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INFORMATIVOS APLICÁVEIS

1. Direitos Difusos e Coletivos

STF – Informativo 82 - Reclamação e Ação Civil Pública

Por não vislumbrar usurpação de sua competência (CF, art. 102, I, l), o Tribunal, vencido o Min.
Marco Aurélio, julgou improcedente reclamação proposta por instituição financeira contra
decisão do Primeiro Tribunal de Alçada Civil de São Paulo, que mantivera sentença - em ação
civil pública por danos provocados a interesses individuais homogêneos, ajuizada pelo Instituto
Brasileiro de Defesa do Consumidor - IDEC - condenando o reclamante ao pagamento da
diferença entre o índice de correção monetária efetivamente creditado e aquele incidente sobre
os saldos existentes em janeiro de 1989, em favor de todos os poupadores de caderneta de
poupança da instituição-ré (Lei 7.347/85, art. 16: "A sentença civil fará coisa julgada erga
omnes ...") . Prevaleceu o entendimento de que as decisões das instâncias paulistas não
declararam a inconstitucionalidade do art. 17, I, da Lei 7.730/89, que determinava a atualização
dos saldos das cadernetas de poupança no mês de fevereiro de 1989, com base no rendimento
acumulado da Letra Financeira do Tesouro Nacional - LFT verificado no mês de janeiro de
1989, deduzido o percentual fixo de 0,5%, como pretendia o reclamante. Precedentes citados:
RCLs 337 (RTJ 133/551), 410 (RTJ 144/713), e 434 (RTJ 154/13). RCL 602-SP, rel. Min. Ilmar
Galvão, 3.9.97

STF – Informativo 405 - Ação Civil Pública e Legitimidade do Ministério Público

O Ministério Público possui legitimidade para propor ação civil pública com o fim de reduzir
reajuste na tarifa de transporte coletivo. Com base nesse entendimento, a Turma negou
provimento a recurso extraordinário interposto pelo Município de Santos/SP em que se
sustentava ofensa aos arts. 1º; 2º; 30; 34, VII, c e 129, todos da CF, sob alegação de
ilegitimidade do parquet e afronta ao princípio federativo e à autonomia municipal. Considerou-
se presente o interesse difuso, porquanto caracterizada a sua natureza indivisível, bem como
envolvidos segmentos indeterminados da sociedade. Asseverando tratar-se de relação de
prestação de serviços, submetida ao Código de Defesa do Consumidor, e não de questão
tributária, entendeu-se adequada a competência do Ministério Público (CF, art. 129, III).
Ressaltou-se, ainda, que a autonomia municipal não obsta a preservação de direitos difusos.
Precedentes citados: RE 195056/PR (DJU de 14.11.2003); RE 213631/MG (DJU de 7.4.2000);
AI 491195 AgR/SC (DJU de 7.5.2004); RE 163231/SP (DJU de 29.6.2001). RE 379495/SP, rel.
Min. Marco Aurélio, 11.10.2005. (RE-379495)

2. Direito do Consumidor

STF – Informativo 791 - Lei 12.485/2011 e TV por assinatura

O Plenário iniciou julgamento de ações diretas ajuizadas em face de diversos dispositivos da


Lei 12.485/2011, que dispõe sobre a comunicação audiovisual de acesso condicionado. O
Ministro Luiz Fux (relator) julgou procedente em parte o pedido formulado na ADI 4.679/DF
para declarar a inconstitucionalidade apenas do art. 25 da Lei 12.485/2011, e improcedentes os
pedidos formulados nas demais ações diretas. O relator asseverou que a norma adversada, ao
instituir o novo marco regulatório da TV por assinatura no Brasil, teria almejado unificar a
disciplina normativa aplicável ao setor, até então fragmentada em diplomas diferentes, a
depender da tecnologia usada para a transmissão do sinal ao consumidor. Em linhas gerais, a
lei em referência promoveria a uniformização regulatória do setor de TV por assinatura frente
ao processo de convergência tecnológica; reduziria as barreiras à entrada no mercado;
restringiria a verticalização da cadeia produtiva; proibiria a propriedade cruzada entre setores
de telecomunicação e radiodifusão; e, por fim, instituiria cotas para produtoras e
programadoras brasileiras. Na espécie, o desafio que se colocaria perante o STF seria o de
conciliar os valores democrático-republicanos, especificamente a existência de efetivo controle
judicial dos atos estatais e os riscos associados à intervenção judiciária sobre os marcos
regulatórios desenhados pelo legislador. Relativamente à alegada inconstitucionalidade formal
dos artigos 9º, parágrafo único, 10, 12, 13, 15, 19, §3º, 21, 22, 25, § 1º e 42, todos da Lei
12.485/2011, em razão de suposta violação à iniciativa legislativa privativa do Chefe do Poder
Executivo, destacou que a iniciativa normativa verificada quando da edição da lei em questão
estaria amparada, em primeiro lugar, na competência da União para legislar sobre
telecomunicações (CF, art. 22, IV), e, em segundo lugar, na autoridade do Congresso Nacional
para dar concretude a diversos dispositivos do Capítulo V (“Comunicação Social”) do Título VIII
(“Da Ordem Social”) da Constituição, no que teriam destaque, em especial, os princípios
constitucionais incidentes sobre a produção e a programação das emissoras de rádio e
televisão (CF, art. 221). Esse entendimento não implicaria ab-rogação hermenêutica da
sistemática constitucional aplicável ao processo legislativo, notadamente no que respeitasse às
matérias sujeitas a iniciativa reservada. A Constituição conteria diversas regras sobre o tema,
sendo todas de observância compulsória e passíveis de exigibilidade judicial sempre que
descumpridas. Contudo, não se poderia interpretar o art. 61, §1º, da CF sem maiores
considerações sobre a dinâmica da separação de Poderes, sob pena de, em vez de
harmônicos entre eles (CF, art. 2º), ter-se Poderes rivais uns dos outros. Por outro lado, os
referidos dispositivos da lei impugnada não criariam novas atribuições para a Ancine. Na
realidade, apenas promoveriam a adaptação das regras que estabelecem a competência da
referida agência para regular e fiscalizar as atividades de comunicação audiovisual, contidas no
art. 7° da Medida Provisória 2.228-1/2001, às hipóteses em que a prestação dessas atividades
ocorresse por meio do serviço de acesso condicionado. Com efeito, a citada medida provisória,
ao criar a Ancine, lhe teria atribuído, dentre outras missões, a de “fiscalizar o cumprimento da
legislação referente à atividade cinematográfica e videofonográfica nacional e estrangeira nos
diversos segmentos de mercados”. Portanto, o que se estaria a promover seria exatamente o
cumprimento das atribuições da Ancine, sem a criação de nenhum órgão ou ministério (CF, art.
61), que conduzisse à inconstitucionalidade formal dos dispositivos. ADI 4747/DF, rel. Min. Luiz
Fux, 25.6.2015. (ADI-4747)

