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NEO‐ATEÍSMO – A NOVA FACE DOS INIMIGOS DE DEUS. 
Por Fabio Marchiori Machado 

 
 

Tão  antigo  quanto  o  conhecimento  de  Deus  é  a  negação  da  existência  Dele.  Isto  é  o 
ateísmo.  

Estou  extasiado  em  escrever  este  estudo.  O  que  poucos  sabem  é  que  antes  da  minha 
conversão, quando tinha 18 anos de idade, eu era um feroz defensor das teorias ateístas. Sim, 
sou  um  ex‐ateu,  renovado  pelo  sangue  de  Jesus.  Lembro  daquela  época  com  certa  dose  de 
tristeza,  contudo  sou  convicto  que  todas  as  coisas  que  passei,  falei  e  construí  colaboraram 
muito para que hoje eu tenha uma fé extremamente fortalecida. 

Não tenho a pretensão de contar minha história neste estudo, mas sim mostrar o quão 
perigoso é o movimento dos novos ateístas para o futuro da crença religiosa no nosso país e no 
mundo.  

Sei que a ameaça do ateísmo é algo que parece estar longe, pelo menos para a maioria 
dos  cristãos  brasileiros.  Vivemos  atualmente  uma  explosão  da  prática  religiosa,  tanto 
evangélica, como de católicos carismáticos. Infelizmente este crescimento não afasta o perigo 
em  si.  O  ateísmo  é  algo  crescente  no  Brasil,  da  maneira  mais  perigosa  possível,  ou  seja,  a 
implícita. Como um câncer não detectado, que vai matando a pessoa silenciosamente, assim é 
o  ateísmo  implícito  incutido,  principalmente,  na  mente  de  jovens  universitários.  Muitos  hoje 
são os que têm pensamento ateísta, de maneira tácita. Só não se deram conta que são ateístas 
de fato. Esta é a obra de maestria que o neo‐ateísmo produz nos dias de hoje. 

1. DEFINIÇÃO.  
 
O  ateísmo  é  uma  posição  ideológica  em  relação  à  crença  em  divindades  de  qualquer 
espécie. A palavra “ateu” origina‐se do grego atheos (ἄθεος), que na sua formação apresenta o 
prefixo “a”, indicando a “ausência de”, mais a palavra “theos”, com o significado generalista de 
“deus”.  “Ausência  de  deus”  é  o  sentido  literal  para  “ateu”.  Entretanto,  o  mais  usualmente 
aceito é que o termo “ateu” denote um “sem deus”. 
 
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Por não ser uma filosofia, o ateísmo não deve ser confundido com outras correntes. Não 
podemos considerá‐lo como filosofia em decorrência de algumas pressuposições relacionadas: 

    ‐ a ausência de dogmas. 

    ‐ a falta de um comportamento padrão dos seus adeptos. 

    ‐ e por fim, a não inexistência de regras para gostos, posições políticas, conceitos 
morais e etc. 

Nesta  confusão  entre  filosofia  e  ideologia,  muitos  são  os  que  colocam  o  ateísmo 
intimamente  relacionado  ao  budismo  e  ao  satanismo.  Isto  pode  ser  considerada  uma  falha 
terrível. No caso do budismo, mesmo não existindo a figura de deuses, não podemos dizer que 
todo  budista  é  um  ateísta.  O  budismo  apresenta‐se  como  uma  filosofia,  com  seus  dogmas 
religiosos  e  regras  comportamentais.  Muitas  vezes  o  budista  se  vê  como  um  próprio  deus. 
Concordo, no entanto, que uma linha tênue separa as duas correntes.  

Agora,  no  caso  do  satanismo  não  há  como  pairar  nenhuma  dúvida.  Não  é  por  que  um 
satanista adora a Satã (diabo), e este é inimigo declarado de Deus, que podemos afirmar que tal 
é ateísta. No satanismo existe a concordância em relação a existência de um ser espiritual, um 
deus (Satã), e isto logo coloca o satanismo em oposição ao ateísmo. 

Outra  diferenciação  importante  a  ser  feita  é  entre  o  ateu  e  o  agnóstico.  Enquanto  o 


primeiro não crê na existência de nenhuma divindade, o segundo é alguém que acredita que a 
questão da existência ou não de um poder superior (Deus) não foi nem nunca será resolvida1. 

2. A HISTÓRIA DO ATEÍSMO 

Muito pouco se conhece da história do ateísmo, e as razões são óbvias. Durante muitos e 
muitos séculos, os ateístas foram vistos como um mal na sociedade, uma moléstia que deveria 
ser aniquilada. Tanto é verdade que muitos reformadores cristãos, como Calvino, condenaram 
vários ateus à morte. Muitos deles morreram queimados em fogueiras, devido a sua falta de fé 
em Deus. 

                                                            
1
 Definição feita por Thomas Henry Huxley numa reunião da Sociedade Metafísica Britânica, em 1876. 
 
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Os primeiros registros explícitos de comportamentos ateístas datam do século V a.C.  

Já na Bíblia, temos a primeira nuance da existência de pessoas que não acreditavam em 
Deus  no  livro  Salmos,  nos  textos  de  10.4,  14.1  e  53.1.  O  salmista  apresenta  o  ateu  como  um 
insensato. Veja o texto: 

Salmos 14:1  
 

 Diz o insensato no seu coração: Não há Deus.  Corrompem‐se e praticam abominação;  já não há 
quem faça o bem.  
 

No  texto  do  Novo  Testamento,  conseguimos  ver  mais  vezes  apresentadas  o  combate  a 
ideologia  ateísta.  Um  trecho  muito  importante  neste  sentido  encontra‐se  em  Rm  1.18‐27. 
Nesta  pequena  porção  bíblica,  Paulo  discorre  sobre  um  ateísmo  implícito,  travestido  de 
idolatria. Afirmamos isso por causa da estrutura do seu discurso. Era muito comum na retórica 
grega  uma  argumentação  ser  composta  de  antítese  e  síntese,  concluindo  com  uma  tese.  Na 
retórica grega Paulo foi instruído e fez uso sua vida toda, bem como todos os pensadores de 
sua época, gregos ou não.  

