10 m s–1 para a velocidade nula
pelo chão. Em II as forças exercidas no P P P 6vx 0 – 10
conjunto carrinho + caixote são também em 5,0 s: am = = = –2,0 m s–2.
o peso, a força normal e a força exercida Em A e B, N ' = –N é o par ação-reação da 6t 5,0
pela pessoa. Em III, a pessoa Y exerce força normal e F a' = –F a é o par ação-reação b)
vx / m s−1

sobre o caixote uma força, F Y, de maior da força de atrito. Estas duas forças estão
intensidade do que a que X exerce, aplicadas na superfície onde assenta a 10
F X , pondo o caixote em movimento para partícula. Em A, B e C, P ' = –P é o par
a esquerda. A força de atrito é, por isso, ação-reação do peso do corpo e está
para a direita, pois opõe-se ao movimento. aplicada no centro da Terra. 0 10 20 30 t/s

217
6vx vx(12) – vx(8) 29. a) A distância percorrida é a área 32. a) Peso, P , de intensidade
0 – 20
25. a) am = = = = por baixo da curva v(t). Essa área é maior P = mBg = 60 × 10 = 600 N; normal, N ,
6t 12 – 8 12 – 8 para A, o que significa que foi A quem de intensidade igual ao peso porque
= –5 m s–2. percorreu maior distância no mesmo não há movimento na direção vertical;
b) i) [8, 12] s: a aceleração, por ser variável, intervalo de tempo e, por isso, ganhou força que A exerce sobre B, F A/B , horizontal
não é sempre igual à aceleração média, a corrida (embora tenha sido o segundo e dirigida para B, que é igual à força
pois o gráfico v(t) não é uma reta, variando a partir). resultante sobre B, tendo-se, de acordo
o declive das retas tangentes ao gráfico b) As acelerações foram semelhantes: as com a segunda Lei de Newton,
em cada instante. retas tangentes às curvas v(t) têm idêntica FA/B = mBaB = 60 × 2,0 = 120 N.
ii) [8, 12] s: os declives das retas inclinação, embora em instantes diferentes, b) F B/A = –F A/B , ou seja tem a mesma
tangentes ao gráfico em cada instante, como mostra a figura direção (horizontal) e intensidade (120 N),
que dão a componente escalar da sentido oposto ao da força que A exerce
aceleração, são negativos. Ou, como sobre B, e está aplicada em A.
a componente escalar da velocidade vx
c) Como as forças são constantes,
é positiva e o módulo da velocidade A também a aceleração é constante
está a diminuir, a componente escalar e, por isso, igual à aceleração média:
da aceleração terá de ter sinal contrário, B
6v vx – 0
ou seja, terá de ser negativa. am = x ‹ 2,0 = ‹ vx = 0,10 m s–1.
iii) [2, 4] s: o declive da reta tangente 6t 50 × 10–3
ao gráfico, em cada instante, é constante 33. (C).
e positivo, logo a componente escalar 34. a) (C) Quando a força é constante
da aceleração é positiva, tal como 0 (segunda parte do movimento),
t
a velocidade. o movimento é uniformemente variado,
c) [0, 2] s: o módulo da velocidade diminui, pois a aceleração é constante. Quando a
a sua componente escalar é negativa Mas B partiu mais tarde do que A e atingiu
velocidade constante ao mesmo tempo do força é variável, o movimento é variado.
e a componente escalar da aceleração Como a resultante das forças tem a direção
é constante e positiva: movimento que A, mas menor (vB < vA). A aceleração
média de B foi menor do que a de A e e sentido do movimento, os carrinhos só
uniformemente retardado no sentido podem aumentar de velocidade, por isso
negativo. enquanto B se moveu A fê-lo com maior
velocidade. Por isso A ganhou: quando A o movimento é inicialmente acelerado
[2, 4] s: o módulo da velocidade aumenta, (força variável) e depois uniformemente
a sua componente escalar é positiva chegou à meta, B tinha percorrido uma
distância inferior à percorrida por A. acelerado (força constante).
e a componente escalar da aceleração b) FRZ = m aZ e FRY = m aY. Portanto,
é constante e positiva: movimento c) A distância percorrida por C é a área
uniformemente acelerado no sentido por baixo da curva C no gráfico v(t). aZ FRZ 250
Quando A chegou à meta, C tinha = = = 1,25.
positivo. aY FRY 200
[4, 8] s: o módulo da velocidade percorrido uma distância menor
mantém-se, a sua componente escalar (inferior até à de B como se pode concluir c) Como FR = m a, as acelerações serão
é positiva e a componente escalar graficamente pelas áreas por baixo iguais se as intensidades da resultante das
da aceleração é nula: movimento uniforme das curvas v(t) de A, B e de C). forças forem iguais porque a massa é igual,
no sentido positivo. o que se verifica em t = 5,5 s.
[8, 12] s: o módulo da velocidade diminui, d) FRZ = m aZ e FRY = 2m aY. Portanto
a sua componente escalar é positiva 1.2.6 Segunda Lei de Newton FRZ
F F
e a componente escalar da aceleração aZ = aY ‹ = RY ‹ FRZ = RY , ou seja,
30. a) [1, 2] s e [4, 6] s (velocidade m 2m 2
não é constante e é negativa: movimento constante e aceleração nula).
retardado no sentido positivo. a intensidade da resultante de forças
b) A intensidade da resultante das forças sobre Y tem de ser o dobro da intensidade
26. a) A – IV; B – II; C – V; D – VI; E – I; F – III. é diretamente proporcional ao módulo da da resultante de forças sobre Z, o que se
b) i) V – a aceleração é sempre constante e aceleração. Esta é 2 m s−2 nos intervalos verifica, aproximadamente, em t = 2,8 s,
negativa (porque aponta no sentido negativo); de tempo [0, 1] s e [2, 4] s e é –1 m s−2 em sendo FRZ = 100 N e FRY = 200 N.
a componente escalar da velocidade [6, 8] s. A resultante das forças é a mesma
é inicialmente positiva (na subida), depois e com valor não nulo em [0, 1] s e [2, 4] s. 35. a) De baixo para cima, pois a
anula-se (inversão de sentido) e depois é c) [6, 8] s. componente escalar da velocidade
negativa (na descida); ii) componente d) [0, 1] s e [2, 3] s. enquanto a bola está a subir é positiva, ou
escalar da aceleração gravítica. e) [3, 4] s. seja, o vetor velocidade aponta para cima.
b) É o instante em que a velocidade se
27. (B) No movimento curvilíneo a 31. A intensidade do peso é anula, ou seja, a bola atinge a altura
velocidade está sempre a variar, pelo P = 1000 × 10 = 1,0 × 104 N, logo máxima. O declive da reta no gráfico
menos em direção, logo tem de haver FR = 0,20 × 104 = 2,0 × 103 N. A aceleração é negativo e igual à componente escalar
aceleração. O movimento pode ser
2,0 × 103 da aceleração gravítica, ou seja, −10 m s−2.
curvilíneo e uniforme, ou seja, em módulo é FR = m a ‹ a = = 2,0 m s–2.
1,0 × 103 Como é constante, é igual à aceleração
a sua velocidade não varia, mas varia
média e tem-se:
em direção. Os módulos das velocidades inicial e final
6v 0 – 5,0
28. (B) As componentes escalares da são vi = 20 m s–1 e vf = 25 m s–1. Como as am = x ‹ –10 = ‹ 6t = 0,50 s = t1.
forças são constantes e, portanto, também 6t 6t
velocidade e da aceleração são positivas
a aceleração, esta é igual à aceleração A altura máxima é dada pela área do
e o declive da reta tangente ao gráfico v(t),
6v 25 – 20 triângulo por baixo da reta no intervalo
que dá a componente escalar da média, logo am = x ‹ 2,0 = ‹
aceleração gravítica, é maior na Terra 6t 6t 5,0 × 0,50 2,5
[0; 0,5] s, ou seja = = 1,3 m.
do que na Lua. ‹6t = 2,5 s. 2 2

218
c) A força exercida pela bola sobre a Terra b) Só há aceleração segundo a direção xx, c)

vx / m s−1
é igual e oposta à que a Terra exerce sobre por isso só interessam as forças, ou as 10
a bola, P' = 0,200 × 10 = 2,0 N, e está suas componentes, nesta direção, e que
aplicada no centro da Terra. O módulo dão a resultante das forças: FRx = m a, 2
da aceleração é caso A: F = m aA caso B: F cos _ = m aB 0 5 10 15 t/s
P' 2,0 caso C: F cos _ = m aC. Portanto, aB = aC
a' = = = 3,4 × 10–25 m s–2, e aB = aA cos _. A maior aceleração

ax / m s−2
mTerra 5,97 × 1024 1,6
verifica-se quando a força aplicada não
valor tão pequeno que não tem significado. tem componente vertical (_ = 0°). 0
m m 5 10 15 t/s
36. (D) À superfície da Terra Fg = G Terra 39. a) Há quatro forças: o peso e a força −1,2
r T2
mTerram normal, que se anulam, a força que puxa o
e, em órbita, F'g = G . Como r = 2rT,

FRx / N
bloco e a força de atrito. 16
r2
mTerram
1 0
vem F'g = G =
F . À superfície, 5 10 15 t/s
(2r T) 4 g 2 N −12
F Fa F
a aceleração da gravidade é g = g = 41. Escolhemos um referencial com
m
mTerra o sentido do movimento (eixo dos yy
= G 2 (não depende da massa, m, P a apontar para baixo). As forças aplicadas
rT são o peso, P , e a normal, N . O par
do satélite); em órbita a intensidade ação-reação da força normal, N , é a força
F'm Como as forças são constantes, a aceleração que a pessoa exerce no suporte e a sua
1
da aceleração é g' = G g = g. é constante e igual à aceleração média: intensidade, lida na balança-dinamómetro,
m 4 6v 3,0 – 0 é igual à intensidade da força normal
m m a= = = 1,0 m s–2. Só há
37. (A) Fg = G Terra e 6t 3,0 (chama-se balança-dinamómetro porque
r T2 aceleração segundo a direção horizontal, mede uma força mas apresenta o valor
mTerram de uma massa que é dada pelo quociente
1 1 mTerram logo FRx = m a ‹ F – Fa = m a obtém-se
F'g = G 2
= Fg = G . 40 – Fa = 5,0 × 1,0 ‹ Fa = 35 N. dessa força por g). Em geral a força
r 10 10 r T2 normal tem valor diferente do peso,
b) A componente horizontal da força
como se mostra na figura:
Portanto, r 2 = 10r T2 e r = 10 rT . F é F = 40 cos 20° Como a aceleração é a
38. a) C. Na direção vertical as forças têm mesma, podemos escrever FRx = m a ‹
de se anular porque não há movimento. ‹40 cos 20° – F a' = 5 × 1,0 ‹ F a' = 33 N. N
y
Em A temos N – P = 0 ‹ N = P; em B 40. a) Representam-se na figura as forças
temos N' + F sin _ = P ‹ N' = P – F sin _, aplicadas (que não estão à escala).
logo N' < P; em C temos N'' = P + F sin _ , P
ou seja, N'' > P. Em C a força normal tem
de compensar o peso e a componente N F
y
vertical da força aplicada. Fa
x A Segunda Lei de Newton permite escrever
A P FRy = m a ‹ P – N = m a, com P = 600 N.
N=P a) a = 4 m s–2, logo 600 – N = 60 × 4 ‰
N
y ‰N = 360 N (a balança marca um valor
inferior ao peso).
x
F P = 10 × 10 = 100 N; b) Aceleração nula, logo 600 – N = 0 ‰
P Fa = 100 × 0,10 = 10 N; ‰N = 600 N (a balança marca um valor
igual ao peso).
Fx = F cos 30° = 30 × cos 30° = 26 N c) a = –4 m s–2, logo 600 – N = 60 × (–4) ‰
B A resultante das forças é horizontal e igual ‰N = 840 N (a balança marca um valor
N’ + F sin ն = P a Fx – Fa = 16 N. Temos FRx = m a ‹ superior ao peso).
N’ = P − F sin ն ‹Fx – Fa = m a ‹26 – 10 = 10a ‹ d) A aceleração é a aceleração gravítica,
N’
‹a = 1,6 m s–2; usando a definição logo 600 – N = 60 × 10 ‰ N = 0 N
F’y
F ն F’
de aceleração média tem-se (a balança marca valor nulo pois a pessoa
F’
Fx não exerce qualquer força sobre ela).
6vx 10,0 – 2,0
P am = ‹ 1,6 = ‹
F = F’ 6t 6t 42. a) (A). Consideremos um eixo xx
8,0 coincidente com a direção da trajetória e
‹6t = = 5,0 s. façamos a decomposição do peso nesta
1,6
C direção e noutra perpendicular. Na direção
b) A aceleração do movimento é
6vx do eixo dos yy a resultante das forças é
N’’ = P + F sin ն 0 – 10,0
am = ‹ am = = –1,2 m s–2. nula, pois não há movimento nessa direção.
N’’ 6t 8,3 Resta, portanto, a componente do peso
ն Fx
F’’ A resultante das forças é igual à força na direção do movimento, que será
Fy
F’’ de atrito: FRx = m a ‹ –F'a = m a ‹ igual à resultante das forças:
F’’ ‹ –F a' = 10 × (–1,2) ‹ F a = 12 N, o que Px = P sin _ = m g sin _ = FR. Aplicando
P corresponde a 12% da intensidade a Segunda Lei de Newton à direção
F = F’’ da intensidade do peso que é 100 N. do movimento temos

219
FRx = m a ‹ P sin _ = m a ‹ m g sin _ = c) Aplicando a Segunda Lei de Newton cabeça do ocupante do veículo seja lançada
= m a ‹ a = g sin _. obtemos a aceleração: para trás (ou seja, mantenha o seu estado
FRx = m ax ‹ –Fa – m g sin _ = m ax ‹ de repouso em relação à estrada).
y ‹–3,0 – 3,0 × 10 × sin 30° = –3,0ax ‰
‰ax = –6,0 m s–2 .
x A aceleração é igual à aceleração média e,
N na altura máxima, a velocidade é nula:
Sem encosto de cabeça
6vx 0 – 10
Py Px am = ‹ –6,0 = ‹ 6t = 1,7 s.
6t 6t
P 44. a) (B). As direções do peso e da força
ն
exercida pelo rapaz são, respetivamente,
vertical e horizontal. A reação normal Com encosto de cabeça
b) (D) Se o movimento é retilíneo uniforme é perpendicular ao plano inclinado
a resultante das forças tem de ser nula. b) (B). Como a resultante das forças
51. a) e b) O que transporta a mochila:
Neste caso, para além da componente é nula, e decompondo o peso
tem maior massa, logo maior inércia,
do peso na direção do movimento e a força horizontal na direção
resistindo mais à variação de velocidade.
há a força de atrito, logo do movimento, temos:
FRx = m a ‹ –P sin _ + F cos _ = 0 ‹ 52. A inércia é a mesma pois a massa
FRx = m a ‹ P sin _ – Fa = 0 ‹ do corpo é a mesma onde quer que ele
‹m g sin _ = F cos _.
‹m g sin _ = Fa . esteja. O peso é diferente pois a aceleração
gravítica na Lua é menor:
N PTerra = m gTerra > m gLua = PLua.
y
F cos ն 53. A força é exercida no cartão e fá-lo
x mover. Sobre a moeda a resultante das
P sin ն forças é praticamente nula pois a força
Fa de atrito é muito pequena quando
F
Px o cartão se move em relação a ela.
ն P Por isso a moeda tende a manter o seu
estado de repouso, de acordo com
ն a Primeira Lei de Newton.

