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Saúde Mental infantojuvenil e Educação: desafios atuais

Lívia Machado da Silva*

Resumo
Este artigo procura realizar um levantamento bibliográfico da produção científica
relativa ao tema da saúde mental, em especial, a saúde mental infantil e sua
interlocução com o campo da educação. Foram pesquisados artigos que tratassem
do tema da saúde mental infantil na base de dados Scielo e BVS-Psi. Na base
Scielo, foram encontrados 18 artigos através da busca pelos indicadores ‘saúde
mental infantil’ e ‘educação’. Já na base BVS-Psi, foram encontrados 27 artigos
utilizando-se os mesmo indicadores. Foi feita uma pré-seleção através da leitura dos
resumos dos artigos encontrados. Entre os artigos escolhidos para embasar o
trabalho foram encontrados como fatores de discussão: a invisibilidade da
criança/jovem ao longo da história e das políticas públicas, dificuldade dos
profissionais em lidar com o público da SM, precariedade na formação, preconceitos
entre os familiares, medicalização da infância entre outros. O objetivo deste trabalho
é fazer um percurso que demonstre os avanços e as dificuldades no campo da
saúde mental infantil, bem como trazer como estratégia essencial no processo de
reforma na saúde a Intersetorialidade. Tal estratégia revela-se como uma possível
saída para as dificuldades vividas na atualidade, além de auxiliar no processo de
construção de uma sociedade mais tolerante e efetivamente inclusiva

Palavras-chave: saúde mental, infância, educação, intersetorialidade

1. Introdução

Após o surgimento do movimento da Reforma Psiquiátrica no Brasil, na


década de 1970 e 1980, instaurou-se um novo paradigma em saúde. A ideia, acima

* Psicóloga, Mestre em Psicologia pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ),
graduação em Psicologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Psicóloga da
Secretaria de Educação do Município de Araruama/RJ. Email: liviamachadosilva@gmail.com
de tudo, era ir de encontro às práticas de abuso a dignidade humana, fazendo do
campo da saúde mental um campo de conhecimento que abarcasse um sujeito que
tem o direito de viver em sociedade, um sujeito que passa a ser visto como
biopsicossocial. Nesse sentido, muito se tem produzido a respeito da saúde mental e
da atenção psicossocial, especialmente após a implementação pelo Ministério da
Saúde, dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), aos quais já admitem na
atualidade uma série de diversificações para melhor atender a demanda que surge.
Nesse ínterim a escolha de abordar as questões da saúde mental infantil bem
como a articulação com outros setores, como a educação, surge pela escassez de
trabalhos que tratam da temática nos dias atuais. Isso evidencia a necessidade da
discussão sobre a saúde mental infantojuvenil bem como das políticas públicas que
têm como função primordial a garantia de acesso e de direitos dessa população. A
intersetorialidade, um dos princípios de ação das políticas públicas, evidencia o
aspecto da co-responsabilidade entre os diferentes setores. Trata da articulação que
deve, ou deveria ser transversal aos diversos campos de conhecimento e ação.
Tem-se, por exemplo, a saúde mental articulando-se com a Justiça, ou a educação,
ou a Assistência Social, demonstrando uma participação fluida e comprometida no
cuidado integral à população.
Além disso, o tema suscita a discussão a respeito do estigma sobre a
população de saúde mental infantil e os enfrentamentos diários em busca de direitos
e serviços especializados pelas famílias. Um ponto importante a se destacar é o
processo de inclusão na escola das crianças e jovens que são público da SM. Como
a educação observa os mecanismos de inclusão dessas crianças e quais seriam as
estratégias possíveis na integralização desse processo?
Sabe-se que a escola é uma dos setores que mais reforçam estigmas sociais
e processos de exclusão. Tal processo é demonstrado pelas leituras sobre o
fracasso escolar, transtornos de aprendizagem, bem como na literatura que trata
sobre a medicalização da vida, que muitas vezes é reforçada pelos paradigmas
clássicos da escola contemporânea. Constitui-se como um dos motivos desse artigo,
discutir sobre os processos de medicalização sobre a infância e como tais práticas
podem repercutir na saúde mental.
O tema da saúde mental e educação emerge em um contexto de intensas
mudanças nas políticas educacionais do Brasil, bem como de inauguração de um
olhar mais inclusivo das diferenças humanas. Nesse sentido, pode-se dizer que a
relevância do tema é justamente a possibilidade de discutir e revelar outras práticas
de atenção integral à saúde como é preconizado pela Organização Mundial da
Saúde, bem como mostrar os avanços e obstáculos no processo de
intersetorialidade.
Este artigo justifica-se por se tratar de um levantamento bibliográfico da
produção cientifica a respeito do tema da SM infantil nos últimos anos. Além disso,
observou-se uma escassez no que tange aos estudos sobre o tema, especialmente,
aqueles que tratam da intersetorialidade. Tem-se como objetivo deste artigo
demonstrar o que se tem produzido a respeito do tema bem como os avanços e
desafios observados ao longo dos anos.
O método utilizado foi a revisão de literatura sobre o tema. Foram
pesquisados artigos através dos indicadores (saúde mental infantil; educação;
intersetorialidade). Após esse levantamento, foram selecionados os artigos que
melhor respondiam aos objetivos da pesquisa.