Paulo começa este trecho com a defesa da existência de Deus (antítese), mesmo que no 
segundo  plano  ele  diga  que  os  homens  são  idólatras  (síntese).  Podemos  crer  que  Paulo 
considera idólatras aqueles que não acreditam em Deus, pensando estes ser a humanidade o 
centro da existência. Acredito que só se defende algo na ocorrência de uma oposição direta, ou 
seja,  o  autor  de  Romanos  refuta  o  pensamento  da  não  existência  de  Deus,  mostrando  os 
atributos  incontestáveis  Dele  através  da  criação.  Por  fim,  expõe  qual  o  destino  daqueles  que 
não acreditam nesse Deus (tese).  

Um  dos  pontos  chaves  aparece  quando  Paulo  aponta  o  comportamento  humanista  de 
seus opositores dizendo:  “...inculcando‐se por sábios, tornaram‐se loucos e mudaram a glória 
do  Deus  incorruptível  em  semelhança  da  imagem  de  homem  corruptível...”  (Rm  1.22‐23a).  O 
humanismo, que é o movimento ideológico que coloca o homem com centro e razão de todo 
universo, é uma das caracterísitica mais marcante do ateísmo. 

O  ateísmo  manteve‐se  em  silêncio  em  boa  parte  da  história.  Ele  só  desponta  como 
conceito  em  1568,  em  decorrência  da  publicação  do  dicionário  Oxford,  que  traz  consigo  a 
definição de ateu. Ganha força com o Iluminismo e começa a fazer parte da vida das pessoas 
com o comunismo e socialismo do seculo XX. Os regimes comunistas, principalmente a extinta 
União  Soviética,  procuram  eliminar  qualquer  prática  religiosa  por  entendê‐las  como  algo 
prejudicial  ao  sistema  socialista.  Este  pensamento  vem  em  decorrência  dos  escritos  de  Karl 
Marx, que acreditava que a crença em Deus era o “ópio do povo”. 
 
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A partir de meados da década de 60, do século XX, a visão que as pessoas tinham acerca 
do ateísmo passa por uma imensa transformação. O ateísmo começam a usufruir de uma áurea 
de  agrababilidade  cultural  e  intelectual,  com  a  popularização  dos  escritos  de  Nietzche,  e 
também, devido a crescente secularização dos meios políticos e acadêmicos no mundo. Desta 
atmosfera favorável surge o que conhecemos hoje como os neo‐ateístas. 

3. QUEM SÃO OS NEO‐ATEÍSTAS 

Nós  vivemos  em  um  contexto  histórico  muito  diferente  dos  nossos  antepassados  na  fé. 
No tempo de Martinho Lutero, na conhecida Idade Média, a relação Homem X Deus e Homem 
X  Eternidade  era  bem  diferente  da  ocorrida  nos  nossos  dias.  Uma  pessoa  comum  na  Idade 
Média  tinha  seus  pensamentos  ocupados  o  dia  inteiro  pela  questão  da  eternidade.  Neste 
período, ninguém tinha a garantia se terminaria o dia vivo, ou se depois de dormir acordaria no 
céu  ou  no  inferno.  Sabemos  que  para  morrer,  basta  estar  vivo,  mas  hoje  temos  muito  mais 
garantias.  Na  Idade  Média  a  expectativa  de  vida  de  uma  pessoa  não  passava  dos  30  anos. 
Muitos  morriam  em  decorrência  de  saques,  guerras,  doenças  contagiosas  e  outras  coisas 
semelhantes.  

Com os avanços socioeconômicos e tecnológicos, a humanidade teve a soberba apoiada 
na sua autosuficiência elevada. Atualmente, temos uma medicina desenvolvida que nos garante 
uma vida longínqua, uma certa garantia de que ninguém vai nos matar por besteira, controles 
sanitários  e  etc.  Esta  suposta  segurança  foi  o  ambiente  perfeito  para  o  surgimento  do 
movimento neo‐ateísta. 

Como  já  vimos  anteriormente,  ser  ateu  era  algo  muito  mal  visto  pela  sociedade. 
Entretanto,  a  pós‐modernidade  destruiu  este  estigma  do  ateísmo.  A  partir  deste  ponto,  o 
ateísmo tornou‐se algo tolerado e até mesmo valorizado.  

Graças a esta tolerância, os novos ateístas começam a ter mais liberdade para expor seus 
pensamentos através de livros, revistas, jornais, programas de televisão, documentários e etc. 

Os neo‐ateístas apresentam mais pontos de objeção à fé do que os ateístas do passado. 
Os precursores do ateísmo tinham sua batalha focada na não existência de nenhuma divindade. 
Os  neo‐ateístas,  por  sua  vez,  alargaram  as  fronteiras  do  pensamento.  Suas  ponderações  vão 
além da existência de Deus ou não. Dois novos aspectos são englobados no portfólio ateísta: 

 
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‐  A  relação  com  o  mal  –  Os  neo‐ateístas  acreditam  ser  incompatível  a  existência 


simultânea de Deus e o mal. É a lógica simples de que se Deus existe, ninguém deveria sofrer.  

‐ O combate ao teísmo religioso – Os neo‐ateístas têm toda a sua artilharia mirada não 
somente na existência de Deus, mas também nas religiões. 

Além  disso,  acreditam  que  toda  fé  em  Deus  é  má  e  que  leva  as  pessoas  aos  atos  mais 
absurdos.  Ainda  mais,  crêem  que  o  teísmo  (a  fé  em  um  deus)  levará  o  mundo  como 
conhecemos  hoje  a  destruição.  O  filme  “O  Livro  de  Eli”  mostra  bem  o  que  acontecerá com  o 
mundo  se  os  neo‐ateístas  estiverem  certos.  No  filme  a  sociedade  como  conhecemos  hoje  é 
destruída  por  causa  de  guerras  religiosas.  Os  sobreviventes  enxergam  que  todo  mau  veio  ao 
mundo  por  causa  da  fé.  Em  decorrência  disso,  queimam  todos  os  exemplares  da  Bíblia 
existentes no mundo. Veja mais no artigo “Assista ao filme O Livro de Eli” no BereiaBlog2. 

