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A Lucerna
Artigos científicos
Ano II - Nº 4 - Nov/2013
ISSN 2316 - 364X
ESCOLADEINTELIGÊNCIAMILITAR DO EXÉRCITO
Cel Inf Antônio Jorge Dantas de Oliveira
Semestral
ISSN 2316-364X
CDU: 355.40(81)
A INTELIGÊNCIA EM APOIO ÀS OPERAÇÕES NO AMBIENTE TERRORISTA
RESUMO
No dia 11 de setembro de 2001, uma série de atentados terroristas ocorreu nos Estados Unidos.
Uma organização até então desconhecida pela maioria dos órgãos de segurança internacional, denomi-
nada Al-Qaeda, planejou e executou o sequestro de aviões comerciais de passageiros. Dois desses avi-
ões foram conduzidos e se chocaram com as torres do edifício World Trade Center, em Nova York. A
terceira aeronave colidiu com o Pentágono - sede do Departamento de Defesa americano. Tal atentado
provocou cerca de 3.000 (três mil) mortes, a maioria de civis. Indubitavelmente, os dramáticos eventos
perpetrados em 11 de setembro vieram a constituir um rompimento no que se refere à Nova Ordem
Mundial e às ameaças à Segurança Internacional. Trata-se do surgimento da Guerra Irregular e, nesse
universo, está o terrorismo. O Brasil, por sua vez, tem aumentado sua projeção internacional desde o
início do século, a partir de sua estabilização política e econômica. Da mesma forma, o fenômeno da
globalização aproximou o país dos centros de decisão internacional, colocando-o em posição de desta-
que em discussões como o meio ambiente, a questão nuclear, a questão energética e a solução de con-
flitos no mundo, dentre outros. Tais fatores se aliaram à escolha do país para sediar Grandes Eventos
Mundiais, como a Copa das Confederações em 2013, a Copa do Mundo em 2014 e a Olimpíada em
2016. Tudo isso projetou a imagem do Brasil no cenário internacional, inserindo-o também em discus-
sões políticas sensíveis que podem atrair para si o risco de atentados terroristas. Estes visam a causar
grande impacto por meio de ações contundentes, desafiando o poder estatal e semeando o terror entre
as sociedades. Nesse mister, o Brasil, ao ocupar nova posição no contexto geopolítico mundial, neces-
sita possuir um sistema de Inteligência que o proteja de ataques dessa natureza. Porém, sua atual es-
trutura possui entraves que dificultam tal responsabilidade e que precisam ser melhorados, dados que
pretendem ser abordados no presente trabalho.
1 INTRODUÇÃO
O Brasil deixou de ocupar uma posição de coad-
juvante e passou a ser um dos principais líderes
mundiais na discussão de temas multilaterais atuais.
O envolvimento brasileiro na solução de questões
1
Oficiais do Exército Brasileiro, Bacharéis em Ciências Mili-
sensíveis pode tornar o país alvo de ataques extre-
tares pela Academia Militar das Agulhas Negras e Mestres em
mistas contrários às posições defendidas pelo Brasil.
Operações Militares pela Escola de Aperfeiçoamento de Ofici-
ais. Da mesma forma, o País ocupa posição de destaque
de Israel em 1992 e na Associação Mutual Israelita cionais, no caso da busca pelo autor de notoriedade
Aires, ativaram, pela primeira vez, o alerta do órgão - atentado ou sabotagem contra infraestrutura
pressões para a adoção de medidas que visem a neu- - atentado contra instalações e meios de
um parceiro ativo das grandes potências no combate - reflexos das medidas antiterroristas adota-
a crescer. A participação nesse processo vai ao en- Ademais, a noção de que o Brasil é um país
contro dos interesses do País, de maior presença no pacífico, com tolerância religiosa e racial, com for-
cenário mundial, inclusive com pretensões de assen- mação multirracial, conhecido como o país do car-
físico dos focos dos conflitos armados que se preci- Print Editora, 2012.