1.2.7 Primeira Lei de Newton


43. a) (C). Decompõe-se o peso, como Atividades laboratoriais
na questão anterior, mas agora tanto 45. (D). Primeira Lei de Newton:
o movimento é retilíneo uniforme. 54. a) Da craveira: 0,01 mm;
a força de atrito, F a, como a componente
do cronómetro: 0,1 ms.
do peso segundo a direção do movimento, 46. A ideia traduz resistência à alteração b) D = (20,29 ± 0,01) × 10–3 m.
P x, têm sentido oposto ao da velocidade do estado de repouso, mas não traduz
pois o corpo sobe a rampa. Não há a ideia de alteração de um estado c) Tempo de queda médio:
nenhuma força a apontar no sentido de movimento, ou seja, uma ideia mais 221,6 + 224,2 + 219,8
6tmédio = = 221, 9 ms;
ascendente do plano, o bloco sobe geral de alteração de velocidade. 3
devido à velocidade inicial que lhe foi 47. A força que se aplica compensa a força os desvios referentes às várias leituras
imprimida anteriormente. Neste caso de atrito (que não era apropriadamente tida são: d1 = –0,3 ms, d2 = 2,3 ms, d3 = – 2,1 ms,
a resultante das forças, que é a soma em conta no pensamento de Aristóteles). sendo d2 o desvio com maior valor absoluto.
de F a com P x , aponta em sentido Sendo nula a resultante das forças, o corpo Portanto, 6tqueda = (221,9 ± 2,3) × 10–3 s.
contrário à velocidade, por isso o mantém a sua velocidade, segundo Galileu. d) Tempo de passagem médio pela
movimento é uniformemente retardado 8,2 + 8,7 + 8,5
e a velocidade vai diminuir até se anular 48. Se a força tiver componente na direção célula 2: 6tmédio = = 8,5 ms;
do movimento, mas sentido oposto 3
na altura máxima sobre a rampa.
à velocidade, o módulo desta diminui. os desvios referentes às várias leituras
E se a resultante das forças for são: d1 = – 0,3 ms, d2 = 0,2 ms, d3 = 0,0 ms,
v constantemente perpendicular à sendo d1 o desvio com maior valor
x velocidade, esta mantém o seu módulo. absoluto. Portanto, 6t = (8,5 ± 0,3) ms.
A alteração de velocidade depende Incerteza relativa (%) =
Px da direção da resultante das forças incerteza absoluta
Fa relativamente à direção da velocidade. = × 100 =
valor mais provável
30° 49. (D) Maior massa corresponde a maior desvio absoluto máximo
inércia, logo maior resistência à alteração = × 100 =
valor médio
da velocidade.
b) Segundo a direção perpendicular 0,3
50. Suponhamos que um carro está parado = × 100 = 3,5%. Portanto
à rampa a força resultante é nula. 8,5
num semáforo quando outro colide com
Na direção do movimento temos: 6t = 8,5 × 10–3 s ± 3,5% .
ele violentamente por detrás. Sobre o carro
FRx = – Fa – m g sin _ ‹ é exercida uma força que o move para a e) Tem de se calcular primeiro a
‹FRx = –3,0 – 3,0 × 10 × sin 30° = – 18 N. frente. Mas o ocupante está em repouso velocidade na posição da célula 2, obtida
A intensidade da resultante das forças e tende a continuar em repouso. a partir da definição de velocidade média
é 18 N. Os encostos de cabeça impedem que a que, neste caso, como o intervalo de tempo

220
é muito pequeno, é uma boa aproximação A aceleração é igual ao declive da reta: A força F aA é responsável por A ganhar o
para determinar o módulo da velocidade: a = 0,887 m s−2. jogo. Portanto, ganha quem obtiver maior
D 20,29 × 10–3 c) Sim, pois o gráfico apresentado no força de atrito nos pés, ou seja, quem
v= ‹v= = 2,39 m s−1.
6t 8,5 × 10–3 enunciado tem uma parte em que empurrar o solo mais eficazmente.
Com o valor obtido e sabendo que na a velocidade é praticamente constante 58. a) Pelo teorema da energia cinética
posição da célula 1 a velocidade é nula, e a resultante das forças é nula. temos WF R = 6Ec; a resultante das forças
calcula-se a aceleração média da queda Se houvesse atrito significativo a reta aponta para baixo (o movimento
entre as duas células que será, não seria praticamente horizontal mas é uniformemente acelerado),
aproximadamente, igual à aceleração da apresentaria declive negativo (a velocidade por isso temos
6vy 2,39 – 0 seria cada vez menor). Segundo a Primeira 1
queda: a = = = 11 m s−2. FR × d × cos 0° = m(v 2f – v 2i) ‹
Lei de Newton, ou Lei da Inércia, se a 2
6tqueda 221,9 × 10–3
resultante das forças for nula e o corpo 1
f) i) Considera-se como valor tabelado ‹ FR × 6 = × 3,0 × (7,02 – 2,02) ‹
estiver em movimento, manter-se-á em 2
g = 9,8 m s–2. Erros percentuais: movimento com a mesma velocidade. ‹FR = 11 N.
|valor tabelado-valor mais provável|
× 100 b) Nula: a força normal é equilibrada pelo
valor tabelado peso; movimento retilíneo uniforme.
Questões globais
Para o grupo A o erro percentual é 2,0% c) A energia do bloco quando colide com
e para o grupo B é 12%. A medida do grupo 56. a) i) [0; 1,0] s; ii) [0; 1,0] s; o gelo é energia cinética e a velocidade
A é mais exata (menor erro percentual) iii) [2,0; 3,0] s. é igual à que tinha na base da rampa:
porque se aproxima mais do valor tabelado. b) Nesse instante o movimento 1 1
ii) A esfera não passar em frente à célula 2 E = m v 2 = × 3,0 × 49 = 73,5 J.
é uniformemente retardado no sentido 2 2
de maneira apropriada, ou seja, de uma positivo (vx > 0): A energia transferida para o gelo é 60%
forma tal que o tempo de passagem não v desse valor: 73,5 × 0,60 = 44,1 J.
corresponda ao diâmetro da esfera mas De E = m cgelo 6T obtém-se
a uma distância menor. x 44,1 = 20 × 10–3 × 2,1 × 103 × 6T ‹
iii) Teoricamente não, pois a resistência FR ‹6T = 1,1 °C.
do ar é praticamente nula numa trajetória a Logo 6T = Tf – Ti ‹ Tf = –2,9 °C.
tão curta. Nestas condições é uma queda 59. a) A força começou a atuar no instante
livre e a aceleração é igual à aceleração c) Através do cálculo das áreas temos:
s = 10 + 5 = 15 m; 6x = 10 – 5 = 5 m. 0,10 s quando a sua velocidade era
gravítica, a qual é praticamente constante 0,180 m s−1.
à superfície da Terra. Os valores diferentes d) Pelo teorema da energia cinética,
WF R = 6Ec, temos: b) Quando a força deixou de atuar, a
obtidos devem-se a erros experimentais. velocidade manteve-se aproximadamente
1 1 1
55. a) i) Dois tipos de movimentos: W = mv 2f – mv 2i = × 2,0 × (10,02 – 02) = constante. Se existissem forças
primeiro uniformemente acelerado, com 2 2 2 dissipativas a velocidade diminuiria
a velocidade a variar linearmente com = 100 J. a partir de t = 1,50 s.
o tempo; depois movimento uniforme pois 57. Como a massa da corda é desprezável, c) A força deixou de atuar no instante
a velocidade é praticamente constante. também o peso é. Por isso só são exercidas ti = 1,50 s. Entre este instante e o instante
ii) No primeiro movimento o fio puxa forças por A e por B na corda, ou seja, tf = 2,50 s, ou seja, no intervalo de tempo
o carrinho (tensão); quando o corpo que as tensões T A e T B. Como a massa 6t = 1,00 s, sendo a sua velocidade
desce atinge o solo, deixa de haver tensão, é praticamente nula, também a resultante 0,690 m s−1, como se lê no gráfico,
a corda deixa de puxar o carrinho e a das forças sobre a corda tem de ser nula: o objeto percorreu a distância
resultante das forças sobre o carrinho FRx = m ax ‹ TB – TA = 0 ‹ TB = TA; ou seja, 0,690 × 1,00 = 0,690 m.
passa a ser praticamente nula (poderá a intensidade da tensão ao longo da corda d) Pelo teorema da energia cinética,
haver uma pequena força de atrito) é sempre a mesma, por isso os respetivos WF R = 6Ec, o trabalho é dado pela variação
e este passa a ter movimento praticamente pares ação-reação de T A e T B, no corpo A 1
da energia cinética: WF R = m(v 2f – v 2i) =
uniforme. e no corpo B, respetivamente, têm 2
iii) No primeiro movimento atuam o peso exatamente a mesma intensidade. = 0,5 × 311,07 × 10–3 × (0,6902 – 0,1802) =
e a força normal, que se anulam, e a força Forças sobre A: o peso, P A, a força normal, = 0,069 J.
exercida pelo fio, a tensão, que é igual à N A, a força que a corda exerce em A, T A, e e) A aceleração do movimento na primeira
resultante das forças. Quando deixa de a força de atrito exercida pelo chão, F aA. parte do movimento pode ser obtida a
haver tensão atuam apenas o peso e a força partir da inclinação da reta no gráfico.
Forças sobre B: o peso, P B, a força normal,
normal e a resultante das forças é nula. Tomando dois pontos (t, v) como, por
N B, a força que a corda exerce em B, T B, e
b) A figura seguinte mostra o gráfico de exemplo, (0,50; 0,340) e (1,00; 0,540),
a força de atrito exercida pelo chão, F aB.
dispersão e a reta de ajuste aos dados conclui-se que no intervalo de tempo
Forças sobre a corda: a força que A exerce
experimentais. 6t = 0,50 s a variação de velocidade foi
na corda, T A, e a força que B exerce na 6v 0,200
corda, T B. 6v = 0,200 m s−1. Portanto, a = = =
6t 0,50
0,6000 Como o movimento é para a esquerda = 0,400 m s−2 e a intensidade da força na
0,5000 y = 0,8866x − 0,0086 (A ganha o jogo), e se não for uniforme,
Velocidade / m s−1

direção do movimento foi então Fx = m ax =


0,4000 tem-se que FaA > TA e FaB < TB. = 311,07 × 10–3 × 0,400 = 0,124 N.
0,3000 Como Fx = FR cos 20°, a intensidade da
NA NB Fx
0,2000 força aplicada foi FR = = 0,132 N.
FaA TA TA TB TB FaB cos 20°
0,1000
A B 60. Para encontrarmos o módulo
0,0000 TB = TA
0,000 0,200 0,400 0,600 0,800 Pa PB da velocidade em B podemos usar
Tempo / s a conservação da energia mecânica

221
pois não há atrito entre A e B: Como a aceleração é igual à aceleração A aceleração pode obter-se a partir destes
1 1 média, tem-se dois pontos:
m v 2A + m g hA = m v 2B + m g hB ‹
2 2 6v 14 – 12,1 6v –2,2 – (–1,0) 1,2
1 am = x ‹ 1,73 = ‹ 6t = 1,1 s. a= = =– = –10 m s–2.
‹g hA = v 2B ‹ vB = 2g hA = 6,3 m s–1. 6t 6t 6t 0,28 – 0,16 0,12
2
f) Pelo teorema da energia cinética temos O módulo da aceleração é 10 m s−2, que
Esta é a velocidade inicial para o trajeto BC.
WF R = 6Ec sendo WF R = WP + WN + WF a; mas é o módulo da aceleração da gravidade,
A força de atrito tem módulo
o trabalho do peso e da força normal são por isso a força de resistência do ar é
Fa = 0,10 × 10 × 3,0 = 3,0 N. Escolhemos
nulos porque as forças fazem 90° com o desprezável.
para referencial um eixo que aponta no
sentido do movimento; o peso é equilibrado deslocamento, então temos
pela força normal, restando apenas a força 1
Fa × d × cos 180° = 0 – m v C2; mas 1.3.2 Movimento retilíneo
de atrito que se opõe ao movimento, por 2 uniformemente variado
isso, a componente escalar da aceleração Fa = 0,20 × 60 × 10 = 120 N, por isso,
F 5. Equações do movimento uniformemente
é ax = – a = –1,0 m s–2. Como a aceleração d=
60 × 142
= 49 m. variado:
m 1
2 × 120 v(t) = v0 + a t e x(t) = x0 + v0 t + a t 2.
é igual à aceleração média, tem-se 2
6v 0 – 6,3
am = – x ‹ –1,0 = ‹ 6t = 6,3 s. a) I. x0 = –2 m; v0 = –5 m s–1; a = 10 m s–2.
6t 6t II. x0 = 2 m; v0 = 5 m s–1; a = –10 m s–2.
61. a) O trabalho do peso é igual 1.3 Forças e movimentos III. v0 = –5 m s–1; a = 5 m s–2.
ao simétrico da variação da energia IV. v0 = 5 m s–1; a = 5 m s–2.
potencial gravítica: 1.3.1 Movimento retilíneo b) A aceleração será –10 m s–2, pelo que só
W = –6Ep = –m g (hf – hi) = –60 × 10 × (1,5 – 0) = de queda livre a equação II pode representar o movimento.
= –900 J. Além disso, v0 > 0 nesse referencial, o que
b) Conservação da energia mecânica entre 1. (C). Há movimento de queda livre quando também é compatível com II.
A e C: apenas atua o peso (no caso do berlinde c) I. – B; II. – A; III. – C; IV. – D.
1 1 a força de resistência do ar é desprezável).
m v 2A + m g hA = m v C2 + m g hC , logo 6. a) O martelo e a pena caíram ao mesmo
2 2 2. C. O gráfico tem de ser uma reta, mas a tempo (na Lua não existe atmosfera, por
v 2A = v C2 + 2g (hC – hA) ‹ B corresponde uma aceleração de 5 m s−2, isso os dois objetos movem-se em queda
‹v 2A = 142 + 20 × 1,5 ‹v A = 15 m s−1. enquanto a C corresponde 10 m s−2 livre com a mesma aceleração).
c) A resultante das duas forças aplicadas, (igual ao declive da reta). No gráfico A b) (D).
peso e força normal, é a componente do atinge-se a velocidade constante de 10 m s−1 c) (A). A força depende da massa,
peso na direção paralela ao plano inclinado: (velocidade terminal), pelo que a aceleração mas a aceleração não.
Px = m g sin 10° = 104 N. é nula a partir de um certo instante.
7. a) [0, 2] s: movimento uniformemente
3. a) Na subida, uniformemente retardado; retardado, sentido positivo; [2, 6] s:
N na descida, uniformemente acelerado. movimento uniformemente acelerado,
Px b) A aceleração é a da gravidade, sentido negativo.
representa-se por g e é praticamente b) [0, 2] s: velocidade no sentido positivo
constante; o módulo da velocidade é igual, e força no sentido negativo (a componente
P
atendendo à conservação da energia escalar da aceleração é negativa pois
mecânica, mas os sentidos são opostos. o declive da reta é negativo).
d) Designando por h a altura do plano, c) [0, 4] s. Ao fim de 4 s o carrinho
Na subida Na descida
o deslocamento entre B e C é: encontrava-se na posição inicial. Na figura
h 2,5 podem representar-se duas «áreas»,
sin 10° = ‹d= ; a resultante v g v g
d sin 10° para [0, 2] s e para [2, 4] s, com o
das forças é igual à componente do peso mesmo módulo mas de sinais contrários,
na direção do movimento, logo correspondentes a deslocamentos
c) (D). A resultante das forças é o peso,
2,5 simétricos.
WF R = Px × d × cos 0° = 104 × = por isso a aceleração é g ; a sua
sin 10° componente escalar é, naquele referencial, v / m s−1
= 1,5 × 103 J. Ou: WF R = WP + WN e, como ay = –P / m = –g.
o trabalho da força normal é zero porque 4. Tomam-se dois pontos da reta de ajuste,
3,0
esta força faz 90° com o deslocamento, por exemplo (0,16; –1,0) e (0,28; –2,2).
logo WF R = WP = m g h, obtendo-se
o mesmo valor. 0,0
e) Usando a conservação da energia entre 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 t / s
B e C, obtemos o módulo da velocidade em 0,0
Velocidade / m s−1

B (tomamos como nível de referência para


a energia potencial o nível do ponto C): −1,0
1 1
m v 2C = m v 2B + m g hB ‹
2 2 −2,0 d) Componente escalar da aceleração:
‹v 2B = v C2 – 2g hB ‹v 2B = 196 – 2 × 10 × 2,5 ‹ 6v 0–3
a= = = –1,5 m s–2.
‹ v B = 12,1 m s−1. −3,0 6t 2–0
Na descida do plano, a aceleração é Resultante das forças:
P 104 0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 FR = m a = 0,100 × (–1,5) = –0,15 N.
ax = x = = 1,73 m s−2. Tempo / s
m 60 A sua intensidade é 0,15 N.

222
e) Equação das velocidades: força conservativa, ou seja, há conservação velocidade é negativa, v(3,0) = 5,0 – 5,0 × 3 =
v(t) = v0 + a t; v(t) = 3 – 1,5 t; da energia mecânica. Então: = – 10 m s–1. Houve, pois, inversão de
v(4,2) = –3,3 m s–1. 1 sentido, que ocorreu para t = 1,0 s pois
Em = m v 2 + m g h ‹
f) Equação das posições: 2 v(t) = 5,0 – 5,0 t = 0 ‹ t = 1,0 s.
1 1 A posição neste instante é
x(t) = x0 + v0 t + a t 2; ‹ Em = × 0,10 × 152 + 0,10 × 10 × 10 = 21 J.
2 x(1,0) = 5,0 × 1 – 2,5 × 1,02 = 2,5 m.
2
x(t) = –5 + 3 t – 0,75 t 2; Em t = 3 s a posição é
10. Para o referencial considerado,
x(4,2) = –5,6 m. x(3,0) = 5,0 × 3,0 – 2,5 × 3,02 = –7,5 m.
a = –10 m s–2; v0 = –10 m s–1; x0 = 5,0 m.
g) No gráfico, A (0 s; –5 m) refere-se Distância percorrida no primeiro segundo:
As equações para este movimento são:
à posição inicial; B (2 s; –2 m) à inversão 2,5 m; nos dois segundos seguintes:
y(t) = 5,0 – 10 t – 5 t 2 e vy(t) = –10 – 10 t.
de sentido e C (6 s; –14 m) à posição final: s = |x(3) – x(1)| = 10 m. A distância total
a) Quando atinge o solo: y(t) = 0 ‹
percorrida foi 12,5 m.
‹–5 t 2 – 10 t + 5 = 0 ‹t 2 + 2 t – 1 = 0
x/m
Outro processo de resolução é através do
1 2 3 4 5 6 obtém-se t = 0,41 s (a outra raiz é negativa
gráfico v(t): representam-se, através das
0 e não tem significado físico).
B t/s áreas dos dois triângulos, as distâncias
−2 b) Ao chegar ao solo, a componente
percorridas num sentido e no outro
−4 escalar da velocidade é
A 5×1 |–10 × (3 – 1)|
−6 vy(0,41) = –10 – 10 × 0,41 = –14 m s–1. A1 = = 2,5 m e A2 = =
c) Usando equações de movimento: 2 2
−8 = 10,0 m. A distância percorrida foi 12,5 m.
o instante em que passa a 3,0 m do solo é
−10
y(t) = 3,0 m ‹ – 5 t 2 – 10 t + 5 = 3,0 ‹ v / m s−1
−12
‹ – 5 t 2 – 10 t + 2 = 0 ‹t = 0,18 s;
−14 5,0
C vy(0,18) = –11,8 m s–1 logo
−16 A1
1 0,0
Ec = × 0,100 × 11,82 = 7,0 J.
8. a) x0 = 0, v0 = 0 e a = 10 m s–2; v(t) = v0 + a t; 2 1 2 A
2
3 t/s
v(t) = 10 t; v(1,5) = 15 m s–1. Ou, pela conservação da energia mecânica: −5,0
1 Emi = Emf ‹Eci + Epi = Ecf + Epf ‹
x(t) = x0 + v0 t + a t2; x(t) = 5 t 2; 1 −10,0
2 ‹ × 0,100 × 102 + 0,100 × 10 × 5,0 =
x(1,5) = 5 × 1,52 = 11 m. 2
= Ecf + 0,100 × 10 × 3,0 ‹ Ecf = 7,0 J. 14. Atuam o peso, a força normal e a força
b) v / m s−1 de atrito (que se opõe ao movimento).
11. Considere-se o eixo dos yy, com origem A resultante das forças é a força de atrito
15 no solo e dirigido para cima. Para a bola A: cuja intensidade é
10 y0 = 10 m, v0 = 0, a = −10 m s−2, e a equação Fa = 0,10 × 3,0 × 10 = 3,0 N.
5 das posições é yA(t) = 10 – 5,0t2; para a –F –3,0
bola B: y0 = 0, v0 = 8,0 m s−1, a = −10 m s−2, Aceleração: a = a = = –1,0 m s–2;
m 3,0
0,0 0,5 1,0 1,5 t/s logo yB(t) = 8,0t – 5,0t2.Quando as bolas
estiverem à mesma altura as suas posições como x0 = 0 e v0 = 10 m s–1 as equações
do movimento são x(t) = 10 t – 0,5 t 2
serão iguais: yA(t) = yB(t) ‹ 10 – 5,0t2 =
x/m e v(t) = 10 – t.
= 8,0t – 5,0t2 ‹ t = 1,3 s. Estão à mesma
altura ao fim de 1,3 s. a) Velocidade nula: v(t) = 0 ‹
11 ‹10 – t = 0 ‰ t = 10 s; para este instante
12. O movimento é uniformemente
temos x(10) = 10 × 10 – 0,5 × 102 = 50 m.
F 20
acelerado: a = = = 5,0 m s–2; b) A energia cinética final é nula e a inicial
m 4,0 1
0,0 0,5 1,0 1,5 t/s condições iniciais: v0 = 5,0 m s–1 e é Ec = × 3,0 × 102 = 150 J. A variação
2
x0 = 0. Portanto, x(t) = 5,0 t + 2,5 t 2 e da energia cinética é igual ao trabalho
9. Equações: vy(t) = 15 – 10 t e v(t) = 5,0 + 5,0 t. Logo
y(t) = 10 + 15 t – 5 t 2. da resultante das forças (força de atrito),
x(3) = 5,0 × 3 + 2,5 × 32 = 38 m e esta 6Ec = W ‹ – 150 = 3,0 × 6x × cos 180° ‹
a) Na altura máxima há inversão de sentido, é também a distância percorrida pois
logo vy(t) = 0 ‹ 15 – 10 t = 0 ‹ t = 1,5 s. ‹ 6x = 50 m.
não há inversão de sentido; c) v(t) = 5 ‹ 5 = 10 – t ‹ t = 5 s. Logo,
b) Quando atinge o solo tem-se v(3) = 5,0 + 5,0 × 3 = 20 m s–1.
y(t) = 0 ‹ –5 t 2 + 15 t + 10 = 0. Usando x(5) = 50 – 12,5 = 38 m.
a fórmula resolvente para equações 13. a) A componente escalar da força 15. 60 km h−1 = 16,7 m s−1.
do segundo grau, encontra-se t = 3,6 s na direção do movimento é agora a) A1: distância percorrida com velocidade
(a outra raiz da equação é negativa e não Fx = 20 cos 30° = 17,3 N, pelo que constante; A2: distância percorrida com
tem significado físico). a componente escalar da aceleração movimento uniformemente retardado;
c) Equação das velocidades: F 17,3 t: tempo de travagem.
passa a ser a = = = 4,33 m s–2.
vy(3,6) = 15 – 10 × 3,6 = –21 m s–1. m 4,0
16,7
d) Sabe-se que y = 5 m logo Como v0 = 5,0 m s–1 e x0 = 0 vem
Velocidade / m s−1