Por fim, devemos dizer que o centro do discurso neo‐ateísta está fundamentado em três 
pilares principais: 

└ Naturalismo  ‐  o  Naturalismo  mostra  o  homem  como  produto  de  forças 


“naturais”, desenvolve temas voltados para a análise do comportamento 
patológico  do  homem,  de  seus  descontroles,  de  seu  lado  animalesco.  
Os  naturalistas  acreditam  que  o  indivíduo  é  mero  produto  da 
hereditariedade  e  seu  comportamento  é  fruto  do  meio  em  que  vive  e 
sobre  o  qual  age.    A  perspectiva  evolucionista  de  Charles  Darwin 
inspirava  os  naturalistas,  esses  acreditavam  ser  a  seleção  natural  que 
impulsionava a transformação das espécies3. 
 
└ Materialismo  ‐  Doutrina  filosófica  que  admite  como  realidade  apenas  a 
matéria.  Nega  a  existência  da  alma  e  do  mundo  espiritual  ou  divino. 
Formulada pela primeira vez no século VI a.C., na Grécia, ganha impulso 
no século XVI, quando assume diferentes formas. 

Para os materialistas, os fenômenos devem ser explicados não por mitos 
religiosos, mas pela observação da realidade. A matéria é a substância de 
todas as coisas4. 

└ Humanismo  ‐  O  Humanismo  pode  ser  definido  como  um  conjunto  de 


ideais  e  princípios  que  valorizam  as  ações  humanas  e  valores  morais 

                                                            
2
 Assista ao filme “O Livro de Eli” – Fabio Marchiori Machado ‐ http://lombel.com.br/bereiablog/?p=428 
3
 Site Brasil Escola ‐ http://www.brasilescola.com/literatura/o‐naturalismo.htm ‐ acessado em 06/10/2010 
4
 Site Algo Sobre ‐ http://www.algosobre.com.br/sociofilosofia/materialismo.html ‐ acessado em 06/10/2010 
 
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(respeito,  justiça,  honra,  amor,  liberdade,  solidariedade,  etc).  Para  os 


humanistas,  os  seres  humanos  são  os  responsáveis  pela  criação  e 
desenvolvimento destes valores. Desta forma, o pensamento humanista 
entra em contradição com o pensamento religioso que afirma que Deus é 
o  criador  destes  valores.  São  as  escolas  humanistas:  Clássica, 
Renascentista e Positivista5. 

Com  as  definições  acima,  é  fácil  perceber  que  para  os  neo‐ateístas  não  há  a  menor 
necessidade de uma divindade que seja responsável pela vida terrena. 

4. A SUA MISSÃO 

  A  relação  dos  neo‐ateístas  com  o  mundo  está  atrelada  ao  que  eles  denominam  por 
“crença”.  Para  os  novos  ateístas,  a  sua  grande  missão  é  libertar  o  mundo  da  opressão  da 
religião,  por  causa  da existência  da  crença.  Para  tal,  utilizam  estratégias  “evangelísticas”  para 
propagar a sua mensagem ao mundo. Eles, sabiamente, atacam em duas frentes. 

A primeira delas é destruir a fé daqueles que crêem em Deus. É importante ressaltar que 
os neo‐ateístas, ao contrário dos ateístas históricos, toleram certo tipo de espiritualidade, como 
o  budismo,  algumas  doutrinas  espíritas,  esoterismo  e  outros.  No  entanto,  apresentam 
tolerância  zero  com  o  que  eles  chamam  de  “eixo  do  mal”,  a  saber,  a  três  grandes  religiões 
monoteístas: ‐ O judaísmo, o islamismo e, principalmente, o cristianismo.  

A  sua  estratégia  é  muito  bem  elaborada  e  com  uma  grande  porção  de  verdade, 
infelizmente. O novo ateísmo prega que exterminar a crença hoje será muito mais fácil do que 
no  passado.  Com  o  advento  da  Reforma  Protestante  e  o  desenvolvimento  do  islamismo,  os 
crentes passaram a ter a sua relação de fé direta com Deus, ou seja, a crença da pessoa estava 
fundamentada  em  Deus.  Com  o  surgimento  do  radicalismo  islâmico  (xiitismo)  e  das 
proliferações  de  inúmeras  denominações  evangélicas,  os  neo‐ateístas  perceberam  uma 
mudança no foco da fé. Hoje eles acreditam que as pessoas têm mais relação com a sua religião 
do que com o seu Deus.  É o que eles intitulam de “crença na crença”. Não podemos dizer que 
eles  estão  totalmente  errados  na  sua  análise.  Olhemos  para  o  nosso  “arraial”.  Perceberemos 
que  é  muito  corriqueiro  encontrar  evangélicos  que  seguem  cegamente  o  que  o  seu  pastor 

                                                            
5
 Site Sua Pesquisa ‐ http://www.suapesquisa.com/o_que_e/humanismo.htm ‐ acessado em 07/10/2010 
 
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prega, mesmo que o discurso seja totalmente o contrário do que a Bíblia diz. Acreditar mais no 
pastor, ou na igreja, do que na Palavra de Deus é ter sua fé colocada “na crença”. 

A segunda frente de batalha que nos referimos está no incentivo para que o ateu “saia 
do casulo”.  Eles desejam que os próprios ateus confessem publicamente a sua incredulidade. 
Algumas  ações  são  tomadas  neste  sentido  como,  por  exemplo,  uma  maciça  campanha 
publicitária  na  Inglaterra,  com  outdoors,  panfletos  e  outros  meios  de  mídia  (abordamos  este 
assunto no artigo “A Triste Secularização na Europa”, no BereiaBlog6). Outro meio adotado são 
palestras  e  debates  em  universidades,  principalmente  nos  Estados  Unidos.  O  You  Tube  está 
recheado de vídeos de palestras e debates promovidos, por exemplo, por Christopher Hitchens. 