RESUMO
Apresenta uma visão sobre a definição das Operações de Informação dentro de um contexto da reali-
dade brasileira, com o intuito de atender as demandas dos conflitos de Quarta Geração. Demonstra o impacto
do gramscismo na opinião pública brasileira e nos meios de comunicação tradicionais e nos virais. No decor-
rer do trabalho, apresenta uma definição da Teoria dos Stakeholders adaptada pelos autores à realidade do E-
xército Brasileiro, bem como uma visão de como trabalhar com o apoio de stakeholders para controlar o am-
biente informacional com menos custos e com maior aceitabilidade pela sociedade e pelos meios de comuni-
cação de massa. Discorre sobre como a Inteligência pode apoiar as Operações de Informação por intermédio
da produção do conhecimento e do monitoramento dos stakeholders. Discorre como seria o apoio da Inteli-
gência nesta produção do conhecimento sobre os stakeholders apoiando as Operações Psicológicas, os Assun-
tos Civis, as Operações Interagências, a Guerra Cibernética, a Guerra Eletrônica e a Comunicação Social. En-
fatiza a importância da fonte humana de Inteligência na produção de conhecimento sobre os stakeholders. Tra-
ta da viabilidade e da exequibilidade do apoio de Inteligência às Operações de Informação. São abordadas
possibilidades de atuação da Inteligência nas Operações de Informação, com enfoque nos stakeholders. Enfa-
tiza a importância dos RCN e dos EEI no levantamento de dados. Aborda a crescente importância das fontes
abertas na produção de conhecimentos sobre o stakeholders. Descreve a relevância do Apoio de Inteligência
às Operações de Informação. Para comprovar as ideias desenvolvidas ao longo do trabalho, realizou-se ampla
pesquisa. Por fim, na conclusão, analisa e ratifica as hipóteses levantadas ao longo do trabalho, enfatizando a
exequibilidade do apoio da Inteligência no levantamento e monitoramento de stakeholders, bem como a im-
possibilidade de conduzir este tipo de operação sem o apoio decisivo da Inteligência.
1 INTRODUÇÃO
O processo de globalização, ocorrido a partir do
1
fim dos anos 70, implicou, sem sombra de dúvida,
Oficial FN da Marinha do Brasil - Mestre em Ciências Navais
(EGN). em aumento dos riscos à segurança nacional, pois
2
Oficial de Engenharia do Exército Brasileiro - Mestre em passou a existir um caráter não tradicional. A situa-
Ciências Militares (ECEME). ção tornou-se ainda mais complexa depois dos ata-
3
Oficial de Artilharia do Exército Brasileiro - Mestre em
ques de 11 de setembro, que ocasionaram uma mu-
Ciências Militares (ECEME).
4
dança significativa nas relações entre as operações
Oficial do Exército da República Oriental do Uruguai.
militares e os meios de comunicação em massa, nes-
te, inclusos, os novos meios de tecnologia da infor-
6
Gramscismo deriva das ideias do filósofo comunista italiano
Antônio Gramsci. Procura implantar o marxismo com os ativis-
5
Guerra de quarta geração (Fourth Generation Warfare – tas comunistas se infiltrando nos meios jornalísticos, na mídia,
4GW) é o termo usado pelos analistas e estrategistas militares na religião, na política, nos meios educacionais reescrevendo a
para descrever a última fase da guerra na era da tecnologia da História e contando no lugar dela uma história mentirosa para o
informação e das comunicações globalizadas. povo pensar que o comunismo sempre foi apoiado pelo povo.
8
tenção da Paz.