5 = 10 + 15 t – 5 t 2 ‰ –5 t 2 + 15 t + 5 = 0. x(t) = 5,0 t + 2,17 t 2 e , por isso


Daqui resulta t = 3,3 s (a outra raiz x(3,0) = 5,0 × 3 + 2,17 × 3,02 = 35 m
da equação é negativa e não tem e esta é também a distância percorrida A1 A2
significado físico). pois não há inversão de sentido;
Então vy(3,3) = 15 – 10 × 3,3 = –18 m s–1. v(3,0) = 5,0 + 4,33 × 3,0 = 18 m s–1.
e) Ao passar na posição de onde partiu, b) Equações do movimento:
x(t) = 5,0 t – 2,5 t 2 e v(t) = 5,0 – 5,0 t. 0,400 0,400 + t
a energia mecânica é igual à inicial pois
sobre o objeto só atua o peso, que é uma Para t = 3,0 s a componente escalar da Tempo / s

223
b) i) A1 + A2 = 32,0 m. Daqui resulta há força de resistência do ar uma vez que no intervalo de tempo considerado
16,7 t que não há atmosfera. o balão desceu (1,7 – 1,3) × 1,7 = 0,68 m.
16,7 × 0,400 + = 32,0 ‰ t = 3,03 s. A variação de energia potencial foi
2 19. a) i) [t1, t2] e [t3, t4]: a velocidade
é constante. 6Ep = 0 – 3,8 × 10–3 × 10 × 0,68 =
Este é o tempo de travagem. O tempo total = –2,6 × 10–2 J.
é 0,400 + 3,03 = 3,43 s. ii) [0, t1]: o módulo da aceleração tem um
valor inicial g e depois diminui para zero 21. a) A: berlinde – a aceleração é
ii) Consideremos uma nova origem para (o declive da reta tangente vai diminuindo; constante pois a força de resistência do ar
o tempo no instante t = 0,400 s, ou seja, depois de o paraquedas abrir, no intervalo é desprezável. B: folha de papel – ao fim
quando começa a travagem. Com t medido [t2, t3], a aceleração é muito elevada e de algum tempo atinge-se a velocidade
a partir deste instante, a equação das dirigida para cima e depois vai diminuindo terminal (força de resistência de
velocidades é v(t) = 16,7 – a t. A nova até se anular. intensidade igual à do peso) e aceleração
posição inicial é x0 = 16,7 × 0,4 = 6,68 m iii) [t1, t2]. nula.
(«área» A1), e a lei do movimento iv) [t1, t2] e [t3, t4]: a velocidade é constante b) 20 s, pois a partir desse instante
1 porque a resistência do ar se anula com o a aceleração é zero o que significa
escreve-se x(t) = 6,68 + 16,7 t – a t 2.
2 peso e a aceleração torna-se nula. que a velocidade é constante.
Quando o corpo para, v(t) = 16,7 – a t = 0 ‹ v) [t2, t3]: a velocidade aponta para baixo
16,7 ao contrário da aceleração (a componente
‹ a t = 16,7 ‰ a = . Como x = 32,0 m, escalar é negativa, pois os declives das 1.3.4 Movimento retilíneo uniforme
t
1 retas tangentes são negativos).
tem-se, x(t) = 6,68 + 16,7 t – a t 2 ‹ vi) [0, t1]: a resistência do ar passa de zero 22.
2 C P E
até ter uma intensidade igual à do peso.
1 16,7 2 vii) [0, t1]: pois a velocidade aumenta.
‹32,0 = 6,68 + 16,7 t – × t ‹ x/m 500 200 0
2 t viii) [t2, t3]: a resultante aponta para cima
‹ t = 3,03 s. (por isso a velocidade diminui).
A equação do movimento, do tipo
b) t2, o que provoca uma diminuição
16. a) Pela conservação da energia x(t) = x0 + v t, com x0 = 500 m e
abrupta da velocidade.
mecânica (não há forças dissipativas) vem: v = –2,0 m s–1, escreve-se x(t) = 500 – 2,0 t.
c) Não. A força de resistência do ar é
Emi = Emf ‹ Eci + Epi = Ecf + Epf ‹ Para a passagem na pastelaria,
dissipativa, o que faz a energia mecânica
1 200 = 500 – 2,0 t ‹ t = 150 s.
‹ × 0,200 × 6,02 + 0,200 × 10 × 5,0 = diminuir. A energia mecânica inicial, mgh,
2 Para a chegada à escola,
é elevada em virtude de h ser grande;
0 = 500 – 2,0 t ‹ t = 250 s.
1 1
= × 0,200 × v 2 ‹ v = 136 = 12 m s–1. a energia mecânica final, m v 2, é baixa 23. a) (D). No instante considerado,
2 2 a tangente à curva A é mais inclinada
b) Como atua o peso e a força normal mas em virtude de v ser pequeno. do que à reta B.
só o peso realiza trabalho, pois a força d) Na Lua há conservação da energia b) O declive da reta permite determinar
normal é perpendicular ao deslocamento, mecânica pois não há resistência do ar: a componente escalar da velocidade:
temos WP = –6Ep = m g h = 1
Emi = Emf ‹m gLua h = m v 2 ‹ 7 – (–2)
= 0,200 × 10 × 5,0 = 10 J. vx = = 1 m s–1. A respetiva lei do
2 9–0
c) Atuam o peso e a força normal mas
a força resultante é a componente ‹ v 2 = 2gLua h ‹ v = 71 m s–1. movimento é xB(t) = –2 + t e xB(3) = 1 m.
do peso na direção do movimento. Usando as equações do movimento 24. Escolhe-se o eixo x com origem
Tomando como referencial um eixo na (referencial com origem no solo na posição A e a apontar para B
direção e sentido do movimento temos a apontar para cima): (então, xA0 = 0 e xB0 = 800 m).
Px m g sin 50° 1 Como vAx = 20 m s–1 e vBx = –15 m s–1,
a= = = 7,7 m s–2. y(t) = 1500 – gLua t 2; vy = –gLua t.
2 as leis do movimento, ambas do tipo
m m
Quando chega ao solo y(t) = 0 ‹ x(t) = x0 + vt, são dadas por xA(t) = 20 t e
Pela equação das velocidades, xB(t) = 800 – 15 t. O encontro dá-se quando
v = 6,0 + 7,7 t, obtemos o instante em que 3000 xA = xB, ou seja, 20 t = 800 – 15 t ‹
t= = 42 s. Portanto,
a velocidade atinge o valor 12 m s−1: 1,7
12 = 6,0 + 7,7 t ‰ t = 0,78 s. 800
vy = –1,7 × 42 = –71 m s–1. ‹t= = 22,9 s. Encontram-se na
35
1.3.3 Movimento retilíneo de queda 20. a) 1,7 m s−1. posição xA(22,9) = 20 × 22,9 = 4,6 × 102 m.
com resistência do ar apreciável b) Movimento retilíneo acelerado A figura mostra as funções xA(t) e xB(t).
(a velocidade aumenta mas a aceleração A sua interseção corresponde ao encontro
17. (D) Quando se atinge a velocidade não é constante, pois os declives às retas dos dois carros.
terminal a velocidade não varia e, por isso, tangentes vão diminuindo, ou seja,
não varia a resistência do ar. a aceleração é cada vez menor). x/m
18. a) III: a velocidade terminal é atingida c) (C), pois a resultante das forças é nula. 900
quando v(t) deixa de variar com o tempo. d) i) W = 0, pois a resultante das forças 800
b) III: quando se atinge a velocidade é nula nesse intervalo de tempo, logo não 700 B
terminal, o módulo da resistência do ar realiza trabalho. Ou, como o trabalho da 600
é igual ao módulo do peso. Como a resultante das forças é igual à variação 500
400
velocidade terminal depende da velocidade, da energia cinética e esta não varia
300 A
a esfera de massa menor atinge menor (a velocidade é constante), o trabalho 200
velocidade terminal e mais rapidamente. da resultante das forças é nulo. 100
c) (B). Na Lua todos os corpos caem com ii) O gráfico vy(t) permite concluir,
a mesma aceleração, constante, pois não pela leitura da «área» por baixo da curva, 0 5 10 15 20 25 30 t / s

224
25. a) das posições é y(t) = 1,0 – 1,3 t (notar que rotação da Terra, ou seja, 24 h.
t = 0 s nesta equação corresponde ao 2/
b) (D), pois t = .
x/m instante 0,70 s no gráfico). T
900 e) No intervalo de tempo considerado 2 /r
800 II a velocidade é constante, logo não há c) Usando v = obtém-se
700 T
variação de energia cinética e a variação
600 vT 3,87 × 103 × 12 × 3600
de energia mecânica coincide com r= = =
500 2/ 2/
a variação de energia potencial gravítica:
400 I
6Em = 6Ep = –m g h, sendo h o desnível = 26,6 × 106 m. A altitude é
300
200 entre as posições. Do gráfico retiramos que (26,6 – 6,4) × 106 = 2,0 × 107 m.
100 y(0,70) = 1,00 m e y(1,20) = 0,32 m, d) Como a velocidade tem módulo
logo h = 0,68 m; então constante, a energia cinética não varia, por
0 20 40 60 80 100 t/s 6Em = 6Ep = –m g h = –5,0 × 10–3 × 10 × 0,68 = isso a variação de energia cinética é nula.
= –3,4 × 10–2 J. A energia dissipada foi e) De 6Ec = W, como a variação da energia
Os ciclistas cruzam-se quando xI = xII. 3,4 × 10–2 J. cinética é nula, o trabalho também é nulo.
A partir do gráfico obtido na calculadora Como a resultante das forças é sempre
verifica-se que a interseção dos gráficos 1.3.5 Movimento circular uniforme perpendicular à trajetória, nunca realiza
de I e II é o ponto (84 s; 5,9 × 102 m). trabalho.
O mesmo se obtém resolvendo a equação 27. a) (C). O tempo de uma volta completa
é o período, o qual é uma constante do 33. Segunda Lei de Newton:
7,0 t = 800 – 0,030 t 2. v2
b) Nulo, pois como a velocidade é movimento. F = m a = m ; Lei da gravitação
b) (D). Velocidade, aceleração e força são r
constante, igual a 7,0 m s−1, não há m mT
variação de energia cinética e esta é igual grandezas vetoriais que, neste caso variam universal: F = G . Combinando as
ao trabalho da resultante das forças. a sua direção. A velocidade é tangente r2
c) As componentes escalares das à trajetória e a força é centrípeta m mT v2
e sempre perpendicular à velocidade duas expressões G =m ,
velocidades de CI e CII são, respetivamente: r 2
r
vI = 7,0 m s–1 e vII = –0,060 t, por isso, para (logo, a aceleração também é centrípeta).
G mT
os módulos das velocidades serem iguais v2 conclui-se que v =2
. Por outro lado,
c) Como ac = obtém-se r
temos 7,0 = 0,060 t ‹ t = 117 s. r
2 / r 2 G mT
冢 冣
d) (D). CII inicia o movimento, logo 20 2
2/ 2/r
ac = = 8,0 m s–2. Mas v = t r = r; v= logo = .
a velocidade tem de aumentar e apontar 50 T T T r
para a esquerda; a componente escalar 2/ r3
logo T = r = 16 s. Podemos então escrever T = 2 / .
da aceleração também é negativa como v G mT
se deduz da equação das posições, logo Substituindo valores,
28. A aceleração centrípeta é dada por
a aceleração também aponta para a (3,6 × 107 + 6,400 × 106)3
ac = t 2 r. Ora t = 2 / f, sendo f = 30 Hz. T=2/ =
esquerda (movimento uniformemente
25 × 103 6,67 × 10–11 × 5,97 × 1024
acelerado no sentido negativo). Então ac = (60/)2 × = 4,4 × 108 m s–2.
2 = 8,68 × 104 s ≈ 1 dia.
26. a) Retilíneo e uniforme pois o gráfico
29. O período do movimento é 34. a) O período da órbita é
y(t) é uma reta: o declive da tangente
1 ano = 365,25 × 24 × 3600 = 3,156 × 107 s. T = 24 h = 8,64 × 104 s. Portanto,
em qualquer ponto da reta, igual
A distância percorrida neste período 2/
à componente escalar da velocidade, t= = 7,3 × 10–5 rad s–1.
é o perímetro da órbita, pelo que
mantém-se constante. T
o módulo da velocidade é
b) Identificando a força centrípeta com a
y/m 2 / r 2 / × 150 × 109
1,40 v= = = m v2 G m mT
T 3,156 × 107 força de atração gravítica, = ,
1,20 G mT r r2
= 29,9 × 103 m s–1 = 29,9 km s–1.
1,00
obtemos v 2 = . Por outro lado, v = t r,
2/r r
30. a) Usando v = sendo T = 60 s,
0,80 T G mT
pelo que r 3 = . Substituindo valores,
0,60 v T 6 × 10–2 × 60 t2
obtém-se r = = = 0,57 m.
0,40 2/ 2/ 5,97 × 1024 × 6,67 × 10–11
b) (B). Tem-se v = t r e ac = t 2 r. Como A r3 = ‹
0,20
(7,3 × 10–5)2
e B têm a mesma velocidade angular mas
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20 1,40 1,60 1,80 t / s r a v ‹ r = 4,2 × 107 m.
rB = A , vem acB = cA e vB = A . 6,67 × 10–11 × 5,97 × 1024 × 5,0 × 103
b) Tomando dois pontos da reta de ajuste 2 2 2 c) F = =
31. a) Força gravítica. (4,2 × 107)2
da figura anterior, por exemplo, (1,15; 0,40)
b) A sua velocidade é perpendicular = 1,1 × 103 N.
e (0,70; 1,00), a componente escalar
da velocidade é obtida a partir de à força, o que resulta em movimento 35. a) (B). Tanto o módulo da velocidade
circular uniforme. quanto o da força permanecem constantes
6y 0,40 – 1,00
vy = = = –1,3 m s–1. 2/ 2/ durante o movimento circular uniforme.
6t 1,15 – 0,70 c) t = = =
T 27 × 24 × 3600 b) (D). A velocidade orbital não depende
c) 1,3 m s–1. = 2,7 × 10–6 rad s−1. A aceleração centrípeta G mT
d) O objeto cai de uma altura 1,2 m acima da massa do corpo: v = .
é ac = t 2 r = (2,7 × 10–6)2 × 3,8 × 108 = r
do solo. Mas, no instante 0,70 s a altura
do objeto é 1,00 m. Redefinido a origem = 2,8 × 10–3 m s–2. G m mT r
c) (A). Como F = se r ' = logo
dos tempos, esta é a nova posição inicial. 32. a) Não. Para serem geoestacionários r2 2
A velocidade é constante, logo a equação devem ter período igual ao período de F' = 4F.

