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1 INTRODUÇAO

O tema escolhido para a análise neste artigo científico é o crime da lavagem de


dinheiro e seu bem jurídico tutelado, a ordem econômica.
A escolha deste tema adveio da realidade na qual é cada vez maior a
incidência do delito da lavagem de dinheiro.
Então é bastante pertinente entender qual foi a real intenção do legislador ao
criar o crime da lavagem de dinheiro e que bem jurídico foi arrolado por ele
como tutelado pelo delito em questão.
A ordem econômica, disposta no artigo 170 da Constituição Federal de 1988,
tratada muitas vezes como um dos grandes artigos deste diploma legal, vê-se
colocada em risco mediante a crescente incidência do crime da lavagem de
dinheiro, segundo parte da doutrina que entende ser aquele o bem jurídico
tutelado por este delito.
Tratar-se-á da discussão doutrinária a qual uma parte identifica qual seria o
bem jurídico tutelado pela lavagem de dinheiro, Lei 9.613/98, sendo a ordem
econômica, porem existe inúmeros posicionamentos colocando como bem
jurídico tutelado além da ordem econômica, outros bens como a Administração
da Justiça ou os bens protegidos pelos crimes antecedentes à lavagem de
dinheiro.
Nestes termos, far-se-á abaixo uma analise do que seja a lavagem de dinheiro,
sua correlação com a ordem econômica, sua posição ou não de bem jurídico
tutelado por aquele crime, a ligação entre as etapas e condutas típicas da
lavagem de dinheiro com os aspectos e princípios da ordem econômica que
supostamente seriam “arranhados” por aquelas.
2 LAVAGEM DE DINHEIRO

O crime de lavagem de dinheiro pode ser entendido como um crime recente,


decorrente dos avanços do Capitalismo e da Globalização.

O homem, no sistema capitalista, convive com uma luta eterna e interna entre a
necessidade e os recursos. A necessidade do homem e infinita, a depender da
situação, política, economia, governo entre outros varia de forma muito
grandiosa, sendo impossível alcançar, dentro de uma mesma sociedade a
satisfação das necessidades de todas as pessoas. E os recursos são finitos,
seja por causa da geografia, que não possibilita a exploração de determinadas
atividades de econômicas, seja por causa da forma de governo, que decide
investir em determinado ramo do mercado financeiro, seja por causa da lei, que
impede determinadas condutas.

Com esta realidade fática, o homem buscou suprir a suas necessidades e


resolver o problema da limitação de seus recursos através da aproximação
entre os povos e na comercialização e troca de recursos, idéias e
pensamentos, e é isso que se chama de Globalização.

Com a globalização e o capitalismo as economias e povos mundiais se


tornaram dependentes economicamente e mais ligados política, econômica e
sociologicamente.

Entretanto não foram apenas coisas favoráveis que acompanharam a


globalização e o capitalismo das sociedades, mas também surgiram com eles
aspectos negativos como, a facilidade de intercâmbio de idéias e condutas
ilícitas, formas e tipos de cometimento de delitos.

Também com a globalização e o capitalismo houve a necessidade e a


possibilidade do surgimento de condutas típicas para combater estas novas
formas de cometer, crimes ou condutas não aceitas pela sociedade que ainda
não eram tidas como crime na lei, que lesionem bens jurídicos tutelados pelo
direito, o que foi o fato da criação da Lei de Lavagem de Dinheiro, Lei n°.
9.613/98, que previu o crime de lavagem de dinheiro no Brasil, que visa
combater a “mutação” do capital “sujo”, oriundo de atividade ilícita em dinheiro
“limpo”, lícito, através de meios fraudulentos, utilizando-se para isto do sistema
econômico-financeiro nacional.

A globalização e o capitalismo mudaram a forma de agir e pensar das pessoas,


que agora preferiam investir seu dinheiro em um fundo de investimento
bancário, abrir uma poupança, utilizar os meios magnéticos – cartão de crédito
e débito - ao invés de deixá-lo guardado em casa, o que terminou por gerar um
maior acesso da população aos Bancos.

As repartições bancárias também se desenvolveram de forma muito rápida,


gerando inúmeras opções para os seus correntistas e buscando atender o
aumento da demanda em suas variadas formas, o que acarretou uma falta de
controle, pois como a demanda e a oferta estavam muito altas, os Bancos e o
Estado não se preocuparam tanto com os aspectos legais e possíveis
utilizações de tais meios para fins indevidos ou ilícitos.

Diante desta facilidade para realizar investimentos e transações bancárias, os


Bancos, sem ter ciência, começaram a receber dinheiro proveniente do tráfico
de drogas, lhes passado com o escopo de torná-lo “limpo”, e que devido à
rotatividade de capitais, que é característica da atividade bancária, era
recolocado na economia como se proviesse de alguma atividade comercial,
empresarial lícita, fazendo assim que sua procedência ilícita fosse encoberta,
pela aparência lícita que a transação bancária lhe provia.

2.1 CONCEITO

Iniciar-se-á do conceito doutrinário da lavagem de dinheiro, analisando estes


para melhor entendimento do que seja o delito de lavagem de dinheiro.

Antônio Sérgio A. de Moraes Pitombo, citando Nando Lefort, diz que o conceito
de lavagem de dinheiro é, “el lavabo de dinero es la actividad encaminhada a
darle el caráter de legítimos a los bienes produtos de la comisión de delitos, los
cuales reportan ganâncias a sus autores” (2003, p.35).

Antônio Sérgio A. de Moraes Pitombo, cita o autor, Fabián Caparros, dizendo


qual o conceito atribuído por este, ao crime de lavagem de dinheiro:

processo tendente a obtener la aplicación en actividades económicas


lícitas de una masa patrimonial derivada de cualquier género de
condutas ilícitas, con independencia de cuál sea la forma que esa
masa adopte, mediante la progresiva concesión a la misma de una
aparencia de legalidad (PITOMBO, 2003, p.35).
No mesmo sentido, Antônio Sérgio A. de Moraes Pitombo, cita Gómez Iniesta:

operación a través de la cual el dinero de origen siempre ilícito


(procedente de delitos que revisten especial gravedad) es invertido,
ocultado, substituido o transformado y restituido a los circuitos
económicos-financeiros legales, incorporándo-se a cualquier tipo de
negocio como si se hubiera ontenido de forma lícita(PITOMBO, 2003,
p.35).
Segundo Celso Sanchez Vilardi, o conceito de lavagem de dinheiro e:
Lavagem de dinheiro é um processo através do qual o criminoso
busca introduzir um bem, direito ou valor provindo de um dos crimes
antecedentes na atividade econômica legal, com aparência de lícito
(reciclagem).Este processo, em regra, é formado por três etapas
distintas: a da ocultação, em que o criminoso distancia o bem, direito
ou valor da origem criminosa; a etapa da dissimulação, através da
qual o objeto da lavagem assume a aparência de lícito, mediante
algum tipo de fraude; e a etapa da reintegração: feita a dissimulação,
o bem, direito ou valor reúne condições de ser reciclado, ou seja,
reintegrado no sistema, como se lícito fosse.(VILARDI,2003,p.12-13).
No mesmo sentido, Antônio Sérgio A. de Moraes Pitombo, cita Blanco Cordero:

el blanqueo de capitales es el’processo en virtude del cual los bienes


de origen delictivo se integran en sistema económico legal con
aparencia de haber sido obenidos de forma lícita(PITOMBO,
2003p.35-36).
Marco Antônio de Barros, citado por Antônio A. de Moraes Pitombo, conceitua o
crime de lavagem de dinheiro:

operação financeira ou transação comercial que oculta ou dissimula a


incorporação, transitória ou permanente, na economia ou no sistema
financeiro do País, de bens, direitos ou valores que, direta ou
indiretamente, são resultado ou produto dos seguintes crimes
(PITOMBO, 2003, p.36).
Diante dos conceitos aduzidos pelas doutrinas nacionais e internacionais,
citadas anteriormente, foi elaborado um conceito de crime de lavagem de
dinheiro, o qual seria o mais completo e adequado, sendo então, lavagem de
dinheiro, crime praticado por sujeito agente ou terceiros participantes,
que ocultam, dissimulam a natureza, origem, localização, disposição,
movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores, provenientes,
que tenham conhecimento de sua fonte ilícita, direta ou indiretamente, de
um crime precedente. Crimes estes que na legislação estão elencados no
rol taxativo do art, 1° da lei 9.613/98, sendo a lavagem de dinheiro
mecanismo utilizado para inserir tais bens, direitos ou valores, no sistema
econômico-financeiro do País como se lícitos fossem, através de meios
fraudulentos.(grifos nossos)

Muitos dos conceitos trazidos pela doutrina atual nacional e estrangeira sobre
lavagem de dinheiro, se limitam a falar apenas sobre os meios em que podem
ser ”lavados” o dinheiro, incidindo assim tal delito, e que a origem deste
dinheiro deve ser ilícita. O conceito traz uma dúvida aos aplicadores do direito,
sendo a incerteza de quando está iniciado o processo de execução do crime de
lavagem de dinheiro?.
Existe uma dificuldade em diferenciar a ocultação ou dissimulação “inocente”
(aquela feita sem conhecimento da origem ilícita do bem ou valor) daquela com
vistas a atingir o escopo da lavagem de dinheiro.

Entretanto claro se faz a não incidência no crime de lavagem de dinheiro


aquela pessoa que atua em quaisquer das fases do delito em questão, fase de
ocultação, dissimulação e integração de bens, sem a intenção, dolo específico
de “blanquear dinero”, pois a omissão legislativa sobre a possibilidade de existir
o crime de lavagem de dinheiro culposo, deve ser interpretada de acordo com o
artigo 18, inciso II do Código Penal brasileiro, o qual diz que não irá existir
crime culposo se não houver expressa determinação legal anterior ao fato que
se pretende punir.

Com a não existência do crime de lavagem culposo diminui a probabilidade de


pessoas desinformadas, desatentas, imprudentes incidirem naquele crime, o
que seria um grande problema para o Estado já que, estaria punindo
provavelmente “inocentes” e privilegiando a audácia e esperteza de outros.

Então se viu que é razoavelmente fácil incidir no delito de lavagem de dinheiro,


pois o requisito obrigatório da “simples” existência de crimes anteriores torna o
delito de lavagem de dinheiro um crime grave de fácil incidência, um exemplo
disso é a incidência de uma pessoa no crime de lavagem de capitais, somente
por ter vendido seu imóvel a um terceiro, não declarado o valor total da venda
do imóvel para burlar o imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis e de
direitos a ele relativos – ITR, e o comprador utilizou-se da aquisição do bem
para ocultar a origem ilícita do dinheiro.

Portanto é muito simples alguém que incidir neste crime grave que é o de
lavagem de dinheiro sem saber, já que é necessário somente que se comprove
a materialidade do crime antecedente para incidir o delito de lavagem de
capitais.

O legislador ao criar a Lei de Lavagem de dinheiro, Lei n° 9.613/98, trouxe no


seu art. 1°, “caput”, o conceito legal de lavagem de dinheiro, qual seja:

Artigo1° Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização,


disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou
valores provenientes, direta ou indiretamente, de crime:
Sendo que nos incisos deste mesmo diploma legal, é elencado o rol taxativo
dos crimes antecedentes e trouxe nos parágrafos 1° e 2°, do artigo 1° da Lei
9.613/98, condutas que também incidem no delito de lavagem de dinheiro.

2.2 HISTÓRICO

O delito de lavagem de dinheiro começou a ser pensado mundialmente na


Convenção de Viena de 1988 e no Regulamento Modelo sobre Delitos de
Lavagem de Dinheiro relacionado com o tráfico de drogas elaborado na
CICAD-OEA de 1992.

Se há señalado que, em los últimos tiempos, el cuerpo normativo más


importante a considerar, especialmente en lo concerniente a la
creación de nuevas incriminaciones delictivas, es la Convención de
las Naciones Unidas de Viena, contra el Tráfico Ilícito de
Estuipefacientes y Substancias Sicotrópicas, aprobada en la Sexta
Sesón Plenária de la Conferencia, el 19 de deciembre de 1988, y en
vigor desde noviembre de 1990(CERVINI; OLIVEIRA; GOMES, 1998,
p.132-133).
No mesmo sentido:

A Convenção de Viena de 1988 editada contra o tráfico de drogas


impulsionou a criação dos primeiros diplomas legais sobre o delito de
´lavagem de dinheiro´, impulso este correspondente à chamada
legislação de primeira geração por considerar exclusivamente como
crime antecedente o tráfico de entorpecentes e afins. Gravitavam,
assim, na órbita da receptação as condutas relativas a bens, direitos
e valores originários de todos os demais ilícitos que não foram as
espécies típicas ligadas ao narcotráfico. Essa orientação era
compreensível, visto que os traficantes eram os navegadores
pioneiros nessas marés da delinqüência transnacional e os frutos de
suas conquistas não poderiam ser considerados como objeto da
receptação convencional (MORAIS,2007,p.02).
No crime de lavagem de dinheiro, uma das modalidades preferidas de
ocultação e dissimulação dos valores ilícitos era a de depósito bancário, o que
levou as instituições financeiras, conforme Raul Cervini (2003, p.146-148), que
se adequar a possibilidade de serem quebrados os sigilos bancários de seus
correntistas para o fim de saber se estavam transacionando quantias de
correntes de ilícitos, tentando lavar este dinheiro, incidindo assim no crime de
lavagem de dinheiro.