2. Saúde Mental e os avanços na atenção psicossocial infantil

A Saúde Mental (SM) ganhou espaço a partir do movimento da Reforma


Psiquiátrica, iniciada na década de 1970 no Brasil. Ainda que a SM tenha
conquistado importantes avanços, como a implementação dos CAPS (Centros de
Atenção Psicossocial), nota-se uma defasagem importante no que tange o
atendimento à infância e adolescência. De acordo com Couto, Duarte e Delgado
(2008) verifica-se uma necessidade urgente de criação de políticas públicas de
saúde mental direcionadas à infância em todas as partes do mundo. Outro avanço
relatado pelos autores é o incentivo à intersetorialidade, ou seja, a interlocução da
saúde mental com outros setores como: a educação, assistência social, justiça e
saúde geral. Essa ação, no entanto, ainda parece ser um desafio na realidade de
muitos municípios. Tal articulação depende acima de tudo, de uma nova visão, um
olhar e uma prática voltados para a interdisciplinariedade e não para os
‘especialismos’ das profissões.
Entretanto, para abordar as conquistas atuais nesse campo é preciso fazer
uma digressão à história da Reforma Psiquiátrica para compreender o motivo pelo
qual se luta na atualidade por práticas mais humanas e mais integralizadoras. De
acordo com Amarante (2007, p.33) a “saúde mental é um campo polissêmico e plural
na medida em que diz respeito ao estado mental dos sujeitos e das coletividades”. A
definição de Amarante (2007) traduz um primeiro aspecto importante a ser
destacado, qual seja, a abrangência do termo ‘saúde mental’. Nesse sentido, pode-
se dizer que essa saúde refere-se a um amplo sentido, ou seja, não significa apenas
o público que freqüenta os CAPs, ou qualquer tipo de tratamento psiquiátrico. A
saúde mental é um amplo estado de saúde que contempla todo e qualquer
indivíduo, assim como as coletividades e articula-se com uma ideia de saúde
integral.
Para abordar os avanços trazidos pela Reforma Psiquiátrica faz-se necessário
uma reflexão sobre os motivos de iniciar uma reforma. Amarante (2007) faz um
percurso histórico sobre o nascimento do hospital como instituição privilegiada da
atuação médica. Segundo ele, a palavra ‘hospital’ vem de ‘hospedaria, hospedagem’
que abrigavam pobres e mendigos na Idade Média. A partir do século XVIII
observou-se a entrada do saber e atuação médicos nesses ‘asilos’ que
posteriormente foram chamados de ‘hospitais’. Nesse contexto, surge um dos
principais nomes da Psiquiatria Moderna, Phillippe Pinel. Ele foi responsável por
inaugurar o tratamento moral no qual se acreditava que o isolamento e o trabalho
(terapêutico) seriam as vias mais adequadas de tratamento dos distúrbios da razão.
Pinel também foi responsável pelo desenvolvimento da noção de ‘alienação mental’,
o qual designava um distúrbio das paixões.

João Pinheiro Silva, alienista brasileiro do inicio do século XX considerava


que os asilos de alienados tiveram muitas analogias com os
estabelecimentos de educação porque reeducavam os comportamentos e
as mentes desregradas (AMARANTE, 2007, p.33).