Manual de Campanha do Exercito de EE.UU. 41-10, Civil
Affairs Operations. (Washington, DC: Imprensa do Governo Na determinação e individualização dos atores faz-
dos EE.UU., Janeiro de 1993), págs. 1-1 se mister fazer um levantamento do Ambiente Ope-
RESUMO
Este artigo avaliou em que medida e com que metodologia ocorrem a produção e integração dos co-
nhecimentos, as similitudes e divergências de cada sistema de inteligência, tudo visando a apontar alternativas
que possam aprimorar o modelo atualmente vigente. Foi estabelecido um arcabouço teórico, onde foi abordada
a organização sistêmica da Inteligência, o Planejamento Estratégico Militar e breve teoria sobre a construção
de cenários. A partir dos resultados da pesquisa de campo , ficou evidenciada a existência insipiente de inte-
gração, os prejuízos decorrentes da inexistência de um Política Nacional de Inteligência aprovada e implanta-
da, além dos resultados positivos decorrentes do trabalho do Sistema de Planejamento Estratégico de Defesa
(SPED). Como conclusão, ressaltou-se a necessidade de maior integração, a indicação do método de cenariza-
ção mais adaptável ao modelo vigente, bem como as tendências para cada SI como partícipes do processo de
alimentação e atualização das conjunturas nacional e internacional.
1.INTRODUÇÃO
O Ministério da Defesa (MD), como órgão centra- de integração que supere as características de cada
lizador e coordenador do trabalho prospectivo de Força Armada (FA).
planejamento no nível setorial, aglutina conhecimen- Os estudos teóricos, as análises conjunturais e a
tos gerados por diferentes fontes, cada uma com suas construção de cenários prospectivos constituem par-
peculiaridades, similitudes e diferenças. Para isso, te primordial da Concepção Estratégica e Configura-
uma metodologia adequada para o trato dos conhe- ção de Forças, primeira fase da Sistemática de Pla-
cimentos coletados faz-se necessária, num processo nejamento Estratégico Militar (SPEM). Estas ativi-
dades ocorrem desde o nível nacional e desenvol-
vem-se nos níveis setorial (MD) e subsetorial (For-
ças Armadas).
1
Oficial de Cavalaria do Exército Brasileiro - Mestre em
É fundamental, na construção de cenários prospec-
Ciências Militares (ECEME)
2
Oficial de Intendência do Exército Brasileiro - Mestre em
tivos, o trabalho do MD no desenvolvimento dos
Ciências Militares (ECEME). cenários comuns entre as FA, de forma a aproximar
3
Oficial de Artilharia do Exército Brasileiro - Mestre em os planejamentos no nível político-estratégico e uni-
Ciências Militares (ECEME). formizar procedimentos gerais que orientarão a for-
4
Oficial da Marinha do Brasil - Mestre em Ciências Navais mulação de Conceitos Estratégicos de Emprego,
(EGN).
bem como de Configuração das Forças (nível subse-
torial).
taria de Política, Estratégia e Assuntos Internacio- cria a Agência Brasileira de Inteligência e dá outras providên-
cias. No Art. 5° estabelece que a execução da PNI, deve ser
nais do MD. Atualmente, o órgão que trata da Inteli-
fixada pelo Presidente da República, levado a efeito pela A-
gência no mais alto nível, no âmbito do MD, é a
BIN, sob supervisão da Câmara de Relações Exteriores e Defe-
Subchefia de Inteligência Estratégica (SCIE), subor- sa Nacional do Conselho de Governo. Determina ainda que
dinada à Chefia de Assuntos Estratégicos e gerente antes de fixada pelo Presidente da República a mesma deve ser
nal. Conforme preconiza o Manual MD-51-M-01: (PMD) e da Estratégia militar de Defesa (EMiD), o
“As atividades da fase da Concepção Es- trabalho da SCIE é alimentado por uma Avaliação
tratégica e Configuração de Forças rela- Estratégica de Inteligência de Defesa, bem como
cionam-se com o processo de identifica- pelas Avaliações Estratégicas Setoriais de cada For-
ção de forças militares necessárias à capa-
ça, que se somam às avaliações conjunturais conso-
cidade que a nação deve dispor para a sua
defesa, enquanto que as atividades da fase nantes com o Plano de Inteligência de Defesa (PIN-
do planejamento do Preparo são as con- DE), documento que orienta toda a produção de inte-
cernentes à obtenção e ao preparo das for- ligência no âmbito do MD.