Entretanto esta ingerência do Estado na esfera da intimidade das pessoas não


é autoritária e indevida, pois é feita em benefício da coletividade já que o bem
tutelado no crime de lavagem de dinheiro, ao nosso ver, é o sistema
econômico-financeiro nacional e não o bem jurídico tutelado pelo crime
antecedente nem a Administração Pública, como pensam outros autores que
tratam do assunto.

Após este passo inicial dado pela Convenção de Viena de 1988, no tocante ao
tratamento do crime de lavagem de dinheiro, conforme diz Neydja Maria Dias
de Morais (2007, p.3) outras constituições mundiais, como por exemplo a da
Alemanha, Espanha, Portugal, Brasil, Bélgica, França, Itália, México, Suíça e
Estados Unidos, se sucederam no tratamento do crime de lavagem de dinheiro,
dando cada uma delas um rol de crimes antecedentes que achava adequado,
delitos estes classificados em de primeira, segunda e terceira geração.

Importante ressaltar ainda que o Brasil é um dos signatários da Convenção de


Viena de 1988, o que demonstra sua posição de comprometimento no combate
ao crime de lavagem de dinheiro.

Porem é recente o tratamento dado pela legislação brasileira ao crime de


lavagem de dinheiro, e adveio também, assim como no resto do mundo, da
necessidade de maior identificação das movimentações bancárias e
financeiras, o que gerou uma evolução no tratamento do assunto e
conseqüentemente leis que tratassem especificamente sobre o crime de
lavagem de dinheiro.

Diante disso as primeiras regulamentações sobre o tema fora feitas pelo Banco
Central do Brasil.

Em 1992 o Banco Central do Brasil editou Resolução n. 1946, com vistas a


identificar pessoas que realizassem pagamentos ou recebimentos em espécie,
em moeda nacional ou estrangeira, nos valores superiores ou iguais
mencionados por este dispositivo legal.

Em 1996, também o Banco Central do Brasil, editou Circular nº. 2677, a qual
regulava as movimentações de ingresso ou saída de recursos do país feitas em
favor ou por instituições financeiras estrangeiras e a obrigatoriedade da
identificação rígida das pessoas da transação e da origem do dinheiro quando
a movimentação era feita em valores iguais ou superiores a dez mil reais.
Este início de combate à lavagem de dinheiro adveio de que “Em 1994, graças
à estabilidade monetária, trazida pelo Plano Real afirma-se que ocorreu
aumento de interesse por lavar dinheiro no território
brasileiro.”(PITOMBO,2003,p.53), e:

O Brasil, cercado por países produtores de droga, tornou-se um lugar


propício à lavagem de dinheiro, em virtude de possuir sistema
financeiro bem desenvolvido, porém carente em controle quanto a
identidade dos usuários e à veracidade de operações.
(PITOMBO,2003,p.53).
No mesmo sentido,diz o autor Willian Terra:

Especificamente no caso brasileiro, nos últimos anos, tornou-se


pública a insuficiência estrutural dos poderes públicos e do sistema
legislativo para o combate do crime organizado.Notícias sobre
grandes casos de corrupção pública, movimentações ilícitas de
capitais, utilização indevida de verbas públicas e fundos de
campanhas políticas tornaram-se freqüentes.(TERRA, 1998, p.315).
Diante desse quadro surgiu a Lei 9.613/98, de 1 de março de 1998,
buscando a punição específica da conduta de “lavagem de dinheiro” e
inaugurando todo um sistema de controle de operações financeiras e
de fiscalização da movimentação de capitais.(TERRA, 1998, p.315).
Conforme Antônio Sergio Pitombo (2003), foi elaborado anteprojeto em
05.07.1996, pelo Ministério da Justiça, sob a coordenação do Ministro Nelson
Jobim, com participação de Francisco Assis Toledo, Miguel Reale Junior,
Vicente Graco Filho e René Dotti. Houve ainda, segundo o referido autor acima
citado, a elaboração, posteriormente, do Projeto de Lei 2.688/1997, o qual
elencava o rol dos delitos antecedentes em seu artigo primeiro, este de forma
mais numerosa que o elencado no anteprojeto acima citado.

Após esta breve evolução no tratamento do crime de lavagem de dinheiro,


ocorrida no Brasil, foi editada e publicada em 1998 a Lei n°. 9.613, a qual
tratava especificamente dos aspectos materiais e processuais do delito de
lavagem de dinheiro.

Entretanto, a lei 9.613/98 após a sua publicação e dentro da sua vigência,


sofreu mudanças em seu artigo, primeiro, o qual elenca o rol dos crimes
antecedentes. A Lei 10.467/2002, mudou a redação do inciso VII do art, 1°, da
Lei 9.613/98, para: “praticado por particular contra a administração pública
estrangeira (arts.337-B, 337-C e 337-D do Decreto-lei n. 2.848, de 7 de
dezembro de 1940- Código Penal)”.
A Lei 10.701/2003, adicionou ainda o financiamento ao terrorismo ao rol dos
delitos antecedente ao crime de lavagem de dinheiro, ficando o art. 1°, II, da Lei
9.613/98, com a redação: “de terrorismo e seu financiamento”.

Ainda com a Lei 10.701/2003, tentou-se mudar a redação do inciso VII deste
diploma legal colocando o tráfico de órgãos humanos ou pessoas como delito
prévio ao crime de lavagem de dinheiro, porem foi vetada esta mudança,
segundo Antônio Sergio Pitombo (2003) “O veto, portanto, fundou-se no
evidente erro de numeração do texto aprovado”.

Recentemente, o Senado Nacional cogita a possibilidade de uma nova


mudança na Lei de Lavagem de Dinheiro, Lei n°. 9.613/98, através da SF PLS
00209 / 2003 de 28/05/2003, de autoria do Senador Antonio Carlos Valadares,
que busca com isso, dar nova redação aos dispositivos da Lei 9.613/98 e tentar
tornar mais eficiente a persecução penal do crime de lavagem de dinheiro.

2.3 BEM JURÍDICO

Existem quatro teorias que tratam sobre qual é o bem jurídico tutelado pelo
crime de lavagem de dinheiro.