STF – Informativo 554 - REPRODUÇÃO DE REGISTRO ORIUNDO DE CARTÓRIO DE


PROSTETO EM BANCO DE DADOS DE ÓRGÃO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO.

Diante da presunção legal de veracidade e publicidade inerente aos registros de cartório de


protesto, a reprodução objetiva, fiel, atualizada e clara desses dados na base de órgão de
proteção ao crédito – ainda que sem a ciência do consumidor – não tem o condão de ensejar
obrigação de reparação de danos. Nos termos da CF, o direito de acesso à informação
encontrase consagrado no art. 5º, XXXIII, que preceitua que todos têm direito a receber dos
órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que
serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo
seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. Além disso, o art. 37, caput, da CF
estabelece ser a publicidade princípio que informa a administração pública, e o cartório de
protesto exerce serviço público. Nesse passo, observa-se que o art. 43, § 4°, do CDC disciplina
as atividades dos cadastros de inadimplentes, estabelecendo que os bancos de dados e
cadastros relativos a consumidores, os serviços de proteção ao crédito e congêneres são
considerados entidades de caráter público. Nessa linha de intelecção, consagrando o princípio
da publicidade imanente, o art. 1º, c/c art. 5º, III, ambos da Lei 8.935/1994 (Lei dos Cartórios),
estabelecem que os serviços de protesto são destinados a assegurar a publicidade,
autenticidade e eficácia dos atos jurídicos. Ademais, por um lado, a teor do art. 1º, caput, da Lei
9.492/1997 (Lei do Protesto) e das demais disposições legais, o protesto é o ato formal e
solene pelo qual se prova a inadimplência e o descumprimento de obrigação (ou a recusa do
aceite) originada em títulos e outros documentos de dívida. Por outro lado, o art. 2º do mesmo
diploma esclarece que os serviços concernentes ao protesto são garantidores da autenticidade,
publicidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos. Com efeito, o registro do protesto de título
de crédito ou outro documento de dívida é de domínio público, gerando presunção de
veracidade do ato jurídico, dado que deriva do poder certificante que é conferido ao oficial
registrador e ao tabelião. A par disso, registre-se que não constitui ato ilícito o praticado no
exercício regular de um direito reconhecido, nos termos do art. 188, I, do CC. Dessa forma,
como os órgãos de sistema de proteção ao crédito exercem atividade lícita e relevante ao
divulgar informação que goza de fé pública e domínio público, não há falar em dever de reparar
danos, tampouco em obrigatoriedade de prévia notificação ao consumidor (art. 43, § 2º, do
CDC), sob pena de violação ao princípio da publicidade e mitigação da eficácia do art. 1º da Lei
8.935/1994, que estabelece que os cartórios extrajudiciais se destinam a conferir publicidade
aos atos jurídicos praticados por seus serviços. Ademais, é bem de ver que as informações
prestadas pelo cartório de protesto não incluem o endereço do devedor, de modo que a
exigência de notificação resultaria em inviabilização da divulgação dessas anotações.
Igualmente, significaria negar vigência ou, no mínimo, esvair a eficácia do disposto no art. 29,
caput, da Lei 9.492/1997 que, a toda evidência, deixa nítida a vontade do legislador de que os
órgãos de sistema de proteção ao crédito tenham acesso aos registros atualizados dos
protestos tirados e cancelados. Outrossim, é bem de ver que os cadastros e dados de
consumidores devem ser objetivos, claros e verdadeiros (art. 43, § 1º, do CDC). Assim, caso
fosse suprimida a informação sobre a existência do protesto – ainda que com posterior
pagamento ou cancelamento –, os bancos de dados deixariam de ser objetivos e verdadeiros.
Precedentes citados: AgRg no AgRg no AREsp 56.336-SP, Quarta Turma, DJe 1/9/2014; AgRg
no AREsp 305.765-RJ, Terceira Turma, DJe 12/6/2013. REsp 1.444.469- DF, Rel. Min. Luis
Felipe Salomão, Segunda Seção, julgado em 12/11/2014, DJe 16/12/2014