Segundo este fragmento é possível observar que a comparação entre os


asilos e as instituições educacionais já se fazia presente desde o século passado no
Brasil. Não é sem razão que o historiador Michel Foucault em seu livro Vigiar e Punir
(1999) quando investiga as condições de possibilidade do surgimento das prisões,
compara essas instituições com os hospitais e as escolas. São instituições totais
como designou Goffman, as quais têm uma função social de controlar, normatizar e
produzir corpos dóceis e subjetividades disciplinares. Os mesmos rituais que se
observam nas prisões, também estão presentes na rotina do hospital e no cotidiano
de alunos das escolas, sejam elas públicas ou particulares. O objetivo de tais
estabelecimentos é produzir um sujeito ‘normal’ dentro das perspectivas sociais
estabelecidas, bem como, sujeitos ‘controlados’ em seus desvarios psíquicos.
No século XX surgem diversos movimentos que buscam romper com a
psiquiatria clássica, inaugurando assim, um novo olhar sobre a doença e o doente
‘mental’. São exemplos desses movimentos, de acordo com Amarante (2007):
comunidades terapêuticas1, Psicoterapia Institucional (França), Psiquiatria de Setor
(Centros de Saúde Mental, tinham objetivo evitar a reinternação e eram
regionalizados), Psiquiatria Preventiva (EUA), Psiquiatria Democrática entre outros.
De acordo com Amarante (2007) foi a partir desses movimentos que a ideia
de superação do aparato manicomial começou a ganhar forma. Vale ressaltar que
não foi apenas uma superação da instituição física dos hospícios, mas uma
superação ideológica, de práticas e saberes que fizeram com que fosse possível
outra abordagem sobre a loucura e sobre os ditos ‘doentes’. Esta outra visão parte
do princípio que a saúde mental é um processo social e complexo. A grande crítica
dos médicos e pensadores ‘anti-psiquiatria’ refere-se à separação que o pensamento
clássico, cartesiano infere sobre a doença e o sujeito que adoece. Para eles, só há a
investigação da doença, deixando-se de lado o sujeito e todo o seu laço social e
histórico. Desse modo, era inevitável que a atuação fosse mecânica e que os
princípios de isolamento fossem tão frequentes, uma vez que era apenas mais um
corpo desequilibrado lançado ao hospício e sem vínculos sociais.
Na contramão dessa corrente, as discussões e práticas trazidas pelas
experiências ocorridas na Europa inauguraram um período de reformas. Reformas
estas que, no Brasil, possibilitou a criação da Lei 10.216 de 2001, conhecida como
Lei da Reforma Psiquiátrica, a qual institui a respeito dos direitos das pessoas
portadoras de transtornos mentais.

se recusarmos aqueles conceitos arcaicos e procurarmos sentir e nos


relacionar com os sujeitos em sofrimento, se nos dirigirmos às pessoas e
não às suas doenças, podemos vislumbrar espaços terapêuticos em que é
possível escutar e acolher suas angustias e experiências vividas; espaços

1
Comunidade Terapêutica: “processo de reformas institucionais que continham em si mesmas uma
luta contra a hierarquização ou verticalidade dos papeis sociais, ou enfim, um processo de
horizontalidade e democratização das relações” (AMARANTE, 2007, p.48). Tal definição serve para
diferenciar esse movimento, ocorrido na Inglaterra na década de 1950, daquilo que se popularizou
chamar de ‘Comunidades Terapêuticas’ no Brasil, as quais não são reconhecidas como políticas de
assistência psicossocial.
de cuidado e acolhimento, de produção de subjetividade e de sociabilidades
(AMARANTE, 2007, p.73).

De acordo com o autor, pode-se então compreender que a proposta da


Reforma Psiquiátrica, tanto na Europa quanto no Brasil, assumiu um papel de
ruptura com a estrutura de abusos instituída pelo saber/poder médicos ao longo dos
séculos. Nasce então, a necessidade de mudança de paradigma, na qual a doença
passa a ser vista como uma condição complexa e multifatorial, em que estão em
jogo aspectos sociais, culturais, políticos e econômicos. As experiências de
Tosquelles, Basaglia refletem a possibilidade de uma intervenção mais humana,
traduzem o papel social do ‘doente’ não como aquele que deve ser investigado,
preso e normatizado, mas como aquele com quem se deve ouvir e compreender sua
singular experiência.
No Brasil, Couto, Duarte e Delgado (2008) analisaram os avanços na atenção
psicossocial infantojuvenil desde a implementação das primeiras políticas sobre a
SM. Verificou-se que havia uma escassez de trabalhos, bem como de iniciativas,
voltados para essa temática. Tal fato mostrou-se preocupante, uma vez que a
demanda pelos serviços de saúde mental infantil tem se tornado uma prática cada
dia mais difundida.

A inclusão tardia da saúde mental infantil e juvenil na agenda das políticas


de saúde mental, nacional e internacionalmente, pode ser atribuída a
diversos fatores. Em primeiro lugar, à extensa e variada gama de problemas
relacionados à saúde mental da infância e adolescência, que incluem desde
transtornos globais do desenvolvimento (como o autismo) até outros ligados
a fenômenos de externalização (como transtornos de conduta,
hiperatividade), internalização (depressão, transtornos de ansiedade), uso
abusivo de substâncias, e demais. (COUTO, DUARTE & DELGADO, 2008,
p.391).