A primeira teoria que diz que o crime de lavagem de dinheiro tutela o bem do
delito antecedente é criticada porque se assim fosse estaríamos admitindo que
o delito antecedente não seria capaz de tutelar o seu objeto de forma
autônoma necessitando de uma outra legislação criminal, que seria a Lei
9.613/98, para tutelar o seu objeto de forma completa.

Esta primeira teoria é defendida por Silvia Bagacigalupo e Miguel Bajo, estes
citados por Marcia Monassi Mougenot Bonfim e Edilson Mougenot Bonfim,
dizendo que:

Finalidade da norma de lavagem de dinheiro é a mesma da


receptação: impedir o delito originário que está se ocultando, que
lesiona, portanto, o bem jurídico deste delito. Se com a lavagem,
oculta-se um delito fiscal, o objeto de proteção tanto de um quanto do
outro delito será o erário público.(MOUGENOT; MOUGENOT, 2005,
p.28).
Criticando esta teoria Antônio Sergio A. De Moraes Pitombo diz que:
Referido entendimento não parece ser o correto, porque almeja criar
um supertipo cuja função seria atuar nas hipóteses de ineficácia de
outro tipo penal, o que implicaria a própria negação da idéia de tipo.
Cada situação, socialmente valiosa merece a tutela do respectivo tipo
individualizador da conduta proibida.(PITOMBO,2003, p. 74).
Não se mostram idênticos os bens jurídicos, porque o agente, na
lavagem de dinheiro, não contribui com a manutenção do ataque ao
bem jurídico já lesionado ou posto em perigo pelo autor do delito
antecedente.(PITOMBO, 2003, p. 74)
A segunda teoria é a que entende que o bem tutelado pelo delito de Lavagem
de Dinheiro é a Administração da Justiça, porque através deste delito riquezas
são geradas, são colocadas na sociedade como lícitas dificultando assim o
conhecimento da autoria e materialidade do crime antecedente tentando e esta
ocultação, dissimulação e integração de bens buscaria também evitar sua
punição. Sendo assim, o crime de lavagem de dinheiro serviria para travar
estes bens ilícitos e punir o delito prévio

Seguem este raciocínio os doutrinadores Paolo Bernasconi, Pilar Gómez


Pavon, citados por Marcia Monassi Mougenot Bonfim e Edilson Mougenot
Bonfim (2005, p.28).

Critica-se esta teoria devido ao fato de já existirem medidas assecuratórias no


Código de Processo Penal brasileiro capazes de cumprir esta função que teria
o crime de lavagem de dinheiro, como por exemplo, o seqüestro de imóveis.

Sobre a teoria que diz que o bem jurídico tutelado na lavagem de dinheiro é a
Administração da Justiça, Antonio A. De Moraes Pitombo, citando José de Faria
Costa,diz que:

Defendemos que a incriminalização das condutas penalmente


relevantes se fundamenta em uma ordem de razões que se não deve
confundir com as razões “fracas” que eventualmente advenham de
motivos laterais de mera eficácia de um sistema. Criar-se um tipo
legal para, desse jeito, melhor ou mais facilmente desenvolver,
legalmente, uma qualquer actividade persecutória é atitude político-
legislativa pouco clara que, para além disso, pode ter efeitos
perversos.(PITOMBO, 2003, p. 77).
Existe ainda uma terceira corrente sobre qual é o bem tutelado pela lavagem
de dinheiro, nesta é dito que o bem tutelado é a Administração da Justiça e a
Ordem Econômico-Financeira, dizendo que o crime de lavagem de dinheiro é
um delito pluriofensivo, que pode aceitar dois bens como tutelados, sendo que
um desses bens e tutelado em principal, a ordem econômica-financeira,
enquanto o outro bem, a administração da justiça, é tutelado de forma
subsidiária, a esta teoria se filiam os autores Marcia Monassi Mougenot Bonfim
e Edilson Mougenot Bonfim (2005, p.30).

A quarta teoria diz que a ordem econômica, artigo 170 da Constituição Federal,
é o bem jurídico tutelado pela lavagem de dinheiro, sendo esta a mais plausível
de se entender e a qual nos filiamos, porque neste delito são utilizados os
meios legais postos pelo ordenamento para a utilização pela população de
forma legal para se “lavar” dinheiro alem de ferir vários princípios do direito
constitucional econômico, como por exemplo, da livre iniciativa, concorrência
leal e propriedade privada.

Eros Roberto Grau (2004, p.179-180) diz que a ordem econômica trazida pela
Constituição Federal de 1988 é composta por princípios os quais organizam e
dão as diretrizes das condutas econômicas, quais sejam, por exemplo, a
dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre
iniciativa, a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, a garantia do
desenvolvimento nacional, a erradicação da pobreza e da marginalização e a
redução das desigualdades sociais e regionais, a livre associação profissional
ou sindical, a propriedade e a sua função social, a livre concorrência.

O crime de lavagem de dinheiro lesa alguns destes princípios como por


exemplo a ordem econômica quando na fase integrativa dos bens ilícitos no
sistema econômico-financeiro, estes são colocados em negócios lícitos que
são explorados por outras pessoas da sociedade dentro dos moldes legais, e o
bem ilícito colocado no mercado compete de forma desleal com os já
existentes legalmente no mercado terminando por colocá-los em grande
desvantagem podendo acarretar até a quebra dos negócios jurídicos lícitos
existentes no mercado econômico-financeiro.

O princípio da livre iniciativa é lesado pelo crime de lavagem de dinheiro pois


este se utiliza da liberdade dada pelo ordenamento jurídico às pessoas para
utilizarem o sistema econômico-financeiro para torna-lo meio de conversão de
bens ou valores ilícitos em lícitos.

A propriedade privada e sua função social como princípios reguladores da


ordem econômico-financeira são desrespeitados pelo crime de lavagem de
dinheiro devido ao fato dos bens ou valores ilícitos movimentarem a economia,
sendo mais um fator de inflação ou especulação no caso dos imóveis, e não
visam em nada estes bens atingir a função social que é necessário à qualquer
propriedade, visando apenas tornar o bem ou valor com a faceta de lícito.

Marco Antônio de Barros (1998 p. 4-5) diz que a lei de lavagem de dinheiro tem
como grande escopo garantir a segurança do sistema econômico-financeiro e
suas operações transações e outras formas de movimentar a economia.

Ainda nestes termos, para William Terra de Oliveira (1998), citado por Ana
Karina Viviani em artigo publicado na Internet em 2004, a ordem
socioeconômica seria:

o bem protegido, sendo que o mesmo frisa, ainda, que se procura


alcançar a proteção de interesses metapessoais ou interindividuais,
evitando, por conseguinte, a erosão do sistema democrático com o
comprometimento do destino econômico de toda a sociedade.