ças militares identificadas. As atividades
Para tal, o trabalho de alimentação de dados é rea-
da fase do planejamento do Emprego O-
lizado em ciclos quadrienais, onde ocorrem periódi-
peracional constituem-se das formulações
de estruturas operativas e de doutrinas que
cas avaliações de conjuntura. Essas avaliações são
apreciações que expressam a opinião de diversos
RESUMO
O “Estudo de Situação” pode ser entendido como uma metodologia aplicada para a produção do co-
nhecimento necessário para condução das operações militares. Neste contexto, duas áreas assumem grande
relevância: a de Comando e Controle (C2) e a de Inteligência. Enquanto o C2 garante aos comandantes de
todos os escalões a consciência situacional e a direção das ações, a Inteligência reduz as incertezas do campo
de batalha pela integração de fontes para produção de conhecimentos relevantes. No Exército Brasileiro (EB),
o estudo realizado pela Inteligência no campo de batalha é denominado “Processo de Integração Terreno,
Condições Meteorológicas e Inimigo” (PITCI). Um mecanismo que automatize o processo deve manter uma
perspectiva global para assegurar que o significado de cada fragmento de informação seja reconhecido e utili-
zado corretamente e com oportunidade. Diante de tais demandas, o EB desenvolveu o programa C2 em Com-
bate. A pesquisa proposta faz uma revisão bibliográfica sobre o PITCI, preconizado nos manuais militares, e
em paralelo, sobre o estado da arte do programa C2 em Combate, visando determinar a sua relevância no pro-
cesso. Para cumprir tal objetivo, uma pesquisa de campo foi realizada para identificar os principais aspectos
que envolvem o binômio PTICI-C2 em Combate. Um estudo de caso apresentado ao final da pesquisa conso-
lida empiricamente os conhecimentos adquiridos com o trabalho.
1 INTRODUÇÃO
1
Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército
A importância do “Estudo de Situação do Coman-
Brasileiro, Graduado em Engenharia da Computação pelo Insti- dante” fica evidenciada na clássica comparação,
tuto Militar de Engenharia (IME), Mestre em Engenharia pela discutida por ANTONY (1995), entre o jogo de xa-
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Mestre em drez e o desenvolvimento das operações militares.
Ciências Militares pela Escola de Comando e Estado-Maior do
Jogadores de xadrez e comandantes do campo de
Exército (ECEME) e Especialista em Inteligência Militar pela
batalha necessitam de uma visão clara da situação
Escola de Inteligência Militar do Exército (EsIMEx).
2
Oficial da Arma de Cavalaria do Exército Brasileiro, Mestre para avaliarem suas opções, assim como as dos seus
em Ciências Militares pela Escola de Aperfeiçoamento de adversários.
Oficiais (EsAO) e Especialista em Inteligência Militar pela Tanto no xadrez quanto nas operações militares, os
Escola de Inteligência Militar do Exército (EsIMEx).
3
contendores comandam numerosos recursos (peças
Oficial da Arma de Cavalaria do Exército Brasileiro, Mestre
do jogo ou elementos de manobra) que possuem
em Ciências Militares pela Escola de Comando e Estado-Maior
do Exército (ECEME) e Especialista em Inteligência Militar características específicas e as estratégias emprega-
pela Escola de Inteligência Militar do Exército (EsIMEx). das variam ao longo do tempo. Grupos de peças de
Além de campo de testes para novos sistemas de sistemas operacionais, que permitem ao
comandante coordenar o emprego opor-
armas, a rápida campanha serviu para validar novas
tuno e sincronizado de seus meios no
concepções doutrinárias e iniciar o processo de “di-
tempo, no espaço e na finalidade. Os sis-
gitalização do campo de batalha”. O trânsito de da- temas operacionais são: comando e con-
dos aumentou exponencialmente em relação aos trole; inteligência; manobra; apoio de fo-
conflitos anteriores e novos processos metodológi- go; defesa antiaérea; mobilidade, con-
tramobilidade e proteção; e logístico.
