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Por não vislumbrar usurpação de sua competência (CF, art. 102, I, l), o Tribunal, vencido o Min.
Marco Aurélio, julgou improcedente reclamação proposta por instituição financeira contra
decisão do Primeiro Tribunal de Alçada Civil de São Paulo, que mantivera sentença - em ação
civil pública por danos provocados a interesses individuais homogêneos, ajuizada pelo Instituto
Brasileiro de Defesa do Consumidor - IDEC - condenando o reclamante ao pagamento da
diferença entre o índice de correção monetária efetivamente creditado e aquele incidente sobre
os saldos existentes em janeiro de 1989, em favor de todos os poupadores de caderneta de
poupança da instituição-ré (Lei 7.347/85, art. 16: "A sentença civil fará coisa julgada erga
omnes ...") . Prevaleceu o entendimento de que as decisões das instâncias paulistas não
declararam a inconstitucionalidade do art. 17, I, da Lei 7.730/89, que determinava a atualização
dos saldos das cadernetas de poupança no mês de fevereiro de 1989, com base no rendimento
acumulado da Letra Financeira do Tesouro Nacional - LFT verificado no mês de janeiro de
1989, deduzido o percentual fixo de 0,5%, como pretendia o reclamante. Precedentes citados:
RCLs 337 (RTJ 133/551), 410 (RTJ 144/713), e 434 (RTJ 154/13). RCL 602-SP, rel. Min. Ilmar
Galvão, 3.9.97
O Ministério Público possui legitimidade para propor ação civil pública com o fim de reduzir
reajuste na tarifa de transporte coletivo. Com base nesse entendimento, a Turma negou
provimento a recurso extraordinário interposto pelo Município de Santos/SP em que se
sustentava ofensa aos arts. 1º; 2º; 30; 34, VII, c e 129, todos da CF, sob alegação de
ilegitimidade do parquet e afronta ao princípio federativo e à autonomia municipal. Considerou-
se presente o interesse difuso, porquanto caracterizada a sua natureza indivisível, bem como
envolvidos segmentos indeterminados da sociedade. Asseverando tratar-se de relação de
prestação de serviços, submetida ao Código de Defesa do Consumidor, e não de questão
tributária, entendeu-se adequada a competência do Ministério Público (CF, art. 129, III).
Ressaltou-se, ainda, que a autonomia municipal não obsta a preservação de direitos difusos.
Precedentes citados: RE 195056/PR (DJU de 14.11.2003); RE 213631/MG (DJU de 7.4.2000);
AI 491195 AgR/SC (DJU de 7.5.2004); RE 163231/SP (DJU de 29.6.2001). RE 379495/SP, rel.
Min. Marco Aurélio, 11.10.2005. (RE-379495)
2. Direito do Consumidor
Vencido o Min. Ayres Britto, relator, que julgava os pleitos improcedentes. Considerava que os
dispositivos impugnados limitar-se-iam a defender direitos de consumidores-usuários, de modo
a não haver usurpação de competência legislativa da União (CF, art. 22, IV). Destacava, ainda,
a inexistência de lei federal que autorizasse a cobrança de assinatura básica na prestação
desses serviços. Asseverava, ademais, que a competência legislativa estadual para tratar do
tema teria respaldo no art. 24, §§ 2º e 3º, da CF. Aduzia que essa obrigação seria desvinculada
da quantidade do serviço efetivamente desfrutado pelo usuário, trazida sob a justificativa da
mantença da disponibilidade de sua utilização, e que essa prática seria análoga à de uma
empresa privada faturar mercadoria ou serviço sem a correspondente entrega ou prestação em
prol do consumidor. Afirmava que, quando celebrado o contrato com a União, as
concessionárias dos serviços assumiriam não só a obrigação de prestá-los como também o
próprio risco do empreendimento. Assim, essas empresas haveriam de ser remuneradas
mediante o pagamento de tarifa, instituto incompatível com a mera utilização potencial dos
serviços públicos. Concluiu, então, pela incompatibilidade da assinatura básica com a
Constituição, visto que ela estabeleceria, em seu art. 175, que a Lei Geral de Concessões e
Permissões disporá sobre política tarifária, somente. Assinalava, ainda, que o instituto seria
inconciliável com os princípios da universalidade dos serviços públicos e da modicidade das
tarifas, bem como que caracterizaria abuso do poder econômico. Frisava que o Código de
Defesa do Consumidor, em seu seus artigos 4º, VII; 6º, X; e 51, IV, reafirmaria o caráter
legítimo das leis adversadas. Consignava que posicionamento no sentido da competência