Chega-se então à conclusão que o delito de lavagem de dinheiro tem como


bem jurídico tutelado a ordem econômica, disposta no artigo 170 da
Constituição Federal, devido ao fato de que ao se lavar dinheiro estaria sendo
lesado vários princípios que compõem a ordem econômica, como por exemplo,
o princípio da livre iniciativa, da vedação a concorrência desleal, da
propriedade privada.

Portanto o crime de lavagem de dinheiro é um crime que devido ao fato de


tutelar a ordem econômica faz parte do Direito Penal Econômico.

2.4 ETAPAS

O crime de lavagem de dinheiro possui como etapas a ocultação, dissimulação


e integração, geralmente utilizadas nesta ordem.

2.4.1 Fase de ocultação de bens ou valores

Na ocultação o agente busca esconder a face ilícita do bem, valor ou


patrimônio gerada pelo crime antecedente.Antônio Sérgio A. de Moraes
Pitombo, diz que “na ocultação, busca-se escamotear a origem ilícita, com a
separação física entre o agente e o produto do crime anterior”(2003,p.36).

Celso Sanchez Vilardi, (2004, p.17), que também tem o entendimento de que é
na fase de ocultação do crime de lavagem de dinheiro que se busca distanciar
o bem, direito ou valor da fonte criminosa para depois disto integrá-lo no
sistema econômico-financeiro.

Sobre a fase da ocultação, André Luis Callegari diz que:

esta é a fase em que os delinqüentes procuram desembaraçar-se


materialmente das importantes somas em dinheiro que foram geradas
pelas suas atividades ilícitas. O montante arrecadado normalmente é
transladado a uma zona rural ou local distinto daquele em que se
arrecadou. Em continuação, coloca-se este dinheiro em
estabelecimentos financeiros tradicionais ou em estabelecimentos
não tradicionais (casas de câmbio, cassinos e etc) ou, ainda, em
outros tipos de negócios de condições variadas (hotéis, restaurantes,
bares, etc) (CALLEGARI, 2005, p.185-186).
Ainda sobre a fase de ocultação, André Luis Callegari, (2005, p.186), diz que
esta fase serve para que além de ocultar o valor, bem ou patrimônio decorrente
de ilícito prévio, porém com a cautela de não ocultar a identidade dos seus
titulares, pois sendo a ocultação em pequenas quantias a identificação do
titular da quantia não geraria nenhuma suspeita dos órgãos fiscalizadores da
procedência destes bens.

São exemplos de ações com o fim de ocultar os bens, uma grande quantidade
de depósitos de dinheiro em quantia as médias ou pequenas em contas
correntes ou poupanças em diversos Bancos.

2.4.2 Fase de dissimulação de bens ou valores

Na dissimulação o agente criminoso atua de forma a realizar negócios


jurídicos, transações comerciais, dentre outras modalidades de ações com
vistas a terminar de encobrir a origem criminosa dos bens, valores ou
direitos.Segundo Antônio Sérgio A. de Moraes Pitombo (2004, p.37) na
dissimulação “realiza-se série de negócios ou operações financeiras, uns
seguidos dos outros, para disfarçar de vez a origem criminosa”.
Celso Sanchez Villardi (2004), diz que na dissimulação se procura dar aos
bens aparência de legalidade, o que lhe permite ser integrado ao sistema
financeiro, só podendo ser a dissimulação através de meios fraudulentos.

André Luis Callegari (2005), denomina a fase de dissimulação de etapa de


“máscaramento” dos bens, dizendo que o propósito desta fase é desligar os
bens da sua origem através de complicadas e variadas transações financeiras,
sendo estas de varias formas, misturadas e sobrepostas umas às outras.

O autor supracitado conclui que:

nesta fase é preciso fazer desaparecer o vínculo existente entre o


criminoso e o bem procedente de sua atuação, razão pela qual é
usual o recurso à superposição e combinação de complicadas
operações financeiras que tratam de dificultar o seguimento do que se
conhece como “pegada ou rastro do dinheiro” (CALLEGARI, 2005,
p.187).
Pode servir de exemplo de ação dissimulatória de bens ou valores a criação de
empresas de fachada ou a venda ou exportação de ativos.

2.4.3 Fase de integração de bens ou valores

Na ultima fase, a etapa da integração dos bens, valores ou direitos


provenientes de crimes prévios, o autor do delito de lavagem de dinheiro tenta
utilizar-se dos bens como se lícitos fossem, dadas as aparências de legalidade
que se converteram os bens depois de passados pelas fases de ocultação e
dissimulação.

Antonio Sérgio, A. de Moraes Pitombo, citando Rodolfo Maia Tigre (2003, p.37),
diz que a fase da integração é realizada através da integração dos valores “no
sistema produtivo, por intermédio da criação, aquisição e/ou investimento em
negócios lícitos ou pela simples compra de bens”.

André Luis Callegari, (2005, p.188), afirma que chegando na fase de integração
é muito difícil rastrear a origem dos bens se já não foi feito este trabalho, pois
nesta fase os bens, valores ou patrimônios por terem aparência de lícitos,
obtidos através de operações financeiras legais, não são percebidos como
advindos de crimes antecedentes, portanto bens ilícitos.
Serve como exemplo de ação integrativa de bens ou valores a compra de uma
concessionária de automóveis, de uma imobiliária ou a criação de um lava-jato
ou estacionamento de carros.

2.5 PREVISÃO NO DIREITO INTERNACIONAL

Como foi dito anteriormente, o crime de lavagem de dinheiro é tratado em


diversas legislações mundiais. Isto decorre da necessidade que os países tem
de regularizar e fiscalizar o capital que gira em torno da sua economia.

Dentro deste panorama mundial de tratamento do delito de lavagem de


dinheiro, segundo Raúl Cervini (1998), alguns países preferem legislar sobre
este assunto em seu Código Penal, como por exemplo a França, Itália, Suíça
dentre outros, enquanto outros países dispõem sobre o tema em leis especiais,
como Brasil (Lei 9.613/98), Argentina (Ley sobre Estupefacientes n. 23.737/89),
Equador (Ley sobre Substancias Estupefacientes y Sicotrópicas de 1990),
Chile (Ley n. 19.366/95) e também tem uma outra parte a qual apenas o
México se filia, através do seu Código Fiscal da Federação,o qual trata sobre o
crime de lavagem de dinheiro em um Código Especial.

Para melhor entendimento e uma maior visão e didática dividimos a abordagem


sobre o crime de lavagem de dinheiro e seu tratamento dado nos mais diversos
países e em diferenciados continentes.

