Vous êtes sur la page 1sur 5

ROLNIK, Raquel. Guerra dos lugares: a colonização da terra e da moradia na era das finanças. 1 ed.

São Paulo: Boitempo, 2015.

• A autora dá exemplos da desconstrução da habitação como um bem social em diversos


lugares do mundo: Cazaquistão, Chile, Los Angeles, Bilbao, Tel Aviv, Manchester, Índia.

• O tema do livro: a desconstrução da habitação como um bem social e a sua transformação


em mercadoria e ativo financeiro a partir da primeira década do século XXI.

• “Nova era de hegemonia das finanças”: capital fictício > capital produtivo;

• Financeirização, para a autora:

O domínio crescente de autores, mercados, práticas, narrativas [e


subjetividades] financeiros em várias escalas, o que resulta na transformação
estrutural de economias, empresas (inclusive instituições financeiras),
Estados e grupos familiares. (AALBERS, 20151).

• Entre a década de 1980 e 2010 houve um crescimento significativo dos ativos financeiros de
16,2 vezes, em contraponto, o PIB cresceu 5,0 vezes, gerando um desequilíbrio. Buscou-se
novos campos de aplicação rentáveis desses ativos, havia um desequilíbrio entre a poupança
e os mercados domésticos.

• Busca-se um ajuste espacial onde aterrissar: “spatial fix”.

• Surgimento do mercado de hipotecas:

A criação, a reforma e o fortalecimento dos sistemas financeiros de habitação


passaram a representar um destes novos campos de aplicação do excedente,
tanto no âmbito da macroeconomia e das finanças domésticas como também
para esse novo fluxo de capitais internacionais. (ROLNIK, 2015, p.28).

• As bolhas imobiliárias:

A entrada de excedentes globais permitiu o crescimento de crédito para além


do tamanho e da capacidade dos mercados internos, criando e inflando as
chamadas bolhas imobiliárias. (ROLNIK, 2015, p.28).

• No caso das políticas habitacionais (EUA e Europa): o Estado regulou tais ativos financeiros,
os cidadãos agora são considerados CONSUMIDORES e PLAYERS. Na verdade, tais políticas
habitacionais tratam-se de complexos urbanísticos, imobiliários e financeiros que trouxeram
profundo impacto para as populações: “[...] a própria habitação tornou-se uma mercadoria
fictícia quando foi tomada pelas finanças”(FIX, 2011 apud ROLNIK, 2015, p.29).

• O desmanche do Estado de Bem Estar Social e a moradia no período neoliberal: na década de


1970 e 1980 mudaram-se os paradigmas como condições para obter recursos com o Banco
Central e o Fundo Monetário Internacional:
- Declínio das lucratividades fordistas;
- Suspensão do acordo de Bretton Woods (conversibilidade do dólar com o ouro estocado nos
EUA);
- Desmonte das políticas de habitação;
- Privatização das habitações públicas;
- Estímulo ao financiamento por hipotecas.

• Créditos subprime (crédito de risco para compradores com pouca capacidade de pagamento):
a partir da desregulação dos mercados financeiros, auxiliaram na construção de casas
próprias.

[...] a casa transformou-se de bem de uso em capital fixo - cujo valor é a


expectativa de gerar mais-valor no futuro, o que depende do ritmo do
aumento do preço dos imóveis no mercado. (ROLNIK, 2015, p.33).

• Foram três sistemas de financeirização da habitação:


1) Sistema de hipotecas
2) Sistemas de créditos financeiros + subsídios públicos
3) Sistemas de microfinanciamento

O SISTEMA DE HIPOTECAS

• No pós-segunda guerra, principalmente entre 1950-1960, o pilar da construção de política de


bem estar na Europa eram o pacto redistributivo entre capital e trabalho.
• Com a crise econômico-financeira da década de 1970, na habitação formula-se na teoria e na
prática que os governos não eram mais “provedores” de habitação, mas “facilitadores”.
Houve a privatização de habitações públicas e incentivos para a compra da casa própria
(propriedade privada).
• O aumento da propriedade privada de moradia, produziu um estoque de riqueza (substitui
aposentadoria pública):
O aumento da propriedade privada e sua mobilização crescente como forma
de riqueza coincidiram com o processo de envelhecimento da população e
com a enorme pressão que isso representou para os sistemas públicos de
aposentadoria. (ROLNIK, 2015, p. 38).

• A dívida como modo de governo:


A canalização dos fluxos de capital excedente sobre os imóveis residenciais
tem também, portanto, uma dimensão vivida: as vidas hipotecadas ou a
geração de homens e mulheres endividados, uma nova subjetividade
produzida pelos mecanismos disciplinares que sujeitam a própria vida ao
serviço da dívida. (ROLNIK, 2015, p.40).

Reino Unido:
• 1945: 30 anos gloriosos.
• 1970-1980: Tatcher e mudanças de paradigma.
• 1990: “sistema de bem estar baseado em ativos”: consumo de ativos para a velhice.
• Hoje há uma crise habitacional no Reino Unido.
• Bedroom tax.
• Austeridade fiscal pós crise de 2007.
• Desmonte político-ideológico do bem estar, moradia social=lugar dos fracos.