legislativa concorrente no tocante à matéria prestigiaria a descentralização política, o que
favoreceria a autonomia e os poderes regionais. ADI 3343/DF, rel. orig. Min. Ayres Britto, red. p/
o acórdão Min. Luiz Fux, 1º.9.2011. (ADI-3343)
O tipo previsto no inciso IX, do art. 7º, da Lei 8.137/90 (“Art. 7° Constitui crime contra as
relações de consumo: ... IX - vender, ter em depósito para vender ou expor à venda ou, de
qualquer forma, entregar matéria-prima ou mercadoria, em condições impróprias ao consumo;”)
pressupõe a demonstração inequívoca da impropriedade do produto para o uso. Com base
nesse entendimento, a Turma deferiu habeas corpus para absolver os pacientes da
condenação por crime contra as relações de consumo (Lei 8.137/90, art. 7º, IX), decorrente da
fabricação de produtos para consumo em desconformidade com normas regulamentares e sem
registro no Ministério da Saúde. Considerou-se que, no caso, embora se tratasse de crime
formal, o elemento do tipo não fora comprovado no processo ante a inexistência de perícia que
atestasse a imprestabilidade das mercadorias ao consumo. Ademais, ressaltou-se que a
tipificação desse crime estaria vinculada ao art. 18, § 6º, do Código de Defesa do Consumidor,
o qual estabelece os produtos impróprios ao consumo (“§ 6° São impróprios ao uso e consumo:
I - os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos; II - os produtos deteriorados,
alterados, adulterados, avariados, falsificados, corrompidos, fraudados, nocivos à vida ou à
saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo com as normas regulamentares de
fabricação, distribuição ou apresentação; III - os produtos que, por qualquer motivo, se revelem
inadequados ao fim a que se destinam.”). HC 90779/PR, rel. Min. Carlos Britto, 17.6.2008. (HC-
90779)
3. Estatuto do Idoso
Ao apreciar reclamação ajuizada pelo INSS para garantir a autoridade de decisão da Corte
proferida na ADI 1232/DF (DJU de 9.9.98), que declarara a constitucionalidade do § 3º do art.
20 da Lei 8.742/93 (Lei Orgânica da Assistência Social - Loas), o Plenário, por maioria, julgou
improcedente o pedido por considerar possível revisão do que decidido naquela ação direta,
em razão da defasagem do critério caracterizador da miserabilidade contido na mencionada
norma. Assim, ao exercer novo juízo sobre a matéria e, em face do que decidido no julgamento
do RE 567985/MT e do RE 580963/PR, confirmou a inconstitucionalidade do: a) § 3º do art. 20
da Lei 8.742/93, que estabelece a renda familiar mensal per capita inferior a 1/4 do salário
mínimo para a concessão de benefício a idosos ou deficientes e; b) parágrafo único do art. 34
da Lei 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) [“Art. 34. Aos idosos, a partir de 65 (sessenta e cinco)
anos, que não possuam meios para prover sua subsistência, nem de tê-la provida por sua
família, é assegurado o benefício mensal de 1 (um) salário-mínimo, nos termos da Lei Orgânica
da Assistência Social - Loas. Parágrafo único. O benefício já concedido a qualquer membro da
família nos termos do caput não será computado para os fins do cálculo da renda familiar per
capita a que se refere a Loas”]. Na espécie, o INSS questionava julgado de turma recursal dos
juizados especiais federais que mantivera sentença concessiva de benefício a trabalhador rural
idoso, o que estaria em descompasso com o § 3º do art. 20 da Lei 8.742/93. Alegava, ainda,
que a Loas traria previsão de requisito objetivo a ser observado para a prestação assistencial
do Estado. Asseverou-se que o critério legal de “renda familiar per capita inferior a um quarto
do salário mínimo” estaria defasado para caracterizar a situação de miserabilidade. Destacou-
se que, a partir de 1998, data de julgamento da mencionada ADI, outras normas assistenciais
foram editadas, com critérios mais elásticos, a sugerir que o legislador estaria a reinterpretar o
art. 203, V, da CF (“Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar,
independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: ... V - a garantia
de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que
comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua
família, conforme dispuser a lei”). Rcl 4374/PE, rel. Min. Gilmar Mendes, 18.4.2013. (Rcl-4374)
4. Direito Ambiental
STF - Informativo 816 - Crime ambiental e dano efetivo ao bem jurídico tutelado