2.5.1 Tratamento do crime de lavagem de dinheiro nos países europeus.

Faremos agora uma breve abordagem sobre o tratamento dado por alguns
países europeus ao delito de lavagem de dinheiro.

2.5.1.1 Legislação alemã sobre o crime de lavagem de dinheiro


Na Alemanha, o delito de lavagem de dinheiro é previsto no Código Penal, o
qual foi introduzido neste diploma legal através da “Ley contra el Tráfico Ilícito
de Estupefacientes y otras Modalidades de la Criminalidad Organizada de 15
de Julio de 1992”(CERVINI, 1998, p.191), sendo que houveram modificações
posteriores no tratamento daquela conduta típica, ficando que “El nuevo delito
de lavabo aparece por consiguinte em el parágrafo 261 de la ley del
92”(CERVINI 1998, p.192).

Terminando que na Alemanha o crime de lavagem de dinheiro, tem pena de 05


(cinco) anos a até 10 (dez) anos de reclusão, a depender da circunstância que
cometeu o crime ou pena pecuniária e, se reveste na conduta típica de:
ocultar o encubrir, impedir o dificutar el descubrimiento o la
investigación de la procedência de um bien o su detención o
consifcación, siempre que dicho bien proceda de la comision de um
delito relativo al tráfico de drogas o de um delito cometido por um
miembro de uma associación criminal.(CERVINI, 1998, p.192).

2.5.1.2 Legislação francesa sobre o crime de lavagem de dinheiro

Na França, do antigo Imperador Napoleão Bonaparte, o crime de lavagem de


dinheiro é tratado nos arts. 222 a 238 do Código Penal do ano de 1994 e,

A tenor de lo dispuesto em este artículo, há de imponerse uma pena


privativa de liberdad de 10 años y uma multa de um millón de francos,
a quien por cualquier médio fraudulento facilite o intente facilitar la
justificación falsa de origen de lãs ganancias o bienes que
pertenezcan al autor de alguno de los delitos relacionados com lãs
sustâncias estupefacientes.Idéntica pena habrá de imponerse a quien
participe em cualquier opercación destinada a transferir, ocultar o
convertir el producto de dichas actividades.(CERVINI, 1998, P.193).

Segundo Raúl Cervini (1998), há uma distinção, dada pelo legislador Francês,
ás penas aplicadas ao crime de lavagem de dinheiro, a depender do crime
antecedente, caso o crime prévio seja ligado ao narcotráfico, a pena “in
abstrato” será maior e a pena pecuniária menor, entretanto, se o crime primário
não estiver ligado ao tráfico de drogas, a pena “in abstrato” será
“sensiblemente inferior” (1998, p.194).

2.5.1.3 Legislação italiana sobre o crime de lavagem de dinheiro


O tratamento dado ao crime de lavagem de dinheiro pela legislação italiana,
conforme Raul Cervini (1998), foi um dos primeiros diplomas legais dados
crime mundialmente, sendo que atualmente o crime de lavagem de dinheiro,
naquele país está disposto no art 648 do Código Penal Italiano, o qual sofreu
inúmeras modificações ao longo do tempo.

O Decreto Lei 625/79 modificou o tratamento dado a lavagem de dinheiro e


criou a obrigação do registro e devida manutenção de arquivos que contenham
as transações bancárias realizadas pelas entidades financeiras com montante
maior que 20 (vinte) milhões de libras. A lei 55/90, a qual confirmou a posição
da Itália como subscrevente da Convenção de Viena acrescentando no rol de
delitos antecedentes ao crime de lavagem de dinheiro o tráfico de drogas e
substâncias análogas.

O legislador italiano ainda traz a novidade de punir tanto aquele que pratica a
lavagem de dinheiro quanto aquele que é receptador dos bens provenientes da
lavagem de dinheiro,

la regulación penal italiana concerniente al lavado de capitales es que


este precepto se ubica junto a la receptación y que se castigue no
sólo el hecho de convertir y transferir los bienes ilícitamente
obtenidos, sino también el empleo de losmismos en una actividad
economica o financeira.El hecho de que también se castigue esta
conducta nos hace pensar que se está sancionando penalmente la
tercera de las fases aludidas a la hora de describir el processo de
legitimación de capitales(CERVINI, 1998, p. 195).

2.5.1.4 Legislação suíça sobre o crime de lavagem de dinheiro

Importante saber ainda, que o país da Suíça, berço de grandes bancos


mundiais e que é um dos primeiros Estados soberanos estrangeiros que
passam pela mente das pessoas quando se fala do assunto lavagem de
dinheiro, como sendo este país um paraíso fiscal, onde as leis não combatem
este tipo de crime.

Pensamento este extremamente deturpado, como demonstra Raúl Cervini


(1998), porque é visto na legislação suíça uma preocupação no combate ao
crime de lavagem de dinheiro adotando para isso medidas penais como:

a) Art 305 bis: El que haya cometido un acto idóneo para


dificultar la identificación del origen, el descubrimiento o la
confiscación de valores partimoniales de los cuales él sabia o
debía presumir que provenián de delito(CERVINI,
1998,p.196).
b) Art 305 ter: El que profesionalmente haya aceptado,
cobservado, ayudado a colocaro a transferir valores
patrimonialies de un tercero y que haya omitido verificar
conforme a la vigilâbcia requerida por las circusntâncias, la
identidad del titular del derecho econômico(CERVINI,
1998,p.196).
Como se observa a legislação suíça no tocante a lavagem de dinheiro adotou a
terceira geração de pensadores sobre o rol de delitos antecedentes, e sendo
assim, entende haver o delito de lavagem de dinheiro quando o bem adveio de
qualquer atividade ilícita anterior.

2.5.2 Tratamento do crime de lavagem de dinheiro nos países americanos.

Passemos agora a uma pequena explanação sobre as disposições legais sobre


o delito de lavagem de capitais em alguns países do continente americano. Em
capítulo posterior trataremos em minúcias o regime legal do delito de lavagem
de dinheiro no Brasil.

Nos países do continente americano, devemos observar o tratamento dado ao


crime de lavagem de dinheiro pelas nações da Argentina, Colômbia, Equador,
Estados Unidos e México.

