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Paciente R.J., sexo masculino,76 anos, portador de CBC em região temporal esquerda
diagnosticado por biópsia incisiolnal em agosto/2016 (Carcinoma basoescamoso focalmente
ulcerado). Fez ressecção total da lesão com enxerto de região infraclavicular direita no mês
seguinte. O resultado da ressecção em outubro/2016 concluiu que é um carcinoma
basoescamoso superficial nodular; ulceração presente, expansivo, uma das margens cirúrgicas
laterais focalmente coincide com o componente superficial de 1 a 3; demais margens livres de
neoplasia.Alto risco (nice). Além disso, foi prescrito antibioticoterapia ( Azitromicina 1cp ao dia
por 6 dias) e foi reavaliado após o termino de medicação via oral sendo prescrito para uso
tópico Verutex B em F.O de tronco e temporal. Em fevereiro/2017 retornou ao ambulatório
com queixa de aumento de sensibilidade em região malar E, com dor ao toque há cerca de 3
meses. Ao exame: Face: máculas hipercrômicas. Cicatriz com região de atrofia, hipocrômica
em região temporal E. Lesão cicatricial em região em região infraclavicular D medindo cerca de
5 cm. Foi encaminhado à cirurgia e ao cardiologista para avaliação de risco cirúrgico p/ realizar
ampliação de margem de CA basoescamoso em região temporal E. Em julho/2017 foi feita a
rebiópsia (3 fragmentos).1- em cima da cicatriz de biópsia anterior (face esquerda); 2- pré
auricular; 3-inferior da qual concluiu 1-Bx: fibrose cicatricial ( em cima da cicatriz de bx
anterior); 2-Região pré-auricular E: CBC basoescamoso superficial ;3- Carcinoma basoescamoso
superficial (região inferior a anterior) e encaminhado para cirurgia de Mohs. Em agosto/2017
foi feito cirurgia de Mohs- Exérese de placa eritematosa em região temporal esquerdada qual
houve comprometimento entre 0 e 5hs 6 e 12hs pela análise histopatológica, portanto houve
aumento da exérese. Feito retalho em “U” e enxerto de região abdominal (quadrante inferior
esquerdo). Foi prescrito antibiótico e feita orientações.
Maior faixa etária e menor fototipo são fatores predisponentes conhecidos para neoplasias
cutâneas, principalmente CBCs e CECs3.
A cirurgia micrográfica de Mohs (CMM) é uma técnica utilizada para a remoção de neoplasias
cutâneas, caracterizada pelo mapeamento cirúrgico, na qual o cirurgião executa a remoção da
lesão e a avaliação histológica completa das margens tumorais. A correlação entre a presença
de tumor no exame histológico e sua correta localização no mapa cirúrgico é essencial para a
ressecção completa da lesão e preservação de tecido normal1.
Além de oferecer as maiores taxas de cura para CBCs e CECs, durante a cirurgia de Mohs
apenas tecido canceroso é removido, preservando-se, dessa forma, a quantidade máxima de
tecido normal do ponto de vista funcional, estético e de reconstrução. Isso é particularmente
importante para o câncer de pele que, clinicamente, apresentam margens pouco definidas,
recorrentes e/ou que possuem um risco mais alto de recidiva em razão das características
histológicas ou de sua localização (p.ex., orelha, lábios). Além da face, a preservação do tecido
tem um papel importante na região anogenital e na dos dígitos2.
Exérese cirúrgica é o tratamento de escolha para o CBC.4,5 Atualmente, nos EUA, a cirurgia
micrográfica de Mohs (CMM) é indicada para todos os CBCs recidivados, exceto para os
superficiais nas áreas de baixo risco. Para os tumores primários, é indicada para todos os
agressivos (exceto os menores que 0,5cm nas áreas de baixo risco); para todos os nodulares
nas áreas de alto e moderado risco e para os maiores que 2cm nas áreas de baixo risco; e para
todos os superficiais nas áreas de alto risco e para os maiores de 0,6cm nas áreas de risco
moderado4.
CARACTERÍSTICAS DO TUMOR
.Recorrente
. Outros locais anatômicos onde a preservação do tecido é imperativo (dígitos, órgãos genitais)
-CEC de alto grau (Broders), pouco diferenciado e/ou com invasão profunda
.Crescimento rápido
CARACTERÍSTICAS DA PELE
CARACTERÍSTICAS DO PACIENTE
. Imunossupprimido
Carcinoma Basocelular
Para CBCs primários, taxas de cura de 87% a 95% podem ser obtidas com tratamento
destrutivos superficiais ou excisão, principalmente no tronco e extremidades. Teoricamente,
as taxas de cura ideais associadas à cirurgia de Mohs poderiam ser aplicadas a todos os CBCs,
mas do ponto de vista prático, a maior parte dos CBCs é bem controlada com as modalidades
de tratamento referidas anteriormente2.