STF - Informativo 745 - Lei Geral da Copa: responsabilidade civil, auxílio especial e
isenção de custas
O relator assinalou que a disposição contida no art. 37, § 6º, da CF, não esgotaria a matéria
atinente à responsabilidade civil imputável à Administração, mas configuraria mandamento
básico sobre o assunto. Mencionou exemplos de adoção da teoria do risco integral no sistema
pátrio. Realçou que nessa modalidade de responsabilidade seria desnecessária a
demonstração de nexo causal entre a ação do Estado e o dano. Lembrou que a Constituição,
ao estabelecer a competência da União para explorar serviços e instalações nucleares de
qualquer natureza e para exercer o monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o
enriquecimento e o reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e
derivados, prevê que a responsabilidade civil por danos atômicos independeria da existência de
culpa (CF, art. 21, XXIII, d). Destacou, ainda, que a opção por essa mesma teoria teria sido
feita pelo constituinte quando tratara do dano ambiental (CF, art. 225, § 3º). Citou, também, a
responsabilidade civil da União perante terceiros no caso de atentado terrorista, ato de guerra
ou eventos correlatos, contra aeronaves de matrícula brasileira operadas por empresas
brasileiras de transporte aéreo, excluídas as empresas de táxi aéreo (Lei 10.744/2003).
Resumiu que, em situações especiais de grave risco para a população ou de relevante
interesse público, o Estado poderia ampliar a responsabilidade por danos decorrentes de sua
ação ou omissão, para além das balizas do citado dispositivo constitucional, para dividir os
ônus decorrentes dessa extensão com toda a sociedade. Destacou que a lei poderia impor a
responsabilidade do Estado por atos absolutamente estranhos a ele, o que não configuraria
responsabilidade civil propriamente dita, mas outorga de benefício a terceiros lesados. Reputou
que a espécie configuraria a teoria do risco social, uma vez tratar de risco extraordinário
assumido pelo Estado, mediante lei, em face de eventos imprevisíveis, em favor da sociedade
como um todo. Acrescentou que o artigo impugnado não se amoldaria à teoria do risco integral,
porque haveria expressa exclusão dos efeitos da responsabilidade civil na medida em que a
FIFA ou a vítima houvesse concorrido para a ocorrência do dano. Anotou que se estaria diante
de garantia adicional, de natureza securitária, em favor de vítimas de danos incertos que
poderiam emergir em razão dos eventos patrocinados pela FIFA, excluídos os prejuízos para
os quais a entidade organizadora ou mesmo as vítimas tivessem concorrido. ADI 4976/DF, rel.
Min. Ricardo Lewandowski, 7.5.2014. (ADI-4976)
É admissível a condenação de pessoa jurídica pela prática de crime ambiental, ainda que
absolvidas as pessoas físicas ocupantes de cargo de presidência ou de direção do órgão
responsável pela prática criminosa. Com base nesse entendimento, a 1ª Turma, por maioria,
conheceu, em parte, de recurso extraordinário e, nessa parte, deu-lhe provimento para cassar
o acórdão recorrido. Neste, a imputação aos dirigentes responsáveis pelas condutas
incriminadas (Lei 9.605/98, art. 54) teria sido excluída e, por isso, trancada a ação penal
relativamente à pessoa jurídica. Em preliminar, a Turma, por maioria, decidiu não apreciar a
prescrição da ação penal, porquanto ausentes elementos para sua aferição. Pontuou-se que o
presente recurso originara-se de mandado de segurança impetrado para trancar ação penal em
face de responsabilização, por crime ambiental, de pessoa jurídica. Enfatizou-se que a
problemática da prescrição não estaria em debate, e apenas fora aventada em razão da
demora no julgamento. Assinalou-se que caberia ao magistrado, nos autos da ação penal,
pronunciar-se sobre essa questão. Vencidos os Ministros Marco Aurélio e Luiz Fux, que
reconheciam a prescrição. O Min. Marco Aurélio considerava a data do recebimento da
denúncia como fator interruptivo da prescrição. Destacava que não poderia interpretar a norma
de modo a prejudicar aquele a quem visaria beneficiar. Consignava que a lei não exigiria a
publicação da denúncia, apenas o seu recebimento e, quer considerada a data de seu
recebimento ou de sua devolução ao cartório, a prescrição já teria incidido. RE 548181/PR, rel.