EUA:
• 1913: tesouro nacional passou a permitir que os bancos emprestassem dinheiro para
comprar imóveis: surge o mercado de hipotecas.
• Crise de 1929.
• 1934: Federal Housing Administration criado para subscrever e assegurar hipotecas.
• 1937: Fannie Mal: comprar hipotecas dos credores para aumentar a liquidez.
• Política habitacional dual: subsídio para os pobres, facilidade financiamentos para classe
média.
• 1975: Housing and Community Development Act: decretou o fim do financiamento da
moradia pública.
Section 8: aumentou subsídios para proprietários privados (alugueis).

• 1980: Lei de desregulação das instituições depositárias e do controle monetário:


permissão de empréstimos subprime.

Permissão para instituições não bancárias securitizar hipotecas: agrupar várias hipotecas
e converter em um título lastreável e negociável para vender no mercado de capitais
(bolsa de valores): corretores de crédito, intermediários e agências de rating.

O governo federal regulamentou e incentivou esse mercado secundário de hipotecas


(subprime).

Passou a ser uma das grandes fontes de alavancagem de crédito (usar recursos de
terceiros como capital da empresa, multiplicar rentabilidade, montante da dívida para
financiar ativos).

Aluguel estabilizado: inquilino incerto.

2001: 8,9% dos empréstimos eram subprimes.


2006: 20% dos empréstimos eram subprimes.

[...] a crise hipotecária dos empréstimos subprime [...] foi fruto de uma
política clara e progressiva de destruição de alternativas de acesso à moradia
para os mais pobres. Tal política visava constituir, exatamente no setor
habitacional de mais baixa renda, uma nova forma de extração de renda - dos
mercados de hipotecas, assim como dos próprios proprietários endividados -
para os investidores financeiros. (ROLNIK, 2015, p.69).

As medidas pós-crise (sistema de hipotecas):

• Não houve reação com mudança de paradigma, governos, tais como EUA, injetaram
dinheiro do Federal Reserve nos bancos que tinham dívidas com hipotecas.
• Tais recursos, seguiram a lógica financeira, não recuperando os mercados habitacionais
locais, mas procurando investimentos mais lucrativos.
Assim, dentre as medidas pós-crise resultante da financeirização da moradia,
mais finanças para a moradia tem sido a resposta mais comum dos países. A
crise não significou sequer um reforço para programas ou políticas de
habitação social não mercantilizada, muito menos a implementação de novos
modelos de provisão e gestão da moradia. (ROLNIK, 2015, p.106).

• Há, na verdade, austeridade fiscal: aumento das pessoas sem casa, aumento das taxas de
aluguel privadas, crise do subprime virou mercado, já que há um estoque de imóveis vazios.
Até mesmo Fundos de Investimentos Imobiliários (FII) entraram no mercado de aluguel de
casas e apartamentos.

• O processo de destruição criativa:

Os resultados do “balé-fantástico” da financeirização da moradia, em sua


versão hipotecária - um estoque desvalorizado de casas vazias, assim como
uma enorme pressão no mercado privado de alugueis também resultante de
um “estoque” de pessoas sem casa e sem alternativa de acesso à habitação -
, podem ser interpretados, em termos schumpeterianos, como um processo
de destruição criativa. Trata-se de uma mutação que revoluciona a estrutura
econômica a partir de dentro, incessantemente destruindo a velha estrutura
para poder criar uma nova. (ROLNIK, 2015, p.110, aspas do autor).

O SISTEMA DE SUBSÍDIOS À DEMANDA

• Estabelecem um vínculo entre o Estado e os indivíduos, famílias. São tipos de subsídios:


pagamentos diversos
subsídios vinculados a programas de poupança
subsídios embutidos nas taxa de juros ou pagamento de taxas de juros
isenções fiscais vinculadas ao pagamento de hipotecas ou impostos imobiliários.

• Europa, EUA, Canadá, Austrália: isenções fiscais, subsídios a taxas de juros ou bônus em
poupança. França: bônus em contas de poupança e empréstimos sem juros para primeira
casa.
• Contrato-poupança: contract-savings.
• Isenções fiscais, taxas de juros subsidiadas e bônus para poupadores beneficiam classes
médias que poupam, grandes quantidades de dinheiro público são mobilizadas sem
beneficiar quem NÃO PODE poupar, e que realmente precisa de moradia.

• Chile, o balão de ensaio neoliberal, reproduzido na América Latina e na África do Sul:

A experiência politica chilena implementada a partir dos anos 1970,


constituiu o laboratório para que se construísse, já sob a égide do
neoliberalismo, uma política habitacional via mercado, aplicável até em
países emergentes onde os assentamentos informais eram a regra. [...] Esse
modelo enfatiza: a mudança da responsabilidade pela provisão de moradia
do governo para o setor privado; a oferta de uma doação de capital única
para a compra da moradia e, ao mesmo tempo, o corte de todos os subsídios
indiretos; e mecanismos de qualificação de beneficiários a partir de um
sistema transparente de pontuação, baseado na renda familiar e na
capacidade de poupar. (ROLNIK, 2015, p.113-114).

Vous aimerez peut-être aussi