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Dezembro/2017
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Resumo
Este artigo apresenta uma reflexão sobre métodos para definição do programa de
necessidades para design de interiores ante a complexidade do perfil psicológico do cliente e
a importancia de comprender o comportamento das pessoas para fundamentar o projeto de
interiores. Então, se questiona: a estratégia de abordagem poderia ser usada de forma ampla
e padronizada nesta busca? Assim, este trabalho parte do pressuposto de que o projeto de
design de interiores deve estar ancorado por um programa de necessidades que inclua a
definição do perfil psicológico do usuário final do espaço e investiga se haveria um processo
estabelecido para definição daquele perfil do cliente. Para tanto foi realizada uma pesquisa
bibliográfica, iniciando pela temática da natureza e etapas do programa de necessidades e
seus principais orientadores, seguindo na identificação de métodos de coleta de informações
e de definição do perfil do cliente, para ao final analisar os arquétipos da personalidade do
cliente e os princípios norteadores da conduta profissional do designer de interiores na
perspectiva do atendimento ao desejado pelo cliente. O estudo mostrou uma variedade de
técnicas de definição do programa de necessidades como o questionário e o diagrama de
planejamento. A entrevista e a observação foram os métodos mais utilizados para a coleta de
dados e informações. A final concluiu-se que ao captar o conjunto de desejos expressos pelo
cliente, o profissonal do design de interiores necessita desenvolver habilidades específicas
que permeia varias áreas do conhecimento, sendo crucial definir padrões de aproximação,
sem, no entanto, invadir a privacidade do cliente. Conclui-se assim que o design de interiores
é sui generis em detalhamento e especificações, é multidiciplinar e a problematização do
projeto é formulada a partir do entendimento do perfil psicológico do cliente, o conhecimento
do comportamento do usuário do espaço e a interação com agentes formadores de opinão.
1. Introdução
A Associação Brasileira de Normas Técnica (ABNT) em sua NBR-13531 que fixa as
atividades técnica de projeto de arquitetura define o programa de necessidades arquitetônico é
uma “a etapa destinada à determinação das exigências de caráter prescritivo ou de
desempenho (necessidades e expectativas dos usuários) a serem satisfeitas pela edificação a
ser concebida”. Nesta linha, o programa de necessidades representa um conjunto de
definições necessárias para determinar a distribuição espacial da edificação com base na
função e no contexto externo.
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Ano 8, Edição nº 14 Vol. 01 dezembro/2017
Design de Interiores focado no Cliente: definição do programa de necessidades
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Por seu turno, o programa de necessidades do design de interiores que trabalha o espaço
construído, tem o objetivo de auxiliar o designer na tarefa de fazer a releitura do ambiente,
criando e reinventando a organização espacial, gerando conforto ambiental e harmonização
estética para influenciar o comportamento no interior das edificações. Segundo Higgins
(2015:80), a materialidade do programa de necessidades de interiores é encontrada num
“documento escrito que serve como o início de uma jornada por meio da qual: pensamentos,
palavras, imagens e experiências são traduzidos em uma realidade construída.” O ponto de
partida desse documento são as informações e os detalhes apresentados pelo cliente ao listar
os espaços buscados e as suas funções ou ainda, simplesmente expressando um desejo por um
ambiente específico.
Na perspectiva social Higgins (2015:6) ressalta que “o design de interiores se dedica à criação
de interfaces entre as pessoas e as edificações que elas usam”. Assim também, o Código de
Ética Profissional da Associação Brasileira de Design de Interiores (ABD) incumbe ao
designer de interiores a “função social de contribuir com suas habilidades técnicas, para a
melhoria da qualidade de vida de seus clientes, a partir de criação de ambientes funcionais e
harmoniosos”. Nessa mesma linha de pensamento, Gurgel (2007:26) sintetiza que “se não
formos capazes de levantar corretamente as diferentes necessidades de cada ambiente, família,
indivíduo como ser único e complexo, profissão e, por fim, atividade que será realizada no
espaço a ser criado, não chegaremos nem perto de um bom projeto”.