Existem, no entanto, alguns movimentos curiosos. Um deles é o promovido por Edwin 
Kagin, um autointitulado líder ateísta, que “desbatiza” pessoas batizadas na infância. Para isso 
usa  um  secador  de  cabelos  para  eliminar,  simbolicamente,  a  água  derramada  no  ato  de 
batismo. Os participantes da cerimônia ganham ainda uma “certidão de desbatismo”. Além de 
propagar  a  cerimônia  de  desbatismo,  Kagin,  que  é  formado  em  direito,  busca  conseguir  a 
criminalização da educação religiosa infantil. Ironicamente, um dos filhos de Edwin Kagin, é um 
pastor cristão fundamentalista. 

5. OS 4 CAVALEIROS DO APOCALIPSE NEO‐ATEÍSTA 

   

São  muitos  os  nomes  proeminentes  dentro  do  universo  neo‐ateísta.  Entanto,  existem 
quatro  senhores  que  se  destacam  dentro  os  demais,  principalmente  devido  aos  seus  livros  e 
artigos  em  revistas  e  jornais.  São  eles  Richard  Dawkins,  Sam  Harris,  Christopher  Hitchens  e 
Daniel  Dannett.  Eles  são  conhecidos  no  meio  teológico  como  Os  Quatro  Cavaleiros  do 
Apocalipse Neo‐Ateísta. 

Richard  Dawkins  é  certamente  o  mais  famoso  de  todos.  Nascido  em  Nairobi,  Quênia, 
em  26  de  março  de  1941,  é  um  notável  biólogo  evolucionista  e  conhecido  escritor  de 
divulgação  científica.  Dawkins  é  professor  da  Universidade  de  Oxford,  na  Inglaterra.  Ele  é 
conhecido principalmente pela sua visão evolucionista centrada no gene, exposta em seu livro 
O Gene Egoísta, publicado em 1976. O livro também introduz o termo "meme", o que ajudou 
na criação da memética. Este livro é considerado a bíblia de todo estudante de ciência ateísta. 

                                                            
6
 http://lombel.com.br/bereiablog/?p=314 
 
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No  entanto,  o  livro  de  maior  expressão  de  R.  Dawkins  é  Deus,  um  Delírio,  obra  que  tenta 
divulgar  correntes  como  o  ateísmo,  ceticismo  e  humanismo.  O  livro  já  vendeu  mais  de  110 
milhões de exemplares em todo o mundo. É reconhecido como um dos maiores intelectuais da 
atualidade. Em enquete realizada pela revista Prospect em 2005, Richard Dawkins ficou com a 
terceira posição de maior pensador mundial, atrás somente de Umberto Eco e Noam Chomsky. 
Por sua intransigente defesa à teoria de Darwin, recebeu o apelido de "rottweiler de Darwin". 

Sam  Harris  nasceu  em  1967,  nos  EUA.  É  um  escritor,  filósofo,  e  neurocientista 
americano. É o autor de A Morte da Fé, coroado com o prêmio PEN/Martha Albrand em 2005. 
Este livro é uma crítica aberta e sarcástica a fé em Deus. Escreveu, também, o livro Carta a Uma 
Nação  Cristã  como  resposta  elaborada  às  críticas  que  o  livro  anterior  recebeu.  Em  2009,  ele 
completou  o  seu  doutorado  em  neurociência  na  Universidade  da  Califórnia,  em  Los  Angeles. 
Harris  afirma  que  Deus  é  um  monstro,  principalmente  o  Deus  da  Bíblia,  e  que  seria  uma 
insensatez colocar sua fé Nele e, muito menos, amar um Deus assim. Ele defende que este tipo 
de  comportamento  corrompe  o  homem.  Harris  preocupa‐se  que  muitas  áreas  da  cultura 
americana estão danificadas pelas opiniões que são guiadas pelo dogma religioso. Conhece‐se 
pouco  a  cerca  da  vida  de  Harris.  O  mesmo  protege  suas  informações  pessoais,  alegando 
questões  de  segurança,  já  que  se  diz  constantemente  ameaçado  de  morte  por 
fundamentalistas cristãos.  

Christopher Hitchens nasceu em 1943, na Inglaterra. Atualmente vive em Washington, 
EUA.  Como  Dawkins,  teve  formação  religiosa  quando  criança  na  igreja  anglicana.  Fez  fama 
como comentarista político e social, escrevendo para revistas de grande renome mundial como 
Vanity Fair, The Nation, Harper's, e The New Yorker. No Brasil, Hitchens é colunista da Revista 
Época. Depois dos ataques terroristas de 11/09, Hitchens teve a sua vida impactada. Começou a 
enxergar  a  religião  como  um  mal  mundial,  principalmente  o  islamismo.  A  partir  destes 
acontecimentos,  tornou‐se  um  dos  mais  proeminentes  defensores  do  moderno  ateísmo.  Em 
2007 lança a sua obra ateísta mais famosa, Deus não é Grande – como as religiões envenenam 
tudo.  Ele  é  humanista  e  anti‐teísta,  e  descreve‐se  como  um  crente  nos  valores  filosóficos  do 
Iluminismo. Seu principal argumento é o de que o conceito de Deus, ou de um ser supremo, é 
uma crença totalitária que destrói a liberdade individual, acreditando que a livre expressão e a 
investigação científica deveriam substituir a religião como um meio de ensinar ética e definir a 
civilização humana. Christopher tem um irmão, Peter Hitchens, que é considerado um grande 
nome nos meios de comunicações cristãos. 