225
G mT r 39. a) O módulo da velocidade com que
d) (C). Como v = se r ' = logo 1,60
r 2 o carrinho chega a C é obtido a partir da
1,40
y = 7,0607 x + 0,0528 conservação da energia mecânica porque
2G mT 1,20
v' = = 2 v. não há forças dissipativas entre A e C,

v 20 / ( m s−1 )2
r 1,00
1
36. a) Fotografia, filmagem, observação
0,80 Em, A = Em, C ‹ m × 102 + m × 10 × 18 =
0,60 2
em geral, monitorização, etc. da superfície 1
da Terra.
0,40 = m × v 2c ‰ vc = 21,4 m s–1.
0,20 2
b) Com o período era 101 min, em 24 h
A partir de C o movimento é uniformemente
24 × 60 0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 0,12 0,14 0,16 0,18 0,20
retardado com velocidade inicial
dava = 14,3 voltas à Terra. Δx / m
101 v0 = 21,4 m s–1. As equações do movimento
2 /r Os pontos experimentais podem ser 1 2
c) (B). v = , com r = (807 + 6400) × 103 m são vx(t) = 21,4 – a t e x(t) = 21,4 t –at
ajustados por uma reta cuja equação se 2
T
indica no gráfico. De acordo com o teorema (eixo dos xx a apontar para a direita e com
e T = 101 × 60 s. 1
m mT da energia cinética, m v 20 = Fa 6x, de onde origem no ponto C). Da primeira equação,
d) Em órbita, F = G ; à superfície, 2 fazendo vx(t) = 0 (ponto D) resulta:
(RT + h)2 2 Fa
se conclui que v 20 = 6x. A dependência 21,4
m mT RT 2 a= . Substituindo na equação das
冢 冣=
F m t
Fg = G Logo, =
RT2 Fg RT + h do quadrado da velocidade inicial com posições, e sabendo que x(t) = 13, temos
a distância de travagem é de
2 21,4 26
冢 6400 + 807 冣 = 0,79 ≈ 5 .
6400 4 proporcionalidade direta, sendo 13 = 21,4 t – t‹t= = 1,21 s.
=
a constante de proporcionalidade igual a 2 21,4
2 Fa O módulo da aceleração é
. Este é o declive da reta de ajuste.
m 21,4
a= = 17,7 m s–2 e o módulo
Atividades Laboratoriais 2 Fa 1,21
Logo, = 7,0626 ‹Fa = 0,518 N.
37. a) m = (146,71 ± 0,01) × 10–3 kg. m da resultante das forças, que é a força de
Fa
b) A média dos valores é O módulo da aceleração é a = = 3,53 m s–2. atrito, é 兩F a兩 = m a = 600 × 17,8 = 1,1 × 104 N.
m Este resultado também pode ser obtido
17,9 + 18,2 + 18,3 a partir do teorema da energia cinética:
= 18,1 ms. O maior
3 1
Questões globais 6Ec = W ‹ 0 – × 600 × 21,42 =
dos desvios é, em módulo 0,2 ms, superior ao 2
38. As equações do movimento são
erro associado a cada medição que é 0,1 ms. = 13Fa cos 180° ‹ Fa = 1,1 × 104 N.
Portanto 6tE = (18,1 ± 0,2) ms ou, em função 1
vy(t) = v0 – g t e y(t) = y0 + v0 t – g t 2,
2 1
do desvio percentual, 6tE = 18,1 ms ± 1,1%. b) (A). Ec = m v 2. Se v' = 2 v então
c) Na segunda e terceira colunas com y0 = 15 m e v0 = 10 m s–1, escolhendo 2
indicam-se os valores mais prováveis o eixo dos yy a apontar para cima. Portanto, 1
E 'c = m (2 v)2 = 4 Ec.
(médias) dos tempos de passagem na 1 2
vy(t) = 10 – 10 t e y(t) = 15 + 10 t – × 10 t 2.
célula fotoelétrica e das distâncias de 2 c) (D). O trabalho do peso na descida
travagem. Na quarta coluna indica-se o A primeira equação indica que a velocidade é m g h, sendo h o módulo do desnível
módulo da velocidade do bloco quando se anulou ao fim de 1 s, estando o objeto entre a posição final e a inicial. O trabalho
atinge o plano horizontal (velocidade inicial 1 é positivo entre A e C e é nulo entre C e D
quando se inicia a travagem): na posição y(1) = 15 + 10 – × 10 = 20 m.
2 (estes dois pontos estão ao mesmo nível).
1,00 × 10–2 No primeiro segundo a distância percorrida d) (C). Pelo teorema da energia cinética
v= .
6tm foi 5 m. Ao fim de 1,5 s o grave está na 1 1 1
posição y(1,5) = 15 + 10 × 1,5 – 5 × 1,52 = WF R = m v 2f – m v 2i = – m v 2C ‹
2 2 2
= 18,75 m. Entre 1 s e 1,5 s o objeto
1
v / m s−1 percorreu 1,25 m. A distância total ‹FR 6x cos 180° = – m v 2C ‹ – m a 6x =
Posição
6tmédio / ms 6xmédio / cm (velocidade percorrida foi 6,25 m. 2
inicial
(valor mais (valor mais na base A questão poderia ser analisada do ponto 1
do bloco
provável) provável) do plano = – m v 2C ‹ vC = 2a 6x ; se a distância
na rampa de vista gráfico. No gráfico v(t) a distância 2
inclinado)
percorrida é a soma das áreas dos dois passar a metade, virá v'C = 2a 6x / 2 ‹
A 8,5 18,7 1,176 triângulos (ambas com sinal positivo)
‹v'C = a 6x e, por isso vC = 2 v 'C ‹
fazendo vy(1,5) = 10 – 10 × 1,5 = –5 m s–1.
B 9,4 15,8 1,064 v' 1
‹ C = .
vC 2
C 10,5 11,7 0,952 vy / m s−1
/
12,9 7,6 0,775 10 40. a) Como 45° = rad temos
D 4
E 18,1 3,8 0,552 6e / / 4
t= = = 7,9 rad s−1.
6t 0,10
0
1 2 t/s
v 4,0
d) O gráfico seguinte representa o b) Tem-se v = t r ‹ r = = = 0,510 m.
quadrado da velocidade inicial do −5 t 7,85
movimento uniformemente retardado Então Fc = m ac ‹ Fc = m t 2 r =
em função da distância de travagem, 6x. = 0,300 × 7,852 × 0,510 = 9,5 N.

226
c) Em cada parte retilínea, o tempo foi b) Para o referencial y com origem em B 5. a) Ondas eletromagnéticas e ondas
1 sonoras; nas ondas sonoras que são
x 0,60 e dirigido para baixo, y(t) = g t 2.
t= = = 0,15 s, logo, nas retas, 2 ondas mecânicas.
v 4,0
Portanto, h = 5 × 0,502 = 1,3 m. b) A velocidade de propagação da onda
demorou 0,30 s. Na parte curvilínea h 1 h eletromagnética é muito maior do que
demorou o tempo de uma volta completa, c) (D). = g t 2 ‰ t = .
2 2 g a da onda sonora.
ou seja, 8 × 0,10 = 0,80 s. Logo demorou d) Sem dissipação a energia mecânica é c) Como a velocidade da luz é muito
1,10 s. A rapidez média é igual ao módulo elevada, podemos desprezar o intervalo de
1
da velocidade, 4,0 m s−1: de facto, Em = Ec, solo = m v 2. Com dissipação, tempo correspondente à sua propagação.
dividindo o perímetro da pista, 2
v 2 A distância do local ao local do relâmpago
冢 冣
d = 2 × 0,60 + 2/ × 0,51 = 4,40 m, pelo 1 1
E'm = E 'c, solo = m v'2 = m = é d = vsom 6t = 340 × 4,2 = 1,4 × 103 m.
tempo total, 1,1 s, obtém-se 4,0 m s−1. 2 2 2
d) Velocidade média nula (o deslocamento 1 1 6. a) Da esquerda para a direita (sentido
= × m v 2. A energia dissipada é positivo do eixo x).
é nulo no final de uma volta completa). 4 2
e) Na parte retilínea a aceleração é nula. 3 1 b) Direção vertical (esta onda mecânica
Em – E 'm = × m v 2 = 0,75 Em. na corda é transversal).
Na parte circular, que demora 0,40 s 4 2
a ser percorrida, o módulo da aceleração Portanto, dissipou-se 75% da energia inicial. c) (A).
é ac = t 2 r = 31 m s–2. e) (D), pois representa um movimento d) Tomando como referência o ponto mais
retardado. Em (A) como a componente alto, vemos que em 1 s a onda percorreu
a / m s−2 escalar da aceleração é positiva, 0,20
20 cm. Logo v = = 0,20 m s−1. Em 10 s
a = 10 sin 30° = 5,0 m s–2, a concavidade 1
da parábola é para cima (o comprimento propaga-se s = v 6t = 0,20 × 10 = 2,0 m.
31
da rampa é 1,5 / sen 30° = 2,5 m e o tempo
para a percorrer é 1,0 s, como se obtém 2.1.2 Periodicidade temporal
1 e periodicidade espacial de
da equação das posições 2,5 = 5 t 2);
0,0 0,15 0,55 0,70 1,10 t / s 2 uma onda. Ondas harmónicas
em (B), x e t 2 são diretamente
41. a) Força gravítica à superfície da Terra: x 1 e ondas complexas
proporcionais: 2 = a = constante;
m mT t 2 7. a) (B). Todos os sinais são periódicos,
Fg = G ; força gravítica à superfície em (C) o declive da tangente ao gráfico sendo A harmónico. Esta representação
RT2 velocidade-tempo (componente escalar da do sinal em função do tempo (a qual não
m × 5mT aceleração) é constante e igual a 5,0 m s−2. representa a onda no espaço) permite
do novo planeta: Fg' = G . f) Metade da componente escalar da a leitura direta do período, T (e não da
(1,6 RT)2
aceleração (ver alínea anterior). frequência, que apenas se pode obter
Fg' 5 1
Logo = = 1,95. O peso de um corpo 43. Construindo um gráfico de pontos a partir de f = ).
Fg 1,62 de d em função de t2, e determinando T
a respetiva reta de regressão, obtém-se b) TA = 4 ms (um ciclo corresponde a
à superfície do planeta é cerca do dobro
y = 0,1738 x + 9 × 10–4: y representa a 4 divisões); TC = 8 ms (um ciclo
do peso à superfície da Terra.
distância percorrida, que é igual à posição corresponde a 8 divisões). Como TB = 8 ms
b) O módulo da velocidade angular do
da bola num referencial com origem no 1 1
2/ vem fB = = = 125 Hz: em cada
movimento em torno da estrela é t = = início do movimento e dirigido para baixo, TB 8 × 10–3
T
2/ e x representa o quadrado do tempo. segundo completam-se 125 ciclos como
= = 1,89 × 10–7 rad s–1. Como o movimento é uniformemente os representados.
385 × 24 × 3600
acelerado tem-se, nesse referencial, 8. a) (A). O sinal é harmónico descrito
A identificação da força gravítica com a 1
força centrípeta permite escrever m t 2 r = x = a t2, ou seja, x = 0,1738 t2 + 9 × 10–4, pela expressão y(t) = A sin (t t). Logo,
2 A = 8 × 10−2 m (neste caso a amplitude é
m mestrela t2 r 3 por isso o declive da reta é igual a metade
=G . Portanto, mestrela = = um deslocamento, por isso é expressa em
r 2
G 1 unidades de comprimento) e t = 24/ rad s−1
da aceleração: a = 0,1738; logo
2 t
(1,89 × 10–7)2 × (157,5 × 109)3 (portanto, f = = 12 Hz, frequência com
= = a = 0,348 m s–2. 2/
6,67 × 10–11 a qual todos os pontos oscilam).
= 2,09 × 1030 kg. 2.1 Sinais e ondas b) Passará também para o dobro. A frequência
42. a) i) O mesmo, dado que a energia de vibração de cada pequena porção da corda
mecânica se conserva: a energia cinética 2.1.1 Sinais e ondas. é igual à do sinal que produziu a onda.
no solo é a mesma nas duas situações pois Ondas transversais e ondas 9. A expressão genérica do sinal é
partiram da mesma altura, ou seja, com a longitudinais. Ondas mecânicas 10
y(t) = A sin (t t), com A = = 5,0 cm.
mesma energia potencial gravítica. e ondas eletromagnéticas. 2
ii) Em A, a resultante das forças coincide A passadeira avançou 20 cm durante uma
1. (D). oscilação do funil. Logo o período
com a componente do peso na direção
do movimento, Px, logo 2. (B). As ondas eletromagnéticas são s
de oscilação é T = e a frequência é
m g sin 30° transversais e, para além de meios v
a= = g sin 30°; na situação B materiais, também se propagam no vazio. v 6,0
m f= = = 30 Hz. A frequência
só atua o peso, logo a aceleração 3. a) A, C e E. b) B e D. c) C. d) A e E. s 0,20
é a aceleração gravítica. 4. (D). Há matéria do meio a oscilar, logo a angular é t = 2 / f = 60/ rad s–1.
iii) É igual pois Wp = m g h, sendo h onda é mecânica; a oscilação é na direção Portanto y(t) = 5,0 × 10–2 sin (60/ t)(SI).
o desnível entre a posição final e inicial, da propagação (logo a onda é longitudinal) 10. a) A = 3,0 × 10–2 m e t = 2 / f = 2 / × 8 =
e, neste caso, é o mesmo. cujo sentido é o do transporte de energia. = 16/ rad s–1. Logo, substituindo

227
em y(t) = A sin (t t), obtém-se 2.1.3 O som como onda de pressão Atividades laboratoriais
y(t) = 3,0 × 10–2 sin (16/ t) (SI).
b) Como v = h f e h = 0,10 m, a velocidade 16. a) Temporal. 20. a) Período: T = 4 × 0,20 = 0,80 ms;
é v = 0,10 × 8,0 = 0,80 m s–1. b) 4 × 1 ms = 4,0 ms = 4,0 × 10–3 s. a menor divisão da escala é 0,2 ms/5 =
= 0,04 ms; metade da menor divisão será
11. (C). Frequência: f = 10 Hz; período: 1 1
c) f = = = 2,5 × 102 Hz. 0,02 ms, por isso T = (0,80 ± 0,02) ms ‹
1 T 4,0 × 10–3 ‹T = (0,80 ± 0,02) × 10–3 s.
T = = 0,10 s; comprimento de onda
f d) Essa distância é o comprimento de onda: 1 1
(distância a que a onda se propaga num b) f = = = 1250 Hz.
h = v T = 340 × 4,0 × 10–3 = 1,4 m. T 0,80 × 10–3
período): h = 20 cm. Velocidade de e) (B). Se a amplitude de oscilação for Erro percentual:
propagação: v = h f = 2,0 m s–1. A separação maior, o som será mais intenso ou forte.
entre a abcissa de uma crista e a de um vale |valor mais provável – valor tabelado|
A frequência do diapasão é característica ×
é metade do comprimento de onda: 10 cm. do instrumento. valor tabelado
12. a) O período lê-se diretamente no 17. a) Essa distância é o comprimento |1250 – 1300|
gráfico: T = 0,2 s (intervalo de tempo de × 100 = × 100 = 3,8%.
v 340 1300
1 1 de onda: h = = = 0,773 m.
um ciclo); a frequência é f = = = 5 Hz. c) Amplitude do sinal: Umáx = 2 × 5 = 10 mV.
T 0,2 f 440
Frequência angular: t = 2 / f = 2500 / rad s–1.
O comprimento de onda é igual à distância b) (A). Ao fim de meio período a onda Logo U(t) = 1,0 × 10–2 sin (2,5 × 103 / t) (SI).
entre duas zonas consecutivas de h d) i) O sinal de menor amplitude
compressão da mola: h = (0,8 – 0,3) = 0,5 m. progrediu . Assim, onde existia corresponde ao captado pelo microfone
b) Supondo constante a velocidade 2
que foi movido. O som propaga-se do
de propagação da onda, como v = h f, compressão passou a existir rarefação. altifalante até ao microfone diminuindo
se a frequência passa para metade, c) (C). Como f ' < f, ou seja o novo som a sua intensidade; quanto mais se afastar
o comprimento de onda passa para é mais baixo, e dado que v = h f = h' f', o microfone da fonte sonora maior é a
o dobro: h = 1 m. logo h' > h. distância a que a onda sonora se propaga,
13. a) A distância entre A e B é igual a seis 18. a) Microfone. No osciloscópio distribuindo-se a sua energia por uma área
comprimentos de onda. Logo, o tempo de analisam-se sinais elétricos. O microfone maior e, em consequência, fica cada vez
propagação da onda de um ponto até ao é o dispositivo que transforma um sinal menor a sua amplitude.
outro é seis vezes o período. Portanto, sonoro (som) num sinal elétrico. ii) São iguais. A frequência da onda sonora
1,2 h b) (B). A imagem no osciloscópio informa é determinada pela fonte que produz o som.
T= = 0,20 s. De v = h f = obtém-se iii) O desfasamento em tempo entre os dois
6 T diretamente que a amplitude de A é maior
h = 4,0 × 0,20 = 0,80 m. do que a de B; informa ainda que o período sinais – por exemplo entre dois máximos –
de A é maior do que o de B, logo a corresponde ao tempo de propagação da
1 1 onda da posição inicial até à posição final
b) f = = = 5,0 Hz. O ponto B frequência de A é menor do que a de B.
T 0,20 c) O de maior frequência: B. do microfone. Este tempo corresponde a
(ou qualquer outro ponto) oscila com d) (C). Por um lado, TA = 4 6t e, por outro, meia divisão na escala horizontal: 0,5 ms.
a mesma frequência do ponto A. 2TB = 5 6t, sendo 6t a divisão da escala. iv) O intervalo de tempo 0,5 ms
14. a) A distância entre A e B é cinco vezes TA f corresponde a um quarto de período,
— 8 8
o comprimento de onda: AB = 5 h = 20,8 cm. Logo, = e, portanto, B = = 1,6. T = 2,0 ms (duas divisões da escala).
Logo, h = 4,16 cm. A velocidade é TB 5 fA 5 Nesse intervalo de tempo a onda
v = h f = 4,16 × 6,0 = 25 cm s–1. e) (B). Supondo a mesma velocidade de propagou-se a uma distância igual
b) Como v = h f e v é constante, a frequência propagação para as duas frequências, a um quarto de comprimento de onda:
e o comprimento de onda são inversamente de v = h f podemos concluir que h
= 17,10 cm ‰ h = 68,40 cm.
proporcionais. Se a frequência triplicar o f h 4
comprimento de onda (distância entre duas hB fB = hA fA ‰ hB = A hA = A .
fB 1,6 21. Relativamente ao intervalo de tempo
zonas escuras consecutivas) passará para medido, o valor médio é
um terço do valor inicial. Sendo a velocidade constante, o
comprimento de onda e a frequência 5,71 + 5,79 + 5,66
= 5,72 ms, pelo que
15. a) O gráfico permite a leitura do tempo são inversamente proporcionais. 3
correspondente a 1,5 ciclos, que é 50 ms. Como a frequência de B aumenta 1,6 vezes, 6t = (5,72 ± 0,07) ms. A velocidade é
50 × 10–3 o comprimento de onda de B diminui s 2,00
Ou seja, 1,5T = 50 × 10–3 ‰ T = v= = = 350 m s–1.
1,5 1,6 vezes. 6t 5,72 × 10–3
1,5 19. a) Som complexo: C (não é uma função 350 – 343
logo f = = 30 Hz. Se há 30 O erro percentual é × 100 =
50 × 10–3 sinusoidal). Som puro mais grave: o de 343
oscilações num segundo, num minuto menor frequência, ou seja, de maior = 2,0%.
haverá 30 × 60 = 1800 oscilações. período, que é B.
b) s = v × 6t = 3,0 × 30 = 90 m.
Questões globais
b) Sons puros: A e B. Como TB = 2TA, então
c) A expressão geral é y(t) = A sin (t t), s
hB = 2hA pois a velocidade é a mesma. 22. a) Como v = e a onda avança 0,5 m
sendo A = 9 cm = 0,09 m; frequência 6t
c) Sabe-se que TB = 2TA e vliq. = 3var.
angular: t = 2 / f = 2 × 30 / = 60 / rad s–1. 0,5
hA em 0,05 s, logo v = = 10 m s−1.
Então y(t) = 0,09 sin (60/ t) (SI). Logo, para A, var = e, para B, 0,05
d) Essa distância corresponde a 1,5 ciclos: TA b) Tem-se y(t) = A sin (t t), sendo A = 10 cm.
— v 3,0 hB hB Um ciclo completo é igual ao comprimento
AB = 1,5 h. Como h = = = 0,10 m, vliq. = = . Por isso vliq. = 3var ‹
f 30 TB 2TA v 10
— de onda: 4,0 m. A frequência f = = =
obtém-se AB = 0,15 m. h 4
e) Aumentando a frequência ou hB hA
‹ =3 ‹ hB = 6hA. = 2,5 Hz. A frequência angular é t = 2 / f =
a amplitude da sua oscilação. 2TA TA = 5 / rad s–1, então y(t) = 0,10 sin (5/ t) (SI).