Como é possível observar, os autores alegam que a atenção psicossocial à


infância se deu tardiamente, entre outros motivos pela ampla e diversificada
demanda que existe nesse público. A saúde mental infantil engloba tanto os TGD
(transtornos Globais do Desenvolvimento) quanto os problemas relacionados ao
comportamento ou as questões sociais. Nesse sentido, pode-se afirmar que um
serviço voltado para essa clientela necessita de tanta atenção quanto qualquer outro
serviço na saúde pública. Desse modo, Couto, Duarte e Delgado (2008) afirmam
que nos últimos anos dois grandes marcos podem ser destacados no que tange a
atuação na SM infantil, são eles: a criação e implantação dos CAPSi e a construção
de estratégias para atuação intersetorial. Ou seja, o CAPSi surge com a função
social de atendimento voltado para a população infantojuvenil e também nasce com
o propósito de fazer parte de uma Rede, a Rede de atenção psicossocial no sentido
da intersetorialidade, convocando os diferentes setores tais como: PSF 2, a justiça, a
educação, Conselho Tutelar entre outros.
A implantação dos CAPSi foi pensada para atuar no atendimento de
transtornos mentais com prejuízos severos e contínuos e sua articulação na Rede
Intersetorial tem o objetivo alcançar o cuidado integral da criança. Assim como
colocam os autores:

A noção que embasa a montagem de recursos é a de uma rede pública


ampliada de atenção à saúde mental infantil e juvenil, onde devem estar
articulados serviços de diferentes setores, com graus diferenciados de
complexidade e níveis distintos de intervenção, capazes de responder pelas
diferentes problemáticas envolvidas na saúde mental de crianças e jovens
(COUTO, DUARTE & DELGADO, 2008, p.392).

Os CAPSi são responsáveis pelo atendimento de um determinado número de


pacientes e de seus familiares, além de possuírem regime intensivo, semi-intensivo
e não intensivo. Sua atuação baseia-se primordialmente no desenvolvimento de
atividade terapêuticas integradoras do sujeito e sua família à comunidade em que
vivem. Segundo o documento do Ministério da Saúde (2005), e os autores
supracitados são prioritários os atendimentos para autistas, psicóticos (transtornos
desintegrativos da infância) bem como todos aqueles que possuam
comprometimentos psicossociais severos seja na “socialização, na inclusão na
escola, na família ou na comunidade” (COUTO, DUARTE & DELGADO, 2008,
p.393).
Ao tomar como referência a proposta das políticas de SM entende-se que o
princípio básico trazido pela Reforma Psiquiátrica e também das iniciativas voltadas
para o público infantil é levar o serviço para a comunidade, ou seja, a base do
‘tratamento’ deve ser territorial. A ação deve ser, portanto, voltada para o território de
referência do sujeito além de ser articulada entre os diferentes setores que cuidam
do mesmo. Esta seria uma intervenção efetiva da política de SM, seja ela para o
público adulto ou infantil. Contudo, apesar dos esforços e das pesquisas de
inúmeros profissionais ainda há muito a conquistar e muito estigma a combater.

2
PSF: Programa Saúde da Família.
2.1. Educação e Saúde Mental: ação intersetorial.

A área da Educação sempre foi palco privilegiado quando se trata de


intervenção, especialmente no público infantil. Assim como relata Foucault (1999)
quando afirma sobre os primeiros testes de inteligência que eram aplicados aos
alunos para distingui-los entre os ‘mais capacitados’ e os ‘menos capacitados’. Tal
ideologia persiste até os dias atuais com requintes de modificação, contudo, a
essência em categorizar aqueles que podem ter mais sucesso e aqueles que seriam
impedidos de tentar qualquer avanço continua a ser uma prática visível tanto nos
discursos da saúde quanto naqueles da Educação.
A Psicologia, enquanto área de conhecimento ampla, também contribuiu para
a continuidade de práticas avaliativas e de exclusão. É importante ressaltar que o
presente trabalho não visa criticar os métodos de avaliação psicológica, mas sim,
apontar para os efeitos de qualquer prática que surja sem a devida análise crítica.
De acordo com Vieira; Vieira e Hansen (2009) a Psicologia Escolar têm buscado
refletir sobre a sua atuação tentando redefinir o papel do psicólogo. Os autores
afirmam que esta área de atuação, por nascer ligada à psicometria e à aplicação de
testes psicológicos, ainda demonstra um predomínio dessas práticas na atuação do
psicólogo escolar. Entretanto, os autores observam também que o profissional tem
buscado ser um agente de mudança nesse ambiente.

Ele atuaria como um elemento centralizador de reflexões e conscientizador


dos papéis representados pelos vários grupos que compõem tal instituição.
Ou seja, em vez de abordar os problemas escolares com o foco somente
sobre os alunos, o psicólogo atuaria sobre as relações que se estabelecem
neste contexto, considerando o meio social em que estas relações estão
inseridas e o tipo de clientela que atende, assim como os grupos que a
compõem (VIEIRA; VIEIRA & HANSEN, 2009, p.74).