STF – Informativo 638 - Concessionárias de serviços públicos: assinatura básica e


competência legislativa

Vencido o Min. Ayres Britto, relator, que julgava os pleitos improcedentes. Considerava que os
dispositivos impugnados limitar-se-iam a defender direitos de consumidores-usuários, de modo
a não haver usurpação de competência legislativa da União (CF, art. 22, IV). Destacava, ainda,
a inexistência de lei federal que autorizasse a cobrança de assinatura básica na prestação
desses serviços. Asseverava, ademais, que a competência legislativa estadual para tratar do
tema teria respaldo no art. 24, §§ 2º e 3º, da CF. Aduzia que essa obrigação seria desvinculada
da quantidade do serviço efetivamente desfrutado pelo usuário, trazida sob a justificativa da
mantença da disponibilidade de sua utilização, e que essa prática seria análoga à de uma
empresa privada faturar mercadoria ou serviço sem a correspondente entrega ou prestação em
prol do consumidor. Afirmava que, quando celebrado o contrato com a União, as
concessionárias dos serviços assumiriam não só a obrigação de prestá-los como também o
próprio risco do empreendimento. Assim, essas empresas haveriam de ser remuneradas
mediante o pagamento de tarifa, instituto incompatível com a mera utilização potencial dos
serviços públicos. Concluiu, então, pela incompatibilidade da assinatura básica com a
Constituição, visto que ela estabeleceria, em seu art. 175, que a Lei Geral de Concessões e
Permissões disporá sobre política tarifária, somente. Assinalava, ainda, que o instituto seria
inconciliável com os princípios da universalidade dos serviços públicos e da modicidade das
tarifas, bem como que caracterizaria abuso do poder econômico. Frisava que o Código de
Defesa do Consumidor, em seu seus artigos 4º, VII; 6º, X; e 51, IV, reafirmaria o caráter
legítimo das leis adversadas. Consignava que posicionamento no sentido da competência
legislativa concorrente no tocante à matéria prestigiaria a descentralização política, o que
favoreceria a autonomia e os poderes regionais. ADI 3343/DF, rel. orig. Min. Ayres Britto, red. p/
o acórdão Min. Luiz Fux, 1º.9.2011. (ADI-3343)

STF – Informativo 452 - Aplicação do CDC aos Bancos

O Tribunal recebeu, em parte, embargos de declaração opostos pelo Procurador-Geral da


República contra o acórdão proferido em ação direta ajuizada pela Confederação Nacional das
Instituições Financeiras - CONSIF na qual se objetivava a declaração de inconstitucionalidade
da expressão “inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária”, constante
do art. 3º, § 2º, da Lei 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor) — v. Informativos 264, 417,
425 e 430. Preliminarmente, o Tribunal, por maioria, não conheceu dos embargos opostos pelo
Instituto Brasileiro de Política e Direito do Consumidor - BRASILCON e pelo Instituto Brasileiro
de Defesa do Consumidor - IDEC, por considerar que ambos, na qualidade de amici curiae na
referida ação direta, não teriam legitimidade para recorrer. Vencido, no ponto, o Min. Carlos
Britto que conhecia dos embargos, ao fundamento de que, no processo objetivo, haveria a
legitimidade. No mérito, os embargos declaratórios foram acolhidos para esclarecer-se que a
ação direta foi julgada improcedente e que não houve interpretação conforme. Não obstante
afirmando que dizer que qualquer preceito de lei ordinária deve ser interpretado em coerência
com a Constituição não significa se esteja a propor a interpretação conforme a esse preceito,
entendeu-se que a ementa do acórdão, da forma como redigida nos seus itens 3 e 6, por
afastar possibilidade interpretativa, seria mais compatível com o julgamento de procedência
parcial, mediante interpretação conforme sem redução de texto. Em razão disso, e, ainda,
tendo em conta restar demonstrada, nos debates, a existência de dispersão de fundamentos
quanto a outros itens, resolveu-se reduzir a ementa ao conteúdo dos itens em relação aos
quais todos os Ministros estavam de acordo. ADI 2591 ED/DF, rel. Min. Eros Grau, 14.12.2006.
(ADI-2591)