cos buscaram integrar esta grande quantidade de
(BRASIL, 1997, p. 2-13).
informações e apresentá-la de maneira a subsidiar as
decisões do nível tático ao estratégico. Como se pode observar no conceito, a integração
No Brasil, o primeiro manual que refletiu os ensi- dos sistemas operacionais passou a ser um objetivo
namentos adquiridos durante a Guerra do Golfo foi permanente com o intuito de permitir ao Comandan-
publicado, em 1996, pela Portaria nº 126, do Estado- te realizar o emprego sincronizado dos seus meios
Maior do Exército (EME), de 5 de dezembro. Trata- no tempo e no espaço.
se da 1ª Edição da Instrução Provisória (IP) 100-1 – Dois sistemas operacionais serão mais relevantes
Bases para a Modernização da Doutrina de Emprego para o desenvolvimento deste trabalho: o Comando e
da Força Terrestre (Doutrina Delta). O novo manual Controle (C2) e o de Inteligência. O mesmo manual
abordava um campo de batalha moderno que de- afirma que o C2 “permite aos comandantes de todos
48 EsIMEx - 2º Semestre de 2013
os escalões visualizarem o campo de batalha, apre- Aprovada pela Portaria nº 186 do EME, reservada,
ender a situação e dirigir as ações militares necessá- de 6 de dezembro de 1999, esta IP apresenta em seu
rias à vitória” (BRASIL, 1997, p. 2-13). Mais à fren- primeiro capítulo sua finalidade principal, que é a-
te, também afirma que a Inteligência deve “fornecer presentada a seguir.
uma visão precisa do campo de batalha”, estando Estas Instruções Provisórias (IP) propor-
esse sistema “intimamente ligado ao de comando e cionam uma orientação aos comandantes,
controle”. Esta ligação poderá ser observada em di- oficiais de inteligência (Of Intlg), assim
como ao Estado-Maior (EM) de todas as
versos outros manuais doutrinários, tanto da área de
Armas, Quadros e Serviços de todos esca-
C2, como da área de Inteligência.
lões de comando. Referem-se aos proce-
2.1 FUNDAMENTOS DO PITCI dimentos a serem adotados para a execu-
ção da Atividade de Inteligência, voltada
Após a publicação do novo C 100-5, diversos no- para o emprego da Força Terrestre em
vos manuais passaram a ser revisados e republicados Operações Militares, sejam de Defesa Ex-
em novas edições, com os conceitos básicos do Ma- terna (Def Ext), de Defesa Interna (Def
nual de Operações e da Doutrina Delta inseridos em Int) ou de Manutenção da Paz (Mnt Paz).
(BRASIL, 1999, p. 1-1)
seu bojo. O manual que define o processo chamado
de “Estudo de Situação” teve uma nova edição pu- A abrangência da sua finalidade demonstra que o
blicada em 2003, pela Portaria do EME de 8 de se- manual buscou ser, efetivamente, o documento bási-
tembro. O C 101-5 – Estado-Maior e Ordens – 1º e co de consulta para a realização da Atividade de
2º Volumes, 2ª Edição, revogou a versão anterior, Inteligência em qualquer tipo de operação, em qual-
que estava vigente desde 1971, alterando uma dou- quer escalão de execução. No seu bojo, são apresen-
trina em vigor há mais de três décadas. O novo ma- tados todos os principais procedimentos a serem
nual inseriu, pela primeira vez em um documento seguidos pelos profissionais de Inteligência visando
doutrinário do EB, o termo PITCI, apesar de o acrô- a assessorar os Comandantes nos mais diversos ní-
nimo já vir sendo empregado em diversas IP em veis. A importância do PITCI pode ser observada
elaboração. Com o C 101-5, o PITCI passou a ser pelo simples fato de que 5 (cinco) dos 11 (onze)
fase obrigatória do planejamento operacional em capítulos são dedicados a este assunto. No capítulo
todos os níveis, do tático ao estratégico. No entanto, 4, a definição de PITCI é apresentada.