2.5.2.1 Legislação argentina sobre o crime de lavagem de dinheiro

Na Argentina quem trata dos crimes de lavagem de dinheiro, segundo Raúl


Cervini (1998) é o Código Penal que, após as modificações feitas pelas leis n°
23.737/89 (lei de tóxicos argentina),leis n°10.903, 20.655, 24.061/91 e
24.112/92, trouxe o delito de lavagem de dinheiro em seu artigo 25, qual seja:

Artículo 25°. Será reprimido con prisión de dos a diez años y multa de
seismil a quinientos australes, el que sin haber tomado parte ni
cooperado en laejecución delos hechos previstos en esta ley,
interviniere en la inversión, venta, pignoración, transferência o cesion
de las ganancias, cosas o bienes provenientes de aquellos, o del
beneficio económico obtenido del delito siempre que hubiese
conocido ese origen o lo hubiera sospechado.
Con la misma pena será reprimido elque comprare, guardare, ocultare
o receptare dichas ganancias,cosas,bienes o beneficios conociendo
su origen o habiéndolo sospechado
A los fines de la aplicación de este artículo no importaráque el hecho
originante de las ganancias,cosas, bienes o beneficios se haya
producido en el territorio extranjero(CERVINI, 1998, p.198).
A Argentina, segundo Raúl Cervini (1998), no artigo 39 do seu Código Penal
estabelece que os valores obtidos com a venda dos bens apreendidos na luta
contra a lavagem de dinheiro,serão utilizados na luta contra o tráfico de drogas
e ao consumo de drogas ou substâncias análogas.Este aspecto da lei
Argentina e cabível de aplausos pois tenta acabar com o maior gerador de
bens a serem lavados que o tráfico de drogas e ainda busca cuidar da parcela
da população que foi “vítima” dos efeitos devastadores das drogas no ser
humano.

2.5.2.2 Legislação colombiana sobre o crime de lavagem de dinheiro

Na Colômbia, país mundialmente conhecido pelo tráfico e produção de drogas,


a legislação penal, segundo Raúl Cervini (1998), buscou combater a lavagem
de dinheiro perseguindo os lucros obtidos ilicitamente, impedindo que os bens
havidos em sucessão se tornem automaticamente lícitos independente da sua
origem duvidosa, dando caráter de seqüela ao caráter ilícito aos bens
independentemente de seu novo titular estar ou não de boa-fé, podendo retirar
o bem da sua esfera patrimonial.

O crime de lavagem de dinheiro está previsto de forma autônoma, segundo


Raúl Cervini (1998), no Código Penal Colombiano, nos artigos. 247A, 247B,
247C e 247D.

Tem como rol de delitos antecedentes os crimes de extorsão, enriquecimento


ilícito, extorsão mediante seqüestro, rebelião, tráfico de drogas ou substâncias
análogas. Segundo Raúl Cervini (1998), as leis de combate ao tráfico de
drogas e conseqüentemente ao crime de lavagem de dinheiro, na Colômbia,
ainda carecem de uma aplicação maior e mais severa para evitar tais delitos.
2.5.2.3 Legislação norte americana sobre o crime de lavagem de dinheiro

O tratamento dado ao crime de lavagem de dinheiro na legislação norte


americana está, segundo Raúl Cervini (1998), na compilação denominada de
“Estatutos Penales del Código Federal de los Estados Unidos sobre Lavado de
Dinero y normas conexas y complementarias con el tema”.

Marcia Monasi Mougenot Bonfim e Edilson Mougenot Bonfim (2005, p.24)


dizem que o delito de lavagem de dinheiro, está previsto especificamente no
“Laundering of monetary instruments” e no “Engaging in monetary transactions
in property derived from specified unlawful activity”.

2.5.2.4 Legislação mexicana sobre o crime de lavagem de dinheiro

De forma não convencional o México dispôs a conduta delitiva do crime de


lavagem de dinheiro, como diz Raúl Cervini (1998), no seu Código Fiscal da
Federação, artigo 115 bis, e por isto ele não é considerado um ilícito penal e
sim um ilícito fiscal cuja persecução deve se dar através da Secretaria da
Fazenda e Crédito Público e pela Procuradoria Fiscal da Federação.

Entretanto, mesmo não sendo um ilícito penal, a conduta ilícita de lavagem de


dinheiro possui pena de 03 (três) a 09 (nove) anos de prisão,como se sanção
penal fosse, seguindo os critérios da legislação brasileira.

2.5.2.5 Legislação paraguaia, peruana e venezuelana sobre o crime de


lavagem de dinheiro

O Paraguai prevê o delito de lavagem de dinheiro, segundo Raúl Cervini (1998)


no artigo. 3° da Lei1.015/97, a qual “Previene e Reprime los Actos Ilícitos
Destinados a la Legitimación de Dinero o Bienes”.

O Perú prevê o crime de lavagem de dinheiro, segundo Raúl Cervini (1998),


nos artigos 296A e 296B do seu Código Penal, porem cabe ressaltar que este
tratamento e tipificação da conduta de “lavar” o dinheiro é recente neste país,
começando a sua previsão em 1991.

Na Venezuela o crime de lavagem de dinheiro e previsto na “Ley Orgánica


Sobre Sustâncias Estupefacientes y Sicotrópicas” (CERVINI, 1998, p.237),
mais precisamente em seu artigo 37, sendo complementado pelos artigos 34 e
35 do mesmo diploma legal.

2.6 PREVISÃO NO DIREITO INTERNO

No direito brasileiro, a lei responsável pelo tratamento jurídico penal do crime


de lavagem de dinheiro é a Lei 9.613/98 que foi publicada em 03 de Março de
1998.

Antes deste regramento legal, o crime de lavagem de dinheiro era previsto


apenas implicitamente, ainda não como crime, mas como forma de lavagem de
capitais provenientes de atividades criminosas, como por exemplo, o tráfico de
drogas, na Resolução n°1946 e na Circular n°2677 do Banco Central como
visto no Sub-Tópico 2.2, do Capítulo 2 desta Monografia.

Importante relembrar que a Lei 9.613/98 não está atualmente com seu texto
originário pois, esta já foi reformada ou modificada outras vezes como por
exemplo pela lei n°10.7683/03 e 10.701/03, sendo que estas mudanças não
serão as ultimas pois sendo este crime de enorme incidência e é grande a
evolução nas formas de execução, devido ao Capitalismo exacerbado e da
Globalização em que vivemos, se faz necessário sempre uma atualização ou
adequação da lei à realidade econômica que vive a sociedade brasileira.

Outro mecanismo criado pelo sistema jurídico-legislativo brasileiro foi o


Conselho de Controle de Atividades Financeira – COAF.