STF – Informativo 511 - Mercadoria Imprópria ao Consumo e Perícia

O tipo previsto no inciso IX, do art. 7º, da Lei 8.137/90 (“Art. 7° Constitui crime contra as
relações de consumo: ... IX - vender, ter em depósito para vender ou expor à venda ou, de
qualquer forma, entregar matéria-prima ou mercadoria, em condições impróprias ao consumo;”)
pressupõe a demonstração inequívoca da impropriedade do produto para o uso. Com base
nesse entendimento, a Turma deferiu habeas corpus para absolver os pacientes da
condenação por crime contra as relações de consumo (Lei 8.137/90, art. 7º, IX), decorrente da
fabricação de produtos para consumo em desconformidade com normas regulamentares e sem
registro no Ministério da Saúde. Considerou-se que, no caso, embora se tratasse de crime
formal, o elemento do tipo não fora comprovado no processo ante a inexistência de perícia que
atestasse a imprestabilidade das mercadorias ao consumo. Ademais, ressaltou-se que a
tipificação desse crime estaria vinculada ao art. 18, § 6º, do Código de Defesa do Consumidor,
o qual estabelece os produtos impróprios ao consumo (“§ 6° São impróprios ao uso e consumo:
I - os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos; II - os produtos deteriorados,
alterados, adulterados, avariados, falsificados, corrompidos, fraudados, nocivos à vida ou à
saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo com as normas regulamentares de
fabricação, distribuição ou apresentação; III - os produtos que, por qualquer motivo, se revelem
inadequados ao fim a que se destinam.”). HC 90779/PR, rel. Min. Carlos Britto, 17.6.2008. (HC-
90779)

3. Estatuto do Idoso

STF – Informativo 777 - Estatuto do Idoso e critérios de desempate em concurso público


A Turma enfatizou que não se estaria a negar vigência ao Estatuto do Idoso, responsável por
concretizar os direitos fundamentais da proteção do idoso na ordem jurídica brasileira,
amparado nos princípios da cidadania e da dignidade da pessoa humana. Ocorre que, nesse
certame em particular, a lei estadual, por ser norma especial a regular o concurso público de
remoção para outorga de delegação notarial e de registro, deveria prevalecer sobre o Estatuto
do Idoso no ponto em que tratasse de critérios de desempate. Não obstante, dentre os critérios
previstos na lei estadual, o primeiro deles, a favorecer o candidato mais antigo na titularidade
no serviço notarial ou de registro, não poderia ser utilizado para desempatar o certame, uma
vez que fora considerado inconstitucional no julgamento da ADI 3.522/RS (DJe de 12.5.2006).
Frisou que, no caso, teriam concorrido dois servidores/delegatários, já aprovados em concurso
público, que realizaram concurso de remoção para titularizar outra serventia e, ao obterem a
mesma pontuação, fora privilegiado, com base em escolha legislativa específica, aquele que
possuiria o maior tempo de serviço. Desse modo, apenas se poderia adotar o critério de
desempate que privilegiasse o mais idoso, como requeria o impetrante, se os candidatos
tivessem também empatado quanto ao tempo de serviço público. MS 33046/PR, rel. Min. Luiz
Fux, 10.3.2015. (MS-33046)
STF – Informativo 702 - Reclamação e revisão de decisão paradigma

Ao apreciar reclamação ajuizada pelo INSS para garantir a autoridade de decisão da Corte
proferida na ADI 1232/DF (DJU de 9.9.98), que declarara a constitucionalidade do § 3º do art.
20 da Lei 8.742/93 (Lei Orgânica da Assistência Social - Loas), o Plenário, por maioria, julgou
improcedente o pedido por considerar possível revisão do que decidido naquela ação direta,
em razão da defasagem do critério caracterizador da miserabilidade contido na mencionada
norma. Assim, ao exercer novo juízo sobre a matéria e, em face do que decidido no julgamento
do RE 567985/MT e do RE 580963/PR, confirmou a inconstitucionalidade do: a) § 3º do art. 20
da Lei 8.742/93, que estabelece a renda familiar mensal per capita inferior a 1/4 do salário
mínimo para a concessão de benefício a idosos ou deficientes e; b) parágrafo único do art. 34
da Lei 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) [“Art. 34. Aos idosos, a partir de 65 (sessenta e cinco)
anos, que não possuam meios para prover sua subsistência, nem de tê-la provida por sua
família, é assegurado o benefício mensal de 1 (um) salário-mínimo, nos termos da Lei Orgânica
da Assistência Social - Loas. Parágrafo único. O benefício já concedido a qualquer membro da
família nos termos do caput não será computado para os fins do cálculo da renda familiar per
capita a que se refere a Loas”]. Na espécie, o INSS questionava julgado de turma recursal dos
juizados especiais federais que mantivera sentença concessiva de benefício a trabalhador rural
idoso, o que estaria em descompasso com o § 3º do art. 20 da Lei 8.742/93. Alegava, ainda,
que a Loas traria previsão de requisito objetivo a ser observado para a prestação assistencial
do Estado. Asseverou-se que o critério legal de “renda familiar per capita inferior a um quarto
do salário mínimo” estaria defasado para caracterizar a situação de miserabilidade. Destacou-
se que, a partir de 1998, data de julgamento da mencionada ADI, outras normas assistenciais
foram editadas, com critérios mais elásticos, a sugerir que o legislador estaria a reinterpretar o
art. 203, V, da CF (“Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar,
independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: ... V - a garantia
de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que
comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua
família, conforme dispuser a lei”). Rcl 4374/PE, rel. Min. Gilmar Mendes, 18.4.2013. (Rcl-4374)