Constata-se assim a complexidade na elaboração do programa de necessidades para o design
de interiores com enfoque no perfil psicológico do cliente.
É nesse contexto que emerge este tema que busca refletir sobre as bases para o
estabelecimento do programa de interiores que contemple estratégias de abordagens eficazes
para compreensão do perfil do cliente, englobando o conhecimento das estruturas de conexão
do homem com o meio ambiente, tanto natural quanto artificial, para identificar os fatores que
influenciam o comportamento.
A história da humanidade aponta que o design de interiores origina-se na decoração dos
espaços, evoluindo para desenho de mobiliários e, atualmente, incorpora a requalificação e
reformulação de interiores para aportar melhorias das condições ambientais do espaço
construído, através da remodelagem de fluxos, de áreas e de funcionalidades, substituição de
materiais, de objetos e de revestimentos, criação, redefinição, restauração e atualização de
mobiliários.
Assim, a pergunta que orienta o estudo questiona quais seriam os componentes do problema
de abordagem para projeto de interiores que levaria à criação de ambientes funcionais e
harmoniosos e que atenda aos anseios e as complexidades do cliente.
Para responder a pergunta vamos levantar informações sobre a natureza e etapas do programa
de necessidades e seus principais orientadores, com destaque no diagrama de planejamento
espacial; identificar métodos de coleta de informações e de definição do perfil do cliente e
finalmente analisar princípios norteadores da ética profissional do designer de interiores na
perspectiva do atendimento qualificado que reflita os desejos do cliente, sem anular a
personalidade do profissional de interiores, por ser isto seu diferencial de mercado.
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design de interiores conhecer para quem irá projetar, sendo fundamental para isso
compreender o perfil sócio-economico-cultural do cliente.
Contudo, o programa de necessidades é antecido por planejamento, sem o que o projeto final
poderia resultar numa mera junção de miniprojetos em desarmonia.
Várias metodologias do processo criativo são empregadas e difundidas por autores
especializados.
Para Higgins (2015: 86) “os designer usam diagrama para ajudar no desenvolvimento de
pensamentos, ideias, palavras e dados que, juntos, culminarão em propostas de projeto”.
Nesta representação gráfica o designer reune as informações levantadas quanto o tipo,
formato e o tamanho dos espaços, os relacionamentos entre eles, para estabelecer a
organização espacial do interior, ou seja: “o diagrama de planejamento registra o modelo ideal
segundo o qual o interior deveria funcionar” Higgins (2015: 92).
Os diagramas de planejamento usam escala, formatos, cores, palavras e setas para
ajudar a comunicar o modo pelo qual uma edificação ira operar. Neste exemplo,
estuda-se a organização de uma pequena clínica odontológica. (HIGGINS (2015: 86).
Abaixo segue esquema e explicações sequencias transpostos do exemplo ilustrado por
Higgins (como o acima referido) no passo a passo do desenho de diagrama de planejamento.
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Muitos profissionais optam por realizar entrevistas através de pesquisas estruturadas (aquelas
conduzidas por questionários). Isto garante que todas as questões de ordem prática sejam
tratadas, possibilitando um levantamento minucioso das condicionantes do projeto e do perfil
do cliente.
Comungando dessa ideia Mancuso (2014: 49) lembra que “para a formatação do programa de
necessidades, precisamos de respostas objetivas”. Uma importante etapa é a preparação da
entrevista que deve ser guiada por um roteiro que enfatize cada item de relevância para
criação do projeto. Na sugestão a seguir, Mancuso (2014: 50-51) apresenta uma estrutura
básica para definição dos questionamentos que dada a abrangência certamente contribuirão
para a condução exitosa de projetos.
Ambiente a ser trabalhado: ponto fundamental, pois sem sabermos qual o
ambiente, as seguintes perguntas ficam sem objetivo direto.