Min. Rosa Weber, 6.8.2013. (RE-548181)
Por falta de periculum in mora, o Tribunal indeferiu medida cautelar requerida pela
Confederação Nacional da Indústria — CNI, em ação direta ajuizada contra o § 3º do art. 187
da Constituição do Estado do Espírito Santo ("A análise do relatório de
impacto ambiental relativa a projetos de grande porte será realizada pelo órgão competente e
submetida à apreciação de comissão permanente e específica da Assembléia Legislativa,
devendo ser custeada pelo interessado, proibida a participação de pessoas físicas ou jurídicas
que atuaram na sua elaboração."). ADIn 1.505-ES, rel. Min. Francisco Rezek, 19.12.96.
A Turma indeferiu habeas corpus em que condenado pelo delito de loteamento clandestino (Lei
6.766/79, art. 50) e por crime ambiental (Lei 9.605/98, art. 40) alegava a inépcia da denúncia,
porque esta: a) não teria particularizado a sua conduta; b) não teria esclarecido se a conduta
estaria tipificada na Lei 4.771/65 (Código Florestal) ou na Lei 9.605/98; c) teria afirmado que o
local do loteamento seria área de conservação, quando o laudo oficial declarara o contrário; e
d) não teria precisado a data do cometimento do crime ambiental. Afirmava a impetração que a
área em que realizado o loteamento não seria Unidade de Conservação ao tempo dos fatos ou
do oferecimento da denúncia, consoante demonstrado em laudo técnico, não sendo a Lei
9.605/98 aplicável ao caso, porquanto as condutas supostamente danosas teriam sido
praticadas em 1996. No ponto, argumentava que somente com o advento do Decreto
4.340/2002 — que regulamentou a Lei 9.985/2000, que instituiu o Sistema Nacional de
Unidades de Conservação (SNUC), em que estabelecidos critérios e normas para a criação,
implantação e gestão das Unidades de Conservação —, poder-se-ia cogitar da existência de
Unidade de Conservação. Pretendia, por fim, o reconhecimento de erro na dosimetria da pena.
Inicialmente, afastou-se o argumento de inépcia da inicial acusatória, haja vista o
preenchimento dos seus requisitos formais e a descrição satisfatória das condutas imputadas,
mostrando a relação existente entre o paciente e os crimes tipificados, de modo a ensejar o
pleno exercício de sua defesa. Registrou-se, também, que a suposta incompatibilidade entre o
que apurado no laudo técnico e o declarado na denúncia não ensejaria, conforme pretendido
pelo paciente, a anulação dos atos processuais, mas envolveria reapreciação do conjunto
fático-probatório, inadmissível na via eleita. Ademais, ressaltou-se que, embora as condutas
reputadas delituosas tenham se iniciado em 1996, elas avançaram, segundo o acórdão
impugnado, até, pelo menos, 1999. HC 89735/SP, rel. Min. Menezes Direito, 20.11.2007. (HC-
89735)
Quanto à questão da qualificação jurídica da área loteada, assinalou-se que não se poderia
subordinar a vigência do art. 40 da Lei 9.605/98 à do Decreto 4.340/2002, que regulamentou a
Lei 9.985/2000. Aduziu-se que aquele dispositivo visa tutelar as áreas que denomina de
Unidades de Conservação (“Art. 40. Causar dano direto ou indireto às Unidades de
Conservação e às áreas de que trata o art. 27 do Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990,
independentemente de sua localização: § 1º Entende-se por Unidades de Conservação as
Reservas Biológicas, Reservas Ecológicas, Estações Ecológicas, Parques Nacionais,
Estaduais e Municipais, Florestas Nacionais, Estaduais e Municipais, Áreas de
Proteção Ambiental, Áreas de Relevante Interesse Ecológico e Reservas Extrativistas ou
outras a serem criadas pelo Poder Público.”). Ocorre que, posteriormente, editara-se a Lei
9.985/2000, que modificou a redação original dos §§ 1º e 2º do art. 40 da Lei 9.605/98, além de
inserir o art. 40-A, com três parágrafos, cujo caput fora vetado. Assim, as Unidades de
Conservação dividiram-se em dois grupos, a saber: Unidades de Conservação de Proteção
Integral e Unidades de Conservação de Uso Sustentável. Asseverou-se que, entretanto, a lei
nova restara vetada também na parte em que propunha mudança na redação do caput do art.