STF – Informativo 480 - Transporte Gratuito para Idosos e Garantia Constitucional

O Tribunal, por maioria, julgou improcedente pedido formulado em ação direta de


inconstitucionalidade ajuizada pela Associação Nacional das Empresas de Transportes
Urbanos - NTU contra o art. 39, caput, da Lei 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), que garante a
gratuidade dos transportes coletivos públicos urbanos e semi-urbanos aos maiores de 65 anos.
Salientando que a norma do § 2º do art. 230 da CF é de eficácia plena e aplicabilidade
imediata, entendeu-se que o legislador ordinário nada mais fez que dotar de efetividade um dos
direitos sociais do idoso (CF: “Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de
amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua
dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida. ... § 2º - Aos maiores de sessenta e
cinco anos é garantida a gratuidade dos transportes coletivos urbanos.”). Asseverou-se que o
direito dos idosos ao transporte gratuito não é um fim em si mesmo, e que a facilidade de seu
deslocamento físico pelo uso de transporte coletivo deve ser assegurada como garantia da
qualidade digna de vida para os que não podem pagar ou já colaboraram com a sociedade em
períodos pretéritos, de modo a lhes caber, nesta fase da vida, tal benefício, a ser custeado pela
sociedade. Aduziu-se, também, que mesmo nos contratos de concessão ou permissão
assinados antes da promulgação da Constituição, em respeito à garantia do equilíbrio
econômico-financeiro dos contratos, os delegados dos serviços de transporte municipal e
intermunicipal apenas poderiam requerer a alteração dos contratos para cobrir-se,
financeiramente, com os ônus comprovados em planilha sobre o uso dos transportes
delegados pelos idosos. Acrescentou-se que, após a promulgação da Constituição da
República, todos os concessionários e permissionários estão submetidos às suas normas, não
podendo, desde então, alegar que não sabiam do direito dos idosos ao transporte coletivo
gratuito. Dessa forma, a compensação pela gratuidade de transporte coletivo urbano aos
idosos, pleiteada pela requerente, além de não prevista na Constituição Federal, só seria
admitida se fosse comprovado prejuízo real para as empresas em regime de concessão ou
permissão, ante um desequilíbrio extraordinário e inesperado, o que não ocorrera, haja vista
ser habitual, entre concessionários e permissionários, a previsão dos custos e dos lucros. Por
fim, esclareceu-se que o direito dos idosos à gratuidade de transporte coletivo urbano não
estaria incluído no rol de benefícios da seguridade social, razão por que as normas
constitucionais a ela atinentes (CF, artigos 194 a 204) não se aplicariam à específica disciplina
do direito dos idosos. Vencido, em parte, o Min. Marco Aurélio que emprestava interpretação
conforme a Constituição à primeira parte do art. 39, da Lei 10.741/2003, excluindo toda
interpretação que afastasse o ônus do próprio Estado e, no tocante ao seu § 2º, concluía pela
inconstitucionalidade, por afronta ao art. 30, V, da CF. ADI 3768/DF, rel. Min. Cármen Lúcia,
19.9.2007. (ADI-3768)

4. Direito Ambiental

STF – informativo 829 - Princípio da precaução e campo eletromagnético

A Corte registrou que o conteúdo jurídico do princípio da precaução remontaria originalmente à


“Carta Mundial da Natureza”, de 1982, cujo princípio n. 11, “b”, estabelecera a necessidade de
os Estados controlarem as atividades potencialmente danosas ao meio ambiente, ainda que
seus efeitos não fossem completamente conhecidos. Esse princípio fora posteriormente
incluído na Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Eco-92).
Além desses documentos, o princípio da precaução estaria contido na Constituição (“Art.
225. ... § 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: ... IV -
exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de
significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará
publicidade; V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e
substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente”).
Decorre referido princípio da constatação de que a evolução científica poderia trazer riscos,
muitas vezes imprevisíveis ou imensuráveis, a exigir uma reformulação das práticas e
procedimentos tradicionalmente adotados na respectiva área da ciência. Apontou que o
princípio da precaução não prescindiria de outros elementos considerados essenciais para uma
adequada decisão estatal, a serem observados sempre que estiver envolvida a gestão de
riscos: a) a proporcionalidade entre as medidas adotadas e o nível de proteção escolhido; b) a
não discriminação na aplicação das medidas; e, c) a coerência das medidas que se pretende
tomar com as já adotadas em situações similares ou que utilizem abordagens similares.
Portanto, na aplicação do princípio da precaução a existência de riscos decorrentes de
incertezas científicas não deveria produzir uma paralisia estatal ou da sociedade. Por outro
lado, a aplicação do princípio não poderia gerar como resultados temores infundados. Assim,
em face de relevantes elementos de convicção sobre os riscos, o Estado deveria agir de forma
proporcional. Por sua vez, o eventual controle pelo Poder Judiciário quanto à legalidade e à
legitimidade na aplicação desse princípio haveria de ser realizado com prudência, com um
controle mínimo, diante das incertezas que reinam no campo científico. RE 627189/SP, rel. Min.
Dias Toffoli, 8.6.2016. (RE-627189)