Além da mudança de paradigma que a Psicologia se propõe a fazer, há


também o aspecto da mudança de olhar sobre a saúde. A partir desta, observa-se
que o entendimento sobre a saúde assume um olhar mais integral, ou seja, espera-
se que o aluno, uma vez que é também é um sujeito, tenha acesso a uma atenção
integral a saúde, incluindo nisso, os aspectos biopsicossociais. Nesse sentido, o
Brasil lança uma iniciativa chamada Programa Saúde na Escola (2007), instituído
pelo SUS e que busca atuar tanto na prevenção quanto na promoção de saúde das
crianças e adolescentes. Esta iniciativa busca diferenciar-se dos ideais normativos
em voga alinhando-se ao que é preconizado pela OMS e por leituras críticas a
respeito da saúde e da educação.
Sendo o PSE um programa que articula saúde e educação, é importante falar
sobre o papel da atenção básica no cuidado integrado ao público infantojuvenil. De
acordo com Tanaka e Ribeiro (2009, p.478) a perspectiva da atenção integral
possibilita “a interdisciplinaridade como campo de conhecimento e a
intersetorialidade como campo de prática”. Nesse sentido, podemos dizer que a
atenção básica é fundamental para o funcionamento coerente da intersetorialidade.
Sendo a atenção básica a porta de entrada, ela assume o papel de identificar e
mapear as queixas da população referentes a saúde geral e a saúde mental. Cabe,
portanto, aos profissionais da atenção básica promoverem uma escuta qualificada,
ou quando for o caso, o encaminhamento para serviços especializados (TANAKA;
RIBEIRO, 2009).
Em relação ao público infantojuvenil, discussão central deste trabalho, é
possível destacar a importância do atendimento na atenção básica no que tange a
prevenção e orientação de algumas questões que podem acometer à saúde desse
público. Não há um consenso na literatura sobre o tema a respeito da prevalência de
transtornos mentais na infância. Há estudos em que afirmam que o público infantil
apresenta altas taxas de transtornos mentais (TANAKA; RIBEIRO, 2009). Existem
autores como Lima (2016) que vai de encontro a essa informação, afirmando que
existe uma produção de doenças para o público infantil calcado principalmente no
fenômeno da medicalização da infância. Contudo, é fato comum que a compreensão
dos problemas de saúde mental pelas equipes da atenção básica se faz urgente e
necessária para um verdadeiro atendimento intersetorial e implicado na ética do
cuidado. Segundo Sinibaldi (2013):

É na Atenção Primária que deveriam chegar todos os tipos de queixa


referentes à Saúde Mental Infantil. Desta forma, acentua-se a importância
do conhecimento e da atenção que os profissionais dos serviços públicos de
saúde dão às queixas e sintomas de Saúde Mental. A escuta cuidadosa das
queixas pode possibilitar uma intervenção efetiva por parte da equipe local.
Por outro lado, um encaminhamento adequado das crianças com problemas
mentais para serviços especializados pode permitir intervenção terapêutica
precisa e oportuna (SINIBALDI, 2013, p.65).
Outra estratégia importante que faz parte da atenção básica é o Programa
Saúde da Família (PSF) a qual possui equipes multiprofissionais de médicos,
enfermeiros, técnicos de enfermagem além dos agentes comunitários de saúde que
são responsáveis por fazer a mediação da equipe de saúde com o território da sua
abrangência. A ideia principal do PSF é modificar o modelo assistencial
predominante o qual se baseava anteriormente no tratamento exclusivamente
biomédico.
Em relação ao público infantojuvenil é importante destacar, como já foi
mencionado, o aspecto histórico uma vez que foi com o advento do ECA (Estatuto
da Criança e do Adolescente) que esse público adquiriu maior atenção e acesso as
políticas públicas de assistência e de saúde. Segundo Nunes, Kantorski e Coimbra
(2016) a Reforma Psiquiátrica contribuiu para a instauração de um novo olhar sobre
a assistência em saúde, visto que priorizou o atendimento de base comunitária
reforçando o aspecto da inserção e inclusão social das pessoas com sofrimento
mental, incluindo aí as crianças e jovens.
Somente a partir de 1990, com o ECA a criança ganha maior atenção das
políticas públicas. Uma das estratégias criadas foram os CAPSi, que são
estruturados para atender “às demandas de transtornos psiquiátricos severos e
persistentes, com proposta terapêutica personalizada, articulada com diferentes
setores” (Nunes, Kantorski & Coimbra, 2016, p. 2).
A partir do que traz os autores, em consonância com o que a literatura apresentada,
ressalta-se o papel da intersetorialidade na articulação de outros setores como a
educação, saúde, justiça e assistência na promoção do cuidado integral a essa
criança ou jovem acometido por alguma questão de saúde mental.