órgão que tem por finalidade”disciplinar, aplicar penas administrativas,


receber, examinar e identificar as ocorrências suspeitas de atividades
ilícitas”(artigo 14, caput, da Lei 9.613/98), fiscalizando, pois, as
atividades financeiras que podem dar ensejo à lavagem de
dinheiro(Mougenot,Marcia, Mougenot, Edilson, 205, p.24-25).
O COAF funciona como um órgão administrativo de inteligência atua de forma
repressiva administrativamente, impondo penas de caráter administrativo antes
das sanções penais, se possível, e preventivamente, de forma a tentar evitar a
proliferação de condutas atinentes à lavagem de dinheiro tentando combater o
seu nascimento antes que o estrago no bem tutelado pelo crime de lavagem de
capitais, o sistema econômico-financeiro, seja grande.

O COAF – Conselho de Controle de Atividades Financeiras esta disposto nos


artigos 14 a 17 da Lei 9.613/98.

Importante lembrar que a Justiça Federal, observando a necessidade de um


tratamento especial ao combate ao crime de lavagem de dinheiro, vem criando
Varas Especializadas no combate a este delito, a cidade de Salvador, por
exemplo, possui a 02ª Vara Federal.

Como foi dito anteriormente, a Legislação brasileira adotou os critérios


determinadores da 2ª geração, os quais elenca um rol taxativo de delitos
antecedentes ao de lavagem de dinheiro.

Em uma análise dos delitos prévios dispostos no artigo 1° da Lei 9.613/98,


infere-se que a lei não reproduz o pensamento da 2ª geração, na qual o rol de
delitos antecedentes composto de apenas crimes escolhidos pelo legislador, e
sim o pensamento da 3ª geração, a qual diz que os crimes antecedentes
podem ser qualquer crime, isso por causa da fixação das organizações
criminosas como crime antecedente ao de lavagem de dinheiro.

Mais adiante tratar-se-á especificamente sobre os crimes antecedentes e suas


provas para poder incidir o crime de lavagem de dinheiro e, adentraremos mais
profundamente neste liame conturbado das organizações criminosas como
crime primário ao de lavagem de capitais.

A Lei 9.613/98 ainda trouxe em seu bojo o rito procedimental a ser adotado nos
crimes de lavagem de dinheiro, como se observa dos artigos 2° a 6° daquele
diploma legal.

Entretanto, temos que deixar claro que o artigo 2° da Lei de lavagem de


dinheiro, em seu inciso I, diz que os crimes punidos com reclusão devem seguir
o procedimento comum, e se olharmos a pena “in abstrato” fixada no art. 1 da
mesma lei, veremos que o crime de lavagem de dinheiro e apenado com
reclusão.
Seguimos então o pensamento de Márcia Monassi Mougenot Bonfim e Edílson
Mougenot Bonfim, que citando Rodolfo Maia Tigre (2005), dizem que, como o
crime de lavagem de dinheiro é apenado com reclusão, e sendo assim, com
fundamento no artigo. 2°, I, da Lei 9.613/98, o rito a ser seguido é o rito comum
dos artigos 394 e seguintes do Código de Processo Penal, este dispositivo da
Lei de Lavagem de Dinheiro que trata do rito procedimental do delito de
lavagem de capitais é completamente dispensável.

O que achamos que seria mais certo, que o legislador não previu, era existir a
conexão entre os processos de lavagem de dinheiro, sendo o juiz competente
para o crime antecedente o mesmo para o delito de lavagem de dinheiro.

Uma vez existente a conexão entre os processos seria muito mais fácil o
esclarecimento sobre o crime de lavagem de dinheiro e menos provável a
condenação de uma pessoa inocente pelo crime de lavagem de capitais.

CONCLUSAO

O Crime de lavagem de dinheiro, disposto na Lei 9.613/98, é um crime atual


que vem incidindo bastante devido ao contexto atual da globalização e do
capitalismo os quais tornaram muito mais fácil o acesso aos Bancos, as
hipóteses de transação bancárias se multiplicaram, os tipos de negócios
econômicos também evoluíram.

Esta evolução desenfreada da concepção econômica da sociedade, a qual não


mede esforços para cada vez mais criar situações econômicas que lhes sejam
favoráveis, favorece a incidência da lavagem de capitais pois na maioria das
vezes estas novas situações econômicas não são protegidas contra a audácia
e esperteza criminosa de algumas pessoas.

O delito da lavagem de dinheiro por ser um crime que tutela o bem jurídico da
ordem econômica é classificado como um delito do Direito Penal Econômico.

Pelo crime de lavagem de dinheiro lesar a ordem econômica disposta no artigo


170 da Constituição Federal podemos dizer que o seu sujeito passivo é a
coletividade pois é ela que irá sentir os impactos da injeção de bens ilícitos no
mercado econômico-financeiro.

A lavagem de capitais vai de encontro a rodem econômica, como por exemplo,


os seus princípios da ordem econômica da propriedade privada, da livre
concorrência, da defesa do consumidor, da função social da propriedade.

Sabe-se da dificuldade de se constituir atualmente uma empresa e do grande


custo que se tem na busca pelo mercado e no pagamento dos tributos devidos.

O crime de lavagem de dinheiro, por não colocar seus bens seguindo a


normalidade e a ética que rege o mercado financeiro, já que não está se
importando muitas vezes em valores de negociação de bens e sim com a
implementação de valores no mercado, como é o caso dos imóveis comprados
a preços fora da realidade somente para injetar o valor ilícito na economia, e
esta e outras formas de lavar dinheiro coloca todo o restante do sistema
econômico-financeiro em questão, pois foge-se as regras de mercado,
quebrando, levando à falência negócios lícitos que já existiam anteriormente.

Um outro aspecto da ordem econômica quebrado com o crime da lavagem de


capitais é a valorização do trabalho humano, devido ao fato de os negócios
financeiros utilizados para se “lavar” o dinheiro ilícito terminam por muitas
vezes a desvalorizar determinadas categorias de trabalhadores que passam a
ser sempre vistos com reservas.

Portanto a lavagem de dinheiro é um delito que tem uma dupla ofensividade


pois alem de ofender os cofres públicos atenta também contra toda a
sociedade que está naturalmente participando ativamente do mercado
financeiro durante as mais simples atividades da vida cotidiana como
estacionar um carro em um estacionamento privado enquanto vai ao banco ou,
por exemplo, quando de vai alugar um apartamento para ali estabelecer a
residência sua e de sua família.

A lavagem de dinheiro deve ser entendida como não um “simples” crime, ou


como mais um delito do direito penal, mas sim um delito que deve ser
combatido a todo custo, pois o potencial lesivo dele é grande e seus efeitos são
sentidos por toda a coletividade já que ele ataca um bem jurídico, a ordem
econômica, constitucionalmente prevista no artigo 170, a qual todos são
colaboradores e participantes da colheita dos seus frutos irradiados por
inúmeros aspectos da vida cotidiana.

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