Vous êtes sur la page 1sur 2

4

A manhã de primavera
convida a vir para fora
sentir uma brisa esguia
como tanto dizia o avô
ler em sua hora o calor
que indeniza da espera
e faz brotar o que a flor
quer dizer com o canto
a crescer em Rimbaud:
de cordial a carnal, o rouxinol sob o sol.

A tarde de verão
cuja perspectiva
caso não se note
era bem que arde
se chora madura
do que foi botão
vem braço dado
e emoldura a via
com Caillebotte:
poças rasas de passos por baixo da chuva suja.
A noite de outono
a ventar o espetro
da má companhia
ou raro abandono
na falta desse laço
pó de ser ninguém
que é música vazia
a alentar o séquito
por trás de Cobain:
alguma corda de aço em seu braço sem dó.

A madrugada de inverno
precipita o seu nó futuro
sobre o cabelo tão níveo
no abotoar do terno de lã
que visita ainda acamada
leva das dores ao buraco
o sofrível quarto escuro
mas belo a restar no fim
dos cafés com Bergman:
violoncelo tabaco, cobertores carmim.

Vous aimerez peut-être aussi