o detalhamento da metodologia para realização do O Processo de Integração Terreno, Con-
PITCI não foi inserida no novo manual, tendo esta dições Meteorológicas e Inimigo (PITCI)
tarefa sido delegada para o conjunto de manuais que pode ser definido como um processo cí-
clico de caráter gráfico, que permite, me-
regulam a Atividade de Inteligência Militar no EB.
diante a análise integrada, a obtenção
Antes mesmo da aprovação do novo C 101-5, e das possibilidades do inimigo e de seus
dois anos após a aprovação do C 100-5, foi publica- possíveis objetivos e cooperar na monta-
gem das linhas de ação. Auxilia, ainda, a
da a IP 30-1 – A Atividade de Inteligência Militar –
análise das linhas de ação opostas, apóia
2ª Parte: A Inteligência nas Operações Militares.
a decisão do comandante, facilita a dire-
Pode se concluir, parcialmente, que apesar dos ofi- Fig 10 – Conhecimento do C2 - Fonte: O autor
ciais de EM terem conhecimento do PITCI, seu em- Na sequência, intencionou-se saber se a ferramenta
prego ainda não está arraigado na cultura do assessor era utilizada, principalmente na busca de dados de
e, mesmo com meios mais modernos, a carta topo- inteligência. Como resultado, obteve-se um elevado
gráfica e o DAMEPLAN são os mais utilizados para percentual de oficiais que empregaram poucas ou
obtenção de dados, muito provavelmente, pela influ- nenhuma vez o C2 em planejamento de manobras e,
ência dos bancos escolares. ainda, um percentual baixo de oficiais de
Na segunda parte do questionário ao qual os analis- inteligência, conforme os gráficos das figuras 11 e
tas foram submetidos, a intenção, era avaliar o grau 12.
de conhecimento do programa C2 Cmb e a sua utili-
zação no PTICI, tendo 100% dos entrevistados afir-
mado conhecer o programa, sendo que apenas 19%
afirma conhecer razoavelmente mal. Pode-se infe-
rir, portanto, que não há razão para não utilização do
programa no planejamento de manobras militares.
vem o C2 Cmb: a Engenharia de Sistemas, o Banco metodologia rígida para controlar as versões do
de Dados, o Sistema de Apoio à Decisão e o Sistema software, as mudanças realizadas (alterações do có-
sargentos. Quando a necessidade exige, a equipe é zado por meio da realização de testes antes da entre-
reforçada por técnicos civis contratados e conta ain- ga da versão de produção; de testes de compilação,
da, com especialistas de outras organizações milita- testes de stress, testes descentralizados de funciona-
trole, já que a ferramenta restringe o traçado de li- E concluindo, como já foi dito, foi necessário au-
nhas fora da área de trabalho sem ter que modificar mentar o zoom para visualizar detalhes do terreno.
o posicionamento da mesma, seja pela habilidade do Por isso, foi estabelecido uma área menor de traba-
operador em manusear a ferramenta “NAVEGA- lho na carta, com a manobra de uma Brigada de Ca-
ÇÃO” ou, parando o traçado para modificar o posi- valaria Blindada realizando um Ataque Coordenado.
cionamento da carta com a ferramenta “PAN”. Para isso, novamente utilizando a ferramenta “zo-
om”, foi destacado em qual porção do terreno seria
Assim, foi delimitada a Zona de Ação da 5ª DE
realizada essa manobra, conforme figura 20.
conforme figura 18.
serão visualizados. Dessa forma, chegou-se ao calco ço para manobra - Fonte: O autor – Estudo de Caso
de restrição de movimento, conforme figura 24. Antes de se desenhar os corredores de mobilidade,
foram levantados os acidentes capitais que influen-
ciam a manobra planejada. O resultado é representa-
do na figura 26.