Daniel Dannett nasceu em Boston, EUA, em 1942. Viveu os primeiros anos de sua vida 
em  Beirute,  onde  seu  pai  trabalhava  como  agente  infiltrado.  Depois  da  morte  inexplicável  de 
seu  pai,  em  1947,  retornou  aos  EUA  com  sua  família.  Em  1963  formou‐se  em  filosofia  na 
Universidade de Harvard. Em 1965 completou seu doutorado em filosofia em Oxford. A grande 
 
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missão  abraçada  por  Dannet  é  mostrar  que  a  própria  teoria  da  evolução,  sozinha,  explica  a 
formação da consciência humana.  Assim como Dawkins, Dennet é totalmente comprometido 
com  a  idéia  que  o  evolucionismo  explica  tudo  na  existência.  Dennett  deu  palestras  na 
Universidade  de  Oxford,  em  1983;  em  Adelaide,  na  Austrália,  em  1985,  e  em  Michigan,  em 
1986,  entre  muitas  outras.  Em  2001  foi  premiado  com  o  Prêmio  Jean  Nicod.  Recebeu  duas 
bolsas  Guggenheim,  uma  bolsa  Fulbright  e  uma  bolsa  do  Centro  de  Estudos  Avançados  em 
Ciência  Comportamental.  Ele  foi  eleito  para  a  Academia  Americana  de  Artes  e  Ciências,  em 
1987. Ele é um humanista premiado da Academia Internacional de Humanismo. A Associação 
Humanista  Americana  outorgou  o  título  de  Humanista  do  Ano  2004.  Em  2006  lançou  o  livro 
Quebrando o Encanto: a Religião como Fenômeno Natural, marcando de vez sua entrada para o 
grupo dos neo‐ateístas. 

6. AS 8 CARACTERÍSTICAS DO NEO‐ATEÍSMO 

Depois  de  uma  análise  criteriosa  na  produção  literária  neo‐ateístas,  nós  podemos 
verificar  que  boa  parte  das  idéias  defendidas  pelo  grupo  apresenta  um  conjunto  de 
características  similares.  Nós  vamos  elencar  oito  características  que  distinguem  os  novos 
ateístas das outras formas de ateísmo histórico. Estes oito pontos são um desafio a cristandade. 
São eles: 

I. Uma  Ousadia  Sem  Precedentes  –  Ao  contrário  dos  seus  antecessores,  os  neo‐
ateístas  não  poupam  esforços,  e  nem  voz,  para  mostrar  ao  mundo  as  suas 
teorias.  Uma  das  táticas  usadas  é  a  de  envergonhar  as  pessoas  que  professam 
algum  tipo  de  fé,  principalmente  as  que  não  são  firmes,  com  a  intenção  de 
convencê‐la que crer em Deus é uma grande tolice. 
 
II. Uma Rejeição Específica ao Deus da Bíblia – Até meados do século XX, a rejeição 
ateísta  era a  qualquer  tipo  de  teísmo,  ou  seja,  qualquer  tipo  de  crença  em  um 
deus, não especificando nenhum. Atualmente, a rejeição está focalizada no Deus 
da  Bíblia,  principalmente,  o  oriundo  da  cosmovisão  cristã.  Os  novos  ateístas 
defendem a idéia que é perversidade crer no Deus da Bíblia. Argumentam que se 
o  Deus  da  Bíblia  é  o  Criador,  Ele  precisa  assumir  a  responsabilidade  e  o 
gerenciamento  desta  criação.  Dois  pontos  são  fundamentais  nesta  forma  de 
 
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pensamento.  O  primeiro  é  que  o  mundo  é  dominado  pelos  problemas  como 


fome,  guerras,  doenças,  desigualdades  sociais  e  econômicas.  Um  Deus  “bom” 
deveria  suprimir  todos  estes  problemas,  já  que  as  pessoas  e  o  ambiente  que 
sofre,  fazem  parte  da  sua  criação.  O  outro  ponto  está  mais  relacionado  ao 
cristianismo em si. É o plano de salvação em Jesus Cristo. Dizem que se você ler a 
Bíblia,  perceberá  que  uma  grande  parte  da  humanidade  está  condenada  ao 
inferno,  ao  sofrimento  eterno.  Tal  comportamento,  dizem  os  neo‐ateístas,  é 
doentio e mostra como o Deus dos cristãos é “mau”. Para eles, se você crê neste 
Deus, inevitavelmente, acaba tornando‐se mau também. 
 
III. Rejeição Direta a Jesus Cristo – O grande problema dos ateístas com a pessoa de 
Jesus  Cristo  está  relacionado  à  sua  obra  redentora.  Muitos  encaram  como 
perversidade existir dois “tipos” de ser humano: ‐ os que foram escolhidos e vão 
para  o  céu,  e  aqueles  que  são  preteridos  e,  consequentemente,  condenados  a 
sofrer eternamente no inferno. Os ateístas do passado não se atinham muito a 
pessoa  de  Jesus.  Os  recentes,  ao  contrário,  colocam  Nele  toda  a  sua  raiva. 
Hitchens, por exemplo, diz que o Deus do Antigo Testamento é mau e vingativo, 
por causa das mortes que consentia no AT, mas se você ler o livro de Apocalipse, 
diz ele, verá que Jesus põe “no chinelo” (palavras de Hitchens) o Deus do AT, no 
quesito  crueldade.  Os  neo‐ateístas  encaram  que  o  ministério  de  Jesus  é 
exclusivista, ou seja, é para poucos. Este exclusivismo seria o grande motivo pelo 
quais  muitos  cristãos  mataram  e  destruíram  durante  séculos  de  história, 
travestido do defender os “interesses” de Deus. 
 
IV. O Neo‐Ateísmo Está Fundamentado na Ciência – Da mesma maneira que os neo‐
ateístas  enxergam  a  religião  o  caminho  de  perdição  e  destruição  do  mundo,  a 
ciência aparece como detentora do caminho inverso. A ciência seria o único meio 
para  a  construção  de  uma  humanidade  justa,  sadia  e  desenvolvida.  Richard 
Dawkins  costuma  dizer  em  suas  palestras  que  “a  ciência  é  o  caminho  para  a 
libertação  da  humanidade”.  Muitos  deles  acusam  o  cristianismo  de  bloquear, 
sempre que possível, o desenvolvimento da ciência com seus dogmas ridículos. 
Esta  característica  é  dotada  de  fácil  compreensão,  visto  que,  na  sua  grande 
maioria,  os  ateístas  têm  formação  sólida  no  campo  científico.  Muitos  são 
biofísicos,  neurocientistas,  astrofísicos,  geneticistas  e  etc.  Entretanto,  existem 
muitas coisas que incomodam este grupo, fazendo que se tornem cada vez mais 
agressivos.  Um  exemplo:  ‐  Nos  EUA,  uma  das  nações  mais  desenvolvidas 
cientificamente,  o  número  de  pessoas  que  crêem  que  Jesus  Cristo  nasceu  de 
uma  virgem  é  quase  duas  vezes  maior  do  que  o  número  de  pessoas  que 
 
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acreditam no Big Bang (teoria evolucionista). Eles enxergam estes números como 
uma grande e inexplicável derrota. 
 