Pessoas encolvidas e grau de parentesco: com isso detecetamos quem reside na
casa, quantas pessoas podem vir a ocupar o espaço em questão – é importante saber
o número de pessoas.
Faixa etária das pessoas envolvidas: a idade de quem utiliza é fator importante.
Crianças, adolescentes, adutos e pessoas idosas têm particulares e evidentes
variações de conforto.
Porte das pessoas envolvidas: sempre é importante saber o prote, pois o
dimensionamento do mobiliário e seu uso dependem muito desse fator.
Atividades dessas pessoas: podemos, com isso, cocluir se permanecem muito ou
pouco em csa, como desfrutam do espaço.
O que deve ser mantido no ambiente, seja por valor afetivo, seja por economia:
importantíssimo, pois pode inclusive sair dessa resposta nossa devisão quanto ao
centro de interesse do ambiente ou criar, em cima de um objeto de valor afetivo,
todo um processo de releitura do espaço.
O que pode ser alterado: são os nossos limites, dessa resposta vamos virar o
parâmetro para as asas de nossa criação.
Possui algum hobby: podemos utilizar como motivo da decoração.
Praticam esporte: por vezes, utilizado como motivo da decoração, em outros, para
sabermos da necessidade de área física apra guardarmos os equipamentos desse
esporte.
Cores prediletas: nos dão um parâmetro prévio, nem sempre a cor predileta é a
adequada.
Estilo de vida/ritmo: facilita o conhecimento da dinâmica das pessoas.
(MANSUCO, 2014: 50-51).
Outros autores também destacam a eficácia da entrevista estruturada. Segundo Elali (1997):
O questionário, bastante conhecido pela população em geral, mostra-se um método
rápida e facilmente compreendido pelo respondente, sobretudo quando são aplicadas
questões fechadas, redigidas utilizando vocabulário acessível, o mais próximo
possível da linguagem coloquial. (ELALI, 1997).
Outro aspecto relevante no processo de entrevistas é estabelecer proximidade com o
entrevistado. Como bem lembra Mancuso (2014: 41) “às vezes, as pessoas pensam que
precisam mudar sua decoração, mas na realidade precisam mudar sua vida”. O profissional
deve então tecer laços de confiança com o cliente para obter respostas verdadeiras que
auxiliaram no projeto.
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iniciais pode ajudar na sua autonomia para prosseguir conversando. São elas: a) só
uma pessoa fala de cada vez; b) evitam-se discussões paralelas para que todos
participem; c) ninguém pode dominar a discussão; d) todos têm o direito de dizer o
que pensam. (GONDIM, 2003)
3.2 OBSERVAÇÃO
Além da técnica de entrevistas, usar a observação pode ser um ganho no processo de coleta de
informações, especialmente aquelas de caráter subjetivo como personalidade do cliente.
Neste contexto, a perspicácia, o senso de oportunidade e agilidade do designer são posturas
essenciais para a aplicação correta da técnica de observação, conforme bem orienta Marconi
& Lakatos (2007) ao abordar a técnica de Observação Assistemática entendida como a
obtenção dados e informações de situações/eventos informais e espontâneos, destacando o
preparo essencial para o sucesso da observação.
O êxito da utilização dessa técnica vai depender do observador, de estar a ele atento
aos fenômenos de ocorrem no mundo que o cerca, e sua perspecácia, dicernimento,
preparo e treino, além de ter uma atitude de prontidão. Muitas vezes, há uma única
oportunidade para se estudar o fenômemo; outras vezes essas ocasiões são raras.
Todavia, a observação não estruturada pode apresentar perigos: quando o
pesquisador pensa que sabe mais do que o realmente presenciado ou quando se
deixa envolver emocionalmente. (MARCONI & LAKATOS, 2007)
Na metodologia do design thinking, conforme anuncia Brown (2010:38), três elementos
complementares são fundamentais para “ajudar as pessoas a articular as necessidades latentes
que podem nem saber que têm: insight, observação e empatia”: O insight obtido ou aflorado a
partir da observação do comportamento das pessoas no seu cotidiano. Neste caso, estar atento
a tudo que acontece ao nosso redor, especificamente as improvisações e soluções práticas
“pode nos dar valiosas dicas sobre suas necessidades não atendidas” (BROWN, 2010: 39). A
observação do cliente em seu ambiente de rotina para identificar necessidades primárias.