2.2. Intersetorialidade e seus desafios na atenção à saúde mental


infantojuvenil

Segundo o documento do Ministério da Saúde, elaborado em 2005, intitulado


Caminhos para uma política de saúde mental infantojuvenil, são elencados os
princípios para atuação em saúde mental. O primeiro deles é compreender a criança
ou jovem como um sujeito de direitos, que possui voz. Uma vez entendido este
aspecto, pressupõe-se a noção de responsabilidade, a criança é também um sujeito
responsável pela sua demanda e por isso deve ser ouvida.
Outro princípio é o acolhimento universal o qual implica no atendimento e na
responsabilização de qualquer demanda que chegue ao serviço. Em seguida, tem-
se a noção de encaminhamento implicado, no qual a equipe técnica deve
acompanhar o caso até o seu destino final, ou seja, deve ser responsável pelo
encaminhamento na rede. Tal fato demonstra além de uma real preocupação com o
usuário, uma iniciativa de construção permanente da rede, tornando os serviços
mais permeáveis e melhor compreendidos tanto pelos usuários quanto pelos
técnicos. Essa construção permanente implica na ideia de território, que indica
sobretudo a necessidade de habitar e compreender o local de onde o usuário vem e
o local que ele tem de referencia para sua vida social. E, por fim, um dos princípios
para a efetividade do cuidado é a intersetorialidade, ou seja, a articulação
compromissada dos diferentes setores sociais que atravessam a vivência do sujeito.
No caso do público infantojuvenil, tem-se a educação, a assistência social, a Justiça
em determinados casos entre outros. Todos devem comunicar-se e fazer fluir um
atendimento coerente e eficaz para cada caso, assim como é demonstrado no
fragmento a seguir:
Concluindo, a Política Pública de Assistência em Saúde Mental aponta para
a necessidade de destituir, do lugar de referência e de modelo de cuidado e
assistência, as instituições baseadas na ideologia do reparo, de caráter
excludente, isolacionista. O eixo passa a ser definido pelos direitos de
cidadania, definindo a esfera pública como um lugar de excelência de ação
protetiva, de cuidados éticos emancipatórios das pessoas em situação de
risco social. Esse processo baseia-se no princípio de que a pessoa
portadora de sofrimento mental, de alguma deficiência e sua família devem
ser protagonistas do seu processo de emancipação, devendo assumir os
seus lugares na vida de sua cidade. (BRASIL, 2005, p.14).

Tendo em vista os princípios norteadores para o cuidado em saúde mental,


Cavalcante, Jorge e Santos (2012) ressaltam a importância das ações que podem
existir na atenção básica e que auxiliam no processo da intersetorialidade com vistas
ao cuidado ampliado do usuário. Os autores afirmam que o Programa Nacional de
Saúde Mental busca especificar três funções para a equipe da atenção básica, são
elas: a identificação precoce dos problemas de saúde mental, a oferta de
tratamentos adequados, e a promoção e prevenção da saúde. Nesse contexto, os
autores defendem a ideia de um apoio especializado para as equipes da atenção
básica que se deparam com questões de saúde mental no público infantojuvenil e
afirmam:

os profissionais que trabalham com crianças na atenção básica precisam do


suporte de uma equipe especializada. Assim, o apoio matricial (AM) adveio
da constatação de que a Reforma Psiquiátrica não poderia avançar se a
atenção básica não fosse incorporada ao processo (CAVALCANTE, JORGE
& SANTOS, 2012, p.164).