228
c) (A). A frequência mantém-se, sendo a mesma direção e sentido. Além disso, 2.2.3 Indução eletromagnética
determinada apenas pela fonte. Mas como o campo elétrico aponta no sentido da linha
o meio passa a ser diferente (corda mais de campo. 15. (B). O fluxo é uma medida do número
fina) a velocidade de propagação também de linhas de campo que atravessam uma
7. a) As linhas de campo orientam-se das
é diferente, assim como o comprimento superfície – quanto maior for esse número
cargas positivas para as cargas negativas.
de onda. maior será o fluxo.
Portanto, Q1 > 0, Q2 < 0, Q3 > 0 e Q4 > 0.
23. a) (B). A frequência de A é maior b) Vetor 4, porque o campo é tangente às 16. Em geral, \ = B A cos _, com
(som mais agudo) do que a de B linhas de campo e aponta no sentido destas. A = 1,0 × 10−2 m2 e B = 2,0 × 10−2 T.
(som mais grave). As zonas de compressão Portanto, \ = 2,0 × 10–4 cos _.
8. a) (D). A linha de campo aponta da placa
correspondem a maior pressão. positiva para a placa negativa (em (C) e a) _ = 0° e \ = 2,0 × 10–4 Wb.
b) Do gráfico conclui-se que TB = 2TA. (D)) e o campo tem o mesmo sentido; a b) _ = 90° e \ = 0.
A distância entre duas zonas consecutivas força sobre o eletrão tem a mesma direção c) _ = 90° – 20° = 70° e
de máxima compressão é o comprimento mas sentido oposto, pois o eletrão tem \ = 2,0 × 10–4 cos 70° = 6,8 × 10–5 Wb.
de onda. Como h = v T e v é constante, carga negativa.
hB = 2 hA. 17. a) (D). Só na posição da situação (D)
1 1 b) Movimento retilíneo uniformemente
c) i) (C). O período do sinal é T = = = a espira não enlaça linhas de campo
retardado.
f 800 v0 magnético, pelo que o fluxo é nulo.
= 1,25 × 10–3 s. Um período corresponde b) O fluxo é \ = B A cos _, sendo _
a 5 divisões da escala. Portanto, cada o ângulo entre o campo B e o vetor
divisão é 1,25 ms/5, ou seja, 0,25 ms. P unitário perpendicular ao plano da espira.
ii) h = v T = 343 × 1,25 × 10–3 = 0,43 m. F Portanto, _ = 90° – 15° = 75°
24. a) Comprimentos de onda: hM = 6,0 m Como a força elétrica é constante, porque i) \espira = 6,0 × 10–6 = B × 8,0 × 10–4 cos 75° ‰
6,0 o campo elétrico é constante, pela Segunda ‰ B = 2,9 × 10–2 T. ii) \bobina = N \espira ‰
e hN = = 2,0 m. As frequências ‰\bobina = = 100 × 6,0 × 10–6 = 6,0 × 10–4 Wb
3 Lei de Newton também a aceleração
v é constante (movimento uniformemente (o fluxo aumentaria 100 vezes).
obtêm-se a partir de v = h f ‰ f = . \
h variado). Como a velocidade inicial tem c) Como \B = A então B A cos _B =
sentido oposto ao da força, inicialmente 2
340 340
Assim, fM = = 57 Hz e fN = = o movimento é uniformemente retardado, 1 cos _A
6,0 2,0 sendo no sentido da velocidade inicial = B A cos _A ‹ cos _B = .
2 2
= 1,7 × 102 Hz. Ambos os sons são audíveis (da direita para a esquerda).
porque as frequências são superiores 1
Como _A = 0°, cos _B = ‰ _B = 60°.
a 20 Hz e inferiores a 20 kHz. 2
hM fM
2.2.2 Campo magnético Este é o menor ângulo entre o campo
1
b) =3e = . 9. (D). As linhas de campo saem da magnético e a direção perpendicular ao
hN fN 3 plano da espira. Logo, o ângulo que o plano
extremidade correspondente ao polo norte
e entram pela extremidade correspondente da espira faz com a horizontal (direção do
2.2 Eletromagnetismo ao polo sul. Além disso, as linhas de campo campo) é 90° – 60° = 30°.
têm simetria em relação ao eixo que passa 18. (D). Para haver corrente induzida
2.2.1 Carga elétrica e campo elétrico
pelos polos. terá de existir variação temporal do fluxo
1. (D). A carga elétrica conserva-se. 10. (A). A agulha magnética alinha-se do campo magnético (e não do campo
2. Campo elétrico: volt por metro (V/m); com as linhas de campo e o seu polo norte magnético). Na situação (C) o fluxo é nulo
carga elétrica: coulomb (C). Numa região aponta no sentido do campo. (D) não é (a situação é parecida com a da figura 36).
onde exista campo elétrico este verdadeira pois no íman em ferradura Embora o campo varie, o fluxo
manifesta-se através de uma força que se (em U) o campo só é aproximadamente permanece nulo, logo constante,
exerce sobre uma carga elétrica aí colocada. uniforme entre as duas hastes. pois _ = 90° (as linhas de campo são
paralelas ao plano da espira).
3. (B). (ver p. 140). 11. a) A – polo norte; B – polo sul.
b) (B). Num íman em U o campo 19. Na situação III. Para haver corrente
4. a) De Q1 saem linhas de campo, pelo que
é aproximadamente uniforme entre induzida é necessário que ocorra variação
essa carga é positiva, e a Q2 chegam linhas
as duas hastes. temporal do fluxo do campo magnético.
de campo, pelo que essa carga é negativa.
Isso acontece em I e em II, mas não em III
Quanto aos módulos das cargas, |Q1| > |Q2| 12. O dinamarquês Oersted. Verificou que
já que as posições relativas do íman e do
pois a concentração das mesmas linhas de uma agulha de bússola se movia quando
circuito se mantêm (repouso relativo).
campo é maior perto de Q1 do que de Q2. estava próxima de um circuito e este era
b) Não, pois qualquer carga elétrica é ligado. Concluiu que a passagem de corrente 20. (B). Quanto mais rapidamente se agitar
sempre um múltiplo da carga elementar elétrica criava um campo magnético. a bobina, maior será a taxa de variação do
(carga do protão) e 245,4 não é um número 13. a) (D). O esquema II representa fluxo magnético e, consequentemente, a
inteiro. um campo uniforme – linhas de campo força eletromotriz induzida.
5. a) (C). Na zona de B há maior densidade paralelas e igualmente espaçadas. 21. (B). Para existir corrente é necessário
de linhas de campo do que na zona de A, O campo tem o sentido das linhas que haja variação de fluxo. Isso acontece
indicando que é em B que o campo é mais de campo e é mais intenso onde as linhas em todas as situações descritas, exceto
intenso. se adensam. na situação (B) em que o íman e o circuito
b) A força elétrica e o campo elétrico têm b) (C). O campo tem direção tangente à estão sempre na mesma posição relativa.
sempre a mesma direção. Como o eletrão respetiva linha de campo e o sentido desta.
22. a) O módulo do declive da reta é dado
tem carga negativa, a força sobre ele tem c) III. Fio perpendicular ao plano do papel;
sentido oposto ao do campo elétrico. o sentido da corrente elétrica aponta para |6\|
por , por isso é igual ao módulo
6. (D). O protão tem carga positiva, por isso cá do plano do papel (regra da mão direita). 6t
a força elétrica e o campo elétrico têm 14. I – B; II – C; III – A. da força eletromotriz induzida.

229
|6\|
b) Como |¡i| = , o módulo da força eletromotriz induzida no secundário e, micro-ondas. A atmosfera é transparente
6t portanto, não há corrente induzida. às ondas de rádio, a praticamente todas
eletromotriz induzida será tanto maior as micro-ondas, a uma pequena faixa de
quanto maior for a variação temporal do Questões globais infravermelhos, a toda a radiação visível
módulo do fluxo, uma vez que os intervalos e aos ultravioletas de menor frequência.
de tempo são iguais. i) [t3, t4], pois |6\| 29. (A). Inicialmente não há fluxo;
quando a espira entra na região onde A janela atmosférica na região das
é máximo; ii) [t1, t2], pois |6\| é nulo. radiofrequências permite a comunicação
existe campo, o número de linhas de
23. (C) e (D). Nos casos (A) e (B) o fluxo campo enlaçadas pela espira cresce, a longas distâncias.
não varia com o tempo (o número de linhas ou seja, o fluxo aumenta; em certo 5. (A). A percentagem da luz refletida e
de campo enlaçadas pela espira não se instante toda a espira está imersa transmitida depende, entre outros fatores,
altera). Nos outros dois casos, o ângulo no campo e o movimento do carrinho do ângulo de incidência e da frequência
entre o plano da espira e a direção do não faz alterar o fluxo que é máximo; da radiação.
campo varia, ou o próprio campo é variável, quando a espira começa a sair da zona
o que leva a uma variação do fluxo através de campo, o fluxo diminui até atingir
da superfície delimitada pela espira. o valor nulo quando a posição do carrinho
2.3.2 Reflexão da luz
24. (A). O transformador apenas altera é tal que já não há linhas de campo 6. a) (A). O ângulo de incidência
a tensão, sendo essa alteração função enlaçadas pela espira. (ângulo do raio incidente com a normal) é
dos números de espiras no primário 30. Para diminuir a energia dissipada por 90° − 65° = 25°. Como o ângulo de reflexão
e no secundário. efeito Joule, pois as linhas de transporte é também de 25°, o ângulo formado entre
têm resistência, R. A potência dissipada o feixe incidente e o refletido é 50° como
25. a) (B). b) (A). c) (C).
é dada por P = R I 2 , sendo I a corrente mostra a figura:
26. A corrente é calculada por ¡ = R I, elétrica na linha. Para minimizar a
por isso é necessário calcular, para cada dissipação diminui-se a corrente, já que
intervalo de tempo, a força eletromotriz o R é fixo. Como a potência fornecida
induzida e, portanto, a variação de fluxo à linha é constante, para diminuir
do campo magnético. a corrente aumenta-se a diferença de 25o 25o
O fluxo é \ = B A cos _ ; como \ potencial elétrico, uma vez que a potência
é máximo, para A e B fixos terá de ser é dada por P = U I.
_ = 0°. Portanto, \ = B A. 65o
31. A tensão no secundário é
O módulo da variação do fluxo é
|6\| = |Bf A – Bi A| = A|Bf – Bi| e o módulo Ns 150
Us = × Up = × 220 = 33 V. b) (B). A frequência é sempre a mesma
da força eletromotriz induzida vem Np 1000
quaisquer que sejam os fenómenos
|6\| |Bf – Bi| Sendo R = 3,0 1 a resistência do
|¡i| = =A . ondulatórios que ocorram. O feixe refletido
6t 6t secundário, a corrente neste é é menos intenso do que o incidente pois
Para o intervalo de tempo [0,00; 0,20]s: Us há sempre alguma absorção da superfície
33
|6,0 × 10–2 – 0| Is = = = 11 A. A potência, P = U I é, refletora.
|¡i| = 0,20 × 0,30 × = R 3,0
0,20 7. a) A figura mostra o trajeto do raio
então, P = 33 × 11 = 3,6 × 102 W. luminoso, o qual se obtém a partir das leis
= 1,8 × 10–2 V logo ¡ = R I ‹ 1,8 × 10–2 =
= 0,30 I ‹ I = 6,0 × 10–2 A. da reflexão: os ângulos i e r são iguais;
Para o intervalo de tempo [0,20; 0,40]s: os ângulos i' e r' são também iguais.
|¡i| = 0 pois o campo não varia, logo não há 2.3 Ondas eletromagnéticas
i 45o
corrente induzida. E1
2.3.1 Produção e propagação r
Para o intervalo de tempo [0,40; 0,80]s:
de ondas eletromagnéticas. 45o
|0 – 6,0 × 10–2| Espetro eletromagnético r’ i’
|¡i| = 0,20 × 0,30 × = 15o 15o
120o
0,40
1. (B). As ondas eletromagnéticas são E2
= 9,0 × 10–3 V logo ¡ = R I ‹ 9,0 × 10–3 =
= 0,30 I ‹ I = 3,0 × 10–2 A. produzidas naturalmente na natureza.
Mas depois dos trabalhos experimentais i' = 90° – (180° – 120° – 45°) = 75° = r'.
Up Us de Hertz, na década de 1880, o homem O raio refletido em E2 faz um ângulo
27. Usando = , encontra-se de 15° com esse espelho.
Np Ns passou a ser capaz de as produzir
artificialmente e de uma forma controlada. b) A frequência da luz refletida é igual
Np Up 230 v
= = = 46. O número de espiras 2. (B) – ver figura no quadro da página 164. à da luz incidente: f = , ou seja,
Ns Us 5 h
Note-se que em cada ponto do espaço
3,00 × 108
no primário é 46 vezes o número de espiras os campos elétrico e magnético estão f= = 4,62 × 1014 Hz.
no secundário. sempre a variar no tempo. 6,50 × 10–7

Up Us 3. (D). O albedo é a percentagem de


28. a) De = , substituindo valores radiação refletida (o albedo da Terra é 30%). 2.3.3 Refração da luz
Np Ns
NP 4 . A atmosfera é praticamente opaca aos c 3,00 × 108
50 8. a) n = = = 1,09 .
encontra-se Up = Us × = 15 × = 5 V. raios X, aos raios gama e aos ultravioletas v 2,76 × 108
Ns 150 de mais alta frequência (ou seja, à radiação
c c 3
b) O campo magnético produzido pela ionizante). Como esta não chega à Terra, a b) n = = = .
corrente contínua que percorre o primário vida desenvolveu-se tal como a conhecemos. v 2 2
c
não varia com o tempo. Como não há A atmosfera também é opaca a uma faixa 3
variação temporal do fluxo de campo significativa de frequências na banda dos 9. (A). Em geral, a velocidade de
magnético no primário, não há força infravermelhos e a uma pequena faixa de propagação da luz num meio depende