Segundo Brown (2010:41) está é “a única forma de conhecê-los”. E a empatia resultante da
conexão com as pessoas.
Por fim, Brown (2010:47) destaca a interdependência nos processos de observação:
“Construímos essas pontes de insight por meio da empatia, a tentativa de ver o mundo através
dos olhos dos outros, de compreender o mundo por meio das experiências alheias e de sentir o
mundo por suas emoções”. Perspicaz, Brown (2010:39) ainda observa que embora o trabalho
do design seja fundamentalmente criativo, o processo não deve ser encarado no sentido
misterioso ou romântico, ou seja: a criatividade não surge do nada, é preciso desenvolver
técnicas que auxiliem sua impulsão. Uma boa técnica, por exemplo, é usar o instrumento de
insight no cotidiano: no trânsito, no supermercado, no consultório médio, na casa do amigo,
no restaurante ou em qualquer outro lugar que se possa identificar uma inovação ou arranjos
criativo.
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visionário tem uma intensa habilidade de visão e analise que podem frequentemente
reconhecer problemas e soluções numa olhada. Eles têm uma tendência nata para
entender a arte, a música e a literatura, com tanta percepção são capazes de
literalmente sentir a dor, a alegria e a ansiedade de outra pessoa. O mundo perfeito
para um visionário tem a privacidade como um princípio. Seus móveis e utensílios
devem ser exclusivos, a iluminação bem suave, e as paredes contendo prateleiras
com vários livros inspiradores e coisas encantadoras por toda parte, qualquer outro
ajuste seria um acordo. A casa do visionário contém um museu intimo que expressa
o seu sentimento pessoal. Não é somente móvel e efeitos fascinantes a intenção é
criar uma configuração que envolva arte e escultura, na maioria dos casos não são
religiosos e há uma simetria na composição do ambiente, adoram criar altares para
expor seus objetos mais importantes querem ser proprietários de ambientes únicos.
Em caso de reforma ou construção o visionário se estabelece em outro lugar, pois
não abre mão de sua privacidade, ele precisa de um lugar só seu. Para o visionário,
solidão significa sobrevivência. A personalidade visionária, portanto é
independente, intensa, privada, romântica.
O Artesão: O artesão não esta com sua atenção voltada para ele mesmo, em geral
são discretos, agradáveis e modestos geralmente gosta de viver cercado pelas
pessoas, pode até viver na cidade, mas precisa de um lugar no campo pra se renovar
principalmente se este lugar tiver um jardim onde ele acredita cultivar também a
esperança. O espaço ideal para o Artesão é um lugar natural onde à família é o
centro, deixando claro que a família se constitui também dos amigos e vizinhos. É
necessário cuidado ao se perguntar a um artesão qual o nome de seu estilo e tipo de
mobiliário o mais importante para ele é estar integrado com a terra, o ar, o fogo e
água, portanto um deck com uma estufa para plantas seria ideal ou até mesmo um
jardim de inverno. Os artesãos precisam da natureza para se recompor a utilização
máxima de luz natural e o uso de materiais orgânicos como o sisal e o cotton, e a
criação de uma pequena floresta uma casa com plantas forma a sala ideal para o
artesão. Adora cadeiras confortavelmente profundas nos cantos pra poder relaxar,
mas se tiver que escolher entre um grande palácio e um alojamento de pesca com
certeza escolherá o alojamento. O artesão gosta de fazer ele mesmo com suas mãos e
com o seu suor, ambicioso quer realizar seus projetos com as próprias mãos. A raiz
da personalidade artesã é vasta. Minimalista não se preocupa com valores estéticos e
sim com caracteres que determinem à integridade simples do design. Fotos da
família e dos amigos, cadeiras com almofadas vasos com flores, cachepos e
candelabros completam o visual da sala. Na utilização dos materiais a patina e as
texturas são muito importantes. A textura é um elemento chave num projeto de
interior para um artesão, a autenticidade dos elementos faz com que o artesão
conecte a casa com a sua própria história. A personalidade artesã, portanto é
casual e espiritual.