O Apoio Matricial tem o objetivo de promover a coresponsabilização de todos


os envolvidos no caso. Desde a equipe da ESF, a qual geralmente é a primeira a
receber a demanda, até as equipes de saúde mental do CAPSi. Todos, inclusive os
especialistas do atendimento ambulatorial que, porventura, recebam o usuário para
uma consulta de rotina, todos são coresponsáveis pelo cuidado desse usuário.
Segundo Cavalcanti, Jorge e Santos (2012, p.164) essa é uma ferramenta que tem
como finalidade “gerar processos de reflexão, ajudando na identificação e
enfrentamento de situações críticas, e, consequentemente, no desenvolvimento de
habilidades e aumento da capacidade resolutiva das equipes”.
Os autores relatam também que, através das entrevistas realizadas com os
técnicos da equipe de apoio matricial, podem-se observar poucos casos de saúde
mental infantil e a razão para isso viria de uma ‘deficiência’ no olhar da equipe de
atenção básica, a qual historicamente, não reserva uma atenção a esse público. Daí,
a necessidade de uma atuação especializada para esse tipo de demanda. Eis,
portanto, um dos desafios do apoio matricial e do trabalho em Rede: articular a
atenção básica e a saúde mental.
Assim como a ‘deficiência’ no olhar, o trabalho de Cavalcanti, Jorge e Santos
(2012) evidencia outros motivos para o pouco aparecimento de casos infantis no
apoio matricial. As entrevistas demonstram que a falta de estrutura dos serviços, a
dificuldade dos profissionais em lidar com a questão da saúde mental infantil, a
resistência dos pais/responsáveis em expor o problema dos filhos, o estigma muita
vezes associado ao atendimento em saúde mental e a demanda espontânea, ou
seja, os pais dirigem-se diretamente para os CAPSi, não passando pela atenção
básica ou pelas equipes da ESF.
A questão da demanda espontânea pode gerar outros problemas
organizacionais na Rede de atenção. Um deles é a manutenção de uma lógica
compartimentalizada, fazendo com que o usuário da saúde mental não seja visto
como um sujeito que pertence a uma Rede e não a um serviço apenas. Outro
problema relatado pelos autores é o grande número de casos que chegam aos
CAPSi sem possuir um perfil de transtornos moderados a graves. Alguns desses
casos, por exemplo, se fossem observados por uma equipe da atenção básica
juntamente com o apoio matricial, poderiam ter suas questões sanadas naquele
nível de atenção.
Entre os fatores que concorrem para a perpetuação dessas dificuldades no
atendimento em saúde mental está a formação dos profissionais de saúde, a qual
ainda está muito aquém das discussões e propostas da Reforma Psiquiátrica. O que
se vê ainda é a marginalização da saúde mental nos currículos do ensino superior
bem como uma predominância dos conceitos psicopatológicos tradicionais, sem
qualquer discussão que aponte para uma formação crítica sobre o processo de
adoecimento.
Além da questão da formação têm-se também as dificuldades emocionais
inerentes aos profissionais que lidam com a saúde mental infantil. Sentimentos de
frustração, medo, preconceitos, ansiedade, constrangimento entre outros são
comuns nos relatos dos técnicos, sejam eles da atenção básica ou da saúde mental.
Um reflexo de um passado de exclusão social e de ignorância sobre o tema do
adoecimento mental. Atualmente, apesar dos diversos espaços que estão sendo
construídos para inserção da saúde mental na sociedade, ainda observam-se
práticas e procedimentos tradicionais, no qual aplicam-se ‘receitas’ iguais para
sujeitos diferentes. Tal fato promove a medicalização da vida, que vai além da
simples administração de medicamentos, e sim, torna-se uma postura cultural, social
e política de assumir cada vez mais comportamentos da vida que antes eram
tomados como ‘normais’, e agora configuram uma ‘doença’, um problema de ordem
médica que precisa ser combatido.

2.3. A medicalização da infância e a produção de doenças na atualidade:


impasses na educação

Segundo historiadores como Phillipe Àries e Michel Foucault (1999), a


infância só passou a existir enquanto fase do desenvolvimento humano ao final do
século XIX e início do XX. Até esse momento, a criança era vista como um pequeno
adulto e por isso, as intervenções que recaiam sobre ela nada mais eram do que
aquelas aplicadas aos adultos sem qualquer especificidade. Nesse contexto,
portanto, compreende-se que a infância foi renegada durante muito tempo.
Entretanto, com o nascimento da família burguesa, dócil e produtiva, nasce também
a preocupação com o futuro cidadão, que passa a ser perscrutado, especialmente
pelo saberes da Pedagogia, Psicologia e da Medicina.
Tais saberes encontram condições de possibilidade inéditas no século XIX e
XX para firmarem-se enquanto ciência, baseada no positivismo em voga, esperava-
se contribuir para uma sociedade de cidadãos cada vez mais aptos e mais
adaptados à realidade moderna. Nesse contexto, os exames de inteligência, de
“normalidade” e aptidão para o aprendizado tiveram um papel fundamental na
estigmatização de muitas crianças e jovens e na ascensão de uns poucos
escolhidos.
É desse período que vem a herança do movimento que a sociedade
contemporânea presencia na atualidade. Ou seja, o processo de medicalização da
vida não é uma ‘invenção’ do século XXI, ele é produto de um jogo de poder e saber
que surge com mais evidência nos séculos passados e que ganha uma roupagem
mais arrojada, com status científico, neurobiológico, mas que redundam nas
mesmas práticas e ideologias segregacionistas de outrora. Segundo Guarido (2007,
p. 154) “o sofrimento é tratado como desordem bioquímica fora do seu contexto
psicossocial”.
A autora afirma que o ramo das ciências médicas, que possuem como ícones
principais quando se aborda o tema da infância a psiquiatria e a neurologia, tem
promovido uma crescente medicalização da criança além de transportar paradigmas
da clínica com adultos para o público infantojuvenil. Tal fato indica, entre outras
particularidades, que o saber sobre a infância está cada dia mais atrelado ao
universo do saber médico-psicológico como afirma Guarido (2007).