230
da sua frequência (exceto no vazio, em 15. a) Ângulo de incidência: Só ocorre reflexão total se o ângulo de
que a velocidade é a mesma e igual a c). i = 90° – 30° = 60°; ângulo de refração: incidência for superior a 48,7°; para um
c R = 90° – 55° = 35°. Da lei da refração, ângulo de incidência de 40° a luz passa
Como n = ‹ c = n v, o índice de refração
v sin 60° da água para o ar.
e a velocidade são inversamente n1 sin _ 1 = n2 sin _ 2 ‹ n2 = 1,00 × =
sin 35° 20. n1 sin _ 1 = n2 sin _ 2 ‹ n1 sin 30° =
proporcionais. = 1,5.
10. a) i) A luz vermelha tem maior b) i) Sendo n1 sin _ 1 = n2 sin _ 2 tem-se 3
= 1,00 sin 60° ‹ n1 = 1,00 × ×2=
velocidade. Como c = n v, a maior 1 2
n1 sin 60° = 3 n1 sin _ 2 ‹ sin _ 2 = , = 3 = 1,73.
velocidade corresponde ao menor índice 2
de refração. ii) A luz violeta é a que mais se _ 2 = 30°. O ângulo do raio refratado com Ângulo crítico: n1 sin _ crit. = n2 sin 90° ‹
desvia, pois é a que tem menor velocidade a superfície de separação dos meios n2 1,00
no vidro. Quanto maior for a diferença entre é 90° − 30° = 60°. ii) Como c = n v e v = h f, ‹sin _ crit. = = ‹ _ crit. = 35,3°.
então nI hI f = nII hII f ‹ nI hI = nII hII ‰ n1 1,73
as velocidades de propagação nos dois
meios maior é o desvio da luz. hI nII Ocorre reflexão total para ângulos de
b) A velocidade propagação no ar é ‰ = = 3. incidência superiores a 35°.
hII nI
c c 21. a) Pelo ângulo crítico: n1 sin _ 1 =
var = e no vidro é vvidro = ; c) Como c = n v então nI vI = nII vII ‹
nar nvidro = n2 sin _ 2 ‹ 1,513 sin 60° = n2 sin 90° ‹
vI vI
var vvidro ‹nII = nI = nI = 1,25nI . ‹n2 = 1,3.
v
como f = tem-se f = = ‹ vII 0,80vI b) III. O ângulo de incidência na face AC
h har hvidro
Lei da refração: n1 sin _ 1 = n2 sin _ 2 ‹ é 45°, que é inferior ao ângulo crítico,
c c
‹var hvidro = vvidro har ‹ h = h ‹ ‹n1 sin 60° = 1,25n1 sin _ 2 ‹ por isso ocorre refração nessa face.
nar vidro nvidro ar Como a luz passa para um meio com
sin 60°
nar 1,00 ‹sin _ 2 = = 0,693 ‹ _ 2 = 44°. menor índice de refração, afasta-se da
‹ hvidro = har ‹ hvidro =
× 420 × 1,25
nvidro 1,532 normal no ponto de incidência, logo só pode
d) Como a frequência é constante e dada
× 10–9 = 274 × 10–9 m ou 274 nm. ser a trajetória III. Os raios I e II podem ser
3 excluídos porque os ângulos de reflexão
11. (C). Para a luz se aproximar da normal, hI
v vI vII 4 vII na face AC seriam diferentes de 45°.
nI < nII e, consequentemente, vI > vII, por f = tem-se = ‰ = .
h hI hII hI vI 22. a) Consideremos primeiro a passagem
pois, como c = n v, velocidade e índice de
refração são inversamente proporcionais. 3 da luz do ar para o núcleo da fibra:
Logo, vII = vI. A redução percentual n1 sin _ 1 = n2 sin _ 2 ‹ 1,00 sin 50° =
12. a) Pela lei da refração, n1 sin _1 = 4
vI – vII = 1,50 sin _ 2 ‹ _ 2 = 31°. O ângulo de
= n2 sin _2 ‹ 1,00 sin 24,0° = n2 sin 16,0° ‹ da velocidade é × 100 (%) = 25%. refração é 31°. O ângulo de incidência no
c c vI
‹ n2 = 1,476. De v = , obtém-se v = = interior da fibra, no interface núcleo-casca,
n n 16. a) (A). Como nB > nA, pois o raio
vai ser i' = 90° − 31° = 59°.
refratado aproxima-se da normal, então
3,00 × 108
= = 2,03 × 108 m s–1. vB < vA pois c = n v (n e v são inversamente
1,476 31o
v 50o 59o
b) (B). Os desvios na interface ar-vidro proporcionais); e como f = , v e h são
h
e vidro-ar são tais que a direção do raio diretamente proporcionais pois f é
R
emergente do paralelepípedo é a do raio constante; logo também hB < hA.
incidente. Por considerações geométricas,
b) (B). Pela lei da refração, n1 sin _ 1 = Ângulo crítico na superfície núcleo-casca
verifica-se que os dois raios são paralelos.
da fibra: n1 sin _ crit. = n2 sin 90° ‹ sin _ crit. =
= n2 sin _ 2 ‹ n1 2 sin _ 2 = n2 sin _ 2 ‹
n2 1,30
‹n2 = 2 n1 ou nB = 2 nA. Como c = n v = = ‹ _ crit. = 60,1°. Como o ângulo
i n1 1,50
e v = h f, pode-se escrever nA hA f = nB hB f ‹
de incidência é 59°, inferior a 60,1°, não há
hA nB nA 2 reflexão total (há refração e reflexão na
‹ = = 2 . Logo = . superfície de separação núcleo-casca).
i’ hB nA nB 2
R i’ = R
b) Para um ângulo de incidência, na
fronteira núcleo-casca, igual ao ângulo
2.3.4 Reflexão total da luz
crítico, o correspondente ângulo de
R’ = i 17. (D). Para ocorrer reflexão total é refração na entrada do feixe na fibra
R’
necessário que nA > nB (logo, vA < vB) (fronteira ar-núcleo) é 90° − 60,1° =
e que o ângulo de incidência seja superior = 29,9°. O correspondente ângulo de
13. (C). O feixe refratado tem menor
ao ângulo limite (ou crítico). incidência, _ 1, é: n1 sin _ 1 = n2 sin _ 2 ‹
intensidade pois parte da luz é refletida
18. a) (B). O índice de refração do segundo ‹1,00 sin _ 1 = 1,50 sin 29,9° ‹
ou absorvida na superfície de separação
meio tem de ser inferior ao do primeiro. ‹sin _ 1 = 0,748 ‹ _ 1 = 48,4°.
dos meios. Como há mudança de
Apenas para ângulos de incidência
velocidade de propagação da luz e b) n1 sin _ crit. = n2 sin 90° ‹
na fibra inferiores a este ângulo é que
a frequência se mantém, o comprimento n2 1,00
‹sin _ crit. = = ‹ _ crit. = 41,8°. há reflexão total na fibra.
de onda terá de variar.
n1 1,50
c
14. (B). Sendo n = pode-se escrever Ocorre reflexão total para ângulos de 2.3.5 Difração da luz
v
incidência superiores a 41,8°.
nI vI = nII vII. Como v = h f e a frequência é 23. (B). Em geral, a difração ocorre sem
constante tem-se nI hI f = nII hII f ‹ nI hI = nII hII. 19. n1 sin _ crit. = n2 sin 90° ‹ que a onda se propague num novo meio,
1 1 n2 1,00 por isso a velocidade da onda difratada
Se nII = 2nI, então hII = hI e vII = vI. ‹sin _ crit. = = ‹ _ crit. = 48,7°.
2 2 n1 1,33 é igual à da onda inicial, assim como o

231
comprimento de onda pois v = h f e f (no satélite ou na Terra) tem de estar em da evolução, foi possível os eletrões
é constante. linha de vista com o emissor (na Terra ou juntarem-se a protões formando átomos
24. (D). O fenómeno da difração ocorre no satélite). de hidrogénio (em menor quantidade,
quando a onda encontra obstáculos ou 31. Os comprimentos de onda formaram-se também átomos de hélio).
aberturas, mas só se torna notório se as correspondentes às frequências-limite são: Após esse processo a radiação, passou
dimensões dessas aberturas ou obstáculos a poder propagar-se quase livremente,
c 3,00 × 108 c ocupando todo o espaço, incluindo a
forem comparáveis (dentro de algumas h1 = = = 566 m, h2 = =
f 530 × 103 f radiação emitida quando os primeiros
ordens de grandeza) ao comprimento de
onda da onda. átomos se formaram. Esse espaço
3,00 × 108
= 500 m, para a primeira das passou a ser cada vez maior à medida
25. (A). As ondas referidas nas restantes 600 × 103 que o Universo continuou a expandir
opções têm comprimentos de onda várias
c 3,00 × 108 e a radiação chegou aos dias de hoje
ordens de grandeza menores do que as bandas e h3 = = = 3,4 m,
f proveniente de todas as direções:
dimensões típicas de obstáculos onde 88 × 106
é a radiação cósmica de fundo.
ondas de rádio e micro-ondas difratam.
Já os comprimentos de onda dos sons c 3,00 × 108 38. (C). O redshif nos espetros das
h4 = = = 2,78 m, para a
são dessa escala (metro ou inferior). f 108 × 106 galáxias distantes é uma prova importante
mas não é a única. A existência da radiação
26. O comprimento de onda é dado por segunda banda. A primeira banda tem
cósmica de fundo é outra prova que
c 3,00 × 108 maiores comprimentos de onda, pelo que
h= = = 300 m. Os objetos sustenta a teoria do big bang.
f as ondas contornam obstáculos e chegam
1 × 106
às antenas recetoras mesmo que estas
à nossa escala e as montanhas e vales são não estejam em linha de vista. São pouco
facilmente contornados por estas ondas Atividades laboratoriais
absorvidas no ar mas podem ser refletidas vvidro
(as suas dimensões são comparáveis, na atmosfera, sendo depois reenviadas 39. a) De c = n v conclui-se que =
dentro de algumas ordens de grandeza, para a Terra. Por isso podem propagar-se var
ao comprimento de onda). a grandes distâncias, usando poucas nar 1,000
27. O comprimento de onda da onda = ‰ vvidro = 3,00 × 108 × =
antenas retransmissoras. No entanto, nvidro 1,460
v 343 não podem transportar uma quantidade
sonora é h = = = = 2,05 × 108 m s–1.
f 3000 tão grande de dados. A segunda banda 2,00
tem menores comprimentos de onda, mas b) Ângulo de refração: tan _ 2 = =
= 1,14 × 10–1 m = 11,4 cm. Uma fenda 5,00
com cerca de 1 cm de largura (cerca de as ondas continuam a difratar facilmente.
= 0,40 ‰ _ 2 = 21,80°. Como n1 sin _ 1 =
dez vezes menor do que o comprimento [Estas ondas são usadas nas emissões
= n2 sin _ 2 ‹ 1,000 sin _ 1 =
de onda) ou maior já permite uma boa de rádio em FM.]
= 1,460 sin 21,80° ‹ _ 1 = 32,8°.
difração da onda. Se a fenda for mais c) i) Segundo as Leis da Reflexão, o ângulo
larga a difração continua a ocorrer junto de reflexão é igual ao ângulo de incidência.
2.3.6 Efeito Doppler
às bordas. Dentro da incerteza experimental inerente
28. Às mais baixas frequências do espetro 32. a) Quando há aproximação, a frequência à medição dos ângulos, que é de 0,1°,
eletromagnético correspondem os maiores do som recebido aumenta (som fica mais a igualdade anterior é verificada pelos
comprimentos de onda. Com comprimentos agudo); quando há afastamento a frequência valores apresentados na tabela. ii) A lei da
de onda comparáveis às dimensões dos diminui (som fica mais grave). refração permite escrever n1 sin _ 1 =
objetos e ao relevo do terreno (dentro de b) São iguais pois não há movimento nacrílico
= n2 sin _ 2 ‹ sin _ 1 = sin _ 2 ‹
algumas ordens de grandeza), as ondas relativo, é como se estivessem em repouso nar
difratam bem e isso torna possível a um em relação ao outro. A alteração da
‹sin _ 1 = nacrílico/ar sin _ 2 , que é do tipo
comunicação entre pontos que não frequência só ocorre quando há movimento
y = m x sendo y o seno do ângulo de
estejam em linha de vista. Mas as ondas relativo entre o emissor e o recetor.
incidência, x o seno do ângulo de refração
de baixa frequência têm a desvantagem 33. Reflexão e efeito Doppler. e m o declive da reta que dá o índice de
de não poderem ser usadas no transporte
34. (A). A e C estão em repouso relativo: refração do acrílico em relação ao ar.
de grandes quantidades de dados.
fc = f ; B aproxima-se de A: fB > f .
29. a) Vemos a luz visível produzida no sin ն1

interior do forno porque ela se refrata no 35. Espetro B. As galáxias distantes estão 1,000
0,900
vidro da rede da grelha frontal. a afastar-se umas das outras (e a nossa 0,800 y = 1,4654 x − 0,0027
0,700
b) O comprimento de onda das micro-ondas a afastar-se dessas) pois o Universo está 0,600
0,500
em expansão. Por isso as linhas espetrais 0,400
c 3,00 × 108 sobrem desvio para as menores 0,300
éh= = = 1,22 × 10–1 m = 0,200
f 2,45 × 109 frequências, ou seja, para o vermelho 0,100

= 122 mm. Este comprimento de onda é (redshift), o equivalente ao efeito Doppler. 0,000 0,100 0,200 0,300 0,400 0,500 0,600 0,700 sin ն2

bastante maior do que os orifícios da grelha Na imagem B as linhas espetrais estão


(cerca de 1 mm) pelo que praticamente não desviadas no sentido dos maiores O declive da reta é 1,47, por isso nacrílico/ar = 1,47.
difrata (a radiação de micro-ondas fica comprimentos de onda, ou seja, para o |1,47 – 1,46|
confinada ao interior do forno). vermelho, relativamente a A. Portanto, Erro percentual: × 100 (%) =
B corresponde ao espetro do elemento 1,46
30. Na comunicação via satélite usam-se = 0,68%.
químico da galáxia.
micro-ondas de frequências mais altas d) Ângulo crítico: nacrílico sin _ crit. =
porque estas permitem o transporte de 36. (C). Há deslocamento do espetro
de absorção para o azul, blueshift nar
uma maior quantidade de dados; além = nar sin 90° ‹ sin _ crit. = sin 90° ‹
disso as micro-ondas são pouco absorvidas (maior frequência, logo há aproximação). nacrílico
ou refletidas na atmosfera, não sofrendo 37. À medida que o Universo expandiu, 1
‹ sin _ crit. = sin 90° ‹ _ crit. = 42,9°.
difração apreciável. Mas o recetor foi arrefecendo e, em certo momento 1,47

232
c 3,00 × 108 c
40. a) A difração da luz caracteriza-se ‹_ 2 = 30,3°. iii) vvidro = = = b) (D). Como n = para quaisquer meios,
pelo seu espalhamento por um obstáculo nvidro 1,518 v
ou fenda de dimensão comparável = 1,98 × 108 m s–1. iv) Como a frequência é 4
nI vI = nII vII ‰ vI =
v . Como a velocidade
(dentro de algumas ordens de grandeza) ao var vvidro 5 II
comprimento de onda. O fenómeno ocorre constante, tem-se: f = = ‹
har hvidro e o comprimento de onda são diretamente
para qualquer onda e não só para a luz. proporcionais pois v = h f e f é constante,
b) A difração não é notória pois a dimensão vvidro 1,976 × 108
‹ hvidro = har = 560 × 10–9 × = 4
da fenda (1 mm) é várias ordens de grandeza var 3,00 × 108 então obtém-se a mesma relação hI = hII.
maior do que o comprimento de onda da 5
= 369 × 10–9 m = 369 nm. 47. a) De v = h f podemos escrever
luz: h = 5,89 × 10–7 m << 1 × 10−3 m.
c) Espaçamento entre ranhuras: f1 h2
c c c 1 c a equação h1 f1 = h2 f2 ‰ = =
20,0 × 10–3 m b) (C). Como n = = = × e tem f2 h1
d= = 3,33 × 10–6 m = 3,33 +m. v hf f h f
6000 10,60 × 103
valor fixo para uma dada luz monocromática, = , sendo 2 o laser de CO2 e 1
d) A expressão dada pode ser escrita na n e h são inversamente proporcionais. 633
h c) Não. Para haver reflexão total é f1
forma sin e = n . Para n = 0, sin e = 0 e o de hélio-néon. Portanto = 16,7.
d necessário que a luz provenha de um f2
e = 0° (o máximo é central); para n = 1, meio com maior índice de refração c
do que o outro meio. Ora, a situação b) Como n = para quaisquer dois
5,89 × 10–7 m hf
sin e = = 0,177 e e = 10,2°. presente é a contrária, nar < nvidro.
3,33 × 10–6 c
44. a) (A). O feixe de luz aproxima-se da meios e é constante, podemos escrever
d 3,33 × 10–6 f
e) h = sin e = sin 21,9° = normal quando passa para um meio de
2 2 nI hII
–7
maior índice de refração e afasta-se quando nI hI = nII hII ‰ = . Sendo o meio I o
= 6,21 × 10 m = 621 nm. Erro percentual: passa para um meio de menor índice de nII hI
|621 – 589| hI
× 100 (%) = 5,43%. refração. Os desvios serão tanto maiores ar (nI = 1) e II o humor aquoso, nII = =
589 quanto maiores forem as diferenças entre hII
os índices de refração. Logo n2 > n1 > n3 633
41. a) (D). = = 1,34. A velocidade de propagação
(2 – vidro; 1 – acrílico; 3 – água). Por isso 747
b) Espaçamento entre ranhuras: será acrílico-vidro-água. c 3,00 × 108
év= = = 2,25 × 108 m s–1.
1 × 10–3 m b) Como nágua < nacrílico < nvidro então nII 1,335
d= = 3,33 × 10–6 m.
589 vvidro < vacrílico < vágua, pois n e v são c) Os lasers têm comprimentos de onda
O ângulo e é obtido a partir da sua inversamente proporcionais uma vez que cujo valor é 103 a 104 vezes maior que
1,9 c = n v e c é constante. 1 nm, a distância típica de separação
tangente: tan e = = 0,19 ‰ e = 10,8°. c) Ângulo crítico: nvidro sin _ crit. = entre os átomos. Por isso a difração já
10,0
nágua não é muito notória, não sendo esta luz
Substituindo em n h = d sin e para n = 1 =nágua sin 90° ‹ sin _ crit. = sin 90° ‹ apropriada para este efeito. [Para se
vem h = 3,33 × 10–6 sin 10,8° = nvidro
«verem» átomos no cristal deve usar-se
= 6,24 × 10–7 m = 624 nm. Erro percentual: 1,33
‹sin _ crit. = ‹ _ crit. = 61,0°. luz de muito menor comprimento de onda,
|624 – 532| 1,52
× 100 (%) = 17,3%. Este erro como os raios X. O comprimento de onda
532 deve ser comparável ao da separação entre
Como 50° < 61,0° não ocorre reflexão total.
percentual elevado indica baixa exatidão. os átomos (desejavelmente menor ainda).]
45. a) (B). Como nvidro < nglicerina, e a luz
42. Aumentado o número de ranhuras
provém da glicerina (meio com maior
por milímetro, a sua separação, d, diminui.
Como n h = d sin e, para n = 1 vem
índice de refração), o feixe de luz afasta-se Teste Final
da normal no ponto de incidência.
h = d sin e; como o comprimento de onda Grupo I
c c c
é fixo, o produto h = d sin e é constante. b) Tem-se n = = ‹ n h = que é 1. a) Cobertura transparente: radiação;
Portanto, se d diminuir, sin e deverá v hf f
placas coletoras: radiação e condução; tubo
aumentar e, consequentemente, constante, por isso nvidro hvidro = de aquecimento: condução; água: convecção.
aumentará o ângulo e. Se L for a distância hvidro nglicerina b) Porque uma superfície negra absorve o
da rede de difração ao alvo e a a distância = nglicerina hglicerina ‰ = = máximo de radiação visível que nela incide.
do máximo central ao máximo de primeira hglicerina nvidro
c) (C).
a 1,90 2. a) A grandeza é a condutividade térmica.
ordem, temos tan e= . Se o ângulo = = 1,27.
L 1,50 A lã de rocha é melhor isolador térmico,
aumentar a sua tangente também c) Ângulo crítico: nglicerina sin _ crit. = ou seja, tem menor condutividade térmica,
aumentará e, como L é constante, a vai nvidro por isso foi o material escolhido.
aumentar também. Portanto, a separação = nvidro sin 90° ‹ sin _ crit. = sin 90° ‹ b) A energia útil necessária ao aquecimento
entre o máximo central e o máximo de nglicerina é Eútil = m cágua 6T ‹Eútil = 150 × 4,18 × 103 ×
ordem 1 no alvo aumenta. 1,50 × 35,0 = 2,195 × 107 J. Pelo rendimento
‹sin _ crit. = ‹ _ crit. = 52,1°.
1,90 obtém-se a energia que deve ser fornecida:
Questões globais Eútil 2,195 × 107
46. a) (C). O ângulo de incidência é d(%) = × 100 ‹ Eforn = ×
90° − 35° = 55° e o ângulo de reflexão Eforn 45
43. a) i) O ângulo de incidência é 90° − 40°=
também tem este valor. Ângulo de × 100 = 4,877 × 107 J. Da expressão da
= 50°, que é também o ângulo de reflexão.
ii) Do gráfico obtém-se o índice de refração sin _ 1 n2 4 E
refração: = = ‹sin _ 2 = irradiância obtém-se a área: Er = ‹
para o comprimento de onda dado: sin _ 2 n1 5 A6t
nvidro = 1,518. Ângulo de refração: n1 sin _ 1 = = 1,25 sin _ 1. Logo o ângulo de refração Eforn 4,877 × 10 7
‹A = = = 8,1 m2.
n2 sin _ 2 ‹ 1,000 sin 50° = 1,518 sin _ 2 ‹ é maior do que o ângulo de incidência. Er6t 240 × 7,00 × 3600