STF - Informativo 816 - Crime ambiental e dano efetivo ao bem jurídico tutelado

A Segunda Turma, em conclusão de julgamento, reputou improcedente acusação formulada


contra deputado federal pela suposta prática do crime previsto no art. 34, “caput”, da Lei
9.605/1998 (“Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados por
órgão competente: Pena - detenção de um ano a três anos ou multa, ou ambas as penas
cumulativamente”) — v. Informativo 791. No caso, de acordo com o relatório de fiscalização, a
autoridade ambiental abordara o deputado e outras duas pessoas em embarcação fundeada
em área marítima pertencente à unidade de conservação federal de proteção integral. A Turma,
de início, afastou a preliminar de inépcia da denúncia. Observou que essa peça processual
descreveria de forma detalhada a ação empreendida, com menção ao dia, ao local e às
circunstâncias do ato tido por criminoso, a possibilitar o pleno exercício da ampla defesa e do
contraditório. Em seguida, reputou não existir, no caso concreto, o requisito da justa causa a
propiciar o prosseguimento da ação penal, especialmente pela mínima ofensividade da conduta
do agente, pela ausência de periculosidade social da ação, pelo reduzido grau de
reprovabilidade do comportamento e pela inexpressividade da lesão jurídica provocada. Assim,
apesar de a conduta do denunciado amoldar-se à tipicidade formal e subjetiva, não haveria a
tipicidade material, consistente na relevância penal da conduta e no resultado típico, em razão
da insignificância da lesão produzida no bem jurídico tutelado. A jurisprudência seria no sentido
da aplicabilidade do princípio da insignificância aos crimes ambientais, tanto com relação aos
de perigo concreto — em que haveria dano efetivo ao bem jurídico tutelado —, quanto aos de
perigo abstrato, como no art. 34, “caput”, da Lei 9.605/1998. No processo em exame, não se
produzira prova material de qualquer dano efetivo ao meio ambiente. Ademais, mesmo diante
de crime de perigo abstrato, não seria possível dispensar a verificação “in concreto” do perigo
real ou mesmo potencial da conduta praticada pelo acusado com relação ao bem jurídico
tutelado. Esse perigo real não se verificaria na espécie vertente. Portanto, seria imperioso
assentar a atipicidade material da conduta, pela completa ausência de ofensividade ao bem
jurídico tutelado pela norma penal. O acusado estaria em pequena embarcação quando teria
sido surpreendido em contexto de pesca rústica, com vara de pescar, linha e anzol. Não estaria
em barco grande, munido de redes, arrasto nem com instrumentos de maior potencialidade
lesiva ao meio ambiente. Inq 3788/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, 1°.3.2016. (Inq-3788)

STF - Informativo 745 - Lei Geral da Copa: responsabilidade civil, auxílio especial e
isenção de custas

O relator assinalou que a disposição contida no art. 37, § 6º, da CF, não esgotaria a matéria
atinente à responsabilidade civil imputável à Administração, mas configuraria mandamento
básico sobre o assunto. Mencionou exemplos de adoção da teoria do risco integral no sistema
pátrio. Realçou que nessa modalidade de responsabilidade seria desnecessária a
demonstração de nexo causal entre a ação do Estado e o dano. Lembrou que a Constituição,
ao estabelecer a competência da União para explorar serviços e instalações nucleares de
qualquer natureza e para exercer o monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o
enriquecimento e o reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e
derivados, prevê que a responsabilidade civil por danos atômicos independeria da existência de
culpa (CF, art. 21, XXIII, d). Destacou, ainda, que a opção por essa mesma teoria teria sido
feita pelo constituinte quando tratara do dano ambiental (CF, art. 225, § 3º). Citou, também, a
responsabilidade civil da União perante terceiros no caso de atentado terrorista, ato de guerra
ou eventos correlatos, contra aeronaves de matrícula brasileira operadas por empresas
brasileiras de transporte aéreo, excluídas as empresas de táxi aéreo (Lei 10.744/2003).
Resumiu que, em situações especiais de grave risco para a população ou de relevante
interesse público, o Estado poderia ampliar a responsabilidade por danos decorrentes de sua
ação ou omissão, para além das balizas do citado dispositivo constitucional, para dividir os
ônus decorrentes dessa extensão com toda a sociedade. Destacou que a lei poderia impor a
responsabilidade do Estado por atos absolutamente estranhos a ele, o que não configuraria
responsabilidade civil propriamente dita, mas outorga de benefício a terceiros lesados. Reputou
que a espécie configuraria a teoria do risco social, uma vez tratar de risco extraordinário
assumido pelo Estado, mediante lei, em face de eventos imprevisíveis, em favor da sociedade
como um todo. Acrescentou que o artigo impugnado não se amoldaria à teoria do risco integral,
porque haveria expressa exclusão dos efeitos da responsabilidade civil na medida em que a
FIFA ou a vítima houvesse concorrido para a ocorrência do dano. Anotou que se estaria diante
de garantia adicional, de natureza securitária, em favor de vítimas de danos incertos que
poderiam emergir em razão dos eventos patrocinados pela FIFA, excluídos os prejuízos para
os quais a entidade organizadora ou mesmo as vítimas tivessem concorrido. ADI 4976/DF, rel.
Min. Ricardo Lewandowski, 7.5.2014. (ADI-4976)

