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Resumo
Este artigo procura realizar um levantamento bibliográfico da produção científica
relativa ao tema da saúde mental, em especial, a saúde mental infantil e sua
interlocução com o campo da educação. Foram pesquisados artigos que tratassem
do tema da saúde mental infantil na base de dados Scielo e BVS-Psi. Na base
Scielo, foram encontrados 18 artigos através da busca pelos indicadores ‘saúde
mental infantil’ e ‘educação’. Já na base BVS-Psi, foram encontrados 27 artigos
utilizando-se os mesmo indicadores. Foi feita uma pré-seleção através da leitura dos
resumos dos artigos encontrados. Entre os artigos escolhidos para embasar o
trabalho foram encontrados como fatores de discussão: a invisibilidade da
criança/jovem ao longo da história e das políticas públicas, dificuldade dos
profissionais em lidar com o público da SM, precariedade na formação, preconceitos
entre os familiares, medicalização da infância entre outros. O objetivo deste trabalho
é fazer um percurso que demonstre os avanços e as dificuldades no campo da
saúde mental infantil, bem como trazer como estratégia essencial no processo de
reforma na saúde a Intersetorialidade. Tal estratégia revela-se como uma possível
saída para as dificuldades vividas na atualidade, além de auxiliar no processo de
construção de uma sociedade mais tolerante e efetivamente inclusiva
1. Introdução
* Psicóloga, Mestre em Psicologia pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ),
graduação em Psicologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Psicóloga da
Secretaria de Educação do Município de Araruama/RJ. Email: liviamachadosilva@gmail.com
de tudo, era ir de encontro às práticas de abuso a dignidade humana, fazendo do
campo da saúde mental um campo de conhecimento que abarcasse um sujeito que
tem o direito de viver em sociedade, um sujeito que passa a ser visto como
biopsicossocial. Nesse sentido, muito se tem produzido a respeito da saúde mental e
da atenção psicossocial, especialmente após a implementação pelo Ministério da
Saúde, dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), aos quais já admitem na
atualidade uma série de diversificações para melhor atender a demanda que surge.
Nesse ínterim a escolha de abordar as questões da saúde mental infantil bem
como a articulação com outros setores, como a educação, surge pela escassez de
trabalhos que tratam da temática nos dias atuais. Isso evidencia a necessidade da
discussão sobre a saúde mental infantojuvenil bem como das políticas públicas que
têm como função primordial a garantia de acesso e de direitos dessa população. A
intersetorialidade, um dos princípios de ação das políticas públicas, evidencia o
aspecto da co-responsabilidade entre os diferentes setores. Trata da articulação que
deve, ou deveria ser transversal aos diversos campos de conhecimento e ação.
Tem-se, por exemplo, a saúde mental articulando-se com a Justiça, ou a educação,
ou a Assistência Social, demonstrando uma participação fluida e comprometida no
cuidado integral à população.
Além disso, o tema suscita a discussão a respeito do estigma sobre a
população de saúde mental infantil e os enfrentamentos diários em busca de direitos
e serviços especializados pelas famílias. Um ponto importante a se destacar é o
processo de inclusão na escola das crianças e jovens que são público da SM. Como
a educação observa os mecanismos de inclusão dessas crianças e quais seriam as
estratégias possíveis na integralização desse processo?
Sabe-se que a escola é uma dos setores que mais reforçam estigmas sociais
e processos de exclusão. Tal processo é demonstrado pelas leituras sobre o
fracasso escolar, transtornos de aprendizagem, bem como na literatura que trata
sobre a medicalização da vida, que muitas vezes é reforçada pelos paradigmas
clássicos da escola contemporânea. Constitui-se como um dos motivos desse artigo,
discutir sobre os processos de medicalização sobre a infância e como tais práticas
podem repercutir na saúde mental.
O tema da saúde mental e educação emerge em um contexto de intensas
mudanças nas políticas educacionais do Brasil, bem como de inauguração de um
olhar mais inclusivo das diferenças humanas. Nesse sentido, pode-se dizer que a
relevância do tema é justamente a possibilidade de discutir e revelar outras práticas
de atenção integral à saúde como é preconizado pela Organização Mundial da
Saúde, bem como mostrar os avanços e obstáculos no processo de
intersetorialidade.
Este artigo justifica-se por se tratar de um levantamento bibliográfico da
produção cientifica a respeito do tema da SM infantil nos últimos anos. Além disso,
observou-se uma escassez no que tange aos estudos sobre o tema, especialmente,
aqueles que tratam da intersetorialidade. Tem-se como objetivo deste artigo
demonstrar o que se tem produzido a respeito do tema bem como os avanços e
desafios observados ao longo dos anos.
O método utilizado foi a revisão de literatura sobre o tema. Foram
pesquisados artigos através dos indicadores (saúde mental infantil; educação;
intersetorialidade). Após esse levantamento, foram selecionados os artigos que
melhor respondiam aos objetivos da pesquisa.
1
Comunidade Terapêutica: “processo de reformas institucionais que continham em si mesmas uma
luta contra a hierarquização ou verticalidade dos papeis sociais, ou enfim, um processo de
horizontalidade e democratização das relações” (AMARANTE, 2007, p.48). Tal definição serve para
diferenciar esse movimento, ocorrido na Inglaterra na década de 1950, daquilo que se popularizou
chamar de ‘Comunidades Terapêuticas’ no Brasil, as quais não são reconhecidas como políticas de
assistência psicossocial.
de cuidado e acolhimento, de produção de subjetividade e de sociabilidades
(AMARANTE, 2007, p.73).
2
PSF: Programa Saúde da Família.
2.1. Educação e Saúde Mental: ação intersetorial.
3. Considerações Finais
Referências
LIMA, Rossano; COUTO, Maria Cristina Ventura; SOLIS, Fabiana; OLIVEIRA, Bruno;
DELGADO, Pedro Gabriel Godinho. Atenção psicossocial a crianças e adolescentes
com autismo nos CAPSi da região metropolitana do Rio de Janeiro. Saúde e
Sociedade. São Paulo, v. 26, n. 1, p. 196 – 207, 2017.
VIEIRA, Mauro Luis; VIEIRA, Viviane & HANSEN, Janete. Psicologia Escolar na
Educação Infantil: atuação e prevenção em Saúde Mental. Barbarói. Santa Cruz do
Sul, n. 31, p.72-92, 2009. Disponível em:
https://online.unisc.br/seer/index.php/barbaroi/article/view/1007/905 . Acesso em 24
de abril de 2018.