233
c) (D). O instante de chegada ao solo pode Grupo II
3. a) (B). [Um maior índice de refração, ser obtido analiticamente a partir 1. a) hq = (220,00 ± 0,05) × 10–2 m.
n, significa uma menor velocidade de da equação x(t) = 0, obtendo-se t = 0,48 s
b)
propagação e implica uma aproximação (a outra raiz é negativa e não tem 180
160 y = 0,6949 x − 0,0846
à normal na passagem da luz do ar para significado físico). 140
120

hr / cm
o vidro (nvidro > nar)]. ii) Não, pois a aceleração gravítica não 100
depende da massa dos corpos. 80
b) A velocidade da luz no ar é 60
aproximadamente igual à sua velocidade iii) (A). [A equação das velocidades é 40
20
no vazio, c. No ar, c = har f e, no vidro, v(t) = –8,0 – 10,0 t (SI) e a energia cinética
0 50 100 150 200 250
vvidro = hvidro f, pois a frequência é a mesma. em função do tempo é a seguinte função hq / cm
c vvidro 1
Portanto, vvidro = hvidro ‰ hvidro = har . quadrática: Ec (t) = m (8,0 + 10,0 t)2 (SI)]. A equação obtida permite escrever
har c 2
har hr = 0,6949 hq – 8,46 × 10–2 (cm).
c c) (A).
Como nvidro = , conclui-se hvidro = = Substituindo o valor da altura de queda
vvidro nvidro 6. a) Da expressão do rendimento, por 200 cm obtém-se para a altura
400 Eútil de ressalto 139 cm.
= = 261 nm. d(%) = × 100, e de E = P × 6t,
1,532 Eforn c) A energia cinética com que a bola chega
c) O ângulo limite, _ lim, obtém-se da ao solo é Ec = m g hq e a energia cinética
obtém-se a energia útil: Eútil = 0,80 × P × 6t = com que sai do solo é E 'c = m g hr. Portanto,
Lei de Snell: n1 sin _ lim = n2 sin 90° ‹ = 0,80 × 1800 × 10 × 60 = 8,64 × 105 J. E 'c hr
1,00 1,00 Como 1 kW h = 1000 W × 3600 s = = . A fração de energia cinética
‹sin _ lim = = = 0,6592. Ec hq
n1 1,517 8,64 × 105
= 3,6 × 106 J, a energia foi = 6E c E c – E 'c
Daqui resulta _ lim = 41,2°. A reflexão total perdida em relação a Ec é = =
3,6 × 106 Ec Ec
ocorre para ângulos de incidência na
hq – hr
superfície vidro-ar superiores a 41,2°. = 0,24 kW h. Como P = U I, a corrente é = . Para o primeiro ressalto, usando
d) (C). hq
P 1800 6E c
I= = = 7,83 A. 220 – 148
4. a) Parte dessa radiação solar é refletida e U 230 os dados da tabela, = =
uma outra parte é absorvida pela atmosfera. Ec 220
Ao solo chega apenas uma fração da b) São usados transformadores. = 0,33. A energia perdida foi 33%.
energia que atinge o topo da atmosfera. O transporte da corrente elétrica, 2. a) Sentido de cima para baixo.
b) Incerteza relativa percentual: das centrais até aos locais de consumo, A componente escalar da velocidade
2 faz-se em linha de alta tensão. é inicialmente nula e toma depois
× 100(%) = 0,15%. Portanto, A tensão é inicialmente elevada e
1367 valores positivos, o que significa que o
a constante solar é 1367 W m–2 ± 0,15%. depois é baixada. Na linha de transporte sentido positivo do eixo é o do movimento
c) Pela Segunda Lei de Newton FR = m a e parte da energia é dissipada por efeito inicial, o de cima para baixo, pois a bola
como o movimento é circular uniforme fica Joule, sendo a potência dissipada dada é deixada cair.
por P = I R 2, em que R é a resistência b) (B). Cerca dos 0,4 s a velocidade
2/ 2
冢 冣
v2 (t r)2
FR = m =m = m r t2 = m r ; elétrica da linha e I a corrente que começa a diminuir em módulo; um pouco
r r T nela circula. Diminuindo a corrente, antes de 0,5 s anula-se (há inversão de
a única força que atua sobre o satélite minimiza-se a dissipação. Como a sentido) e, a partir daí, em módulo, começa
é a força gravítica dada pela expressão potência fornecida pelo gerador a aumentar – a bola começa a subir.
mm é constante e igual a P = U I, para Abandona o solo um pouco depois de 0,5 s
da Lei da Gravitação: Fg = G T2 ; igualando
r diminuir a corrente I tem de se aumentar e, a partir daí, o movimento passa a ser
mm a diferença de potencial elétrico U. uniformemente retardado. Após a colisão
as duas expressões tem-se G T2 = c) i) Campo magnético uniforme. com o solo, a bola sobe, movendo-se no
r
G mT T 2 ii) Como o fluxo de um campo magnético sentido arbitrado como negativo; assim,
m 4 /2 r a componente escalar da sua velocidade,
= 3
, ou ainda r = ‰ B através de uma superfície plana de
T2 4/ 2 área A delimitada pela espira é dado por nesse instante, é negativa.
G mT T 2 \ = B A cos _, o máximo ocorre para c) A fração de energia cinética dissipada
‰r = 3 . Como o período é um dia,
4/ 2 _ = 0°. O ângulo _ é formado pelo campo 6E c E c – E 'c
e pela normal ao plano. Logo, o máximo (portanto, perdida) é = =
T = 24 h = 8,64 × 104 s. Então, Ec Ec
fluxo obtém-se quando o plano da espira v 2 – v'2
3
6,67 × 10–11 × 5,97 × 1024 × (8,64 × 104)2 for perpendicular ao campo magnético. = , sendo v o módulo da velocidade
r= = v2
4 × 3,142 iii) Indução eletromagnética. quando atinge o solo e v ' o módulo da
= 42,23 × 106 m. A altitude é h = r – RT = velocidade quando abandona o solo.
|6\|
= (42,23 – 6,37) × 106 = 35,9 × 106 m. iv) Como |¡i| = , quanto menor for o A leitura do gráfico permite concluir que
6t
5. a) (D). se tem aproximadamente v = 3,8 m s−1
o intervalo de tempo em que ocorre a 6E c
b) No início x0 = 5,0 m; v0 = – 8,0 m s–1.
variação do fluxo, que se dá quando e v ' = 3,0 m s−1. Portanto, =
i) A equação do movimento é x(t) = Ec
é maior a frequência com que roda
= 5,0 – 8,0t – 5,0t 2 (SI). 3,82 – 3,02
a espira, maior é o módulo da força = = 0,377. Em percentagem 38%.
6,0 eletromotriz. Como |¡i| = R Ii e a resistência 3,82
5,0 da lâmpada é constante, quanto maior d) v(0) = 0 e v(0,4) = 3,8 m s−1. Portanto,
x/m

4,0
3,0 for a força eletromotriz maior será a 3,8
de v(t) = g t pode obter-se g = = 9,5 m s–2.
2,0 corrente induzida. Por isso a intensidade 0,4
1,0 será tanto maior quanto maior for Este valor é próximo de 9,8 m s−2. O erro
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 a frequência com que roda a espira: |9,5 – 9,8|
t/s 40 Hz. percentual é × 100 (%) = 3,1%.
9,8

234
METAS CURRICULARES

Domínio: Mecânica
Subdomínio

Tempo, posição e velocidade


Objetivo geral: velocidade média nesse intervalo de tempo e o
1. Compreender diferentes descrições do movimento usando movimento terá de ser retilíneo.
grandezas cinemáticas.
1.9 Associar o valor positivo ou negativo da compo- p. 23
1.1 IIdentificar a posição de uma partícula num pp. nente escalar da velocidade ao sentido positivo
referencial unidimensional. 13, 14 ou negativo num movimento retilíneo.
1.2 Medir posições e tempos em movimentos retilí- p. 17 1.10 Determinar a componente escalar da veloci- p. 23
neos reais recorrendo a sistemas de aquisição dade média a partir de gráficos posição-tempo
automática de dados e interpretar os respeti- de movimentos retilíneos.
vos gráficos posição-tempo.
1.11 Associar a componente escalar da velocidade p. 24
1.3 Descrever um movimento retilíneo a partir de pp. num dado instante ao declive da reta tangente à
um gráfico posição-tempo. 15, 16 curva no gráfico posição-tempo nesse instante.
1.4 Definir deslocamento, distinguindo-o de dis- pp. 1.12 Interpretar como varia a componente escalar da pp.
tância percorrida sobre a trajetória (espaço 18, 19 velocidade a partir de gráficos posição-tempo 24, 25
percorrido), e determinar a sua componente de movimentos retilíneos.
escalar num movimento retilíneo.
1.13 Descrever um movimento retilíneo a partir de pp.
1.5 Definir velocidade média, distinguindo-a de pp. um gráfico velocidade-tempo. 24, 25
rapidez média, e determinar a sua componente 20, 21
1.14 Classificar movimentos retilíneos em unifor- pp.
escalar num movimento retilíneo. 22, 24,
mes, acelerados ou retardados a partir da varia-
1.6 Indicar que num movimento se pode definir p. 22 ção dos módulos da velocidade num intervalo 26
velocidade em cada instante e associá-la a de tempo, ou da representação vetorial de velo-
uma grandeza vetorial que indica a direção e cidades ou de gráficos velocidade-tempo.
o sentido do movimento e a rapidez com que o
1.15 Determinar a componente escalar de um des- p. 27
corpo está a mudar de posição.
locamento ou uma distância percorrida sobre a
1.7 Representar o vetor velocidade em diferentes p. 22 trajetória, para movimentos retilíneos, a partir
instantes em trajetórias retilíneas e curvilíneas. de gráficos velocidade-tempo.
1.8 Concluir que se a velocidade for constante p. 23 1.16 Associar um gráfico velocidade-tempo ao cor- pp.
num dado intervalo de tempo, ela será igual à respondent e gráfico posição-tempo. 26, 28

Subdomínio

Interações e seus efeitos


Objetivo geral: 2.6 Identificar e representar as forças que atuam p. 45
2. Compreender a ação das forças, prever os seus efeitos em corpos em diversas situações, incluindo os
usando as leis de Newton da dinâmica e aplicar essas leis pares ação-reação.
na descrição e interpretação de movimentos.
2.7 Identificar um corpo em queda livre como p. 51
2.1 Associar o conceito de força a uma interação p. 38 aquele que está sujeito apenas à força gravítica,
entre dois corpos. designando-o por «grave».
2.2 Identificar as quatro interações fundamentais pp. 2.8 Identificar a variação de velocidade, em módulo ou pp.
na natureza e associá-las a ordens de grandeza 38-41 em direção, como um dos efeitos de uma força. 46, 47
relativa dos respetivos alcances e intensidades.
2.9 Associar o efeito da componente de uma força p. 47
2.3 Enunciar e interpretar a Lei da Gravitação pp. que atua num corpo, segundo a direção da velo-
Universal. 42, 43
cidade, a alteração do módulo da velocidade,
2.4 Relacionar as forças que atuam em corpos em pp. aumentando-o ou diminuindo-o.
interação com base na Terceira Lei de Newton. 44, 45
2.10 Associar o efeito da componente de uma força p. 47
2.5 Associar o peso de um corpo à força de atração p. 44 que atua num corpo, segundo a direção perpen-
gravítica exercida pelo planeta onde o corpo se dicular à velocidade, à alteração da direção da
encontra, identificando o par ação-reação. velocidade.

235
METAS CURRICULARES

2.11 Determinar a componente escalar da aceleração pp. 2.24 Indicar o contributo de Galileu para a formula- p. 58
média num movimento retilíneo a partir de com- 48, 49, ção da Lei da Inércia e relacioná-lo com as con-
ponentes escalares da velocidade e intervalos 52, 53 ceções de movimento de Aristóteles.
de tempo, ou de um gráfico velocidade-tempo, e
resolver problemas que usem esta grandeza. AL 1.1 Queda livre: força gravítica e aceleração
2.12 Associar a grandeza aceleração ao modo como p. 50
da gravidade
Objetivo geral:
varia instantaneamente a velocidade.
Determinar a aceleração da gravidade num movimento de
2.13 Concluir que, se a aceleração for constante, p. 50 queda livre e verificar se depende da massa dos corpos.
num dado intervalo de tempo, ela será igual à
aceleração média nesse intervalo de tempo. 1. Medir tempos e determinar velocidades num movi- pp.
61-63
mento de queda.
2.14 Designar por aceleração gravítica a aceleração p. 51
a que estão sujeitos os corpos em queda livre, 2. Fundamentar o procedimento da determinação de pp.
uma velocidade com uma célula fotelétrica. 61-63
associando a variação da sua velocidade à ação
da força gravítica. 3. Determinar a aceleração num movimento de queda pp.
(medição indireta), a partir da definição de acelera- 61-63
2.15 Definir movimento retilíneo uniformemente p. 51
ção média, e compará-la com o valor tabelado para a
variado (acelerado e retardado).
aceleração da gravidade.
2.16 Indicar que a velocidade e a aceleração apenas p. 50 4. Avaliar a exatidão do resultado e calcular o erro per- pp.
têm a mesma direção em cada instante nos centual, supondo uma queda livre. 61-63
movimentos retilíneos.
5. Concluir que, na queda livre, corpos com massas pp.
2.17 Justificar que um movimento retilíneo pode não p. 50 diferentes experimentam a mesma aceleração. 61-63
ter aceleração mas que um movimento curvilí-
neo tem sempre aceleração. AL 1.2 Forças nos movimentos retilíneos acelerado
2.18 Relacionar, para movimentos retilíneos ace- p. 50 e uniforme
lerados e retardados, os sentidos dos vetores Objetivo geral:
aceleração e velocidade num certo instante. Identificar forças que atuam sobre um corpo, que se move em
linha reta num plano horizontal, e investigar o seu movimento
2.19 Interpretar gráficos força-aceleração e relacio- pp. quando sujeito a uma resultante de forças não nula e nula.
nar gráficos força-tempo e aceleração-tempo. 54, 55
1. Identificar as forças que atuam sobre um carrinho pp.
2.20 Enunciar, interpretar e aplicar a Segunda Lei de pp. 64, 65
que se move num plano horizontal.
Newton a situações de movimento retilíneo ou de 55-57
repouso de um corpo (com e sem força de atrito). 2. Medir intervalos de tempo e velocidades. pp. 64, 65

2.21 Representar os vetores resultante das forças, p. 55 3. Construir um gráfico da velocidade em função do pp.
tempo, identificando tipos de movimento. 64, 65
aceleração e velocidade, num certo instante,
para um movimento retilíneo. 4. Concluir qual é o tipo de movimento do carrinho pp.
2.22 Determinar a aceleração gravítica a partir da p. 56 quando a resultante das forças que atuam sobre ele 64, 65
Lei da Gravitação Universal e da Segunda Lei de passa a ser nula.
Newton. 5. Explicar, com base no gráfico velocidade-tempo, se pp.
os efeitos do atrito são ou não desprezáveis. 64, 65
2.23 Enunciar e aplicar a Primeira Lei de Newton, pp.
interpretando-a com base na Segunda Lei, e 55, 58, 6. Confrontar os resultados experimentais com os pontos pp.
59
associar a inércia de um corpo à respetiva massa. de vista históricos de Aristóteles, de Galileu e de Newton. 64, 65

Subdomínio

Forças e movimentos
Objetivo geral: 3.1 Determinar a aceleração de um grave a par-
3. Caracterizar movimentos retilíneos (uniformes, uniforme- tir do gráfico velocidade-tempo de um movi- pp.
78, 79
mente variados e variados, designadamente os retilíneos de mento real, obtendo a equação das velocidades
queda à superfície da Terra com resistência do ar desprezável (regressão linear), e concluir que o movimento
ou apreciável) e movimentos circulares uniformes, reconhe- é uniformemente variado (retardado na subida
cendo que só é possível descrevê-los tendo em conta a resul- e acelerado na descida).
tante das forças e as condições iniciais.