STF - Informativo 714 - Crime ambiental: absolvição de pessoa física e responsabilidade


penal de pessoa jurídica

É admissível a condenação de pessoa jurídica pela prática de crime ambiental, ainda que
absolvidas as pessoas físicas ocupantes de cargo de presidência ou de direção do órgão
responsável pela prática criminosa. Com base nesse entendimento, a 1ª Turma, por maioria,
conheceu, em parte, de recurso extraordinário e, nessa parte, deu-lhe provimento para cassar
o acórdão recorrido. Neste, a imputação aos dirigentes responsáveis pelas condutas
incriminadas (Lei 9.605/98, art. 54) teria sido excluída e, por isso, trancada a ação penal
relativamente à pessoa jurídica. Em preliminar, a Turma, por maioria, decidiu não apreciar a
prescrição da ação penal, porquanto ausentes elementos para sua aferição. Pontuou-se que o
presente recurso originara-se de mandado de segurança impetrado para trancar ação penal em
face de responsabilização, por crime ambiental, de pessoa jurídica. Enfatizou-se que a
problemática da prescrição não estaria em debate, e apenas fora aventada em razão da
demora no julgamento. Assinalou-se que caberia ao magistrado, nos autos da ação penal,
pronunciar-se sobre essa questão. Vencidos os Ministros Marco Aurélio e Luiz Fux, que
reconheciam a prescrição. O Min. Marco Aurélio considerava a data do recebimento da
denúncia como fator interruptivo da prescrição. Destacava que não poderia interpretar a norma
de modo a prejudicar aquele a quem visaria beneficiar. Consignava que a lei não exigiria a
publicação da denúncia, apenas o seu recebimento e, quer considerada a data de seu
recebimento ou de sua devolução ao cartório, a prescrição já teria incidido. RE 548181/PR, rel.
Min. Rosa Weber, 6.8.2013. (RE-548181)

STF - Informativo 58 - Relatório de Impacto Ambiental

Por falta de periculum in mora, o Tribunal indeferiu medida cautelar requerida pela
Confederação Nacional da Indústria — CNI, em ação direta ajuizada contra o § 3º do art. 187
da Constituição do Estado do Espírito Santo ("A análise do relatório de
impacto ambiental relativa a projetos de grande porte será realizada pelo órgão competente e
submetida à apreciação de comissão permanente e específica da Assembléia Legislativa,
devendo ser custeada pelo interessado, proibida a participação de pessoas físicas ou jurídicas
que atuaram na sua elaboração."). ADIn 1.505-ES, rel. Min. Francisco Rezek, 19.12.96.

STF - Informativo 489 - Loteamento Clandestino e Crime Ambiental

A Turma indeferiu habeas corpus em que condenado pelo delito de loteamento clandestino (Lei
6.766/79, art. 50) e por crime ambiental (Lei 9.605/98, art. 40) alegava a inépcia da denúncia,
porque esta: a) não teria particularizado a sua conduta; b) não teria esclarecido se a conduta
estaria tipificada na Lei 4.771/65 (Código Florestal) ou na Lei 9.605/98; c) teria afirmado que o
local do loteamento seria área de conservação, quando o laudo oficial declarara o contrário; e
d) não teria precisado a data do cometimento do crime ambiental. Afirmava a impetração que a
área em que realizado o loteamento não seria Unidade de Conservação ao tempo dos fatos ou
do oferecimento da denúncia, consoante demonstrado em laudo técnico, não sendo a Lei
9.605/98 aplicável ao caso, porquanto as condutas supostamente danosas teriam sido
praticadas em 1996. No ponto, argumentava que somente com o advento do Decreto
4.340/2002 — que regulamentou a Lei 9.985/2000, que instituiu o Sistema Nacional de
Unidades de Conservação (SNUC), em que estabelecidos critérios e normas para a criação,
implantação e gestão das Unidades de Conservação —, poder-se-ia cogitar da existência de
Unidade de Conservação. Pretendia, por fim, o reconhecimento de erro na dosimetria da pena.
Inicialmente, afastou-se o argumento de inépcia da inicial acusatória, haja vista o
preenchimento dos seus requisitos formais e a descrição satisfatória das condutas imputadas,
mostrando a relação existente entre o paciente e os crimes tipificados, de modo a ensejar o
pleno exercício de sua defesa. Registrou-se, também, que a suposta incompatibilidade entre o
que apurado no laudo técnico e o declarado na denúncia não ensejaria, conforme pretendido
pelo paciente, a anulação dos atos processuais, mas envolveria reapreciação do conjunto
fático-probatório, inadmissível na via eleita. Ademais, ressaltou-se que, embora as condutas
reputadas delituosas tenham se iniciado em 1996, elas avançaram, segundo o acórdão
impugnado, até, pelo menos, 1999. HC 89735/SP, rel. Min. Menezes Direito, 20.11.2007. (HC-
89735)