Fig 27 - Corredores de Mobilidade Por não dispormos de cartas desse tipo, não foi
Fonte: O autor – Estudo de Caso possível montar um gráfico adequado para essa fase
Pelo mesmo motivo, as vias de acesso também fo- e, muito menos, efetuar a comparação das vias de
ram simbolizadas de forma diferente do que prescre- acesso.
ve os manuais, por essa limitação do programa. Foi 5.2.2.6 Efeitos do terreno sobre as operações mili-
utilizado a ferramenta “DESENHAR CORREDOR” tares.
para representação gráfica, o que resultou a figura
Após toda a produção gráfica do terreno, o analista
28.
de inteligência deve concluir sobre os efeitos para as
operações, devendo deduzir qual é mais favorável
para o tipo de operação que será desencadeada.
6 CONCLUSÃO
No Exército Brasileiro (EB), o estudo realizado pe-
la Inteligência no combate é denominado “Processo
de Integração Terreno, Condições Meteorológicas e
Inimigo (PITCI)”. A chamada “digitalização do
campo de batalha” imposta pelos avanços tecnológi-
Fig 29 - Situação do Inimigo cos do campo militar tem reduzido o tempo disponí-
Fonte: O autor – Estudo de Caso vel e ampliado exponencialmente o volume de in-
formações a serem consideradas no processo de to-
Ao final, apresentar-se-ia um calco completo de si-
mada de decisão operacional. Neste contexto, o EB
tuação do inimigo referente a suas unidades de ma-
desenvolveu o programa “C2 em Combate”.
nobra, apoio de fogo e logística, de forma a subsidiar
o decisor quanto às operações que poderão ser de- Este trabalho de pesquisa teve como objetivo de-
sencadeadas e sua interferência na manobra. terminar a relevância da utilização da do programa
“C2 em Combate” como subsídio ao PITCI. A pes-
5.2.4 4ª Fase - Integração
quisa analisou o uso dessa ferramenta, identificando
A integração é a consolidação de todos os estudos as vantagens e as desvantagens para o analista de
realizados pelo oficial de inteligência de forma a Inteligência. Adicionalmente, explorou os procedi-
empiricamente alguns aspectos do emprego do C2 _____. Escola de Comunicações. Curso de Gestão de Sistemas
Táticos de Comando e Controle – Programa C2 em Combate.
em Combate no PITCI. O destaque foi a grande evo-
Brasília, DF, 2012.
lução das ferramentas disponíveis para inserção de
_____. Estado-Maior. C 100-5: Operações. 3. ed. Brasília, DF,
dados sobre o terreno, clima e inimigo que resultam 1997.
em uma visualização gráfica de todos os fatores que _____. Estado-Maior. C 101-5: Estado-Maior e Ordens. v. 1.
podem influenciar uma manobra planejada. A opor- 2. ed. Brasília, DF, 2003.
_____. Estado-Maior. C 101-5: Estado-Maior e Ordens. v. 2.
tunidade de melhoria identificada foi referente a
2. ed. Brasília, DF, 2003.
automação das ferramentas e atualização de cartas _____. Estado-Maior. IP 100-1: Bases para a Modernização
vetorizadas, principalmente em terceira dimensão, da Doutrina de Emprego da Força Terrestre (Doutrina
para maior efetividade do programa como ferramen- Delta). 1. ed. Brasília, DF, 1996.
REFERÊNCIAS
ANTONY, RICHARD T. Principles of Data Fusion Automa-
tion, Norwood, MA: Artech House, 1995.