236
3.2 Interpretar gráficos posição-tempo e veloci- pp. forças, da aceleração e da velocidade, indicando
dade-tempo para movimentos retilíneos uni- 80, 81 o sentido da resultante das forças e da acelera-
formemente variados. ção e identificando como constantes ao longo
do tempo os módulos da resultante das forças,
3.3 Interpretar e aplicar as equações do movi- pp.
da aceleração e da velocidade.
mento uniformemente variado conhecidas a 80, 81
resultante das forças e as condições iniciais 3.14 Identificar exemplos de movimento circular p. 86
(velocidade e posição iniciais). uniforme.
3.4 Concluir, a partir das equações de movimento, p. 81 3.15 Identificar o movimento circular e uniforme com pp.
que o tempo de queda de corpos em queda um movimento periódico, descrevê-lo indicando 87, 88
livre, com as mesmas condições iniciais, é o seu período e frequência, definir módulo da
independente da massa e da forma dos corpos. velocidade angular e relacioná-la com o período
(ou com a frequência) e com o módulo da
3.5 Interpretar os gráficos posição-tempo e velo- pp.
velocidade.
cidade-tempo do movimento de um corpo em 82-84
queda vertical com resistência do ar apreciá- 3.16 Relacionar quantitativamente o módulo da ace- pp.
vel, identificando os tipos de movimento: retilí- leração de um corpo em movimento circular e 88, 89
neo acelerado (não uniformemente) e retilíneo uniforme com o módulo da sua velocidade (ou
uniforme. da velocidade angular) e com o raio da circun-
ferência descrita.
3.6 Definir velocidade terminal num movimento pp.
de queda com resistência do ar apreciável e 82-84 3.17 Determinar o módulo da velocidade de um saté- p. 92
determinar essa velocidade a partir dos grá- lite para que ele descreva uma trajetória circu-
ficos posição-tempo ou velocidade-tempo de lar com um determinado raio.
um movimento real por seleção do intervalo de 3.18 Indicar algumas aplicações de satélites terres- pp.
tempo adequado. tres e as condições para que um satélite seja 91, 92
3.7 Concluir, a partir do gráfico velocidade-tempo, pp. geoestacionário.
como varia a aceleração e a resultante das for- 82-84 3.19 Calcular a altitude de um satélite terrestre, em p. 92
ças ao longo do tempo no movimento de um órbita circular, a partir do seu período orbital (ou
paraquedista, relacionando as intensidades vice-versa).
das forças nele aplicadas, e identificar as velo-
cidades terminais. AL 1.3 Movimento uniformemente retardado:
3.8 Interpretar gráficos posição-tempo e velocidade- p. 85 velocidade e deslocamento
tempo em situações de movimento retilíneo e Objetivo geral:
uniforme e estabelecer as respetivas expressões Relacionar a velocidade e o deslocamento num movimento uni-
analíticas a partir das condições iniciais. formemente retardado e determinar a aceleração e a resultante
das forças de atrito.
3.9 Construir, para movimentos retilíneos uni- pp. 85
formemente variados e uniformes, o gráfico 1. Justificar que o movimento do bloco que desliza pp.
posição-tempo a partir do gráfico velocidade- sobre um plano horizontal, acabando por parar, é uni- 94, 95
tempo e da posição inicial. formemente retardado.
3.10 Interpretar movimentos retilíneos em planos pp. 2. Obter a expressão que relaciona o quadrado da velo- pp.
inclinados ou horizontais, aplicando as Leis de 79, 81 cidade e o deslocamento de um corpo com movi- 94, 95
Newton e obtendo as equações do movimento, mento uniformemente variado a partir das equações
ou analisando o movimento do ponto de vista da posição e da velocidade em função do tempo.
energético. 3. Concluir que num movimento uniformemente retar- pp.
3.11 Associar a variação exclusiva da direção da velo- pp. dado, em que o corpo acaba por parar, o quadrado 94, 95
cidade de um corpo ao efeito da atuação de uma 86, 92 da velocidade é diretamente proporcional ao deslo-
força perpendicular a trajetória em cada ponto, camento, e interpretar o significado da constante de
interpretando o facto de a velocidade de um saté- proporcionalidade.
lite, em órbita circular, não variar em módulo. 4. Medir massas, comprimentos, tempos, distâncias e pp.
velocidades. 94, 95
3.12 Indicar que a força gravítica e a velocidade de pp.
um satélite permitem explicar por que razão 90 5. Construir o gráfico do quadrado da velocidade em fun- pp.
a Lua não colide com a Terra assim como a ção do deslocamento, determinar a equação da reta 94, 95
forma das órbitas dos planetas em volta do Sol de regressão e calcular a aceleração do movimento.
e dos satélites em volta dos planetas.
6. Determinar a resultante das forças de atrito que pp.
3.13 Caracterizar o movimento circular e uniforme p. 86 atuam sobre o bloco a partir da Segunda Lei de 94, 95
relacionando as direções da resultante das Newton.

237
METAS CURRICULARES

Domínio: Ondas e eletromagnetismo


Subdomínio

Sinais e ondas
Objetivo geral: 1.13 Interpretar um sinal sonoro no ar como resul- pp.
1. Interpretar um fenómeno ondulatório como a propagação tado da vibração do meio, de cuja propagação 119, 120
de uma perturbação com uma certa velocidade; interpre- resulta uma onda longitudinal que se forma por
tar a periodicidade temporal e espacial de ondas periódicas sucessivas compressões e rarefações do meio
harmónicas e complexas, aplicando esse conhecimento ao (variações de pressão).
estudo do som.
1.14 Identificar um sinal sonoro sinusoidal com a p. 121
1.1 Associar um sinal a uma perturbação que p. 110
variação temporal da pressão num ponto do
ocorre localmente, de curta ou longa duração, meio, descrita por P(t) = P0 sin (tt), associando
e que pode ser usado para comunicar, identifi- a amplitude de pressão, P0, à intensidade do
cando exemplos. som originado e a frequência à altura do som.
1.2 Identificar uma onda com a propagação de um p. 110
1.15 Justificar, por comparação das direções de p. 119
sinal num meio, com transporte de energia, e vibração e propagação, que, nos meios líquidos
cuja velocidade de propagação depende de ou gasosos, as ondas sonoras são longitudinais.
características do meio.
1.16 Associar os termos sons puros e sons comple- pp.
1.3 Distinguir ondas longitudinais de transversais, pp.
xos respetivamente a ondas sonoras harmóni- 122, 123
dando exemplos. 111, 112
cas e complexas.
1.4 Distinguir ondas mecânicas de ondas p. 112
1.17 Aplicar os conceitos de frequência, amplitude, pp.
eletromagnéticas.
comprimento de onda e velocidade de propaga- 118, 123
1.5 Identificar uma onda periódica como a que pp. ção na resolução de questões sobre ondas har-
resulta da emissão repetida de um sinal em 113, 114 mónicas, incluindo interpretação gráfica.
intervalos regulares.
1.18 Indicar que um microfone transforma um sinal p. 122
1.6 Associar um sinal harmónico (sinusoidal) ao sinal p. 114 mecânico num sinal elétrico e que um altifalante
descrito por uma função do tipo y = A sin (tt), transforma um sinal elétrico num sinal sonoro.
definindo amplitude de oscilação e frequência
angular e relacionando a frequência angular AL 2.1 Características do som
com o período e com a frequência. Objetivo geral:
1.7 Indicar que a energia de um sinal harmónico pp. Investigar características de um som (frequência, intensidade,
depende da amplitude de oscilação e da fre- 117, 118 comprimento de onda, timbre) a partir da observação de sinais
quência do sinal. elétricos resultantes da conversão de sinais sonoros.
1.8 Associar uma onda harmónica (ou sinusoidal) à pp. pp.
1. Identificar sons puros e sons complexos. 125-128
propagação de um sinal harmónico no espaço, 115, 116,
pp.
indicando que a frequência de vibração não se
118 2. Comparar amplitudes e períodos de sinais sinusoidais. 125-128
altera e depende apenas da frequência da fonte. 3. Comparar intensidades e frequências de sinais sono- pp.
ros a partir da análise de sinais elétricos. 125-128
1.9 Concluir, a partir de representações de ondas, p. 117
que uma onda complexa pode ser descrita 4. Medir períodos e calcular frequências dos sinais pp.
como a sobreposição de ondas harmónicas. sonoros, compará-los com valores de referência e 125-128
1.10 Associar período e comprimento de onda à pp. avaliar a sua exatidão.
periodicidade temporal e à periodicidade espa- 114-116 pp.
5. Identificar limites de audição no espetro sonoro. 125-128
cial da onda, respetivamente. pp.
6. Medir comprimentos de onda de sons. 125-128
1.11 Relacionar frequência, comprimento de onda p. 116
e velocidade de propagação e concluir que a AL 2.2 Velocidade de propagação do som
frequência e o comprimento de onda são inver-
Objetivo geral:
samente proporcionais quando a velocidade de
Determinar a velocidade de propagação de um sinal sonoro.
propagação de uma onda é constante, ou seja,
pp.
quando ela se propaga num meio homogéneo. 1. Medir a velocidade do som no ar (medição indireta). 129-130
1.12 Identificar diferentes pontos do espaço no pp. 2. Comparar o valor obtido para a velocidade do som pp.
mesmo estado de vibração na representação 115, 116 com o tabelado, avaliar a exatidão do resultado e cal- 129-130
gráfica de uma onda num determinado instante. cular o erro percentual.

238
Subdomínio

Eletromagnetismo
Objetivo geral: 2.8 Indicar que um campo magnético pode ter ori- p. 146
2. Identificar as origens de campos elétricos e magnéticos, gem em ímanes ou em correntes elétricas e
caracterizando-os através de linhas de campo, reconhecer as descrever a experiência de Oersted, identifican-
condições para a produção de correntes induzidas, interpre- do-a como a primeira prova experimental da
tando a produção industrial de corrente alternada e as con- ligação entre eletricidade e magnetismo.
dições de transporte da energia elétrica; identificar alguns
marcos importantes na história do eletromagnetismo. 2.9 Caracterizar qualitativamente a grandeza pp.
campo magnético num ponto, a partir da repre- 145-149
2.1 Interpretar o aparecimento de corpos carrega- pp. sentação de linhas de campo quando a origem
dos eletricamente a partir da transferência de 138, 139 é um íman, uma corrente elétrica num fio retilí-
eletrões e da conservação da carga. neo, numa espira circular ou num solenoide, e
indicar a sua unidade SI.
2.2 Identificar um campo elétrico pela ação sobre p. 139
cargas elétricas, que se manifesta por forças 2.10 Identificar campos uniformes (elétricos ou mag- pp.
elétricas. néticos) a partir das linhas de campo. 142, 146

2.3 Indicar que um campo elétrico tem origem em p. 140 2.11 Definir fluxo magnético que atravessa uma pp.
cargas elétricas. espira, identificando as condições que o tor- 150, 151
nam máximo ou nulo, indicar a sua unidade SI e
2.4 Identificar a direção e o sentido do campo elé- p. 140 determinar fluxos magnéticos para uma espira
trico num dado ponto quando a origem é uma e várias espiras iguais e paralelas.
carga pontual (positiva ou negativa) e compa-
rar a intensidade do campo em diferentes pon- 2.12 Identificar condições em que aparecem corren- pp.
tos e indicar a sua unidade SI. tes induzidas (fenómeno de indução eletromag- 151-154
nética) e interpretar e aplicar a Lei de Faraday.
2.5 Identificar informação fornecida por linhas de pp.
campo elétrico criado por duas cargas pontuais 140-142 2.13 Interpretar a produção de corrente elétrica pp.
quaisquer ou por duas placas planas e parale- alternada em centrais elétricas com base na 155, 156
las com cargas simétricas (condensador plano), indução eletromagnética e justificar a vantagem
concluindo sobre a variação da intensidade do de aumentar a tensão elétrica para o transporte
campo nessa região e a direção e sentido do da energia elétrica.
campo num certo ponto.
2.14 Identificar a função de um transformador, rela- p. 156
2.6 Relacionar a direção e o sentido do campo elé- pp. cionar as tensões do primário e do secundário
trico num ponto com a direção e sentido da 142, 143 com o respetivo número de espiras e justificar o
força elétrica que atua numa carga pontual seu princípio de funcionamento no fenómeno de
colocada nesse ponto. indução eletromagnética.

2.7 Identificar um campo magnético pela sua ação pp.


sobre ímanes, que se manifesta através de for- 144-146
ças magnéticas.

Subdomínio

Ondas eletromagnéticas
Objetivo geral: 3.2 Indicar que uma onda eletromagnética resulta p. 164
3. Compreender a produção de ondas eletromagnéticas e da propagação de campos elétrico e magnético
caracterizar fenómenos ondulatórios a elas associados; variáveis, perpendiculares entre si e perpendi-
fundamentar a sua utilização, designadamente nas comuni- culares à direção de propagação da onda.
cações e no conhecimento da evolução do Universo.
3.1 Associar a origem de uma onda eletromagnética p. 164 3.3 Identificar o contributo de Maxwell para a teoria pp.
das ondas eletromagnéticas e de Hertz para a 164, 165
(radiação eletromagnética ou luz) à oscilação de
uma carga elétrica, identificando a frequência produção e a deteção de ondas eletromagnéti-
da onda com a frequência de oscilação da carga. cas com grande comprimento de onda.

239
METAS CURRICULARES

3.4 Interpretar a repartição da energia de uma p. 166 3.17 Indicar que as ondas eletromagnéticas possibi- p. 181
onda eletromagnética que incide na superfície litam o conhecimento da evolução do Universo,
de separação de dois meios (parte refletida, descrito pela teoria do big bang, segundo a qual
parte transmitida e parte absorvida) com base o Universo tem estado em expansão desde o
na conservação da energia, indicando que essa seu início.
repartição depende da frequência da onda inci- 3.18 Identificar como evidências principais do big p. 181
dente, da inclinação da luz e dos materiais. bang o afastamento das galáxias, detetado
3.5 Aplicar a repartição da energia a radiação solar p. 167 pelo desvio para o vermelho nos seus espetros
incidente na Terra, assim como a transparência de emissão (equivalente ao efeito Doppler) e a
ou opacidade da atmosfera a ondas eletromag- existência de radiação de fundo, que se espa-
néticas com certas frequências, para justifi- lhou pelo Universo quando se formaram os
car a fração da radiação solar que é refletida primeiros átomos (principalmente hidrogénio e
(albedo) e a que chega à superfície terrestre e hélio) no Universo primordial.
a importância (biológica, tecnológica) desta na
vida do planeta. AL 3.1 Ondas: absorção, reflexão, refração
e reflexão total
3.6 Enunciar e aplicar as Leis da Reflexão da Luz. p. 168
Objetivo geral:
3.7 Caracterizar a reflexão de uma onda eletro- p. 169
Investigar os fenómenos de absorção, reflexão, refração e refle-
magnética, comparando as ondas incidente e
xão total, determinar o índice de refração de um meio em relação
refletida usando a frequência, a velocidade, o
ao ar e prever o ângulo crítico.
comprimento de onda e a intensidade, e iden-
tificar aplicações da reflexão (radar, leitura de 1. Avaliar a capacidade refletora e a transparência de pp.
códigos de barras, etc.). diversos materiais quando neles se faz incidir luz e a 185-187
diminuição da intensidade do feixe ou a mudança da
3.8 Determinar índices de refração e interpretar o pp. direção do feixe de luz.
seu significado. 170, 171
2. Medir ângulos de incidência e de reflexão, pp.
3.9 Caracterizar a refração de uma onda, compa- p. 171 relacionando-os. 185-187
rando as ondas incidente e refratada usando pp.
3. Medir ângulos de incidência e de refração. 185-187
a frequência, a velocidade, o comprimento de
onda e a intensidade. 4. Construir o gráfico do seno do ângulo de refração em pp.
função do seno do angulo de incidência, determinar a 185-187
3.10 Estabelecer, no fenómeno de refração, rela- p. 171
equação da reta de ajuste e, a partir do seu declive,
ções entre índices de refração e velocidades
calcular o índice de refração do meio em relação ao ar.
de propagação, índices de refração e compri-
mentos de onda, velocidades de propagação e 5. Prever qual e o ângulo crítico de reflexão total entre pp.
comprimentos de onda. o meio e o ar e verificar o fenómeno da reflexão total 185-187
para ângulos de incidência superiores ao ângulo crí-
3.11 Enunciar e aplicar as Leis da Refração da Luz. p. 172
tico, observando o que acontece a luz enviada para o
3.12 Explicitar as condições para que ocorra refle- pp. interior de uma fibra ótica.
xão total da luz, exprimindo-as quer em função 173, 174
6. Identificar a transparência e o elevado valor do índice pp.
do índice de refração quer em função da veloci-
de refração como propriedades da fibra ótica que 185-187
dade de propagação, e calcular ângulos limite.
guiam a luz no seu interior.
3.13 Justificar a constituição de uma fibra ótica p. 174
com base nas diferenças de índices de refração AL 3.2 Comprimento de onda e difração
dos materiais que a constituem e na elevada Objetivo geral:
transparência do meio onde a luz se propaga Investigar o fenómeno da difração e determinar o comprimento
de modo a evitar uma acentuada atenuação do de onda da luz de um laser.
sinal, dando exemplos de aplicação. 1. Identificar o fenómeno da difração a partir da obser- pp.
3.14 Descrever o fenómeno da difração e as condi- pp. vação das variações de forma da zona iluminada de 188-190
ções em que pode ocorrer. 175, 176 um alvo com luz de um laser, relacionando-as com a
3.15 Fundamentar a utilização de bandas de fre- pp. dimensão da fenda por onde passa a luz.
quências adequadas (ondas de rádio e micro- 177, 178 2. Concluir que os pontos luminosos observados resultam pp.
-ondas) nas comunicações, nomeadamente da difração e aparecem mais espaçados se se aumen- 188-190
por telemóvel e via satélite (incluindo o GPS). tar o número de fendas por unidade de comprimento.
pp.
3.16 Descrever qualitativamente o efeito Doppler pp. 3. Determinar o comprimento de onda da luz do laser. 188-190
e interpretar o desvio no espetro para compri- 179, 180 4. Justificar o uso de redes de difração em espetrosco- pp.
mentos de onda maiores como resultado do pia, por exemplo na identificação de elementos quími- 188-190
afastamento entre emissor e recetor, exempli- cos, com base na dispersão da luz policromática que
ficando com o som e com a luz. elas originam.

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