Quanto à questão da qualificação jurídica da área loteada, assinalou-se que não se poderia
subordinar a vigência do art. 40 da Lei 9.605/98 à do Decreto 4.340/2002, que regulamentou a
Lei 9.985/2000. Aduziu-se que aquele dispositivo visa tutelar as áreas que denomina de
Unidades de Conservação (“Art. 40. Causar dano direto ou indireto às Unidades de
Conservação e às áreas de que trata o art. 27 do Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990,
independentemente de sua localização: § 1º Entende-se por Unidades de Conservação as
Reservas Biológicas, Reservas Ecológicas, Estações Ecológicas, Parques Nacionais,
Estaduais e Municipais, Florestas Nacionais, Estaduais e Municipais, Áreas de
Proteção Ambiental, Áreas de Relevante Interesse Ecológico e Reservas Extrativistas ou
outras a serem criadas pelo Poder Público.”). Ocorre que, posteriormente, editara-se a Lei
9.985/2000, que modificou a redação original dos §§ 1º e 2º do art. 40 da Lei 9.605/98, além de
inserir o art. 40-A, com três parágrafos, cujo caput fora vetado. Assim, as Unidades de
Conservação dividiram-se em dois grupos, a saber: Unidades de Conservação de Proteção
Integral e Unidades de Conservação de Uso Sustentável. Asseverou-se que, entretanto, a lei
nova restara vetada também na parte em que propunha mudança na redação do caput do art.
40, o que implicaria a permanência do texto original desse preceito, que passaria a reger os
parágrafos do art. 40-A (“Art. 40. VETADO. § 1º Entende-se por Unidades de Conservação de
Proteção Integral as Estações Ecológicas, as Reservas Biológicas, os Parques Nacionais, os
Monumentos Naturais e os Refúgios de Vida Silvestre.”; Art. 40-A. VETADO. § 1º Entende-se
por Unidades de Conservação de Uso Sustentável as Áreas de Proteção Ambiental, as Áreas
de Relevante Interesse Ecológico, as Florestas Nacionais, as Reservas Extrativistas, as
Reservas de Fauna, as Reservas de Desenvolvimento Sustentável e as Reservas Particulares
do Patrimônio Natural.”). Em conseqüência, a distinção feita entre os tipos de Unidade de
Conservação não teria efeitos penais de ordem prática. Ademais, enfatizou-se que o § 1º do
art. 40 e o § 1º do art. 40-A repetiram as hipóteses previstas na redação original do § 1º do art.
40. Dessa forma, considerou-se que a edição da Lei 9.985/2000 não teria o condão de subtrair
o caráter delituoso da conduta que, anteriormente a sua edição, preenchia o tipo do art. 40 da
Lei 9.605/98, texto este auto-aplicável, como advertira o acórdão recorrido. Concluiu-se, assim,
não haver se falar em abolitio criminis, em ofensa ao princípio da irretroatividade com a
incidência do art. 40 da Lei 9.605/98, ou, tampouco, em desclassificação para delito previsto na
Lei 4.771/65. Relativamente à pena-base imposta, entendeu-se que a sua majoração acima do
mínimo legal estaria lastreada em elementos diversos daqueles que compõem o tipo penal. HC
89735/SP, rel. Min. Menezes Direito, 20.11.2007. (HC-89735)

STF - Informativo 399 - Supressão de Vegetação em Área de Preservação Permanente e


Autorização Administrativa

O Tribunal, por maioria, negou referendo à decisão do Min. Nelson Jobim, Presidente, que
deferira pedido de liminar formulado em ação direta de inconstitucionalidade ajuizada pelo
Procurador-Geral da República contra o art. 1º da Medida Provisória 2.166-67/2001, na parte
em que alterou o art. 4º, caput e §§ 1º a 7º da Lei 4.771/65 (Código Florestal), que dispõem
sobre autorização do órgão ambiental para supressão de vegetação em área de preservação
permanente - APP. Entendeu-se que a norma impugnada, ao invés de resultar qualquer efeito
lesivo e predatório ao meio-ambiente, veio a conferir-lhe proteção, viabilizando o exercício, pelo
Poder Público, do efetivo controle estatal sobre o procedimento de supressão de vegetação em
APP. Inicialmente, comparou-se o texto do art. 4º resultante das modificações introduzidas pela
MP impugnada com o da sua redação primitiva, elecando-se diversas conseqüências danosas
advindas com a suspensão dos dispositivos impugnados, dentre as quais: a retirada da
garantia de que a supressão de vegetação somente seria permitida em caso de utilidade
pública ou de interesse social; o afastamento da possibilidade de o órgão ambiental autorizar a
supressão de vegetação em APP, o que teria implicado a inversão do sistema constitucional de
competências; o afastamento das medidas mitigadoras e compensatórias que deveriam ser
adotadas pelo empreendedor antes da supressão da vegetação; o impedimento de acesso de
pessoas e animais às APP para obtenção de água, sob pena das sanções prescritas na Lei
9.605/98. ADI 3540 MC/DF, rel. Min. Celso de Mello, 1º.9.2005. (ADI-3540)

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