V. Não Toleram Formas de Crenças Cristãs Moderadas e Liberais – No século XX, o 
mundo  cristão  experimentou  os  efeitos  do  liberalismo  teológico  que,  entre 
outras  coisas,  buscou  acomodar  as  questões  dá  fé  a  nova  ordem  cultural 
reinante.  Pontos  sobrenaturais  do  cristianismo  –  milagres,  ressurreição, 
inspiração  das  Escrituras,  inferno,  Diabo  –  foram  suprimidos,  criando  assim 
comunidades cristãs amenas doutrinariamente. Todo este movimento era muito 
bem  visto,  e  até  mesmo  incentivado,  pelos  antigos  ateístas.  Eles  viam  no 
liberalismo teológico o enfraquecimento da fé, o que de fato não deixava de ser 
verdade.  Os  novos  ateístas  romperam  significativamente  com  este  paradigma, 
pois  entedem  que  esta  fé  mais  moderada  cria  um  aspecto  de  agradabilidade 
perante  a  sociedade.  Em  suma,  uma  comunidade  cristã  liberal  não  choca 
ninguém com seu discurso. O perigo, dizem os neo‐ateístas, é que esta imagem 
de  “bom  moço”  das  igrejas  liberais  acaba  por  dar  coberturas  às  ações  dos 
verdadeiros crentes em Deus. Os fundamentalistas passariam despercebidos em 
suas  ações,  sendo  ocultados  pela  popularidade  dos  grupos  moderados.  O  que 
para  o  antigo  grupo  era  parte  da  solução,  tornou‐se  para  o  novo,  uma  parte 
importante do problema.  
 
VI. Ataque  Claro  a  Tolerância  Social  –  Os  adeptos  do  novo  ateísmo  acreditam  que 
toda  liberdade  ilimitada  de  expressão  e  opinião,  invariavelmente,  acaba 
tomando forma de um grande perigo social. Isto porque pensam que a liberdade 
de  opinião  leva  a  liberdade  de  culto,  o  que  resulta  em  um  fortalecimento 
descabido das religiões. Uma boa parte deles prega o controle severo do estado 
nos  meios  de  comunicação.  Alguns,  como  Sam  Harris,  acreditam  que  chegou  a 
hora de acabar com a tolerância religiosa, pois tal trouxe ao mundo experiências 
muito custosas. 
 
VII. São Contra a Educação Religiosa por Parte dos Pais – Psicólogos e pedagogos são 
quase  unanimes  em  afirmar  que  o  caráter  de  um  ser  humano  pode  ser 
solidamente fundamentado até os sete anos de idade. É nos sete primeiros anos 
de vida que o ser humano agrupa informações, que fornecerão parâmetros para 
a construção da sua maneira de ver, entender e interagir com o mundo na fase 
adulta.  Os  novos  ateístas  sabem  disso,  e  vêem  nesta  fase  da  vida  uma 
oportunidade de minar por completo o campo de batalha. A melhor maneira de 
destruir  uma  nação  é  eliminar  a  identidade  da  geração  futura.  É  isso  que  fez  o 
 
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reino  da  Assíria  com  o  povo  de  Israel,  o  reino  do  norte.  Obrigaram  o  povo 
israelita  a  se  miscigenar  através  de  casamento  com  os  assírios.  Assim  em  duas 
gerações não existia mais a identidade de raça do reino do norte. Neste sentido, 
os  neo‐ateístas  querem  transformar  o  conceito  da  educação  religiosa  realizado 
pelos  pais  aos  seus  filhos,  num  caráter  de  abuso  infantil.  Almejam  criar  a 
singularidade  de  personalidade  na  criança.  A  lógica  é  que  uma  criança  não 
educada nos preceitos religiosos dos seus pais seria mais facilmente convencida 
quando adulta nas ideologias ateístas. Eles chamam isso de “liberdade”. 
 
VIII. Pregam a Eliminação Total de Qualquer Religião Institucionalizada – Eles crêem 
que a humanidade somente será completamente livre e feliz, a partir do dia que 
ela for liberta do julgo opressor de Deus e das religiões. Acreditam que somente 
com a inexistência das restrições imposta pela fé é que a humanidade alcançará 
o pleno desenvolvimento. 

7. OS NEO‐ATEÍSTAS E O MUNDO 

  O  ateísmo  tem  seu  “grande  publico”  no  continente  asiático,  e  uma  boa  parte  disso  é 
devido  ao  domínio  de  filosofias  espiritualistas,  e  pela  grande  influência  e  perseguição  de 
governos  comunistas  totalitário.  O  ateísmo  vem  crescendo  muito  no  mundo  inteiro,  fruto  do 
trabalho  dos  modernos  ateístas.  O  único  continente  que  parece  intocado  é  o  Africano.    No 
entanto, o atual berço de ouro do ateísmo é a Europa. 

 
Ateísmo no mundo – Quanto mais escuro o país, maior o número de ateistas 
 

 
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Nos  últimos  100  anos  os ateístas  cresceram  7.547  %  na  Europa.  É  o  maior  índice 
mundial.   Desde  janeiro  de  2009  os  ônibus  de  Londres  estão  autorizados  a  circular  com 
propaganda cética, como da foto abaixo: 

 
There's probably no God. Now stop worrying and enjoy your life (Provavelmente não existe um deus. Pare de se preocupar e 
aproveite a vida — tradução livre) 
 

A  França  e  o  Reino  Unido  são  o  epicentro  deste  movimento.  Na  Inglaterra  escolas, 
hospitais  e  locais  públicos  foram  proibidos  de  ter  crucifixos  pendurados  em  suas  paredes, 
mesmo em instituições particulares cristãs. 