O Idealista: O visionário é guiado pelo seu ego interior, o Artesão encontra sua
força dentro dos círculos do amor e os aventureiros confiam no destino para guiá-
los. Mas o idealista não acredita, no fluxo invariável da emoção da espiritualidade,
da inspiração ou em possibilidades. Instintivamente, ele constrói uma fortaleza sobre
ele mesmo. Eles utilizam métodos verdadeiros e experimentados, solicitam a
verificação por peritos e checam todos os registros e fazem cálculos. Resumindo os
idealistas criam seus objetivos para alcançar o sucesso se esforçando para realizar as
coisas da maneira mais correta possível. Em alguns casos, o idealista adulto se
agarra ao passado, para tentar apagar muitas coisas que vê. Isto é absolutamente
refletido no interior projetado para um idealista, lá não existe nada, nenhum objeto
que ocupe a sua história pessoal. Para o idealista a casa é um lugar de repouso e para
guardar seus objetos pessoais, principalmente para aqueles que não tiveram uma
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5. O respeito á privacidade
Como estudamos até aqui, para o levantamento de informações destinado à definição do
programa de necessidades, o designer de interiores interage com o cliente, detalhando seu
modo vida, suas ambições, desejos e expectativas. Essa interação ocorre através de técnicas
de entrevistas e de observações diretas. Nesses momentos o cliente fala de, ou demonstra,
situações pessoais e, por vezes íntimas.
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Nesse contexto, urge assinalar o Artigo XII da Declaração Universal dos Direitos Humanos
das Nações Unidas de 1948: “ninguém será sujeito à interferência em sua vida privada, em
sua família, em seu lar ou em sua correspondência, nem a ataque à sua honra e reputação.
Todo ser humano tem direito à proteção da lei contra tais interferências ou ataques”.
Dentro da mesma linha, o inciso X do Art. 5º da Constituição Federal trata do direito à
privacidade no âmbito dos direitos fundamentais, in verbis: “são invioláveis a intimidade, a
vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano
material ou moral decorrente de sua violação”. Portanto, é preciso assegurar-se de que os
dados e informações coletados sejam mantidos sob um rigoroso controle, evitando, desta
forma, responder à ação judicial de reparação.
Mas, não é somente essa a preocupação latente no estreitamento da relação com o cliente, o
designer incumbe também de identificar os limites do levantamento de informações sem
invadir a privacidade do cliente. É certo o surgimento de situações difíceis em que o designer
se veja exposto à constrangedora revelação, mas isso não caracteriza invazão arbitrária da
intimidade, portanto, nesta circunstância não há de se falar em danos à privacidade. Como
bem lembra Mancuso (2014:34), “antes de mais nada realizar sonhos” é a missão do design de
interiores, neste contexto, o “designer é agente psicológico de todo o processo”.
6. Conclusões
O designer de interiores identifica os ambientes e seus formatos, áreas, função e
relacionamentos, mas, sobretudo, para definir o planejamento do projeto, estabelece
estratégias de execução a partir de um programa de necessidades sistematizado a partir da
captação das expectativas de estéticas e do perfil psicológico do cliente.
Nessa percepção, cabe reforçar que embora umbilicado na arquitetura dado o mesmo o objeto
de estudo, o projeto design de interiores é sui generis em detalhamento e especificações. Essa
singularidade é ressaltada na definição do programa de necessidades para a criação de novas
soluções que perpassa o levantamento arquitetônico, sendo a redefinição de fluxos, a
organização, o mobiliário e a harmonização geral requerer o conhecimento do comportamento
dos usuários dos espaços.