Se, por um lado, os profissionais da Educação se vêem destituídos de sua


possibilidade de ação junto às crianças pela hegemonia do discurso das
especialidades; por outro, ao assumir e validar os discursos médico-
psicológicos, a pedagogia não deixa de fazer a manutenção dessa mesma
prática, desresponsabilizando a escola e culpabilizando as crianças e suas
famílias por seus fracassos (GUARIDO, 2007, p.157).
Mas, o que é medicalização? Segundo Conrad (2007), este é um processo
em que instâncias cotidianas da vida são definidas e interpretadas através da ótica
médica, com a linguagem e intervenção médica. Assim, comportamentos que antes
eram considerados ‘comuns’ ou ‘normais’ para uma determinada sociedade em um
determinado tempo passam a ser encaradas como ‘doenças’, potenciais transtornos
ou até mesmo uma necessidade de mudança em determinado comportamento. A
discussão que não costuma surgir é a quem serve esse ou aquele diagnóstico?
Quais discursos são produzidos quando se admite mais de 500 possíveis
diagnósticos através do DSM – 5?

Há uma psiquiatrização ocorrendo na sociedade. Já existem 500 tipos


descritos de transtorno mental e do comportamento. Com tantas descrições,
quase ninguém escaparia a um diagnóstico de problemas mentais. Coisas
normais da vida estão sendo encaradas como patologias. [...] Houve um
excesso de diagnósticos psiquiátricos. Essa variedade atende mais aos
interesses e à saúde financeira da indústria que à saúde dos pacientes.
(AGUIAR, 2004 apud GUARIDO, p. 158-159).

A citação de Guarido (2007) reflete alguns dos atravessadores existentes no


processo de medicalização da vida. A indústria farmacêutica, a indústria midiática
além da participação dos postulados ‘científicos’ da medicina são alguns daqueles
que participam ativamente deste processo. Mas, quais efeitos dessa discussão para
a saúde mental de crianças e adolescentes e para a educação no contexto
contemporâneo?
É possível observar a constante luta de organizações não governamentais e
de familiares no processo de reinserção de crianças e jovens com algum
comprometimento de saúde mental nos ambientes educacionais. A verdade é que
tais pessoas não necessitariam ‘lutar’, uma vez que se constitui um direito dessas
pessoas o acesso à educação, à saúde, ao emprego enfim, os direitos
constitucionais das quais boa parte da população é assegurada.
Entretanto, a realidade mostra que o processo de inclusão de alunos com
necessidades educacionais especiais ainda é precária. Vale ressaltar que de acordo
com a Resolução nº04 de 2009, do Ministério da Educação, estão incluídos nesse
grupo alunos com deficiência (física, intelectual, sensorial), TGD (Transtornos
Globais do Desenvolvimento) e altas habilidades/superdotação, muitos destes são
também público dos CAPSi. E, além disso, o processo de inclusão do aluno não
necessita de laudo médico. Outro aspecto importante é a conscientização do papel
do saber médico na produção de relatórios diagnósticos. É lógico que para garantir
certos benefícios, o laudo tem um papel fundamental, contudo, é preciso trabalhar
para que o indivíduo não seja estigmatizado ou fique engessado na
doença/transtorno. Faz-se mister a produção de uma sociedade mais tolerante e
sinceramente inclusiva.

3. Considerações Finais

Diante do que foi exposto é possível chegar a alguns pontos importantes da


discussão a respeito da saúde mental infantojuvenil e o papel da intersetorialidade.
Foram abordadas as diversas dificuldades que são encontradas no campo da saúde
mental na atenção ao seu público entre as quais estão: a dificuldade dos
profissionais, o estigma e o preconceito ainda presentes nas famílias, a formação
acadêmica deficiente além da histórica invisibilidade das crianças e adolescentes
nas políticas públicas.
A estratégia da intersetorialidade surge, portanto, como ferramenta essencial
na quebra do paradigma biologizante e propõe uma relação de cooperação entre os
diferentes saberes e áreas de atuação na construção de um cuidado efetivo. Através
de uma prática reflexiva tanto na saúde como na educação, na assistência, na
Justiça é possível evitar abusos dos ‘supostos saberes’ ou agentes de poder que há
tanto tempo vem impondo ‘modelos’ de ser e estar na sociedade.
Nesse ínterim, discutiu-se também o efeito do processo de medicalização da
vida, tão presente na atualidade e, especialmente, no publico infantojuvenil. Na
pretensão de ‘normatização’ do comportamento, na busca pelo aluno ideal, são
produzidos milhares de ‘remédios milagrosos’, laudos salvadores (ou não) e,
consequentemente, estigmas, rótulos e segregação. Produz-se cada vez mais a
naturalização do sofrimento, a sujeição ao império cerebral e a perpetuação do
trabalho compartimentalizado através da lógica dos encaminhamentos. Enfim, a
prática sem crítica, sem reflexão compromete a possibilidade de um trabalho coletivo
e de uma ação integral.
Vale ratificar, portanto, que o sujeito infantojuvenil pertence a uma rede de
atenção na qual atuam várias frentes de trabalho e nas quais todas são
corresponsáveis pela atenção. Cabe então, quebrar as barreiras dos especialismos
e dos preconceitos para ver o sujeito com a complexidade que lhe é própria, um
sujeito biopsicossocial.

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