 
Porcentagem de pessoas que acreditam em Deus, por país. Quanto mais claro, menor a crença 

A fé na Europa, em números, diz que menos de 5% da população européia vai à igreja, e 
dentro  deste  percentual  incluem‐se  os  católicos.  Apenas  3%  deste  público  frequenta  cultos 
 
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regularmente.  Destes  3%  de  frequentadores,  metade  são  negros.  Note  que  apenas  5%  da 
população  européia  é  negra.   Ainda  mais,  somente  1%  da  população  considera  Jesus  Cristo 
como modelo de vida. Até Michael Jackson é mais bem visto7.  

Atualmente a popularidade de uma igreja na Europa é medida somente pelo número de 
turistas japoneses, e suas máquinas fotográficas, que as visitam. 

8. A REAÇÃO CRISTàAO ATEÍSMO 

Existem hoje cristãos que já se preocupam em combater o neo‐ateísmo.  Um dos  mais 


proeminentes  é  o  teólogo  irlandês  Allister  Mcgrath,  professor  na  Universidade  de  Oxford. 
McGrath  foi  criado  na  cidade  de  Belfast,  em  plena  guerra  religiosa  entre  católicos  e 
protestantes que assolou a Irlanda por décadas. Ele é o maior opositor de Dawkins. Escreveu o 
livro O Delírio de Dawkins, em resposta ao best‐seller do neo‐ateu. McGrath também é um ex‐
ateu, e mais, um ex‐discípulo de Dawkins. Ídolo em outros tempos, Dawkins se transformou em 
inimigo. “Pode‐se crer em algo sobrenatural sem que seja preciso haver prática religiosa”, diz 
McGrath. “Dawkins confunde tudo e ataca as duas coisas ao mesmo tempo”. Sua batalha será 
dura. 

Outro importante combatente é Alvin Plantinga, um dos maiores filósofos cristãos das 
últimas  décadas.  Plantinga  foi  um  dos  grandes  responsáveis  pelo  ressurgimento  do  teísmo 
cristão no âmbito filosófico profissional nos últimos anos. Seus trabalhos em filosofia da religião 
e epistemologia causaram verdadeiras revoluções nas respectivas áreas. Lecionou por quase 20 
anos  em  sua  alma  mater,  o  Calvin  College.  Atualmente  ocupa  a  cadeira  John  A.  O'Brien  de 
filosofia na Universidade de Notre Dame, onde se encontra um dos maiores departamentos de 
filosofia dos EUA, e sede do Centro de Filosofia da Religião, o mais importante da América do 
Norte. Foi vice‐presidente da Associação Americana de Filosofia, Divisão Central, entre 1980‐81, 
e presidente da Sociedade dos Filósofos Cristãos (EUA), de 1983 a 1986. 

       Seus  trabalhos  mais  importantes  giram  em  torno  da  epistemologia  em  geral  e 
epistemologia da religião cristã. Pressupõe a noção de que o "aparelho" humano de formação 
de  crenças  é  basicamente  adequado.  Plantinga  apresenta  uma  crítica  detalhada  do 
fundacionalismo  clássico,  das  diversas  formas  de  coerentismo  e  de  confiabilismo,  e  fornece 
                                                            
7
 Trecho extraído do artigo A Triste Secularização da Europa – Fabio Marchior Machado – BereiaBlog 
http://lombel.com.br/bereiablog/?p=314 
 
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uma defesa impressionante da racionalidade do teísmo cristão, incluindo não somente a crença 
em  Deus  como  também  as  doutrinas  clássicas  do  cristianismo.  Além  disso,  apresenta  uma 
refutação  importante  do  naturalismo  filosófico,  procurando  mostrar  que  a  crença  no 
Darwinismo pressupõe uma confiança epistemológica coerente com a visão teísta do homem e 
dos  processos  cognitivos  (embora  o  Darwinismo  seja  considerado  contrário  ao  teísmo),  mas 
incoerente com as suas pressuposições naturalistas. 

Fora dos campos acadêmicos, as agências missionárias do  mundo tem se sensibilizado 
ao  avanço  do  neo‐ateísmo,  principalmente  em  solo  europeu.  Muitas  delas  mantêm  projetos 
missionários  em  vários  países  da  Europa.  Existem  trabalhos  instalados  em  todo  o  continente, 
entretanto, há uma concentração maior de esforços nos países do leste europeu. Acreditamos 
que  tal  comportamento  é  reflexo  de  uma  abertura  maior  da  população  destes  países,  que 
tiveram  durante  anos  de  regimes  comunistas  seus  direitos  de  culto  cassados  e  suas  praticas 
religiosas perseguidas. 

9. CONCLUSÃO 

Ao contrário dos grandes temas discutidos na atualidade, como as questões de aborto e 
homossexualidade, o ateísmo ainda parece ser um grande tabu na nossa sociedade. Um bom 
exemplo  é  a  política.  Ninguém  ainda  consegue  se  eleger  a  um  cargo  público  com  uma 
plataforma ateísta. Muito pelo contrário. O que mais vemos são candidatos que sabemos não 
ter nenhuma convicção espiritual, participando de cultos e eventos religiosos. Às vezes, faz 30 
anos  que  o  cidadão  não  põe  os  pés  numa  igreja,  mas  nas  eleições  torna‐se  o  mais  carola 
possível. Isto ocorre porque o ateísmo ainda não é bem visto pela maioria das pessoas, tanto 
em nosso país, como em alguns países no exterior.  

Este  cenário,  porém,  não  deve  trazer  alívio  para  nós,  cristãos.  O  ateísmo  está  se 
desenvolvendo, e só tende a crescer cada vez mais nas próximas gerações. Ele será o grande 
desafio do século XXI para a fé. Os ateus ascendem cada vez mais em aceitação e notoriedade, 
alimentada pelo crescente secularismo social.  