A atividade do design de interiores é multidisciplinar, pois envolve arte, estética, desenho,
ergonomia, arquitetura, administração, psicologia. Esta última, essencialmente necessária ao
entendimento dos arquétipos da personalidade humana.
Por fim, identificou-se que a problematização do projeto de interiores se mostra complexa na
medida da interferência dos tipos psicológicos inseridos no contexto do projeto, sendo o
cliente e o usuário do ambiente os sujeitos determinantes, mas sites e revistas especializados,
bem como familiares e amigos com poder de decisão, são os agentes de impulsão do
redirecionamento da criação.
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7. Considerações finais
Para cumprir o papel social de atender a sonhos ou a expectativas corporativa ou marketing
pessoal, o designer de interiores aplica métodos e técnicas de interação com o cliente. A
qualidade desse ponto de partida é determinante para sustentar as escolhas do projeto, o que
torna o programa de necessidades um instrumento de extrema relevância por agrupar o
conjunto dos desejos expressos pelo cliente.
Quando o designer de interiores recebe um programa de necessidades, há o risco de
que ele simplesmente repique as soluções tomadas anteriores, sem refletir sobre
como determinado problema poderia ser solucionado. Os designers têm a
responsabilidade de sonhar, pensar e inventar em busca de novas soluções que
desafiem e melhorem o status quo. (HIGGINS, 2015:81-82)
Daí a importância desta reflexão que buscou identificar metodologias eficazes para o
estabelecimento do programa de necessidades e, que ao final, apontou o perfil psicológico do
cliente como o componente principal da problemática.
Relevante também para o processo de definição do projeto é o perfil do próprio designer que
deve buscar atitudes de alteridade e empatia com o cliente. Compreender que a apropriação de
um espaço devida da necessidade do indivíduo ser diferente do outro e que o design de
interiores se presta para concretizar esta necessidade e, que mesmo na mudança o indivíduo
carece de manter estruturas conhecidas anteriormente para se reconhecer são fundamentais,
conforme ensina Pol (1996) apud Alencar & Freire (2007):
A apropriação vem da necessidade de o indivíduo se diferenciar do outro,
demarcando, de uma forma mais sofisticada que os outros animais, seu território, e
criando, desse modo, referentes estáveis que o ajudam a orientar-se e a preservar sua
identidade diante de si e dos outros. Ele exemplifica isso com o fato de as pessoas
sempre tornarem seu lar diferente do encontrado. Assim, mesmo que num edifício
residencial os apartamentos sejam entregues uns idênticos aos outros, quando
ocupados, se tornam diferentes devido às modificações realizadas pelos seus
habitantes. Segundo ele, quando nos mudamos de casa, mesmo que haja uma
melhoria objetiva de quantidade e qualidade de espaço, sentimos a necessidade de
tornar o novo espaço compatível com algumas estruturas espaciais mentais já
aprendidas na organização do espaço anteriormente ocupado, no qual os objetos da
casa detinham um determinado lugar. Portanto, sentimos necessidade de transformar
o novo espaço ocupado, tornando-o compatível com um espaço anteriormente
registrado em nossas mentes. Isto, para nós, concerne à tentativa de tornar o
diferente, igual; o estranho, familiar; o outro, o mesmo. (ALENCAR & FREIRE,
2007)
É certo que não podemos resolver questões ligadas a desejos e necessidades se não estivermos
imbuídos da disposição de se colocar no lugar do outro. Não podemos solucionar problemas
ou inovar se estivermos com a mente funcionando numa rotina consonante a padrões
exclusivamente técnicos sem estabelecer empatia com o cliente: somente assim, podemos
criar ambientes funcionais e harmoniosos que atenda a anseios.
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ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Ano 8, Edição nº 14 Vol. 01 dezembro/2017
Design de Interiores focado no Cliente: definição do programa de necessidades
Dezembro/2017
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ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Ano 8, Edição nº 14 Vol. 01 dezembro/2017