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ANÁLISE DOCUMENTAL

1 REGRA DE SÃO BENTO

1.1 CRÍTICA EXTERNA

O documento em questão é a conhecida Regra de São Bento. Trata-se de uma regra


monástica que engloba diversos preceitos que os monges deveriam adotar para viver em
comunhão e harmonia sob a autoridade de um abade, sendo a principal responsável pela
primeira grande experiência com um clero regular. Foi escrita originalmente em latim
medieval. Não é possível determinar com exatidão onde e quando a Regra foi escrita,
entretanto, tem-se o Monte Cassino, onde Bento de Núrsia criou seu mosteiro, e por volta do
ano 530 como os mais prováveis.
O autor Bento de Núrsia (480-547), que tornou-se São Bento, padroeiro da Europa, foi
um monge italiano, fundador da Ordem Beneditina. A principal fonte de informações sobre
sua vida é a obra Diálogos de São Gregório Magno, escrita no final do século VI, e é
considerada mais como um esboço de um personagem do que uma biografia propriamente
dita. São Bento, irmão gêmeo de Santa Escolástica, seria filho de nobres romanos que
abandona a cidade por seus baixos valores morais para tornar-se um eremita, ou simplesmente
para viver longe da vida da cidade. Ganha notoriedade e é eleito abade de um mosteiro que
abandona posteriormente devido uma tentativa de assassinato motivada pelo regime por ele
imposto. Após criar doze pequenos mosteiros, se muda para o Monte Cassino onde funda uma
nova abadia. Foi lá que Bento escreveu a sua Regra. O local é tido, então, como berço da
Ordem Beneditina. A Regra é sua única obra conhecida.
A instituição monástica é conhecida em nossa época. Porém, hoje mantem apenas uma
parcela do esplendor por ele conquistado nos tempos medievais, quando constituíram a
comunidade cristã autêntica e foram os grandes responsáveis pela preservação do
conhecimento antigo e da memória daquele tempo.
Diz-se que as origens do monaquismo estão no modo de vida dos apóstolos, vivendo
apenas com o que era estritamente necessário e repartindo os bens do grupo entre todos os
seus membros, segundo o que cada um precisava. Contudo, o tempo dos apóstolos não durara
para sempre.
A expansão do cristianismo para além daquela comunidade necessitava da conversão
de povos previamente pagãos. O problema, nesse caso, eram os princípios cristãos originais
de desapego material e de costumes carnais. Os pagãos, com suas tradições bem enraizadas,
fizeram com que, pouco a pouco, brechas fossem abertas para que pudessem manter um
pouco de seu modo de vida enquanto professavam a nova fé. As concessões tornaram-se cada
vez mais significativas e atingiram até mesmo aqueles eu já viviam sob a doutrina cristã. E foi
assim que a Igreja de Jerusalém “contaminou-se”.
Os monges são tidos como a comunidade cristã verdadeira por terem uma tradição
iniciada por aqueles que procuravam manter vivos os costumes apostólicos anteriores à
“contaminação”. Viviam nos lugares mais isolados das cidades, ou afastados dela, sozinhos,
não tinham família. Eram chamados monachi.
Essa forma de serviço clerical era paralela e diferenciada daquela que atuava junto à
sociedade – chamada clero secular. Cita-se como exemplo de uma das primeiras experiências
desse tipo, Santo Antão (251-356), o “pai dos monges”, que viveu isolado no deserto. Mas
era, ainda, uma experiência individual. Em 323, São Pacômio foi o primeiro a reunir vários
monges em um lugar; para isso, precisavam de regras. Foi isso que denominou-se clero
regular.
O primeiro grande exemplo de um clero regular deu-se, justamente, com São Bento. O
princípio básico sobre o qual sua Regra foi construída foi o ora et labora, ora e trabalha.
Oração e trabalho se intercalam e complementam, formavam a essência da vida de um monge.
O equilíbrio e a espiritualidade da vida dos beneditinos serviram para expandir e consolidar o
cristianismo nas zonas rurais, alargar suas fronteiras em direção àquela região.
Não foi a toa que os ideais monásticos casaram tão bem com as pretensões carolíngias
de expansão e unificação europeia. Quando estreitaram-se as relações entre a Igreja e o
Império – o monarca presidia os sínodos e nomeava os clérigos para os cargos –, o clero
secular ocupou-se de muitas funções administrativas. Carlos Magno apoiou, então, os
beneditinos para que se dedicassem à evangelização.
O sucesso da regra beneditina nesse cenário não é atribuído somente ao apoio
carolíngio, mas a sua capacidade de organizar vários aspectos da vida do monge. A regra vai
muito além do ora et labora. Em seus 73 capítulos – mais um prólogo – há espaço para tratar
desde os tipos de monge e do perfil do abade, aos procedimentos na cozinha.

1.2 PROBLEMATIZAÇÕES

1.2.1 Sobre a humildade e as relações entre clero secular e regular


É sabido que – deixando claro que se trata de uma enorme simplificação – o clero
regular nasceu de uma necessidade de diferenciação entre os que atuavam dentro da sociedade
e aqueles que buscavam uma vida mais próxima dos preceitos cristãos puros. O monaquismo
era uma forma de serviço um tanto especial. Se o clero já vivia sob uma série de regras
diferentes dos leigos, as regulamentações tornavam-se ainda maiores para os monges. Isso
toma proporções ainda maiores no capítulo 7 ao mostrar como a humildade deve manifestar-
se na vida de um monge. Mas, ao mesmo tempo, fica claro que não consistem em uma
penitência, mas em um caminho para iluminação e elevação espiritual. Pergunta-se, então:
com tantas regras diferenciadas, o que os monges achavam da atuação do clero regular, até
que ponto consideravam sua evangelização válida?

1.2.2 Sobre os poderes do abade e a influência do poder temporal

Como sabe-se, a Regra de São Bento foi aquela que primeiro obteve o maior sucesso
dentre todas as que regulavam as atividades monásticas. Porém, isso não ocorreu
imediatamente, mas com a expansão dos mosteiros e o apoio que o poder temporal conferiu a
ela. Foi neste momento, justamente, que o poder temporal imprimiu certo grau de intervenção
sobre as estruturas eclesiásticas, inclusive com a nomeação de abades. A Regra traça um
perfil de como o abade deve ser logo em seus primeiros capítulos. Ele é o superior dos
mosteiros, ao qual os outros monges respondem. Em muitas das regulamentações contidas no
texto, há brechas que permitem ao abade, de certa forma, quebrá-las, se julgar pertinente.
Consequentemente, se o poder temporal possuía influência sobre o abade, essa acabava
estendendo-se sobre o mosteiro, seus monges e a missão evangelizadora por eles empregada.
Além dos motivos tradicionalmente colocados, não teria sido esse mais um para a adoção
cada vez maior da regra beneditina?

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