Para CBCs de alto risco , a cirurgia de Mohs propicia taxas de cura superiores. Na metanálise
publicada por Rowe et al., a taxa de cura de cinco anos para CBC primário tratado com a
cirurgia de Mohs foi de 99%, em comparação a 90 a 92% utilizando-se os tratamentos padrão.
A taxa de cura de cinco anos para CBCs recorrentes tratados com cirurgia de Mohs foi de
94,4%, enquanto para tratamentos padrão foi de 80% (excisão cirúrgica,
radioterapia,crioterapia,curetagem e eletrodissecação)2.
São considerados CBCs de alto risco os tumores que apresentam maior risco de recidivas, ou
seja, as neoplasias de padrão histológico esclerodermiformes, infiltrativos, micronodulares ou
metatípicos, também denominados basoescamosos. Estes últimos apresentam ainda um risco
mais elevado de metástase1.
Os CBCs esclerodermiformes, infiltrativos, micronodulares ou basoescamosos apresentam
características histológicas de agressividade, demonstradas por suas maiores extensões
subclínicas e também pelos maiores índices de recorrência. As evidências disponíveis denotam
ser a CMM uma técnica que, por meio de um completo estudo das margens tumorais, permite
a retirada total destes tumores, resultando em melhores índices de cura, quando comparada a
outras técnicas disponíveis1.
O tamanho não deve ser considerado um dado isolado, devendo ser sempre analisado em
conjunto com a localização e o padrão histológico da neoplasia a ser tratada. Todavia,
consideramos que lesões de grandes extensões (>2 cm), por apresentarem maior extensão
subclínica, têm maior chance de exérese incompleta quando retirados pela cirurgia
convencional e, por isso, têm na CMM uma boa indicação terapêutica1.
Em relação ao tamanho dos tumores cutâneos, metade dos pacientes (50%) apresentavam
lesões maiores ou iguais a 2 cm e 25% tinham lesões maiores que 3 cm. Sabe-se que tumores
cutâneos maiores que 2 cm têm maior risco de recidivas se não forem abordados
corretamente; sendo assim, a cirurgia micrográfica seria uma boa indicação nesses casos,
principalmente por se tratar de tumores com subtipo histológico infiltrativo ou tumores que
ocupam áreas de risco, como a zona H da face3.
Quanto à localização, sabe-se ser a região centrofacial o local onde as lesões têm caráter mais
agressivo, o que se traduz por elevados índices de recorrência. Nessa área, a presença de
fendas embrionárias resulta em fator de menor resistência à disseminação dos tumores,
propiciando maior extensão subclínica das lesões3.
Os CBCs localizados na região central da face e na região auricular (áreas de alto risco) podem
apresentar um grande crescimento subclínico1.
A cirurgia convencional para tratamento de CBCs localizados nas regiões periorbital e auricular
e no nariz apresenta uma taxa de excisão incompleta alta1.
As margens de segurança preconizadas para a cirurgia convencional são insuficientes para a
maioria dos tumores complexos1.
A utilização da CMM para tratamento do CBC localizado em região de risco é vantajosa sobre a
cirurgia convencional pela menor taxa de excisão incompleta, que se deve à avaliação
minuciosa da margem no perioperatório e se traduz por maiores taxas de cura. A possibilidade
de poupar tecido sadio e remover apenas o tecido comprometido pelo tumor resulta em
defeitos menores e propicia melhores resultados finais funcionais e estéticos1.
Referências bibliográficas
1- Diretrizes de indicações de cirurgia micrográfica de Mohs nos tumores da pele * Selma
Schuartz Cernea1; Gabriel Gontijo2; Eugenio Raul de Almeida Pimentel3; Roberto Gomes Tarlé4; Glaysson
Tassara2; Juliana Areas de Souza Lima Beltrame Ferreira5; Victor Miguel Coutinho Fernandes6;
Wanderley Marques Bernardo3
2- . Dermatologia - 3ª Ed. 2015 - Bolognia, Jean L.; Jorizzo, Joseph L.; Schaffer, Julie V.
Volume dois. Seção 21. Cap.150. Pag. 2445-2457
3- Cirurgia micrográfica de Mohs: estudo de 83 casos. Flavianne Sobral Cardoso Chagas1,
Bruno de Santana Silva2