O  ateísmo  nunca  foi,  e  nunca  será  fácil  de  combater.  Sinceramente,  como  ex‐ateísta, 
creio  ser  um  pouco  complicado  alguém  convencer  um  ateu  que  ele  está  errado.  Somente 

 
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conseguimos  estabelecer  um  padrão  de  reflexão  sustentável  quando  partimos  de  um  mesmo 
ponto em comum. Imagine discutirmos o Calvinismo e o Arminianismo. O ponto de partida é o 
mesmo:  ‐  A  Bíblia.  Manteremo‐nos  numa  mesma  arena  filosófica.  Não  creio  que  este  seja  o 
caso  da  relação  fé  –  ateísmo.  Um  tem  seus  argumentos  no  campo  espiritual,  no  invisível.  O 
outro, no campo das idéias, na lógica e na prova científica.  

Se  tentarmos  argumentar  com  um  neo‐ateísta  usando  lógica,  perderemos,  pois 
estaremos no campo dele. Se tentarmos usar questões de fé, perderemos também, pois nunca 
conseguiremos  trazer  um  ateísta  para  este  campo.  A  verdade  pura  é  que  somente  a 
intervenção divina é capaz de mudar o coração de um ateu. 

Lembro‐me  da  minha  época  de  ateísmo.  Ninguém  conseguia  me  convencer  de  uma 
maneira  racional.  Só  fui  “quebrado”  quando  Deus  usou  minha  esposa,  que  na  época  era 
somente uma amiga.  

Sempre  senti  uma  angústia  muito  grande  dentro  de  mim.  Faltava  algo.  Procurei  este 
“algo” em diversos lugares. Não encontrei. 

Minha  amiga‐futura  esposa  e  eu  tínhamos  costume  de  trocar  cartas.  Em  um 
determinado dia, recebi uma carta sua. Eu estava muito pra baixo, excessivamente depressivo e 
de mal com a vida (como todo ateísta que eu conheço!). Na carta havia mais um convite para 
eu ir à igreja, nesta oportunidade para assistir uma orquestra. Ela sabia que eu gostava muito 
de música (nos conhecemos em um conservatório musical onde eu dava aulas). Naquele dia eu 
aceitei pela primeira vez o seu convite, mas não porque haveria uma orquestra lá, e sim pelo 
fato dela ter colocado a seguinte frase na carta – “Em todo homem existe um vazio do tamanho 
de Deus, e que somente Ele pode preencher”. Aquela frase, muito batida no meio evangélico, 
foi a maneira que Deus usou para me tirar das trevas. Uma frase simples, comparada a todos os 
outros  discursos  sobre  fé  que eu  ouvira  por  anos,  que  me  fez  parar  para  pensar.  E num  belo 
domingo à tarde estava lá eu dentro de uma igreja evangélica. Louvo a Deus pela vida da minha 
esposa e por ela não ter questionado o Senhor sobre se deveria usar uma frase banal. 

Todo ateísta no fundo  é igual. Eu  desafio um, na sua mais pura sinceridade, dizer que 


não tem um estado de angústia na sua vida, por menor que seja.  

Existe  uma  pequena  história  que  exemplifica  bem  a  relação  do  ateu  com  Deus.  Se  eu 
bem me lembro, ela é assim: 

“Certo dia, um senhor foi a um cabeleireiro novo do seu bairro. Conversa vai, conversa 
vem,  ambos  entraram  no  assunto  “fé”.  O  senhor,  um  cristão  convertido  há  mais  de  30  anos, 
nem  teve  muitas  chances  de  compartilhar  a  sua  experiência  espiritual  com  o  cabeleireiro,  um 
ateu convicto, que logo interrompeu, indagando‐o:  
 
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‐ Ora, se Deus existe por que há tanta fome no mundo? Por que de tanta violência? Por 
que  tantos  desastres  naturais?  Se  Deus  é  bom,  é  amor,  por  que  ele  não  faz  nada  a  respeito? 
Simples! Porque Deus não existe.  

O senhor silenciou‐se por um tempo e voltou a conversar, mas desta vez sobre futebol.  

Terminado  o  serviço,  o  senhor  pagou  e  agradeceu  pelo  excelente  trabalho.  Saindo  do 
salão  de  cabeleireiro,  viu  do  outro  lado  da  calçada  um  grupo  de  jovens  muito  cabeludos,  que 
estavam  sentados  conversando.  O  senhor  deu  meia  volta,  retornou  ao  salão,  abriu  a  porta  e 
disse para o cabeleireiro: 

‐ Cabeleireiros não existem! 

‐ Como assim, eu sou o que, então? – Disse o cabeleireiro intrigado. 

‐ Você não está vendo aquele bando de jovens cabeludos do outro lado da rua? – Disse o 
senhor – Para eles terem o cabelo daquele tamanho, num calor deste, é por que não deve existir 
cabeleireiros! Se você existisse, eles teriam os cabelos bem cortados! 

‐  Você  está  louco  –  retrucou  o  cabeleireiro  –  eu  só  posso  cortar  o  cabelo  deles  se  eles 
vierem até aqui. 

O senhor parou por uns instantes, abriu um sorriso e disse: ‐ Está vendo, com Deus é a 
mesma coisa!” 

Que o Senhor nos use cada vez mais para termos cada vez menos ateístas no mundo. 

Deus o abençoe. 

Fabio Marchiori Machado. 

FICHA TÉCNICA 

1. Bíblia de Estudo Genebra 
2. Bíblia de Estudo Almeida Atualizada 
3. Ateísmo Remix – Um confronto cristão aos novos ateístas – R. Albert Mohler Jr. – Ed. Fiel 

 
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4.  Ateísmo  &  Liberdade  –  Reflexões  sobre  o  homem,  o  mundo  e  o  nada  ‐  André  Díspore  Cancian 
Ed. Ateus.net – pp. 17‐30 
5. Breve História do Ateísmo Ocidental – James Thrower – Edições 70 
6. Wikipédia 
7. Documentário – Série “Ateísmo: Uma breve história da descrença” – Jonathan Millen  
8.  Site  Brasil  Escola  ‐  http://www.brasilescola.com/literatura/o‐naturalismo.htm  ‐  acessado  em 
06/10/2010 
9. Site Algo Sobre ‐ http://www.algosobre.com.br/sociofilosofia/materialismo.html ‐ acessado em 
06/10/2010 
 
10. Artigo ‐ A cruzada do cristão novo – por Luciana Vicária – Revista Época 21/05/2008 
 
 

 
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