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EMENTA:
ACÓRDÃO
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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO AMAZONAS
Gabinete do Desembargador Yedo Simões de Oliveira
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RELATÓRIO
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VOTO
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demonstração.
Pois bem.
Frise-se que o presente agravo se destina à análise acerca da tutela de urgência
requestada no recurso principal; não se destina, portanto, ao esgotamento da matéria sob
análise, sendo leitura em cognição precária das provas e fundamentos carreados nos autos.
Assim dispõe o Código de Processo Civil sobre os requisitos para a concessão da
tutela provisória de urgência:
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado
útil do processo.
O perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo, por sua vez, diz respeito
ao potencial lesivo que o transcurso do tempo pode acarretar ao bem da vida pretendido caso
se aguarde o final do processo, cediço que o trâmite regular de uma ação na Justiça pode durar
tempo suficiente para causar o perecimento do objeto do pedido.
O magistério de Humberto Theodoro Júnior2 a respeito é didático:
civil, processo de conhecimento e procedimento comum (e-book), item 447, segundo parágrafo - vol. I. 56.
ed. rev. atual. e ampl. - Rio de Janeiro: Forense, 2015.
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Art. 1º. Fica instituído o “Auxílio Aluguel”, benefício de caráter eventual a ser
concedido a famílias vítimas de enchentes, desmoronamentos, remoção de
situação de risco ou por força de obras públicas, que estejam desabrigadas,
desalojadas ou em situação de vulnerabilidade temporária.
A leitura desse dispositivo deve ser feita de forma sistemática, junto ao artigo
onde se fixam os requisitos cumulativos para a concessão do beneplácito. Vejamos:
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Por esse motivo, estender o benefício aos tutelados pela instituição agravante se
afigura indevido, além de configurar clara ação legislativa em ato judicial (a imposição ao
Poder Executivo para que destine verba de seu orçamento ao pagamento de aluguel a
categoria originalmente não contemplada em lei inova em caráter geral e abstrato, gerando
novas obrigações e indicando que o poder judicante extrapolou em sua competência).
Imperioso alertar que a leitura da legislação é essencial ao deslinde da
controvérsia, sendo o princípio da legalidade bússola inescusável da atuação administrativa,
porquanto ao administrador caiba agir tão somente quando a lei o permite. Nesta senda, se a
norma visa efetivar direito previsto constitucionalmente e os valores por ela defendidos se
vislumbram de forma clara, há plena compatibilidade entre as missões preestabelecidas pelo
constituinte e a posterior lei local, impondo-se a leitura responsável do dispositivo.
Frise-se que, como afirmado na decisão recorrida, não se trata de omissão
específica do Poder Público (aqui, seria a recusa de pagamento do benefício a um dos
contemplados no art. 1º da norma municipal), mas de suposta omissão legislativa, o que
somente pode ser corrigido por meio de ação política, e não judicial.
Ausente a probabilidade de provimento do recurso diante da falta de fumaça do
bom direito, o indeferimento do pleito é medida que se impõe.
Ante o exposto, conheço do recurso e lhe nego provimento, mantendo na íntegra a
decisão agravada.
Condeno a agravante ao pagamento de multa na razão de 1% (um por cento) sobre
o valor atualizado da causa em caso de desprovimento unânime do recurso, inexistindo
motivos para sua majoração, cujo pagamento deverá ser realizado ao final do processo, nos
termos do art. 1.021, §§4º e 5º do Código de Processo Civil.
É como voto.
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