40, o que implicaria a permanência do texto original desse preceito, que passaria a reger os
parágrafos do art. 40-A (“Art. 40. VETADO. § 1º Entende-se por Unidades de Conservação de
Proteção Integral as Estações Ecológicas, as Reservas Biológicas, os Parques Nacionais, os
Monumentos Naturais e os Refúgios de Vida Silvestre.”; Art. 40-A. VETADO. § 1º Entende-se
por Unidades de Conservação de Uso Sustentável as Áreas de Proteção Ambiental, as Áreas
de Relevante Interesse Ecológico, as Florestas Nacionais, as Reservas Extrativistas, as
Reservas de Fauna, as Reservas de Desenvolvimento Sustentável e as Reservas Particulares
do Patrimônio Natural.”). Em conseqüência, a distinção feita entre os tipos de Unidade de
Conservação não teria efeitos penais de ordem prática. Ademais, enfatizou-se que o § 1º do
art. 40 e o § 1º do art. 40-A repetiram as hipóteses previstas na redação original do § 1º do art.
40. Dessa forma, considerou-se que a edição da Lei 9.985/2000 não teria o condão de subtrair
o caráter delituoso da conduta que, anteriormente a sua edição, preenchia o tipo do art. 40 da
Lei 9.605/98, texto este auto-aplicável, como advertira o acórdão recorrido. Concluiu-se, assim,
não haver se falar em abolitio criminis, em ofensa ao princípio da irretroatividade com a
incidência do art. 40 da Lei 9.605/98, ou, tampouco, em desclassificação para delito previsto na
Lei 4.771/65. Relativamente à pena-base imposta, entendeu-se que a sua majoração acima do
mínimo legal estaria lastreada em elementos diversos daqueles que compõem o tipo penal. HC
89735/SP, rel. Min. Menezes Direito, 20.11.2007. (HC-89735)
O Tribunal, por maioria, negou referendo à decisão do Min. Nelson Jobim, Presidente, que
deferira pedido de liminar formulado em ação direta de inconstitucionalidade ajuizada pelo
Procurador-Geral da República contra o art. 1º da Medida Provisória 2.166-67/2001, na parte
em que alterou o art. 4º, caput e §§ 1º a 7º da Lei 4.771/65 (Código Florestal), que dispõem
sobre autorização do órgão ambiental para supressão de vegetação em área de preservação
permanente - APP. Entendeu-se que a norma impugnada, ao invés de resultar qualquer efeito
lesivo e predatório ao meio-ambiente, veio a conferir-lhe proteção, viabilizando o exercício, pelo
Poder Público, do efetivo controle estatal sobre o procedimento de supressão de vegetação em
APP. Inicialmente, comparou-se o texto do art. 4º resultante das modificações introduzidas pela
MP impugnada com o da sua redação primitiva, elecando-se diversas conseqüências danosas
advindas com a suspensão dos dispositivos impugnados, dentre as quais: a retirada da
garantia de que a supressão de vegetação somente seria permitida em caso de utilidade
pública ou de interesse social; o afastamento da possibilidade de o órgão ambiental autorizar a
supressão de vegetação em APP, o que teria implicado a inversão do sistema constitucional de
competências; o afastamento das medidas mitigadoras e compensatórias que deveriam ser
adotadas pelo empreendedor antes da supressão da vegetação; o impedimento de acesso de
pessoas e animais às APP para obtenção de água, sob pena das sanções prescritas na Lei
9.605/98. ADI 3540 MC/DF, rel. Min. Celso de Mello, 1º.9.2005. (ADI-3540)