CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO MATEMÁTICA ALUNA: CINTHIA SANY FRANÇA PROFESSOR: ANIBAL MENEZES
A entrevista realizada com o professor de Matemática Ubiratan D’Ambrósio foi concedida
a Célia Pires, para Educação Matemática em Revista da SBEM. A princípio foi perguntado ao mesmo sobre como a Educação Matemática vem evoluindo e para o professor a Educação Matemática, como disciplina autônoma, é relativamente nova, mas quando se trata da preocupação com uma prática escolar o mesmo afirma que houve um grande impulso no início do século XX, com Feliz Klein e a fundação da Comissão Internacional de Instrução Matemática. No Brasil e no resto do mundo, a Educação Matemática foi encarada como ter uma boa didática, conhecer bem os conteúdos matemáticos e verificar se o aluno aprendeu bem esses conteúdos, nessa percepção equivocada os objetivos do ensino da Matemática indicavam a intenção de manter o status quo, com a garantia de expansão de um sistema de produção. Segundo o professor, as duas grandes metas eram melhorar a produção – uma matemática que conduzisse as carreiras em exatas e o consumo e uma matemática que permitisse ao consumidor lidar com seu dia-a-dia. As oportunidades educacionais eram restritas às classes sociais mais abastadas, o nível era alto e o rendimento escolar baixo, com alto grau de tolerância. Nesse período as escolas eram muito seletivas e o nível de ensino no Brasil era bastante elevado. Até a Segunda Guerra Mundial, a Educação Matemática consistia em ensinar bem um conteúdo tradicional. Para Ubiratan, movimentos como a Escola Nova tiveram pouca repercussão na Educação Matemática diferente das propostas como as de George Polya. No pós guerra houve uma grande expansão no mercado consumidor e foi aí que aprendeu-se a utilizar métodos mais eficientes de treinamento de forma a se produzir mais e a custo mais baixo. Nesse mesmo período intensificou-se o marketing o que forçou uma tendência a tornar a matemática mais acessível o que para muitos educadores deu início a uma deterioração no ensino da matemática, visto que a Matemática dos currículos escolares era desinteressante, obsoleta e inútil. Para resolver o problema do desinteresse educadores passaram a utilizar materiais didáticos. As propostas estruturalistas de Jean Piaget na teoria da aprendizagem deram início a uma corrente que ficou conhecida como Matemática Moderna. A dificuldade de pais e de professores em acompanhar a nova Matemática que se pretendia introduzir deu ao ensino da matemática uma visibilidade social sem precedentes na história. O envolvimento da sociedade aliou-se com à preocupação dos educadores matemáticas com o andamento das reformas no ensino da matemática para estimular a avaliação dos resultados em escala internacional. Após forte pressão do Banco Mundial, lançou-se programas de avaliação em larga escala como os provões. Tratando-se das propostas mais relevantes da Educação Matemática para a transformação do ensino da Matemática nas salas de aula, Ubiratan destaca o multiculturalismo, as dimensões políticas e a história da Matemática. Ao ser perguntando sobre quais caminhos a SBEM deveria buscar seguir, Ubiratan acredita que ela deveria apoiar o professor no seu trabalho cotidiano e coordenar pesquisas em um tema de foco. No Brasil desenvolveu-se um conceito de pesquisa que desencoraja a pesquisa pelo professor de sala de aula e nesse sentido a SBEM deve estimular e apoiar o professor que queira entrar nessa atividade. Ubiratan acredita que a SBEM deveria promover um catálogo das ações em andamento que visam uma reformulação nos cursos de formação de professores, particularmente nas Licenciaturas em Matemática onde teriam informações sucintas das propostas, identificação do pessoal envolvido e dados institucionais.